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DEFINIÇÃO,CARACTERÍSTICASEFORMASD

EMANEJOPARACONSERVAÇÃODOSOLOEDA
ÁGUA
MANEJO E CONSERVAÇÃO DE
SOLO E DA ÁGUA
MATERIAL AGRONÔMICO

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. SUSTENTABILIDADE DO USO DOS RECURSOS SOLO E ÁGUA 2.1. Manejo de solos em
agroecossistemas
2.2. Conceitos de gestão e manejo sustentável em agroecossistemas
3. ATRIBUTOS FÍSICOS
3.1. Textura
3.2. Estrutura do solo
3.3. Consistência do Solo
3.4. Retenção e movimento de água no solo
3.5. Compactação e descompactação do solo
3.5.1. Compactação do solo
3.5.2. Descompactação do solo
4. EROSÃO DO SOLO
4.1. Erosão hídrica
4.1.1. Erosão pelo impacto da gota de chuva
4.1.2. Erosão laminar
4.1.3. Erosão em sulcos
4.1.4. Erosão por deslocamento de massa
4.1.5. Erosão em queda
4.1.6. Erosão em pedestal
4.1.7. Voçorocas
4.2. Erosão pelo vento (Eólica)
4.2.1. Controle da erosão eólica
4.3. Taxa de formação e tolerância de perdas de solo por erosão hídrica 4.4. Erosão hídrica e impactos
ambientais
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS, SISTEMAS DE PREPARO E
MANEJO DO SOLO
5.1. Práticas conservacionistas
5.1.1. Práticas Vegetativas
5.1.1.1. Rotação de culturas
5.1.1.2. Culturas em faixas de rotação

5.1.1.3. Culturas em faixas de retenção


5.1.1.4. Culturas de proteção e adubação verde

5.1.2. Práticas mecânicas


5.1.2.1. Cultivo em contorno ou plantio em nível
5.1.2.2. Terraceamento
5.1.2.3. Canais escoadouros, paralelos e divergentes
5.1.2.4. Estabilização de voçorocas

5.1.3. Práticas edáficas


5.1.3.1. Ajustamento da capacidade de uso
5.1.3.2. Controle de queimadas
5.1.3.3. Adubação Verde
5.1.3.4. Adubação orgânica
5.1.3.5. Adubação química
5.1.3.6. Calagem
5.1.3.7. Fosfatagem
5.1.3.8. Gessagem

5.2. Sistemas de preparo e manejo do solo convencional e conservacionista


5.2.1. Cultivo mínimo
5.2.2. Plantio direto
5.2.3. Integração dos sistemas lavoura, floresta e pecuária

6. CONSERVAÇÃO DO SOLO EM ESTRADAS E CARREADORES E BACIAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

6.1. Conservação do solo em estradas e carreadores


6.1.1. Causas da erosão hídrica em estradas
6.1.2. Controle da erosão em estradas não pavimentadas 6.1.3. Carreadores e caminhos
6.1.4. Planejamento.

6.2. Bacias de captação de água


6.2.1. Declividade da estrada
6.2.2. Intensidade máxima de precipitação
6.2.3. Erodibilidade do solo
6.2.4. Cálculo de espaçamento entre bacias

6.2.5. Cálculo do volume de água captado nos trechos de estradas 6.2.6. Cálculo do volume da bacia de
captação de água 6.2.7. Cálculo da profundidade e do raio da bacia de captação de água

6.2.8. Locação e construção das bacias de captação de água 6.3. Recomendações gerais
6.3.1. Leito e laterais das estradas
6.3.2. Taludes de estradas.
6.3.3. Manutenção das estradas e bacias de captação de água
6.3.4. Dados para suporte orçamentário
7. INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO EM SISTEMAS DE MANEJO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 - INTRODUÇÃO
Ao observarmos a paisagem da maioria dos ecossistemas terrestres
nosso olhar é geralmente tomado pela vegetação exuberante,
animais interessantes, rios e lagos ou picos rochosos de
extraordinária beleza. Quando se fala em conservação ambiental
logo pensamos em animais, plantas e água. Raramente nos
lembramos que essas plantas e animais tiram seu sustento de outro
material e que a qualidade e a quantidade da água também
dependem desse mesmo material, esse material é o solo. Por estar
geralmente coberto por vegetação, ele tende a passar despercebido
da maioria das pessoas. No entanto, o solo influencia diretamente no
homem, animais, plantas e água. Mesmo em ambientes urbanos, a
influência do solo é sentida ao se realizarem construções, drenos
para as águas pluviais e depósitos de lixo.

O solo influencia até mesmo a vida nos oceanos, pois essa depende
dos nutrientes minerais trazidos pelas águas dos rios. Não é por
acaso que a maior parte dos animais marinhos está concentrada ao
longo dos continentes, sendo a parte central dos oceanos
verdadeiros desertos. É justo, portanto, como já feito, considerar o
solo como o quarto reino da natureza, de igual importância aos
minerais, plantas e animais.
Por ocupar uma posição central na maioria dos ecossistemas
terrestres, ao classificarmos um determinado solo estamos também
caracterizando um determinado ambiente, um ecossistema
específico e completo. Ao estudarmos as relações entre diferentes
solos numa paisagem, estamos também caracterizando as relações
entre os diferentes ambientes existentes naquele dado local.

O objetivo com este texto é levar ao leitor noções de conservação do


solo e da água. Vamos abordar temas como a sustentabilidade do
uso dos recursos solo e água. Abordaremos tópicos básicos de física
do solo, notadamente os aspectos de retenção e movimento da água
no solo, compactação e descompactação (mecânica e com cultivos)
dos solos. Abordaremos também os conceitos e tipos de erosão
hídrica. Abordaremos os sistemas de preparo, manejo e práticas
conservacionistas do solo e da água; terraços e bacias de captação
de água de chuva; conservação de estradas e carreadores.
Discutiremos os atributos indicadores da qualidade do solo no
contexto da sustentabilidade dos sistemas agrícolas. Faremos
também uma abordagem das técnicas de integração lavoura,
pecuária e floresta visando ao menor impacto ambiental e melhor
retorno econômico.
2 - SUSTENTABILIDADE DO USO DOS
RECURSOS SOLO E ÁGUA 2.1. MANEJO DE
SOLOS EM AGROECOSSISTEMAS
O manejo de agroecossitemas, considerando a preservação
ambiental, aparece no início deste século como a emergência de
um processo de mudança de paradigma, a fim de se prevenir a
degradação dos recursos naturais. Tal ação exige maior
capacitação por parte de toda a sociedade, de modo urgente e
estratégico. Nesse contexto, o desenvolvimento sustentável
representa uma formulação mínima proposta pelas Nações
Unidas, como um estilo de desenvolvimento capaz de garantir
as necessidades das atuais gerações sem comprometer as
futuras, envolvendo conceitos que têm sido bastante discutidos,
englobando contribuições de vários setores da sociedade,
sendo bastante relevante o estudo e aplicação desses conceitos
em termos práticos e operacionais.

O sistema solo é definido sob uma perspectiva ambiental como


uma unidade ecológica funcional da superfície da terra, que
inclui sedimentos e rochas permeáveis e águas subterrâneas. O
solo apresenta neste enfoque várias funções, tais como
produção de biomassa; fibras e proteínas; proteção ambiental;
filtragem e transformação; banco genético e fluxo gênico;
suporte infraestrutural de superfícies rurais, urbanas, industriais
e tráfego; depósito de resíduos; fonte de matéria-prima e ainda
patrimônio cultural.

Essas funções, quando mal manejadas, deixam o solo sujeito à


degradação, que pode ou não apresentar caráter reversível. As
consequências diretas da degradação é a redução da produtividade
das culturas e aumento de problemas ambientais como erosão,
assoreamento de cursos de água, falta de água e poluição do
ecossistema. Em muitos casos desencadeiam reações que, em
última análise, culminarão com empobrecimento, geração de fome e
desemprego. A perda da sustentabilidade do ecossistema pode
provocar, entre outros efeitos, o êxodo rural, com o agravamento de
problemas sociais no meio urbano. Desse modo, o uso sustentado
do solo passa a ser uma questão de sobrevivência das populações.

2.2. CONCEITOS DE GESTÃO E MANEJO


SUSTENTÁVEL EM AGROECOSSISTEMAS
Gestão e manejo sustentável representam um conjunto de medidas e
procedimentos que visam reduzir e controlar os impactos
introduzidos ao ambiente, tornando simples o entendimento da
estreita relação entre a prática e a sustentabilidade. Pela gestão e
manejo sustentável busca-se qualidade de vida, o que “a priori” não
poderia coexistir com condições de miséria e fome em uma
população. A gestão e manejo ambiental são, portanto, um meio
para que se aumente a qualidade de vida do ambiente, não sendo
difícil de entender que, neste contexto, devem também ser satisfeitas
as necessidades básicas de sobrevivência dos seres humanos.

Uma série de conceitos de gestão e manejo sustentável tem sido


desenvolvida, sendo que a ideia central está associada ao uso
equilibrado dos recursos dos ecossistemas. A definição de
indicadores da qualidade do solo constitui importante instrumento
para avaliação da sustentabilidade do sistema como um todo. Esses
indicadores, no entanto, devem ser compreendidos dentro de um
contexto multidisciplinar, uma vez que, além dos aspectos físicos,
químicos e biológicos, também estão inseridos os aspectos
econômicos e sociais. A medida prática de execução do conceito de
gestão e manejo sustentável deve considerar a série de normas
propostas pela ISO 14.000, uma versão ambiental da ISO 9.000, que
trata da gestão da qualidade através de normas destinadas a
repercutir em todos os aspectos das atividades do setor agrícola. No
caso em questão, relativas à conservação e qualidade do solo,
relevantes para o manejo sustentável de agroecossistemas.

Esses Sistemas de cultivos, que muitas vezes utilizam recursos


naturais, como o solo e a água, devem adaptar-se às novas normas,
aplicando princípios de gestão e manejo ambiental em consonância
com o desenvolvimento sustentável. A tendência nos dias atuais é
que sejam assegurados níveis de qualidade ambiental na exploração
de recursos naturais e na extração de matérias-primas utilizadas nos
produtos oferecidos aos consumidores. Isso pode representar forte
agente de pressão sobre fornecedores, produtores e governos.

Os países de regiões tropicais provavelmente enfrentarão as maiores


dificuldades para certificar seus produtos, visando à competitividade
no mercado internacional com a globalização da economia. Esses
países estão vulneráveis ao protecionismo e restrições impostas por
países desenvolvidos, por possuírem os ecossistemas mais
preservados e com maior biodiversidade do mundo.
Entre outros, pode-se citar o uso desenfreado de defensivos e a
ocupação dos grandes ecossistemas (biomas) com lavouras, que
quando mal manejadas, contribuem para a poluição, a aceleração do
processo erosivo e a redução da área de ecossistemas típicos,
citando-se como exemplo, as veredas, o pantanal, o cerrado e a
mata atlântica. Esse quadro aponta para a necessidade do país
investir na gestão e manejo sustentável dos sistemas agrícolas para
a garantia da certificação de seus produtos e serviços, de acordo
com as normas vigentes internacionais,
competitividade
adquirindo condições que

de produtos e serviços
globalizado.
garantam a no mercado

3. ATRIBUTOS FÍSICOS
Os atributos físicos dos solos são basicamente textura e
estrutura, que dependem da composição química, mineralógica
e microbiológica, que definem o movimento e a retenção de
água e ar no solo e a consistência do solo.

3.1. TEXTURA
Refere-se à distribuição de partículas por tamanho que,
misturadas em diferentes proporções, resulta em diferentes
classes texturais (Figura 1). A textura, também chamada
granulometria do solo, está relacionada à resistência dos
minerais constituintes das rochas ao intemperismo. Minerais
menos resistentes normalmente são transformados em outros
minerais de diferentes composições, consequentemente
reduzindo em tamanho, passando a fazer parte de frações mais
finas do solo. Já aqueles de maior resistência permanecem
inalterados ou sofrem pouca alteração, ficando como parte dos
constituintes mais grosseiros ou da fração areia do solo. Os
fragmentos maiores do que dois milímetros são chamados de
fragmentos grosseiros, incluindo-se cascalho (2 a 20 mm),
calhaus (20 a 200 mm) e matacões (> 200 mm). Partículas de
tamanho entre 0,05 e 2 mm são classificadas como areia; as
partículas da fração silte variam de 0,002 a 0,05 mm de diâmetro,
e as partículas menores de 0,002 mm constituem a fração argila
do solo (Ferreira, 2010).

Solos de textura mais grosseira (arenosos) apresentam poros


maiores e maior movimentação de água, o que pode causar a
lixiviação (remoção) de nutrientes para além da zona radicular das
plantas. Partículas de argila (principalmente os silicatos de alumínio)
tendem a apresentar formato de placas, possibilitando o surgimento
de estruturas que conferem menor permeabilidade. De maneira
geral, solos de texturas mais finas (argilosos) apresentam menor
permeabilidade, excetuando-se alguns latossolos (solos mais velhos)
mais ricos em óxidos de ferro e alumínio, em que a disposição das
partículas em agregados mais arredondados garante boa
permeabilidade, apesar do elevado teor de argila. Solos siltosos
também apresentam reduzida capacidade de infiltração de água e,
neste caso, menor resistência à erosão e predisposição ao
encrostamento superficial. O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) através de instrução normativa nº 2, de 9 de
outubro de 2008, estabelece critérios para uso da textura na
liberação de financiamento agrícola, conforme Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação da textura conforme Instrução normativa do MAPA.

Figura 1 – Classes
texturais de acordo com as proporções de argila, silte e areia dos solos.

3.2. ESTRUTURA DO SOLO


Refere-se ao arranjo das partículas em unidades maiores
chamadas agregados. A união das partículas tem a participação
de agentes cimentantes, principalmente compostos orgânicos
que são produtos da decomposição de vegetais e outros
resíduos orgânicos no solo e de exudatos dos organismos.
Partículas de areia não se agregam facilmente, portanto, solos
arenosos possuem estrutura fraca ou mesmo ausência de
estrutura, ao passo que solos argilosos tendem a formar
agregados mais estáveis.

Os solos podem apresentar diferentes formas e tamanhos de


unidades estruturais (Figura 2), de acordo com a composição ou
processo de formação a que foram submetidos. Solos bem
estruturados possuem agregados ou torrões maiores que não
se desfazem com as operações de preparo e são mais
resistentes à ação de chuvas ou ventos. Maiores informações
sobre a estrutura do solo podem ser consultadas em Ferreira
(2010)

Figura 2 – Tipos de
unidades estruturais dos solos.

3.3. CONSISTÊNCIA DO SOLO


A facilidade de se preparar ou trabalhar o solo sem que este
perca a estrutura (seja pulverizado ou compactado) é conhecida
como friabilidade. Existem solos que, apesar de conterem água,
podem oferecer resistência ao preparo. Esses solos, via de
regra, são também pegajosos quando molhados ou duros,
quando secos. Por outro lado, há solos que são mais facilmente
trabalhados, sem que estejam duros, quando estão com baixos
teores de água ou pegajosos, quando o teor de água é mais
elevado. A friabilidade é, portanto, determinada pela estrutura e
umidade do solo, sendo uma manifestação das forças de
coesão (interação sólido - sólido) ou adesão (interação sólido -
líquido). A Figura 3 ilustra a manifestação dessas forças em
relação ao teor de água no solo. Solos arenosos são mais
friáveis, relativamente aos solos argilosos. Exceção se faz aos
latossolos ricos em óxidos de ferro e alumínio, cuja estrutura
granular lhes confere maior friabilidade. Se os solos são
trabalhados fora da faixa de umidade que lhes confere
friabilidade, corre-se o risco de degradação da estrutura,
pulverizando, se o solo estiver seco ou compactando, se o solo
estiver com umidade suficiente para torná-lo relativamente mais
plástico (faixa de umidade logo acima daquela que corresponde
à de friabilidade). Na Figura 3, para uma mesma força aplicada, o
solo mais friável é aquele representado pela linha escura (SOLO
2). Nesse caso, a faixa de umidade ideal para preparo é mais
ampla, relativamente àquele solo representado pela linha clara
(SOLO 1).
Figura 3 – Relação
entre conteúdo de água e forças de coesão e adesão no solo – consistência (Kohnke, 1968).

3.4. RETENÇÃO E MOVIMENTO DE ÁGUA NO


SOLO
A boa estruturação permite o movimento de água e ar pelo solo.
O conteúdo de ar e de água depende da presença de espaço
poroso. O ar no espaço poroso é indispensável para fornecer
oxigênio para às raízes das plantas. Água, também
indispensável para as plantas, ocupa o restante do espaço
poroso do solo. A relação entre o conteúdo de ar e água não é
fixa. Após uma chuva pesada todo o espaço poroso pode estar
ocupado com água. Em alguns casos, o excesso de água não é
drenado do solo e pode causar a morte das plantas não
tolerantes à falta de oxigênio. Por outro lado, a falta de água
causa o murchamento que também leva as plantas à morte. A
baixa umidade do solo entre aquela condição que provoca
murchamento e morte das plantas e o máximo de umidade que o
solo consegue reter, depois de cessado o movimento
gravitacional, é chamada capacidade de armazenamento de
água. Maiores detalhes sobre água no solo e na planta podem
ser consultados em Jong van lier (2010) e Libardi (2010).

A infiltração de água no solo depende da porosidade. Poros de


tamanho menor (microporos) são responsáveis pela retenção da
água no solo, enquanto os poros maiores permitem a passagem
da água para camadas mais profundas. Retenção de água
representa a força que o solo (matriz sólida) faz atraindo
moléculas de água (Figura 4).

Quanto mais próximo da superfície da partícula, maior a força


atrativa sobre as moléculas e água. Por outro lado, quanto mais
distante as moléculas de água estiverem da superfície das
partículas, maior a influência da força da gravidade sobre as
mesmas. Em outras palavras, para que a água seja retirada do solo
há necessidade de força. O próprio peso da água (puxado para baixo
pela atração gravitacional) constitui-se na principal força capaz de
drenar o solo. Caso a força exercida pela matriz sólida seja menor do
que o próprio peso da água, e caso não haja nenhuma camada de
impedimento ao movimento da água, haverá drenagem e, portanto, a
água adicionada à superfície infiltrará no solo. O tamanho dos poros
representa a proximidade com a matriz sólida. Microporos são
aqueles com diâmetro menor do que 0,05 mm e macroporos são
aqueles com diâmetro maior do que esse valor.

A quantidade de enxurrada à superfície do solo depende diretamente


da capacidade de infiltração de água. Quando a intensidade da
chuva excede a capacidade de infiltração do solo, haverá formação
de enxurrada. A água sempre procura o caminho mais fácil para
satisfazer a força da gravidade. A infiltração de água no solo e a
geração de enxurrada por uma dada chuva são ilustradas na Figura
5. A capacidade de infiltração de água no solo é inicialmente mais
elevada, quando o solo encontra-se seco, e diminui, à medida que o
espaço poroso é ocupado. Com o decorrer do tempo, a velocidade
de infiltração atinge um valor aproximadamente constante, que está
relacionado à permeabilidade do solo; esse valor é tido como
velocidade básica de infiltração de água no solo. O Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA) propõe sete classes relativas
de permeabilidade do solo, cujos limites, adaptados para o sistema
métrico, são representados na Tabela 2.

Figura
4 – Ilustração de macro e microporos do solo e sua influência na drenagem ou retenção de água.
Figura 5 – Relação de
dependência entre tempo e velocidade de infi ltração de água no solo (Adaptado de Hillel, 1970).

Tabela 2 – Limites aproximados de permeabilidade para defi nição das classes de permeabilidade dos
solos (Adaptado de USDA, 1951).

3.5. COMPACTAÇÃO E DESCOMPACTAÇÃO DO


SOLO
3.5.1. COMPACTAÇÃO DO SOLO
A compactação de solo é um processo de perda da porosidade
do solo, que pode ser gerado pelo manejo incorreto da lavoura e
pelo uso intensivo de máquinas agrícolas. As características de
solos compactados são: baixa taxa de infiltração de água,
intensificação de enxurradas, raízes deformadas, degradação da
estrutura e alta resistência do solo às operações de preparo. Em
consequência sintomas de deficiência de água nas plantas são
evidenciados mesmo em situações de curta estiagem.
Constatada a existência de camada compactada indica-se abrir
pequenas trincheiras (30 x 30 x 50 cm), visando detectar o limite
inferior da camada através do aspecto morfológico da estrutura
do solo, da forma e da distribuição do sistema radicular das
plantas e/ou da resistência ao toque com instrumento
pontiagudo.

Normalmente, o limite inferior da camada compactada não


ultrapassa 25 cm de profundidade, sendo que o limite superior é
frequentemente detectado a partir de 5 a 7 cm da superfície.
Maiores informações sobre compactação do solo pode ser
consultado em Silva et al. (2010).

3.5.2. DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO


O solo compactado atrapalha o crescimento das plantas e o
desenvolvimento das raízes. No Brasil Central, na região dos
Chapadões, o processo é associado também ao monocultivo de
culturas e problemas relacionados à qualidade do solo. A
questão pode estar relacionada ao emprego incorreto do
sistema plantio direto, possivelmente no manejo da rotação de
culturas entre plantas de cobertura e a cultura comercial. Aliado
ao monocultivo, os produtores vêm fazendo o plantio sem o
preparo do solo, que é uma prática do plantio direto. Mas, na
verdade, ele não está cumprindo com os preceitos do sistema,
que inclui rotação de culturas e também a cobertura permanente
do solo por plantas ou palha. Um sistema é considerado
conservacionista quando o solo está permanentemente coberto
em mais de 30%.
A adoção correta do plantio direto seria uma das maneiras de
reverter o processo da compactação do solo. Para isso, o
produtor deve respeitar três importantes premissas: o não
revolvimento do solo, a rotação de culturas e a cobertura
vegetal. As espécies vegetais utilizadas de cobertura com
grande quantidade de massa, tanto na parte aérea quanto na
parte radicular, torna o solo rico em carbono e, portanto, menos
suscetível à compactação.

Existem também técnicas mecânicas que podem ser utilizadas para


reverter à compactação do solo. Podemos lançar mão de práticas,
como a escarificação ou a subsolagem, mas a sua utilização de
forma isolada não é duradoura e não tem efeito por várias safras. Se
não houver a incorporação de matéria orgânica a descompactação
não será duradoura, por isso recomenda-se, sobretudo a adoção de
plantas com sistema radicular muito abundante (gramíneas) e ou
pivotante (leguminosas).

Para descompactar o solo indica-se usar implementos de


escarificação contendo hastes com ponteiras estreitas (não superior
a 8 cm de largura), reguladas para operar imediatamente abaixo da
camada compactada. O espaçamento entre as hastes deve ser de
1,2 a 1,3 vezes a profundidade de trabalho. A descompactação deve
ser realizada em condições de solo com baixa umidade. Os efeitos
benéficos dessa prática dependem do manejo adotado após a
descompactação. Em sequência às operações de descompactação
do solo é indicada a semeadura de culturas, que apresentem grande
produção de massa vegetal em elevada densidade de plantas e de
sistema radicular abundante, caso contrário, tal prática mecânica terá
efeito de curta duração. Em geral, havendo intensa produção de
biomassa em todas as safras e controle do tráfego de máquinas na
lavoura, a escarificação do solo não necessitará ser repetida.
A compactação é uma das principais causas de decréscimo da
produtividade dos solos agrícolas. A escarificação mecânica tem sido
sugerida para reduzir a compactação do solo em áreas sob sistema
de plantio direto consolidada. Outra opção para aliviar a
compactação é o uso de plantas de cobertura com sistema radicular
pivotante e bem desenvolvido, como o naboforrageiro, com
capacidade de crescer em camadas compactadas, formar bioporos
estáveis e melhorar os atributos físicos do solo (Nicoloso et al., 2008)

Estudos desenvolvidos por Nicoloso et al. (2008) avaliando a


eficiência do método mecânico (escarificador) e do método biológico
(nabo-forrageiro) de descompactação do solo ou de ambos
associados, em promover a melhoria dos atributos físicos de um
Latossolo de textura muito argilosa e o rendimento de grãos da
cultura da soja manejada sob plantio direto. Segundo os autores os
tratamentos não afetaram significativamente a densidade do solo em
nenhuma das camadas avaliadas, no entanto os tratamentos aveia-
preta em semeadura direta e consórcio de nabo-forrageiro e aveia-
preta em solo escarificado duplicaram os valores de
macroporosidade do solo na média da camada 0–0,20 m, com
efeitos mais pronunciados nas camadas mais superficiais do solo.
Os tratamentos consórcio de nabo-forrageiro e aveia-preta em
semeadura direta e consórcio de nabo-forrageiro e aveia-preta em
solo escarificado reduziram a resistência do solo à penetração em
relação ao tratamento aveia-preta em semeadura direta, enquanto o
tratamento aveia-preta em solo escarificado teve comportamento
intermediário. Os tratamentos consórcio de nabo-forrageiro e aveia-
preta em solo escarificado e consórcio de nabo-forrageiro e aveia-
preta em solo escarificado aumentaram, em média, 46,6 % a lâmina
de água infiltrada em relação aos tratamentos aveia-preta em
semeadura direta e aveia-preta em solo escarificado. O maior
rendimento de grãos de soja foi observado no tratamento consórcio
de nabo-forrageiro e aveia-preta em solo escarificado (3,73 Mg ha1),
que não diferiu significativamente do consórcio de naboforrageiro e
aveia-preta em semeadura direta (3,49 Mg ha-1).

A escarificação mecânica do solo teve efeito temporário e não foram


constatadas melhores condições físicas do solo após nove meses,
com exceção do aumento da porosidade total e macroporosidade do
solo na camada 0–0,05 m. Por outro lado, a escarificação biológica
aumentou a macroporosidade do solo, diminuiu sua resistência à
penetração e melhorou a infiltração de água. A escarificação
mecânica foi uma alternativa eficiente em melhorar as condições
físicas do Latossolo textura muito argilosa quando associada à
escarificação biológica, que preveniu a reconsolidação do solo.

4. EROSÃO DO SOLO
Sob condições naturais, a lenta perda de sedimentos pelo
processo erosivo é responsável por esculpir a superfície sólida
do planeta, tratando-se, portanto, de um processo natural que
se desenvolve através dos séculos ou milênios. Esse fenômeno
é chamado erosão geológica ou normal e constitui-se em agente
de formação de paisagens. A paisagem é a expressão dos
fatores de formação do solo (clima, material de origem,
organismos e tempo). Em área de topografia plana, a erosão
geológica é basicamente causada pelo vento, enquanto que em
topografia mais movimentada a água, pelo impacto de gotas e
arraste pela enxurrada, é a principal causa de formação da
paisagem. Ao contrário da erosão geológica, a erosão acelerada
é um fator de destruição de paisagens. Alguns autores sugerem
que cerca de 20 cm de solo perdidos pela erosão perdemos de
200 a 2000 anos de trabalho da natureza.

Erosão inclui a desagregação, transporte de material de solo


pela água ou vento e deposição. Desde o Grand Canyon (Rio
Colorado nos Estados Unidos) ou as planícies do Rio Nilo
(Egito), às pequenas voçorocas e sulcos das propriedades
agrícolas e áreas urbanas, todas atestam a força da água e/ou
do vento no processo de erosão. As águas ricas em sedimentos
em suspensão durante as grandes chuvas mostram o solo
sendo levado. A força da água pode transportar grandes
quantidades de solo. No Brasil, o estado de São Paulo perde
anualmente cerca de 130 milhões de toneladas de terra, o que
representa 25% daquilo que perde o país como um todo.

Algumas áreas erodidas chegam a perder toda a camada superficial


e, em alguns casos, parte do subsolo, depreciando o valor da terra,
não somente pelo fato de torná-la improdutiva, mas pelo elevado
grau de dificuldade na recuperação e impossibilidade de
reincorporação ao processo produtivo. A erosão representa um
impacto irreversível quando resulta em perdas de solo mais
rapidamente do que o processo de formação consegue repor.
Práticas agrícolas de controle da erosão, como o cultivo em nível e
terraceamento podem diminuir a erosão, como será discutido
posteriormente.

4.1. EROSÃO HÍDRICA


A energia das gotas de chuva, que promove o deslocamento de
partículas do solo, é agente primário da erosão, particularmente
em solos descobertos. As partículas podem ser lançadas a mais
de 0,5 m de altura e 1,5 m de distância da sua posição original. A
quantidade de energia imposta pelas gotas supera aquele da
enxurrada, desconsiderando-se a turbulência da enxurrada.
Dependendo da resistência do solo a erosão se manifesta de
diferentes formas.

4.1.1. EROSÃO PELO IMPACTO DA GOTA DE


CHUVA
Esta forma de erosão resulta do impacto da gota sobre a
superfície do solo, conhecida também como salpicamento, e
atua diretamente sobre agregados fracionando-os em partículas
e agregados menores. Grande quantidade de sedimentos é
atirada ao ar, chegando a promover perdas de 50 a 90 vezes
maior do que as causadas pela enxurrada (Schwab et al., 1993).
A relação entre erosão, momento da chuva e a energia é
determinada pela massa das gotas, a distribuição de tamanho, a
forma, a velocidade e a direção das gotas. A relação entre
intensidade de chuva e a energia pode ser expressa, de acordo
com Wischmeier & Smith, (1958), por:

E = 0,119 + 0,0873 log10I onde E: energia cinética em MJ (ha-


mm)-1, I: intensidade da chuva mm h-1
Alguns fatores afetam a direção e a distância do salpicamento
de sedimentos pelas gotas. Em terrenos declivosos, os
sedimentos são lançados mais distantes no sentido do declive,
comparativamente ao sentido oposto, não somente devido à
distância percorrida, mas também pelo ângulo de impacto da
gota com a superfície. Velocidade de vento, cobertura vegetal e
rugosidade da superfície do terreno também são fatores que
afetam a relação gota e salpicamento de sedimentos. A
cobertura vegetal é a forma mais eficiente de proteção contra
essa forma de erosão hídrica.

4.1.2. EROSÃO LAMINAR


A erosão em lençol, superficial, laminar ou entre sulcos,
caracteriza-se por desgastar uniformemente a superfície do solo
em finas camadas, resultante do fluxo superficial da água.
Estudos empregando técnicas de microfotografia indicam que
essa forma de erosão raramente ocorre. Na verdade, ocorre a
formação de pequenos sulcos. A constante troca de posição
desses microscópicos sulcos dão a falsa impressão de que a
erosão está desgastando uniformemente a superfície do terreno.
A combinação de erosão por salpicamento e erosão laminar
resulta na erosão entre sulcos.

Essa forma de erosão é, muitas vezes, imperceptível em seu


estágio inicial. Entretanto, em estágios avançados, o solo
apresenta cores mais claras, a enxurrada apresenta sedimentos
em suspensão, há decréscimo no rendimento das colheitas e,
finalmente, há o afloramento das raízes das plantas perenes.
Essa forma de erosão pode chegar a atingir o horizonte C dos
solos. Para efeito de classificação do grau de comprometimento
do solo faz-se uma comparação do solo erodido com uma
situação do mesmo solo em condições preservadas (sem a
ocorrência da erosão) como, por exemplo, uma área de cultivo
comparada a uma área de preservação adjacente.

4.1.3. EROSÃO EM SULCOS


A erosão em sulcos, em canais ou em ravinas caracteriza-se
pela presença de sulcos sinuosos que se localizam ao longo
dos declives em consequência das correntes de água
(enxurrada) que escorrem sobre o terreno por ocasião das
chuvas intensas (ou de chuvas cuja intensidade supera a
capacidade de infiltração de água no solo). Muitas vezes, a
erosão laminar evolui para a erosão em sulcos, embora nem
sempre seja o início desta forma de erosão.

Muitos fatores podem determinar o estabelecimento da erosão


em sulcos. Deve-se, no entanto, salientar que a aração
acompanhando o declive do terreno é um poderoso aliado da
erosão em sulcos.

Além de desgastar e empobrecer o solo, como qualquer outra


forma de erosão, a erosão em sulcos em estágio avançado
representa um grave impedimento ao preparo do solo e aos
cultivos, devido às dificuldades impostas ao tráfego de
máquinas.

4.1.4. EROSÃO POR DESLOCAMENTO DE MASSA


Essa forma de erosão pela água é muito comum nos terrenos
arenosos. Os solos menos estruturados são particularmente
sujeitos à erosão por deslocamento de massa. Geralmente, se
processa nos sulcos deixados pela enxurrada que são,
comumente, tortuosos. A corrente de água atrita fortemente
com as margens sinuosas, provocando os desmoronamentos.
Com o decorrer do tempo, os sulcos podem evoluir para
voçorocas.

A essa forma de erosão são atribuídos os desmoronamentos de


aterros de estradas e os bruscos desabamentos, resultantes da
erosão subterrânea, que formam grandes galerias e culminam
com desabamentos, muitos deles em áreas urbanas. Algumas
voçorocas podem ter origem nessa forma de erosão. Áreas de
aterro mal estabilizadas estão, particularmente, sujeitas a essa
forma de erosão hídrica. Esse tipo de erosão hídrica está
associada a grandes catástrofes ocorridas no Brasil em
Petrópolis e Teresópolis no RJ e em SC no Vale do Itajaí.

4.1.5. EROSÃO EM QUEDA


A erosão em queda é relativamente de pequena importância
agrícola. Essa forma de erosão se manifesta, principalmente, em
canais escoadouros, quando a água se precipita de um
barranco, formando uma pequena queda-d’água. Essa queda
provoca o solapamento da base do barranco, ocasionando
desmoronamentos periódicos que determinam a formação de
um sulco que progride no sentido contrário do sentido da
corrente da água. Essa forma de erosão tem maior importância
em taludes de voçorocas e de estradas não pavimentadas por
também serem locais de ocorrência de queda-d’água.

4.1.6. EROSÃO EM PEDESTAL


Trata-se da formação de pequenos pedestais em locais
protegidos por pequenas pedras, agregados resistentes ou
pedaços de material vegetal. Nesse caso há a remoção de
sedimentos ao redor desses “escudos”, principalmente por
salpicamento de partículas, em solos de pouca ou nenhuma
estruturação ou mesmo horizonte C exposto.

4.1.7. VOÇOROCAS
Canais ou gargantas profundas causadas pela água. As
voçorocas representam uma evolução da erosão em sulcos e o
deslocamento de massa, onde não são tomadas medidas para
remediação das destas. Outras causas do surgimento de
voçorocas são a mineração desordenada, a falta de manutenção
em cortes de estradas e o surgimento de pequenos sulcos na
parte baixa de encostas que evoluem, encosta acima e
lateralmente, por deslocamento de massa ou quedas. Alguns
solos são notadamente mais susceptíveis a essa forma de
erosão, principalmente aqueles cujo horizonte B e/ou C friáveis
e pouco espessos. Por outro lado, solos com horizonte B
argílico são, comparativamente, mais resistentes a essa forma
de erosão. Algumas regiões se destacam pela ocorrência de
voçorocas, como Morro do Ferro (distrito de Oliveira), Cachoeira
do Campo, Nazareno, Lavras e São João Del Rei, localizados
nas regiões dos Campos das Vertentes e sul do estado de Minas
Gerais (Martins et al. 2011, Gomide et al. 2011). Nesses casos,
associações de latossolos nas partes mais elevadas das
encostas com cambissolos nas partes mais baixas têm sido
apontadas como agravante no surgimento de voçorocas (Silva
et al., 1993).

Estudos conduzidos por Gomide et al. (2014), de caracterização da


vegetação presente em diferentes segmentos das voçorocas, leito,
terço médio sem vegetação e terço médio com vegetação, além de
um fragmento com vegetação nativa, localizado próximo às áreas
das voçorocas e adotado como referência. Na área da voçoroca 3,
realizou-se o estudo nos locais em que foram implantados eucalipto
e candeia (Eremanthus erythropappus), sendo esses segmentos aqui
denominados como terço médio com eucalipto e terço médio com
candeia. A erosão hídrica impactou a cobertura vegetal, bem como
alguns dos atributos do solo, especialmente nos segmento terço
médio sem vegetação, onde a vegetação foi eliminada, em razão,
principalmente, da redução dos valores de diâmetro médio
geométrico dos agregados e condutividade hidráulica do solo
saturado e aos baixos teores de Ca+2 e Mg+2 trocáveis, K+ e P
disponíveis e matéria orgânica. Houve predomínio das famílias
Poaceae, Melastomataceae e Gleicheniaceae, as quais foram
responsáveis pelo recobrimento de mais de 90% das áreas das
voçorocas. As áreas de voçorocas apresentaram
predominantemente vegetação de plantas pioneiras, indicando que
elas se encontram em estádio sucessional inicial.

4.2. EROSÃO PELO VENTO (EÓLICA)


A erosão eólica consiste no transporte das partículas do solo
pela ação do vento, em suspensão, por rolamento de partículas
ou aos saltos. Partículas menores de 0,1mm de diâmetro são
normalmente transportadas em suspensão. Partículas do
tamanho da areia (0,5 – 2,0 mm) são transportadas por
rolamento à superfície. Partículas intermediárias são
transportadas ora em suspensão, ora por rolamento (saltos).

Essa forma de erosão é de grande importância em regiões onde


a velocidade do vento predominantemente são superiores a 15
km h-1, a 30 cm da superfície. Ventos com velocidade inferior a
esta são considerados não erosivos para solos minerais. No
Brasil, a erosão eólica está restrita as áreas planas no litoral, do
planalto central, nordeste e no sul. A região de Alegrete, RS está
entre as áreas com grande incidência de erosão eólica,
entretanto esse tipo de erosão não é expressivo no Brasil.

Em várias regiões da África, parte das terras tem perdido a


vegetação devido à seca, superpastoreio e uso de práticas
inadequadas nos cultivos. Isso tem resultado em extensas áreas
com erosão eólica. A região das Planícies dos Estados Unidos
já passou por quatro sérios períodos de erosão eólica desde a
ocupação, no século XVII.

Em áreas de baixa pluviosidade (< 300 mm de chuva por ano), os


solos não apresentam umidade suficiente para suportar as culturas.
Em várias dessas áreas os agricultores plantam as culturas
esperando por chuva. Quando as chuvas não vêm, eles aram
novamente a terra, preparando para outro plantio. Daí, o solo solto e
seco fica exposto, favorecendo a erosão eólica.

Algumas práticas de conservação do solo e tipos de manejo da terra


ajudam na prevenção contra a erosão. A adoção dessas,
isoladamente ou em conjunto, depende do estudo da viabilidade e
eficiência das mesmas, o que é definido pela cultura, tipo de solo,
topografia e poder aquisitivo do agricultor.

4.2.1. CONTROLE DA EROSÃO EÓLICA


A erosão eólica pode ser reduzida se o solo for protegido contra o
vento, em estruturas vegetais conhecidas como quebra ventos. A
melhor forma de proteção é a colocação ou manutenção de faixas de
vegetação de porte mais alto a espaços regulares com a função de
diminuir a velocidade do vento.

As práticas de preparo do solo para plantio e o próprio plantio deixam


o solo exposto ao vento. Os quebra-ventos reduzem a velocidade
dos ventos, consequentemente, reduzindo a quantidade de solo
transportado. Em alguns casos, fileiras de arvores são plantadas
(Tabela 3); em outros, a alternância de faixas da cultura de porte
baixo e alto, e diferentes densidades de plantio, ajudam a controlar
essa forma de erosão.
Tabela 3 – Espécies arbóreas utilizadas como quebra-vento em áreas cultivadas.

4.3. TAXA DE FORMAÇÃO E TOLERÂNCIA DE


PERDAS DE SOLO POR EROSÃO HÍDRICA
A determinação da taxa de formação de solo é dificultada por
depender da interação de vários fatores e processos de formação do
solo. Nas regiões tropicais, onde os fatores climáticos condicionam
um intenso processo de intemperismo, estima-se que a taxa de
formação do solo é de 2,5 cm em 30 anos. Para condições menos
intensas a taxa é de 2,5 cm em 300 a 1000 anos (Lal, 1984).
Segundo Hudson (1995), a taxa de formação de um solo é de cerca
120 a 400 anos, para a formação de uma camada de 1 cm, em
outras palavras são necessárias de 12.000 a 40.000 anos para a
formação de 1 m de solo. Segundo Buol et al. (1973), a taxa de
formação de solo para o mundo pode variar de 0,01 a 7,7 mm ano-1.
Dunne et al. (1978), estimaram que a taxa de formação de solo para
o Quênia é de 0,01 a 0,02 mm ano-1 para as regiões úmidas e
inferior a 0,01 mm ano-1 para as regiões semiáridas.

Segundo Resende et al. (1988), os ganhos por intemperização (taxa


de formação de solo) são maiores nos solos eutróficos, com minerais
facilmente intemperizáveis, quer sejam planos ou acidentados. Nos
acidentados, as perdas e ganhos são grandes. Em alguns casos, as
produções são elevadas mesmo sem a adição de adubos e
corretivos, porém, mantendo-se em níveis compensadores por
poucos anos.

Nos solos distróficos, os ganhos por intemperização são geralmente


muito pequenos, devido à ausência ou à quase ausência de minerais
primários facilmente intemperizáveis que possam constituir fonte de
nutrientes para as plantas. A uma taxa de intemperização de 2,7 mm
ano-1, supondo uma densidade do solo de 1,3 g cm-3, ter-se-á
ganhos de solos de cerca de 3,51 kg m-2 ano-1, ou seja, 35,1 t ha1 ,
uma taxa correspondente a uma erosão acelerada, isto é, altas taxas
de erosão podem ser compensadas por intemperização equivalente
(Resende et al. 1988).

No cálculo da taxa de formação dos solos devem ser consideradas


as propriedades físicas e químicas, as características morfológicas e
a profundidade efetiva do solo. O tipo de horizonte diagnóstico
presente também é um importante ponto a ser considerado, podendo
apresentar atributos favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento
das raízes e, consequentemente, na sustentabilidade dos solos. A
taxa de formação do solo é utilizada para estimar a tolerância de
perdas de solo. Quando as perdas excedem a taxa de formação do
solo significa que o manejo adotado não é sustentável por um longo
período para essas condições. Numa situação ideal, as perdas por
erosão devem ser compensadas pelo acréscimo dado pela formação
de novo material do solo.

Resultados práticos ainda são poucos registrados na literatura.


Entretanto, alguns resultados podem ser encontrados. Para solos
agrícolas a FAO (1965), admite perdas da ordem de 12,5 t ha-1 ano-
1 para solos profundos, permeáveis e bem drenados, e 2 a 4 t ha-1
ano-1 para solos rasos ou impermeáveis.

4.4. EROSÃO HÍDRICA E IMPACTOS AMBIENTAIS


Atualmente, existe uma grande preocupação em relação às perdas
de nutrientes, defensivos e carbono orgânico e à poluição ambiental,
oriundas da erosão hídrica em sistemas agrícolas. As perdas de
matéria orgânica, macro e microelementos podem comprometer a
produtividade das culturas, devido à diminuição da fertilidade do solo,
causar aumento do custo de adubação, além de impactos no meio
ambiente, como assoreamento e poluição de mananciais,
comprometendo a qualidade e a biodiversidade das águas. Dessa
forma a erosão hídrica causa impactos ambientais, econômicos e
sociais.

A presença do carbono orgânico é de grande importância para que o


solo apresente boas condições físicas, químicas e biológicas. Os
teores de carbono orgânico é um dos indicadores de qualidade do
solo em sistemas agrícolas. Perdas de matéria orgânica por erosão
têm grande importância para os processos de poluição de
mananciais, na medida em que a biodegradação de compostos
orgânicos em rios e lagos eleva a demanda bioquímica de oxigênio,
colocando em perigo a vida aquática. A aplicação de biossólidos na
agricultura é também motivo de preocupação em virtude da
possibilidade de movimentação de nitratos e metais pesados nos
sedimentos. Os defensivos presentes no solo arrastado pela erosão,
quando atingem cursos de água e/ou são depositados em áreas de
preservação, poderão ser liberados com a mudança das condições
físico-químicas do meio. O transporte de pesticidas na água por
escoamento superficial ou enxurrada, tem sido considerado como um
dos maiores meios de contaminação de rios e lagos. No deflúvio, a
água carrega substâncias solúveis ou adsorvidas nas partículas de
solo erodido.

5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS, SISTEMAS


DE PREPARO E MANEJO DO SOLO
5.1. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS
5.1.1. PRÁTICAS VEGETATIVAS
Uma boa cobertura vegetal é a forma mais eficiente de controle da
erosão. A parte aérea da vegetação protege o solo contra o impacto
das gotas de chuva e dificulta o movimento da enxurrada. Já o
sistema radicular confere ao solo maior resistência à desagregação e
ao transporte de partículas, além de melhorar as condições de
infiltração de água no solo, notadamente das gramíneas.

As práticas vegetativas de controle da erosão podem ser usadas em


associação com métodos mecânicos descritos posteriormente.
Dependendo da declividade e da natureza do solo, as práticas
vegetativas podem, sem a necessidade de práticas mecânicas,
controlar eficientemente a erosão.

As principais práticas vegetativas para conservação do solo e da


água são: rotação de culturas, culturas em faixas de rotação e de
retenção, pastagens, reflorestamento e adubação verde. A
vegetação é utilizada, ainda, para o controle da erosão em sulcos,
estabilização de canais escoadouros, quebra-ventos e estabilização
de voçorocas

5.1.1.1. Rotação de culturas


Rotação de cultura consiste na sucessão mais ou menos regular
de diferentes culturas numa mesma gleba ou faixa do terreno. A
rotação de culturas tem como benefícios: a) evitar o
esgotamento do solo em determinados nutrientes, favorecendo
o uso mais equilibrado das reservas nutricionais do solo; b)
reduzir a incidência de doenças e pragas; c) melhorar a
agregação do solo, com o emprego de plantas com diferentes
sistemas radiculares; c) redução da erosão, quando o sistema
de rotação é feito em faixas, com as faixas de culturas mais
densas atuando como dissipadores de energia da enxurrada.

No caso de redução de incidência de doenças e pragas, muitos


patógenos ficam preservados na palhada das culturas de uma
safra para outra. Dessa forma, quando se cultiva uma cultura
sobre seus restos, a possibilidade de incidência de doenças
aumenta. Outro aspecto também benéfico da rotação de
culturas é a diversificação de atividades que contribui para a
redução de riscos da atividade agrícola.

A rotação entre gramíneas e leguminosas é benéfica para


ambas. A leguminosa tem capacidade de fixar nitrogênio
atmosférico. Por outro lado, seu sistema radicular, do tipo
pivotante, é menos eficiente na agregação do solo,
comparativamente as gramíneas. O resultado final da rotação
deve ser sempre a redução na perda de solo e água, em relação
às perdas que ocorreriam se o solo fosse cultivado
continuamente com a mesma cultura.

A rotação de culturas varia com a natureza do solo, condições


econômicas, sistema de manejo e especialização agrícola da região.
O sistema de rotação que inclui uma cultura principal, grãos, por
exemplo, e gramíneas ou consorciação de gramíneas e leguminosas,
pode ser considerado básico. No entanto, devese analisar, para cada
região, as possibilidades de rotação que melhor se adequar à
realidade econômica e social, tanto em termos de quais culturas
utilizar quanto em termos de melhor época de implantação, para que
os principais objetivos possam ser alcançados.

5.1.1.2. Culturas em faixas de rotação


Entre os fatores que influenciam na erosão está o comprimento
da rampa ou lançante. A enxurrada em rampas muito longas
aumenta em volume e velocidade, aumentando a energia à
medida que desce a encosta (rampa). Consequentemente, o seu
poder erosivo aumenta com o comprimento da rampa. O cultivo
em faixas, a exemplo do terraceamento, parcela a rampa em
segmentos mais curtos. No caso de faixas de culturas de
diferentes densidades de parte aérea, essas atuam como
dissipadores de energia ao longo da encosta, reduzindo o poder
erosivo da enxurrada.

Essa prática consiste na disposição das culturas em faixas


niveladas, de larguras variáveis e alternadas. As culturas com
diferentes densidades de plantio são plantadas em faixas
alternadas de forma a se constituírem em obstáculos contra a
enxurrada

5.1.1.3. Culturas em faixas de retenção


A faixa de retenção é uma prática que diminui a erosão por
obstruir o caminho da enxurrada. Trata-se do plantio,
geralmente de gramíneas como cana-de-açúcar, capim napier,
erva cidreira, etc., que não sejam plantas invasoras, em faixas
com distância também definida como no caso de terraços. A
faixa de retenção é constituída de 3 a 5 linhas da planta
protetora, em espaçamento bem mais reduzido do que o
geralmente recomendado no plantio convencional dessas
espécies.

Em declives mais suaves essa prática garante eficiente controle


da erosão. As faixas podem também ser empregadas em adição
aos terraços, quando cultivadas logo após o camalhão destes,
garantindo maior estabilidade e eficiência dessa prática
mecânica no controle da erosão. Essas faixas, permanentes ou
temporárias, não fazem parte do plano de rotação,
frequentemente são dedicadas à produção de forragem. Em
condições especiais, poderiam se prestar para frutas silvestres,
principalmente, para alimentação e abrigo da fauna.
As faixas de retenção, uma vez instaladas, apresentam
vantagem de constituir um guia permanente para as
mobilizações do solo e para o plantio em nível. Essa prática
conservacionista é recomendada para terrenos plantados com
culturas anuais ou perenes e, especialmente, para declives
irregulares, onde alguns pontos necessitam de proteção
especial.

Faixas de retenção, geralmente, dispensam cuidados especiais de


manutenção, podendo haver necessidade, apenas, de replantes nas
falhas que por ventura tenham ocorrido no início da instalação.

5.1.1.4. Culturas de proteção e adubação verde


Cultura de proteção tem a função de proteger o terreno da ação
de chuva e ventos durante o período de entressafra da cultura
principal. Geralmente, se emprega alguma espécie de
leguminosa que, além da proteção, garante boa fixação
biológica de nitrogênio. As leguminosas produzem matéria
orgânica de fácil decomposição, relativamente às gramíneas, o
que as torna excelente adubo verde. Adubo verde é a prática de
se enterrar no solo o tecido vegetal verde, evidentemente, não
decomposto. Se o solo apresentar condições apropriadas para a
decomposição, o material assim adicionado propiciará maior
capacidade de produção agrícola, por melhorar a condição de
estruturação e aumentar a quantidade de nutrientes,
principalmente nitrogênio. A escolha da cobertura vegetal
depende de condições locais, preço e uso das eventuais
colheitas. A cultura ideal para servir como adubo verde deverá
apresentar crescimento rápido, fornecer boa cobertura e ser
tolerante à deficiência nutricional ou à toxidez de alumínio.
Plantas de raízes abundantes e que ofereçam boa cobertura
vegetal são ideais como plantas de cobertura e adubação verde.

Entre as espécies recomendadas como adubo verde estão as


leguminosas: trevo, crotalária, ervilhaca, alfafa, caupi; e entre as não
leguminosas: azevém, centeio e aveia. A escolha da espécie vegetal
a ser usada como cobertura ou adubo verde depende da região.
Quando incorporadas ao solo, no caso das gramíneas, há
necessidade de aplicação de adubo nitrogenado para evitar que os
microrganismos retirem esse elemento do solo para a decomposição
dos restos vegetais. A produção de sementes mantém uma boa
cobertura. Os cortes periódicos produzem grande quantidade de
matéria orgânica na superfície do solo, que constitui importante
barreira contra o impacto de gotas de chuvas e a incidência direta de
raios solares, propiciando menor amplitude de variação de
temperatura na superfície do solo, o que melhora as condições para
desenvolvimento de organismos.

5.1.2. PRÁTICAS MECÂNICAS


5.1.2.1. Cultivo em contorno ou plantio em nível
O cultivo em contorno, também conhecido como plantio em
nível, consiste em dispor as fileiras de plantas e realizar todas
as operações de cultivo em sentido transversal à declividade do
terreno, em curvas de nível ou linhas em contorno. Todos os
trabalhos culturais em um solo, do preparo à colheita, devem
ser feitos acompanhando as curvas de nível do terreno, sempre
associando às demais práticas. Essa prática pode ser utilizada
isoladamente no controle da erosão apenas em terrenos em
declividade menor que 3% e em pequeno comprimento de
rampa (Pruski et al., 2006).

No cultivo em contorno, o preparo do solo e a semeadura


aumentam a rugosidade orientada oposta ao sentido do declive,
proporcionando assim o aumento do armazenamento e da
infiltração de água no solo. Além disso, o cultivo em contorno
filtra os sedimentos, retarda o início da enxurrada e reduz o
volume de escoamento superficial e as perdas de solo (Bertoni
& Lombardi Neto, 2010). A rugosidade ao acaso, caracterizada
pela ocorrência aleatória de microelevações e microdepressões
na superfície do solo, também reduz as perdas de solo e água,
pois aumenta a retenção superficial da água da chuva.
Quando o preparo do solo é feito no sentido do declive, o processo
erosivo é acelerado, pois os sulcos e as linhas das culturas formam
corredores, por onde a água desce livremente e adquire velocidade
suficiente para causar erosão, principalmente nos solos de baixa
infiltração (Pires & Souza, 2003).

Além de permitir um bom controle da erosão do solo, devido à


redução do volume de escoamento superficial, o cultivo em contorno
proporciona a redução do tempo gasto nos tratos culturais,
dependendo da declividade do terreno e do tipo de solo e economia
de combustível nos tratos culturais, devido ao fato de a máquina
trabalhar em velocidade mais uniforme, reduzindo as trocas de
marcha.

O plantio em nível forma os pequenos sulcos através da encosta. A


água é armazenada nos sulcos e, por isso, mais água é infiltrada e
menos água é escoada. O escoamento que realmente ocorre é
normalmente mais lento e menos erosivo. Esse tipo de cultivo reduz
a erosão de chuvas de baixa ou média intensidade, mas oferece
muito pouco ou nada de proteção contra tempestades pesadas
capazes de inundar os sulcos formados pelo cultivo. De acordo com
Troeh & Thompson (2007), na média, cultivo em nível diminui a
perda de solo em, aproximadamente, 50% em encostas leves (2 a
7% de declive e comprimento moderado). O escoamento de
encostas com menos de 2% não é um problema, exceto em casos
em que a permeabilidade do solo é muito menor do que as taxas de
chuva.
Plantio em nível é menos benéfico em encostas mais planas do que
em encostas leves. As encostas mais íngremes armazenam água
nas depressões atrás dos pequenos cumes que, por serem menores,
são mais fáceis de transbordar e menos eficazes no controle do
escoamento. A eficácia de cultivo em nível nas encostas moderadas
pode ser incrementada usando semeadoras ou outros implementos
que produzem superfícies ásperas.

Quando é utilizado sem nenhuma outra prática, em terrenos de


topografia acidentada, em regiões de chuvas intensas ou em solos
de grande erodibilidade, há um aumento do risco de formação de
sulcos de erosão, pois as pequenas leiras, rompendo-se, podem
soltar a água que estava acumulada e o volume da enxurrada
aumentando cada vez mais em cada leira sucessiva causa um
prejuízo acumulativo.

Entre as práticas vegetativas, o preparo do solo, o plantio e a


execução de todos os trabalhos acompanhando as curvas de nível
(cultivo em contorno) constituem-se em atividade indispensável para
a conservação do solo, devendo sempre serem associadas às
demais práticas, quaisquer que sejam as condições do terreno.

5.1.2.2. Terraceamento
Terraços são canais e camalhões de terra, construídos em nível
(sem gradiente) ou em desnível (com gradiente), no sentido
perpendicular à direção do declive. Essa prática tem sido usada
há séculos em países carentes em áreas de topografia mais
plana. Muitos fatores, como o comprimento da encosta no
sentido do declive, o tipo de solo, tipos de cultura a ser
cultivada e quantidade de chuvas determinam a necessidade e
eficiência dos terraços, bem como a distância entre eles e as
dimensões dos mesmos são estruturas dimensionadas em toda
sua etapa (Pruski et al., 2006).

O terraceamento é uma das práticas de controle da erosão


hídricas mais difundidas entre os agricultores. Consiste na
construção de terraços (estruturas compostas de um canal e um
dique ou camalhão), no sentido transversal à declividade do
terreno, formando obstáculos físicos capazes de reduzir a
velocidade do escoamento e disciplinar o movimento da água
sobre a superfície do terreno (Bertoni & Lombardi Neto 1990;
Bertolini et al. 1994; Pruski et al., 2006; Pruski et al. 2009).

Esse sistema pode ser descrito como um conjunto de terraços


adequadamente espaçados, com o objetivo de reter e infiltrar ou
conduzir, com velocidade controlada, o escoamento superficial
para fora da área protegida, sendo a eficiência desse sistema
dependente do correto espaçamento entre terraços e de
(CODASP, 1994).
dimensionamento do

sua seção transversal

Práticas como plantio em nível, rotação de culturas, controle das


queimadas e manutenção da cobertura morta na superfície do solo,
são de fundamental importância para se obter maior eficácia no
sistema de terraceamento.

Terraço é normalmente muito efetivo. Muitos terraços são tão velhos


quanto os Romanos na Europa, os Incas na América do Sul e os
povos do sudeste asiático. Esses e outros povos antigos fizeram
muitos declives parecerem escadarias gigantescas, construindo
terraços de cima para baixo. Muitos desses terraços eliminaram
completamente o efeito do declive por meio de paredes de pedras
verticais. O terraceamento de áreas agrícolas tem por objetivo
reduzir o comprimento da rampa onde se processa o escoamento
superficial, reduzindo a velocidade desse e, consequentemente, a
tensão de cisalhamento, que ocasiona a liberação e o arraste das
partículas de solo. Assim, a erosão do solo pode ser bastante
reduzida ou até mesmo evitada. O aumento da infiltração de água no
solo também é um dos objetivos visados quando da construção de
terraços, principalmente dos terraços em nível.
Abaixo, algumas vantagens que podem ser conseguidas com a
adoção do terraceamento em áreas agrícolas:

a) redução da velocidade e do volume do escoamento superficial;


b) redução das perdas de solo, água, defensivos e insumos; c)
aumento da umidade do solo, uma vez que há maior infiltração de
água;
d) redução da vazão de pico dos cursos-d’água e aumento da
recarga de água no lençol freático;
e) amenização da topografia, melhoria das condições de
mecanização das áreas agrícolas, melhor programação de plantio e
colheita.
5.1.2.2.1. Tipos de terraços
Os terraços podem ser classificados de diversas formas: quanto
à função, construção, tamanho, faixa de movimentação de terra
e forma, conforme a seguir especificados (Bertoni & Lombardi
Neto 1990; Bertolini et al. 1994; Pruski et al., 2006; Pruski et al.
2009): Quanto à função, os terraços são assim classificados:

a) Terraço de infiltração: construído com o canal em nível (sem

gradiente) e as extremidades bloqueadas, de modo que a água


decorrente do escoamento superficial seja retida e infiltrada no
solo do canal.

b) Terraço de drenagem: construído com o canal em desnível

(com gradiente), acumulando o excedente de água e


conduzindo-o para fora da área protegida em um canal
escoadouro ou bacias de captação de água.

Quanto à construção, dividem-se em:

a) Terraço do tipo Nichols: construído movimentando a terra


sempre de cima para baixo, formando um canal triangular. A sua
principal desvantagem, entretanto, é que a faixa onde é
construído o canal não pode ser aproveitada para o cultivo. O
tipo de equipamento mais recomendado para a construção
desse tipo de terraço é o arado reversível.

b) Terraço do tipo Mangum: construído pela movimentação

de terra tanto de cima para baixo como de baixo para cima. Esse
terraço apresenta canal mais largo e raso, além de maior
capacidade de armazenamento de água que o terraço do tipo
Nichols. Pode ser construído com arados fixos, sendo a sua
construção em terrenos com declividade menor.

Quanto à faixa de movimentação de terra, têm-se:


a) Terraço de base estreita: apresenta faixa de movimentação de
terra de até 3 m de largura, sendo seu uso recomendado em
locais em que não seja possível implantar terraços de base
média ou larga. Esses terraços podem ser feitos somente com
ferramentas manuais, tração animal, grade ou plaina e
maquinário de pequeno porte, não devem ser construídos em
áreas de exploração extensiva. Seu uso fica restrito, portanto, a
pequenas propriedades localizadas em áreas muito declivosas.
b) Terraço de base média: apresenta faixa de movimentação de
terra de 3 a 6 m de largura. Seu uso é recomendado para
pequenas ou médias propriedades, onde haja maquinaria de
pequeno ou médio porte. Não pode ser cultivado no seu
camalhão.

c) Terraço de base larga: a movimentação de terra ocorre ao

longo de uma faixa de 6 a 12 m de largura. Seu uso é


recomendável para o controle mecânico da erosão em terrenos
de relevo plano a suave ondulado, em declives não superiores a
12 %. O alto custo de construção desse tipo de terraço é
compensado por cultivar-se em toda a sua superfície e por ser a
sua manutenção feita no próprio preparo normal do solo. Na sua
construção utiliza-se o maquinário específico, conhecido como
grade terraceadora.

Quanto à forma têm-se:

a) Terraço comum: é usado em terrenos com declividade inferior


a 18%. Uma vez que grande parte das culturas de exploração
econômica no Brasil é implantada em declividades inferiores a
18%, constitui o tipo de terraço mais utilizado. Esses terraços,
dependendo da maneira como são construídos, podem sofrer
variações na sua forma, originando o terraço embutido, o
murundum e outros.
b) Terraço embutido: é construído normalmente com
motoniveladora ou com trator de lâmina frontal, de modo que o
canal tenha a forma triangular, ficando o talude que separa o
canal do camalhão praticamente na vertical. Apresenta pequena
área inutilizada para o plantio e como característica a grande
profundidade do canal.
c) Terraço murundum: é geralmente construído com a utilização
de trator com lâmina frontal, sendo requerido, para a sua
construção, o movimento de grande volume de terra.
Caracteriza-se por um camalhão bastante alto (que pode ser de
mais de 2,0 m) e um canal triangular. Apresenta, devido à grande
movimentação de terra, custo elevado em relação aos outros
tipos de terraço. Em virtude da elevada altura do camalhão,
representa grande obstáculo para o trânsito de máquinas. O
grande volume de terra requerido para a sua construção
provém, em boa parte, das camadas mais superficiais do solo
(mais férteis), o que reduz o rendimento da cultura na faixa
situada imediatamente a montante do camalhão, motivada pela
remoção do solo ou em alguns casos,

por problemas de encharcamento por períodos longos. d)


Terraço em patamar: é utilizado em terrenos com

declividade superior a 18%, constituído de plataforma, onde é


plantada a cultura, e de um talude, que deve ser estabilizado
com revestimento de gramíneas ou pedras. Em virtude da
sistematização realizada na área, esse terraço, além de controlar
a erosão, facilita as operações agrícolas. Podem ser de sequeiro
e de irrigação. Os patamares podem ser contínuos (semelhantes
a terraços) ou descontínuos (banquetas individuais).

Existem procedimentos para locação dos terraços que podem


ser em nível e em desnível, sendo este último com gradiente
constante ou progressivo, em função da infiltração da água e da
coesão do solo. O espaçamento também deve ser calculado em
função da cultura, preparo e manejo do solo, declividade
erodibilidade do solo. Os canais são também dimensionados em
função das chuvas máximas, classe de solo e susceptibilidade à
erosão hídrica.
5.1.2.3. Canais escoadouros, paralelos e
divergentes
Em solos de permeabilidade baixa ou média, os terraços devem
apresentar um gradiente que pode ser constante ou progressivo
para escoamento do excesso da água. Os terraços com
gradiente (também chamados terraços de drenagem)
necessitam de canal escoadouro, para o escoamento seguro da
água, proveniente dos terraços encosta abaixo, sem que a água
cause erosão no interior deste. Para essa finalidade podem ser
usadas depressões naturais do terreno, desde que não haja
risco de erosão nestas ou podem ser construídos com a
finalidade de escoamento de água. Em ambos os casos, alguns
cuidados como vegetação e colocação de dissipadores de
energia da água devem ser tomados.

Os canais paralelos são construídos nas estradas não


pavimentadas, com o objetivo de drenar a água depositada no
leito da estrada, esses canais orientam a água para as bacias de
captação de água. Esses canais têm a função de evitar a erosão
nas áreas vicinais da estrada.

Os canais divergentes têm a função de assegurar a proteção de


áreas situadas a jusante ou a montante das áreas cultivadas,
degradadas em estágio de recuperação e de preservação
permanente.

5.1.2.4. Estabilização de voçorocas


O termo voçoroca (ou boçoroca) tem origem na língua Tupi
Guarani que significa “fenda cavada pelas enxurradas”. Esse
termo é, portanto, apropriado para designar a causa do
problema que é o escorrimento superficial e concentrado da
água ao longo de uma encosta. Entretanto, mesmo aquele
observador mais desatento percebe que as voçorocas parecem
ser mais abundantes em umas regiões do que em outras. Esse
fato leva a conclusão de que outros fatores, além da enxurrada,
estão envolvidos no processo. A maior ou menor facilidade de
estabilização dessa forma de erosão depende dos mesmos
fatores envolvidos no processo de formação das voçorocas. A
dificuldade de estabilização é maior naquelas áreas com solos
mais susceptíveis a erosão hídrica.

O processo de estabilização deve ser iniciado pelo desvio ou


interrupção da água que entra na área da voçoroca através de
enxurradas. A quantidade de água é uma função do
comprimento da área a montante da voçoroca. Devem ser
implantadas práticas para a redução da enxurrada nessas áreas,
de forma a se prevenir que enxurradas continuem entrando na
voçoroca. Após o desvio da água, deve-se suavizar os taludes
no interior da voçoroca, notadamente aqueles cuja massa de
solo tenha facilidade para desabar. Após esse procedimento
inicia-se a implantação de paliçadas, que se constituem de
peças de madeira ou bambu gigante dispostos a intervalos
regulares no fundo da voçoroca, de forma a reter os sedimentos
que certamente ainda estarão sendo transportados pelo
escoamento de água gerado dentro da voçoroca.

A etapa seguinte será a vegetação de fundo e encostas dentro da


voçoroca. Espécies arbóreas de crescimento rápido, com boa
adaptação regional e bambu são recomendados para essa etapa.
Árvores frutíferas também poderão ser plantadas. Em todos os
casos, as covas, adubação das covas e a irrigação são etapas
necessárias para o estabelecimento de vegetação.

Na formação da paliçada empregamos estacas de bambu gigante de


cerca de 1,5 m são cortados e os gomos furados e cheios com água.
Em seguida os buracos nos gomos são fechados e o pedaço de
bambu é fincado um ao lado do outro para a formação da paliçada. A
água propicia o desenvolvimento inicial do bambu. Com o passar do
tempo as paliçadas se transformam em moitas de bambu. Espécies
de bambu com menor diâmetro de colmo podem ser plantadas nas
encostas das voçorocas. Em Morro do Ferro, distrito de Oliveira-MG
são empregadas paliçadas para obstrução da enxurrada e retenção
de sedimentos no interior de voçorocas e as encostas são vegetadas
com bambu mais fino.

É comum em voçorocas o surgimento de água corrente no fundo.


Nesse caso, é aconselhável a construção de um ou mais drenos, no
sentido do fluxo da água, para disciplinar esse fluxo e torná-lo mais
perene, antes das práticas de estabilização apresentadas
anteriormente. Esses drenos são valas de cerca de 40cm de largura
por cerca de 50 cm de profundidade (quando possível) onde são
deitadas varas de bambu até cerca de 10-15 cm da superfície da
vala. Cobre-se a vala com terra. Os espaços entre as varas de
bambu servirão de dreno para a água. Pedras também poderão ser
empregadas para enchimento das valas.

5.1.3. PRÁTICAS EDÁFICAS


São as práticas conservacionistas que, com modificações no sistema
de cultivo, além do controle de erosão, mantêm ou melhoram a
fertilidade do solo (Bertoni & Lombardi Neto, 2010). Segundo Pruski
et al. (2006), esse conjunto de medidas está resumido em três
princípios básicos: ajustamento à capacidade de uso, controle das
queimadas, adubação e correção do solo.

Essas práticas têm ação indireta sobre o processo erosivo, atuando


em melhorias das condições do solo, como aumento dos teores de
matéria orgânica, agregação, permeabilidade, porosidade e
cobertura vegetal.

5.1.3.1. Ajustamento da capacidade de uso


O termo “ajustamento da capacidade de uso” refere-se ao fato
de que cada solo tem um limite máximo de possibilidade de uso,
além do qual não poderá ser explorado sem os riscos de erosão.
Em outras palavras, as culturas certas devem estar nos lugares
certos, para evitar um grande uso do solo e potencial risco de
erosão. Os solos com declive acentuado (20 a 45%), por
exemplo, têm capacidade de serem usados, no máximo, para
pastagem ou reflorestamento, sendo desaconselhável o uso
com culturas que necessitam de aração. Por outro lado, os
solos profundos e permeáveis, com declives suaves, podem ter
várias utilizações, pois nestes a suscetibilidade à erosão
geralmente é pequena (Bertoni & Lombardi Neto, 1990; Lepsch
et al. 1991; Pruski et al., 2006; Silva et al. 2013).

5.1.3.2. Controle de queimadas


A queimada reduz a cobertura vegetal, responsável por dissipar
a energia da queda da chuva e obstrui os poros do solo,
aumentando o escorrimento superficial (Heringer et al., 2002). O
maior volume de escorrimento, associado com o decréscimo na
taxa de infiltração, explica o aumento nas perdas de solo em
áreas queimadas (Hester et al., 1997). As substâncias
hidrofóbicas formadas durante a queima tornam-se fortemente
cimentadas na camada subsuperficial do solo (Giovannini et al.,
1987), podendo resultar na formação de camadas repelentes à
água e aumento do potencial de perdas por erosão (Macedo,
1995).

Estudo feito por Heringer et al. (2002) demonstrou que a queima


frequente e contínua das pastagens naturais promove a redução
nos teores de magnésio, aumenta a acidez potencial e reduz a
cobertura e umidade nas camadas superficiais do solo em
relação às práticas de manejo sem queima.

Sendo assim, práticas de manejo sem queima são mais


conservacionistas em termos de manutenção dos níveis de
fertilidade do solo.

Em consonância com os estudos mostrando o depauperamento do


solo em virtude das queimadas, podemos dizer que de modo geral e
nas circunstâncias em que vem sendo utilizada, a queimada só
poderá contribuir para o empobrecimento das terras, com reflexos
evidentes na degradação das áreas agricultáveis. O pouco restante
são as cinzas e, como ainda poderão ser arrastadas pela chuva ou
pelo vento, conclui-se que os campos ou lavouras, submetidos ao
processo de queima periódica, vão ficando cada vez mais pobres,
em consequência do enfraquecimento do próprio solo.

Portanto, os seguintes aspectos podem ser considerados como


desfavoráveis na utilização de queimadas:

consumo de matéria orgânica do solo;


eliminação dos microrganismos da camada superficial do solo;
volatilização das substâncias necessárias à nutrição das plantas;
alta propensão ao aumento da erosão, em virtude da exposição do
solo;
redução da capacidade produtiva do solo.

5.1.3.3. Adubação Verde


É a incorporação, ao solo, de plantas cultivadas para esse fim
ou de outras vegetações cortadas quando ainda estão verdes
para serem enterradas. Essas plantas protegem o solo contra a
ação direta da chuva quando estão vivas e, depois de
enterradas, melhoram as condições físicas do solo pelo
aumento de conteúdo de matéria orgânica do solo (Bertoni &
Lombardi Neto, 2010), cuja magnitude varia com a quantidade e
com a qualidade do adubo verde, condições edafoclimáticas e
práticas culturais utilizadas (Ventura et al., 1993).

Constitui uma das formas mais baratas e acessíveis de repor a


matéria orgânica ao solo, promovendo a melhoria das suas
condições físicas e estimulando os processos físicos, químicos
e biológicos do solo. Segundo Pruski (1996), com o emprego de
métodos de cultivo reduzido, como o plantio direto, os restos de
plantas de adubação verde podem ser deixados sobre a
superfície, sendo paulatinamente incorporados ao solo por via
biológica, trazendo resultados ainda mais favoráveis.

O uso combinado de adubos minerais e de adubação verde


constitui uma prática de manejo por meio da qual se procura
preservar a qualidade ambiente sem prescindir da obtenção de
produtividade elevada para as culturas. De acordo com Peterson
& Varvel (1989) e Rekhi & Bajwa (1993), a associação entre
fontes orgânicas e minerais é capaz de aumentar o rendimento
das culturas, comparativamente ao uso exclusivo de uma única
fonte.

Segundo Fageria (1983), a capacidade intrínseca de produção


agrícola dos solos está íntima e diretamente relacionada com seus
teores de matéria orgânica e de nitrogênio; entretanto, é difícil
manter um nível satisfatório de ambos na maioria dos solos
cultivados. Assim, os métodos de adição e de manutenção de
matéria orgânica devem ser considerados com antecipação em todos
os programas de manejo dos solos cultivados.

As leguminosas utilizadas como adubo verde apresentam a


vantagem adicional de ser capazes de fixar simbioticamente o
nitrogênio do ar. Entretanto, as plantas não leguminosas também são
adequadas para a adubação verde e contribuem para evitar o
deslocamento ou a lixiviação de nutrientes do solo, para o seu
enriquecimento em matéria orgânica e para inibir o desenvolvimento
de plantas daninhas (Pruski et al., 2006).

Lombardi Neto (1994) destaca as principais funções da adubação


verde:
proteger a camada superficial do solo contra o sol e agentes
erosivos;
manter elevadas taxas de infiltração de água pelo efeito
combinado do sistema radicular e da cobertura vegetal;
promover grande e contínuo aporte de massa vegetal ao
solo de maneira a manter ou até mesmo elevar, ao longo
dos anos, o teor de matéria orgânica;
atenuar a amplitude térmica e reduzir a evaporação,
aumentando a disponibilidade de água para as culturas; romper
camadas adensadas e promover a aeração e estruturação do solo,
induzindo ao “preparo biológico do solo”;
reciclar nutrientes, translocando, por intermédio do sistema radicular,
os que se encontram em camadas profundas para as camadas
superficiais do solo, tornando-os novamente disponíveis para as
culturas de sucessão; •
reduzir a lixiviação de nutrientes, retendo-os na fitomassa e
liberando-os de forma gradual durante a decomposição do tecido
vegetal;
adicionar nitrogênio ao solo através da fixação biológica pelas
leguminosas;
reduzir a população de ervas daninhas por meio do efeito supressor
e/ou, alelopático ocasionado pelo rápido crescimento inicial e
exuberante desenvolvimento de massa vegetal;
melhorar a dinâmica física e química do solo, ativando o ciclo de
muitas espécies de macrorganismos e, principalmente,
microrganismos do solo.
apresentar múltiplos usos na propriedade.

5.1.3.4. Adubação orgânica


Adubação orgânica pode ser entendida como a prática de
aplicação de adubos orgânicos, que podem ser descritos como
fertilizantes volumosos de baixo valor nutritivo. A composição
total de nutrientes desses materiais geralmente não ultrapassa
10 a 20% dos fertilizantes comerciais e a concentração e
disponibilidade dos nutrientes são pouco conhecidas.

Com relação a esses inconvenientes, esses materiais vêm sendo


usados, através dos séculos, para melhorar a fertilidade do solo e
fornecer elementos minerais às plantas, principalmente fósforo,
potássio e nitrogênio, sendo este último, normalmente, o de maior
interesse (Pruski et al., 2006).

O emprego de fertilizantes orgânicos está associado, também, à


melhoria das propriedades físicas do solo, como retenção de água e
diminuição da densidade do solo, estabelecimento de
microrganismos benéficos (Doran, 1995; Drinkwater et al., 1995),
redução da população de patógenos, aumento da matéria orgânica
do solo e da capacidade de troca de cátions (Bulluck et al., 2002).
Nesses benefícios ainda se incluem estabilização do pH, melhoria na
taxa de infiltração e agregação do solo (Stamatiadis et al., 1999;
Lima, 2001). Enfim, a adição de compostos orgânicos tem
contribuído para a excelência da qualidade do solo, que
especialmente nos cultivos orgânicos tem promovido
sustentabilidade nesse sistema de produção (Silva et al., 2005).

Em relação à fertilidade do solo, há relatos de aumentos do valor de


pH e dos teores de MO, P, K, Ca e Mg após a utilização de resíduos
orgânicos (Mazur et al., 1983; Alves et al., 1999; Abreu et al., 2000;
Abreu et al., 2002; Oliveira et al., 2002). Os aumentos obtidos variam
de acordo com o solo, tipo de experimento (campo ou casa de
vegetação), composição química do composto, grau de maturação e
quantidades aplicadas (Mantovani et al., 2005).
Estudos conduzidos por Mazur et al. (1983) constataram, em um
Latossolo Amarelo, aumento de 57% no teor de P disponível com a
aplicação do equivalente a 30 t.ha-1 de composto de lixo. Abreu et al.
(2002) verificaram em amostras de 21 solos ácidos, incrementos no
teor de P disponível que variaram de 29 a 417% com a adição de 60
t.ha-1 do adubo orgânico. Quanto ao pH, os aumentos relatados para
a camada arável (0 - 20 cm) estão entre 0,7 e 1,8 unidade a cada 60
t ha-1 de composto de lixo aplicadas (Alves et al., 1999; Abreu et al.,
2000; Oliveira et al., 2002). Wong et al. (1998) verificaram que, entre
vários adubos orgânicos, o composto de lixo foi o que apresentou o
maior efeito corretivo. Segundo Abreu et al. (2000), uma aplicação de
60 t.ha-1 de composto de lixo, em condições de campo, tem efeito
semelhante ao da adição de 2 t.ha-1 de calcário.

A composição química do composto de lixo é bastante variável e,


entre os nutrientes presentes no adubo orgânico, o Ca é o que está
em maiores concentrações (Berton et al., 1991). Cravo et al. (1998)
obtiveram, para compostos de diferentes locais do Brasil, as
seguintes concentrações, em g.kg-1: 160 a 317 de MO; 93 a 275 de
C; 8 a 15 de N; 2 a 4 de P; 3 a 11 de K; 18 a 36 de Ca; e 2 a 5 de
Mg. Além dos efeitos no solo, o uso de composto de lixo urbano
pode propiciar aumento de produção e maior acúmulo de nutrientes
nas plantas (Alves et al., 1999; Costa et al., 2001). Esses estudos
focaram resíduos urbanos, mas além deles são considerados adubos
orgânicos os diversos tipos de tortas e resíduos animais e industriais.
5.1.3.5. Adubação química
A manutenção e o restabelecimento contínuo dos níveis de
fertilidade do solo, por meio de um plano racional de adubação,
devem fazer parte de qualquer programa de conservação de
solo. A adubação química é necessária para repor regularmente
os nutrientes retirados pelas culturas, de forma a manter um
nível adequado desses elementos nutritivos essenciais. Quando
ocorre queda de fertilidade, há diminuição do rendimento da
cultura e redução do nível de proteção do solo pela cobertura
vegetal, acarretando aumento da erosão hídrica.

É, sem dúvida, mais econômico repor regularmente as


pequenas diminuições de fertilidade sofridas pelo solo, de
forma a manter sempre um nível mínimo necessário de
elementos nutritivos essenciais, do que, após vários anos,
tentar restaurar, de uma só vez, depois que o solo já está
empobrecido. Em geral as adubações são praticadas visando ao
aumento de produção da cultura, mas, na realidade, asseguram
a manutenção da fertilidade do solo (Bertoni & Lombardi Neto,
2010).

Os elementos nutritivos essenciais que usualmente necessitam


ser fornecidos ao solo, sob a forma de fertilizantes, são o
nitrogênio, o fósforo e o potássio. Outros elementos
secundários, como o cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre,
manganês, zinco e o ferro, são, em geral, fornecidos com os
próprios fertilizantes empregados para fornecer os três
elementos principais (Marques, 1950).

Entretanto, de acordo com Voisin (1960), citado por Primavesi (1986)


o adubo é um instrumento maravilhoso quando bem aplicado, mas é
um perigo quando usado indevidamente. O elevado custo dos
corretivos e fertilizantes, o risco de contaminação ambiental e os
efeitos colaterais da sua aplicação exigem seu emprego com o
máximo critério técnico.
5.1.3.6. Calagem
Os solos brasileiros, em sua maioria, são ácidos, com pH abaixo
de 6,0. Esses solos, além de apresentarem, geralmente,
elementos tóxicos às plantas, como o alumínio, apresentam
baixa disponibilidade de nutrientes essenciais ao seu
desenvolvimento. Nos solos ácidos, o desenvolvimento de
microrganismos é bastante reduzido, principalmente de
bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico (Bertoni &
Lombardi Neto, 2010) e geralmente apresentam alumínio e
manganês em nível tóxicos, além de deficiências de cálcio,
magnésio e fósforo (Veloso et al., 1992).

O cultivo agrícola dos solos ácidos exige a aplicação de


corretivos agrícolas, os quais ao elevarem seu pH, neutralizam o
efeito dos elementos tóxicos e fornecem cálcio e magnésio
como nutrientes. Segundo Alcarde (1983; 1985) os materiais que
podem ser usados na correção da acidez dos solos são os que
contêm como constituintes neutralizantes ou princípios ativos,
óxidos, hidróxidos, carbonatos e silicatos de cálcio e/ou de
magnésio, tais como; calcário dolomítico, calcário calcinado,
óxido de cálcio ou de magnésio, hidróxido de cálcio, hidróxido
de magnésio e escórias.

O calcário dolomítico é o mais utilizado devido à sua relativa


frequência e abundância e por constituir fonte de Ca e Mg. O calcário
calcinado também pode ser usado como corretivo. Esse é obtido
pela calcinação parcial do calcário, em que nem todos são
decompostos, apresentando óxidos e carbonatos de Ca e Mg em sua
constituição (Veloso et al., 1992). Produtos de características e
propriedades intermediárias entre o calcário e a cal (Alcarde, 1983;
1985), como possíveis substitutos do calcário, são diversos
subprodutos de indústrias. Entre esses as escórias, subprodutos das
indústrias do ferro e do aço, cujos componentes neutralizantes são
os silicatos de cálcio e magnésio, comportam-se semelhantemente
aos calcários (Wutke & Gargantini, 1962; Camargo, 1972) e
apresenta escórias com teores relativamente elevados de
micronutrientes, podendo, em alguns casos, justificar seu uso como
corretivo e fertilizante.

Considerando-se o benefício trazido pela correção da acidez do solo


às culturas, pode-se concluir que a calagem proporciona melhor
crescimento vegetal e maior cobertura do solo, o que reflete em
maior proteção contra o impacto das gotas da chuva, diminuindo,
portanto, as perdas de solo e água pela erosão.

5.1.3.7. Fosfatagem
A fosfatagem trata-se de prática corretiva, com o objetivo de se
corrigir (elevar) o teor de P, potencializando a adubação
fosfatada de plantio. Por promover o maior desenvolvimento do
sistema radicular e devido à relação de compatibilização N/P, a
prática da fosfatagem proporciona maior desempenho da
adubação nitrogenada (Vitti et al., 2005).

Essa prática deve ser adotada em solos arenosos (teor de argila


< 25%), que apresentam menor fixação de P, e com teores
baixos desse nutriente (P resina < 10 mg DM-3), utilizando a
mesma área total, após o preparo profundo do solo, antes da
gradagem de nivelamento. Utilizar como fonte de P2 O5 o
superfosfato simples ou produtos equivalentes como fosfatos
reativos, superfosfato triplo, termofosfatos ou multifosfato
magnesiano nas dosagens de 100 a 150 kg de P2 O5 ha-1 (Vitti &
Mazza, 2002).

As principais consequências da fosfatagem são:


maiores volumes de P em contato com o solo (> fixação); maior
volume de solo explorado pelas raízes; maior absorção de água e de
nutrientes;
melhor convivência com pragas do solo.

5.1.3.8. Gessagem
O gesso agrícola (CaSO4 .2H2 0) é um subproduto da obtenção
do ácido fosfórico, utilizado na fabricação de superfosfato triplo
e fosfatos de amônio (MAP e DAP). O gesso não corrige a
acidez, isto é, não aumenta o pH do solo. Assim sendo, não
substitui o calcário, mas completa o seu efeito, reduzindo a
fitotoxicidade do alumínio em profundidade (Veloso et al., 1992).
O gesso aumenta a quantidade de cálcio nas camadas
superficiais (Pavan et al., 1982; Vitti et al., 1985) quando
adequadamente aplicado (Alcarde, 1988), isto é, o gesso é um
fertilizante que leva cálcio e enxofre ao solo. Além de fornecer
enxofre às plantas o gesso complexa o Al3+ subsuperficial
eliminando esta acidez, possibilitando um maior
desenvolvimento radicular e consequentemente maior
tolerância aos veranicos (Moraes et al., 1998). Seu uso propicia
também que outros nutrientes, como o magnésio e potássio,
sejam arrastados para as camadas mais profundas, mas a
quantidade desses depende tanto da quantidade de gesso
aplicado e da textura do solo.

O gesso pode ser utilizado como um restaurador dos atributos físicos


benéficos do solo, por agir como floculante da argila, o gesso dificulta
a formação de crostas na superfície do solo, contribuindo para o
aumento da capacidade de infiltração de água no seu perfil do solo, o
que reduz o escoamento superficial e a erosão hídrica (Pruski et al.,
2006).

5.2. SISTEMAS DE PREPARO E MANEJO DO


SOLO CONVENCIONAL E CONSERVACIONISTA
Métodos de preparo do solo convencional, via de regra, requerem o
uso intensivo de máquinas e equipamentos para as operações de
preparo, plantio e controle de ervas daninhas. Normalmente, o solo é
arado e gradeado duas ou três vezes antes do plantio. A aração, que
revolve o solo, tem vários efeitos desejáveis, como o controle de
ervas. Os resíduos de cultivos anteriores são incorporados ao solo e,
depois de decompostos, irão contribuir para a agregação. Após a
aração, o solo é trabalhado com discos ou grades para
destorroamento, retirada de eventuais ervas daninhas e preparo da
superfície para receber as sementes. Após o plantio, algumas ervas
daninhas são controladas pelo cultivo entre as linhas de plantio.
Cada uma dessas operações tem um custo, além de degradar a
estrutura do solo e expor à erosão hídrica e eólica.

Mais recentemente, a evolução dos herbicidas e equipamentos


agrícolas tem levado à adoção de formas de cultivo que protegem o
solo contra a erosão hídrica. O cultivo mínimo é uma prática que
emprega menos operações mecanizadas para o controle de ervas
daninhas e preparo do solo para plantio. Herbicidas seletivos são
usados para o controle das ervas daninhas antes e após o plantio.
Várias formas de cultivo conservacionistas são empregadas.
a) Aração seguida de redução nas práticas subsequentes. Em alguns
casos a aração é seguida de plantio.
b) Cultivo somente nas faixas que receberão as sementes. O
restante da área é deixado com resíduos da cultura anterior. c)
Plantio direto sobre os resíduos da cultura anterior ou alguma
vegetação exclusiva para a produção de massa. Essa prática requer
o uso de equipamentos apropriados para cortar a palhada, sulcar o
solo no local da semente, adubar e controlar as ervas daninhas, tudo
em uma só operação. Atualmente, o plantio direto vem sendo
expandido em diversas regiões do país. Esse tipo de manejo confere
ao solo, além de maior proteção contra a erosão, maior acúmulo de
matéria orgânica e melhoria de condições físicas e químicas, além
de diminuir a amplitude de variação na temperatura do solo,
favorecendo a atividade biológica, principalmente em regiões
tropicais.

5.2.1. CULTIVO MÍNIMO


A técnica de cultivo mínimo consiste em um preparo mínimo do solo.
Esse tipo de cultivo é indicado para locais onde não se verifica forte
compactação, problemas com barreiras químicas, que necessitariam
de calagem, gessagem ou a existência de pragas de solo. De
maneira isolada, a presença da cobertura do solo por resíduos
vegetais é o fator mais importante na dissipação da energia de
impacto das gotas da chuva na superfície do solo, visto que ela pode
evitar a desagregação de suas partículas. Além disso, resíduos
vegetais em contato direto com a superfície do solo são eficazes na
redução da carga de sedimentos no escoamento superficial ou
enxurrada (Bertol et al., 2007). Desse modo, sistemas de manejo
conservacionistas, como o cultivo mínimo, que promovam pequena
ou nenhuma movimentação mecânica do solo, manutenção de maior
parte dos resíduos culturais sobre a superfície e elevação da
rugosidade superficial são mais eficazes do que os não
conservacionistas no controle das perdas de solo e água por erosão
hídrica (Cogo et al., 1984; Beutler et al., 2003).

As vantagens do cultivo mínimo em relação ao convencional são


(Santiago & Rossetto, 2007):
possibilidade de plantio em épocas chuvosas, o que pode
significar a antecipação do plantio em até alguns meses;
utilização mais intensa da área de plantio, já que o intervalo
entre a colheita e o replantio é menor;
redução da erosão hídrica;
redução do uso de máquinas, implementos e combustível.

5.2.2. PLANTIO DIRETO


O plantio direto é o sistema de manejo de solo que engloba todos os
requisitos favoráveis à preservação ambiental e à sustentabilidade
dos sistemas agrícolas. É o único sistema de cultivo que oferece a
possibilidade de uma cobertura do solo ininterrupta por plantas em
crescimento ou restos vegetais, protegendo-o do impacto das gotas
de chuva e assim da erosão. Uma cobertura do solo adequada
geralmente só é obtida através de rotação de culturas apropriadas e
pela inclusão de espécies de adubação verde produtoras de massa
vegetal abundante. O plantio direto é executado na prática, no Brasil,
desde 1972. Depois de algumas dificuldades iniciais, entre 1977/78,
com um retrocesso da área cultivada por esse sistema, superaram-
se os principais obstáculos que impediam um rápido
desenvolvimento do mesmo. Em fins de 1985 estimou-se uma área
cultivada de 800.000 ha. Atualmente, o plantio direto vem se
expandido por todo o país, notadamente na região dos cerrados e no
Norte e Nordeste do Brasil, região conhecida como MATOPIBA, pólo
agrícola que envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e
Bahia, conhecido como a nova fronteira agrícola, amplia suas
lavouras e se impõe enquanto “quarto maior produtor” de grãos do
Brasil. Para garantir bons resultados na implantação do plantio direto
é necessário cumprir, na propriedade agrícola, alguns quesitos como:
participação em eventos ligados ao plantio direto; uso de
implementos apropriados; uso e manejo de herbicidas apropriados e
conhecimento técnico. Também o solo deve ser corrigido e manejado
adequadamente. A presença de cobertura morta suficiente é
requisito básico para uma boa proteção do solo. Plantas daninhas de
difícil controle devem ser eliminadas.

O parque de implementos no plantio direto deve incluir, além de


semeadeiras específicas, um pulverizador bem calibrado e uma
roçadeira. A oferta variada e a rápida disponibilidade de herbicidas
apropriados possibilitam um eficiente controle de plantas daninhas
para o agricultor. O agricultor deve ter bom conhecimento sobre
propriedades, modo de ação e dosagem dos herbicidas, bem como
saber identificar corretamente as plantas daninhas existentes em sua
propriedade e dominar as técnicas de aplicação para obter êxito no
controle das plantas daninhas. Falhas de conhecimento em qualquer
uma dessas áreas podem interferir na operacionalização do sistema,
com consequentes prejuízos na produção. Todas as possibilidades
de diminuição de emprego de herbicidas devem ser esgotadas.
Deve-se aproveitar sempre o efeito supressor de plantas daninhas e
de aumento de rendimento da adubação verde e da rotação de
culturas.
O plantio direto é adequado tanto para grandes propriedades como
para pequenas. Em pequenas propriedades o controle de plantas
daninhas deve ser feito por uma adubação verde, com espécies
adequadas e pela rotação de culturas ou ainda a eliminação das
invasoras através de capina manual. Sistemas de imediata aplicação
prática foram desenvolvidos no estado de Santa Catarina
empregandose tração animal e semeadeira manual. O grau de
instrução e formação técnica do agricultor é mais importante do que
o tamanho da propriedade. O alto nível de gerenciamento é básico
para o sistema de plantio direto (Derpsch et al. 1991).

A vantagem mais importante do plantio direto é o controle eficiente


da erosão hídrica. Esse aspecto ocasionou um questionamento do
uso de terraços no sistema plantio direto. Entretanto, a função do
terraço não é apenas reter os sedimentos oriundos da erosão
hídrica, mas manter a água no sistema e organizar o uso do solo,
sendo assim não é recomendado à retirada dos terraços. Além da
vantagem de redução da erosão o plantio direto associado aos
terraços de base larga aumenta o armazenamento de água no solo,
importante nos períodos de déficit hídrico. O plantio direto também
proporciona a melhora dos atributos físicos, reduz a oscilação da
temperatura do solo, aumenta a atividade biológica do solo, aumenta
o estoque de carbono, mantêm, em longo prazo, os níveis da
fertilidade do solo. Em termos operacionais o sistema propicia uma
redução no tempo de trabalho, redução na potência do trator,
rendimentos mais altos e mais estáveis, bem como maior
economicidade.

5.2.3. INTEGRAÇÃO DOS SISTEMAS LAVOURA,


FLORESTA E PECUÁRIA
A integração lavoura, floresta e pecuária (ILPF) pode ser definida
como a diversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das
atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural,
de forma harmônica, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira
que há benefícios para ambas. Possibilita, como uma das principais
vantagens, que o solo seja explorado economicamente durante todo
o ano ou pelo menos, na maior parte dele, favorecendo o aumento
na oferta de grãos, carne e leite a um custo mais baixo, devido ao
sinergismo que se cria entre a lavoura e a pastagem (Alvarenga &
Noce, 2005).

A integração ILPF promove a recuperação de áreas de pastagens


degradadas agregando, na mesma propriedade, diferentes sistemas
produtivos, como os de grãos, fibras, carne, leite e energia. Busca
melhorar a fertilidade do solo com a aplicação de técnicas e sistemas
de plantio adequados para a otimização e a intensificação de seu
uso. Dessa forma, permite a diversificação das atividades
econômicas na propriedade e minimiza os riscos de frustração de
renda por eventos climáticos ou por condições de mercado.
A integração também reduz o uso de agroquímicos, a abertura de
novas áreas para fins agropecuários e o passivo ambiental.
Possibilita, ao mesmo tempo, o aumento da biodiversidade e do
controle dos processos erosivos com a manutenção da cobertura do
solo. Aliada a práticas conservacionistas, como o plantio direto, se
constitui em uma alternativa econômica e sustentável para elevar a
produtividade de áreas degradadas.

A integração lavoura pecuária na agricultura familiar possui grande


importância no setor produtivo, principalmente pelo favorecimento do
uso intensivo do solo. Nas regiões-alvo predominam pequenas
propriedades, nas quais a produção de leite é uma alternativa
interessante para a inclusão social, sustentabilidade do setor e para
assegurar a sobrevivência do homem no campo. No sudoeste do
Paraná, mais de 80% das pequenas propriedades fazem integração
lavoura - pecuária na produção de leite. A utilização dessa
integração exige um bom planejamento de utilização da área e amplo
conhecimento em sistema de produção agrícola integrada. O
produtor precisa quebrar os tabus e compreender que a entrada de
animais em áreas de lavouras, quando realizada de maneira
adequada, não afeta o desempenho das culturas sucessoras
destinadas à produção de grãos.
Esse sistema envolve muitas variáveis e demanda ainda estudos
complementares, cujos resultados ao serem aplicados pelos
agricultores podem tornar a integração lavoura - pecuária uma
prática de alto benefício econômico e ambiental. O sucesso desse
sistema de integração está diretamente associado à produção de
biomassa para plantio direto e alimentação animal. Por essa razão,
os produtores e profissionais da área de ciência agrárias precisam
conhecer, cada vez mais, seu uso correto (Assmann, Soares &
Assmann, 2008).
6. CONSERVAÇÃO DO SOLO EM ESTRADAS E
CARREADORES E BACIAS DE CAPTAÇÃO DE
ÁGUA
6.1. CONSERVAÇÃO DO SOLO EM ESTRADAS E
CARREADORES
6.1.1. CAUSAS DA EROSÃO HÍDRICA EM
ESTRADAS
Em uma bacia hidrográfica, as principais fontes de sedimentos e
deslizamentos de terra são as estradas (Megahan & Ketcheson,
1996; Larsen & Parques, 1997; Pires & Souza 2003; Oliveira 2006;
Oliveira et al. 2010a; Oliveira et al. 2010b). A intensidade da erosão
está relacionada principalmente a: a) fatores físicos, como tipo de
solo, geologia e precipitação; b) densidade de estradas, pois as
taxas de erosão são diretamente relacionadas com o comprimento
total destas em uma bacia, considerandose uma ótima densidade
entre 30 a 40 m ha-1; c) padrão e construção da estrada, como
largura, inclinação dos barrancos laterais e instalações de drenagem;
e d) localização da estrada, em relação a cursos-d’água, solos
sensíveis e declividade, sendo que quanto maior a declividade e o
comprimento de rampa, maior a velocidade da enxurrada e o
processo erosivo (Seixas, 1997).
Os maiores impactos são causados durante ou logo após a
construção e manutenção de estradas, é na fase de preparo do solo
e colheita (Machado & Souza, 1990; Fontana et al., 2007). Estima-se
que mais de 90% da produção de sedimentos em áreas florestais
são provenientes da construção e má manutenção de estradas para
exploração e baldeio de toras (Neary & Hornbeck, 1994).

A construção das estradas representa a fase de maior impacto para


o solo, elevando a taxa natural de erosão em aproximadamente 120
vezes, mesmo em áreas de maior declives não perturbadas
(Machado & Souza, 1990). Durante o primeiro ano após a construção
da estrada, a produção de sedimentos é muito alta, considerando
que o material não está consolidado e decresce rapidamente com o
tempo. A maior parte dessas estradas é de baixo padrão construtivo,
formadas geralmente por material rochoso natural de composição
granular sem aglutinantes, onde refinamentos tais como
pavimentação, estruturas de drenagem e manutenções periódicas
são geralmente mínimos. Esse método de construção é mais
econômico e satisfaz as necessidades das empresas (Patric & Kidd,
1981). Entretanto, pelo simples fato de eliminar a cobertura vegetal e
impermeabilizar o solo, seja pela compactação ou cobertura
asfáltica, as estradas constituem um forte fator predisponente à
erosão, sendo sensíveis aos danos causados por uso intenso e
condições climáticas (Dietz et al., 1983)
Com a faixa central da estrada impermeabilizada, as águas
acumulam às margens e são direcionadas morro abaixo,
concentrando grande força destrutiva e de arraste de solo. Nessa
circunstância são danificados acostamentos, taludes de corte e
aterro e, consequentemente, a pista. Há ainda, nas áreas
adjacentes, o desenvolvimento intenso da erosão hídrica identificado
pela formação de voçorocas. O aporte de sedimentos oriundos
dessas áreas promove o assoreamento de rios e lagos,
comprometendo a qualidade da água e alterando a vida aquática,
principalmente pela eutrofização das águas (Garcia et al., 2003,
Morschel et al., 2004; Kolka & Smidt, 2004).

As atividades que podem se aproximar da construção na quantidade


e extensão dos distúrbios e podem prolongar os efeitos ambientais
para ecossistemas adjacentes, são relativas às de manutenção
(Lugo et al., 2000). A operação de nivelamento é necessária à
manutenção da estrada e tem grande potencial de produção de
sedimentos, sendo a motoniveladora o equipamento utilizado na sua
execução. Fontana et al. (2007) determinaram uma perda média de
solo da ordem de 341 Mg ha-1, decorrente do nivelamento da
estrada. As operações mecanizadas e seu respectivo tráfego,
necessários à realização da colheita de madeira podem causar a
degradação da estrutura do solo e estão tão relacionados com o uso
sustentável dos mesmos quanto os sistemas de manejo adotados
(Oliveira et al., 2004). Isso ocorre por não existir um controle rígido
da umidade no momento de realização das operações e ausência de
informações a respeito da capacidade de suporte de carga do solo.
Na região centro leste do estado de Minas Gerais, Oliveira (2006) e
Oliveira et al. 2010b observaram que, entre as faixas de declive as
perdas de solo nas estradas florestais variaram de 8,65 a 21,17 Mg
seção-1, para as faixas de 0 a 4% e superior a 12% de declividade,
respectivamente. Os valores de erosividade nesta região são
considerados críticos, principalmente para os meses de dezembro,
janeiro e fevereiro. Dessa forma, as elevadas perdas nesses
segmentos podem ser atribuídas à alta erosividade da chuva no
período, associada à baixa infiltração da água e à drenagem
inadequada, que alteram as características de resistência do solo,
favorecendo, com isso, elevadas perdas em função da erosão. Ao
avaliar as perdas de solo provenientes de estradas florestais na
região Sul do Brasil, Corrêa et al. (2007) observaram uma média de
4,65 Mg ha-1 em quinze meses de monitoramento. Ao estimar a
erosão em áreas adjacentes, além dos trechos de estradas de uso
florestal, Corrêa & Dedecek (2009) observaram que as perdas de
solo provenientes dos trechos de estrada avaliados corresponderam
a 99% das perdas totais observadas no experimento.

6.1.2. CONTROLE DA EROSÃO EM ESTRADAS


NÃO PAVIMENTADAS
A solução dos problemas de erosão oriunda das estradas,
geralmente se baseia nos princípios da prevenção, os quais
contemplam planejamento e construção criteriosos, problemas
potenciais e medidas preventivas como parte normal dos
procedimentos de construção da estrada; e da correção, em que há
o reparo de uma situação que originalmente não foi considerada no
planejamento (Oliveira et al. 2010a).

A prevenção é o melhor caminho, por ser mais eficiente (Machado &


Souza, 1990) e bem mais econômica que as medidas necessárias à
recuperação, quando possível, de avarias causadas pela falta de um
gerenciamento adequado. As medidas preventivas podem ser
realizadas através da minimização da extensão total das estradas,
da locação das estradas em relação à topografia e aos solos, da
minimização das superfícies expostas da estrada através do
alinhamento apropriado e da instalação adequada de bueiros e
outras obras (FAO, 1989).

As atividades de conservação são concentradas no controle das


erosões, da vegetação que toma taludes e invade as estradas, na
manutenção do pavimento e das obras de drenagem e nos
problemas causados pelas quedas de pedras e escorregamentos
que atingem as pistas de rolamento (Bellia et al., 2005).

6.1.3. CARREADORES E CAMINHOS


A distribuição racional dos caminhos é uma prática básica na
conservação do solo e da água já que muitas medidas se
fundamentam na correta distribuição das estradas. A racionalização
dos caminhos significa colocá-los ao máximo, próximo do contorno,
ou seja, em nível. Assim, Pires & Souza (2003) recomendam a
locação e construção de estradas e carreadores principais em nível,
com largura de 5 a 6 m e uma ligeira inclinação (0,05%) no sentido
do barranco. Os carreadores que fazem a ligação entre os nivelados
(carreadores em pendente) devem ser inclinados e desencontrados,
com 3 a 4 m de largura, evitando que esses carreadores, dispostos
sem interrupção, formem uma rampa muito comprida que aumentaria
a velocidade e o volume da enxurrada, favorecendo a erosão dentro
do carreador. O Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT) recomenda que todos os pontos de descarga no
terreno natural e recebam proteções contra erosão, através da
disposição de brita, grama ou caixas especiais de dissipação de
energia (DNIT, 2005). Nos casos em que houver risco de transporte
de sedimentos deverão ser previstas caixas de deposição de sólidos,
as quais deverão receber manutenção periódica. De acordo com
Klassen (2006), um bom manejo da água deve ser prioridade na
implantação das estradas florestais. A água que escorre dos
carreadores em pendente deve ser desviada para bacias de
captação ou caixas de retenção devidamente dimensionadas. Pode
ser ainda retirada para os terraços, para um lado ou os dois lados do
canal, por meio de pequenos canais de desvio, se constituindo numa
importante medida de controle da erosão. O revestimento dos
carreadores com vegetação rasteira também é uma medida
necessária à devida conservação das estradas (Oliveira et al.
2010a).

6.1.4. PLANEJAMENTO
Em geral, o planejamento é feito de tal forma que, por ocasião
da implantação sejam construídas estradas primárias,
necessárias nos tratos culturais e, por ocasião da colheita, haja
a construção complementar de estradas secundárias e trilhas
ou ramais, com finalidades respectivas de dividir a área
cultivada em áreas de exploração e servir de caminhos para o
trânsito de máquinas dentro da colheita (Oliveira et al. 2010a).

A colheita mecanizada é influenciada diretamente pela


distribuição e densidade da rede de estradas secundárias.
Conforme as condições do terreno e a estrutura da área
cultivada, é possível determinar o ponto ótimo entre densidade
de estradas e distâncias de colheita, a rede viária principal é a
interação das estradas primárias, secundárias, trilhas e ramais,
que permite efetuar a colheita sem causar danos ao
abastecimento (Oliveira et al. 2010a).

O recomendado é que, no mínimo, 6% da área total do


empreendimento sejam reservadas para estradas, sendo que, de
forma geral quanto maior a densidade de estradas, menor a distância
de circulação na ocasião da colheita (Santa’anna et al., 2000). São
consideradas informações básicas para o planejamento: o
conhecimento da topografia, geologia, solo, hidrologia do terreno,
manejo e o clima da região, principalmente precipitação (Sant’anna
et al., 2000). É fundamental, ainda, um desenho adequado da
plataforma, infraestrutura de drenagem e revestimento primário
constituído por material de qualidade e espessura suficiente para
suportar as altas cargas induzidas pelo tráfego. As taxas de erosão
estão diretamente relacionadas com o comprimento total das
estradas de uma bacia. Assim, o princípio básico de proteção e
controle de danos ambientais nessas obras é a redução máxima da
densidade de estradas e da faixa terraplanada, visando diminuir a
perda de solo superficial (Oliveira 2006; Oliveira et al. 2010a; Oliveira
et al. 2010b).

Um planejamento adequado contempla a abertura de estradas em


densidade tal que não represente impacto e garanta a
sustentabilidade do manejo aplicado (Hendrison, 1989), sendo 30 a
40 m ha-1 considerada uma densidade ótima (Seixas, 1997). O
planejamento, locação e construção deverão considerar então: a
seleção econômica do padrão de estradas; parâmetros técnicos;
inclinação do terreno; cálculo da drenagem necessária; faixas de
segurança; mínimo movimento de terra nos cortes e aterros; largura
máxima; cálculo do desenvolvimento das curvas verticais e
horizontais; perfis longitudinais e transversais adequados (Braz et al.,
1998).

6.2. BACIAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA


As bacias de captação de água conhecidas como barraginhas têm a
função de captar as águas de escoamento dos terraços, canais
divergentes e estradas. Ao dimensionar as bacias de captação de
água, deve-se considerar o máximo escoamento superficial que pode
ocorrer nos segmentos de estrada com declividade e comprimento
de rampa definidos, a capacidade de infiltração de água no solo do
local que irá receber o escoamento para permitir a captação e o
armazenamento e posterior infiltração da água advinda das estradas
ou outras estruturas.

6.2.1. DECLIVIDADE DA ESTRADA


Temos que considerar as declividades dos segmentos de
estradas, que embora não contribua para o aumento do volume
da água, determina variações na velocidade desta, motivo pelo
qual o espaçamento entre as bacias deve sofrer reduções,
diminuindo a capacidade erosiva da água e aumentando a
segurança do sistema. As bacias de captação de água são
recomendadas para estradas com declividade até 20% (12º),
acima desse limite sua implantação torna-se dispendiosa, além de
comprometer a segurança da estrutura. Nos trechos de estradas
superiores a 20% (12º) será necessária a locação de calhas, bueiros
e escadas hidráulicas, objetivando o direcionamento do fluxo de
enxurrada, dissipando a energia cinética e evitando a erosão hídrica.

6.2.2. INTENSIDADE MÁXIMA DE PRECIPITAÇÃO


São definidas como o conjunto de chuvas originadas em um mesmo
evento meteorológico, cuja intensidade ultrapassa certo valor. Esses
eventos podem variar de minutos até algumas horas. Ao dimensionar
as bacias de captação de água, os terraços e os canais
(escoadouros e divergentes), é exigido o uso das precipitações
intensas, ocorridas no local de interesse, para definição da chuva de
projeto a partir do qual é obtida a vazão e o volume crítico a ser
utilizado.

Os valores de precipitação intensa considerados no


dimensionamento apresentam períodos de retorno de 10 anos, o
qual julgamos que seja uma boa recomendação para conferir
segurança e economia à implantação do sistema, conforme equação
de intensidade, duração e frequência da precipitação conforme
representação abaixo (Pruski et al. 2006 e Pruski et al. 2009).

Através do programa PLÚVIO 2.1 (Pruski et al. 2006) pode-se


calcular os parâmetros da equação para a região e o período de
retorno de interesse. Segundo Bertolini et al. (1993) a intensidade
máxima média de precipitação (Im), para um período de retorno de
10 anos, na região em estudo é de 105 mm em 24 horas.

m = K Ta /(t + b)c (1)

Em que:
I m é a intensidade máxima média de precipitação, mm h-1; T é a
período de retorno, anos;
t é a duração da precipitação, min.;
K, a, b, c são os parâmetros relativos à localidade

6.2.3. ERODIBILIDADE DO SOLO


A erodibilidade do solo expressa a sua resistência à erosão
hídrica, assim na Tabela 4 (Bertolini et al. 1993) os solos foram
classificados em quatro grupos de resistência à erosão hídrica
em função de suas características físicas e morfológicas.

6.2.4. CÁLCULO DE ESPAÇAMENTO ENTRE


BACIAS
O sistema de bacia de captação de água foi dimensionado
considerando-se bacias em série ao longo das estradas. A
recomendação do cálculo de espaçamento entre bacias deve
considerar a declividade da estrada e a resistência do solo à
erosão hídrica (erodibilidade – fator K). O espaçamento entre
bacias foi determinado empregando a espaçamento entre
terraços proposta por conforme a Equação 2.
fórmula para

Bertoni (1959), EH = 45,18 * K * D-0,42


Em que:
EH = espaçamento entre bacias, em m;
K = fator de resistência do solo à erosão, adimensional; D =
declividade, em %.
Tabela 4 – Grupos de resistência à erosão hídrica para as principais classes de solos.

6.2.5. CÁLCULO DO VOLUME DE ÁGUA


CAPTADO NOS TRECHOS DE ESTRADAS
O volume da enxurrada a ser retido pela bacia foi calculado pela
Equação 3:

VT = EH * L * I (3)
Em que:
EH = espaçamento entre bacias, em m;
L = largura da estrada, em m;
I = intensidade da chuva em 24h, em m.

6.2.6. CÁLCULO DO VOLUME DA BACIA DE


CAPTAÇÃO DE ÁGUA
A geometria das bacias de captação de água pode ser de vários
formatos, entretanto o formato mais utilizado é o da calota de
uma esfera. O volume correspondente a bacias de formato de
uma calota de uma esfera é definido pela Equação 4:
VB =π* P2 (R – (P/3) (4)

Em que:
P = profundidade da bacia, em m;
R = raio da bacia, em m;
O volume total (VT) é igual ao volume da bacia (VB). VT = VB

6.2.7. CÁLCULO DA PROFUNDIDADE E DO RAIO


DA BACIA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
A profundidade e o raio da bacia foram determinados pelas
Equações 5 e 6, respectivamente;

Deduções:
Sen (45°) = 0,707
Cos (45°) = 0,707
Relação R/P = 0,707/(1-0,707) = 2,41 Maior inclinação do talude =
100% Talude = 1/1
P = (VB/6,52)1/3

Em que:
P = profundidade, em m;
VB = volume, em m3 : R = 2,41 * P (6) Em que:
R= raio, em m;
P= profundidade, em m.

6.2.8. LOCAÇÃO E CONSTRUÇÃO DAS BACIAS


DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Para locar uma bacia de captação de água, devem-se considerar
as particularidades de cada trecho da estrada. Porém, de modo
geral, tira-se uma perpendicular à linha lateral da estrada, desta
traça-se a linha que é a bissetriz do ângulo. Essa bissetriz
corresponderá ao canal de admissão à bacia e o diâmetro da
bacia. Nessa bissetriz são marcados dois pontos básicos: a
distância da margem da estrada à bacia, que corresponde ao
canal de admissão, deve ser tal que a declividade fique em torno
de 1 a 3%.

O segundo ponto será a referência para locação do raio e da


circunferência da bacia. Através de um piquete localizado neste
segundo ponto, amarra-se uma linha de comprimento igual ao
raio previamente escolhido e loca-se a circunferência da bacia.

Após a etapa de locação define-se a profundidade e o raio da bacia e


iniciase o trabalho de perfuração desta. A melhor época para
construção das bacias de captação de água é após o período das
chuvas que estende de abril a outubro (inverno). Utilizar a
hidrossemeadura nos talude das bacias de captação, seguindo as
recomendações de correção com calagem, adubação e uso de
espécies vegetais utilizadas como plantas de cobertura
recomendadas para a região (gramíneas leguminosas e outras).

6.3. RECOMENDAÇÕES GERAIS


6.3.1. LEITO E LATERAIS DAS ESTRADAS
São feitos camalhões ao longo das estradas para quebrar a
energia cinética da enxurrada e orientar o escoamento para
estruturas receptoras. O espaçamento entre camalhões é
definido em função da erodibilidade do solo e a declividade da
estrada, conforme definido no cálculo de espaçamento entre
bacias de captação de água. Na instalação dos camalhões
escarificar a faixa de solo em que será locado o camalhão para
possibilitar maior aderência no solo.

Quando necessário utilizar estruturas denominadas paliçadas


(barreiras de estacas de eucalipto) ao longo de lançantes de
estradas, espaçadas conforme dimensionamento para locação
de bacias de captação. Em situações críticas de solo adotar
estruturas de alvenaria como: canais revestidos com lona,
calhas, tubulações de concreto ou PVC, bueiros e escadas
dissipadoras de energia. Em alguns trechos de estradas serão
necessárias elevação do leito e suavização dos taludes.
A estrada deve receber um revestimento do leito com material
sólido, no caso, recomenda-se utilizar pavimentos alternativos
(pedrisco de granito, borra siderúrgica, cascalho e outros),
sendo que o revestimento deve atingir uma espessura de 0,05
m.

Os materiais granulados indicados para revestimento devem ser


resistentes e ter dimensão superior a 2,5 cm, objetivando a infiltração
e drenagem da água para as laterais da estrada. O leito da estrada
deve ter o formato convexo com inclinação de 2 a 8% no sentido do
centro para as laterais.

6.3.2. TALUDES DE ESTRADAS


Utilizar a hidrossemeadura em algumas situações críticas de
talude, seguindo as recomendações de correção, adubação e
uso de espécies vegetais recomendadas para a região. As
leguminosas recomendadas para vegetação de taludes são as
seguintes: feijão guandu, crotalária, feijão de porco, amendoim
bravo, mucuna preta, soja perene; e as gramíneas são as
seguintes: brachiaria, capim vetiver, grama batatais, capim
cidreira e outras plantas nativas da região. A inclinação dos
taludes deve ser na faixa de 2:1 a 3:1. Na ocasião de correções
no leito da estrada com o uso de máquinas com lâminas (moto
niveladora), evitar o corte da saia do talude. A exposição do
horizonte C torna o talude suscetível ao deslocamento ou
escorregamento de massa. Em alguns casos e necessário o
estabelecimento de dissipadores de energia da enxurrada.

6.3.3. MANUTENÇÃO DAS ESTRADAS E BACIAS


DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Após a implantação do sistema, em virtude da movimentação de
terra no leito da estrada, correção de taludes, abertura de canal
de admissão e da construção da bacia, é comum nas primeiras
chuvas carregarem sedimentos. Em virtude disso, recomenda-
se, para maior eficiência do sistema, efetuar manutenção anual,
procedendo a remoção de sedimentos da bacia, no período de
seca, ocasião em que se pode efetuar também uma
escarificação no fundo, visando melhorar a infiltração de água
no solo. A área adjacente às bacias deve ser vegetada com
espécies de porte rasteiro (grama batatais, brachiaria e outras) e
o trânsito de animais na área das bacias deve ser eliminado
através de cercas.

6.3.4. DADOS PARA SUPORTE ORÇAMENTÁRIO


Segundo informações de literatura na escolha do maquinário
deve-se optar pelo uso da pá carregadeira ou retroescadeira,
com rodas, que aumenta em até três vezes o rendimento em
relação ao trator de esteira. Há, ainda, outras vantagens, como:
deslocamento próprio, agilidade, facilidade de manutenção e
grande número de equipamentos disponíveis no mercado.
Ajustes de campo serão necessários nos dimensionamentos
para uma melhor disposição das bacias de captação de água. O
orçamento deve ser realizado no volume de corte e aterro em
detrimento as horas máquinas.

7. INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO EM


SISTEMAS DE MANEJO
Apesar da atuação progressiva e contínua dos agentes de
formação do solo sobre os mais variados materiais de origens
presentes na crosta terrestre, o solo é classificado como um
recurso natural não renovável na escala de tempo humana, o
que sustenta uma justificativa bastante razoável para se evitar a
degradação do solo com perda de sua qualidade.

Encontra-se na literatura várias definições sobre qualidade do


solo. Larson & Pierce (1996) a definem como a capacidade do
solo funcionar dentro dos limites do ecossistema e interagir
positivamente com o ambiente externo. Para esses autores, a
qualidade do solo varia consideravelmente tanto em pequena
quanto em grande escala, apresentando caráter dinâmico,
podendo ser diminuída, mantida ou aumentada, e expressa
tanto atributos inerentes ao solo como a habilidade do solo em
interagir com estímulos aplicados.

Algum rumo para a pesquisa em regiões tropicais de países em


desenvolvimento foi apontado recentemente por Lal (2000), e
incluem práticas de manejo do solo para garantir a produção de
alimentos com o mínimo de riscos para o ambiente. O quadro
mundial atual apresentado pelo autor é preocupante, uma vez
que indica redução das áreas produtivas per capita, severa
escassez do recurso água e elevados riscos de degradação do
solo, seja através da erosão hídrica ou poluição química, aliados
à descapitalização do produtor e fraco apoio institucional.

O interesse por parte da comunidade científica em conhecer como os


solos variam naturalmente em qualidade, a extensão em que
problemas de qualidade do solo podem ser mitigados e como a
qualidade do solo está mudando em resposta a práticas de manejo
do solo são destacados por Larson & Pierce (1996).

A consequência imediata da degradação dos atributos do solo é o


estabelecimento acelerado da erosão do solo que constitui a
principal ameaça à sustentabilidade dos sistemas agrícolas, afetando
o solo, o seu potencial produtivo e o meio ambiente. Esses autores
citam que os solos apresentam variabilidade de recuperação,
existindo carência de dados para estimar o grau e o tipo de impacto
causado nos diferentes sistemas de manejo do solo. Assim, neste
tópico vamos discutir alguns atributos de solo que apresentam
potencial de indicadores da qualidade do solo em relação à erosão
hídrica, produtividade e o meio ambiente. Para serem utilizados na
prática os indicadores da qualidade do solo devem atender aos
seguintes critérios (Doran & Parkin, 1994):

a) contemplar propriedades e processos físicos, químicos e


biológicos do solo;
b) ser acessível a muitos usuários, fácil medição e

reprodutibilidade metodológica;
c) ser aplicáveis em condições de campo e apresentar alta
correlação com medidas de laboratório;
d) possuir critérios definidos de quantificação e interpretação dos
valores;
e) ser sensíveis às variações de manejo e de clima;
Os atributos considerados indicadores de mudanças na qualidade do
solo devem ter a capacidade de serem sensíveis ao manejo numa
escala de tempo que permita a verificação de suas alterações, assim
são classificados em efêmeros, intermediários e permanentes e os
indicadores de mudanças devem ser sensíveis ao manejo, de modo
que as alterações sejam detectadas em tempo adequado, ou seja, é
desejável que esteja numa posição intermediária entre aqueles
considerados como permanentes (temperatura, pH e (mineralogia e
textura) e efêmeros

conteúdo de água). Na Tabela 5 são apresentados vários indicadores


físicos, químicos e biológicos sugeridos por diversos autores que
podem ser utilizados para avaliação da qualidade do solo em
sistemas de manejo.

A avaliação da qualidade dos solos agrícolas é importante para


definição e adoção de práticas de manejo que garantam a
sustentabilidade socioeconômica e ambiental (Freitas et al. 2012).
Estudos desenvolvidos por Cândido et al. (2015), utilizando dois
métodos de indexação dos indicadores de qualidade denominados
Índice de Qualidade Integrado (IQI) e Índice de Qualidade Nemoro
(IQN) foram utilizados para avaliar a qualidade de solo em áreas
experimentais de plantio de eucalipto.
Os atributos considerados indicadores de mudanças na qualidade do
solo devem ter a capacidade de serem sensíveis ao manejo numa
escala de tempo que permita a verificação de suas alterações, assim
são classificados em efêmeros, intermediários e permanentes e os
indicadores de mudanças devem ser sensíveis ao manejo, de modo
que as alterações sejam detectadas em tempo adequado, ou seja, é
desejável que esteja numa posição intermediária entre aqueles
considerados como permanentes (temperatura, pH e (mineralogia e
textura) e efêmeros

conteúdo de água). Na Tabela 5 são apresentados vários indicadores


físicos, químicos e biológicos sugeridos por diversos autores que
podem ser utilizados para avaliação da qualidade do solo em
sistemas de manejo.

A avaliação da qualidade dos solos agrícolas é importante para


definição e adoção de práticas de manejo que garantam a
sustentabilidade socioeconômica e ambiental (Freitas et al. 2012).
Estudos desenvolvidos por Cândido et al. (2015), utilizando dois
métodos de indexação dos indicadores de qualidade denominados
Índice de Qualidade Integrado (IQI) e Índice de Qualidade Nemoro
(IQN) foram utilizados para avaliar a qualidade de solo em áreas
experimentais de plantio de eucalipto. A seleção dos indicadores foi
feita a partir de nove indicadores de qualidade do solo: diâmetro
médio geométrico, permeabilidade à água, matéria orgânica, macro e
microporosidade, volume total de poros, densidade do solo,
resistência à penetração e índice de floculação, que estão
relacionados à erosão hídrica.
Os tratamentos constituíram de eucalipto plantado em nível, com e
sem a manutenção dos resíduos, em desnível e solo descoberto, em
dois biomas distintos, cujas vegetações nativas são Cerrado e
Floresta. Os índices de qualidade do solo (IQS) apresentam alta
correlação com a erosão hídrica. Entre os sistemas manejados, o
Eucalipto com manutenção do resíduo apresenta valores
ressaltando-se a mais elevados em ambos importância da cobertura
os índices,

vegetal e manutenção da matéria orgânica para conservação do solo


e da água em sistemas florestais.

Os IQS apresentam alto coeficiente de correlação inversa com as


perdas de solo e água. Em locais com as maiores taxas de erosão
hídrica apresentam também os menores valores de IQI e IQN.
Assim, os índices testados permitem avaliar com eficácia os efeitos
dos manejos adotados sobre a qualidade do solo em relação à
erosão hídrica.
Tabela 5 – Indicadores físicos, químicos e biológicos da qualidade do solo em sistemas de manejo

A degradação da qualidade do solo, da água e da floresta é um


problema ambiental muito crítico que o Brasil está enfrentando
atualmente, o qual reflete diretamente nos segmentos da
segurança, do alimento, do econômico, do social e do político.
As soluções desses problemas, como vêm sendo
demonstradas, são tecnicamente possíveis, mas os efeitos
dessas degradações muitas vezes persistem ou se estabelecem
novamente devido à falta de consciência e educação ambiental.

Assim, o primeiro passo seria a aplicação de um diagnóstico


participativo, seguido da implantação de um programa de
conscientização e educação ambiental, cujo tema central poderia ser
o controle e estabilização da erosão, e a partir desse tema construir
uma consciência dos danos causados pela degradação do solo,
água e floresta. Como a implantação desse programa possui caráter
permanente, a continuidade das ações seria conduzida pelas
organizações locais que forem capacitadas e articuladas para esse
fim com apoio técnico das instituições parceiras. Os resultados
produzidos deveriam ser divulgados numa tentativa de extensão do
programa de conscientização e valorização do solo, água e floresta.

A partir dessa conscientização outras medidas deveriam ser


implementadas. Entre essas destacam-se a recuperação das matas
ciliares, matas de galeria, topos de morros, várzeas e veredas;
fomento e implementação de práticas de conservação dos solos –
plantio em nível, terraceamento e bacias de captação; adoção do
plantio direto; manejo sustentado das pastagens e introdução de
agroflorestal nos entornos sistemas agrosilvipastoris e

de ecossistemas frágeis; monitoramento da qualidade do solo em


sistemas de manejo; obrigatoriedade de recomposição de reserva
florestal legal para as classes de solos de uso inferiores; estímulo e
subsídios à recuperação das áreas degradadas; conservação de
nascentes; análise crítica da legislação agrícola em suas interfaces
com a questão ambiental, tendo em vista o aprimoramento, a revisão
e a compatibilização dos instrumentos legais vigentes e seu mais
amplo conhecimento;
criação de comissão com ampla participação de todos os segmentos
da sociedade para aperfeiçoamento e adaptação segundo os
interesses regionais das leis ambientais; criação de parques em
bacias hidrográficas municipais com função exclusiva de captação de
água, proteção ambiental e lazer; e adoção das bacias hidrográficas,
através dos comitês de bacias, e como unidades de planejamento e
gestão ambiental (Silva & Curi, 2001).

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