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Introdução
Leitura do sítio
Em seguida, tendo o suporte de fotos aéreas e fotos do Plano Diretor, nós podemos
compreender que o Rio Juqueri é o principal divisor da geografia física da cidade,
cortando-a de sudoeste a nordeste. Esse corpo d’água, sua represa e o vale que o
acompanha são importantes formadores do desenho urbano da cidade. Podemos observar
isso, por exemplo, na enorme diferença da ocupação entre sua margem sul e norte, tendo
essa primeira praticamente monopolizado o desenvolvimento urbano, e dessa forma,
deixou o lado norte do Juqueri com o desenho de margem quase nu. Cruzando essa
informação com o mapa topográfico, podemos concluir que um dos fatores para tal é a alta
declividade dos morros e encostas que cercam o rio nesse lado, e portanto dificultam a
expansão urbana, fazendo com que a cidade tenha preferido expandir, a partir do seu
centro, para leste, oeste e sul.
O PDUI
...o PDUI cria nova forma de planejar, com decisões compartilhadas entre Estado, Municípios e
sociedade civil no campo das funções públicas de interesse comum. Instrumento de planejamento e gestão do
território metropolitano, o PDUI traça macrodiretrizes que vão nortear o desenvolvimento regional
sustentável, reduzindo desigualdades e beneficiando a população.
São princípios gerais: garantir a função social da cidade e a função social da propriedade, a
sustentabilidade ambiental, o planejamento, gestão democrática e a justa distribuição dos benefícios da
urbanização.
Delimitar as áreas com r estrições à urbanização, visando à proteção do patrimônio ambiental e/ou
cultural, bem como as áreas sujeitas a controle especial pelo risco de desastres naturais (Art. 12, par. 1o, inciso
V do Estatuto da Metrópole)
.
Mediar os interesses conflitantes entre a expansão urbana, a preservação do meio ambiente e o
desenvolvimento econômico.
Uma se resumiria em apontar propostas que visam responder a uma parte das
demandas formuladas pelo Poder Público e pela Sociedade Civil, tais como: criação de
implantação de parques, melhorias e revitalização de parques existentes, criação de
Unidades de Conservação (UCs) e Áreas de Proteção Ambiental (APAs), definição de
corredores ecológicos, estruturação de sistema metropolitano de áreas verdes, ou ainda
formulação e aplicação de instrumento de planejamento e gestão.
A outra vertente seria indicar onde essas propostas podem ser implementadas,
incluindo as diretrizes territoriais para o uso e ocupação do solo, ocupando um nível
intermediário entre o macrozoneamento e a definição das Áreas de Interesse Metropolitano
(AIMs).
Os pólos, por sua vez, se diferenciam das centralidades por serem monofuncionais,
com predomínio e concentração de um determinado uso ou serviço específico. No caso da
RMSP, temos alguns exemplos de pólos metropolitanos: Hospital das Clínicas, zona
industrial de Guarulhos e a Cidade Universitária.
Art. 57 – A
Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, em face de suas características
físico-ambientais, apresenta diferentes graus de consolidação e qualificação e objetiva orientar o
desenvolvimento urbano da cidade, m ediante a aplicação de instrumentos urbanísticos e jurídicos, quando
necessários, previstos nos arts. 8o ao 11 desta lei.
Art. 60 – A
Macrozona de Proteção Ambiental, em face de suas características físico- ambientais, apresenta
diferentes condições de preservação do meio ambiente e objetiva orientar os objetivos a serem atingidos,
em conformidade com os diversos graus de proteção, mediante a aplicação de instrumentos ambientais,
urbanísticos e jurídicos, quando necessários, previstos nos arts. 8o ao 11 desta lei.
Densidade demográfica
Além dos mapas, também foi fundamental analisar os objetivos do plano. O que nos
chamou mais a atenção foi a importância dada pelo plano ao turismo.
Na perspectiva desse Plano Diretor, são considerados objetivos básicos do desenvolvimento para
o Município
- Sustentar o papel fundamental que tem o Município na guarda de patrimônio ambiental, imprescindível à
qualidade de vida do planeta, assim entendido inclusive pela Unesco.
- Sustentar o papel polarizador peculiar exercido pelo Município, no quadro metropolitano, no campo
ambiental e do n
egócio turístico, visando a sua transformação em Estância Turística
- Favorecer a integração da comunidade local, com vistas à construção de sua identidade e,
conseqüentemente, da sua auto-estima e motivação pela participação ativa nas decisões de interesse
municipal.
- Elevar os padrões de desempenho, sobretudo dos sistemas públicos de atendimento social, buscando
sempre a melhoria contínua na qualidade de vida do munícipe.
- Ampliar a o
ferta de empregos e serviços no Município, de modo a reduzir a dependência deste às ofertas
externas.
- Sustentar a b
ase econômica do Município e favorecer sua ampliação, de forma que Mairiporã disponha de
meios e recursos próprios para a geração da renda e o incremento das oportunidades de trabalho.
- Resgatar, em termos compatíveis com a escala já atingida pelo assentamento no Município, as condições
originais de vivência ecológica propícias à criatividade e à produção intelectual.
-Melhorar progressivamente as c ondições ambientais locais, com redução e eliminação, quando possíveis,
das ocorrências de alto risco no assentamento e de dano ambiental à integridade do sítio municipal.
- Reduzir o grau de dissociação existente entre os diversos complexos de assentamento existentes no
Município, de forma a propiciar a integração de suas populações à comunidade urbana local.
- Elevar os padrões habitacionais médios presentes, com a redução dos assentamentos em condições
subnormais, seja por sua regularização, urbanização e integração no abairramento, seja por sua
erradicação, em casos de alto risco e potencial de dano ambiental.
- Tornar mais elástica a capacidade presente de atendimento às demandas de desenvolvimento social p
ela
ação do Município, tanto no que respeita à otimização dos recursos existentes quanto à ampliação da base
de obtenção de recursos.
Propostas
A situação que parece antagônica a princípio, deu o pontapé inicial para a etapa
propositiva. O desafio que se esboçou foi justamente como conciliar a ocupação humana
nas margens dos principais córregos com a ocupação humana.
O croqui acima representa a nosso primeiro passo em relação ao raciocínio projetual
da região. Foi imaginado um corte genérico no rio Juqueri e nele buscamos elaborar uma
primeira possibilidade para conciliar a ocupação humana com os entornos dos rios. Para
isso, os rios deveriam ter uma primeira faixa marginal de 50 metros que conteria sistemas
agroflorestais. Tais sistemas possibilitam uma APP urbana produtiva, e portanto, mais
plausível com esta realidade. Pensamos também em uma faixa marginal de 200 metros de
solo permeável, visando assim melhores condições ecológicas para as várzeas e o próprio
rio. Além de filtrar o escoamento superficial, tal medida reduziria os riscos de enchentes e
alagamentos.
As discussões acerca desta proposta inicial abriram caminho para pensarmos uma
nova diretriz. Compreendemos que é fundamental organizar e planejar a ocupação ao longo
dos rios.
Diretrizes
Já a Linha Rosa parte de Mairiporã, criando assim uma estação que já integra duas
diferentes linhas, com destino a Barueri, junto da estação da Linha Prata.. Sua intenção é a
de criar um eixo de conexão entre as cidades do norte e noroeste da região metropolitana,
permitindo que haja um crescimento mais homogêneo na RMSP e ligando cidades que
acabam sendo prejudicadas do ponto de vista de infraestrutura à essa rede de diálogo
maior. São também sete estações distribuídas por cinco cidades ao longo de um trajeto de
63,5 km que pode ser vencido em em média 65 minutos. São as estações: Mairiporã, que
também integra a Linha Branca; Franco da Rocha, parte da Linha Rubi; Jordanésia e
Cajamar, ambas no município homônimo da segunda; Chácara do Solar/Fatec e Santana
de Parnaíba, ambas no município homônimo da segunda; e finalmente Barueri, junto à
Linha Prata da CPTM, ligando assim a principal linha de sentido norte à principal linha
sentido oeste. Assim, a Linha Rosa acaba por emular em parte o efeito do rodoanel.
Corredores Ecológicos
A partir disso, fomos atrás das Unidades de Conservação que existem em Mairiporã,
e existia apenas uma, o Parque Estadual de Itapetinga, que é uma Unidade de
Conservação da Natureza de Proteção Integral. Olhando mais atentamente para o decreto
que criou esse Parque (RESOLUÇÃO SMA Nº 119), vimos que ele foi criado justamente
para essa função, de ser um corredor ecológico ligando a Serra da Mantiqueira e a Serra da
Cantareira.
O Parque de Itapetinga passa pelas seguintes cidades: Atibaia, Bom Jesus dos
Perdões, Mairiporã e Nazaré Paulista, e tem o seguinte formato, ao norte chegando em
Atibaia e ao sul ocupando grande parte do leste de Mairiporã.
Como já se tinha então, um corredor ecológico, pensamos numa escala local, com
micro-corredores ecológicos, como o da foto a seguir, que serviriam para que os animais
pudessem passar por cima das vias sem que corressem o risco de serem atropelados,
conectando duas faixas de vegetação:
O ponto 3 é um corredor por cima do Rio Juqueri, dentro do Parque Itapetinga, pois
ali é uma ligação entre o norte e o sul do Parque, porém cortada por um rio, que dificulta o
acesso dos animais para transitarem entre as áreas. Para baratear o custo, pensamos em
fazer esse corredor flutuante, com palafitas por exemplo, diferentemente do modelo viaduto
da foto anterior, que é bem mais cara de se implantar.
Já o ponto 4, foi pensado para ligar partes da mesma unidade de conservação, pois
analisando o mapa vimos que no trajeto marcado em vermelho não se tem construções de
nenhum tipo, sendo uma área fácil de se implementar. Entretanto, cabe aqui a observação
de que devem ser feitos estudos mais aprofundados para dizer se realmente vale a pena
fazer essa ligação, já que estaria ligando uma mesma área de conservação.
Revisão do Código Florestal
Analisando o Código Florestal, percebe-se que a definição das áreas de APPs são
as mesmas tanto para regiões rurais quanto urbanas, não considerando as particularidades
de cada meio. Como um ponto de partida para uma possível revisão do Código e
baseando-se no que foi estudado em Mairiporã, pensou-se numa mudança na definição das
APPs de rios em áreas urbanas.
Para isso, foram identificados as funções que as APPs de rios deveriam ser capazes
de realizar em cada meio:
1. em áreas densamente povoadas, parte das APPs poderiam ser utilizadas para
satisfazer necessidades da população local, como por exemplo, alimentos, lazer,
esporte ou transporte. Como a área total seria mais limitadas por conta da ocupação
humana, a preservação da fauna teria foco maior em espécies que sobrevivem em
áreas mais fragmentadas ou que não necessitem de áreas grandes para
sobreviverem (certos tipos de aves, como um exemplo).
2. em áreas menos povoadas, as APPs teriam um foco maior na preservação de
espécies, limitando assim o seu uso para outros afins.
Pensando nisso, foi possível determinar a proposta inicial para a definição da APP
de rios urbana. Tomando como ponto inicial a margem do rio e cumprindo com as larguras
já determinadas pelo Código Florestal, essas APPs seriam divididas em duas regiões: uma
ocupando os primeiros 30% da largura e a outra os 70% restantes. A primeira região seria
reservada para sistemas florestais ou de agroflorestas, ou seja, com pouca intervenção
humana. Na segunda região, seria permitido a ocupação por atividades de baixo impacto
ambiental (parques, transporte limpo, hortas comunitárias, permacultura, entre outras)
desde que respeitasse uma alta taxa de permeabilidade (acima de 70%).
Aplicando essa proposta a parte do Código Florestal referente às APPs de rios, temos:
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais, para os efeitos
desta Lei:
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
[...]
a) 30% (trinta por cento) da largura da Área de Preservação Permanente, contado a partir da
borda da calha do leito regular, ocupada exclusivamente por floresta ou agrofloresta;
b) 70% (setenta por cento) da largura da Área de Preservação Permanente restante pode ser
ocupada por ocupação de baixo impacto ambiental, com Coeficiente de Permeabilidade
superior a 70% (setenta por cento);
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Suely Mara Vaz Guimarães de; GANEM, Roseli Senna. A Nova Lei Florestal e a
questão urbana. In: SILVA, Ana Paula Moreira da; MARQUES, Henrique Rodrigues;
SAMBUICHI, Regina Helena Rosa (org.). Mudanças no código florestal brasileiro:
desafios para a implementação da nova lei. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. Cap. 4. p. 107-124.
BRASIL. Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal Brasileiro. Brasília, DF,
Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-201
4/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.