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28/01/2024, 16:23 UNINTER

DIÁLOGOS URBANOS E
PAISAGÍSTICOS (FUNDAMENTOS
DE URBANISMO)
AULA 5

Prof.ª Daniela Tahira Munhoz da Rocha

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CONVERSA INICIAL

Nesta etapa, vamos dar início ao conceito de planejamento urbano e urbanismo, falaremos sobre

alguns instrumentos do planejamento urbano e, por fim, daremos ênfase à questão da participação

popular.

CONTEXTUALIZANDO

Como vimos em conteúdos anteriores, as cidades surgiram como assentamentos humanos e foram
crescendo, aumentando seu território, assim como sua população. Já vimos algumas nomenclaturas

utilizadas nesse processo histórico de formação das cidades e alguns termos utilizados até o período
modernista. Nesta etapa, vamos estudar sobre o planejamento urbano, destacando sua diferença em
relação ao urbanismo. Iniciaremos com o conceito, suas características e suas etapas, sempre tentando
apresentar exemplos práticos.

TEMA 1 – PLANEJAMENTO URBANO E URBANISMO

1.1 CONCEITO

O prefeito de Curitiba Rafael Greca, em 2020, referiu que planejamento é o terreno fértil que faz
florescer no espaço urbano os frutos da cidade melhor, aquela que atende aos cidadãos em suas
necessidades. E não há como falar de planejamento sem falar do espaço urbano e da cidade.

Milton Santos (2005) considera o espaço como uma instância da sociedade, da mesma forma que a

economia e a cultura. Para ele, a organização atual do espaço e a hierarquia entre lugares se deve a seus
papéis no sistema produtivo, associando produção, circulação, distribuição e consumo como elementos
construtores da cidade.

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Já a cidade é elemento vivo, volátil e dinâmico, em constante estado de evolução; é o local onde as
pessoas moram, vivem e constroem sua história (Hayakawa; Rocha, 2020). Ao considerar as cidades sob
o ponto de vista de sua organização e das diferentes formas de crescimento e ciclos de
desenvolvimento, nota-se que elas buscam constantemente ser eficientes, exercer suas funções de
centralidade, evidenciar forças econômicas, fortalecer relacionamentos culturais e sociais e, ao mesmo

tempo, enfrentam limitações que acabam por exigir novas formas de se trabalhar estratégias e
interesses.

Com base nisso, destacamos que:

urbanismo é inovação, inventividade. É o livre pensar sobre o que poderia ser a cidade ideal, sua
forma e comportamento, suas prioridades, seu marco conceitual; a ideia que norteia e sustenta o
planejamento (Reinert, 2008);
planejamento urbano é a “arte de fazer cidade”. O conjunto de instrumentos que nos permite

determinar a forma desejada para a cidade que vivemos hoje e a do futuro. É operacional,
marcado por projetos e programas, monitoramento e gerência que consolidam o conceito
proposto pelo urbanismo. Um pacto regulador que assegura o desenvolvimento e administra o
cotidiano. Lida com os processos de produção, estruturação e apropriação do espaço urbano. É a

organização e o desenho dos assentamentos humanos com o objetivo de melhorar o viver


(Reinert, 2008).

1.2 PLANEJAMENTO URBANO – ETAPAS

Existem várias classificações das etapas que compõem o planejamento urbano. Para este curso,
seguiremos a classificação adotada por Fábio Duarte (2012), para quem o planejamento urbano é
dividido em quatro etapas: diagnóstico, prognóstico, propostas e gestão pública:

diagnóstico – é a análise de uma situação, compondo um cenário da realidade existente. Desse


modo, toda análise depende de dados disponíveis ou a serem coletados. Um procedimento
utilizado para a realização do diagnóstico é o quadro de Condicionantes, Potencialidades e
Deficiências (CPD). Esse esquema CPD é bastante eficaz, pois dirige os procedimentos de coleta e
análise de uma situação para propostas e para a gestão, como mostra a Figura 1, a seguir. É

importante chegarmos ao final do diagnóstico conhecendo com segurança como a cidade está

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hoje e como ela chegou a esse ponto. Aí devem estar incluídos aspectos demográficos, físico-
territoriais, legais, sociais e econômicos;

Quadro 1 – Quadro CDP Planos Regionais de Curitiba

Fonte: IPPUC, 2018

prognóstico– não se trata de futurologia ou achismos, é a etapa do planejamento que considera a


situação atual, a história e as tendências, e se nada for feito, como essa cidade será amanhã? Essa
etapa do planejamento é chamada de prognóstico. Por ser um organismo vivo, a cidade provoca
suas próprias transformações internas e recebe transformações externas de diferentes escalas.
Algumas delas podem acontecer de forma imprevisível e afetam muito a cidade, como, por
exemplo, a situação da pandemia de Covid-19 enfrentada em 2020. Nem por isso podemos
eliminar essa etapa do planejamento, que trabalha a base segura do diagnóstico para se prever a
realidade com a qual se deve trabalhar e o resultado que se quer alcançar;

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propostas– as propostas partem do resultado de um processo de planejamento urbano e


transformam um futuro previsível em um futuro possível. Nessas propostas entram aspectos de
obras de infraestrutura, mudanças nas leis, assim como a criação de formas alternativas de
participação do cidadão no dia a dia da cidade;
gestãourbana – segundo Acioly e Forbes Davidson, Gestão Urbana “é um conjunto de

instrumentos, atividades, tarefas e funções que visam a assegurar o bom funcionamento de uma
cidade”. São fundamentais para essa etapa do planejamento: leis que regulamentam o plano
diretor, a clareza do provimento de recursos necessários, o corpo técnico capacitado para
implementar e gerenciar as propostas e envolvimento da sociedade civil organizada.

Nas palavras e Turbay e Cassilha, “ As políticas urbanas são criadas para resolver questões efetivas
da sociedade, e para que se convertam em efeitos reais, são necessárias regulamentações e orientações
que serão desdobradas em planos e instrumentos”.

A seguir, teremos uma visão mais detalhada de dois importantes instrumentos de planejamento

urbano, que são o plano diretor e o plano de uso do solo.

TEMA 2 – INSTRUMENTO DO PLANEJAMENTO URBANO – PLANO


DIRETOR

A obrigatoriedade do plano diretor foi prevista no art. 182 da CF/88, tendo sido, posteriormente,
regulamentado pela Lei n. 10.257, de 2001, conhecida como Estatuto da Cidade.

O plano diretor, que deve ser revisado a cada 10 anos, certamente é um dos mais importantes

instrumentos na elaboração de políticas públicas e planejamento urbano, eis que é o responsável por
delimitar os parâmetros urbanísticos de todo o município, servindo de base para a aplicação de diversos
outros instrumentos, definindo os requisitos para identificação da função social da propriedade em
diferentes áreas da cidade etc.

Os arts. 39 e 40 do Estatuto da Cidade preveem:

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências

fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento


das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao

desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2º desta

Lei.

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Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de

desenvolvimento e expansão urbana.

§ 1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o

plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as


prioridades nele contidas.

§ 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.

§ 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.

O plano diretor é obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes, sendo importante
lembrar que, para municípios com mais de 500 mil habitantes também é obrigatório implementar um
Plano Integrado de Transportes. Esse instrumento é de fundamental importância para a adoção e o
planejamento de políticas públicas, por isso deve ser elaborado com a participação de diversos
segmentos da sociedade, desde técnicos urbanistas, políticos, organizações da sociedade civil até a
população em geral.

Nesse sentido, Fábio Duarte (2012) entende que a responsabilidade pela elaboração e implantação
com sucesso do plano diretor é de toda a sociedade, defendendo que “uma vez que todos têm direito à
participação nas audiências públicas, o sucesso da elaboração, implantação e fiscalização do plano
diretor tornou-se responsabilidade de todos os cidadãos”.

A visão multilateral é fundamental para a elaboração de um plano diretor de qualidade e efetivo:

diretrizes básicas do plano diretor são propostas por um corpo técnico formado por
urbanistas, engenheiros, médicos, agrônomos, economistas, enfim, profissionais de diferentes
áreas – diversidade que tende a tornar o plano mais bem estruturado. [...] Essa participação
externa à prefeitura geralmente traz visões diferentes daquelas dos que estão em contato
cotidiano com os problemas da cidade. (Duarte, 2012)

Para que se garanta a efetiva participação de todos os segmentos da sociedade acima mencionados,
são de fundamental importância as audiências públicas, que permitem o contato direto entre os agentes
públicos e os integrantes da sociedade civil. Esse contato, via de regra, traz aperfeiçoamentos e visões

diferentes para o gestor público, sendo igualmente importante para que o cidadão também possa
compreender as razões que levam a determinados projetos, trazendo benefícios para todos os
envolvidos.

A importância da transparência e participação popular é tão grande que o Estatuto da Cidade, em


seu art. 40, parágrafo 4º, prevê expressamente que:

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Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de

desenvolvimento e expansão urbana. [...]

§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os

Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de

associações representativas dos vários segmentos da comunidade;

II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;

III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

A elaboração e aplicação de um plano diretor segue uma série de etapas que são imprescindíveis
para sua qualidade e efetividade. Nas palavras de Fábio Duarte (2012):

Há etapas na elaboração do plano diretor, não importa a dimensão da cidade, que são comuns.
Em alguns municípios algumas dessas etapas merecem mais ou menos atenção. Porém, todas
elas são fundamentais para o sucesso de um plano diretor, principalmente quando, desde a
primeira etapa (o diagnóstico) até a última (gerenciamento e atualizações), todas estejam
presentes na consciência dos envolvidos na elaboração do plano – dos técnicos à população e
aos políticos.

Tão importante quanto a elaboração do plano diretor é sua implementação. De nada adianta a
elaboração do mais perfeito plano diretor se este não for aplicado na prática. Para isso, são

fundamentais disciplina e atenção do gestor público e fiscalização constante por parte da sociedade.

Não se pode perder de vista que o plano diretor não é algo estático que se imobiliza no momento
de sua aprovação, sendo, ao reverso, em “ser vivo” que necessita de cuidado e adaptações nos dez anos
previstos em lei para sua revisão.

Em suma, o plano diretor é o instrumento pelo qual o bom gestor público fixa as diretrizes para o
estabelecimento das políticas públicas dos próximos anos, já antevendo e preparando a cidade para os
problemas e o desenvolvimento das próximas décadas.

TEMA 3 – INSTRUMENTO DO PLANEJAMENTO URBANO – LEI DE USO


E OCUPAÇÃO DO SOLO

A definição das regras para uso e ocupação do solo é de fundamental importância, visto que incide
na forma da utilização das propriedades urbanas. Nas palavras de Turbay e Cassilha, o uso e a ocupação
do solo devem “ser articulados juntamente com o zoneamento, ambos por meio de leis municipais
definidas no plano diretor”. Os autores pontuam ainda que:
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O uso e ocupação do solo definem o desenvolvimento socioeconômico municipal por meio da
determinação do valor da terra para cada zona municipal, principalmente pelas densidades
estipuladas. Por isso é muito importante considerar a participação de toda a comunidade
quando da elaboração dos planos diretores, para que o espaço seja pensado visando o bem
comunitário, evitando quaisquer privilégios para uma minoria. (Turbay; Cassilha)

O uso do solo urbano está ligado à atividade que será desenvolvida, que é definida pelo planejador
urbano, devendo atender às necessidades atuais do município e, sobretudo, prever demandas futuras
para que a cidade se antecipe e esteja sempre preparada.

Turbay e Cassilha referem que essas atividades são

[...] normalmente divididas em permitidas, permissíveis, toleradas e proibidas. O uso permitido


orienta o que o planejamento urbano deseja e entende como compatível àquela determinada
zona. O uso tolerado direciona a possibilidade de exercício da referida atividade, desde que em
acordo com certos critérios e orientações específicas. O uso tolerado, que muitas vezes se
relaciona com usos existentes que conflitam com uma nova orientação da lei de uso e ocupação
do solo, indica um tipo de uso não prioritário para aquela zona urbana, mas que se capacita
mediante especificidades. O uso proibido indica atividades que seriam incompatíveis com a área
em questão ou mesmo com seu entorno, com potencial geração de prejuízos à sociedade e ao
ambiente.

De modo geral, as atividades urbanas normalmente estão distribuídas em atividade residencial,


comercial, industrial, institucional e lazer. Para Turbay e Cassilha

Também é importante observar que dentro dos usos observados, detalham-se tipologias
específicas, a atividade residencial pode ser abrigada por casas unifamiliares, ou por edifícios
de habitação coletiva. O comércio e os serviços variam entre um serviço vicinal, próprio da
vizinhança, como uma pequena lavanderia, uma mercearia, serviços de bairro como mercados,
galerias ou centros comerciais, ou serviços setoriais como hipermercados e shopping centers.
Usos industriais também podem variar em porte e potencial de impactos indesejáveis, como
poluição atmosféricas e trânsito de veículos de grande porte, neste sentido é importante
distinguir as atividades secundárias, ou de transformação.

Deve-se diferenciar ainda uso e ocupação do solo. Enquanto o uso do solo se detém às atividades
urbanas, a ocupação do solo se refere a orientações de como utilizar os lotes e as áreas urbanas, muitas
vezes por meio de medidas geométricas lineares, de área e volume representativas do potencial
construtivo e da relação com o entorno do lote, seja a via, sejam lotes vizinhos. A ocupação tem como
base de cálculo a densidade, seja demográfica, construída, pretendida para uma determinada zona
urbana.

De acordo com Turbay e Cassilha, o s parâmetros de ocupação do solo mais comumente utilizados
são os seguintes:

lote mínimo – o lote mínimo deve variar de acordo com o uso principal de uma determinada

zona urbana; lotes industriais devem minimamente permitir a manobra de veículos de carga,

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garantir certo afastamento em relação a lotes vizinhos e certo recuo em relação às vias para o
plano em exercício de atividades correlatas ao uso industrial;
coeficiente de aproveitamento (potencial construtivo) – este é o índice que indica a
metragem quadrada máxima que pode ser construída em um lote, sendo que esta metragem pode
ser dividida em quantos pavimentos forem necessários, ou ainda permitidos na zona em questão;
taxa de ocupação – a taxa de ocupação de um lote é definida pela projeção da edificação no

terreno em que haverá a construção. Determinada por um percentual, ela representa a porção do
lote sobre o qual existe alguma construção, determinando consequentemente a superfície
permeável que será mantida;
altura máxima – a relação entre taxa de ocupação (TO) e coeficiente de aproveitamento (CA)
pode resultar na altura do edifício, em uma situação convencional como quando o CA é igual a 1 e
o TO é definido como 50% do lote. A altura da edificação, ao ocupar e aproveitar o potencial total
do lote, define uma edificação de dois pavimentos;
recuos obrigatórios em relação à via ou ao espaço público – o recuo mínimo obrigatório
pode variar dependendo de condicionantes da área ou de acordo com o uso do solo da zona
urbana – em sítios históricos, onde o conjunto arquitetônico está no alinhamento predial, e em
áreas consolidadas, onde não se prevê novas intervenções urbanas que impactem o alinhamento
predial. Em áreas residenciais de baixa à média densidade, é muito comum que os recuos
obrigatórios sejam de 5,0 metros, porém em áreas industriais, especialmente localizadas em
rodovias ou grandes infraestruturas pela circulação de veículos e carga de grande porte, inclusive
para o atendimento das faixas de domínio dos eixos rodoviários, o recuo comumente é de 15,0
metros;
taxa de permeabilidade – a taxa de permeabilidade se refere a uma porção do lote que deve

permitir a permeabilidade do solo às águas pluviais como uma forma de reduzir o volume e
retardar a velocidade de escoamento das águas chuvas para as galerias de drenagem pluvial. A
taxa de permeabilidade também funciona para mitigar os impactos sobre o clima. É importante
que novas ferramentas urbanas e parâmetros inovadores sejam exigidos no sentido de mitigar os
efeitos da urbanização sobre o meio ambiente.

Outro exemplo que se pode citar é o zoneamento, que, para Turbay e Cassilha:

é um instrumento presente nos planos diretores municipais utilizado para garantir a


organização do território, enquadrando-o em porções chamadas de zonas e setores. As
atividades possíveis de serem instaladas e desenvolvidas em cada zona são descritas através de
diretrizes e índices urbanísticos, estabelecidos com vistas a minimizar possíveis impactos

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negativos da urbanização, além da busca por otimizar as relações urbanas sob os aspectos
econômico e social.

Por meio do zoneamento, é possível realizar o uso e a ocupação do solo para cada região de acordo
com as características relevantes existentes, como: sistema viário, topografia e infraestrutura. As zonas e
os setores possuem ocupações e adensamentos distintos, sendo geralmente delimitados fisicamente
por vias ou elementos topográficos.

Como destacado por Turbay e Cassilha:

Os zoneamentos possibilitam diversas categorias de ocupação dentro do município, como, por


exemplo, zonas residenciais, comerciais ou industriais, cada uma com subcategorias e
especificidades de adensamento, porte ou capacidade de construção, determinando
características gerais, socioespaciais e paisagens distintas para cada localidade do município. O
zoneamento tem alguns objetivos, como: controlar o crescimento urbano, proteger áreas
inaptas à ocupação (como encostas e áreas de proteção ambiental), minimizar possíveis
conflitos de uso do solo, controle do tráfego (através de diretrizes do sistema viário).

TEMA 4 – MAIS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO

O planejador urbano deve demandar em diferentes escalas, o que, por óbvio, leva à necessidade de
instrumentos que se adaptem a essas diferentes necessidades. Assim, os planos regionais são um dos
instrumentos previstos no Estatuto da Cidade e que atendem a um planejamento em escalas macro.

Para Turbay e Cassilha:

Os planos regionais devem ser elaborados com a participação de diversas áreas de


conhecimento e de diversos setores da sociedade de modo a abordar a multiplicidade de
elementos e temas característicos dos estudos territoriais, e, também, garantir que os setores
envolvidos participem das tomadas de decisão que afetam suas vidas. O território dos planos
regionais pode ser definido por uma bacia hidrográfica, por um setor econômico, pela relação
entre polarização e influência entre territórios, como no caso os municípios de uma região
metropolitana, entre outras possíveis associações a depender de critérios específicos.

No outro extremo do espectro encontram-se os planos complementares, que detalham os planos

setoriais e os planos regionais, conforme destacado por Turbay e Cassilha:

um município apresenta diversas realidades territoriais que merecem um olhar no que


chamamos de microescala no planejamento urbano, que se detém a núcleos urbanos
específicos. Além de decretos, portaria e outras forças de lei comumente complementarem as
orientações dos PDMs, planos específicos devem ser desenvolvidos neste sentido de
corroborar a política e o planejamento urbano, rumo à sua efetivação em melhoria de
qualidade de vida e bem-estar.

Os instrumentos que podem variar de escala de acordo com a temática de um determinado


tema/objeto são os planos setoriais, podendo-se citar como exemplos: planos de mobilidade, habitação,
controle ambiental, segurança etc.

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TEMA 5 – CENÁRIO DO URBANISMO NO SÉCULO XXI

Para que possamos compreender o cenário do urbanismo no século XXI, é necessário que façamos
uma breve análise de sua evolução nas últimas décadas.

Para Turbay e Cassilha, “A história do urbanismo no século XX foi baseada no crescimento global da
industrialização, especialmente na segunda metade do século”. De fato, no último século, o mundo
assistiu, ainda que em diferentes escalas e espaço de tempo, uma alteração radical do modelo
econômico e social, com a transição das sociedades predominantemente agrícolas para as sociedades
industriais. Essa alteração do paradigma econômico ocasionou um grande êxodo das populações que
antes viviam na zorna rural e que migraram em grande escala para as zonas urbanas. É evidente que
essa mudança de perfil influenciou diretamente o urbanismo, trazendo novos e diferentes desafios ao
planejador urbano.

Para Reinert (2008), em uma sociedade que se “urbaniza” rapidamente, o planejamento tem sido
usado muito mais como ferramenta com a qual se estabelece um “diagnóstico” e um “tratamento” do
que como instrumento do pensamento. Essa metáfora implica que os planejadores, quase que
naturalmente, olhem para o sítio a ser planejado como um organismo “doente”, carente de “alopatias”
cada vez mais poderosas e eficazes, capazes de permitir uma sobrevida a este ser agonizante a que
chamamos cidade. Ou a tratem com medidas preventivas, supondo que, em algum momento, ela estará
“doente”.

Segundo Le Corbusier, “fazer um plano é fixar ideias. Para isto é preciso ter tido ideias e a partir daí,
ordenar estas ideias para que se tornem compreensíveis, possíveis e transmissíveis”.

Para Reinert (2008), o urbanismo inovação, inventividade, livre pensar é posto de lado. No entanto,
quase tudo que se pratica atualmente e que é confundido com planejamento urbano nada mais é do
que um conjunto de estudos com visão setorial e perspectiva específica, dissociado do que acreditamos
que seja o planejamento urbano e, mais ainda, do que seja urbanismo. Cada vez mais os planos de
transporte, infraestrutura, habitação, mobilidade, meio ambiente se tornam o próprio planejamento.
Estudos e planos que não “se falam”. Estudos e planos que se justificam por sua própria existência.
Estudos e planos em que o componente humano, a razão desse planejar, é colocado à margem, dando
lugar, novamente, à visão parcial: no transporte, o debate é o modal; na habitação, a área disponível para
assentamentos; no meio ambiente, a proibição de uso em prol de uma preservação quantitativa e não
qualitativa.

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A crítica acima é, especialmente, válida nos dias de hoje, visto que, como veremos adiante,
vivenciamos atualmente, sobretudo após o início do século XXI, uma nova mudança de paradigma,
passando de uma sociedade industrial para uma sociedade tecnológica, que rompe com os modelos
tradicionais de produção, distribuição e serviços.

Com efeito, o avanço dos sistemas de comunicação e o desenvolvimento tecnológico promovem,


cada vez mais, pouquíssimas restrições quanto à localização das atividades produtivas, de habitação, de
lazer. Isso gera um sistema disperso que extrapola as barreiras político-administrativas e que precisa de
um olhar mais amplo e, principalmente, um horizonte temporal muito superior à maioria dos planos
diretores.

O fenômeno da evolução tecnológica, que avança em ritmo sem precedentes na história humana,
torna obsoleto hoje o negócio que era dominante poucos anos atrás. Exemplos desse fenômeno são
abundantes, como o negócio de videolocadoras, TV por assinatura, livrarias e bancas de revistas etc. E
essa nova realidade acrescenta novos desafios ao planejador urbano.

A expansão urbana coloca as cidades, de maneira geral, em dois grandes grupos de características
distintas: o modelo da cidade contínua de crescimento ilimitado, estruturada segundo a lógica do
transporte e dos corredores de infraestrutura, e o modelo policêntrico, que propõe as cidades-jardim,
com sua forte determinação de limitar o tamanho do urbano.

As cidades, sejam elas contínuas ou policêntricas, entretanto, não conseguem impedir o surgimento
do subúrbio, da “franja marginal” que não se quer, mas que aparentemente não se consegue evitar. A
explicação para esse fenômeno pode estar no fato de que, historicamente, qualquer que seja a corrente
de pensamento, o aglomerado urbano é sempre dividido entre “a cidade” e “seus bairros”. E o que é

cidade? Qual o limite perceptível dessa transição? O que caracteriza a cidade? Quais as diferenças entre
a cidade e o bairro? Essas mesmas dúvidas persistem na escala regional. Qual a cidade de fato em
contraponto à cidade de direito?

Hoje, com a globalização, não competem somente países, competem e cooperam muito mais as
cidades. O planejamento e os mecanismos de gestão precisam evoluir, a fim de superar a rigidez
derivada da complexidade burocrática que, frequentemente, limita a capacidade de resposta da
sociedade. Além disso, a transformação econômico-social permanente e cada vez mais acelerada que
atinge a sociedade põe à mostra a grande fragilidade dos planos diretores, normalmente muito ligados
a fatores locais e demasiadamente rígidos para se adaptarem a essas mudanças.

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TROCANDO IDEIAS

Após os conceitos apresentados, seguem abaixo algumas considerações para reflexão e discussão:

interdisciplinaridade – o planejamento urbano não pode ser restrito a uma disciplina específica,
nesse sentido, o campo se abre para conhecimentos e metodologias que abrangem aspectos da
sociologia, da economia, da geografia, da engenharia, do direito e da administração (Duarte,
2012).

Figura 1 – Interdisciplinaridade no planejamento urbano

Fonte: Hayakawa; Rocha, 2020.

exequibilidade – Jaime Lerner comenta que nada do planejamento vale a pena se não puder ser
implementado, e Paranhos complementa que se não tiver certeza de poder controlar a qualidade
de implementação, então é melhor nem começar, porque pior do que não fazer é fazer malfeito
(citados por Hayakawa; Rocha, 2020);
visão global – Alberto Paranhos (citado por Hayakawa; Rocha, 2020) diz que há um equívoco
quando se fala em planejamento urbano:

Tem muitos casos em que a pessoa fala de planejamento e considera que acaba quando
terminou de ser desenhado no papel. Pelo contrário, é aí que começa. A fase da discussão
antes de desenhar é planejamento, como também a implementação. Porque ter uma mala cheia
de papel desenhado não é, necessariamente, planejamento.
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NA PRÁTICA

Que tal você dar uma olhadinha no site do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
(IPPUC) (www.ippuc.org.br). Lá vai encontrar diversos temas que apresentamos nesta etapa. É
interessante observar que dentro do plano diretor temos alguns subtemas, como planos, programas,
projetos, lei de zoneamento, sistema de monitoramento, gestão e orçamento. Gostaria de destacar aqui
um exemplo de instrumento urbanístico, que é a transferência do potencial construtivo de asas
históricas e áreas verdes.

Figura 2 – Transferência de potencial construtivo de casas históricas e áreas verdes

Fonte: Hayakawa; Rocha, 2020.

Em 1982, Curitiba criou a figura do direito de construção virtual, inicialmente com o objetivo de
preservar edifícios históricos. É possível o aumento do potencial construtivo de unidades habitacionais
mediante a transferência de potencial construtivo de unidades de interesse de preservação. Depois

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foram desenvolvidos instrumentos urbanísticos de transferência de potencial construtivo para


promover a produção de habitação de interesse social e para a preservação de áreas verdes. Essa é uma
das soluções inteligentes que a capital paranaense desenvolveu e que foi incorporada no Estatuto da
Cidade.

FINALIZANDO

Por fim, o gestor público deve ter sempre em vista o fato de que todos os instrumentos do
planejamento urbano devem ser utilizados de forma harmônica e orgânica, permitindo que se busque
sempre atingir a maior eficiência e efetividade.

Para Turbay e Cassilha, “ É função do planejador urbano, em conjunto com equipes


multidisciplinares, com a população local e setores sociais, promover o convívio harmonioso entre
ambiente e sociedade ”.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm>. Acesso em: 29 jun. 2023.

BRASIL. Constituição (1988). Disponível em:


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 29 jun. 2023.

CURITIBA. Planos regionais 2021 – Regional Bairro Novo. Disponível em:


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