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Centro Universitário Unifacid

Curso: Arquitetura e Urbanismo


Disciplina: Materiais e Técnicas Construtivas
Período: 2021.1
Professora: Msc. Lorena Moura Santana

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL


Resíduos da construção civil e poluição ambiental- Legislação Ambiental Brasileira

Componentes:
Ana Emília de Almeida e Sousa

Gabriela Costa Cardoso

TERESINA, 2021
INTRODUÇÃO:
Um dos setores que mais gera lucro e emprego no país é a construção civil. No entanto, apesar da sua grande
importância econômica, é um dos setores que mais gera resíduos sólidos, além de possuir poucas políticas
voltadas ao desenvolvimento sustentável.

As características dos resíduos da construção civil (RCC) podem variar entre os países, em razão da cultura
local, do desenvolvimento econômico, do clima local e das fontes de energia. Mundialmente, os RCC
representam, em média, 40% de todos os resíduos gerados nos municípios. Isso significa que, anualmente, são
gerados em torno de 520 milhões de toneladas de RCC e que, em 2025, essa geração será da ordem de 880
milhões de toneladas. Se em 2012 o gasto com a gestão e o gerenciamento desses resíduos girou em torno de
US$ 82 bilhões anuais, em 2025 esse gasto anual será da ordem de US$ 150 bilhões.

No Brasil, a falta de informação detalhada sobre as RCC torna difícil o manejo e descarte adequado desses
materiais. É no contexto de incipiência da gestão dos RCC que, apesar da implementação da Resolução N°
307/02, de 05 de julho de 2002, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), que dispõe sobre a
gestão dos Resíduos da Construção Civil, a grande maioria das prefeituras dos municípios brasileiros,
continuam enfrentando sérios problemas no que se refere à gestão dos RCC, sendo extremamente necessária
a implementação de ações públicas que visem minorar tal problemática.
Nesse sentido, sem o conhecimento da realidade local, regional ou nacional, o planejamento de metas e ações
poderá ser inadequado e, assim, os benefícios da gestão de resíduos sólidos não serão eficientes e/ou eficazes,
e os prejuízos ambientais e socioeconômicos continuarão a representar um ônus à sociedade. O maior
conhecimento da situação pode contribuir com a formulação de políticas públicas que, de maneira prospectiva,
permitam a inclusão de medidas de caráter preventivo.

O gerenciamento adequado ainda encontra obstáculos como o desconhecimento da natureza dos resíduos, a
ausência de cultura de separação e o aumento de novos materiais. Dessa forma, conhece-lo e diagnosticar os
resíduos gerados possibilitará o melhor encaminhamento para o plano de gestão e o gerenciamento dos
resíduos sólidos da construção civil(RCC).

DESENVOLVIMENTO:

A construção civil é um importante segmento da indústria brasileira, tida com um indicativo de crescimento
econômico e social. Contudo, esta também se constitui em uma atividade geradora de impactos ambientais,
desde a exploração dos recursos naturais, alterando os benefícios do solo, ao consumo elevado de energia
elétrica. (Pinto, 2005 apud Karpinsk et al, 2009).

Os RCC representam um grave problema em muitas cidades brasileiras. Por um lado, a disposição irregular
destes resíduos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública. Por outro lado, eles
representam um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, no Brasil,
os RCC podem representar de 50% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos – RSUs (Brasil, 2005b).

Visto isso, é notório que, durante o processo de construção são deixados os resíduos à amostra, desde a sua
forma básica aos transformados. Dentre eles temos cerca de 20% a 50% das matérias primas naturais que são
realmente consumidas nas construções, a outra parte se torna resíduo no canteiro de obra. Além desses
resíduos, temos, também, todo o processo da construção civil que causa danos ambientais, por exemplo, na
exploração de materiais agregados, que são obtidos a partir da destruição do local escolhido; outro caso de
dano ambiental causado pelas construções civis é a produção do cimento, matéria de extrema importância
dentro das obras, a sua composição libera cerca de 8% das emissões mundiais de dióxido de carbono, um dos
gases responsáveis pelo aquecimento global. Mediante isso, faz-se necessário a utilização de medidas mais
efetivas durante o processo de construção e a escolha devida dos materiais utilizados.
A falta de processos adequados e a utilização de materiais entregues durante a construção civil são exemplos
de geradores de resíduos nas obras, e o melhor gerenciamento desses serviços pode resultar tanto na melhor
qualidade e retorno financeiro nas obras, quanto um ganho para o meio ambiente. Segundo a lei 714/2017
presente na Legislação Ambiental Brasileira, os RCC são divididos em 4 classes: os reutilizáveis e recicláveis,
os apenas reciclados, os que não possuem tecnologias para reciclagem e os perigosos. Com isso, para
implementar a gestão destes resíduos, a lei determinou a criação de um plano municipal de gestão de resíduos
da construção civil, que deve ser elaborado pelo município de São Gonçalo, neste plano constam as
responsabilidades dos grandes e pequenos geradores de resíduos, em quais áreas será realizado o recebimento,
triagem e armazenamento dos resíduos que serão destinados às áreas de beneficiamento, também, quais os
critérios de transporte dos RCC. Assim, os geradores de resíduos devem elaborar e implementar este plano,
em conformidade com o plano municipal de gestão de resíduos da construção civil, “O prazo para elaboração
do plano é de no máximo doze meses, a partir da publicação da Lei nº 714, e o prazo máximo de dezoito meses
para sua implementação.”

É observado também que durante o processo de construção há desperdícios de energia elétrica de forma
indevida, como as máquinas ligadas sem um maquinário operando por exemplo, com isso, deve ser evitado
tal desperdício com a devida orientação dos chefes de obras, tendo a finalidade de aumentar os custos das
obras e aliviar os recursos do meio ambiente. Da mesma forma deve ser feito o controle do desperdício de
água, recurso natural mais utilizado nas construções civis.

Segundo Pucci (2006), historicamente o manejo dos RCC esteve a cargo do poder público, que enfrentava o
problema de limpeza e recolhimento dos RCC depositados em locais inapropriados, como áreas públicas,
canteiros, ruas, praças e margens de rios.

Em 2002, a Resolução no 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama (Brasil, 2002), alterada
pela Resolução no 348 de 2004 (Brasil, 2004), determinou que o gerador seria o responsável pelo
gerenciamento desses resíduos. Esta determinação representou um avanço legal e técnico, estabelecendo
responsabilidades aos geradores, tais como a segregação dos resíduos em diferentes classes e o seu
encaminhamento para reciclagem e disposição final adequada.

Assim, o diagnóstico da situação atual dos RCC busca levantar a geração destes resíduos por meio de dados
quantitativos existentes para a escala nacional, regional, estadual e municipal, bem como, identificar dados
sobre coleta, tratamento e disposição final dos RCC. O diagnóstico inclui, ainda, a delimitação dos principais
instrumentos legais existentes nas diferentes esferas da Federação.

No cenário nacional, os RCC têm sido coletados, segundo o SNIS (Brasil, 2019), cujo diagnóstico foi
elaborado para ressaltar análises nacionais, macrorregionais e por segmentos populacionais, dados que
mostram um significativo avanço na coleta dos mesmo, como mostra o gráfico a seguir.

Gráfico 1 - Evolução da participação dos municípios brasileiros no SNIS, segundo os percentuais de


municípios e da população urbana - 2002 a 2019

Fonte: SNIS.gov.br, 2019


Assim, no presente diagnóstico, dos 5.570 municípios brasileiros existentes, foram obtidas respostas válidas
de 3.712, resultando numa taxa de resposta de 66,6%, um aumento de 244 municípios na base de informações
referente a 2019, quando comparada ao ano de 2018. Além disso, em termos de população urbana, a
representatividade foi superior ao ano anterior e se sobressai em relação a toda série histórica, com 86,6% da
população urbana do país representada pela amostra 2019 (ante a 85,6% em 2018).

Apesar do esforço realizado na etapa de coleta dos dados, muitos municípios brasileiros ainda não enviam as
informações solicitadas, devido a razões que vão desde dificuldades internas das prefeituras até desinteresse
de alguns municípios para obtê-las ou disponibilizá-las.

É interessante considerar as peculiaridades dos serviços no Brasil para o entendimento das informações
fornecidas e suas análises, dentre as quais cabe destacar algumas situações. A primeira delas é a dificuldade
de obtenção de informações pelos próprios prestadores de serviço. A imensa maioria deles não dispõe de
sistemas de informações, bancos de dados, cadastro técnico ou levantamento de dados sistemático que
conferem maior consistência às informações prestadas. A segunda é a fragilidade da formação e composição
dos quadros técnicos municipais, pois nem sempre os responsáveis pelo fornecimento das informações têm
formação na área e, também, existe uma recorrente ruptura na constituição das equipes locais. Estas questões
impactam diretamente nas rotinas de sistematização de dados, no contexto local. A terceira é a
heterogeneidade da terminologia e a diversidade de cultura técnica, ao longo do território nacional. As
variações dos termos e conceitos, de região para região, implicam, muitas vezes, na incompreensão ou
compreensão equivocada dos conceitos técnicos da área.

A questão de uma gestão sustentável para os RCC tem sido um grande desafio para a indústria da construção
civil e dos administradores públicos, pois as cidades têm sentido o impacto causado pelos descartes ilegais e
da presença dos RCC em ambientes urbanos.

Sabe-se que para o desenvolvimento de um modelo de gestão ambiental sustentável a relação com as leis
ambientais são imprescindíveis. Numa grande maioria dos casos, os agentes poluidores do meio ambiente
estão mudando sua postura de produção, e elaborando modelos de gerenciamento sustentáveis devido à força
das leis ambientais, particularmente, de instrumentos legais que determinam diretrizes e aplicam sanções
(ROCHA, 2006).

Logo, faz-se mister a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental que venha nortear as ações de
produção, desenvolvimento e organização das empresas e órgãos públicos com vistas a atenuar e minimizar
os impactos ambientais oriundos do processo produtivo. É extremamente relevante que a gestão ambiental
seja abrangente e inclua desde os problemas econômicos e sociais até os da organização e os de seus
colaboradores, passando pelos aspectos ligados ao setor industrial (DEGANI, 2003).

As metas devem priorizar a minimização dos resíduos, incentivar o adequado gerenciamento, a ampliação dos
serviços de processamento e a reciclagem dos RCC. Para que estes objetivos sejam atingidos, serão
necessários, entre outras medidas, oferecer treinamentos aos gestores municipais e aos geradores particulares,
além de implantar um sistema de divulgação das experiências de sucesso. Salienta-se, ainda, o papel
estratégico que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos deverá assumir, no sentido de estipular metas para o
gerenciamento de RCC e no estabelecimento das formas de recebimento e monitoramento dos dados das
diferentes localidades.

Com isso, edificações mais sustentáveis são fundamentais para a sociedade, para o crescimento da indústria
da construção e para a conservação do meio ambiente. Se esse setor se dedicar a melhorias e combater
desperdícios, será possível grande evolução, gerando economia, bem-estar e saúde. Os impactos ambientais
gerados pelos RCC são inevitáveis para o desenvolvimento das cidades, no entanto, o setor pode atuar como
um agente transformador quando segue políticas para redução de mudanças prejudiciais ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS:

Artigo científico: Percepção da Legislação Ambiental, Gestão e Destinação Final dos RCD– Resíduos da
Construção e Demolição: Um Estudo De Caso Em Parnamirim/RN/Brasil, A. L. DOS SANTOS; C. H. C.
PINTO* e A. C. M. M. CATUNDA-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2013

http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/1528/pdf_172

Artigo técnico: Indicadores de efetividade da gestão dos resíduos da construção civil. Estudo de caso:
município de São José dos Campos/SP, Daniel Guimarães, Fabiana Fiore, 2017

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-41522020005008202&script=sci_arttext#B13

Blog: https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/impactos-ambientais-da-construcao/

Blog: https://www.sienge.com.br/blog/impactos-ambientais-causados-pela-construcao-civil/

Blog:https://www.vgresiduos.com.br/blog/lei-no-7142017-reaproveitamento-de-residuos-na-construcao-
civil/

Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos, SNIS-Sistema Nacional de Informações sobre


Saneamento, Governo Federal, 2019

http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/rs/2019/Diagnostico_RS2019.pdf

Pesquisa Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil, IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), 2012

https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/120911_relatorio_construcao_civil.pd
f

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