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Gestão sustentável dos resíduos frente aos desafios da PNRS

e a relevância da aplicabilidade de ACV

Derval dos Santos Rosa1

Jessika Souza de Carvalho2

Paulo Santos Almeida3

Rubens Pantano Filho4

1. Concepção e surgimento da PNRS

Ao longo de duas décadas, o Brasil desenvolveu projetos de Lei, em âmbito


Federal, para atender à demanda socioambiental decorrente da produção e consumo que
geravam toneladas de resíduos. Para aquela época, não havia distinção entre “sucata” e
“lixo”. O desconhecimento técnico e a conscientização foram muito lentos,
diferentemente da evolução em continente europeu no mesmo período.

O estado de São Paulo, em iniciativa de vanguarda para a época, em 16 de março


de 2006, quebrou a barreira normativa, com a Lei nº 12.300, regulamentada pelo Decreto
do Estado de São Paulo n.º 54.645 de 5 de agosto de 2009. Tão importante quanto a
discussão, esse rompimento com a inércia suscitou a aceleração das tratativas legislativas
federais para o surgimento de uma regra de âmbito nacional. Esse processo culminou com
a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS).

A PNRS integra-se à Política Nacional de Meio Ambiente (Lei n.º 6.938, de 31 de


agosto de 1991), articulando-se com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n.º
9.795, de 27 de abril de 1999), com a Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n.º
11.445, de 05 de janeiro de 2007) e com as Normas Gerais para Contratação de
Consórcios Públicos (Lei n.º 11.107, de 06 de abril de 2005) (Brasil, 2010).

Regulamentada pelo Decreto n.º 7.404, de 23 de dezembro de 2010, a referida


política passou a apresentar vários pontos de avanço para esta demanda ambiental, desde
a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos à própria lógica estabelecida quanto à
participação social caracterizada na ordem da não geração de resíduos, a redução,

1
Doutor em Engenharia Química e docente na Universidade Federal do ABC. E-mail:
derval.rosa@ufabc.edu.br
2
Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. E-mail: jessika.souzac@hotmail.com
3
Doutor em Direito Ambiental e docente da Universidade de São Paulo. E-mail:
psalmeida@usp.br
4
Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais e docente no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo. E-mail: rubenspantano@ifsp.edu.br

1
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, culminando com a devida
destinação final ambientalmente adequada.

Entre os objetivos das políticas no Brasil estão a proteção do meio ambiente


(Almeida, 2009), a gestão integrada de resíduos sólidos, a cooperação interinstitucional,
a promoção da educação ambiental, a inclusão de catadores, a erradicação do trabalho
infantil no fluxo dos resíduos sólidos, a disseminação das informações, a implantação da
coleta seletiva nos municípios, a priorização dos produtos recicláveis e reutilizáveis, a
estimulação para a regionalização da gestão de resíduos, estimular soluções consorciadas,
incentivos à pesquisa e o aproveitamento dos resíduos orgânicos com destino à
compostagem. Para que os objetivos sejam alcançados, o Poder Público poderá buscar
parcerias com a iniciativa privada (Lima, 2014).

Ao se considerar os avanços, deve-se destacar em quais condições e critérios se


demonstram como evolução. Certamente há um grande diferencial após a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, nos aspectos jurídico, socioambiental, econômico e
tecnológico. São vários os atores integrados para o desenvolvimento e envolvimento na
contenção da produção desenfreada de resíduos nas últimas décadas na sociedade
moderna.

No âmbito da Administração Pública não há equívoco em afirmar que uma das


grandes responsabilidades foi destacada para os municípios (Nascimento et al., 2015;
Jacobi; Besen, 2011). De fato, não poderia ser diferente, considerando que a maior parte
da população vive seu cotidiano no âmbito das localidades, em sua grande parte nas
cidades, na forma mais direta de vivenciar as relações e as mazelas (Fiorillo, 2011).

E no aspecto socioeconômico, reconhece-se que em 2002, após o reconhecimento


da profissão de catador de material reciclável no Brasil pela Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO), houve um virtual aumento de profissionais nesta atividade, embora
esse reconhecimento não tenha impactado nas condições de trabalho dos catadores,
muitas vezes chamados de “sucateiros”. Cada vez mais, na atualidade, as empresas de
reciclagem ou cooperativas admitem e alteram esse cenário. Os catadores estão evoluindo
na organização e ampliam sua participação no processo e no ciclo dos resíduos,
envolvendo até a logística do processo de reciclagem.

Não se nega que a PNRS, Lei n.º 12.305/2010, tem modificado esse cenário, assim
como a estrutura do comércio de reciclagem (Albuquerque, 2014), do qual os catadores
são agentes com menos inoperância e interferência no sistema planejado pela legislação
federal ambiental, caracterizando-se como uma alternativa instrumental no ordenamento
jurídico evolutiva.

2. Sustentabilidade e gestão dos resíduos

2.1. Cenário dos resíduos sólidos

A gestão municipal dos resíduos sólidos é um dos maiores desafios apresentados


nos países em desenvolvimento, devido ao aumento na taxa de geração desses resíduos,

2
decorrente da rápida urbanização, propiciando assim ameaças à saúde humana e ao meio
ambiente (Khan; Samadder, 2014; Yadav; SamadderAMADDER, 2017).

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) englobam os descartes domiciliares e os


resíduos resultantes de limpeza urbana. Sua taxa de geração é diretamente proporcional
ao produto interno bruto nacional (PIB) e ao status econômico das pessoas (Khan;
Samadder, 2014; Laurent et al., 2014).

Muitas pesquisas registram um aumento na taxa de geração de RSU, de 2 a 3%


nos países em desenvolvimento, e de 3,2 a 4,5% nos países desenvolvidos (Yadav;
Samadder, 2017). Portanto, em um mundo onde a população deverá atingir um pico de 9
bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, e a geração anual global de resíduos sólidos
deverá atingir 27 bilhões de toneladas até o ano 2050, o gerenciamento dos nossos
recursos naturais finitos é de extrema criticidade (Broadbent, 2016; Laurent et al., 2014).

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (2015), a prática da


disposição final inadequada de RSU ainda ocorre em todas as regiões e estados
brasileiros, possuindo elevado potencial de poluição ambiental. Na Figura 1 é possível
observar os pequenos sinais de evolução e aprimoramento das unidades adequadas de
disposição final dos RSU coletados no Brasil, nos últimos cinco anos.

Figura 1 - Disposição Final dos RSU coletados no Brasil.

Fonte: ABRELPE 2011, 2013 e 2015.

Os pequenos avanços apresentados nos últimos cinco anos evidenciam a


necessidade de melhorias e implementação de práticas de gerenciamento de resíduos no
país, uma vez que, apesar das determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos e
de outras Leis Ambientais, os resultados ainda não são suficientes para reduzir a
quantidade total de RSU que é encaminhada para aterros controlados e lixões, carecendo
de sistemas necessários para proteção do meio ambiente.

3
2.2. Sustentabilidade e gestão dos resíduos

O tema sustentabilidade começou a ser discutido em 1968, quando o Clube de


Roma, organização sem fins lucrativos, publicou o Relatório Limites do Crescimento,
documento que faz uma projeção sobre o modelo de desenvolvimento e as consequências
do rápido crescimento populacional mundial, considerando os recursos naturais
disponíveis (Carvalho, 2017).

Existe uma relação direta entre a destinação dos resíduos sólidos e os problemas
ambientais, entre os quais é possível destacar as mudanças climáticas, depleção do ozônio
estratosférico, danos à saúde humana, danos ao ecossistema, depleção de recursos, entre
outros. Em relação a esses problemas e ao aumento notável da geração de resíduos
sólidos, o gerenciamento desses tornou-se prioridade nas políticas públicas do Brasil e do
mundo, contribuindo assim para uma sociedade mais sustentável (Lauren et al., 2014;
Pedrosa; Nishiwaki, 2014).

A gestão sustentável dos resíduos é um tema de crescente importância em todo o


mundo (Ripa et al., 2017), além de ser um dos maiores desafios para as cidades e umas
das principais responsabilidades dos governos (Martinez, 2017). A partir disso, tem-se
observado uma busca incessante por tecnologias que apresentem soluções sustentáveis
para atender a preocupação com o meio ambiente e reduzir os impactos.

3. Relevância da aplicabilidade de ACV

No desenvolvimento de um produto ou processo, para que esse atenda à função


desejada, vários estágios se sucedem: (i) extração dos recursos naturais e energéticos; (ii)
processamento na forma de insumos; (iii) transformação em produtos intermediários e/ou
finais; (iv) embalagem e distribuição; (v) uso, reuso e manutenção; (iv) reciclagem
(revalorização do resíduo) ou disposição final após cumprimento de sua função, ou seja,
ao final da vida útil (por exemplo, disposição em aterros sanitários) (Rosa et al, 2016).

Esse conjunto de estágios é denominado ciclo de vida do produto, que é definido,


segundo a norma brasileira NBR ISO 14040 (2009), como os “estágios consecutivos e
encadeados de um sistema de produto, desde a aquisição da matéria-prima ou de sua
geração a partir de recursos naturais, até a disposição final”.

Um dos maiores desafios da gestão sustentável dos resíduos sólidos é fechar o


ciclo produtivo dos materiais, gerenciando o resíduo para que ele possa ser reinserido em
novos processos, diminuindo o consumo de matérias-primas, consumo de energia e
geração de resíduos (Andrade Junior; Zanghelini; Soares, 2017).

A PNRS recomenda a visão de ciclo de vida do produto no gerenciamento dos


resíduos sólidos, ou seja, as decisões a serem tomadas tanto na concepção do produto,
quanto no tratamento de final de vida, devem incluir a análise dos impactos de todas as
fases do ciclo de vida do produto (Brasil, 2010)

A PNRS também estabelece a priorização de metodologias que sejam aplicáveis


à realidade brasileira e que possam atender aos princípios e objetivos dessa política, em

4
especial à visão sistêmica da gestão dos resíduos e à sustentabilidade (Reichert; Mendes,
2014). Dentre as metodologias referenciadas na literatura que vêm proporcionando
contribuições adequadas para atendimento desse objetivo, pode-se citar a Avaliação do
Ciclo de Vida (ACV), que se expandiu rapidamente nos últimos anos (Ripa et al., 2017).

Avaliação do Ciclo de Vida consiste na abordagem dos aspectos e potenciais


impactos ambientais ao longo do ciclo de vida do produto, desde a obtenção das matérias-
primas até a disposição final. É considerada importante para saber se um processo é
ambientalmente amigável e para avaliar os efeitos que ele exerce sobre o ambiente
(Allesch; Brunner, 2014; Ichikawa; Mizukoshi, 2012).

A ACV tem sua origem na década de 1960, tem sido aplicada em diversas áreas
de pesquisa, as quais têm contribuído para a consolidação da metodologia em todo o
mundo. As principais referências na área, devido ao pioneirismo e alto nível dos estudos
desenvolvidos, são norte americanas e europeias (Willers; Rodrigues; Silva, 2013). No
Brasil, pode-se considerar que a história da ACV iniciou-se na década de 1990, com a
criação do subcomitê da ABNT, que trabalhou na elaboração das normas da família ISO
14000 (Chehebe, 1997).

Em 2002 foi fundada a Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV), a qual


vem se dedicando à disseminação e consolidação da ACV no Brasil, principalmente pela
organização de eventos na área, entre os quais podemos destacar como os mais
importantes: a Conferência Internacional sobre Avaliação do Ciclo de Vida (CILCA) e o
Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de Vida (CBGCV), esse último sendo
considerado o principal evento nacional dedicado ao tema (Willers; Rodrigues; Silva,
2013).

A metodologia de ACV tem desempenhado um papel importante para a tomada


de decisão sobre a escolha de melhores opções para o gerenciamento dos resíduos sólidos.
Ela pode ser usada nesse contexto para fornecer uma visão geral dos aspectos ambientais
de diferentes tecnologias, possibilitando decisões estratégicas relativas ao uso dos
recursos (Yadav; Samadder, 2017).

A ACV é considerada uma ferramenta poderosa para a avaliação ex-ante (antes


da execução do projeto), de forma a identificar e evitar os pontos críticos, ou hotspots,
antes da implementação do projeto. Esta avaliação prévia possibilita que ajustes no
projeto sejam realizados com o objetivo de otimizar recursos e diminuir os potenciais
impactos ao meio ambiente (Koller et al., 2013). Em uma avaliação ex-post (depois da
execução do projeto), a ACV tem se mostrado útil para determinar possíveis desvios,
identificar as oportunidades de melhoria e estabelecer cenários alternativos (Rosa et al.,
2016).

3.1. Evolução temporal de estudos de ACV aplicados ao gerenciamento de resíduos

Até o momento, muitos estudos investigaram a aplicabilidade da metodologia de


ACV no gerenciamento de resíduos. Em pesquisa à base de dados Web of Science, com
relação ao número de artigos científicos publicados com o termo Life Cycle Assessment
(LCA, ou Avaliação do Ciclo de Vida – ACV, em português) e waste (resíduos),

5
verificou- se um número crescente de publicações sobre o tema a partir de 1995, data dos
primeiros trabalhos (Ohara; Wojtanowicz, 1995; Ayres, 1995; Hunt, 1995). A Figura 2
apresenta a quantidade de trabalhos publicados desde 1995 e a crescente importância no
tema referido na comunidade acadêmica.

Figura 2 - Quantidade de artigos publicados desde 1995, relacionados à Life Cycle


Assessment e waste

Fonte: Adaptado de Web of Science.

A tendência apresentada na Figura 2 reflete a relevância da aplicabilidade da


Avaliação do Ciclo de Vida para análise do desempenho ambiental do gerenciamento dos
resíduos sólidos.

O número de pesquisas e publicações envolvendo ACV demonstram um aumento


significativo a partir de 2006, provavelmente impulsionadas pela implementação dos
padrões da metodologia, em que a série de normas International Organization for
Standardization (ISO) foi compactuada em duas normas: ISO 14040 e ISO 14044. Esse
conjunto de normas tem como objetivo apresentar a estrutura, princípios, requisitos e
diretrizes para elaboração de um estudo de ACV. Quatro são as fases contempladas na
avaliação: (i) definição de objetivo e escopo; (ii) análise de inventários; (iii) avaliação de
impactos do ciclo de vida; e (iv) interpretação dos resultados.

A literatura já apresenta diversos estudos sobre a aplicabilidade da metodologia


de ACV no campo da gestão dos resíduos sólidos. Todavia, segundo Hottle; Bilec e
Landis (2013), o escopo dos estudos tem variado dependendo do objetivo e escopo
definidos. Um estudo de ACV pode considerar uma abordagem berço (cradle) ao portão
(gate), na qual são considerados os estágios de extração dos recursos naturais, seu
processamento e transformação no produto de interesse; berço (cradle) ao túmulo (grave),
na qual, além das fases anteriormente mencionadas, são considerados o uso e a disposição
final; ou ainda berço (cradle) ao berço (cradle), que inclui a disposição final e seu retorno
ao ambiente natural (Hottle; Bilec; Landis, 2013). Além disso, os estudos podem ser
conduzidos segundo abordagens distintas, podendo ser limitados a um único produto

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(avaliação do produto por si só – stand-alone) ou propiciar comparações entre produtos
que cumpram uma mesma função (Rosa et al., 2016).

Exemplos recentes de aplicações da metodologia no gerenciamento de resíduos


no mundo incluem Ayodele; Ogunjuyiegbe e Alao (2017), que realizaram uma ACV
comparando alternativas para a geração de eletricidade, utilizando os resíduos sólidos
urbanos de doze cidades da Nigéria. Thyberg e Tonjes (2017) realizaram uma ACV para
determinar os impactos ambientais de alguns cenários de tratamento de resíduos para um
município suburbano de Nova York. Popita et al. (2017) utilizaram a metodologia para
identificar o sistema mais ecológico de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos no
condado de Cluj, na Romênia. Sharma e Chandel (2017) realizaram uma ACV para
analisar estratégias potenciais para o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em
Munbai, na Índia.

No Brasil, alguns trabalhos também investigaram sistemas de gestão dos resíduos


sólidos, utilizando a metodologia de ACV. Andrade Junior; Zanghelini e Soares (2017)
avaliaram a contribuição do aumento da reciclagem do papel para a redução dos gases do
efeito estufa em Florianópolis, utilizando a metodologia de ACV. Reichert e Mendes
(2014) utilizaram a ACV como tecnologia de apoio à decisão de gerenciamento integrado
e sustentável dos resíduos sólidos urbanos no município de Porto Alegre. Deus et al.
(2016) avaliaram cenários para o gerenciamento dos resíduos sólidos domésticos em
pequenos municípios brasileiros localizados no estado de São Paulo. Leme et al. (2014)
estudaram diferentes alternativas à recuperação de energia dos resíduos sólidos
municipais gerados nas cidades brasileiras, do ponto de vista técnico-econômico, com a
metodologia de ACV.

As tecnologias de disposição final de resíduos sólidos urbanos, aterro sanitário e


incineração (com e sem recuperação de energia), foram discutidas por Dmitrijevas (2010)
em uma avaliação comparativa em que foi utilizada metodologia de análise de
ecoeficiência (que aplica a ACV sob as perspectivas ambiental e econômica). Embora o
aterro sanitário apresente melhor desempenho em algumas das categorias de impacto
ambiental avaliadas (como consumo de recursos naturais e energéticos), o incinerador se
apresentou como a melhor opção em relação à geração de emissões sólidas. O estudo
demonstrou que a incineração com recuperação de energia é a alternativa mais
ecoeficiente (ou seja, aquela com melhor balanço entre as avaliações de impacto
ambiental e econômico). Já com relação à avaliação econômica, a opção aterro sanitário
apresentou-se mais eficiente que a incineração, porém com diferença pouco
representativa frente ao observado na avaliação ambiental (Dmitrijevas, 2010).

Carvalho (2017), em sua dissertação de mestrado, comparou sacola plástica,


sacola de papel e sacola biodegradável como alternativas para a produção, utilização e
destinação final de sacolas descartáveis de supermercado. Foi empregada a metodologia
de análise de ecoeficiência e a abordagem do berço ao berço. Os resultados demonstraram
que as sacolas biodegradáveis apresentam grandes vantagens para substituição das
sacolas plásticas, especialmente do ponto de vista econômico e também que sua
ecoeficiência está relacionada, principalmente, com o alto custo de comercialização
dessas últimas. O desempenho ambiental apresentado pelas sacolas biodegradáveis é
superior às alternativas de sacolas plásticas e de papel, sobretudo nas categorias de
consumo de energia e consumo de recursos abióticos (Carvalho, 2017).

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4. Conclusões

De maneira geral, o Brasil vem conquistando importantes avanços no


gerenciamento dos resíduos sólidos, no entanto, o desafio apresentado ainda é bastante
considerável, pois apesar das determinações da PNRS e da PNMA, muitos municípios
ainda fazem uso de locais inadequados para destinação dos resíduos coletados.

Para tanto é indispensável o aprimoramento de tecnologias adequadas para uma


gestão sustentável dos resíduos. Sem isso, os avanços continuarão a acontecer em ritmo
demasiadamente lento, comprometendo o desenvolvimento sustentável tão almejado.

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