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TEORIA, ESTÉTICA E HISTÓRIA

DA ARQUITETURA,
URBANISMO E ARTES - PÓS-
MODERNO AO
CONTEMPORÂNEO
AULA 1

Prof. José Marcos Novak


CONVERSA INICIAL

Os estudos relativos até aqui serão orientados para a habitação


contemporânea como uma síntese do desenvolvimento civilizatório humano.
Isso engloba aspectos históricos, conceituais e contextuais, envolvendo áreas
urbanas, rurais e naturais.
Sabemos que a humanidade evoluiu desde a pré-história até os dias de
hoje dentro de padrões de necessidade para a sobrevivência. Isso ocorreu sob
condições adversas provenientes tanto do meio ambiente quanto de ataques que
colocaram em risco a sua existência.
No decorrer do tempo, o homem produziu diversas formas de abrigo tanto
individual como coletivo com variações de forma, tipos de compartimentação,
técnicas e materiais construtivos, empregando sempre um conjunto muito amplo
de elementos culturais, sociais, políticos e econômicos.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo é analisar o núcleo habitacional e
suas relações com seu contexto físico e social, utilizando padrões históricos
associados aos momentos mais remotos até os dias de hoje dentro de cenários
naturais e urbanos.

CONTEXTUALIZANDO

Recomendação: <https://youtu.be/MXYszwal-Ow>. Acesso em: 18 jan.


2023.
A habitação, tal como a conhecemos hoje, é o resultado de uma evolução
que nasceu nos primórdios da humanidade, mais especificamente no chamado
berço da civilização ocidental, entre a Mesopotâmia e Egito (Oriente Médio), mas
também oriundas de civilizações do Extremo Oriente, entre a China e o Japão.
De um modo geral, pode-se partir do conceito de que a habitação humana
visa atender a uma necessidade básica de abrigo e proteção para possibilitar
ações domésticas. Entretanto, ela apresenta particularidades de identidades
geográficas e culturais que acompanharam a humanidade desde a passagem da
pré-história, quando os ciclos nômades atravessaram fronteiras, até que os
hábitos sedentários se estabelecessem com o desenvolvimento da agricultura e
das primeiras organizações urbanas.
O caráter privado dos núcleos habitacionais marcou todo o
desenvolvimento da vida humana após o período neolítico e estabeleceu
também o desenvolvimento das cidades como base não apenas para a vida
2
social, política e religiosa, mas como fortalecimento de proteção, o que implantou
sistemas militares contra ataques entre povos e embates diversos.
Os modelos aqui apresentados servirão como base para pesquisas
relacionadas a questões históricas, conceituais e técnicas para se ter referências
práticas no desenvolvimento de cada projeto voltado para este tema.

TEMA 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIOPOLÍTICA E TECNOLÓGICA DOS


PERÍODOS ESTUDADOS

Recomendação: <https://youtu.be/mbPKLXh1e18>. Acesso em: 18 jan.


2023.

Após a última era glacial, todo o processo de adaptação à geografia


terrestre se fez a partir de condições muito semelhantes a que encontramos hoje.
Este contexto foi muito favorável ao desenvolvimento humano, pois estabelece
o fim do nomadismo e o início do sedentarismo – o que tornou determinante todo
o processo civilizatório.
A historiografia oficial da arquitetura da habitação convencional aponta
para as civilizações mesopotâmica (Médio Oriente) e egípcia (Oriente) como as
primeiras que criaram de estruturas autônomas para moradia para seus
habitantes. Todavia, as regiões asiáticas entre Índia, China, Indochina e o Japão
(Extremo Oriente) incluídas neste estudo desenvolveram modelos genuínos
cujas referências influenciaram a arquitetura mundial principalmente a partir da
Revolução Industrial, que marcou o início da era moderna até o pós-modernismo.
Assim, apresentaremos algumas tipologias básicas consideradas como
as mais remotas. Torna-se oportuno especificar que estas origens não se
perderam completamente no tempo tanto sob o aspecto patrimonial físico quanto
histórico-conceitual. Valorosamente tornaram-se bases sólidas para que a
prática arquitetônica as utilizasse como referência e acervo para sucessivas
correntes históricas (Recomendação: <https://youtu.be/tva-VHNz_jY>. Acesso
em: 18 jan. 2023.)

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Figura 1 – Primeiras casas feitas em adobe

Crédito: Natalia Baran shutterstock.

Figura 2 – Ilustração de uma cidade da antiga China

Crédito: shan/shutterstock.

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TIPOLOGIA TRADIÇÃO RECORTE CARACTERÍSTICAS VIDEO
REGIONAL TEMPORAL

LINK
1 Habitação sumeriana, século VI a.C. Espacialidade formada através de planta irregular sem colunas em torno
Mesopotâmica atualmente (Idade Antiga) de um pátio, um ou dois pavimentos sob paredes estruturais em argila
(Médio Oriente) ocupada pelo cozida (tijolos) com predominância de cheios sobre os vazios.
Iraque

LINK
2 Habitação egípcia Século XIV a. C. Espacialidade formada através de planta regular com colunas em torno
Egípcia (Oriente) saariana, (início da Idade de um pátio; Um ou dois pavimentos sob paredes estruturais em argila
atualmente Antiga); crua (adobe) com predominância de cheios sobre os vazios.
ocupada pelo
Egito

LINK
3 Habitação Hindu hindu século III a.C. Espacialidade formada através de planta circular ou retangular com
atualmente a galeria externa. As paredes estruturais eram executadas em tijolos cru
Índia ou cozido unidos por argila ou betume com poucas aberturas, sendo as
paredes complementares em bambu.

LINK
4 Habitação budista, 2.000 a.C. Espacialidade formada a partir dos “pagodes” (construção de origem
Chinesa chinesa e budista) e os “pai-lous” (pórticos ou trilíticos com duas peças verticais e
(Extremo indochinesa uma horizontal com as extremidades elevadas para cima). A planta
Oriente) originalmente circular tinha poucas janelas, porém com aberturas
superiores através de telhados superpostos de formato piramidal
estruturados em madeira e/ou bambu.

LINK
5 Habitação chinesa e Século XIV d.C. Espacialidade formada através de planta regular sem colunas e sem
Nipônica nipônica, (Fim da Idade pátio moduladas através do “tatami” e abertas para jardins; um ou dois
(Extremo atualmente Média); pavimentos sob paredes e painéis em madeira com predominância de
Oriente) ocupada pelo cheios sobre vazios.
arquipélago
japonês (atual Ainda dentro das tradições da Idade Antiga a civilização egeia veio
Japão); transformar completamente a vida cotidiana a partir do humanismo, cujo
o princípio era fundamentar o pensamento e as virtudes humanas como
base para toda a sociedade. Trata-se dos primeiros modelos
habitacionais e urbanos tal como conhecemos hoje.

LINK
6 Habitação Grega clássica Século VI e V a.C. Espacialidade formada através de planta regular em “U” ao redor de um
atualmente jardim integrando dois, três ou mais cômodos dispostos em um ou dois
ocupada pela pavimentos. As paredes eram construídas em pedra, madeira ou tijolos.
Grécia e
região
mediterrânea

Ínsula:
7 Habitação clássica Século V a.C a Tipologia habitacional baseada em três modelos básicos:
LINK
Romana greco-romana século I d.C.
ocupada 1. Ínsula (Insulae): habitação coletiva tradicional romana destinado para
atualmente pessoas menos abastadas. Sob risco de incêndios e desabamentos Domus:
pela Europa, chegava a ter nove pavimentos, cujo pavimento térreo era geralmente
parte do ocupado pelo comércio. Eram construídas em pedra ou tijolos. LINK 1
Oriente Médio
LINK 2
e norte da 2. Domus: habitação unifamiliar tradicional romana de um ou dois
África; pavimentos. Ocupavam lotes inteiros que compunham a quadra.
Internamente os cômodos se distribuíam ao redor de dois pátios Villa
rodeados por colunas (Peristilo e Impluvium). Eram construídas em
pedra ou tijolos Romana
LINK
3. Vila Romana: Eram moradias de campo para pessoas mais ricas, os
patrícios. Atendiam as demandas rurais da agricultura, mas também
serviam como locais de descanso. Eram construídas em pedra ou tijolos.

LINK
8 Habitação românica e século X ao século Espacialidade formada a partir de planta regular e/ou irregular conforme
Medieval gótica, XV a topografia das cidades (muradas) ou do campo. As tipologias de
ocupada habitação se baseavam em castelos, mosteiros e casas. Desta última, o
atualmente modelo mais comum eram as “casas cruck” estruturadas em madeira
pela Europa cujas paredes em pedra, tijolos ou tabique. O mobiliário permitia o
armazenamento e acomodação dos pertences domésticos. A cozinha e a
lareira ocupavam o centro dos espaços internos.

As moradias eram pequenas, com poucas janelas e no início do período


medieval não existia divisão de cômodos.

LINK
9 Habitação classicista século XV ao Espacialidade baseada em princípios da razão e do humanismo. Início
Renascentista ocupada século XIX da modernização do espaço residencial em sintonia com as qualidades
atualmente do espaço externo (campo e cidade). Casas, palácios e vilas ampliam as
pela Europa e categorias das respectivas classes sociais entre os menos abastados e a
demais nobreza. Utilização de estruturas mistas: armação de madeira e
localidades de revestimento em pedra e estuque.
abrangência
renascentista.

Fonte: Novak.

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Figura 3 – Ilustração esquemática de uma cidade Romana.

Crédito: klyaksun shutterstock.

Figura 4 – Impluvium – Domus - Pompéia

Crédito: NelliLangstedt/shutterstock

Ao considerar alguns dos diversos modelos da unidade habitacional ao


longo da história da humanidade até a modernidade e pós-modernidade, é
necessário avaliar em paralelo a enorme amplitude da evolução humana e
considerar todas as regiões e respectivos continentes. As tradições

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historiográficas europeias salientam algumas correntes evolutivas
essenciais para se compreender o processo civilizatório, porém é preciso
verificar fontes entre vários povos originários e sua influência na arquitetura para
que se compreenda a questão da habitação como um elo entre a humanidade,
seu contexto geográfico e todas as questões culturais que os formaram.
A habitação é o principal elemento estruturante não apenas da paisagem
urbana, mas também do território rural. Assim, a casa é fundamental como base
formal e funcional para quem a habita e também para quem percorre o espaço
público. Em suma, esta dualidade entre o espaço interno e o externo, entre a
planta e as fachadas, é que determina as necessidades mais elementares do
projeto de habitação e seus desdobramentos para o urbanismo.
Por fim, a casa é também o espaço de síntese entre o que pregam as
vanguardas estéticas contra as correntes conservadoras, uma vez que grande
parte dos desafios arquitetônicos se encontra junto a este tema.
Um estudo mais detalhado sobre a habitação parte de uma análise
dividida em categorias, tais como serão apresentadas a partir da habitação
unifamiliar, habitação coletiva e habitação regional. Por fim, analisaremos a
questão das possíveis relações entre a habitação e a cidade como uma reunião
da multiplicidade tipológica deste tema.

Figura 5 – Moradias em Milão

Créditos: Goncharovaia /shutterstock.


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Figura 6 – Vista aérea da favela no Rio de Janeiro

Crédito: Mihai_Andritoiu /shutterstock.

Figura 7 – Country house, Warwickshire (Inglaterra)

Crédito: David Hughes /shutterstock.

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Figura 8 – Residência unifamiliar

Crédito: Toms Svilans /shutterstock.

TEMA 2 – A HABITAÇÃO UNIFAMILIAR


“A casa é um espaço interior habitável, concebido no sentido mais amplo de
abrigo: o de refúgio.” – Frank Lloyd Wright (1869 – 1959).
Recomendação:
• <https://youtu.be/2AIPbJRP71E>;
• <https://youtu.be/g_-QAlEGbOo>;
• <https://youtu.be/hB5zcPkeado>; e
• <https://youtu.be/lTXxEI2UjUs>. Acessados em: 18 jan. 2023

A unidade habitacional, fortaleceu-se no processo civilizatório. A casa, a


vivenda ou morada constitui-se como o lugar que abrigo cuja cobertura, piso e
paredes asseguram proteção e sintonia com os rigores da natureza e também
com a própria sociedade humana.
Remete aos valores formais, funcionais e técnicos que qualificam e
categorizam os espaços de acordo bases relativas às funções sociais, de
repouso e serviços domésticos, além de agregar questões estéticas envolvendo
escala e proporção.

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A casa também dialoga com seu entorno social, regional, geográfico e
continental. Quando se insere na cidade dialoga com a malha urbana
estabelecendo noções de ordem, planejamento e fluxos coletivos.
O organismo espacial de uma casa fundamenta-se na relação existente
entre dois elementos básicos. São eles os Elementos Primários ou
Permanentes e os Elementos Secundários.

1. Elementos Primários ou Permanentes


• Espaços de Entrada - vestíbulo (hall), passagem do macro para o
microclima, recepção;
• Espaços Sociais - cômodos para a domesticidade coletiva, uso diurno
mais importantes incluindo salas, a copa e a biblioteca;
• Espaços Íntimos - quartos para descanso, privacidade e conforto.
Acessos mais restritos através de escadas e corredores;
• Espaços de Serviços - espaços de acesso à cozinha, garagem e demais
dependências de serviços, estúdios ou trabalho ocasional.
2. Elementos Secundários
• Varandas e sacadas, terraços e pátios, garagens, jardins internos ou
externos.

2.1 Casas Isoladas


Recomendação: <https://youtu.be/WAI7UnkdsPc>; e <https://youtu.be/B-
WOuherRGE>. Acesso em: 18 jan. 2023.
Por conceito, toda célula habitacional constitui-se como um conjunto
isolado de espaços destinados ao convívio de um ou um grupo de indivíduos que
compartilham determinadas funções sociais, de repouso, privacidade ou de
serviços. Em essência, toda casa é dotada de isolamento, mesmo que a
conjugação de fluxos e espaços coletivos possam ser compartilhados. No caso
das casas isoladas, o que se estabelece como base é que a implantação do
volume ocupa o lote ou sítio de forma a revelar as fachadas destacando as
paredes, muros ou demarcações físicas evidenciando uma propriedade privada.
O processo compositivo da arquitetura residencial envolve uma
metodologia que sintetiza o equilíbrio entre:

• espaços fechados e abertos (espaços privativos e contemplativos);


• fixos e fluídos (espaços de permanência e circulação);

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• individuais e sociais (espaços pessoais e de convívio); e
• isolados e contínuos (espaços estáticos e dinâmicos).

Além destas relações, há uma articulação tridimensional cujo significado


envolve questões simbólicas e sociais que se evoluíram de acordo com
necessidades compositivas sobretudo a partir do modernismo.

2.2 Casas Geminadas


Recomendação: <https://youtu.be/kIsy8S0RSPw>. Acesso em: 18 jan.
2023.
Por economia e otimização de espaços urbanos ou regionais específicos,
um ou mais lotes podem ser fracionados criando uma justaposição de moradias
reproduzidas igual ou com semelhanças formais entre si formando um conjunto
de unidades habitacionais separadas por paredes comuns e/ou elementos de
barreira física que subdividam o local de modo que se preserve a uniformidade
do todo em relação as partes fracionadas. A esta tipologia de construção dá-se
o nome de “casas geminadas” ou “casas em banda”.

TEMA 3 – A HABITAÇÃO COLETIVA OU MISTA

Recomendação: <https://youtu.be/Q-aYpHNgFgw>. Acesso em: 18 jan.


2023.
As “Insulae” romanas são os modelos mais antigos destas unidades
independentes de moradias agregadas a espaços comuns de circulações
compartilhadas. Estabeleceram-se para servir a uma demanda populacional
menos abastada frente ao crescimento urbano de Roma que chegou aos milhões
de habitantes. Assim, ao longo da história da civilização cada vez que se amplia
a malha urbana de acordo com o crescimento populacional, surge a necessidade
da compactação e verticalização dos espaços de moradia. Da mesma forma,
ampliam-se as demandas para espaços de uso misto, ou seja, insere-se neste
conjunto diversos tipos de funções além daquelas destinadas ao uso
habitacional, tais como comércio, lazer e serviços de apoio. Neste contexto,

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analisaremos algumas tipologias modernas de acordo com as necessidades
mais comuns da atualidade.

3.1 Apartamento

Recomendação: <https://youtu.be/VRTCz9xV8z8>. Acesso em: 18 jan.


2023.
O termo vem do francês “aparter” que significa “separado”. A aplicação
deste termo junto ao espaço arquitetônico apresentou diversas ramificações ao
longo da história, mas seu conceito é comum ao que se refere à organização de
espaços para moradia que concentram diversas unidades sobre uma mesma
estrutura vertical que organiza e compartilha a circulação e alguns espaços
comuns, de modo que cada célula se mantenha isolada no todo.
Com o advento do iluminismo a partir da Revolução Francesa, e mais
especificamente a Revolução Industrial, na Inglaterra, as cidades sofreram
demandas de um vertiginoso aumento da população o que obrigaram os
urbanistas e arquitetos a encontrarem soluções tanto para a otimização do
espaço, técnicas e a mobilidade urbana quanto alternativas econômicas para a
população menos abastada.
As origens do apartamento como solução habitacional remonta de muitos
séculos desde a antiguidade, mas somente a partir do Iluminismo, com o advento
de políticas sociais e sistemas liberais, é que este método de ocupação passou
a ser amplamente utilizado.
Com a segunda guerra mundial, novas soluções foram criadas para esta
tipologia por meio das demandas causadas pela necessidade de reconstrução
das cidades europeias. Assim, um novo conceito formal e tecnológico foi
empregado nos edifícios de apartamento.
Hoje, existem inúmeras formas e tecnologias para o apartamento, mas a
sua essência se mantém preservada como uma base de articulação eficiente
entre o desenho urbano e uma população cada vez mais carente de novas
estruturas físicas e sociais.

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3.2 Kitinet e Studio

Recomendação: <https://youtu.be/h3WxsaXCfjU>; e
<https://youtu.be/daL7TkzyW7k>. Acesso em: 18 jan. 2023.
Em relação aos apartamentos, as kitnets possuem uma área menor, de
até 50 metros quadrados. Além disso, o pé-direito tem uma altura convencional,
o que impacta diretamente no visual do ambiente. Nas kitnets, quarto, sala e
cozinha são integrados, mas por uma razão de praticidade e do próprio conceito
de morar. Ao integrar os cômodos, cria um ambiente multifuncional perfeito para
quem mora sozinho.
O studio tem um espaço ainda menor que as kitnets, com uma área de
mais ou menos 30 metros quadrados. Apesar dos cômodos serem geralmente
conjugados, alguns podem ter paredes ou divisórias para conferir privacidade ao
morador. A localização e a infraestrutura são os maiores diferenciais dos studios,
isso porque eles se localizam geralmente em pontos estratégicos das grandes
cidades, onde a locomoção é facilitada, em regiões de comércio e opções de
lazer. Os edifícios que abrigam os studios geralmente oferecem lavanderia,
piscina, salão de jogos, academia e coworking entre outros espaços de
socialização para os moradores. Por isso, acabam sendo imóveis perfeitos para
quem passa pouco tempo em casa e precisa de praticidade.
Recomendação: <https://youtu.be/iEpseweUoiU>; e
<https://youtu.be/Awr6PZTjhgE>. Acesso em: 18 jan. 2023.

3.3 Penthouse e Cobertura

Recomendação: <https://youtu.be/idJthveed1M>. Acesso em: 18 jan.


2023.

As penthouses são apartamentos de luxo localizados em andares


superiores ou nas coberturas de edifícios. Apresentam também espaços para
convívio ao ar livre. Este é um conceito que veio dos Estados Unidos na década
de 20, quando os arquitetos decidiram explorar mais essas áreas de cobertura
dos edifícios mais altos. Assim, a primeira referência de uma penthouse
encontra-se Hotel Plaza, em Nova York. Seu sucesso foi tamanho que o modelo
é reproduzido pelo mundo todo até hoje. O seu grande destaque é a união do
conforto de uma casa com a segurança de um condomínio. Preferida por
pessoas de alto poder aquisitivo que amam áreas sociais, confraternizações e

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querem uma parte mais privativa para suas festas, além de contar com uma vista
panorâmica.

Figura 9 – Imagem de um dos cômodos da penthouse

Crédito: ikolaj Niemczewski /shutterstock.

Figura 10 – Imagem de uma kitnet

Crédito: REATIVE WONDER /shutterstock.

Algumas particularidades definem as penthouses, entre elas o pé direito


elevado e a presença de um grande terraço com vista.

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A diferença entre uma penthouse e um apartamento de cobertura é que a
penthouse está completamente acima da última laje do edifício. Já a cobertura
pode ficar no último andar, mas abaixo na última laje, tendo somente o andar
superior no ático do prédio. Além disso, uma penthouse típica tem acesso
independente e projeto diferente dos demais apartamentos do prédio em
questão (<https://youtu.be/5aFLJjF8PXM>. Acesso em: 18 jan. 2023).

3.4 Loft

Recomendação: <https://youtu.be/emjCzUOJ0Pc>; e
<https://youtu.be/G5dbSN09OHA>. Acesso em: 18 jan. 2023.
Por meio da necessidade de novos programas para viver e morar em
áreas urbanas, cada vez mais adensadas nasceu durante os anos 80 o “loft”
como um novo conceito de habitação. Neste caso com um fator novo: a
apropriação de áreas industriais degradadas que foram requalificadas para
áreas de moradia, trabalho e lazer.
Nova York nos anos 70 era uma metrópole caótica e desordenada onde
o SoHo (bairro localizado entre a Canal Street e Houston Street) apresentava-se
como uma localidade repleta de galpões, fábricas e espaços residuais oriundos
do século XIX e início do século XX, que se mantinham vazios e abandonados.
Desde então, artistas contemporâneos que ocuparam estas áreas reverteram
seus respectivos espaços em um novo conceito de habitação implementando
modos de vida de uma maneira definitiva, convertendo estas áreas em um
valioso conjunto de moradias, escritórios, lojas, bares e áreas de lazer trazendo
para este patrimônio industrial uma das regiões mais valorizadas do mundo.

Figura 11 e 12 – Vistas externas e internas de um loft em Nova York

Créditos: Berni0004 /shutterstock: ImageFlow /shutterstock.

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3.5 Condomínio Fechado

Recomendação: <https://youtu.be/m15gA-88Rbs>; e
<https://youtu.be/h7X2tJUnncw>. Acesso em: 18 jan. 2023.
A sucessiva ocupação das cidades e seus centros urbanos contribuiu
para a racionalização do uso do solo e o favorecimento da mobilidade urbana
entre alguns dos benefícios. Ocorreram também muitas consequências
negativas para o bem-estar da sua população, incluindo falta de segurança e um
contato rarefeito com a natureza.
Com o propósito de amenizar o impacto negativo das cidades e seus
centros urbanos, os Condomínios Fechados se estabeleceram como uma
alternativa para o resgate da casa isolada dentro de um conjunto de outras casas
e seus respectivos lotes. A condição para esta nova tipologia, entretanto,
procurou assegurar a implantação de muros, sistemas de vigilância e
monitoramento constante para que seus moradores pudessem permanecer
seguros em suas casas sem que estivessem completamente desconectados das
vantagens e benefícios de se viver junto às cidades.
Por estas razões, aqueles que optam por esta tipologia se qualificam
dentro de uma classe mais favorecida em função da escala de valores
necessários para a manutenção deste modo de vida que é necessariamente
mais oneroso para cada habitante além da necessidade de uma infraestrutura
mais ampla para atender esta população.

TEMA 4 – A HABITAÇÃO REGIONAL

No debate da arquitetura, muitas discussões se mantem em torno da


influência do meio onde o edifício se insere tanto sobre suas qualidades
climáticas, paisagísticas e visuais quanto pelos meios de superação de
possíveis fatores indesejados destes locais.
Neste contexto, está inserida a habitação regional que pode servir como
moradia permanente ou, na maioria dos casos, como uma casa para períodos
específicos, férias ou finais de semana.

4.1 Casa de Campo

Recomendação: <https://youtu.be/Q9JpkkloVhE> e
<https://youtu.be/ur-N5w4xtLm>. Acesso em: 18 jan. 2023.

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As grandes cidades tornaram-se lugares vulneráveis e muitas vezes
perigosos. Diante desta questão, o êxodo urbano, ou seja, o deslocamento da
cidade para o campo, levantou grandes questões relativas a esse movimento.

Figura 13 – Casa de campo (Escandinávia)

Crédito: rybarmarekk /shutterstock.

A ideia de morar em zonas rurais ou mais isoladas, que eram vistas


apenas como uma alternativa de usufruir das férias e descanso, entrará na
pauta arquitetônica com maior ímpeto devido a questões que nos últimos
tempos tornaram-se urgentes para a sociedade, como é o caso da última
pandemia. Além disso, o trabalho remoto também validou essa busca pela
autonomia e subsistência das moradias de campo.
O desafio é pensar no impacto destas obras sobre o ambiente natural,
de modo que a arquitetura possa fazer um diálogo entre a obra e o que será
construído, permitindo que além do estado contemplativo que o campo oferece
possa se estabelecer inovações sustentáveis para a construção.

4.2 Casa de Praia

Recomendação: <https://youtu.be/yAUchBNQdk0>. Acesso em: 18 jan.


2023.

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Figura 14 – Casa de praia

Crédito: Eak021 /shutterstock.

As regiões litorâneas, urbanizadas ou não, geram possibilidades


específicas de refúgio. Deste modo, as casas de praia desafiam o interesse
dos arquitetos, pois evocam reflexões aos projetos domésticos e seu entorno
estabelecido pelo mar. O mar neste caso específico revela-se como foco para
possíveis visuais da obra, elevando assim as potencialidades e qualidades das
aberturas. Ampliam-se também as investigações arquitetônica para soluções
tecnológicas em sintonia com a topografia, a insolação e a ventilação de
acordo com os interesses essenciais de quem opta por se estabelecer junto
as potencialidades do litoral.

TEMA 5 – A HABITAÇÃO E A CIDADE

Recomendação: <https://youtu.be/LblUsEiSLd4>. Acesso em: 18 jan.


2023.
A vida em sociedade validou ao longo da história da humanidade todas
as inclusões urbanas. Desde a Pré-história até os dias de hoje, o conceito de
habitação decorre da simples função de abrigo à legitimação da vida social.
Cada núcleo habitacional oferece status e posição social e, deste modo, é
comum associarmos a localidade ou bairro ao tipo de moradia que possuímos.
Assim temos, ora na moradia ora na cidade, três funções básicas:

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• A econômica – relacionada à geração de trabalho e renda;
• A social – desenvolvida pelo convívio entre a sociedade partindo do
núcleo familiar; e
• A ambiental – fortalecida por meios de habitabilidade a partir dos
recursos naturais.
O grande desafio que estabelece a questão da moradia e a cidade é
levar estas funções à toda população mesmo que a cidade seja fracionada em
classes sociais bem distintas.

Figura 15 – Habitação e cidade

Crédito: Olesia Bilkei /shutterstock.

TROCANDO IDEIAS
Analisamos algumas questões que englobam a casa para envolver o
projeto da habitação como base para uma compreensão mais ampla na sua
aplicação prática. O projeto de uma casa envolve um processo compositivo
que utiliza de uma metodologia que utiliza as tensões espaciais, as quais
envolvem o equilíbrio entre espaços conforme foi exemplificado acima. Estas
tensões podem ser compostas de métodos que direcionam os espaços para:

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• Interior - Processo centrípedo; (ênfase nos elementos do núcleo do
espaço); e
• Exterior - Processo centrífugo. (ênfase nos elementos periféricos do
espaço).

Há ainda esquemas de relações espaciais sendo elas:

• Relações Fechadas – caracterizam os espaços resolvidos através de


paredes e portas, produzindo a privacidade dos cômodos;
• Relações Abertas – correspondem a ausência de limites conferindo
liberdade de comunicação permitindo interações em todos os níveis
possíveis;
• Relações Estáticas – adoção da composição simétrica materializada
através de aberturas frontais dispostas sobre eixos biaxiais (casas
classicistas do renascimento); e
• Relações Dinâmicas – originam-se da tensão espacial entre áreas
principais e periféricas relativizando a hierarquia que integra o conjunto.
Sucessão de fluxos e barreiras em constante tensão.

NA PRÁTICA

Dedicamos o nosso estudo à habitação e suas tipologias históricas e


contemporâneas. Como prática, vamos realizar uma resenha crítica que
estabeleça essas tipologias estudadas como base. Os temas a serem abordados
serão os seguintes:

• Casas isoladas;
• Kitnet e Studio;
• Loft;
• Casa de campo; e
• Casa de praia.

FINALIZANDO

A habitação contemporânea envolve um grande conjunto de modelos e


referências ligado a um vasto passado. São exemplares que fazem parte não
apenas da história universal, mas de um patrimônio latente destinado a fontes

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de pesquisa e aplicações constantes. Dentro de um mundo globalizado na era
pós-industrial, este acervo está associado a experiências tanto na utilização do
espaço como um todo quanto na manipulação de técnicas e materiais adquiridas
ao longo de toda a existência humana, suas diversas culturas espalhadas por
inúmeras regiões geograficamente moldadas sob solos, climas condições
completamente diversas entre si. Neste âmbito, estão envolvidos ainda as
particularidades econômicas, sociais, políticas e religiosas que tornam o
conjunto de experiências um gigantesco acervo.
O papel da arquitetura e do urbanismo assim torna-se determinante na
composição de formas, funções e suas infinitas combinações entre demandas
que partem tanto das necessidades de um cliente quanto as possibilidades
coletivas.
Projetar e construir uma casa determina não apenas as condições
específicas de um indivíduo ou uma família, mas contribui no destino de toda
sociedade seja ela associada a vida urbana ou rural.

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REFERÊNCIAS

CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins


Fontes, 1999.
CORNOLDI, A. La arquitectura de la vivenda unifamiliar. Barcelona: Gustavo
Gili, 1999
ROTH, LELAND M. Entender a Arquitetura, Seus elementos, história e
significado, São Paulo: Gustavo Gili, 2017.
NUTTGENS, PATRICK. A história da arquitetura, Rio de Janeiro: LTC, 2015.

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