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TECNOLOGIAS AMBIENTAIS EM

EDIFÍCIOS E CIDADES
AULA 3

Prof.ª Wívian P. P. Diniz


CONVERSA INICIAL
Vamos tentar sacudir um pouco tudo que aprendemos e nos condicionamos a utilizar, para ver
se conseguimos atirar longe conceitos de construção, soluções e espaços inadequados,
substituindo-os com criatividade, segurança e coragem por outros adequados a nossa região
para benefício das pessoas que aqui vivem e moram nas casas que aqui fazem.

Arq. Severiano Porto

Esta etapa é a última acerca do assunto conforto térmico. Apresentamos aqui a ferramenta do
diagrama solar e o diagrama bioclimático de Givoni, que são fundamentais para o projeto bioclimático.

O diagrama de Givoni possibilita que você identifique as estratégias bioclimáticas indicadas para um

determinado local, enquanto o diagrama solar permite que você compreenda a movimentação do sol

no céu ao longo do ano, como também possibilita a projetação de aberturas corretamente posicionadas

e dos elementos de sombreamento, conhecido como quebra-sol ou brise-soleil.

O segundo assunto é a ventilação natural em edificações, estratégia bioclimática que resolve

muito do desconforto por calor em climas predominantemente quentes e úmidos e, para finalizar,

entenderemos os fundamentos para o uso dos sistemas mecânicos complementares para climatização
ativa do ar.

Saiba mais

Para conhecer a obra do arquiteto Severiano Porto, acesse a dissertação de mestrado de Lins

(2019) no link a seguir:

LINS, G. B. O etnoconhecimento e a arquitetura de Severiano Porto. Dissertação

(Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus

(AM), 2019. Disponível em: <https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7552>. Acesso em: 6 fev. 2023.


CONTEXTUALIZANDO

O diagrama ou carta solar permite que identifiquemos as coordenadas do sol na abóboda celeste

em um determinado dia e horário no ano. Somente com o conhecimento das posições solares é que

podemos dimensionar, de forma exata, elementos arquitetônicos para sombrear ou permitir a entrada

da luz do sol nas edificações, conforme intencionamos. Se precisarmos identificar onde colocar a

piscina no lote, essa ferramenta possibilita que simulemos o sombreamento do entorno e da própria

edificação, evitando assim que a piscina seja colocada em local sombreado.

A ventilação natural, como já dito, é indicada recorrentemente como a estratégia bioclimática mais

eficiente para a obtenção de conforto térmico nos espaços urbanos e arquitetônicos. Um aspecto muito

importante relacionado à ventilação é o seu o alcance social, haja vista que não necessita consumir

energia e cabe somente ao profissional que projeta a edificação promovê-la no ambiente construído e

orientar o usuário de como gerenciar seu uso adequadamente.

Em casos em que as estratégias passivas para o conforto térmico não são suficientes, cabe a

utilização de sistemas mecânicos complementares, de modo a promover as condições de conforto

artificialmente.

TEMA 1 – DIAGRAMA SOLAR

O diagrama solar (ou carta solar) nos permite atuar com a geometria do movimento do sol

relacionada à atividade projetual, de modo a adequar a insolação às demandas bioclimáticas para o

conforto térmico e lumínico. Dessa forma, podemos gerenciar elementos para sombreamento da

edificação (beirais, brises e varandas), bem como a distribuição das aberturas nas fachadas.

Por uso dessa ferramenta podemos inferir, para os elementos sombreantes, exatamente os

momentos em que devem promover sombra e quando precisam deixar a insolação incidir nas

aberturas para viabilizar o aquecimento solar passivo.

Para auxílio efetivo ao projeto, o diagrama solar possibilita sabermos exatamente onde está

posicionado o Sol em um período desejado, ou seja, é possível conhecer a direção e a angulação dos

raios solares, à medida que o sol se movimenta ao longo do ano. Para entendermos como identificamos
a posição solar, observe as Figuras 1 e 2.
Figura 1 – Esquema de uma trajetória solar genérica, demonstrando as coordenadas solares azimute (a)

e altura solar (α)

Crédito: Diniz.

A posição tridimensional do sol pode ser reproduzida no projeto em função da sua altura solar (α)

e do seu azimute (a). Para identificarmos o azimute solar (a), marcamos os pontos cardeais sobre um

plano horizontal e a projeção da posição solar sobre esse mesmo plano e então traçamos um ângulo

desde o eixo norte até essa projeção. O ângulo que a projeção horizontal (azimute) forma com o Sol no

plano vertical é a altura solar (α).

Figura 2 – Esquema de uma trajetória solar genérica, demonstrando o zênite e o meio-dia solar (que

não necessariamente corresponde ao meio-dia horário, e sim o meio das trajetórias

Fonte: Lamberts; Dutra; Pereira, 2014, p. 120.

Figura 3 – Diagrama solar da cidade de Belém, PA, em perspectiva


Fonte: Andrew Marsh, [S.d.].

Figura 4 – Diagrama solar da cidade de Belém, PA, no plano horizontal

Fonte: Andrew Marsh, [S.d.].

Para cada latitude temos um diagrama solar específico devido às variações nos ângulos solares

causadas pela diferença de latitude. Assim, para cada local, cada dia específico e cada hora do dia

identificamos uma única posição solar e um único valor de radiação térmica. Por enquanto é o que você

precisa assimilar a respeito dos diagramas solares: quais os fundamentos dessa ferramenta e seus

elementos. Acerca dos elementos sombreantes (brises, beirais e marquises) e das aberturas nas

edificações, trataremos quando falaremos sobre conforto lumínico.


Nas Figuras 5 e 6 apresentamos as trajetórias para a cidade de Curitiba, PR, no mesmo dia do ano

e no mesmo horário dos diagramas para Belém, PA. Observe as diferenças, principalmente em relação

às sombras geradas e às trajetórias solares de inverno e verão.

Figura 5 – Diagrama solar da cidade de Curitiba, PR, em perspectiva

Fonte: Andrew Marsh, [S.d.].

Um aspecto evidente é a diferença entre as trajetórias de verão e inverno nas duas cidades. Em
Belém, temos trajetórias praticamente iguais no verão e no inverno. Se comparamos com o clima local,

entenderemos que lá o verão e o inverno são praticamente iguais em relação à variação de


temperaturas.

Já em Curitiba, PR, a trajetória de inverno é bem mais curta em relação à trajetória de verão.

Percebam que no solstício de inverno o sol nasce às 7h e se põe às 17h30, enquanto no solstício de
verão o sol nasce às 5h23 e se põe às 19h07. Será que isso tem relação com os invernos frios e os

verões quentes? Ocorre uma maior radiação solar no verão e bem menos no inverno?

Percebam que no verão de Curitiba o sol está incidindo bem perto do zênite (ver Figura 6),

enquanto no inverno está afastado. Esse aspecto estabelece uma inclinação solar maior no inverno,
produzindo sombras bem mais longas nessa estação em relação ao verão. Inclinação maior do sol,
menor a energia térmica na radiação solar, mais frio.
Figura 6 – Diagrama solar da cidade de Curitiba, PR, no plano horizontal

Fonte: Andrew Marsh, [S.d.].

São milhares de experimentações possíveis e essa ferramenta possibilita estudar as sombras da


sua edificação sobre ela mesma e sobre o entorno, bem como do entorno em relação à sua edificação.

Basta modelar sua edificação e importar no sunpath3d em arquivo *.obj; *.stl e *.ply. Agora você precisa
treinar bastante o uso da ferramenta sunpath3d, experimentando a carta solar de várias cidades e da

sua cidade variando os dias do ano e os horários. Essa ferramenta é muito completa e permite inclusive
animar a trajetória solar.

Saiba mais

Leia o capítulo 4, p. 111 a 127 do livro a seguir:

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. Rio de
Janeiro, 2014. Disponível em: <https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energet

ica_na_arquitetura.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2023.

TEMA 2 – FUNDAMENTOS DA VENTILAÇÃO NATURAL


A ventilação natural constitui o uso intencional de fluxo de ar, proveniente do ambiente exterior

para o interior da edificação por meio das aberturas (Ashrae, 2003), produzida por dois mecanismos:

sistemas mecânicos como ventiladores e exaustores, chamada ventilação forçada; e


sistemas naturais com o uso dos ventos, chamada ventilação natural.

Abordaremos a ventilação natural, produzida pela diferença de pressão estática no ambiente,


sempre com a presença de uma abertura para escoamento do fluxo de ar. Ela ocorre por dois

mecanismos.

Ventilação por efeito chaminé – Ocorre pela diferença de altura entre as aberturas de entrada e
saída do ar e pela diferença de densidades da temperatura, entre o ambiente interno e o ambiente

externo. Na medida em que o ar frio é mais denso, ele é mais pesado em relação ao ar quente
(menos denso e mais leve). Esse gradiente gera a movimentação natural do ar.

Ventilação devido a ação dos ventos – Ocorre em função das pressões dinâmicas produzidas pelo
vento ao atingir as edificações.

Saiba mais

A pressão dinâmica é a pressão produzida pela força da velocidade do vento e está associada

com a energia cinética do movimento da corrente de ar. Algumas vezes é chamada pressão de
estagnação nos pontos onde a velocidade é levada a zero e a energia cinética é transformada em

pressão.

A ventilação natural atende a três finalidades.

Manter a qualidade do ar nos ambientes internos, obtida por meio da renovação adequada do ar

nos ambientes, de modo a remover as impurezas eventualmente existentes (odores, fumaça) e a


manter os níveis adequados de UR e oxigênio.

Remover a carga térmica adquirida pela edificação em decorrência dos ganhos de calor externos
e internos. Visa resfriar a edificação por meio da retirada da carga térmica absorvida pela

cobertura e paredes externas e retirar os ganhos térmicos produzidos no interior da edificação


devido à presença dos usuários, equipamentos, iluminação artificial etc.

Promover o resfriamento fisiológico dos usuários. Refere-se ao efeito refrescante provocado pela
evaporação do suor da pele e pelas trocas de calor por convecção, que ocorrem quando o fluxo de
ar entra em contato com o corpo humano. Nos períodos de inverno, a ventilação pode ser
indesejável. Por isso, devem-se prever formas de controle nas aberturas para ventilação em locais

onde essa condição possa ocorrer.

2.1 VELOCIDADE DO AR E CONFORTO

Ao se analisar o conforto térmico em construções bem ventiladas, pode-se considerar que a


temperatura do ar não é o único parâmetro determinante do conforto, na medida em que o movimento

do ar reduz a temperatura efetiva pela evaporação do suor da pele e pelas trocas convectivas entre a
corrente de ar e o corpo humano.

Saiba mais

Yaglou (1923-1927), com a finalidade de apreciar o conforto térmico (bem-estar), definiu


temperatura efetiva como a temperatura de ar com velocidade de ventilação considerada calma e

UR em 100% e que produza uma sensação imediata de conforto. Proporcionar conforto térmico no
ambiente de trabalho é uma obrigação para o empregador, conforme consta nos artigos da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com o art. 176, os locais de trabalho devem ter
ventilação natural compatível com o serviço realizado ou, caso não seja possível, torna-se
necessária a ventilação artificial (Brasil, 1943). Segundo a NR17, do Ministério do Trabalho, a

temperatura de um ambiente de trabalho onde são executadas atividades intelectuais (laboratórios,


escritórios, sala de desenvolvimento e projetos, salas de aula) deve variar entre 20 e 23 °C, com UR

inferior a 40%. A norma ISO 9241 estabelece que o ideal é manter a temperatura entre 20 e 24 °C
graus no verão e 23 e 26 °C no inverno, com UR entre 40% e 80%.

Para compreender como funciona a análise da temperatura efetiva na ergonomia, assista ao


vídeo da Debora Dengo no canal do Youtube:

ANÁLISE da temperatura efetiva na ergonomia – Aula #025. Débora Dengo – Tudo sobre

Ergonomia, 2022. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aZcXnt63G7U>. Acesso


em: 6 fev. 2023.

Desse modo, o limite máximo de temperatura do ar para a zona de conforto inicialmente em

condições sem vento pode ser estendido em função da existência de ventos no ambiente. Ou seja, em
condições sem vento, a temperatura limite para conforto em climas tropicais é de 29 °C, enquanto que

em condições com velocidades do ar aceitáveis (entre 0,5 e 2,5 m/s), essa tolerância pode se elevar para
temperaturas do ar até 31, 32 °C. Acima de 33 °C a velocidade do ar não afeta de forma significativa a
sensação térmica no ser humano (Givoni, 1994) porque a proximidade entre a temperatura do ar e da

temperatura corporal – entre 36,1 e 37,2 °C – reduz consideravelmente a eficiência das trocas térmicas
para resfriamento entre o corpo humano e o ar.

A velocidade máxima do ar considerada aceitável pode variar entre 0,5 e 2,5 m/s, sendo que o
limite máximo tem relação com aspectos práticos como papéis voando das mesas em ambientes de

trabalho. No entanto, em climas quentes e úmidos, a condição de conforto devido ao refrescamento


provocado por uma velocidade do ar maior deve compensar essas desvantagens em muitas situações.

Nessas regiões, a ventilação é um fator fundamental na determinação do conforto humano e, portanto,


velocidades do ar acima de 2,5 m/s são bem aceitas (Givoni, 1994).

Em climas frios e temperados, um fluxo de ar constante e com velocidades em torno dos 2,5 m/s

pode, de fato, causar muito desconforto. Na medida em que os seres humanos não estão adaptados
fisiologicamente para ter um fluxo de ar frio e contínuo em contato com a sua pele (Fanger, 1970), o

desconforto é iminente e pode inclusive colocar a saúde das pessoas em risco devido à perda excessiva
de energia térmica para o ambiente.

2.2 VELOCIDADE LOCAL DO VENTO

As estações meteorológicas também fornecem os dados relacionados aos ventos, como a direção,

a velocidade e a frequência predominante para uma determinada localidade. A ferramenta indicada


para auxiliar a leitura desses dados é chamada Rosa dos Ventos e, como exemplo, analisemos o gráfico

para a cidade de Curitiba, PR, fornecido na Plataforma Projeteee e apresentado na Figura 7:

Figura 7 – Rosa dos Ventos para a cidade de Curitiba, PR


Fonte: Projeteee, [S.d.].

Podemos identificar que a orientação leste é a frequência predominante dos ventos, tanto na faixa

de velocidade entre 0-2 m/s quanto na faixa 2-4 m/s. Isso significa que, se queremos captar ventos para
nossa edificação, devemos posicionar as aberturas para leste. É nessa direção que teremos a maior

pressão (ou pressão positiva) para impulsionar a movimentação dos fluxos de ar. Para que o ar circule

naturalmente, precisamos ter aberturas para captação como também as saídas do ar em oposição,

evitando assim estagnação do fluxo.

As medições nas estações meteorológicas são padronizadas para serem realizadas na altura de
10m acima do solo. Portanto, caso a captação do ar nos nossos projetos esteja abaixo ou acima dessa

cota, precisaremos corrigir o valor da velocidade do vento, como também incluir o efeito produzido

pelas diferentes características do entorno da edificação. Para saber o que é a ferramenta Rosa dos

Ventos, devem-se realizar os cálculos de ventilação e ver exemplos práticos. Para isso, acesse a leitura 8,
especificamente entre as p. 174 a 181.

Saiba mais
Leia o capítulo 6, p. 173 a 192, do livro a seguir para conhecer mais sobre ventilação natural e

para saber o que é a ferramenta Rosa dos Ventos, devem-se realizar os cálculos de ventilação e ver

exemplos práticos. Para isso, acesse a leitura 8, especificamente entre as p. 174 a 181 do mesmo

livro:

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na arquitetura. 3.ed. Rio de
Janeiro, 2014. Disponível em: <https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energet

ica_na_arquitetura.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2022. Leia no capítulo 6, p. 173 a 192.

TEMA 3 – COMPONENTES ARQUITETÔNICOS E VENTILAÇÃO


NATURAL

Abordaremos soluções projetuais passivas e reconhecidas na arquitetura bioclimática como

promotores da ventilação natural em edificações. Muitos são originários da arquitetura vernacular e

devem ser considerados e incluídos no processo projetual desde as etapas iniciais, como na definição

da implantação de forma a posicionar corretamente as aberturas em relação a incidência predominante


dos ventos no local. Assim, é possível assegurar a captação dos ventos conforme desejado.

3.1 CAPTADORES DE VENTO

Exemplo de arquitetura vernacular do Oriente Médio, eles são utilizados há vários séculos em

regiões com clima quente e seco, característicos dessa região. São elementos arquitetônicos
constituídos por torres verticais com aberturas na sua parte superior e inferior. Acesse o artigo abaixo

para ver imagens com exemplos desse elemento, bem como sua descrição.

Saiba mais

Este artigo contém imagens com exemplos de captadores de vento, bem como sua descrição.

STOUHI, D. Ventilação natural e seu uso em diferentes contextos [Back to Basics: Natural

Ventilation and its Use in Different Contexts] ArchDaily Brasil, 20 Jul 2021. (Trad. Rafaella Bisineli).
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/964055/ventilacao-natural-e-seu-uso-em-difere

ntes-contextos>. Acesso em: 6 fev. 2023.


Esses elementos captam os ventos em uma determinada altura onde existe menos partículas no ar,
a temperatura do ar é mais baixa e a velocidade do ar é mais acentuada, facilitando o redirecionamento

do fluxo de vento para os ambientes internos, incrementando assim a movimentação de ar nesses

locais.

As torres funcionam como filtros para reduzir a quantidade de partículas em suspensão no ar

externo e para resfriar o ar que está sendo inserido na edificação, por meio de recipientes com água e
tecidos umidificados, resfriamento evaporativo, uma estratégia bioclimática para reduzir a temperatura

de um ambiente.

Saiba mais

Acesse o link a seguir e escute o podcast indicado para conhecer um pouco mais a respeito

das torres de vento.

A ENGENHOSA SOLUÇÃO dos antigos persas para “capturar o vento” e se refrescar no calor
escaldante. BBC News Brasil, 2022. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xFBPuhD

aNos>. Acesso em: 6 fev. 2023.

3.2 ABERTURAS TIPO SHED

Localizadas na cobertura da edificação, as aberturas tipo shed são uma solução projetual bastante

utilizada pelo arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima, o Lelé, nos seus projetos de hospitais para a

Rede Sarah Kubitschek.

Saiba mais

JOÃO FILGUEIRAS Lima – Sistema de ventilação Hospital Sarah Kubitschek. Matheus Pereira,

2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I2Lts-kTJiI>. Acesso em: 6 fev. 2023.

VÍDEO-ANIMAÇÃO sobre a construção do Hospital Sarah Rio - Arq. Lelé. André Wissenbach,

2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BTSQ_k7r0cw>. Acesso em: 6 fev.

2023.
Esses elementos projetuais podem funcionar como captadores ou extratores de ar, dependendo de

sua localização em relação à direção dos ventos dominantes. O aumento da velocidade interna do vento
é mais potencializado quando o shed funcionava como extrator de ar do que como captador de vento.

3.3 PÁTIOS

Os pátios são amplamente utilizados nas soluções projetuais vernaculares, funcionando como

espaços abertos internos para proteção contra velocidades de vento excessivas. Quando associados a
fontes de água, umidificam e reduzem a temperatura do ar, promovendo condições mais confortáveis,

principalmente em climas quentes e secos ou em períodos em que temos essas condições

estabelecidas.

Em climas quentes e úmidos, os pátios são utilizados em associação com a vegetação. Desse modo,

promovem condições de conforto a partir da redução da radiação solar do ambiente por meio da
captação de energia térmica pelas plantas para realizarem a fotossíntese, além do sombreamento que

disponibilizam. Ambas as estratégias reduzem a temperatura efetiva do ar.

3.4 PEITORIL VENTILADO

O peitoril ventilado foi criado pelo arquiteto Augusto Reinaldo e foi descrito por Holanda (1976)

em sua dissertação de mestrado, como um recurso arquitetônico para a ventilação de ambientes em


climas tropicais. Embora sejam vantajosos na utilização, são pouco conhecidos e pouco utilizados por

arquitetas e arquitetos brasileiros.

Saiba mais

EQUIPE ARCHDAILY BRASIL. Roteiro para construir no Nordeste. ArchDaily Brasil, 19 set

2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/967782/roteiro-para-construir-no-nordest


e>. Acesso em: 6 fev. 2023.

HOLANDA, A. Roteiro para construir no Nordeste: arquitetura como lugar ameno nos

trópicos ensolarados. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Universidade Federal

de Pernambuco, Recife, 1976, Disponível em: <https://www.academia.edu/15452693/Roteiro_para

_construir_no_nordeste>. Acesso em: 6 fev. 2023.


Conforme pode ser visto na Figura 8, esse recurso para ventilação de ambientes normalmente é

executado em formato de L invertido, sobreposto a uma abertura localizada abaixo do peitoril inferior

da janela. Pode promover o movimento de ar de forma permanente devido a estar protegido das
chuvas pela sua configuração invertida, de modo a permitir a passagem dos ventos sem que haja a

penetração de chuvas nem de radiação solar direta. Portanto, pode ser mantido aberto durante a noite

para a ventilação noturna sem comprometer a segurança do ambiente.

Figura 8 – Corte esquemático de um peitoril ventilado

Fonte: Ventilação..., 2012.

3.5 PILOTIS

Construções sobre pilotis vêm sendo utilizadas pela arquitetura vernacular como recurso para

aumentar a ventilação em edificações. Na Figura 9 temos um exemplo de um silo para guarda de grãos
sobre pilotis, na região da Galícia, Espanha. Para manter os grãos secos, o recurso dos pilotis era

necessário, promovendo uma ventilação homogênea do artefato edificado.

Figura 9 – Silo para armazenamento de grãos sobre pilotis


Crédito: Ayma/Adobe Stock.

Na Malásia, a utilização dos pilotis para elevar a edificação e assim possibilitar o alcance de ventos

mais eficientes para ventilar a edificação é bastante comum na arquitetura tradicional, além de

promover o sombreamento de áreas que podem ser utilizadas para várias finalidades.

Figura 10 – Arquitetura tradicional na Malásia sobre pilotis


Crédito: Sleevester Stock/ Adobe Stock.

TEMA 4 – SISTEMAS MECÂNICOS PARA CONDICIONAMENTO DO AR

Pensar o projeto arquitetônico de modo a contribuir com a economia de fontes energéticas é parte

da nossa responsabilidade profissional, entendendo a sustentabilidade econômica na execução da

edificação, bem como o impacto ambiental para produção de energia de forma tradicional.

Além disso, há vários benefícios diretos relacionados a essa premissa para o projeto arquitetônico:
A definição do desempenho energético dos equipamentos deve ocorrer nas primeiras fases de

projetação, etapa em que definimos as diretrizes projetuais como o desempenho energético mínimo da

edificação. Existem recomendações em todo o mundo para um desempenho energético mínimo, sendo

que muitas vezes no Brasil adotamos recomendações norte-americanas por demanda do mercado da
construção civil.

Quanto ao contexto brasileiro, o Inmetro e a Eletrobras/PROCEL Edifica desenvolveram a Etiqueta

PBE Edifica, parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). Embora poucos conheçam esse

programa para eficiência energética nacional, ele é cobrado em projetos com financiamento da Caixa

Econômica Federal. Também temos no nosso país o Selo Azul Caixa, o primeiro sistema de classificação
da sustentabilidade de projetos desenvolvido para a realidade da construção habitacional brasileira.

Saiba mais

PBE Edifica. Disponível em: <http://www.pbeedifica.com.br/conhecendo-pbe-edifica>. Acesso

em: 6 fev. 2023.

“O Selo Casa Azul Caixa, tem como objetivo o reconhecimento e incentivo de projetos que

demonstrem suas contribuições para a redução de impactos ambientais, considerando 53 critérios


em relação aos temas qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de

recursos materiais, gestão da água e práticas sociais.”

Fonte: Selo Casa Azul + Caixa, [S.d.].

Trataremos com mais profundidade acerca de eficiência energética em outra ocasião. Neste

momento, queremos ressaltar a importância de considerarmos o aspecto da eficiência energética


quando pensarmos em sistemas mecânicos para condicionamento de ar nos nossos projetos.

4.1 AR-CONDICIONADO

Os sistemas para condicionamento de ar possibilitam o controle, em ambientes internos, da

temperatura do ar, da umidade relativa, da qualidade e da taxa de renovação do ar. Os aparelhos para

condicionamento do ar dentro de edificações possibilitaram, por exemplo, o controle de contaminantes


nas salas para fabricação de componentes eletrônicos, a melhoria de contaminações biológicas em

centros cirúrgicos ou a viabilização das caixas de vidro modernistas.

No entanto, apesar de esse recurso tecnológico ter possibilitado que a humanidade habitasse em

quase todos os lugares do planeta, o uso indiscriminado do ar-condicionado contribuiu para o fim da

arquitetura tradicional integrada às condições climáticas locais. Elementos arquitetônicos que

promoviam o conforto passivo nas edificações – como pergolados, varandas, paredes grossas, áticos e
aberturas para ventilação cruzada – deixaram de ser fundamentais para estabelecer conforto nas

edificações. Foram esquecidos e substituídos pelas máquinas.

Desse modo, as residências ficaram cada vez mais padronizadas e sem considerar as condições

climáticas locais para definição das estratégias de projeto. Cada vez mais dependentes do ar-

condicionado, a obrigatoriedade do uso de equipamentos para climatização artificial para promover o


conforto térmico produziu cada vez mais habitações com alto consumo de energia elétrica.

4.2 FUNDAMENTO DE FUNCIONAMENTO DO AR-CONDICIONADO

O ar-condicionado pode resfriar ou aquecer o ar interno em uma edificação. Na medida em que a

transferência de calor de um elemento para outro ocorre mediante a diferença de temperatura entre
eles – o calor flui do elemento de maior temperatura para o elemento de menor temperatura –, o

aparelho de ar-condicionado modifica as propriedades de um gás refrigerante em um circuito fechado

e hermético, para que o calor possa ser transferido de dentro para fora da edificação ou de fora para

dentro.

É importante ressaltar que os sistemas de ar-condicionado de menor porte como o aparelho de

janela ou split não renovam o ar interno e sim recirculam esse ar pela unidade interna para promover
eficiência ao sistema. Ou seja, o elemento que faz a troca de calor é o gás refrigerante que circula entre
dentro e fora da edificação. Caso seja necessário renovar uma determinada taxa de ar interno, é

necessário utilizar aparelhos de maior porte como os chillers.

4.2.1 Como funciona o resfriamento com uso do ar-condicionado

O resfriamento acontece quando o calor do ambiente interno é retirado para o exterior por meio
do ciclo de refrigeração do ar-condicionado. O calor presente no ambiente interno é transferido para o

gás refrigerante contido na serpentina do ar-condicionado. Internamente o ar recircula pelo aparelho

entrando em contato com a serpentina contendo o gás resfriado por aumento da sua pressão,

reduzindo a temperatura interna do ambiente. Para transferir o calor do gás refrigerante para o ar
externo, o gás é expandido para estar a uma temperatura maior do que o exterior.

O sistema do ar-condicionado deve resfriar o ambiente interno na mesma taxa da carga térmica

gerada nesse ambiente pelas pessoas, equipamentos, fontes internas de calor, janelas, paredes e

cobertura. Portanto, a carga térmica é representada pelo calor que deve ser retirado do ambiente para

que a temperatura seja reduzida ou mesmo não se eleve.

Saiba mais

REDAÇÃO GUIA AC. Calculadora de carga térmica ideal para seu ar-condicionado. Guia do Ar-

Condicionado, 19 jun. 2018. Disponível em: <https://guiadoarcondicionado.com.br/calcule-a-carg

a-termica-ideal-para-seu-ar-condicionado/>. Acesso em: 6 fev. 2023.

CICLO BÁSICO da refrigeração Parte 1/2. Sala de Climatização, 2019. Disponível em: <http

s://youtu.be/5Bf2E-5r4vM>. Acesso em: 6 fev. 2023.

CICLO BÁSICO da Refrigeração parte 2/2. Evaporadora e Condensadora. Sala de

Climatização, 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XgdNh2hgcbI>. Acesso


em; 6 fev. 2023.

4.2.2 Como funciona o aquecimento com uso do ar-condicionado

Para aquecimento, o aparelho de ar-condicionado transfere calor para o ambiente interno por meio

do ciclo de bomba de calor. Para que ocorra esse aquecimento, o gás refrigerante deve estar a uma
temperatura mais alta que o ar interno para que ele repasse calor para esse ambiente, aquecendo-o.
O aquecimento satisfatório ocorre quando o ar-condicionado eleva a temperatura interna na

mesma proporção da carga de aquecimento. A carga térmica de aquecimento é o calor – quantidade de

energia térmica – que deve ser adicionado ao ambiente para que a sua temperatura interna se eleve ou
mesmo permaneça constante. Essa carga térmica de aquecimento corresponde às perdas de calor no

ambiente por meio das paredes, coberturas, janelas e vãos. Nos vídeos contidos na seção anterior de

Saiba mais, esse processo de transferência térmica no aparelho está explicado.

Os sistemas mecânicos para condicionamento artificial de ar mais utilizados são apresentados na

leitura abaixo (ventilação, aquecimento e resfriamento). Devido à extensão desse conteúdo, ele estará
disponibilizado na leitura complementar. Portanto, essa leitura é obrigatória. Indicamos também que

acesse o website de grandes fabricantes de equipamentos para climatização artificial, como a Carrier e a

Munters.

Saiba mais

Leia no capítulo 8 as páginas 243 a 254 do livro a seguir:

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F.O.R. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. Rio de
Janeiro, 2014. Disponível em: <https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energet

ica_na_arquitetura.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2023.

MUNTERS. Disponível em: <https://www.munters.com/pt/>. Acesso em: 6 fev. 2023.

CARRIER DO BRASIL. Disponível em: <https://carrierdobrasil.com.br/>. Acesso em: 6 fev.

2023.

TEMA 5 – DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE CLIMATIZAÇÃO

A definição de um sistema de climatização ideal é que esse sistema deve atender às condições de

conforto térmico humano, além de consumir a menor quantidade de energia possível. Portanto, o

dimensionamento correto da capacidade de resfriar/aquecer em um ar-condicionado é fundamental

para que esse sistema consuma somente a energia necessária para o seu funcionamento.

Quanto à escolha de mecanismos de pequeno porte, como os aparelhos de janela ou splits, é


comum que ocorra com base no preço do equipamento, sendo muitas vezes ignorada a capacidade do
aparelho em climatizar corretamente um determinado ambiente. Desse modo, em caso de

subdimensionamento, as condições de conforto não serão alcançadas ou, em caso de

superdimensionamento, pode ocorrer o excesso de consumo de energia elétrica de forma


desnecessária.

Os métodos para dimensionamento são diversos, sendo os mais comuns para seleção do aparelho
em função da área do ambiente ou o cálculo por meio de planilhas eletrônicas. No entanto, podem ser

simplificados demais para aplicações mais complexas ou com demandas específicas. Sendo uma

atribuição profissional da engenharia mecânica, esses profissionais são capacitados para assinar a

responsabilidade técnica referente ao cálculo da carga térmica e dimensionamento de sistemas


mecânicos de climatização. São capacitados para levar em conta os fenômenos de transferência de

calor presentes em um determinado contexto.

A ASHRAE apresenta métodos para estimar o porte e capacidade dos sistemas de climatização

artificial para serem executados por profissionais da engenharia mecânica. Estão descritos no

Fundamentals Handbook (ASHRAE, 2001) procedimentos de cálculo de cargas térmicas de


resfriamento e de aquecimento para edificações residenciais (capítulo F28) e não residenciais (capítulo

F29).

Existem ainda diversos programas gratuitos e comerciais que podem ser encontrados facilmente

na internet. Trazemos a seguir o vídeo 7, explicativo de como calcular a carga térmica e três website

com softwares e planilhas para realização desse cálculo.

É necessário enfatizar que o uso de um programa para simulação térmica e energética demanda
treino e experiência para ser utilizado adequadamente. Seu uso correto possibilita pouca margem de

erros, análises especificas (como por períodos; dias ou horas), projetar sistemas complexos, bem como

a análise do consumo energético de uma edificação.

Saiba mais

Existem diversos programas gratuitos e comerciais que podem ser encontrados facilmente na
internet. A seguir, indicamos um vídeo explicativo de como calcular a carga térmica e alguns

websites com softwares e planilhas para realização desse cálculo:


CÁLCULO de carga térmica para ar-condicionado (Vídeo 1). Sala de Climatização, 2020.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1ur1GQfS7vo>. Acesso em: 6 fev. 2023.

MÉTODOS para o cálculo da carga térmica. Engenharia e Arquitetura, 5 jan. 2018.

Disponível em: <https://www.engenhariaearquitetura.com.br/2018/01/metodos-para-o-calculo-da


-carga-termica>. Acesso em: 6 fev. 2023.

CALCULADORA de BTUs. Web Ar-condicionado, 2022. Disponível em: <https://www.webarc

ondicionado.com.br/calculo-de-btu>. Acesso em; 6 fev. 2023.

A norma de projeto NBR 16401, partes 1, 2 e 3, estabelece as bases fundamentais para a


elaboração de projetos de instalações para condicionadores de ar de maior porte, como os VRF, self
contained e fan-coils, geralmente dutados e localizados em salas específicas.

5.1 VAZÃO DO AR

A qualidade do ar interno é determinada por prescrições e recomendações para renovação do ar


interno com o ar externo, ou seja, qual a porcentagem de ar externo que deve ser inserida, a cada ciclo
do sistema de climatização. A necessidade de renovação se dá devido à presença de pessoas no

ambiente (produção de CO2), emissão de odores e elevação da UR.

Embora a renovação do ar seja necessária para manter as condições saudáveis dentro das

edificações, é fato que, quanto mais renovações existirem, haverá aumento da carga térmica e aumento
do porte do equipamento – para aumentar a capacidade de condicionamento do ar – e,
consequentemente, o aumento do consumo de energia.

TROCANDO IDEIAS

Nesta etapa, você conheceu a ferramenta do diagrama solar e agora está apto(a) para desenvolver
seus elementos relacionados a gestão da insolação em seus projetos. Também pôde ver como a

ventilação passiva em uma edificação resolve grande parte das condições de desconforto sem consumir
energia elétrica e conheceu diversos sistemas para condicionamento artificial do ar e seus fundamentos
técnicos e normativos.
Saiba mais

A seguir, temos um vídeo e uma playlist da professora Keila Kotaira, relacionados ao uso do
software REVIT e o planejamento de sistemas de climatização artificial.

No vídeo e na playlist do canal da profª Keila Kotaira, você encontra tutoriais de como
desenvolver um projeto em programa BIM, com a simulação do comportamento térmico da

edificação para dimensionamento do sistema artificial para climatização do ar.

REVIT HVAC: Copy Monitor. Como iniciar um novo projeto MEP, de climatização, do zero

(introdução). Keila Kotaira CG & BIM, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=


ADqbHPERxvs>. Acesso em: 6 fev. 2023.

PLAYLIST Revit MEP HVAC: Demonstrações e Dicas. Canal Keila Kotaira CG & BIM, 2023.
Disponível em: <https://www.youtube.com/playlist?list=PLmTKtrUIA2Uzpgk_LVk4pOHEWcUqXPJ_x
>. Acesso em: 6 fev. 2023.

NA PRÁTICA

A atividade de projetação fundamentada na bioclimática impõe que trabalhemos não só a planta


do projeto – priorizando a funcionalidade – mas também utilizemos, ao mesmo tempo, os planos do

corte e da elevação, visto que os principais elementos climáticos que impactam os parâmetros de
conforto – insolação e ventos – atuam na edificação relacionados à altura das aberturas em relação ao
solo.

Desse modo, propomos alguns passos para o desenvolvimento do projeto de forma a integrar o
bioclimatismo na atividade projetual.

Compreender e definir o usuário e seu perfil: quem e quantos são? Quais suas idades? Condições
de saúde? Como ocupam os ambientes? Quais as atividades domésticas que provocam liberação

de calor e/ou umidade? Quais atividades causam ruídos? Devido ao clima local ou a uma
atividade, é necessário o uso de condicionamento artificial de ar? Em quais momentos?
Diagnosticar, analisar e representar o entorno: identificar a topografia – acessos, morros, praias,

rios, vegetação. Verificar os elementos do ambiente construído – prédios vizinhos, a legislação


vigente, possíveis edificações em função da legislação, elementos sonoros como rodovias e casas

noturnas, ventos dominantes, elementos dentro do lote – árvores de grande porte, riachos,
desníveis no terreno.

Compreender o microclima do projeto: clima (quente, frio, quente-úmido, com/sem inverno


rigoroso, com/sem ventos significativos); identificar o Norte, identificar a direção dos ventos
rotineiros e sazonais, identificar as estratégias bioclimáticas conforme o zoneamento bioclimático.

Usar técnicas para eficiência energética – sobretudo no tocante ao uso de condicionamento


artificial de ar – privilegiar aquecimento solar de água e do ar. Quando as estratégias
bioclimáticas não forem suficientes para adequar – total ou parcialmente – o interior das

edificações às necessidades higrotérmicas de seus usuários, é necessário o uso de equipamentos


para climatização ativa. Nessa situação, garantir um mínimo de consumo energético – seja de
fonte elétrica ou gás – é uma premissa para o projeto, por meio de projetos complementares de

climatização com dimensionamento correto dos equipamentos.


Verificar, ao longo do processo projetual, o comportamento da edificação em função das

diretrizes bioclimáticas por meio do uso de simuladores virtuais, como os softwares BIM.

Esses passos nos possibilitam, apoiados nos instrumentos de auxílio ao projeto como a plataforma

Projetee e o diagrama solar, identificar as restrições ambientais externas e incorporar as necessidades


internas dos(as) usuários(as).

O software Ansys Academic é pago, mas disponibiliza versão gratuita para professores e

estudantes utilizarem. Esse programa requer conhecimento técnico para operá-lo, mas entrega
simulações de ventilação precisas e confiáveis.

Saiba mais

ANSYS. Ansys Academic. Disponível em: <https://www.ansys.com/academic>. Acesso em: 6

fev. 2023.

FINALIZANDO

Finalizamos o contato inicial com o conforto térmico em edificações. Acreditamos que agora você
tem a consciência da importância de considerarmos estratégias para o conforto térmico humano em
nossos projetos, na medida em que esse é o fator de desconforto que mais nos incomoda e pode até
nos adoecer, incluindo a falta de ventilação adequada. Agora é só o início, mas pratique as ferramentas
e não deixe de promover o uso do bioclimatismo em todos os seus projetos que abrigarão seres vivos,

considerando suas especificidades fisiológicas. A plataforma Projeteee e o sunpath3d são ferramentas


de muito fácil assimilação, mas é preciso utilizá-las para conhecer todo o seu potencial.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.NBR 16401-2: Instalações de ar-condicionado –

Sistemas centrais e unitários – Parte 2: Parâmetros de conforto térmico. Rio de Janeiro: ABNT, 2008.

ANDREW MARSH. Disponível em: <andrewmarsh.com>. Acesso em: 6 fev. 2023.

ASHRAE – American Society of Heating Refrigerating and Air Engineers Conditioning (ASHRAE).
ASHRAE 55-2010: Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy. Atlanta: Ashrae, 2010.

Disponível em: <http://arco-hvac.ir/wp-content/uploads/2015/11/ASHRAE-55-2010.pdf>. Acesso em: 6


fev. 2023.

BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Legislativo,
Rio de Janeiro, 9 ago. 1943.

CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em busca de uma arquitetura sustentável para os trópicos –


conforto ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2009.

FANGER, P. O. Thermal confort – analysis and applications in environmental engineering.

Copenhagen: Danish Technical Press, 1970.

GIVONI, B. Passive and low energy cooling of buildings. New York: Van Nostrand Reinhold,

1994.

HOLANDA, A. Roteiro para construir no Nordeste: arquitetura como lugar ameno nos trópicos

ensolarados. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Urbano) – Universidade Federal de


Pernambuco, Recife, 1976, Disponível em:
<https://www.academia.edu/15452693/Roteiro_para_construir_no_nordeste>. Acesso em 6 fev. 2023.
LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. Rio de
Janeiro: Procel; Eletrobras, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf>. Acesso

em: 6 fev. 2023.

PINHEIRO, A. C. D. F. B.; CRIVELARO, M.Conforto ambiental – Iluminação, cores, ergonomia,

paisagismo e critérios para projetos. São Paulo: Saraiva, 2014. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536518596/>. Acesso em: 6 fev. 2023.

PROJETEEE. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/projeteee/>. Acesso em: 6 fev. 2023.

SELO CASA AZUL + CAIXA. Disponível em: <https://www.caixa.gov.br/sustentabilidade/negocios-


sustentaveis/selo-casa-azul-caixa/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 6 fev. 2023.

VENTILAÇÃO cruzada: peitoril ventilado. Movimento terras em busca da sustentabilidade.


Movimento terras, 26 set. 2012. Disponível em: http://movimentoterras.blogspot.com/. Acesso em: 30

dez. 2022. il. color.

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