O mais simples dispositivo de expansão é o tubo capilar que tem a função de reduzir a
pressão do fluido refrigerante no estado líquido em alta pressão até a pressão de vaporização. No
processo de passagem do fluido pelo capilar uma parte do fluido se transforma em vapor. Os
capilares tem diâmetros que variam de 0,6 a 1,6mm e por isso a redução de pressão ocorre por
causa do atrito com as paredes da tubulação.
E quanto maior a perda de carga entre a entrada e a saída, menor é a vazão saindo na parte
da direita. O mesmo princípio vale para os tubos capilares. A vazão mássica de fluido refrigerante
é afetada em decorrência do diâmetro interno e do comprimento total do tubo capilar.
Um tubo capilar muito maior do que o adequado ou com diâmetro menor que o recomendado para
uma determinada aplicação poderá ocasionar uma alimentação deficiente do evaporador com o
acúmulo de fluido refrigerante no condensador, o que vai aumentar a pressão de descarga do
compressor. Um capilar curto demais provoca um efeito contrário e pode ocasionar em golpe de
líquido no compressor. Umidade, impurezas decorrentes da queima do compressor ou
estrangulamento do tubo poderão ocasionar o entupimento total ou parcial do tubo capilar,
impedindo que o fluido refrigerante circule.
Por isso é muito importante a utilização de filtro secador com tela metálica, que impede a circulação
de impurezas no sistema. Os sintomas do entupimento parcial de um tubo capilar são semelhantes
à falta de gás ou à baixa capacidade do compressor. Nos refrigeradores é muito comum que o tubo
capilar fique enrolado na linha de sucção de tal forma a promover um ganho de calor para o fluido
que entra no compressor e reduzir a temperatura do fluido sub resfriado na saída do condensador.
Essa configuração forma um trocador de calor com a linha de sucção e aumenta o desempenho do
sistema, além de evitar a formação de gelo na linha de sucção, conforme mostrado na Figura 2.
Figura 2 e 3: Ciclo de refrigeração com trocador de calor formado pela interação entre o tubo capilar e a linha de
sucção
Se por algum motivo for necessário substituir o tubo capitar por outro é importante verificar
as especificações técnicas do equipamento. Em decorrência do atrito, um tubo capilar com diâmetro
menor que o original deverá ter um comprimento menor que o original para manter a mesma vazão
mássica.
E inversamente, um tubo capilar mais grosso que o original deverá ter um comprimento
maior.
Apesar de ser um dispositivo simples, dentro do tubo capilar ocorrem transformações
termodinâmicas complexas, uma vez que em seu interior o fluido refrigerante inicialmente em alta
pressão está ao mesmo tempo, trocando calor e ao mesmo tempo sofrendo um forte atrito com as
paredes, o que faz com que ocorra também, em parte, a mudança de fase.
A válvula de expansão termostática é um componente que tem em sua constituição um bulbo
sensor, um diafragma, mola e orifício de passagem que permitem regular o fluxo de passagem de
fluido refrigerante.
Quando o compressor está parado, a mola da válvula fecha a passagem do refrigerante. À
medida que diminui a pressão no interior do evaporador, pela atuação do compressor, a pressão
da mola obriga a abertura da válvula. É mais empregada nas instalações comerciais e industriais
devido as suas condições particulares de regulagem. Observe os componentes de uma válvula de
expansão termostática na Figura 4.
Figura 4: Ciclo de refrigeração com trocador de calor formado pela interação entre o tubo capilar e a
linha de sucção
A válvula de expansão termostática tem por função promover a expansão e regular o fluxo
do fluido refrigerante a fim de garantir que ele se evapore totalmente no evaporador e, ainda, para
providenciar um grau de superaquecimento constante à saída dele. Deve ser instalada bem
próxima do evaporador.
O bulbo sensor deve ser fixado na saída da serpentina por abraçadeiras em uma superfície
plana e limpa para evitar impulsos falsos na válvula. O bulbo termostático deve ser totalmente
isolado, como mostra na figura 5:
Figura 5: Posição correta de instalação da válvula de expansão termostática .
Além das válvulas de expansão termostática e dos tubos capilares há também as válvulas
de expansão eletrônica, que, em sua maioria, controlam o fluxo de fluido refrigerante e o grau de
superaquecimento por meio de impulsos elétricos ou por meio de pequenos motores de passo. São
muito utilizadas na refrigeração comercial e industrial. Na Figura 7, ilustramos um modelo de
válvula de expansão eletrônica, onde uma bobina faz o controle do fluxo do fluido refrigerante.
As válvulas de expansão eletrônicas se adaptam bem aos compressores de velocidade
variável, pois com a combinação adequada de sinais na forma de pulsos, a bobina controla a
abertura e fechamento da válvula gradualmente. A faixa de variação do fluxo de fluido refrigerante
é bem maior que da válvula de expansão termostática. Com isso é possível reduzir o consumo de
energia elétrica e conservar melhor os alimentos, uma vez que o sistema se adapta mais facilmente
às variações de carga térmica ao longo do dia.
Referências bibliográficas:
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DOSSAT, Roy. Princípios de refrigeração. São Paulo: Hemus, 2004.
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Clássica. 4 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1995