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Tubo Capilar e Válvula de Expansão

Os dispositivos de expansão têm a função de controlar a quantidade de líquido através do


evaporador e de evitar que os vapores provenientes da evaporação sejam aspirados
excessivamente quentes pelo compressor, ou que chegue fluido refrigerante no estado líquido ao
compressor. Os dispositivos comumente empregados são: tubo capilar; orifício graduado, válvula
de expansão direta a pressão constante (válvula de expansão automática); válvula de expansão
direta e superaquecimento constante (válvula de expansão termostática) e válvulas eletrônicas.

O mais simples dispositivo de expansão é o tubo capilar que tem a função de reduzir a
pressão do fluido refrigerante no estado líquido em alta pressão até a pressão de vaporização. No
processo de passagem do fluido pelo capilar uma parte do fluido se transforma em vapor. Os
capilares tem diâmetros que variam de 0,6 a 1,6mm e por isso a redução de pressão ocorre por
causa do atrito com as paredes da tubulação.

Para a determinação do comprimento do tubo capilar é importante observar o tipo de fluido


utilizado, o diâmetro interno do capilar e a relação de pressões de condensação e de vaporização.
Os tubos capilares são usados em sistemas de menor porte com capacidade de até 3TR (36.000
BTU/h) e possibilitam a equalização de pressão entre os lados de alta e baixa pressão quando o
sistema é desligado, o que exige menor torque de partida do compressor.

Os refrigeradores e os freezers residenciais, condicionadores de ar, bebedouros são


exemplos que usam tubo capilar como dispositivo de expansão. Na Figura 1, mostramos uma
ilustração para explicar como o comprimento da tubulação interfere na vazão de escoamento. Uma
tubulação de 100m terá muito mais perda de pressão (perda de carga) que uma tubulação de 10m.

E quanto maior a perda de carga entre a entrada e a saída, menor é a vazão saindo na parte
da direita. O mesmo princípio vale para os tubos capilares. A vazão mássica de fluido refrigerante
é afetada em decorrência do diâmetro interno e do comprimento total do tubo capilar.

Figura 1: Relação entre a perda de carga e o comprimento da tubulação

Um tubo capilar muito maior do que o adequado ou com diâmetro menor que o recomendado para
uma determinada aplicação poderá ocasionar uma alimentação deficiente do evaporador com o
acúmulo de fluido refrigerante no condensador, o que vai aumentar a pressão de descarga do
compressor. Um capilar curto demais provoca um efeito contrário e pode ocasionar em golpe de
líquido no compressor. Umidade, impurezas decorrentes da queima do compressor ou
estrangulamento do tubo poderão ocasionar o entupimento total ou parcial do tubo capilar,
impedindo que o fluido refrigerante circule.

Por isso é muito importante a utilização de filtro secador com tela metálica, que impede a circulação
de impurezas no sistema. Os sintomas do entupimento parcial de um tubo capilar são semelhantes
à falta de gás ou à baixa capacidade do compressor. Nos refrigeradores é muito comum que o tubo
capilar fique enrolado na linha de sucção de tal forma a promover um ganho de calor para o fluido
que entra no compressor e reduzir a temperatura do fluido sub resfriado na saída do condensador.
Essa configuração forma um trocador de calor com a linha de sucção e aumenta o desempenho do
sistema, além de evitar a formação de gelo na linha de sucção, conforme mostrado na Figura 2.

Figura 2 e 3: Ciclo de refrigeração com trocador de calor formado pela interação entre o tubo capilar e a linha de
sucção

Se por algum motivo for necessário substituir o tubo capitar por outro é importante verificar
as especificações técnicas do equipamento. Em decorrência do atrito, um tubo capilar com diâmetro
menor que o original deverá ter um comprimento menor que o original para manter a mesma vazão
mássica.
E inversamente, um tubo capilar mais grosso que o original deverá ter um comprimento
maior.
Apesar de ser um dispositivo simples, dentro do tubo capilar ocorrem transformações
termodinâmicas complexas, uma vez que em seu interior o fluido refrigerante inicialmente em alta
pressão está ao mesmo tempo, trocando calor e ao mesmo tempo sofrendo um forte atrito com as
paredes, o que faz com que ocorra também, em parte, a mudança de fase.
A válvula de expansão termostática é um componente que tem em sua constituição um bulbo
sensor, um diafragma, mola e orifício de passagem que permitem regular o fluxo de passagem de
fluido refrigerante.
Quando o compressor está parado, a mola da válvula fecha a passagem do refrigerante. À
medida que diminui a pressão no interior do evaporador, pela atuação do compressor, a pressão
da mola obriga a abertura da válvula. É mais empregada nas instalações comerciais e industriais
devido as suas condições particulares de regulagem. Observe os componentes de uma válvula de
expansão termostática na Figura 4.

Figura 4: Ciclo de refrigeração com trocador de calor formado pela interação entre o tubo capilar e a
linha de sucção

A válvula de expansão termostática tem por função promover a expansão e regular o fluxo
do fluido refrigerante a fim de garantir que ele se evapore totalmente no evaporador e, ainda, para
providenciar um grau de superaquecimento constante à saída dele. Deve ser instalada bem
próxima do evaporador.
O bulbo sensor deve ser fixado na saída da serpentina por abraçadeiras em uma superfície
plana e limpa para evitar impulsos falsos na válvula. O bulbo termostático deve ser totalmente
isolado, como mostra na figura 5:
Figura 5: Posição correta de instalação da válvula de expansão termostática .

O funcionamento de uma válvula de expansão termostática (VET) depende tanto da pressão


do evaporador como da pressão de comando do bulbo termostático. O movimento do diafragma
para baixo afasta a agulha, permitindo maior passagem do refrigerante. O movimento contrário
reduz a passagem de líquido. O parafuso de ajuste garante que a pressão da mola seja aplicada
na parte de baixo do diafragma da válvula (PM). No diafragma temos PB = PM + PE.
Quando o fluido refrigerante dentro do bulbo sensor tem sua temperatura aumentada sua
pressão também sobe (PB). Ao se diminuir a pressão do evaporador (PE), o diafragma empurra a
haste de regulagem para baixo, resultando em uma maior passagem do fluido (Figura 6).

Figura 6: Esquema de funcionamento de uma válvula de expansão termostática com


equalização interna.

Caso caia a temperatura do bulbo e tenha aumento na pressão do evaporador, o diafragma


sobe, provocando um estrangulamento na passagem de líquido. Essa válvula permite uma
alimentação adequada do evaporador, sob todas as condições de carga, sem o risco de inundação
de fluido refrigerante líquido no compressor. Se a carga térmica aumentar, aumentará o grau de
superaquecimento e o orifício da válvula se abre. Se a carga térmica diminuir, então diminuirá
também o grau de superaquecimento. O orifício da válvula se abre.
Podemos observar que o grau de superaquecimento é mantido constante, mas que a
pressão e, consequentemente a temperatura de evaporação, variam com as oscilações de carga
térmica; As válvulas de expansão podem ser do tipo: equalização interna de pressão e equalização
externa de pressão.
As válvulas de expansão direta com equalização interna de pressão são indicadas quando
a queda de pressão, ao longo do evaporador, é pequena. As válvulas de expansão termostáticas
com equalização externa de pressão são utilizadas quando, ao fluir através do evaporador, o fluido
sofre uma queda de pressão elevada. Dessa forma, sua temperatura de saturação é sempre mais
baixa na saída do que na entrada. Quando a queda de pressão é considerável, torna-se necessário
um maior grau de superaquecimento para manter a condição de equilíbrio. Isso faz com que a área
do evaporador, efetivamente utilizada para resfriamento, seja reduzida, o que prejudica a
capacidade de refrigeração e a eficiência do sistema.
A principal função de uma válvula de expansão, seja ela termostática ou eletrônica, é o
controle do grau de superaquecimento do fluido refrigerante à saída do evaporador. O
superaquecimento é uma diferença entre as temperaturas de saturação do fluido refrigerante e a
sua condição na saída do evaporador. A medição da temperatura de saída do fluido refrigerante
deve ser realizada na saída do evaporador. A Temperatura de saturação do fluido refrigerante é
obtida a partir da medição da pressão de sucção do compressor.

Válvula de Expansão Eletrônica

Figura 7: Ilustração de uma válvula de expansão eletrônica.

Além das válvulas de expansão termostática e dos tubos capilares há também as válvulas
de expansão eletrônica, que, em sua maioria, controlam o fluxo de fluido refrigerante e o grau de
superaquecimento por meio de impulsos elétricos ou por meio de pequenos motores de passo. São
muito utilizadas na refrigeração comercial e industrial. Na Figura 7, ilustramos um modelo de
válvula de expansão eletrônica, onde uma bobina faz o controle do fluxo do fluido refrigerante.
As válvulas de expansão eletrônicas se adaptam bem aos compressores de velocidade
variável, pois com a combinação adequada de sinais na forma de pulsos, a bobina controla a
abertura e fechamento da válvula gradualmente. A faixa de variação do fluxo de fluido refrigerante
é bem maior que da válvula de expansão termostática. Com isso é possível reduzir o consumo de
energia elétrica e conservar melhor os alimentos, uma vez que o sistema se adapta mais facilmente
às variações de carga térmica ao longo do dia.

Referências bibliográficas:

ARORA, Ramesh Chandra. Refrigeration and Air Conditioning. Kindle. New Delhi. 2010.
DOSSAT, Roy. Princípios de refrigeração. São Paulo: Hemus, 2004.
INCROPERA, F. P. et al. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.
SILVA, Jesué Graciliano Da. Introdução a tecnologia da refrigeração e da climatização. São
Paulo: ARTLIBER, 2019.
VAN WYLEN, G.; SONNTAG, R.; BORGNAKKE, C. Fundamentos da Termodinâmica
Clássica. 4 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1995

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