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Unidade Didática 02:

O Sol Como Fonte de


Energia
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II
ÍNDICE

1 O SOL.............................................................................................................................1

1.1 AS CAMADAS DO SOL: .......................................................................................................2

2 RADIAÇÃO E IRRADIÂNCIA SOLAR ..................................................................................2

2.1 DADOS DE RADIAÇÃO SOLAR PARA O BRASIL ...........................................................................3


2.1.1 ATLAS SOLARIMÉTRICO DO BRASIL (2000) E SUNDATA ............................................................... 3
2.1.2 ATLAS BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR E “SWERA” ...................................................................... 4
2.2 IRRADIÂNCIA SOLAR ..........................................................................................................5
2.2.1 IRRADIÂNCIA SOLAR EXTRATERRESTRE E CONSTANTE SOLAR ........................................................... 6
2.2.2 IRRADIÂNCIA SOLAR AO NÍVEL DO SOLO ...................................................................................... 7
2.2.2.1 A Janela Solar.................................................................................................................... 8
2.2.3 HORAS DE SOL PICO ................................................................................................................. 8
2.2.4 RADIAÇÃO SOLAR AO NÍVEL DO PAINEL FOTOVOLTAICO ................................................................. 9
2.2.5 INCLINAÇÃO IDEAL PARA COLETORES SOLARES FOTOVOLTAICOS (MÓDULOS) .................................. 11
2.2.5.1 Tabela de Fatores de Correção da Radiação para Superfícies Inclinadas ...................... 12
2.2.5.2 Software de Análise Radiasol ......................................................................................... 13
2.2.6 EQUAÇÕES PARA INCLINAÇÃO IDEAL ......................................................................................... 14
2.2.6.1 Inclinação Ideal para Sistemas Fotovoltaicos Isolados ................................................... 14
2.2.6.2 Inclinação Ideal para Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede ................................. 15

3 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 16

III
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IV
Introdução aos Sistemas Fotovoltaicos

1 O Sol
É bem sabido (pois já é clichê) que a estrela central do nosso sistema solar gera, em um
segundo (5 milhões de toneladas de matéria), mais energia que a humanidade já consumiu des-
de o seu aparecimento na face da Terra. Claro que toda essa energia não nos chega, e bem verda-
de essa totalidade de energia nem mesmo “abandona” o interior do Sol. O que efetivamente che-
ga até o terceiro planeta do nosso sistema solar é uma pequena fração da energia irradiada pelo
nosso astro rei; e mesmo essa “pequena fração” representa mais energia do que conseguimos
extrair de outras fontes, ou mesmo que poderíamos consumir, considerando o período de um ano.

Figura 1 - Comparativo entre fontes primárias de energia e consumo anual - fonte: GreenPro

A energia do Sol vem das reações termonucleares que ocorrem às grandes profundidades
do seu interior; sendo a principal a reação de fusão: no núcleo do Sol, onde a temperatura e a
pressão fornecem o ambiente adequado às reações nucleares, quatro núcleos atômicos (prótons)
de hidrogênio se fundem, formando uma partícula alfa (núcleo de hélio). A partícula alfa man-
tém 70% da massa dos prótons de hidrogênio, enquanto que os 30% restantes da massa inicial
são liberados na forma de energia. Essa energia viaja do núcleo do sol, por um processo de con-
vecção, passando por todas as camadas do sol se transformando em luz e calor.

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O Sol Como Fonte de Energia

Figura 2 - Camadas do Sol - fonte: CRESESB

1.1 As camadas do Sol:

1 – Fotosfera: parte do Sol que esse se torna visível, com a aparência granular causada
pelos grânulos;
2 – Cromosfera: onde a energia vinda do núcleo provocam chamas e fáculas;
3 – Coroa: constituída de plasma com temperatura de aproximadamente dois milhões de
graus Celsius.

Informação:
O Sol é um gigantesco reator atômico formado por aproximada-
mente 80% de hidrogênio, 20% de hélio e apenas 0,01% de
outros materiais.

2 Radiação e Irradiância Solar


Tradicionalmente a energia solar irradiada em determinada área, e por determinado tem-
po, é medida em joules, que é a unidade de medida de energia do “sistema internacional de uni-
dades”; e devido à sua magnitude, é mais comum a utilização do múltiplo “megajoule” (com
sigla MJ) correspondente a “milhão de joule”. Hoje em dia, devido à massiva utilização dos ban-
cos de dados para análise e dimensionamento de sistemas fotovoltaicos é mais comum a utiliza-
ção da unidade de medida “watt hora” (ou seu múltiplo: “quilowatt hora” – 1 kWh, equivalen-
te a 1.000 watts hora – 1.000 Wh ); como se trata de “radiação eletromagnética incidente”, a
unidade de medida deve ser composta, considerando a área de captação da radiação, e o tempo
de exposição a ela. Na maioria das vezes as informações de “disponibilidade solar local” são
dadas em médias diárias, considerando cada mês do ano, bem como um valor de “média diária

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Introdução aos Sistemas Fotovoltaicos

anual”, utilizando a unidade de medida composta: “quilowatt hora por metro quadrado por
dia” – kWh/m²/dia ou kWh/m²*dia-1.

Figura 3 - Radiação Solar na superfície do globo terrestre no período de um ano, em "W/m²". Informação obtida por
satélites meteorológicos entre 1990 e 2004. Para obter os valores diários para a média anual, deve-se multiplicar por
“24, com resultados em Wh/m²”, ou por “86,4 com resultados em kJ/m²” – fonte: Mines Paris Tech/Armines 2006;
SoDa (www.soda-is.com)

2.1 Dados de Radiação Solar para o Brasil

No mundo todo há diversas instituições de pesquisa que fornecem os dados de energia so-
lar para as suas localidades circunvizinhas, e a agência espacial norte-americana (NASA) dispo-
nibiliza dados de satélite para todo o globo terrestre. Esses dados são matematicamente compila-
dos, formatados e dispostos em “bancos de dados de radiação solar”.
2.1.1 Atlas Solarimétrico do Brasil (2000) e SUNDATA
No Brasil, um dos primeiros bancos de dados de radiação solar disponíveis ao público ge-
ral é mantido pelo “Centro de Referência para Energia Solar e Eólica – Sérgio de Salvo Bri-
to” – CRESESB; entidade vinculada ao “Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – CE-
PEL”, que também disponibiliza vasta e excelente literatura sobre o tema “Energias Renová-
veis”. No ano de 2.000 o CRESESB publicou o “Atlas Solarimétrico do Brasil”, contendo va-
lores de radiação solar (em megajoules por metro quadrado – MJ/m²) para todo o território
brasileiro, além de relevantes informações sobre a forma de coleta e tratamento matemático dos
dados meteorológicos. Essa publicação pode ser obtida gratuita e diretamente do site do CRE-
SESB (www.cresesb.cepel.br), onde também é possível consultar um banco de dados ainda mais
atualizado, através da ferramenta de busca e análise chamada de “SUNDATA”, também de con-
sulta gratuita.

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Figura 4 - Acesso ao SUNDATA, no site do CRESESB - fonte: CRESESB


(http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata)

Para se obter os valores de radiação solar para as chamadas “localidade de referência”


(pois o SUNDATA não possui valores para os mais de 5 mil municípios brasileiros, mas somen-
te aqueles que são referência regional, ou de interesse) basta fornecer a latitude e longitude do
local a ser pesquisado que o software busca os dados para três localidades de referência mais
próximas, de forma a oferecer uma “triangulação” e permitindo a análise dos valores na forma de
“interpolação” (calculando-se as médias das três localidades).

Figura 5 - Tabela com valores de radiação solar para as localidades próximas às coordenadas geográficas de Ribei-
rão Preto –SP – fonte: CRESESB

2.1.2 Atlas Brasileiro de Energia Solar e “SWERA”


No ano de 2.006 o “Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE” publicou o
“Atlas Brasileiro de Energia Solar”, produzido dentro do escopo do “Projeto SWERA” (sigla
para “Solar and Wind Energy Resource Assesstmet – que pode ser traduzido como “Avaliação
do Recurso Energético Solar e Eólico”) em parceria entre o “Departamento de Meio Ambi-
ente/Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos/Instituto de Pesquisas Espaciais”
(DMA/CPTEC/INPE) e o “Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tec-
nologia de Energia da Universidade Federal de Santa Catarina” (LEPTEN/UFSC).

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Os dados podem ser “baixados” no site “Sistema de Organização Nacional de Dados


Ambientais – SONDA” (http://sonda.ccst.inpe.br/); ou facilmente “consultados” através da pá-
gina de consulta aos bancos de dados do SWERA (https://maps.nrel.gov/swera). O SWERA
também disponibiliza, em sua página principal (http://en.openei.org/apps/SWERA/), todos os
mapas e bases de dados em formato de “sistema de informação geográfica” (GIS, na sigla em
inglês), com informações para várias localidade do globo terrestre, e que podem ser baixados
gratuitamente. Além das informações sobre recurso solar e eólico, também há outros dados me-
teorológicos.

Figura 6 - Acesso aos bancos de dados do "Projeto SWERA" - fonte: SWERA (https://maps.nrel.gov/swera)

2.2 Irradiância Solar

A energia solar que pode ser captada depende de três fatores, a saber:
1 – Área de captação do “coletor solar” – em metros quadrados (m²);
2 – Tempo de exposição à radiação solar – em horas (h) ou segundos (s);
3 – Intensidade Radiante do Sol – em watts por metro quadrado (W/m²).
A “intensidade radiante”, também chamada de “Irradiância Solar”, é a “potência ins-
tantânea” da radiação solar, por isso a sua unidade de medida é composta pelas unidades de
média da potência (o watt – W) e da área (metro quadrado – m²); afinal se trata de “energia
radiante”. A energia solar “captável” é diretamente proporcional às três variáveis apresentadas;
ou seja: quanto maiores forem a área de captação, o tempo de exposição e a irradiância solar,
mais energia será ‘recolhida’, conforme apresenta a equação abaixo:

𝑬=𝑨∗𝒕∗𝑰
Onde:
E = energia solar captada – em joule (J) ou watt hora (Wh);
A = área de captação – em metro quadrado (m²);
t = tempo de exposição – em segundos (s) ou horas (h);

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I = irradiância solar – em watt por metro quadrado (W/m²)


Se o tempo for dado em segundos, o valor de energia resultante será em joules (J); se for
dado em horas, o valor de energia resultante será em watt hora (Wh).
2.2.1 Irradiância Solar Extraterrestre e Constante Solar
A quantidade de Irradiância Solar que chega à atmosfera terrestre depende da distância
entre o Sol e a Terra, que varia de acordo ao movimento de translação da Terra em torno do
Sol. Essa Irradiância tem valores entre 1.325 W/m² e 1.420 W/m² com o valor médio, chamado
de “Constante Solar”, em torno de 1.367 W/m² acima da atmosfera terrestre.

Figura 7 - Representação da energia solar que chega à terra - fonte: NASA (www.nasa.gov/)

A energia solar que chega à superfície da terra é influenciada pela atmosfera terrestre,
que diminui a intensidade da radiação solar através dos efeitos de reflexão, absorção e dis-
persão. Mesmo em um dia claro de sol forte, a quantidade de radiação solar filtrada pela atmos-
fera terrestre pode chegar a 25% da radiação extraterrestre (constante solar), fazendo com
que a maior irradiância ao nível do solo no plano horizontal seja pouco superior a 1.000 W/m².

Figura 8 - Influência da "massa atmosférica" e elevação do sol sobre a irradiância ao nível do solo - fonte: CRESESB

Ao atravessar a atmosfera terrestre, a irradiância solar se divide em duas componentes,


a saber:

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1 – Irradiância Direta: que vem diretamente do Sol, com pouca alteração em sua traje-
tória, provocada pela atmosfera terrestre;
2 – Irradiância Difusa: que vem de toda a “abóbada celeste” (toda a semicircunferência
do céu), sendo muito enfraquecida pela ação da atmosfera terrestre.
Quando o “coletor solar” está inclinado em relação ao plano horizontal, é possível a cap-
tação de uma terceira componente da “Radiação Solar Global”, que é a “irradiância de albe-
do”, que diz respeito à energia radiante refletida do solo para cima; que apesar de não ser des-
prezível (principalmente em locais muito refletivos, como áreas cobertas por neve, por exemplo),
é extremamente baixa, com pouca influência principalmente se comparada à irradiância direta.

2.2.2 Irradiância Solar ao Nível do Solo


Quanto maior a camada atmosférica a ser atravessada pelos raios solares (vide Figura 8),
menor será a irradiância solar ao nível do solo. É por esse motivo que no começo da manhã e
no final da tarde, a intensidade da radiação solar é muito menor que ao meio dia, quando o Sol
está “a pino”: a baixa elevação do Sol sobre a “abóbada celeste” (toda a semicircunferência do
céu) faz com que os raios solares atravessem uma “camada de massa atmosférica” (composta
pelos gases e vapor d’água) virtualmente muito mais extensa nos ‘extremos’ do dia.

Informação:
Sabemos, claro, que é a Terra que se move em torno do Sol. Mas
para analisar os efeitos da atmosfera terrestre sobre a radiação
solar incidente é interessante se referenciar a um ponto fixo
no solo, considerando o chamado “movimento aparente do Sol”,
durante o seu ‘percurso’ celeste sobre esse ponto de referência.

A elevação do Sol no céu ao meio dia é diferente nas diversas estações do ano; o Sol está
sempre mais elevado no céu durante os meses de verão, e sempre mais baixo durante os meses
de inverno. O responsável pelas estações do ano é o movimento de translação da Terra em
torno do Sol, que altera a posição das chamadas “rotas solares”, que são os semicírculos percor-
ridos pelo Sol durante o seu “movimento aparente” de deslocamento durante o dia.

Figura 9 - Representação das "Rotas Solares" e do posicionamento do Sol ao longo dos dias do ano - fonte: Green-
Pro

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O Sol Como Fonte de Energia

Quando a rota solar é mais elevada (no verão) a irradiância solar é mais intensa, duran-
te todo o dia, do que quando a rota solar é mais baixa (no inverno). Além disso, o Sol permane-
ce no horizonte por maior período, o que faz com os dias de verão tenham maior acúmulo de
energia térmica que os dias de inverno. Em localidades mais afastadas do equador essa diferença
de acúmulo de energia é mais notável do que nas localidades situadas próximas ao equador, em
especial aquelas dentro da chamada Zona Tropical (entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio).
2.2.2.1 A Janela Solar
Os dois limites de rota solar, respectivamente para o verão e para o inverno, determinam
a área chamada de “Janela Solar”, exibida na Figura 9, que é a área “percorrida” pelo Sol na sua
movimentação aparente. As localidades dentro da zona tropical têm a janela solar mais alta,
enquanto as localidade fora da zona tropical têm a janela solar mais baixa; o que nos leva à
conclusão que “quanto mais alta a janela solar, maior é o nível de radiação solar disponível na
localidade”.
É por isso que se diz que “os piores locais do Brasil tem tanto ou mais energia solar que
os melhores locais da Alemanha” (vide Figura 3).
2.2.3 Horas de Sol Pico
Com a irradiância solar menor nos extremos do dia (manhã e tarde) e muito maior du-
rante o meio dia solar e horas próximas, a distribuição da radiação solar, por posto horário, du-
rante o dia, se disposta em um gráfico, terá a forma de um “sino”, conforme mostra a Figura 10,
abaixo:
Irradiância – kW/m²

Radiação Solar Diária Total

Figura 10 - Gráfico da distribuição horária da radiação solar - fonte: CRESESB

No passado, quando eram utilizados somente os “heliógrafos”, que operam focalizando a


radiação solar sobre uma carta, feita de papel, escurecendo-a de acordo à irradiância, com
valores mínimos entre 100 W/m² e 200 W/m², somente eram consideradas, na análise da insola-
ção, as horas do dia em que a irradiância estava acima dessa faixa de valores. Eram as chama-
das “Horas de Sol Pleno”, geralmente entre 8 horas da manhã e cinco horas da tarde, em que
irradiância era suficiente para ‘colorir’ a carta.

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Figura 11 - Heliógrafo de Campbell-Stokes- fonte: wikimedia (commons.wikimedia.org)

Como a maior intensidade radiante (irradiância) ocorre ao meio dia solar e, aproxima-
damente, duas a três horas antes e depois, esse é o período chamado de “Horas de Sol Pico”;
quando temos o pico da atividade solar (tomando o ponto de captação como referência). Hoje
em dia, com o uso dos modernos sistemas de medição, com possibilidade de medir-se irradiân-
cias menores que 100 W/m², e obter-se valores horários de radiação solar, somente o nome
ficou, devido à sua popularização. Como os coletores solares (tanto os térmicos, quanto os fo-
tovoltaicos) são testados em laboratório utilizando-se um “simulador solar” que oferece uma
irradiância controlada de 1.000 W/m² (1 kW/m²), esse valor é utilizado como parâmetro para a
o (por assim dizer) “cálculo” das Horas de Sol Pico, simplesmente chamado de “HSP”. A equa-
ção abaixo demonstra esse cálculo:

𝒌𝑾𝒉/𝒎² ∗ 𝒅𝒊𝒂−𝟏
𝑯𝑺𝑷 =
𝟏 𝒌𝑾/𝒎𝟐
Onde:
HSP = Horas de Sol Pico – em horas
kWh/m²*dia-1 = radiação solar – em quilowatt hora por metro quadrado por dia
1 kW/m² = valor de referência para a radiação solar – em quilowatt por metro quadrado
O que a equação acima faz, é “reduzir” o valor da radiação solar diária a um valor “fic-
tício” de horas do dia em que a radiação solar seria máxima; os períodos em que a irradiância é
menor são “recortados e somados”, transformando o “gráfico em forma de sino” em um “gráfico
em forma de quadrado”, de forma a ‘facilitar os cálculos’ de dimensionamento de sistemas fo-
tovoltaicos.
2.2.4 Radiação Solar ao nível do Painel Fotovoltaico
É devido à variação de altura solar que os coletores solares (sejam térmicos ou fotovol-
taicos), quando instalados em solo, são geralmente dispostos de maneira inclinada, e com a sua
face (inclinada) direcionada para o equador: no hemisfério norte a “face inclinada” dos coleto-
res solares é voltada para o ponto cardeal Sul; no hemisfério sul a “face inclinada” é voltada
para o ponto cardeal Norte. Busca-se, assim, “maximizar” a captação da radiação solar no

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momento em que é mais intensa: ao meio dia solar, que é quando o Sol está exatamente sobre o
meridiano local, e a projeção dos raios solares se dá no “sentido norte-sul”.

Informação:
O meio dia solar é o momento em que o Sol está mais alto no
céu, atravessando a menor quantidade de massa atmosférica
nesse dia, em relação ao “ponto referencial” que é o coletor solar,
e a irradiância solar, nesse momento, é a maior do dia..

A quantidade de energia que um coletor solar consegue captar varia ao longo do dia, de
acordo à variação da irradiância solar, devido à posição do Sol em cada momento (e a quanti-
dade de massa atmosférica a ser atravessada pelos raios solares); mas também sofre influência
do chamado “ângulo de incidência”, que diz respeito ao ângulo formado entre os raios solares e
a “reta normal à superfície do coletor solar”. A Figura 12, abaixo, exibe os “ângulos notá-
veis” da “geometria solar”:

Figura 12 - Ângulos notáveis da geometria solar - fonte: CRESESB

Na Figura 12 é possível identificar os seguintes ângulos:

1 – Ângulo Azimutal do Sol (aS): é o ângulo entre a projeção do raio solar no plano ho-
rizontal e a direção Norte-Sul.

2 – Altura Solar (α): é o ângulo entre o raio solar e sua projeção sobre o plano horizon-
tal.
3 – Inclinação do Coletor Solar (β): é o ângulo entre o “plano da superfície do coletor
solar” e o “plano horizontal”.

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4 – Ângulo Azimutal de Superfície (aW): é o ângulo entre a “projeção da reta normal à


superfície (n)” do coletor solar sobre o “plano horizontal” e a direção Norte-Sul. O “desloca-
mento angular” começa no ponto cardeal Norte, sendo positivo no sentido horário, e negativo no
sentido anti-horário (-180º ≤ aW ≤ 180°). Assim, um desvio de 30° para Leste é positivo, e para
Oeste é negativo.
5 – Ângulo de Incidência (γ): é o ângulo formado entre os raios solares e “reta normal à
superfície (n)” do coletor solar.
Dentre todos os ângulos notáveis acima apresentados, o mais importante para a captação
da radiação solar direta é o ângulo de incidência, que é afetado pelos demais ângulos notá-
veis, e também pelo “ângulo horário do sol”, que é o deslocamento angular do Sol no sentido
Leste-Oeste, devido ao movimento de rotação da Terra, e referenciado no “meridiano local”. A
cada hora ocorre o deslocamento de 15° (totalizando 360° em 24 horas). Isso faz com que o ân-
gulo de incidência varie ao longo do dia, o que por sua vez influencia na captação da radiação
solar, conforme apresentado na equação abaixo:

𝑬 = 𝑨 ∗ 𝒕 ∗ (𝑰 ∗ 𝐜𝐨𝐬 𝜸)
Onde:
E = energia solar captada – em joule (J) ou watt hora (Wh);
A = área de captação – em metro quadrado (m²);
t = tempo de exposição – em segundos (s) ou horas (h);
I = irradiância solar – em watt por metro quadrado (W/m²)
cos (γ) = cosseno do ângulo de incidência
A irradiância solar é afetada pelo ângulo de incidência, pois quanto mais inclinado o
coletor solar estiver, mais reflexiva será a sua cobertura, diminuído a “irradiância relativa”
que a atravessa, diminuindo a quantidade de energia captada. Portanto, quanto mais “normal” (o
seja, direta) for a projeção dos raios solares sobre o coletor solar maior será a captação.
É esse o motivo da “orientação ideal” dos coletores solares (térmicos ou fotovoltaicos)
ser o ponto cardeal Norte (para o Hemisfério Sul) ou Sul (para o Hemisfério Norte); ao meio dia
solar, onde ocorre a maior irradiância solar do dia, com a face dos coletores solares voltadas
para o Sol, o ângulo de incidência tende a ser o menor, e a captação será maximizada.

2.2.5 Inclinação Ideal Para Coletores Solares Fotovoltaicos (Módulos)


A inclinação ideal é aquela que (considerando a orientação) proporciona, principalmente
ao meio dia solar, o menor ângulo de incidência possível. A “projeção ideal” (combinação de
inclinação e orientação) é sempre possível quando se instala os módulos fotovoltaicos no solo;
mas em instalações feitas em coberturas, principalmente telhados, que já possuem sua própria
projeção (inclinação e orientação), a situação fica mais complexa. Apesar de ser possível adota-
rem-se estruturas e modificações que permitam inclinar e orientar os módulos fotovoltaicos às
posições ideais, geralmente são soluções custosas ou arriscadas (se feitas de forma não profissio-
nal).

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O Sol Como Fonte de Energia

Figura 13 - Diferentes alturas do Sol ao meio dia solar (Oz é "ângulo zenital") - fonte: autor

Nos casos dos telhados inclinados, o que se faz é a avaliação da radiação solar incidente
no “plano de projeção” do telhado, e o dimensionamento ou análise de rendimento energético
do sistema fotovoltaicos com esses novos valores de energia. Para essa análise pode-se utilizar
diversas metodologias de cálculo desenvolvidas por renomados pesquisadores e instituições de
pesquisas, bem como softwares específicos de dimensionamento e análise de sistemas fotovol-
taicos. No Brasil, além dos softwares de dimensionamento mais conhecidos (PV-Syst; PV*Sol;
Solergo; Azul-Sol), os projetistas de sistemas fotovoltaicos utilizam duas metodologias, disponi-
bilizadas gratuitamente, em contrapartida aos altos custos dos softwares:

1 – Tabela de Fatores de Correção da Radiação para Superfícies Inclinadas


2 – Software de Análise Radiasol
2.2.5.1 Tabela de Fatores de Correção da Radiação para Superfícies Inclinadas
É um conjunto de tabelas desenvolvido pelo “Instituto de Desarollo e Arrojo Energéti-
co – IDAE” da Espanha (instituição similar ao CRESESB), baseado nos estudos do Prof. Norte-
americano Richard Perez (http://www.albany.edu/news/experts/8118.php), sobre a influência da
inclinação dos coletores solares na captação da energia solar. O conjunto de tabelas foi produzi-
do para o hemisfério norte (onde se localiza a Espanha), e posteriormente adaptado para o hemis-
fério Sul por Diego Rios e Ronilson di Souza.
As tabelas contém um conjunto de “fatores de rendimento” para cada mês do ano, que
consideram a latitude e a inclinação do arranjo fotovoltaico, e permitem o uso para “desvios
azimutais” de até 30°, para Leste ou Oeste. De acordo à latitude do local seleciona-se uma tabela
do conjunto; e de acordo à inclinação dada ao arranjo fotovoltaico, seleciona-se uma linha con-
tendo 12 valores, um para cada mês, que devem multiplicar o valor correspondente ao mês para a
radiação solar no plano horizontal, obtida do bando de dados (CRESESB/SUNDATA ou SWE-
RA).

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Figura 14 - Tabela para a latitude 23° do conjunto de fatores de correção da radiação para superfícies inclinadas do
IDAE – fonte: IDAE (www.idae.es)

O documento “Fatores de Correção da Radiação para Superfícies Inclinadas” está


disponível nos “Conteúdos Complementares” desta Unidade Didática, no “Campus Virtual da
BlueSol”.
2.2.5.2 Software de Análise Radiasol
O Radiasol, hoje em dia em sua segunda versão, foi desenvolvido pela equipe de alunos
e orientadores do “Laboratório de Energia Solar – LabSol” da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – UFRGS.
O Radiasol 1 possui, internamente, o banco de dados solarimétrico do “Atlas Solarimé-
trico do Brasil – CRESESB”, e o Radiasol 2 possui o banco de dados do “Atlas Brasileiro de
Energia Solar – SWERA”. Em uma interface simples, permite a seleção da localidade, exibindo
um mapa do Brasil onde se escolhe o estado, e posteriormente uma “localidade referência”; de-
pois é possível alterar valores de orientação e inclinação para o coletor solar, e o software reali-
za internamente os cálculos, exibindo gráficos e permitindo exportar-se a tabela de valores calcu-
lados. Também é possível (e recomendável) inserir localidades e valores de radiação solar novos,
expandindo o banco de dados interno do software.

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Figura 15 - Tela de seleção de localidade do Radiasol 2 - fonte: LABSOL (www.solar.ufrgs.br)

O Radiasol 2 é a última versão, e não há, atualmente, desenvolvimento de novas versões. O fun-
cionamento do software em sistemas operacionais mais recentes é problemático; somente “roda
bem” em “Microsoft Windows XP®”, e mesmo com ajustes, nos Windows® mais novos o seu
funcionamento é errático. A melhor forma de utilização do Radiasol 2, em computadores mais
modernos, é através de uma “máquina virtual”; procedimento que é explicado nos treinamentos
técnicos de Design e Projeto de SFCR. O Radiasol 2 pode ser baixado diretamente do site do
LABSOL, em: http://www.solar.ufrgs.br/#radiasol.

2.2.6 Equações para Inclinação Ideal


A vasta literatura técnica sobre o tema “Radiação Solar e o Sol como Fonte de Energia” reco-
menda, como ideal, a orientação da face inclinada dos coletores solares (térmicos ou fotovoltai-
cos) para o equador, e a inclinação ideal com valor próximo ao valor da latitude local.

Através da observação dos valores de radiação solar para superfícies inclinadas obtidos pelos
dois métodos citados acima, foi possível desenvolver duas equações empíricas (pelo método de
tentativa e erro) que se aproximam muito dos valores ideais de inclinação para arranjos fotovol-
taicos em cada tipo de sistema fotovoltaico: isolado ou conectado à rede.

2.2.6.1 Inclinação Ideal para Sistemas Fotovoltaicos Isolados


O típico sistema fotovoltaico isolado autônomo com armazenamento elétrico (ou energético)
depende somente da radiação solar como fonte primária de energia, o que significa risco de
“apagão” nos períodos em que a “disponibilidade solar” é mais baixa, o que ocorre geralmente
no inverno, quando o Sol está mais baixo (vide Figura 13). Assim, a inclinação ideal é maior,
focando o Sol mais baixo no horizonte, mantendo a face dos módulos fotovoltaicos mais “per-

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Introdução aos Sistemas Fotovoltaicos

pendiculares” aos raios solares, maximizando a irradiância direta, e captando mais energia du-
rante o meio dia solar e horas próximas dos dias em que a radiação solar é menor. Mesmo que
isso signifique pequenas perdas nos períodos em que a radiação solar é maior, como nos dias de
verão.

A equação abaixo calcula o valor aproximado da inclinação ideal para “desvios azimutais” de
no máximo 30° para Leste ou Oeste:

𝜷 = 𝝋 + (𝝋/𝟒) ou 𝜷 = 𝝋 ∗ 𝟏, 𝟐𝟓
onde:

β = inclinação em graus, em relação ao plano horizontal;

φ = Latitude da localidade em graus

O resultado desta equação é (25%) maior que o valor da latitude local, indo ao encontro do ‘sen-
so comum’ da literatura técnica comum.

2.2.6.2 Inclinação Ideal para Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede


Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede tem a função de “gerar economia” de energia e
“auxiliar a rede pública de distribuição de energia elétrica”. Como os SFCR’s são sempre se-
cundários, ou seja, a rede é o “gerador principal”, o cuidado aqui é gerar os maiores valores ao
longo do ano. Assim, o mais importante é tentar obter a maior média anual de radiação solar
quando se “inclina e orienta” o arranjo fotovoltaico; não sendo necessário privilegiar os perío-
dos de “Sol mais baixo”. A equação abaixo permite calcular-se um valor aproximado de inclina-
ção ideal do arranjo fotovoltaico de um SFCR, considerando o “desvio azimutal” máximo de
30° para Leste ou Oeste:

𝜷 = 𝟑, 𝟕 + (𝟎, 𝟔𝟗 ∗ 𝝋)
onde:

β = inclinação em graus, em relação ao plano horizontal;

φ = Latitude da localidade em graus

3,7 e 0,69 = constantes de cálculo

O resultado dessa equação é, na grande maioria das vezes, menor que a latitude local, de forma a
‘apontar’ a face do arranjo fotovoltaico para o meio da janela solar.

Embora seja crítico para sistemas fotovoltaicos isolados, a “projeção da face do arranjo fotovol-
taico” fora do ideal não é tão nociva para os SFCR’s; a radiação solar equivalente será menor,
mas a geração, na grande maioria das vezes, é mais que suficiente para trazer a economia finan-
ceira pretendida por quem investe nesse tipo de gerador.

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O Sol Como Fonte de Energia

3 Bibliografia
GREENPRO. Energia Fotovoltaica: Manual de Tecnologias, Projecto e Instalação. Dis-
ponível em: http://greenpro.de/po/fotovoltaico.pdf. 2004
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ca Sérgio de Salvo Brito. Grupo de Trabalho de energia Solar. Manual de Engenharia para
Sistemas Fotovoltaicos - 2014. Disponível em: http://bit.ly/MESFV2014
- Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos - 2004. Disponível em:
http://bit.ly/MESFV2014
TIBA, Chigeru. et al. Atlas Solarimétrico do Brasil: Banco de Dados Solarimétricos.
Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2000. Disponível em: http://bit.ly/Atlas2000
PEREIRA, Enio bueno; RÜTHER, Ricardo; et al. Atlas Brasileiro de Energia Solar.
São José dos Campos: INPE, 2006. Disponível em: http://bit.ly/Atlas2006

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