Você está na página 1de 15

PROJETO ARQUITETÔNICO

AULA 2

Prof. Felipe Trad


CONVERSA INICIAL

Trabalharemos cinco temas nesta aula, os quais abordarão pontos


importantes que devem ser observados quando formos construir um
planejamento para o projeto arquitetônico.

• Levantamento de dados;
• Topografia;
• Programa de necessidades;
• Fluxograma;
• Grandes nomes.

TEMA 1 – LEVANTAMENTO DE DADOS

O levantamento de dados consiste, basicamente, em pontuar as


condicionantes externas e internas do terreno. Olhar para fora do terreno é
importante para coletar informações e compreender as opções disponíveis para
prever acessos de pessoas e automóveis ao lote.

1.1 Fluxo viário

• Direção das vias;


• Tráfego das vias;
• Vagas.

1.2 Orientação

• Norte – N – raio solar direto;


• Sul – S – iluminação sem raio direto;
• Leste – L – nasce o Sol e vento;
• Oeste – O – pôr-do-sol;
• Noroeste – NO – vento predominante.

Cada orientação tem uma característica que deve ser considerada. Essa
análise é feita para proporcionar conforto térmico à edificação. Consideraremos
dados técnicos de Curitiba, capital do Paraná, mas é importante lembrar que
orientações têm variáveis distintas em outras locais do mundo.

2
Começando pelo Norte (N), com grande incidência de raios solares
diretos, a fachada recebe muita iluminação e calor, já a face virada para o Sul
(S) não recebe calor, mas tem alta qualidade de iluminação. Ao nascer e ao se
pôr, o Sol está baixo, o que permite que seus raios adentrem nas edificações; e
Leste (L), além do nascer do Sol, há quantidade de vento expressiva
predominante da orientação Noroeste (NO).

Figura 1 – Orientação

Fonte: Felipe Trad, 2020.

1.3 Pontos de ônibus e restaurantes

Pontos de ônibus próximos são interessantes ao terreno que é local de


um edifício comercial, especialmente por permitir um grande fluxo de pessoas
entre proprietários, funcionários e clientes. Um entorno com restaurantes,
lanchonetes etc., por exemplo, também é um ponto estratégico por atrair
pessoas.

TEMA 2 – TOPOGRAFIA

Esta tem a finalidade de mapear pequenas porções de terra,


dimensionando, determinando contornos e posição relativa na superfície
3
terrestre. Não leva em conta a curvatura terrestre por se restringir a pequenas
aéreas. A palavra “topografia” provém do grego topos (“lugar”) e graphen
(“descrever”), o que significa descrição de lugar. A topografia é a base para se
realizar qualquer obra. Com os dados referentes ao solo, pode-se garantir para
a obra implantada no espaço de terra mais economia, beleza e segurança.
O processo de levantamento topográfico clássico é feito em três passos,
a coleta de dados em campo, cálculos e o desenho da planta topográfica. Esse
levantamento é dividido em planimétrico e altimétrico, os quais juntos formam a
topometria.
O levantamento topográfico planimétrico é responsável por identificar as
características no plano horizontal, ângulos, delimitações, superfícies naturais
ou não e as distâncias horizontais dos elementos.
Já o levantamento topográfico altimétrico define os relevos do terreno por
meio da medição das diferentes alturas da porção de terra.

Figura 2 – Topografia

Fonte: Felipe Trad, 2020.

Na Figura 2, temos a modulagem 3D de um terreno com montanhas


baixas, feita para finalidade de estudo. Nele, você poderá observar como
funcionam as curvas de nível; com as secções feitas de cinco em cinco metros,
é possível também ter noção da altura das montanhas.

4
Figura 3 – Relevo

Fonte: Felipe Trad, 2020.

A representação do relevo em uma carta topográfica é feita por meio das


curvas de nível, que são cortes horizontais feitos com a mesma distância entre
si. Logo, a identificação de curvas distantes na representação planificada
significa que o relevo não é tão íngreme quanto as curvas que aparecem mais
próximas. Os cumes de montanhas são as partes mais internas do conjunto de
anéis.

Figura 4 – Curvas de nível

Fonte: Felipe Trad, 2020.

5
Podemos ver na imagem anterior que os números junto às curvas de nível
indicam a altura que cada curva está em ralação ao mar. Para efeito de estudo,
o nível zero foi considerado na parte mais baixa do terreno, onde está situado o
rio. Com base nas curvas de nível, podemos construir o mapa hipsométrico.

Figura 5 – Mapa hipsométrico

Fonte: Felipe Trad, 2020.

Mapa hipsométrico é o documento que apresenta os relevos em sua


configuração através das cores. Assim como no mapa de curvas de nível, as
secções são feitas horizontalmente com determinadas distâncias. Podemos
perceber que as cores são marcadas entre as curvas de nível. Na anterior,
podemos ver que, representado pela cor azul e no nível mais baixo do terreno,
temos um rio que sobe até o ponto mais alto do morro, chegando na cor bordô.

Figura 6 – Mapa

Fonte: Felipe Trad, 2020.

6
Para demonstrar a precisão das curvas de nível como importante objeto
de estudo, ao traçar o perfil de corte no terreno, planificá-lo e ligar as curvas
conforme as alturas, temos uma forma bastante próxima ao perfil real. Levando
em conta que apenas oito secções horizontais foram feitas no terreno, para
construir um mapa mais preciso, é necessário aumentar o número de secções,
logo, diminuir as distâncias entre elas. Ferramentas usadas para o levantamento:

• Teodolitos;
• Régua;
• Drones.

TEMA 3 – PROGRAMA DE NECESSIDADES

Tipo de edificação: casa, apartamento residencial, comercial, loja, escola,


hospital entre outras. Quando juntamos as informações, podemos começar a
criar estudos.
Para exemplificar, vamos imaginar o seguinte: criamos uma lista simples
de necessidades para um projeto pequeno, com informações pessoais dos
moradores, quantas pessoas vão morar no local, idade, o que querem, o que
gostam e de que forma.
Temos um casal de clientes que gostaria de construir uma casa onde vão
morar o casal e sua filha de 13 anos. Eles têm dois carros, duas motos, querem
uma piscina, gostam de fazer festas em casa com amigos e família, churrascos
e também gostam de cozinhar. A princípio, querem a cozinha integrada com o
estar social, mas preservam a intimidade.

3.1 Setorização

O estudo da setorização é feito para agruparmos os ambientes e formar


os setores do projeto, seu tamanho e local quanto à importância para o cliente,
respeitando o nível de intimidade da família. Seguindo o estudo de setorização,
esta fica da seguinte maneira:

7
Figura 7 – Setorização

Fonte: Felipe Trad, 2020.

Como primeiro pedido no briefing com o cliente, temos a piscina e, logo


após, a informação de que o casal gosta de reunir pessoas em casa. Por esse
motivo, a piscina foi planejada com a intenção de estar integrada à
churrasqueira.
Pelo perfil apresentado dos clientes, eles terão muitas pessoas diferentes
em sua casa e, como prezam pela privacidade e têm uma filha pequena,
automaticamente o setor íntimo se projeta ao fundo do terreno. Integrada à
churrasqueira, a cozinha se alonga para a frente da casa. Como é uma área
quente, a melhor orientação é para o Sul, por ter boa iluminação natural sem raio
solar direto. A garagem, pela sua localização, permite que as motos fiquem
estacionadas na direção da piscina para que elas fiquem em evidência, visto que
o casal gosta delas.

3.2 Planta de estudo

Terminada a setorização, vamos para a planta de estudo. Com ela, vamos


projetar a melhor disposição possível para os ambientes dentro das informações
já obtidas.

8
Figura 8 – Planta de estudo

Fonte: Felipe Trad, 2020.

Podemos ver agora que temos um estudo de planta baixa com os


ambientes devidamente posicionados, sala de estar social, jantar e cozinhas
integradas. Logo na continuação da cozinha, temos a churrasqueira entre a sala
de jantar e a piscina. Estas são as áreas sociais, com níveis de intimidade
diferentes. A área íntima foi dividida em quarto do casal, da filha, um de visita e
estar íntimo. O estar íntimo pode ser uma sala de TV bastante confortável para
as pessoas que moram na casa ou convidados especiais. Foram propostos dois
banheiros com chuveiro (BWC), um para a os moradores na área íntima e outro
perto da piscina com um banheiro social, além de uma instalação sanitária dentro
da casa.

9
3.3 Estudo de fluxo

Figura 9 – Estudo de fluxo

Fonte: Felipe Trad, 2020.

Por meio deste estudo, podemos ver que a casa tem um fluxo bem
marcado de pessoas que a atravessam, e o nível de intimidade é determinado
pela profundidade a que a visita chega. Para pessoas pouco conhecidas, é
oferecido o estar social para uma troca de conversa, talvez um café. O nível
amarelo é o segundo grau de intimidade, no qual as pessoas vão até a cozinha
se alimentar etc. Já a piscina é a área de alta intimidade, local onde pessoas
próximas fazem festas e churrascos, sendo uma área destinada restritamente às
pessoas da casa e convidados especiais.

10
3.4 Implantação

Figura 10 – Implantação

Fonte: Felipe Trad, 2020.

• Acessibilidade;
• Escada de emergência;
• Saídas de emergência;
• Escada enclausurada.

TEMA 4 – FLUXOGRAMA

O fluxograma é a ferramenta esquemática usada para definição de fluxos,


um diagrama que se organiza de forma simples a fim de transmitir a informação
de maneira fácil e rápida. Em um projeto arquitetônico, o fluxograma vai
determinar a ordem dos setores pelos quais as pessoas vão passar para chegar
a outros locais.
Em um hospital, por exemplo, o fluxograma é bastante complexo pela
separação entre os profissionais da saúde, clientes e entrada de material, sendo

11
que esse acesso próprio para o recebimento de materiais normalmente funciona
com ambientes vinculados para higienização, organização e segurança. O
acesso exclusivo de ambulância deve ser próximo a salas de cirurgia
emergencial. Além disso, a área de manobra da ambulância é restrita para este
uso, portanto, deve estar sempre liberada, afinal, é para atender emergências.
Em restaurantes, a entrada do cliente é restrita ao hall, bar, mesas e
instalações sanitárias. Já os funcionários têm acesso às áreas de serviço.
Ademais, a entrada de alimentos deve ser feita por um acesso exclusivo onde
são higienizados antes de serem levados à cozinha. Para demonstrar o
funcionamento, será montado um fluxograma para o programa de necessidades
exemplificado no tema Levantamento de dados.
O fluxograma abaixo é referente ao estudo da casa que realizamos
anteriormente. Nele, podemos ver como o fluxograma funciona. Nesse
fluxograma, não foram englobados circulações, banheiros ou instalações
sanitárias, para que o foco fosse nos espaços principais, os ambientes da casa
e como estão ligados. Podemos ver pelo fluxograma que a casa se divide em
dois grandes módulos: o social, que engloba estar social, jantar, cozinha,
churrasqueira, lavanderia e área externa e o modulo íntimo, com os ambientes
estar íntimo e os quartos da casa. Se levamos em conta que um morador da
casa chega de carro e deseja ir até o quarto de casal passando pelo menor
número de ambientes possível, ao deixar o carro na garagem ele pode tomar o
caminho pela área externa diretamente para o estar íntimo e, assim, acessar o
quarto do casal. Se, por acaso, o acesso da área externa para o quarto estiver
aberto, será ainda mais prático.

12
Figura 11 – Fluxograma

Agora, imagine que uma visita chega a pé e a família e amigos estão


reunidos na piscina. No entanto, essa pessoa deve usar o caminho dentro da
casa, logo, a sequência de ambientes a ser percorrida será esta: primeiramente
passando pelo estar social, depois ao lado da cozinha e da sala de jantar, indo
diretamente à churrasqueira, acessando, assim, a área externa para chegar até
seu destino: a piscina.

TEMA 5 – GRANDES NOMES E INFLUENCIADORES

O profissional escolhido para o fechamento desta aula é um arquiteto


muito reconhecido no mundo todo, com obras em vários países, inclusive
prêmios como o Prêmio Pritzker, em 1999, maior premiação para Arquitetura:
Norman Robert Foster:

• Nascido em 1935 em Stockport, Inglaterra;


• Arquiteto;
• Movimento Contemporâneo;
• Meio ambiente.

13
Figura 12 – Norman Robert Foster

Créditos: PRES PANAYOTOV/Shutterstock.

FINALIZANDO

Ao fim desta aula, podemos compreender a importância do levantamento


de dados para construção de um projeto sólido, atendendo sempre às
necessidades dos clientes junto à resolução das condicionantes que, se bem
trabalhadas, podem se tornar aliadas para um melhor projetar em vez de serem
apenas resolvidas. A importância dos estudos relacionados às necessidades e
problemas a serem resolvidos também ficou bastante clara.

14
REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 6492: Representação


de projetos de arquitetura. Rio de janeiro, 1994.

CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto alegre:


Bookman, 2014.

FRÓES, V. N. Topografia básica. PUC-GO, Goiás, 2009.

SILVA, M. Fluxograma. Uberlândia, 2013. Disponível em: <http://files.meg-


silva9.webnode.com/200000004-66861677f7/FLUXOGRAMA.pdf>. Acesso em:
22 fev. 2021.

TAMASHIRO, H. A. Desenho técnico arquitetônico: constatação atual nas


escolas brasileiras de arquitetura e urbanismo. São Carlos, 2003.

VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de


Topografia. Curitiba: UFPR, 2012.

15

Você também pode gostar