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Miriam Gurgel

Projetando espaços:

design de interiores

6ª edição

Editora Senac São Paulo - São Paulo - 2020


Sumário

Nota do editor
Prefácio
Introdução
1. Projetando o espaço
2. Design” e seus seis elementos
3. Definindo o caráter, a atmosfera e o estilo da composição
4. Um pouco de história
5. Componentes arquitetônicos dos ambientes
6. Ergonometria
7. Ambientes
8. Valorizando o projeto
9. O projeto no papel
Bibliografia
Índice geral
Nota do editor

Projetando espaços: design de interiores


Prefácio
Introdução

background

A pesquisa é a maior aliada de um projeto criativo e


interessante. Sem ela, o resultado é previsível e limitado ao
que conhecemos. Somente a pesquisa abre as portas ao
novo.
1. Projetando o espaço

O vazio, a ausência, também é parte


essencial do projeto.

PRIMEIRA ETAPA: DEFINIR O BRIEFING OU PERFIL DO


CLIENTE

Não existe “o que” se não houver “para quem”

hobbies
Priorize as necessidades de cada pessoa, de modo a garantir
que futuros ajustes no projeto, se necessários, sigam
corretamente a expectativa do cliente.

Entender cada um dos envolvidos, a finalidade dos ambientes


e as características existentes no espaço físico destinado a
cada finalidade é o ponto-chave e o primeiro passo num bom
projeto de design de interiores.

hobbies

É aconselhável consultar o cliente após a elaboração do


briefing. Verificar os pontos do projeto antes de cobiçá-lo
pode economizar tempo.

FIG. 1 – Anotações feitas durante entrevista foram utilizadas na


redação do briefing.

SEGUNDA ETAPA: ESTUDAR O LOCAL

in loco
FIG. 2 – Exemplo de informações coletadas in loco.
O processo de criação começa realmente após a definição
de “O que”, “Para quem” e “Onde”. As soluções serão infinitas,
portanto a existência de um briefing nos fornecerá diretrizes,
nos manterá nos trilhos e organizará o projeto.

TERCEIRA ETAPA: JUNTAR OS DADOS

QUARTA ETAPA: DESIGN OU O PROCESSO CRIATIVO


Das coisas nascem coisas

FIG. 3 – O processo de criação é complexo e deve ser


desmembrado em pequenos subprojetos. Esse é o segredo de um
resultado funcional, interessante e que atenda a todas as
necessidades do cliente.
QUINTA ETAPA: A SOLUÇÃO DEFINITIVA OU O PROJETO
EXECUTIVO
SEXTA ETAPA: EXECUÇÃO
2. Design” e seus seis
elementos
Design não é desenho, mas o desenho faz parte do design. O design relacio-
nado a artes, podemos dizer, é um processo criativo que utiliza espaço, forma,
linhas, texturas, padronagens, bem como luz e cor para solucionar problemas e
atingir metas específicas.
Nesse processo criativo, devemos considerar princípios básicos como
equilíbrio, ritmo, harmonia, unidade, escala e proporção, contraste, ênfase e
variedade.
O resultado projetual final será fortemente influenciado por sua função,
pelos materiais utilizados com suas características próprias, pela tecnologia
disponível e, ainda, por um fator novo: a preocupação com a ecologia e a
sustentabilidade. A tecnologia é a responsável pela criação, aplicação e
utilização de diferentes materiais e processos construtivos, possibilitando
soluções diferentes e até mesmo inusitadas.

Considero como primeiro passo para um bom design nossa capacidade de


alterar paradigmas, conceitos e preconceitos, mantendo a mente aberta a
soluções desconhecidas e inovadoras.

O primeiro exercício que faço com meus alunos de design é pedir-lhes que
desenhem um croqui de uma mesa para refeições. Posso dizer que 90%
desenham uma mesa alta com quatro pernas. Na realidade o que eles
desenham é uma ideia preconcebida de mesa, segundo suas culturas e
experiências particulares.
A questão é que uma mesa para refeições pode ter inúmeras interpretações,
dependendo do usuário. Por exemplo, se nosso cliente imaginário fosse
japonês, ele poderia dizer que uma mesa alta seria totalmente inadequada.

Portanto, lembre-se:
Design não é sobre “sua” ideia ou “seu” conceito
preestabelecido sobre as coisas. Design é sobre
necessidades e soluções criativas e apropriadas para elas.

1. ESPAÇO

O “espaço” ao qual me refiro poderá ser o de um ambiente ou aquele dentro


de uma gaveta – se o projeto a ser realizado for o design de uma gaveta
especialmente criada para guardar um faqueiro de prata – ou, ainda, por
exemplo, o vão de um armário para guardar malhas ou casacos.
Se não formos capazes de levantar corretamente as diferentes necessidades
de cada ambiente, família, indivíduo como ser único e complexo, profissão e,
por fim, atividade que será realizada no espaço a ser criado, não chegaremos
nem perto de um bom projeto.

A coleta de informações físicas e emocionais relevantes a um projeto é, sem


dúvida, uma das partes mais importantes. Ela nos ajudará a alcançar nossos
objetivos de maneira organizada, poupando tempo e mantendo o projeto na
direção certa.

Costumo dizer que pequenos espaços e grandes ambientes são dois


extremos difíceis de lidar.

O ambiente pequeno requer bastante flexibilidade na solução projetual.


Podemos dizer que muitas vezes temos de agir como verdadeiros mágicos para
adaptar um espaço muito restrito a todas as atividades e materiais que ali
devem ser organizados.

FIG. 4 – Espaços amplos necessitam de especial atenção para que


não fiquem impessoais ou com atmosfera de loja de móveis.

Um espaço muito grande corre o risco de se tornar impessoal. Uso sempre


como exemplo áreas de espera de aeroportos ou showrooms de lojas. Se não
tomarmos cuidado, o projeto poderá se assemelhar a esses ambientes, numa
total falta de traços pessoais. Entretanto, se esse for o objetivo do projeto, nada
mais correto do que seguir esse exemplo!

Podemos utilizar nossa criatividade para alterar a sensação espacial de um


ambiente, bem como para estimular determinada reação.
Nada deve ser por acaso quando nos referimos a design. O
designer de interiores deve utilizar conscientemente as
ferramentas disponíveis para atingir um objetivo claro e
específico.

2. FORMA E CONTORNO

A forma dos objetos, das paredes, do espaço e seu contorno estão


interligados. Enquanto a forma pode ser bidimensional ou tridimensional, o
contorno sempre será “chapado”, ou seja, bidimensional.
FIG. 5 – A representação em “planta” deste projeto mostra o
contorno dos móveis e objetos. A perspectiva, entretanto, mostra
a forma.

A forma e/ou contorno retos, angulares ou curvos adicionarão ao projeto


as mesmas características que linhas retas, oblíquas e curvas proporcionariam,
já que serão formadas por elas.
3. LINHAS

Nossos olhos inconscientemente seguirão a orientação das


linhas de um projeto. O modo e o tipo de linha num projeto
adicionarão diferentes características a ele.

FIG. 6 – Linhas verticais criadas pelas janelas, pilar e pedestal


predominam, acrescentando “austeridade” ao jardim interno.

A linha reta, por exemplo, é mais direta e masculina. A horizontal ajuda a


relaxar, a conferir uma característica mais calma e tranquila. A vertical pode
alongar e sofisticar o clima da composição.

A linha quebrada está relacionada a um efeito menos estável e mais


intranquilo. Está ligada ao movimento, conferindo uma característica mais
dinâmica ao ambiente. Deve, entretanto, ser utilizada com ressalvas, já que
pode adicionar um componente inquietante à composição.
A curva proporciona maior suavidade e feminilidade onde for aplicada.

FIG. 7 – A linha horizontal criada pela prateleira procurou


“abaixar” o pé-direito alto criado pela linha inclinada do teto.
Bordas arredondadas nas pranchas e complementos também
arredondados buscam quebrar a masculinidade e rigidez das
linhas retas.

4. TEXTURAS E PADRONAGENS

Mais do que servir como complemento para o “estilo” do projeto, as


texturas e padronagens possuem propriedades e características fundamentais
num projeto.

TEXTURAS

Lisas ou brilhantes refletirão mais o som e o calor, ao mesmo tempo que


são de fácil manutenção. As cores dos materiais parecerão mais intensas, e os
objetos e as superfícies onde forem aplicadas parecerão mais próximos do
observador.

As texturas brilhantes, caso sejam utilizadas em demasia, podem deixar um


projeto muito estimulante e, consequentemente, irritante e nem um pouco
relaxante.

Texturas rústicas, ásperas ou opacas absorverão mais o som e o calor


incidente e terão uma manutenção um pouco mais difícil. As cores das
superfícies serão mais suaves, e os objetos e superfícies parecerão mais
distantes.
Usadas em demasia podem criar uma solução “pesada”. É aconselhável
sempre procurar balancear a composição, quer por meio de cores e de
iluminação, quer por qualquer outro elemento do design.
Estão presentes em cada um dos materiais selecionados
para um projeto, o que faz da escolha correta uma tarefa
complexa que vai muito além do “gosto” ou “modismo”.
Algumas texturas estão diretamente vinculadas a determinado estilo, época
ou mesmo a uma sensação específica. Podemos dizer que algumas são mais
contemporâneas ou com um “appeal” mais moderno, como o aço, o vidro e o
brilho. Já o cristal, o veludo ou a seda podem nos remeter a uma época
histórica. Superfícies rústicas como terracota, pedras, caiação ou ferro, no
entanto, poderão nos lembrar campo e fazenda.
Portanto, o tipo de textura a ser utilizado será o que melhor
atender às características das atividades que serão
desenvolvidas em cada ambiente, bem como ao estilo
escolhido para o projeto.
FOTO 1 – Exemplo de texturas.

Padronagem bidimensional

Trata-se de um componente visual do projeto, portanto ligada diretamente


às sensações. Pode ser linear, floral, temática, geométrica, etc., porém sempre
será impressa, estampada ou pintada sobre uma superfície.
FOTO 2 – Alguns tipos de padronagens encontradas em
diferentes materiais aplicados num projeto de design de
interiores.

A escolha da padronagem poderá variar segundo o tamanho do ambiente,


do móvel ou do complemento onde será aplicada.

Padronagens pequenas afastam as superfícies; as grandes aproximam a


superfície do observador.

Um piso de mosaico de vidro poderá compor melhor um ambiente


pequeno, como um lavabo, ampliando o espaço destinado a ele. Já grandes
azulejos ficarão mais bem proporcionados em amplos ambientes.

Um tecido com estampa grande terá mais chance de sucesso se aplicado


num sofá do que no acento de uma cadeira.
Cuidado para não extrapolar na variedade de padronagens
num mesmo ambiente, pois o resultado poderá ser
inquietante ou até mesmo irritante. O oposto também poderá
ser problemático, com um resultado previsível e sem graça.
Padronagens e texturas se complementam.
FIG. 8 – Aplicação de padronagem na cortina, na parede ou na
cortina e parede altera completamente o resultado da
composição.

5. LUZ

Para mim, a iluminação é um dos mais interessantes elementos de um


projeto, pois, como as cores, pode atuar na emoção, na psique, no humor, no
estado de espírito. Pode alterar a atmosfera de um ambiente pelo simples
toque no interruptor. O importante num projeto de iluminação é que ele seja
funcional, prático, criativo e flexível. Deve ajudar o designer a proporcionar
flexibilidade aos espaços, ou seja, por meio de diferentes comandos
(computadorizados ou não) deve ser possível, por exemplo, a um ambiente
transformar-se de sala aconchegante e intimista a área ideal para recepções.
Lembre-se de que não podemos pensar “luz” e “cor”
separadamente, pois elas interagem sempre. A incidência de
luz modificará uma tonalidade, assim como diferentes cores
refletirão também a luz incidente sobre elas de modo
distinto.
Tenha em mente que os projetos sempre terão dois tipos de percepção:
uma diurna, onde quase tudo pode ser “visto” sob luz natural; e uma noturna,
onde os ambientes se transformam cada vez que uma lâmpada é acesa.

Modismos surgem e desaparecem, e podemos segui-los ou ignorá-los. No


caso da iluminação, não é diferente. Minha sugestão é sempre a mesma: siga os
modismos que achar interessantes, mas nunca abra mão de uma iluminação
eficaz para tarefas essenciais do dia a dia.

Neste livro, tratarei da iluminação mais como “criadora de cenários” e


menos da parte técnica, amplamente discutida em meus dois primeiros livros.
[1]
A luz num projeto de interiores deve ser considerada como
num teatro, num show, onde gera sensações ao simples
comando do interruptor e como componente indispensável à
funcionalidade de um ambiente.

Luz natural

Num mundo em que os problemas relacionados a energia são cada vez


maiores, a utilização de luz natural é um importante fator a ser considerado e
explorado. Utilizá-la ao máximo num projeto tornou-se “politicamente
correto” num mundo globalizado.

A luz natural apresenta particularidades, e o designer de interiores deve


estar atento a elas para usá-las a seu favor.
Durante a manhã, a luz do sol é mais amarelada, portanto vai alterar a cor
das superfícies, adicionando uma porcentagem extra de cor amarela onde
incidir.

Ao entardecer, a mesma luz do sol se torna mais alaranjada, mais


avermelhada, alterando também a cor das superfícies e dos revestimentos.
Para permitir que a luz entre nos ambientes e não provoque reflexos, as
superfícies onde haja incidência direta da luz devem ser menos brilhantes, ou
seja, mais opacas.
Materiais e revestimentos em tons claros serão mais propensos a refletir a
luz do dia e aquecerão menos, caso o sol incida diretamente sobre eles.
Fundamental num projeto, a entrada da luz natural é evitada
propositalmente em alguns shopping centers, para que os
consumidores percam a noção de tempo!
Em tempos de utilização de soluções de baixo consumo energético, a
exemplo da aplicação de princípios do design passivo para aumentar a
sensação de conforto ambiental, a iluminação natural é um dos mais
importantes elementos, pois deve ser considerada não somente como fonte de
luz mas também como fonte de calor. No livro Design passivo, baixo consumo
energético, explico como é importante considerar que o raio de sol, além de
aumentar a quantidade de iluminação no ambiente, também transmite calor às
superfícies nas quais incide. Assim sendo, ele pode ser utilizado como fonte de
aquecimento no inverno, e sua incidência em superfícies que se aquecem
facilmente deve ser evitada no verão.

Os materiais que absorvem o calor do sol são conhecidos como materiais


com massa térmica, e os profissionais da área de design de interiores devem
conhecer esses materiais para poder recomendá-los ou evitá-los, conforme a
necessidade dos ambientes.
A iluminação natural é saudável e necessária. Com o desenvolvimento
tecnológico, podemos encontrar, no mercado, diversos recursos para
aumentar a área de captação de luz natural, como claraboias, janelas que
podem ser instaladas diretamente no telhado, etc. Somente a pesquisa e a visita
a feiras de materiais poderão dar aos profissionais o conhecimento necessário
sobre as novas opções que podem ser utilizadas nas reformas ou construções.

Luz artificial
A busca por novas fontes luminosas vem se constituindo em uma das
importantes pesquisas num projeto de interiores. Isto ocorre dada a
necessidade de encontrarmos soluções energéticas mais viáveis e sustentáveis.
O consumo energético passou a ser uma preocupação global fundamental e
particularmente indispensável num projeto de interiores. Se não pesquisamos,
não sabemos o que temos à nossa disposição, quais as novidades que permitem
que um projeto possa se diferenciar de outros.
As lâmpadas incandescentes já passaram a fazer parte de um passado em
que não havia preocupação com consumo energético. Já estão sendo quase
totalmente substituídas por lâmpadas menores e cada vez mais eficientes.
As luminárias também estão evoluindo de forma expressiva, o que acentua
ainda mais nossa necessidade de pesquisa e atualização. E é constante o
crescimento do espaço conquistado pelas lâmpadas LED e pela fibra ótica, que,
cada vez mais, são utilizadas nos projetos.
Como ferramenta de projeto, a luz pode ser utilizada para aumentar a
funcionalidade de um ambiente ou, ainda, manipular as emoções.
Um projeto correto, atual, deverá ser também flexível. Na iluminação, a
flexibilidade será expressa pelas diferentes atmosferas que poderemos criar,
utilizando diversas fontes luminosas.
Portanto, quando trato de “iluminação”, refiro-me a:

tipo de luz (natural ou artificial);


tipo de iluminação (geral, de efeito, de tarefa ou decorativa);
tipo de lâmpada (incandescente, halógena, fluorescente, LED, vapor de
mercúrio, fibra ótica, etc.);
tipo de facho luminoso (direto, indireto, difuso);
tipo de luminária ou fontes luminosas (pendentes, plafons, abajures,
spots, etc.);
estilo da luminária (clássica, art nouveau, contemporânea, moderna,
etc.).

A correta escolha e a combinação desses aspectos da


iluminação poderá resultar no sucesso ou no fracasso do
projeto.
FIG. 9 – Planta e perspectiva mostram a iluminação de um home
office. Ventilador central e iluminação de efeito com comandos
em paralelo, abajur, arandela e iluminação de tarefa sobre a mesa
de trabalho com acionamentos independentes.

Iluminando diferentes ambientes


Para cada tipo de espaço, devem ser propostas soluções diferentes de
iluminação, pois para cada tarefa ou atividade desenvolvida no espaço uma
solução será mais apropriada.
Há sempre uma novidade no que se refere a lâmpadas e luminárias. A
pesquisa nessa área será imprescindível, já que é impossível manter uma lista
atualizada das criações dessa indústria.
Visite os sites http://www.gelampadas.com.br, http://www.br.osram.info
e http://www.luz.philips.com, para saber dos novos lançamentos.

Sugestão para uso residencial


Plafons são excelentes para proporcionar iluminação geral difusa. Podem
praticamente “desaparecer” no ambiente, se utilizados quase que na mesma cor
da pintura do teto. São bem-vindos em qualquer ambiente e podem receber
diferentes tipos de lâmpadas. Não são recomendados como única fonte de
iluminação em ambientes com paredes em tons escuros, pois essas cores não
refletirão adequadamente a luz.
Pendentes são uma opção mais “aparente” do que os plafons. Poderão
também “quase” desaparecer se forem da mesma cor da pintura do teto ou
ainda podem ser transformados em centros de interesse, caso sejam de um
modelo particular. Nesse caso, procure evitar concorrência entre o lustre e
outras peças no mesmo ambiente. Por exemplo, numa sala de jantar, um lustre
expressivo não deve concorrer com uma mesa de jantar e cadeiras também
expressivas. Caso isso aconteça, o ambiente poderá tornar-se “carregado” ou
mesmo “congestionado”.
FIG. 10 – Plafons podem ser encontrados em vários tipos de
materiais e formas.

FIG. 11 – Lustres pendentes em alguns dos inúmeros modelos


existentes no mercado. Cada um deles produz uma forma
diferente de facho luminoso.

Os pendentes propiciam diferentes tipos de foco luminoso dependendo do


modelo escolhido.
Com foco voltado para o teto, são excelentes quando o ambiente tem
paredes escuras e teto claro. Utilizar o teto como um grande refletor é a
maneira mais correta de aumentar a quantidade de luz nesse ambiente. Essa
solução também é aconselhável para aumentar “ilusoriamente” a altura de um
ambiente muito baixo.
Ambientes com pé-direito muito alto podem receber muito bem um
pendente com foco de luz direcionada para baixo. O teto permanecerá sempre
mais escuro diminuindo ilusoriamente a altura do pé-direito e aconchegando
um pouco mais o local.
Pendentes com luz difusa são excelentes fontes de luz geral, pois utilizarão
não só as paredes, mas também todo o teto como refletor.
Spots externos não são tão populares como foram nos anos 1980,
entretanto, são uma solução mais econômica quando é preciso adicionar mais
fontes de luz num ambiente com um único ponto de luz. Podem ser
encontrados em inúmeros designs, cores e soluções. A luz gerada será dirigida,
de modo a criar sempre diferença entre luz e sombra. Podem ajudar na
ambientação ou tematização de determinado ambiente. São de certa forma
mais “masculinos”, em vista de a maioria de suas linhas serem retas, e podem
acentuar uma característica mais comercial do que residencial no ambiente.

Spots embutidos no teto também vão gerar uma iluminação de certa forma
“direcionada”, com alguns pontos de áreas escuras. Lâmpadas tipo “spot”
acentuarão o efeito criado pelo foco luminoso. Proteção de vidro fosco pode
ser adicionada para suavizar o foco e evitar reflexos de luz nos olhos. Podem
ser encontrados para lâmpadas incandescentes ou fluorescentes.

Spots especiais para lâmpadas halógenas ou LED são excelentes na criação


de pontos de interesse. Podem ser fixos ou reguláveis, para curta ou longa
distância do objeto a ser iluminado ou ainda para criar diferentes efeitos
luminosos.

Lâmpadas dicroicas (halógenas) são as recomendáveis para quadros,


banheiros ou qualquer outra situação onde seja indispensável a ausência do
calor gerado pela lâmpada halógena.

Existem também minispots e ainda spots para LED, ou seja, pequenas


lâmpadas. Nesse caso, a iluminação poderá ser mais de efeito “decorativo” do
que realmente “luminoso”. Escolha bem a luminária.
Utilize esses aparelhos para criar interesse e dinamismo no projeto de
iluminação, uma atmosfera mais dramática alternando “luz” e “escuro” ou
ainda uma atmosfera mais romântica e intimista.
São excelentes para eliminar o efeito de um longo corredor. Utilize spots
reguláveis direcionados para as paredes. Maior concentração de luz nas laterais
do corredor ampliará ilusoriamente sua largura.

FIG. 12 – Spots externos com trilho suspenso ou fixo ao teto e


algumas opções de spots embutidos.

Arandelas são aconchegantes e uma opção bem charmosa para dormitórios,


entradas, escadas ou corredores. Sua luminosidade talvez não seja suficiente
como iluminação geral. É excelente como iluminação de apoio. Diferentes
materiais proporcionarão diferentes soluções.

FIG. 13 – São inúmeros os modelos de arandelas. Dependendo do


design e do material serão diferentes os fachos luminosos
produzidos e, consequentemente, o efeito.

Lâmpadas de pé são uma solução econômica para ambientes que precisam
de muita luz esporadicamente. Podemos encontrar essa luminária com
capacidade para lâmpadas halógenas de 500W. Como a luz gerada é brilhante,
o efeito é muito bom e eficaz, porém gerará muito calor e consumirá muita
energia.
Alguns modelos apresentam dimmer, o que possibilita variação na
intensidade da luz.
Fácil instalação, flexibilidade de movimento entre ambientes, uso de
diferentes tipos de lâmpadas, inúmeros modelos e várias possibilidades de
utilização são apenas algumas das características desse tipo de fonte de
iluminação.

FIG. 14 – Luminárias de pé são versáteis e são encontradas não


só em diferentes estilos, mas também para diferentes tipos de
lâmpadas.

A sanca de iluminação é uma opção para locais que necessitem


ocasionalmente de bastante luz, como um living para grandes recepções, um
home office onde se recebem clientes ou mesmo ambientes que requeiram
uma atmosfera mais acolhedora.
FIG. 15 – A sanca, no exemplo em gesso, é utilizada como luz
geral de acesso a um apartamento e compõe o hall associada a
arandelas em vidro fosco.

FIG. 16 – Tipos de sanca com efeitos de luz diferentes. Qualquer


que seja a opção escolhida é indispensável considerar os espaços
necessários para a manutenção da luminária.
Lâmpadas incandescentes (já em desuso) podem gerar sombras; lâmpadas
fluorescentes têm a capacidade de criar um ambiente mais “vivo” e vibrante;
lâmpadas LED ou mesmo a fita de lâmpadas LED podem ajudar numa
atmosfera mais intimista. Lampadas néon também podem ser utilizadas num
efeito mais decorativo do que luminoso.

Abajures e lâmpadas de mesa são ótimos recursos para uma atmosfera mais
aconchegante. Apagados, são reconhecidos pelo valor estético, ou seja, farão
sem dúvida parte dos complementos de um ambiente. Quando acesos,
acrescentam uma nova dimensão à composição.
Muitas luminárias de mesa são verdadeiros objetos de arte quando
apagados, podendo não ser totalmente eficientes quando acesos. Algumas
luminárias utilizam lâmpadas halógenas pelo tamanho e qualidade da luz
emitida. Entretanto, essas lâmpadas geram uma enorme quantidade de calor,
tornando insuportável uma proximidade física. Portanto, analise as qualidades
não só estéticas mas também práticas de cada peça. Lembre-se, também, de
testar a eficiência das lâmpadas e das luminárias, já que são inúmeras aquelas
que utilizam LED.

FIG. 17 – Um mesmo abajur pode gerar diferentes tipos de foco


luminoso e, consequentemente, diferentes atmosferas
dependendo do tipo de lâmpada escolhida.
Luz como ferramenta de projeto

Direcionando o foco luminoso para criar diferentes resultados:

utilize iluminação de foco direcionado para criar pontos de interesse,


conferir dinamismo à composição e criar opções mais aconchegantes;
foco direcionado sobre uma superfície texturizada cria contraste entre-
áreas escuras e claras, dramatizando o resultado;

procure utilizar um interruptor para a iluminação geral e outro(s) para a


de efeito. Dessa forma, cria-se uma opção a mais de atmosfera para o
mesmo ambiente;
quanto maior a quantidade de luz num ambiente e mais difusa, mais
informal tenderá a ser a atmosfera criada.

Criando atmosferas e alterando a forma dos ambientes:

a iluminação pode ser um grande aliado para a alteração “ilusória” das-


dimensões de um ambiente e, consequentemente, do modo como o
percebemos;

transforme um espaço grande e de pé-direito alto num ambiente


aconchegante utilizando iluminação direcionada para o piso;

ambientes de pé-direito baixo podem ser visualmente alterados com a


utilização do teto como um grande refletor. Direcione o foco luminoso
para ele.
FIG. 18 – Espaços podem ser modificados “visualmente” com a
correta fonte de luz. No exemplo, o pé-direito alto pode ser
“reduzido” com a utilização de fontes de luz pendentes e
direcionadas para o piso. No caso oposto, a utilização de sanca
de iluminação perimetral ao ambiente amplia a noção de altura.

Exemplos de iluminação de alguns ambientes:

FIG. 19 – Sala de jantar.


FIG. 20 – Hall de entrada.
FIG. 21 – A profundidade do corredor pode ser “disfarçada” com a
utilização de uma iluminação direcionada para as paredes
laterais. O spot ao fundo não permite que o efeito seja mais
drástico, já que a luz projetada clareia a parte mais longa do
corredor alongando a visão.
FIG. 22 – Copa.

FIG. 23 – Exemplo de estudo para iluminação de área social.


6. COR

Qual é a cor da moda?

Considero esta frase com muitas ressalvas, já que as cores apresentam


influências psicológicas sobre nós.

Aplicar uma cor ou determinado esquema de cores por estar na moda, sem
que seja benéfico para as atividades e as pessoas que usarão o espaço, parece-
me ineficiente e insensato.
Pisos brancos, por exemplo, que ajudam a aumentar visualmente os
ambientes e são muito apreciados por designers, infelizmente tornarão visível
cada poeirazinha, cada fio de cabelo que cair no chão, etc. Imagine só um
cliente que tem obsessão por limpeza com uma cozinha ou um banheiro com
piso totalmente branco!
Lembro-me de quando as cozinhas vermelhas “entraram na moda”. Uma
cozinha dessa cor não é indicada para uma família com problemas de peso, já
que muito vermelho num ambiente estimula o apetite e aumenta a velocidade
com que se come.

Recordo-me quando meu colega de escritório pediu para que eu relocasse


uma gravura que estava na parede. Adoro a gravura pela característica
vibrante das cores utilizadas. Entretanto, exatamente essa característica
incomodava meu colega, cujo temperamento era mais calmo e tranquilo do
que o meu. Acredito ter sido esse meu primeiro exemplo “concreto” do quanto
a influência psicológica das cores é diferente de pessoa para pessoa.
Portanto, entender as cores e suas características é, sem dúvida,
fundamental para o sucesso de um projeto de interiores.
Usar as cores a favor dos usuários, e não contra eles, deve ser o alvo de
qualquer projeto de interiores.
Lembre-se também de que a globalização traz novas propostas de cores que
nem sempre são adaptadas ao mesmo ambiente em diferentes culturas.
Algumas cores podem ter significados e influências psicológicas diferentes,
como é o caso do amarelo, que para nós significa felicidade, otimismo, calor,
luz e atenção; mas, para os alemães, está associado à inveja, e para os egípcios,
ao luto.
A influência psicológica das cores e esquemas foi também largamente
explorada nos meus dois primeiros livros. Assim, meu enfoque agora será-
maior na utilização de cores para alterações de ambientes e a criação de
atmosfera e caráter.

Colorindo os ambientes

É importante conhecer a característica das cores e utilizá-las com sabedoria


para que sejam uma forte aliada num projeto de interiores.
Lembre-se: as cores podem e devem ser exploradas não só
nas paredes mas também nos móveis, complementos ou
objetos de decoração. Tenha em mente o que deseja criar ou
alterar e então escolha adequadamente as cores e os tons a
serem aplicados.

FIG. 24 – A utilização de cores frias ou quentes altera


visualmente as características dos ambientes.
FIG. 25 – Tons mais densos fazem as superfícies parecerem
menores.

FIG. 26 – As tonalidades parecem diferentes segundo a cor de


fundo da composição.

FOTO 3 – Dependendo da composição escolhida, as cores


causarão diferentes efeitos.
FIG. 27 – A cor foi utilizada para alterar a forma do ambiente.

FOTO 4 – Diferentes tipos de madeiras e suas diferentes cores.

Atuarão na intensidade de uma cor as características que envolvem a


superfície onde for aplicada, como textura, quantidade de luz incidente, tipo
de acabamento, etc.
FIG. 28 – Círculo cromático com as cores primárias (vermelho,
azul e amarelo) e secundárias (violeta, verde e laranja). Aqui,
como se utilizou o azul cobalto, o violeta resultante é mais
“amarronzado” do que deveria ser.

FIG. 29 – As cores e suas análogas estão representadas nesse


círculo cromático desmembrado em uma única linha.
FIG. 30 – Uma cor e alguns de seus tons. Criamos uma tonalidade
de uma mesma cor quando adicionamos a ela branco, preto ou
cinza.

Um esquema de cores quentes será ideal para residências em local de clima


frio ou mesmo ambientes de face norte, ou seja, com pouca insolação.

FIG. 31 – Exemplo de algumas cores quentes (Mostruário Coral –


Dulux Language of Colors).

Já residências em climas quentes ou ambientes de face oeste com muita


insolação no verão se adaptarão melhor a um esquema de cores frias.
FIG. 32 – Exemplo de algumas cores frias (Mostruário Coral –
Dulux Language of Colors).

FIG. 33 – As cores complementares, ou seja, cores opostas no


círculo cromático (amarelo/violeta, verde/vermelho e
laranja/azul), foram misturadas entre si, criando diferentes
matizes. A alguns desses matizes, ou cores, foi adicionado
branco, criando diferentes tons do matiz original.

As cores

Azul
Está ligado à lealdade, ao respeito e à responsabilidade.
FOTO 5 – Azuis em diferentes materiais.

Esverdeados aliviam o estresse e a tensão, podendo ser aplicados em locais


de trabalho. Presentes em salas de reunião, ajudarão a acalmar a comunicação
e a fala entre as pessoas. São repousantes, relaxantes e exóticos e podem ser
também ligeiramente estimulantes.
Tons escuros e acinzentados podem induzir à introspecção e, este último, à
tristeza.
Azul em tons pastel acalma e aumenta visualmente os ambientes, como a
maioria desses tons, pois refletem grande quantidade de luz. É ideal em
dormitórios e ambientes para relaxar. Cuidado para não utilizar em demasia,
pois poderá estimular a indiferença nas pessoas.

Violeta e roxo
Estão ligados à sensibilidade, à intuição, à espiritualidade e à sofisticação,
além de ajudarem no desenvolvimento da percepção.
Violeta estimulará o lado artístico das pessoas. Em matizes fortes podem
deprimir. Tons escuros e fortes podem ajudar a criar uma atmosfera de
refúgio e introspecção.

Procure evitar violetas claros em ambientes onde se desenvolverão tarefas


dinâmicas, pois desencorajam o trabalho físico, podendo até gerar desinteresse
pelo mundo em que vivemos.
Lavanda é delicada e tranquila. Pode ajudar a elevar a autoestima, então,
por que não utilizá-la em closets e salas de vestir? Em dormitórios refresca e
tranquiliza.

Vermelho
Não é a cor ideal para ambientes onde as pessoas permanecerão por longo
período de tempo.
Além de estimulante, está ligado à agressividade. Pode tornar um ambiente
opressivo, estressante e irritante, além de diminuir visualmente suas
dimensões.
Faz com que as pessoas se sintam poderosas. Pode também ajudar a fazer
com que percam a noção de tempo.

Em salas de reunião atuará no plano racional das pessoas, mas cuidado:


pode aumentar a agressividade entre elas.

Cuidado, pois os vermelhos são estimulantes de apetite, mais do que


laranjas e amarelos.
Tons muito fortes de vermelho em ambientes pequenos podem torná-lo
claustrofóbico.
Tons de rosa são femininos e podem estimular o afeto nas pessoas. Os tons
mais quentes evitam a apatia e podem ser utilizados em objetos para aquecer
um ambiente frio.
Rosa e pêssego ajudam na comunicação entre as pessoas.

Magenta vai encorajar a introspecção e pode ajudar a induzir mudanças. É


viva e dramática.
Cerejas acinzentados são elegantes e quentes.

Laranja
Cor ligada à intelectualidade, ao aconchego, ao movimento e à ação. É-
antidepressivo.
Use com cuidado os tons escuros, pois estão também ligados à sensação de
desamparo e insegurança.
Terracota, canela, caramelo e mel são quentes e energéticos, mas podem
diminuir o tamanho dos ambientes.
Pêssego, damasco e laranja são cores delicadas que aumentam a sensação de
bem-estar.

Em salas de estudo ou trabalho ajudam a acelerar o raciocínio.


Utilize em livings ou salas de tevê, pois os laranjas são otimistas e elevam o
espírito. Estimulam a socialização, criatividade e o divertimento.

Amarelo
Cor da infância, alegria e riqueza estimula criatividade e intelecto. Ajuda a
digestão e a comunicação entre as pessoas, bem como a prevenir a depressão,
pois “levanta” o espírito.

Variantes de creme, por exemplo, podem ser utilizados em qualquer am-


biente.
Utilizado em demasia pode deixar as pessoas egocêntricas.

Ambientes pequenos e escuros ganham luz com o amarelo, mas se utilizado


com muito branco pode gerar insegurança.

Não é muito ideal em quartos de dormir, pois ajuda a estimular o


funcionamento do cérebro.
Os mais vibrantes podem ser utilizados em ambientes que não recebem
muita insolação, como os de face sul.
Amarelos ligeiramente alaranjados são sofisticados.

Ouro, bronze e mostarda são cores quentes, ativas, ricas, sofisticadas e


elegantes. Essa última, no entanto, pode estimular o pessimismo e a
negatividade nas pessoas.

Verde
É equilíbrio, harmonia, honestidade, estabilidade, confiabilidade, caridade,
compaixão e esperança. Nossos olhos não precisam de nenhum esforço para se
adaptar a essa cor, por isso é relaxante.
Considerada uma cor que “baixa a tensão arterial”, é confortante e anties-
tresse, estimulando o silêncio e relaxamento.
Ambientes onde são tomadas grandes decisões podem certamente utilizar o
verde em sua composição, pois acentua o equilíbrio e não favorece as
discussões.

Composições monocromáticas tendem a ser “estáticas”.


Tons pastel podem ser utilizados em salas de relaxamento, espera, estudo e
reunião. Evite, entretanto, em áreas para atividades dinâmicas.
Tons escuros podem exprimir força e estabilidade.
Pistache, verde-maçã e lima estão ligados à frescura, à pureza, à limpeza e à
brisa.

Preto
Sóbrio, masculino, impessoal e sofisticado. Em exagero, tende a deprimir.

Absorve a luz diminuindo o tamanho dos objetos.

Branco
É inocência, fé, pureza, claridade, alegria e higiene. Um ambiente todo
branco pode deprimir, se remeter à ideia de hospital do passado. Hoje os
hospitais também fazem uso da influência psicológica das cores para ajudar
pacientes e familiares. O branco pode criar uma atmosfera impessoal, hostil e
monótona. Use com variação de texturas nas superfícies.
Aumenta a vida dos matizes escolhidos, bem como o tamanho dos objetos e
dos ambientes.

Cinza
Para alguns autores está ligada à sabedoria e à idade. Para outros, ao medo,
à negatividade, ao estresse e à fadiga.
Tons claros são menos tristes.
Funcionam muito bem quando utilizados numa composição ao lado de
cores quentes.

ESQUEMAS DE CORES

Na realidade não precisaríamos de uma cartela ou referências para escolher


cores: todas as manhãs nos vestimos e criamos, assim, diferentes combinações.
Por que então devemos seguir algumas regras? Porque, como já citado, as
cores atuam não só na mente, mas também no espaço, podendo alterar
visualmente suas dimensões.
Conhecer cada cor, suas propriedades e características é o único modo de
utilizá-las como “ferramenta” de projeto.
O que vem a ser, então, um esquema de cores?
São combinações de cores existentes na natureza ou “preestabelecidas” por
algumas regras básicas. Essas combinações, quando utilizadas numa
composição, funcionam bem.
Lembre-se de que o sucesso de um esquema não está-
apenas nas cores escolhidas. São da mesma forma
importantes a quantidade de cada cor, as texturas das
superfícies onde foram aplicadas, a iluminação natural e
artificial existente e a função do ambiente. Quando todos
esses fatores estão harmonicamente combinados é que
podemos dizer que o esquema de cores foi bem escolhido.
FOTO 6 – A natureza é a maior fonte de esquemas de cores. No
exemplo, um esquema inspirado numa foto.
FOTO 7 – Estudo para esquema de cor de living.

Os esquemas podem ser também classificados em harmônicos e


contrastantes:

Harmônicos: neste esquema, as cores não competem entre si. A ênfase-


maior será sempre a composição como um todo. Variedade de texturas
não deverá afetar o resultado final. Esquema tranquilo.
Contrastantes: são basicamente o “foco” da decoração. Contraste entre
tons ou cores fortes e suaves é incorporado para ser destaque na
composição. Esquema de cores mais dinâmico.

Esquema acromático
Pode utilizar branco, preto ou qualquer tonalidade de cinza, já que não são
considerados “cores”.
Utilize variedade de texturas para criar uma composição mais dinâmica e
interessante.

FIG. 34 – Acromático.

Esquema neutro
Utiliza cores e tons da natureza como areia, corda, algodão, canela, etc.
Alguns profissionais consideram esse esquema “acromático”. Prefiro a
definição “neutro”.
FIG. 35 – Neutro.

FOTO 8 – Exemplo de diferentes texturas que podem ser


utilizadas num esquema neutro.

Esquema monocromático
Composição feita pela aplicação de uma única cor e/ou suas tonalidades,
bem como branco, preto ou cinza. Caso seja adotada apenas uma cor,
recomenda-se a variedade nas texturas. Na opção de diferentes tons, a
utilização de tons fortes e suaves ajuda a dar movimento e criar interesse na
composição.
FIG. 36 – Monocromático.

Esquema análogo
Cores análogas com ou sem a presença de branco, preto ou cinza fazem
parte do esquema de cores.

Recomenda-se o contraste entre cores fortes e suaves para maior


dinamismo, dependendo, é lógico, da atmosfera que deve ser criada no
ambiente em questão.
FIG. 37 – Análogo.

Esquema complementar
Cores opostas no círculo cromático como vermelho/verde, azul/laranja ou
ainda violeta/amarelo com ou sem branco, preto ou cinza.

FIG. 38 – Complementar.
FOTOS 9 e 10 – Esquema complementar inspirado numa árvore e
suas flores.

Esquema triádico
Utiliza as cores primárias em qualquer de suas tonalidades com ou sem a
adição de branco, preto ou cinza.

FOTO 11 – Esquema triádico ou de cores primárias.

Os elementos do design estarão sempre inter-relacionados.


Um atua sobre o outro, interferindo no resultado final.
Cada elemento não pode nem deve ser pensado
separadamente, mas sim em conjunto.
Um projeto é o resultado de uma complexa análise de fatores
que atuarão consciente e inconscientemente nos usuários
dos ambientes em questão.

OS SETE PRINCÍPIOS DO DESIGN

1. Equilíbrio

FIG. 39 – O equilíbrio simétrico no primeiro caso e assimétrico no


segundo têm seu eixo marcado em relação a uma parede
determinada (no caso do aparador) e a um ambiente como um
todo (living).
FIG. 40 – Exemplo de equilíbrio simétrico aplicado num lavabo.
Esse equilíbrio é formal e “óbvio”. Mais estático, atrai o foco de
atenção para o centro da composição.
FIG. 41 – Estudo de móvel para o mesmo lavabo anterior, agora
adotando uma solução informal e dinâmica. O equilíbrio
assimétrico faz com que percebamos a composição como um
todo, ou seja, o foco está na composição e não no centro dela.
FIG. 42 – Equilíbrio radial e mais feminino, já que se baseia na
forma curva. Pode deixar a composição um pouco monótona e
óbvia, pois enfatiza seu ponto central. A utilização de elementos
compositivos variados, no caso as cadeiras da sala de jantar,
ajuda num resultado mais dinâmico e criativo.

2. Harmonia
FIG. 43 – Nessa pequena sala, a harmonia visual está presente na
utilização de elementos compositivos que mantêm algumas
características comuns, como contornos, linhas e textura.

3. Unidade e variedade

A repetição de diferentes características comuns a diferentes elementos


proporcionará unidade com variedade compositiva.

4. Ritmo

Cria dinamismo na composição, ao fazer a ligação visual entre diferentes


pontos de um mesmo ambiente ou ainda serve como “pano de fundo” para a
composição.
FIG. 44 – Estudos para porta. No caso, a composição seria “pano
de fundo” para o living. O primeiro croqui tem ritmo constante, e
o segundo apresenta variação no ritmo.

FIG. 45 – Nesta biblioteca, o ritmo está presente nas divisões das


estantes e na mesa central.

5. Escala e proporção

Esses dois princípios podem gerar um pouco de confusão quanto ao


significado. Em design de interiores podemos utilizar basicamente dois tipos
de escala. Quando as medidas dos objetos são comparadas em relação ao
homem, utilizamos a escala humana. Se a referência adotada são outros
objetos num mesmo ambiente, chamamos de escala visual.
A escala humana utiliza “ergonometria” para determinar
alturas, distâncias e outras dimensões dos objetos.
A escala visual e intuitiva é a que percebemos quando
entramos num ambiente.
Ocorrem alguns casos, mais especificamente relacionados a elementos
arquitetônicos, em que tomamos como referência a escala da construção em si.
Como exemplo, notamos essa postura quando visitamos palácios ou igrejas
muito antigas, com pé-direito altíssimo e grandes molduras nas janelas e
portas. Elas impõem formalidade e senso de “poder”. Os detalhes decorativos
acrescentados ao espaço são sempre diretamente relacionados com o espaço
físico e não com o homem que o utilizará. No caso das catedrais, a arquitetura
utiliza a escala do “universo”, para que o homem se sinta “inferior” e protegido.

FIG. 46 – A mesa e as cadeiras são perfeitas para a escala da


criança, não do adulto.
Proporção é sempre “relativa”. O tamanho do sofá deve ser proporcional ao
do ambiente. O tamanho das almofadas ao do sofá, e o da estampa da almofada
ao seu tamanho.
Da mesma forma, as cadeiras devem ser proporcionais às mesas, os tapetes
ao espaço ou móveis, e assim por diante.

FIG. 47 – A luminária estaria mais bem proporcionada se fosse de


dimensões menores.

6. Contraste
FIG. 48 – Uma mesma sala de jantar e diferentes enfoques no
contraste.

7. Ênfase e centros de interesse

Um bom projeto apresentará centros de interesse suficientes para atrair a


atenção e acrescentar movimento à composição. O exagero no número de
pontos enfatizados poderá, entretanto, criar um ambiente “nervoso” e agitado,
já que os olhos tendem a observar o que nos chama a atenção. Há o perigo de
se olhar para tudo ao mesmo tempo, sem realmente “ver” nada.

FIG. 49 – O equilíbrio simétrico facilmente cria um centro de


interesse ao enfatizar o centro da composição (figura da
esquerda). Já o equilíbrio assimétrico mantém a composição
como o centro de interesse (figura da direita).
INFLUÊNCIAS NO DESIGN

Podemos definir como sete as influências mais marcantes no processo


criativo, ou seja, no design.
A função do ambiente e de cada móvel, ou de cada parte dele, deverá
nortear as regras e as diretrizes do projeto.
Os materiais que serão escolhidos também influenciarão o resultado final,
pois cada um apresenta características diferenciadas e propriedades únicas, que
permitirão ou não soluções mais audazes.
A tecnologia, assim como o constante desenvolvimento tecnológico
sempre permitirão que se encontrem soluções criativas e também inovadoras,
considerando-se que um projeto deve ser o reflexo de sua era.

O estilo escolhido pode interferir bastante no resultado final, pois é o que


define as características visuais do resultado.

A globalização e a internet influenciam cada dia mais nosso cotidiano,


uma vez que abrem portas para novas possibilidades, produtos e soluções. No
entanto tenha cuidado, pois nem tudo o que está na internet é bom,
interessante ou apropriado para um determinado projeto, clima ou cliente.
Os componentes culturais individuais devem ser considerados e jamais
esquecidos, visto que são a representação daquilo que somos realmente e
daquilo que representamos.
Um último fator a ser observado é a sustentabilidade, que cada vez mais
faz parte de nosso dia a dia.
Observe que esses fatores estão interligados entre si.
[1] Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residenciais
(São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2002) e Projetando espaços: guia de
arquitetura de interiores para áreas comerciais (São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2005).
3. Definindo o caráter, a
atmosfera e o estilo da
composição

CARÁTER

O caráter de um ambiente será criado a partir da compilação


de diferentes elementos, como: forma de distribuição dos
móveis, tipo de lâmpadas e iluminação, materiais e suas
texturas, complementos decorativos, etc.

Linhas e o caráter e/ou atmosfera de um ambiente


FIG. 50 – Linhas horizontais são relaxantes, masculinas e formais.
FIG. 51 – Neste closet as linhas verticais criadas pelas portas dos
armários ajudam a criar uma sensação de pé-direito maior, além
de serem mais formais, imponentes e masculinas do que as
horizontais.

FIG. 52 – A utilização de linhas inclinadas nesta planta ajuda na


criação de uma atmosfera informal e dinâmica, embora
masculina.
FIG. 53 – Exemplo dos degraus de uma escada, criando linhas
quebradas. Elas são informais, nem um pouco relaxantes e
masculinas.
FIG. 54 – A linha curva acrescenta feminilidade e suavidade, além
de movimento.

Formal
Informal

Sofisticado

Exótico

Masculino
Feminino

ATMOSFERA

Tranquilidade, relaxamento e calma


Luminosa

Espaçosa

Aconchegante
Dinâmica e estimulante

Podem-se criar diferentes atmosferas a partir de diversas


combinações. Por exemplo, um ambiente informal, masculino,
exótico e tranquilo. O mais apropriado para essa proposta
seria utilizar no projeto uma distribuição assimétrica com
predominância de linhas retas horizontais e cores como
canela e caramelo, misturadas com tons de verde ou azul.
ESTILO

Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

10

11

A Pictorial Guide to Identifying Australian Architecture


Lidar com o design de interiores é estar em contato com
design, artes plásticas, elementos arquitetônicos, decoração
e, como já se disse a princípio, com uma sociedade vinculada
a determinado tempo, com uma economia e política
específicas e anseios particulares a ela.

Escolhendo corretamente

adequação ao clima.

utilização dos espaços

apelo visual
elementos arquitetônicos a serem considerados.

custo-benefício.

acessórios.

A moda e os tempos
Este livro, como mencionei a princípio, procura elucidar os
conceitos básicos aplicados num projeto de interiores, que
poderá ser “vestido” em qualquer estilo.

French Country (Provençal)

Estilo Toscano
Estilo Santa Fé

Estilo Étnico-eclético

Estilo Barroco Mineiro


et al., A Pictorial Guide to Identifying Australian
Architecture
4. Um pouco de história
Procurarei mostrar que muitos estilos surgiram e
desapareceram na tentativa de suprir quer os desejos e as
necessidades de uma sociedade em constante mudança,
quer a demanda por novidade, ou simplesmente de garantir o
consumo numa sociedade.

INFLUÊNCIAS DO PASSADO
FIG. 55 – Cadeira neoclássica francesa do início do século XIX
(1804–1814).

Arts and Crafts


FIG. 56 – Mesa e cadeira de balanço do movimento Arts and
Crafts.
OS MOVIMENTOS E ESTILOS MODERNOS

Art Nouveau (1890-1914)


FIG. 57 – Cadeira de uma coleção criada pelo marceneiro Michael
Thonet, em 1900. Ele foi o inventor da técnica de curvar a
madeira, em 1840, possibilitando a criação de formas muito
femininas e curvilíneas.
FIG. 58 – Uma das mais famosas cadeiras criadas pelo escocês
Charles Rennie Mackintosh e seu encosto alto e reto.

Art Déco (Arts Décoratifs) (1918-1939)

jazz
FIG. 59 – Cadeira Art Déco com suas linhas retas terminando em
curvas, tão característico desse estilo.
De Stijl (style-estilo) (1917-1931)

De Stijl
FIG. 60 – Red-Blue Chair, 1919 (Gerrit Rietveld).

Bauhaus (1919-1933)

ABC of design,
FIG. 61 – Cadeira Wassily, 1925 (Marcel Breuer).
FIG. 62 – Cadeira tubular, 1929-1930 (Marcel Breuer).
FIG. 63 – Cadeira Barcelona, 1929. Peça mais famosa de Mies van
der Rohe, criada como parte do projeto do pavilhão alemão da
Exposição de Barcelona em 1929. Não houve nenhuma restrição
quanto ao custo ou à funcionalidade, portanto, o designer teve
total liberdade de criação, ostentando no pavilhão e no mobiliário
materiais caros e luxuosos, como latão, mármore, vidro, couro e
cromado.
FIG. 64 – Chaise longue, 1927-1929 (Mies van der Rohe).

Infelizmente a Escola Bauhaus não conseguiu atingir, durante


sua existência, o objetivo de criar peças para produção em
massa com preço acessível. Mais do que para uma produção
em série, as máquinas foram utilizadas para obter um
acabamento perfeito para as peças, tornando-as objetos de
luxo.

Estilo Internacional (International Style) (1932-1945)


Estilo Internacional: arquitetura
em 1932 International Style

Le Corbusier
FIG. 65 – Chaise longue, 1928. Le Corbusier, embora não ligado
diretamente à Bauhaus, segue a funcionalidade e a limpeza de
estilo predominantes no século XX.

FIG. 66 – Poltrona cubo, 1928. Le Corbusier, Pierre Jeanneret e


Charlotte Perriand.
A Bauhaus e o reconhecido “Estilo Internacional”
influenciaram durante anos o design de interiores e ainda
continuam a influenciar o design até hoje.

Anos 1950
FIG. 67 – Cadeira Pedestal – “tulipa”, final dos anos 1950 (Eero
Saarinen).

Anos 1960
FIG. 68 – Poltrona inflável “Blow”, 1967, criada pelos
arquitetos/designers italianos Carla Scolari, Donato d’Urbino,
Paolo Lamazzi e Gionatan Des Pas.
Minimalismo (1970-1990)
FIG. 69 – Cozinha minimalista.

Hi-tech ou high-tech
Pós-moderno (começo dos anos 1990)
FIG. 70 – Carlton, 1981. Divisória de ambientes e estante de livros
de Ettore Sottsass.
Um pouco da história moderna do design no Brasil
FIG. 71 – Poltrona criada por John Graz.
FIG. 72 – Cadeira de Embalo (madeira e couro), 1947 (Joaquim
Tenreiro).
FIG. 73 – Poltrona Mole, 1957. Sergio Rodrigues criou uma peça
“robusta”, numa época em que o design de mobiliário seguia a
tendência dos famosos pés palitos.

FIG. 74 – Poltrona de Sergio Rodrigues.


FIG. 75 – Poltrona Bowl, 1951 (Lina Bo Bardi).
FIG. 76 – Poltrona Paulistano, 1957 (Paulo Mendes da Rocha).
FIG. 77 – Cadeira anos 1960 (Bernardo Figueiredo).
FIG. 78 – Poltrona de Oscar Niemeyer.

yuppies
FIG. 79 – Cadeira do arquiteto Carlos Motta, que em suas criações
mistura influências brasileiras, escandinavas e norte-americanas.
FIG. 80 – Poltrona dos irmãos Campana faz referência às favelas
brasileiras ao utilizar pedaços de madeira. Uma entre várias
peças produzidas na Itália pela Edra.

Na era da globalização
Cybertecture – arquitetura cibernética
2001: uma odisseia no espaço

DESIGN PASSIVO: NA ERA DO BAIXO CONSUMO


ENERGÉTICO
Design passivo: baixo consumo energético – guia para conhecer,
entender e aplicar os princípios do design passivo em residências
5. Componentes
arquitetônicos dos ambientes

PAREDES
FIG. 81 – Estudo para porta de entrada e de lavabo.
PISOS
FOTO 12 – Piso de mosaico de vidro aplicado em box.
FOTO 13 – O piso de madeira com linhas direcionadas ao fundo do
ambiente ajudam a alongá-lo.

FIG. 82 – A linha aplicada ao piso, independentemente do


material utilizado, pode alterar consideravelmente o modo como
percebemos os ambientes.
FOTO 14 – Materiais diferentes em cores similares ajudam a criar
um piso homogêneo.
TETO
ESCADAS
FIG. 83 – Sugestão de largura para escadas e medidas ideais para
piso e espelho.
FIG. 84 – Estudo para criação de armário sob escada.
FIG. 85 – Exemplos de alguns formatos básicos de escadas.

LAREIRAS

FIG. 86 – Exemplos de distribuição “frente a frente”, “L” e “U”.


FIG. 87 – Mais comumente as lareiras podem ser posicionadas de
canto, centralizadas no ambiente ou em uma das paredes. Cada
opção proporcionará diferentes soluções de distribuição de
mobiliário.

FIG. 88 – Frontão de lareira criado especialmente para integrar a


lareira existente ao novo projeto de interiores.
6. Ergonometria
CIRCULAÇÃO E CORREDORES

FIG. 89 – Dimensões mínimas recomendadas, em centímetros,


para circulação e mobiliário.
FIG. 90 – Utilização do espaço.
FIG. 91 – Movimento sem obstrução.

FIG. 92 – Movimento com auxílio de equipamentos.

FIG. 93 – Movimento abaixar, sentar no chão, abrir gavetas.

FIG. 94 – Movimento para alcançar coisas no alto.


FIG. 95 – Living.
FIG. 96 – Salas de jantar.
FIG. 97 – Áreas aconselháveis para cada atividade no banheiro.

Bancadas
Bancada para refeição

FIG. 98 – Cozinhas.
FIG. 99 – Sugestão de distâncias e alturas nos dormitórios.

ACESSIBILIDADE
O QUE É SER ACESSÍVEL?
FIG. 100 – Procure facilitar o acesso ao usuário.
FIG. 101 – Objetos de uso frequente devem ser armazenados
segundo a limitação de cada usuário.
7. Ambientes
Entender quais são, para que e para quem serão os ambientes é a base de
um bom projeto. Neste capítulo, trato do conceito ligado a cada uma das
diferentes áreas de uma casa, analisando o que precisamos levar em
consideração ao iniciar um projeto criativo. No livro Organizando espaços: guia
de decoração e reforma de residências, explico mais detalhadamente o que
podemos adicionar ao projeto de cada um dos ambientes para torná-los ainda
mais funcionais e, principalmente, mais práticos.

Hall de entrada
A porta de entrada pode ser especialmente criada para seus ocupantes,
personalizando ainda mais o projeto.
O hall de entrada é o primeiro contato com a casa. Estabelecerá o estilo e a
personalidade do projeto, já que é a primeira impressão que as pessoas
registrarão ao chegar à residência.
O hall deve ser claro e com certa mensagem de “boas-vindas”.

Para algumas pessoas, seria útil um aparador para deixar as chaves logo ao
entrar, ou colocar a correspondência do dia.

Espaço para casacos, guarda-chuvas, chapéus ou echarpes, por exemplo,


também pode ser armazenado nessa área à vista ou em armários apropriados.
Evite a “sensação de desordem”, organizando bem os elementos compositivos.

Procure evitar escadas de acesso ao segundo piso, direcionadas para a porta


de entrada. Segundo o feng shui, a energia que entrar na casa será desviada
para o andar de cima.
Outra providência seria evitar espelhos posicionados diretamente em
frente à porta, para que, segundo o feng shui, não reflita para fora da casa a boa
energia que ali entraria.

FIG. 102 – Estudo para hall de entrada com armário para casacos
e aparador.
FIG. 103 – Escada de acesso foi planejada evitando que ficasse
diretamente frontal à porta de entrada. Armário mineiro
“esconde” casacos.

A iluminação por arandelas pode ajudar a criar a atmosfera desejada.

Desenho diretamente no piso de mármore, cerâmica ou qualquer outro


material poderá ser utilizado como recurso para eliminar tapetes e manter
uma fácil manutenção. Lembre-se, entretanto, de que esta é uma solução mais
definitiva e estática e que poderá “sair de moda”, ou ainda, dependendo do
temperamento das pessoas, poderá “cansar”.
O lavabo também poderá ser localizado perto dessa área.
LIVING/ESTAR

Impossível criar um projeto de interiores realmente funcional se não


soubermos exatamente a que se destinam os ambientes, ou seja, quais as áreas
e os espaços que devem ser criados para atender às necessidades de seus
ocupantes.

Local para conversas familiares ao final da tarde, ouvir música, receber


amigos, ler, jogar cartas ou assistir tevê podem ser algumas das possibilidades.
Para cada uma delas, haverá uma distribuição, materiais mais recomendados,
iluminação e ventilação adequadas, etc.

FIG. 104 – Opção de planta “aberta” linear, sem subdivisão do


espaço para diferentes atividades.
FIG. 105 – Opção de planta “aberta” em “L”.

FIG. 106 – Opção de planta “aberta”, incorporando sala de jantar e


varanda.
FIG. 107 – Distribuição de móveis em “L”, “U”, frente a frente,
quadrada/retangular e circular.

FIG. 108 – Salas com diferentes formas oferecem diferentes


soluções, procurando preservar uma circulação livre.

Desvie a atenção de uma peça de mobiliário indesejada. Crie centros de


interesse, pontos focais, para dinamizar a composição.
Ambientes quadrados ou muito longos, por exemplo, podem ser alterados
facilmente, utilizando a cor correta na parede certa.
Cores como tons de alaranjado ajudarão na socialização desse espaço;
amarelos criarão uma atmosfera luminosa e alegre. Bordôs são mais formais e
sofisticados, ao passo que azuis e verdes, em tonalidade pastel, são frescos e
relaxantes. Analise a cor que mais se adaptará à atmosfera desejada.
Alguns elementos básicos:

Soás/poltronas. Escolha apropriadamente não só o tamanho mas também


o material de revestimento. São inúmeras as opções existentes para
revestir essa peça tão necessária. Verifique também a resistência da
estrutura do sofá, certificando-se de que não seja tão mole e torne difícil
se levantar dele, nem tão duro que seja incômodo.
Os modelos mais baixos são recomendados para pessoas mais jovens; os
mais altos são indispensáveis para pessoas idosas ou com problemas de
locomoção.

Lembre-se de que branco e cores quentes aumentarão visualmente o


tamanho da peça; preto e cores frias diminuirão seu volume.

Utilize cores ou estampas da moda nas almofadas e pequenos objetos.


Eles são mais fáceis e econômicos de serem substituídos do que o tecido
de um sofá de três lugares, por exemplo.

Poltronas extras ou cadeiras de braço. Podem ser peças coringas quando


forem necessárias mais cadeiras para a mesa de jantar. São flexíveis, leves
e fáceis de movimentar ao redor do ambiente.

Pufs. Excelente alternativa para criar mais opções de assentos, ao mesmo


tempo que ajuda a integrar espaços. Alguns projetos contemporâneos
armazenam puffs sob a mesa de centro, evitando que ocupem espaço
enquanto não necessários. Grandes puffs podem também ser usados
como mesas de centro numa solução mais informal.

Mesas de centro. Mantenha uma distância mínima de 60 cm entre a mesa e


as peças ao seu redor. Evite bater a perna na mesa! Não distancie mais do
que 80 cm, evitando que as pessoas tenham de se levantar para alcançá-la.
Sua altura ideal está entre 40 cm e 50 cm.

Evite problemas com mesas de tampo de vidro em residências com


crianças.

Mesa de canto. Podem ser iguais ou diferentes entre si. Podem ser iguais à
mesa de centro ou diferentes dela. Tudo dependerá do caráter e do estilo
da composição. Uma mesa de cada lado do sofá, dois abajures idênticos e
um quadro centralizado ao sofá é o maior exemplo de uma composição
formal e estática, ideal para soluções também formais.
Cores. Verdes são interessantes e relaxantes. Laranjas estimularão a
socialização no ambiente. Amarelos em tons de creme são alegres e
compõem com quase todos os estilos.

Iluminação. Procure criar as iluminações geral, de contraste e de tarefa


com acendimentos independentes e dimmers, possibilitando assim
diferentes atmosferas no mesmo ambiente. Interruptores em paralelo
serão muito convenientes em salas amplas, já que possibilitam acender e
apagar as mesmas lâmpadas de diferentes locais.
A iluminação geral difusa poderá ser proveniente do teto, de arandelas
uniformemente distribuídas no ambiente ou mesmo de luminárias de pé,
com potentes lâmpadas e foco direcionado ao teto.

Evite posicionar spots embutidos sobre os assentos, para não aquecer a


cabeça das pessoas! Spots direcionados às mesas de centro ou às áreas de
circulação são mais recomendados.
A iluminação de tarefa para leitura, por exemplo, poderá ser proveniente
de abajures sobre as mesas laterais. Para escrever, podem ser utilizadas
luminárias de mesa com haste flexível ou spots dicroicos no forro,
direcionados ao tampo da mesa.
Lembre-se de que também os abajures podem ser controlados por
interruptores, facilitando o acendimento das luminárias.

As luminárias de pé, por serem de fácil manuseio, são flexíveis e uma boa
opção para iluminação extra. São bem eficientes quando direcionadas
para o teto, e bom artifício para iluminar mesas de jogo ou cadeiras de
leitura.
Iluminação decorativa ou de contraste ajuda na criação da atmosfera e
caráter dos ambientes. Quadros, coleções, arranjos de flores ou qualquer
outro detalhe poderá ser enfatizado por iluminação direcionada.

FIG. 109 – Estudo para iluminação de living.


FIG. 110 – A iluminação de tarefa para leitura pode ser difusa
ou por spot direcionado, além de lâmpadas de piso.

TV/HOME THEATER

Dependendo do grau desejado de refinamento sonoro, as exigências com


certeza aumentarão. A quantidade de equipamentos disponíveis é maior a cada
dia. O desenvolvimento tecnológico não para e, com ele, novas soluções-
espaciais vão sendo possíveis. Se antigamente precisávamos de até 90 cm de
profundidade num móvel para instalar uma tevê com tela grande, hoje em dia
não são necessários mais do que 10 cm a 15 cm para as tevês de plasma ou
LCD.
Analise o tamanho do ambiente e verifique qual o tamanho (máximo) ideal
de tevê e/ou tela para que a imagem não distorça. Partindo desse ponto,
comece o projeto. Caso a situação seja oposta, ou seja, o projeto deva partir do
tamanho de uma tevê, verifique quais as dimensões (máximas) ideais para o
ambiente.

Toda a aparelhagem deve estar definida antes de começar o detalhamento


do projeto.
Alguns profissionais sugerem que o tamanho da tela em polegadas seja
multiplicado por 7,62 para obter a distância entre ela e o sofá. Portanto, uma
tela de 32 polegadas, por exemplo, deverá estar a uma distância de
aproximadamente 2,40 m.

Os materiais de revestimento também são diretamente responsáveis pelo


grau de perfeição sonora alcançado.

Para os mais exigentes, materiais de superfície polida devem ser evitados, já


que aumentam a reverberação do som. Tapetes espessos ou carpetes são mais
recomendados. Pouco vidro ou espelho também é aconselhável. Mesas de
mármore devem ser substituídas por madeira, e persianas por um tipo de
cortina mais espessa. A iluminação também poderá ser um problema. Procure
utilizar blackout nas janelas para vedar completamente a luz externa. Uma
arandela ou abajur próximos à mesa lateral podem ser uma solução para
mudar os canais da tevê sem ter de acender a luz geral. Uma boa ideia seria a
colocação de um interruptor que comande os pontos de luz próximo ao sofá.

Lembre-se de que assistir a um filme ou à tevê significa mais do que sentar


e acionar o controle remoto. Estão envolvidas outras atividades, como beber
ou comer, atender ao telefone, ler a programação do dia, entre outras.
Portanto, será necessário mais do que uma poltrona ou sofá.

Alguns elementos básicos:

Soás. Devem ser confortáveis e adaptados ao modo como os ocupantes


preferem assistir à tevê. Verifique quantas pessoas usarão o espaço com
frequência para prever assentos frontais em número ideal. Podem ser
fixos (com ou sem a utilização de puffs de apoio) ou reclináveis.
Escolha o material de revestimento que se adapte melhor aos usuários, já
que alguns podem achar incômodo deitar num sofá de couro, por
exemplo.

Poltronas. Podem ser uma opção interessante em pequenos espaços, pois


são flexíveis e possibilitam um ajuste no ângulo de visão. Rodízios
ajudam na flexibilidade do ambiente.

Mesas de centro. Dependendo da proposta, podem ser substituídas por


aparador atrás do sofá, ou mesmo somente por mesas laterais. Boa
iluminação será necessária para que as pessoas não tropecem sobre ela.
Cantos arredondados são bem-vindos, bem como materiais resistentes.

FIG. 111 – Estudo para estante em home theater.

Estocagem. A quantidade de objetos a serem estocados varia de projeto


para projeto. Analise a quantidade em unidades ou metros lineares e
calcule o espaço necessário.

Iluminação. Procure não posicionar a tevê na parede oposta às janelas, por


causa da reflexão de luz na tela. Uma iluminação lateral à tevê ou mesmo
atrás dela será mais conveniente. A iluminação geral pode ser controlada
por dimmer, caso seja a única existente no ambiente. Caso haja
possibilidade, mantenha uma luz suave de apoio para que as pessoas
possam movimentar-se sem problemas.
Sistemas de som. É fundamental posicionar corretamente as cinco caixas de
som e o subwoofer que compõem o sistema para um home theater. As
caixas laterais frontais podem ser instaladas diretamente no teto ou
parede ou ficar sobre suporte apoiado no piso. As duas caixas laterais
traseiras devem estar posicionadas na altura dos ouvidos das pessoas
sentadas, próximas a elas, utilizando suportes de piso ou montados na
parede. A caixa central, que corresponde às vozes das pessoas nos filmes,
deve ser instalada sob a tevê, frontalmente ao sofá, para que os usuários
tenham a perfeita sensação de que a voz vem diretamente da tela. Já o
subwoofer, sons graves e subgraves, deve estar no piso próximo à tevê ou
mesmo lateral a ela.

FIG. 112 – Localização das caixas e subwoofer.


FIG. 113 – Estudo de home theater.
FIG. 114 – Dimensão de CDs, DVDs e videotapes.

FIG. 115 – Dimensão de LP, fita cassete e compacto.

SALA DE JANTAR
Para algumas famílias, esse ambiente é utilizado apenas em ocasiões
especiais, uma vez que fazem uso da copa no dia a dia.
Se a maioria dos utensílios utilizados nessas ocasiões for armazenada nessa
área em buffets ou aparadores facilitará muito.
A utilização de quadros, fotos, espelho ou coleção de pratos para
ornamentar as paredes neste ambiente ajudará a criar a atmosfera desejada.
Alguns elementos básicos:

Mesa. Lembre-se de que cada pessoa necessitará de pelo menos 60 cm de


espaço para movimentar-se bem durante as refeições. Cadeiras de braço,
por exemplo, ocupam espaço maior. A altura mais desejável ficará
próxima dos 75 cm com cadeiras de 45 cm de altura. Procure manter a
distância entre o tampo e o assento em 30 cm.

O material pode variar bastante e deve estar de acordo com a atmosfera


do ambiente. Considere a manutenção necessária e avalie a melhor saída.
Mesa com extensão é uma boa saída, pois permite que no dia a dia a mesa
não ocupe muito espaço, podendo facilmente ampliar o número de
assentos. Nesse caso, as cadeiras que serão utilizadas nesse espaço podem
estar dispostas em outros ambientes.
Para poder acomodar maior número de pessoas à mesa, opte por formas
retangulares com pé pedestal ou finos. As mesas redondas, no entanto,
facilitam mais a socialização entre as pessoas.
Cadeiras. Selecione opções confortáveis. Capas podem ser uma opção
para proteger os assentos no dia a dia. Compre a mesa, depois analise a
cadeira que melhor se adapta ou vice-versa. Procure não juntar uma
cadeira a uma mesa “no escuro”, na maioria dos casos ocorrem
problemas.
Aparador/bufet. Peças que podem ser bem úteis. O aparador pode ajudar
num jantar americano, por exemplo. Certifique-se de que o tampo seja
resistente ao calor ou guarde protetores no buffet.
O buffet pode guardar faqueiro, aparelhos de jantar, copos, toalhas,
guardanapos, travessas, réchaud ou ainda qualquer outro
utensílio/equipamento utilizado neste ambiente. Faça uma lista e escolha
a melhor opção para armazenar. Gavetas com subdivisões apropriadas,
gavetas simples, prateleiras com corrediças, prateleiras fixas serão
algumas das opções.

FIG. 116 – Estudo para buffet/aparador.


FIG. 117 – Algumas dimensões de objetos que podem ser
guardados num buffet.

Iluminação. É sempre interessante proporcionar mais de uma opção de-


atmosfera, criada a partir da iluminação.

Arandelas podem ser utilizadas numa iluminação geral mais sofisticada e


contemporânea. Podem ser utilizadas em “parceria” com a iluminação de
tarefa, por spots dicroicos sobre o tampo da mesa e o aparador (se
houver).
Outra opção de iluminação de tarefa é o uso de lustre central. Alguns
modelos podem gerar até 700 watts. Dimmer é uma opção necessária
para controlar a quantidade de luz proveniente da luminária.

Procure não criar competição entre o lustre e a mesa. Caso o enfoque seja
o lustre em si, neutralizar a mesa pode ajudar na criação de uma
composição mais interessante e menos confusa.
Caso o enfoque seja a mesa, a iluminação por spots ou plafon será a
melhor opção. Evite direcioná-los diretamente aos assentos, para não
“aquecer” a cabeça das pessoas.

FIG. 118 – A distância da lâmpada ao tampo da mesa poderá


variar de 70 cm a 90 cm, dependendo do tipo de pendente e de
sua proteção antirreflexo.
FIG. 119 – Exemplo 1 apresenta luz geral em ponto central.
Exemplo 2 mantém a mesma iluminação geral, acrescentando
agora dois pontos de iluminação de tarefa e um de efeito por
spot com lâmpadas dicroicas. Exemplo 3 mostra alteração na
iluminação geral, agora feita por spots dicroicos. Exemplo 4
recebe uma luminária de parede (arandela) como elemento
decorativo quando “apagada”.

DORMITÓRIOS

Podemos dizer que este ambiente é o mais “pessoal” numa residência. Nele
dormimos e acordamos. É nele que teremos nosso último contato com o
mundo exterior, e o primeiro contato com o novo dia. Por isso, aquilo que
vemos ao nosso redor, o que percebemos e sentimos nesse ambiente, é muito
importante.

Pode ser um espaço para dormir, um refúgio para estar sozinho, para
relaxar e ainda para o relacionamento pessoal.
Na maioria dos projetos, os ambientes mais “sociais” das casas são mais
valorizados ou mesmo enfatizados.
É importante que cada dormitório seja realmente o reflexo daqueles que
dormem nesse espaço e não uma solução impessoal.
Iluminação natural e ventilação boas são fundamentais. Poder abrir as
janelas pela manhã, deixar o sol entrar e o vento “limpar” o ar acumulado
durante a noite é fantástico!

FIG. 120 – Estudo para suíte.

Em alguns projetos, ambientes reversíveis são uma grande opção para que
se explore ao máximo a utilização dos ambientes.

FIG. 121 – Escritório é facilmente transformado em quarto de


hóspedes quando necessário, garantindo assim que prevaleçam
as prioridades dos moradores.
Dormitórios infantis e juvenis são na maioria dos casos mais complexos,
pois podem ocorrer diferentes atividades nesses ambientes.

A cada três anos, aproximadamente, as crianças tendem a mudar suas


necessidades no dormitório. Portanto, podemos dividir essas necessidades em
cinco fases básicas:

1. Do 0 aos 3 anos: repousar, dormir, trocar, armazenar, amamentar, até a


fase em que podem ser acrescentadas as mesas para atividades motoras.
Cores mais tranquilas são recomendadas para uma atmosfera mais
repousante. Piso de tato agradável será mais do que apreciado por quem
vai engatinhar e brincar sobre ele. Iluminação por abajur ou iluminação
geral com dimmer funcionarão bem.
Um projeto mais focado em combinação de cores e texturas pode ser uma
opção melhor do que uma solução temática. Custará menos e “durará”
mais, já que visualmente tenderá a cansar bem menos.

FIG.122 – Dimensões de um berço fixo. O berço dobrável pode


ser considerado com dimensões de 110 cm de largura x 50
cm de profundidade x 65 cm de altura.

2. Dos 4 aos 6 anos: o berço poderá evoluir para uma cama normal. Trocador
e cadeira para amamentar serão substituídos por uma mesa para brincar e
“estudar”. Será necessário maior espaço, de acesso fácil, para
armazenagem de brinquedos. Quanto mais acessíveis os brinquedos
estiverem para as crianças, maior a chance de ensiná-las a guardá-los.
Manter espaço no chão para jogos e brincadeiras é boa opção. Podem
surgir a tevê, os jogos, CDs e qualquer outro eletrônico “indispensável”.
Varão baixo no armário facilitará o acesso às roupas pela própria criança.

3. Dos 7 aos 10 anos: uma bicama poderá ser adicionada à cama para os
eventuais amigos que começarão a passar a noite. O piso não precisa mais
ser vinílico nem de tato agradável, já que a maioria das atividades será
desenvolvida em cadeiras ou mesmo sobre a cama. Portanto, um visual
mais “sofá”, com almofadas e cama contra a parede, será mais bem
explorado. Estudar passa a ser o segundo enfoque deste ambiente. Mesa
na altura de 75 cm, cadeira confortável, computador, armazenagem para
CDs, livros e material escolar, tevê e toda a “parafernália” que começa a
fazer parte da vida de um futuro adolescente.
Quanto maior e mais eficiente for a estocagem de roupas e acessórios,-
maior a chance de manter o quarto em ordem. Uma composição na
parede com ganchos para a coleção de bonés pode ser uma maneira de
organizar “o caos” de maneira criativa e na linguagem de quem vai
ocupar este espaço.

4. Dos 11 aos 13 anos: é a fase em que será muito importante a participação


do adolescente no projeto. Os quartos passarão a ter mais personalidade,
tornando-se “refúgios”. Garanta uma ventilação boa e iluminação natural
abundante para uma atmosfera “sadia”. Os aparatos eletrônicos
continuam a aumentar, e as características dos detalhes decorativos
começam a mudar.
FIG. 123 – Altura de mesas de trabalho/estudo para
diferentes idades e alturas.

5. Acima dos 13 anos: o dormitório é mais um território. Devem desaparecer


os vestígio de infância. Já que os adolescentes nesta fase têm seus ídolos,
o quarto é seu santuário. Sua personalidade deverá estar nos detalhes e
até mesmo na cor das paredes.
Enfatiza-se a necessidade de quantidade de armazenagem de fácil acesso.
A decoração das paredes passa a ser bastante personalizada por quadros,
pôsteres ou qualquer outra referência importante para o adolescente.

Alguns elementos básicos:

Cama. Escolha o tamanho ideal para as dimensões do dormitório.


Mantenha a proporção entre suas dimensões e o espaço ao redor. A
maioria das camas tem altura final de aproximadamente 45 cm. Podem
ser mais altas, caso haja necessidade de utilizar o espaço sob o colchão e
estrado para guardar coisas. Procure não ultrapassar, entretanto, os 60
cm, o que tornará o acesso muito incômodo.
FIG. 124 – Estudo para dormitório de adolescente.
FIG. 125 – Este quarto de empregada, por ser muito pequeno
e necessitar de espaço para guardar roupas, recebeu uma
cama alta de 60 cm.

A cabeceira pode ser de diversos materiais, como madeira, ferro,


alumínio, almofadas, ou mesmo estofada e revestida com tecido. Escolha
aquela que mais se adapta ao projeto e, principalmente, à atmosfera do
ambiente.
Criado-mudo. Essa peça deve atender totalmente às necessidades de cada
pessoa que a utilizará. Uma lista de tudo o que deve ser armazenado e
disposto ajudará a determinar as dimensões ideais. Luminária, rádio-
relógio, iPod, celular, livros, caneta, papéis, copo de água, são alguns
“poucos” exemplos de pertences que podem ocupar essa peça.
Ao lado da cama de casal, os criados-mudos não precisam ser
necessariamente iguais. Podem ser peças diferentes, com alturas
diferentes, sem o menor problema, desde que a composição final seja
harmônica.
Cômoda. Essa peça pode “soar” antiquada, mas não é. É clássica e pode ser
muito charmosa. Pode ser disposta no dormitório e servir de apoio para
itens pessoais como carteiras, relógios, etc.
Espelho, quadro ou fotos podem finalizar a composição deste “centro de
interesse” ou ponto focal no dormitório.
Cadeira de apoio/poltrona. É sempre bem-vindo um local para sentar, tirar
os sapatos ou mesmo ler um livro. Pode ser uma peça leve que possa ser
movimentada pelo quarto, ou mesmo uma poltrona fixa com iluminação
adequada para leitura.
Puf. Na versão pequena 60 cm × 60 cm, pode acompanhar a cadeira ou a
poltrona para uma posição mais relaxada. Numa versão maior 50 cm ×
100 cm, por exemplo, pode ser disposto no pé da cama, criando apoio
para cobertas e almofadas extras na hora de dormir. Pode também ser
utilizado como apoio na hora de tirar ou calçar sapatos.
Mesa. Pode ser de apoio para jornais ou café da manhã, por exemplo, ou
mesmo para estudo. Nesse caso, verifique o que deverá ser armazenado
nessa peça. Cadeiras com rodízio, tipo escritório, podem ser uma opção
melhor, já que possibilitam que as pessoas se movimentem sem maiores
problemas. Para crianças menores, seria mais recomendado o uso de
cadeiras fixas por uma questão de maior segurança.
Cores. Vermelho não é ideal para quartos. Caso essa seja a cor escolhida,
utilize em pequenos objetos de decoração. Um tom pálido e queimado de
rosa pode ajudar a criar uma atmosfera mais romântica e feminina.
Lembre-se, entretanto, que o rosa está mais vinculado a “meninas” e
bebês, e a um estilo mais “country”.
Laranja é mais conveniente em tons de terracota.
Amarelos são alegres, porém devem ser “fracos”, para não estimular
demais o cérebro e provocar insônia.
Verdes são relaxantes; azuis são ideais. Entretanto, evite os tons mais
fortes de azul, pois podem levar à introspecção e mesmo à depressão.
Para evitar uma composição mais fria, utilize azuis com tons queimados
de laranja ou amarelos.
Violeta em tons de lavanda, por exemplo, pode ser utilizado para ajudar a
combater a insônia e as tensões, além de aumentar a sensação espacial do
ambiente.
Branco em tons “off-white” ajudará na criação de uma atmosfera
sofisticada.
A combinação preto e branco pode ser “sofisticada”, porém deve ser
utilizada com muito cuidado nos dormitórios. Pode tornar o ambiente
bastante impessoal. A utilização de detalhes em outras cores pode ser
uma alternativa para conferir personalidade a esse esquema de cores.
Iluminação. Procure criar opções flexíveis com iluminação geral, de tarefa
e de contraste/detalhe acionadas separadamente.
Garanta uma iluminação geral suficiente para que as pessoas
desempenhem tarefas básicas sem nenhum problema. Na maioria dos
casos, uma iluminação geral difusa é mais eficiente do que a gerada por
spots.
A utilização de dimmer pode ser uma boa opção para conseguir
diferentes atmosferas quando houver apenas um ponto central.
Abajures ou luminárias laterais à cama são sempre bem-vindos como
luminária de leitura. As luminárias, dependendo do caráter adotado, não
precisam necessariamente ser iguais.
Certifique-se de que exista interruptor em paralelo na lateral da cama
para maior conforto dos usuários.
Arandelas são charmosas e criam uma iluminação mais intimista.
Em dormitórios onde haja também mesa de estudo, garante excelente
quantidade de luz sobre o tampo. Spots no teto ou luminárias de mesa de
haste flexível são boas opções.

ARMÁRIOS E CLOSETS

Armários modulares, embutidos ou closets, seja qual for a opção para o


dormitório, ela deverá ser cuidadosamente planejada, visando a harmonia,
manutenção simples e facilidade, para que as coisas sejam mantidas em
ordem.

FIG. 126 – Estudo para portas de armários. Sem maleiros, são


criadas mais linhas verticais ajudando a aumentar visualmente a
altura do ambiente. Com maleiro, alinhado com a altura da porta,
cria-se uma linha horizontal que ajuda a diminuir visualmente a
altura do ambiente. Gavetas externas ou mesmo portas baixas
podem facilitar o acesso às roupas, ao mesmo tempo que
diminuem a altura e criam linha vertical, estendendo a largura da
parede.
Antes de definir o melhor modo de armazenar roupas, sapatos e bolsas, é
imprescindível saber “como”, “onde” e “quanto” deverá ser guardado.
O melhor modo de guardar sapatos, por exemplo, será o que melhor se
adapte à pessoa que os usará.
A profundidade ideal para armários com portas é de 60 cm, para que as
roupas não sejam amassadas.

Uma peça de mobiliário ou mesmo um local projetado nos armários ou nas


bancadas poderão ser destinados a documentos e papéis. Talvez um local para
carregar o celular ou guardar uma pasta. Verifique cuidadosamente o que pode
ser previsto neste ambiente e o que poderá facilitar a vida de seus usuários.
Portanto, é tarefa fundamental verificar as quantidades e as particularidades
de cada item do vestuário ou mesmo fazer um inventário delas.
FIG. 127 – Exemplo de distribuição interna de armário embutido.
FIG. 128 – Projeto de armário com baú para quarto de criança.

FIG. 129 – Sugestão de alturas para os varões.


FIG. 130 – Medida média, em cm, de camisa, agasalho e gravata
dobrada. As dimensões das peças de vestuário poderão variar
segundo o tamanho das pessoas.
FIG. 131 – Sugestão de profundidades e alturas para prateleiras.
As prateleiras mais profundas e as mais baixas devem ter
corrediças para facilitar o acesso.
FIG. 132 – Sugestão de altura para gavetas. A largura poderá
variar de 30 cm a 60 cm. Verifique a resistência das corrediças,
principalmente em larguras superiores a 60 cm. Confirme a
instalação de freios nas gavetas mais profundas.
FIG. 133 – Propostas de armário de canto.

FIG. 134 – Exemplo de distribuição interna de closet aberto.


FIG. 135 – Exemplo de distribuição para closet.
FIG. 136 – Exemplo de distribuição para closet.

FIG. 137 – Exemplo de distribuição de dormitório de casal com


closets independentes (ele/ela).

Alguns elementos básicos:


Materiais. O piso deve ser agradável ao tato, já que, em muitas ocasiões, as
pessoas caminham descalças. Utilizar o mesmo piso do dormitório é uma
boa opção para integrar os espaços, principalmente em ambientes não
muito grandes.
Tapetes distribuídos sobre o carpete podem acrescentar charme e
sofisticação, se esse for o caso.
Portas. De abrir podem ocupar mais espaço; de correr sempre estarão
sobrepostas a uma parte do closet; “camarão” ou de dobrar podem ser
uma boa opção, e as de embutir, por exemplo, têm seu custo maior, mas
desaparecem do espaço. Estude a melhor opção “custo-benefício”. Se a
opção for a ausência de portas nos armários, garanta pelo menos uma
porta na entrada do closet para “esconder a bagunça”, se for o caso.
Diferentes materiais como madeira, vidro jateado, vidro opaco, acrílico,
espelho, veneziana, qualquer que seja a opção, ela deverá estar totalmente
integrada à atmosfera do projeto.
Cadeira/puf. Pode ser de grande ajuda na hora de trocar sapatos ou
mesmo colocar meias. Caso o closet seja largo o suficiente, um puff de,
por exemplo, 90 cm × 90 cm pode ser colocado na sua parte central,
permitindo que mais de uma pessoa o utilize ao mesmo tempo.
FIG. 138 – Closet amplo possibilita a colocação de puff
central. Verifique as distâncias necessárias para abrir as
gavetas ou mesmo acessar a parte inferior dos armários
(medidas em centímetros).

Iluminação. Deve ser em boa quantidade e difusa. Nada pior do que um


closet escuro, onde não se acha nada. A iluminação de spots deve ser
posicionada próxima aos armários, para evitar sombra. Outra opção é a
instalação de iluminação dentro dos armários.

FIG. 139 – Iluminação por spot poderá gerar sombras,


portanto deverá ser localizada próxima às prateleiras e ao
varão. Já uma iluminação difusa tende a ser muito mais
homogênea e ideal, no caso de existir somente um ponto
luminoso mais centralizado.

Espelhos. Não esqueça do espelho para corpo inteiro, que pode ser
colocado na parede ou mesmo atrás de uma porta, caso não haja espaço
melhor.
Cabides. Pode ser uma boa precaução prever alguns cabides a mais na
parede ou mesmo cabideiros para ternos e casacos utilizados no dia a dia.

BANHEIROS

Ambientes importantes numa residência, podem ser privativos (suítes) ou


compartilhados por mais de um dormitório ou mesmo por visitas.
Os lavabos são excelente opção quando localizados próximos às áreas
comuns, pois podem ser facilmente utilizados pelas visitas e deixam os demais
banheiros para uso privativo dos moradores.
Em alguns casos, quando os banheiros são compartilhados por dois
dormitórios, podem receber duas portas de acesso, o que pode ser uma boa
solução. Essa opção dependerá, é lógico, da idade e do sexo de seus ocupantes.
FIG. 140 – Opções de plantas com linhas angulares em sua
composição.

Nos últimos anos temos visto soluções que transformam esse ambiente
numa verdadeira “sala de banho”. Spa, sauna, ducha, dois chuveiros, duas pias,
materiais nobres e mesmo aparelhos para ginástica são encontrados em alguns
projetos, muitas vezes com requinte absoluto.
Mais importante do que tudo isso é saber como os usuários utilizam esse
espaço, e o que pode ser providenciado para facilitar o dia a dia.
Um casal, por exemplo, que sai para o trabalho na mesma hora do dia pode
precisar de dois chuveiros e de duas pias para agilizar a manhã. Essa mesma
necessidade não terá outro casal com diferentes hábitos.
O vaso sanitário isolado com uma pia pode facilitar quando os banheiros
não são muitos numa casa.

FIG. 141 – Duas opções para uma mesma suíte.

Esse ambiente pode ser responsável por um gasto enorme numa obra.
Tudo dependerá dos materiais de revestimento e das peças escolhidas.
Analisar o custo-benefício de cada opção é mais do que aconselhável.

Outro fator importantíssimo é a segurança nesse ambiente. Opte por uma


porta de boxe que abra para fora, pois embora possa “molhar o piso”, é a que
proporciona melhor acesso ao interior do boxe em caso de emergência.
Procure evitar a instalação de ralos nos chuveiros “exatamente sob os pés”.
Além de danificar o ralo, ele pode ser bloqueado e, consequentemente, o boxe
alagará.
O boxe poderá ter cortina, portas, ou mesmo uma parte em alvenaria ou
tijolo de vidro por exemplo.
Certifique-se de que as medidas para a circulação sejam ideais e que pelo
menos um banheiro da residência tenha facilidades para um eventual
infortúnio, como um pé quebrado ou ainda a necessidade de uso de cadeira de
rodas.
Procure evitar muito modismo nos azulejos e nos pisos, pois será bem
custoso substituí-los. Um banheiro com uma composição mais neutra poderá
ter uma vida mais longa, já que cansará menos seus usuários.

FIG. 142 – Estudo para banheiro.

Alguns elementos básicos:

Materiais. A área do boxe deve ser totalmente à prova d’água, portanto


opte por materiais como azulejo, cerâmica, porcelanato, pastilhas,
mosaico de vidro, granito, mármore, etc. Madeira poderá também ser
utilizada, mas necessitará de manutenção frequente, o que no final
poderá encarecer o projeto.
Cores. Verdes, esmeraldas e azuis são bastante indicadas, pois são
refrescantes, relaxantes e acalmam.
Iluminação. Basicamente a iluminação geral dos banheiros é difusa, por
meio de plafons ou spots embutidos é mais eficiente. A iluminação de
tarefa das bancadas, entretanto, merecerá maior atenção.

Podem ainda ser criadas diferentes opções de acendimento para banheiros


grandes. Caso seja colocada iluminação no boxe do chuveiro, o ideal é utilizar
lâmpada PAR, por causa da umidade gerada pelo chuveiro. Uma lâmpada
sobre o vaso sanitário também é uma boa opção para pessoas que gostam de
ler nesse ambiente. Entretanto, evite luminária com lâmpadas halógenas, pois
vão esquentar a cabeça das pessoas. Luminária com lâmpada fluorescente é
uma boa opção.

FIG. 143 – Iluminação de bancada utiliza spot no forro de gesso


com lâmpada dicroica e duas arandelas laterais ao espelho. Essas
peças devem ter seu eixo de 1,4 m a 1,8 m do piso e podem
receber lâmpadas incandescentes, evitando aquecer a área
próxima ao rosto.
VARANDA/BALCÕES/ALFRESCO

Uma nova tendência nos projetos arquitetônicos, esses ambientes são


criados para aumentar as opções de divertimento e socialização “dentro de
casa”, como conversas familiares ao final da tarde, churrascos com os amigos
ou simplesmente locais para ler um livro. Essas são algumas das possibilidades
e, para cada uma delas, haverá determinados elementos a serem considerados.

Quando dispomos de dimensões grandes, podemos criar espaços bastante


confortáveis e agradáveis e, em muitos casos, explorar a vista.
Alguns elementos básicos:

Soás/poltronas. Determine a forma de distribuição que mais se adaptará e


escolha apropriadamente não só o tamanho mas também o material de
revestimento. Como se trata de uma área externa, dependendo do clima
o mobiliário poderá estar sujeito à água da chuva, ao sol e ao vento.
Escolha modelos confortáveis, nos quais seja fácil sentar e levantar,
lembrando que as opções mais baixas são recomendadas para pessoas
mais jovens; já as mais altas são indispensáveis para pessoas idosas ou
com problemas de locomoção.
Evite o preto ou tons únicos e escuros, pois mostrarão qualquer pó que se
deposite sobre o móvel ou a almofada. Procure seguir modismos em
almofadas ou pequenos objetos. É mais fácil e econômico substituí-los
quando a moda passar.
Poltronas extras ou cadeiras de braço. São peças versáteis e que podem ser
utilizadas em outro ambiente, se necessário. Podem ser encontradas em
diferentes materiais, sendo que alguns são leves e fáceis de movimentar
ao redor do ambiente.
Pufs. São versáteis, fáceis de movimentar e ajudam a integrar espaços.
Alguns modelos podem ser utilizados para guardar coisas dentro, outros
podem ser utilizados como mesa de centro ou, ainda, podem ser
“guardados” sob o tampo da mesa de centro.
Mesas de centro. Mantenha sempre ao redor da mesa uma distância
mínima de 60 cm, o que evitará que as pessoas batam a perna no móvel.
Entretanto, não afaste mais do que 80 cm, evitando que as pessoas
tenham de se levantar para alcançá-lo. Sua altura ideal está entre 40 cm e
50 cm, e os cantos arredondados poderão ajudar em projetos para
famílias que tenham crianças.
Mesas de canto. Podem ser iguais, diferentes entre si ou ainda iguais ou
diferentes da mesa de centro. Tudo dependerá da proposta a ser criada.
Cores. Tons de alaranjado irão favorecer a socialização; amarelos criarão
uma atmosfera luminosa e alegre; bordôs são mais formais e podem
acrescentar um pouco de sofisticação, ao passo que azuis e verdes mais
pálidos dão a sensação de frescura e relaxamento. Escolha a atmosfera
que pretende criar e a cor que mais se adapta a ela.
Iluminação. Caso seja necessário, crie a iluminação geral, de contraste e de
tarefa com acendimentos independentes. A utilização de ventilador de
teto com iluminação central poderá ser suficiente. Lembre-se de que essa
peça poderá fazer toda a diferença no verão – ou mesmo no inverno, se
for utilizado qualquer tipo de aquecedor externo.
Lembre-se também de que os abajures podem ser controlados por
interruptores, facilitando o acendimento das luminárias, mas nunca se
esqueça do fator vento. Arandelas podem ser uma opção mais
conveniente.
Mesas para refeições. Opte por cadeiras leves e de fácil movimentação.
Algumas com braço e outras sem serão convenientes e permitirão
acomodar todos os tipos físicos. Opte por materiais de fácil manutenção e
que evitem acumular muito pó em sua textura. Caso seja instalada uma
churrasqueira, verifique a necessidade e a conveniência de colocar
também uma pia e uma geladeira.
Horta. Nada mais moderno do que vasos com uma pequena horta ou
mesmo com árvores frutíferas. Além de serem bastante úteis, ajudarão na
criação de uma atmosfera aconchegante.

SALA DE GINÁSTICA

A opção de equipamentos de ginástica como bicicleta ou esteira próximos à


sauna ou ao spa requer um planejamento mais detalhado quanto às áreas
necessárias para cada atividade e para os revestimentos de piso.
Uma sala de ginástica com todos os equipamentos básicos ocupará um
mínimo de 20 m² e deverá ter uma boa ventilação e iluminação natural.

Os revestimentos mais adequados para as paredes são a pintura acrílica ou


epóxi. Para o piso, opte por materiais resistentes, antiderrapantes e,
principalmente, de fácil manutenção. Emborrachados podem ser encontrados
em diversas cores e padrões, facilitando a criação de um ambiente interessante.
Pisos vinílicos podem ser mais rígidos ou mais flexíveis, dependendo da
espessura escolhida, e ajudam na absorção do impacto durante os exercícios.
Consulte sempre os novos lançamentos de produtos especialmente
desenvolvidos para esse ambiente.

COZINHA/COPA

A cozinha pode chegar a ser um dos ambientes mais complexos e caros


numa residência.
De um simples projeto para o dia a dia sem grandes pretensões até uma
“cozinha gourmet”, alguns detalhes não devem se alterar.
Podem ser de concepção “aberta” ou “fechada”, dependendo do estilo de
vida dos moradores.
A opção aberta é muito adaptada a residências de praia ou mesmo soluções
mais informais.

FIG. 144 – Cozinha com planta aberta.

A regra básica do triângulo, por exemplo, ajuda na elaboração de cozinhas


(ver figura 159).
Esse tipo de alinhamento procura manter relacionadas as áreas de preparo
(pia), armazenamento (refrigerador/freezer) e cozimento (fogão), sendo que
as duas primeiras devem estar mais próximas entre si. É importante lembrar
que as pessoas deverão acessar a geladeira sem necessariamente ter de passar
diante do fogão, principalmente se houver crianças na residência.
A única forma de distribuição que não se adapta ao triângulo é a “cozinha
linear”. Portanto, ela é mais indicada para pequenos espaços. Do contrário, as
pessoas terão de movimentar-se para a frente e para trás inúmeras vezes, até
conseguirem preparar uma refeição. Nesse caso, procure posicionar o fogão
afastado da geladeira.
FIG. 145 – Distribuição linear.

FIG. 146 – Estudo para cozinha com ilha central.


FIG. 147 – O triângulo deve estar presente nas diferentes formas
de distribuição.

O grau de detalhamento de um projeto poderá variar de um simples croqui


fornecido ao marceneiro ou à empresa especializada até um projeto completo
com todos os detalhes necessários.
FIG. 148 – Vista da área de armazenamento e da bancada central.

A localização do micro-ondas pode variar bastante de um projeto para


outro, dependendo do modo como é utilizado na casa. Em algumas
residências, é utilizado para cozinhar; em outras, para descongelar alimentos,
aquecer bebidas, esquentar o jantar ou ainda somente nas refeições de fim de
semana. Para cada situação, um tipo de posicionamento será mais
aconselhável.
FIG. 149 – Vista de cozinha com micro-ondas próximo à geladeira
e à bancada de alimentação.

O primeiro passo num projeto é fazer um real inventário do que existe


atualmente na cozinha e o que deverá ser armazenado no futuro. Sabemos que
todo espaço extra criado será preenchido por vidros vazios, embalagens
plásticas e muitas outras coisas que tendemos a guardar. Portanto, é melhor
partir de uma realidade mais palpável.
Uma lista dos eletrodomésticos que serão utilizados e “onde” ajudará na
criação de armazenamento mais apropriado.
Defina qual o tipo de alimento é preparado com maior frequência na hora
de determinar os eletrodomésticos. Uma casa com muita fritura necessitará de
uma coifa muito eficiente. Uma residência onde são preparados muitos
assados poderá requerer dois fornos.
Alguns designers dividem a cozinha em cinco setores próximos:

1. à pia;
2. ao fogão (cooktop);

3. ao forno;
4. à geladeira;
5. à área para refeições.

Cada setor deveria armazenar praticamente “tudo” utilizado nele especifi-


cadamente.

FIG. 150 – Alturas recomendadas para bancadas e armário


suspenso.

Alguns elementos básicos:

Bancadas. Procure projetar bancadas auxiliares nas laterais do fogão, pia e


geladeira.
As bancadas também podem representar grande área visual no projeto.
Dependendo da finalidade, podem ser de diferentes materiais,
acentuando a criatividade do projeto. Áreas próximas ao forno, fogão ou
micro-ondas devem ser resistentes a temperaturas altas para facilitar o
apoio de travessas ou pratos quentes.
Entre as possibilidades de materiais para as diferentes bancadas, podemos
citar os laminados, corian, azulejos, madeira, aço inox, concreto, granito,
granilite (terrazzo), pastilhas de vidro ou mármore. Lembre-se de que os
mármores são mais “moles”, ao passo que granitos são mais resistentes.
Analise cuidadosamente o custo-benefício de cada um, pois com certeza
vão variar consideravelmente.
Cubas. São muito importantes e devem ser escolhidas com cuidado. Larga,
estreita, rasa, funda, retangular, quadrada, redonda, simples ou dupla são
algumas das alternativas a serem consideradas na hora da escolha, além, é
claro, do material de que são feitas. Podem ser de aço inox, porcelana ou
resina.
Materiais. Pisos brancos mostram toda e qualquer coisa que caia no chão.
Nesse caso, utilize rejunte à base de epóxi ou qualquer outro produto
bastante resistente à sujeira. Procure optar por materiais não
escorregadios e resistentes (PI 4).
Pisos duros: cerâmica, pedra, terrazzo (granilite), granito, concreto,
etc.
Pisos flexíveis: linoleum, vinil, cortiça, borracha, etc.

As paredes, pelo menos atrás da pia e do fogão, devem ser revestidas com
azulejo, granito, vidro ou qualquer outro material de fácil manutenção. Caso a
opção seja simplesmente pintura nas paredes restantes, a tinta deve ser lavável
e bastante resistente.

Armários. As portas dos armários podem ser de laminado, madeira, vidro


ou aço. Escolha o estilo e verifique as opções existentes. Os baixos sob as
bancadas devem ter, no máximo, 60 cm de profundidade e podem estar
sobre uma base de alvenaria (5 cm a 7 cm de altura) ou estar suspensos
(de 15 cm a 20 cm do piso). Os cantos podem ser um problema quanto ao
acesso, por isso verifique as opções possíveis e os acessórios existentes no
mercado.
FIG. 151 – Algumas opções de abertura para armário de canto.

Prateleiras fundas podem utilizar corrediças para facilitar o acesso às partes


mais profundas. Lembre-se de adicionar um frontão para evitar que os objetos
deslizem.
FIG. 152 – Estudo para armários altos e baixos.

Gaveteiros específicos para panelas, talheres, panos de prato, toalhas, etc.


devem ser incorporados aos armários baixos. Cada um terá dimensões
diferentes.
Não esqueça de considerar espaço adequado para guardar as bandejas
grandes (60 cm é recomendado) e para tábuas de carne e de legumes sob a pia.
FIG. 153 – Armário alto com duplo acesso permite que pratos e
copos sejam guardados pelo lado da cozinha e utilizados na copa
ou sala de jantar.

Armários altos devem ficar distantes de 50 cm a 60 cm da bancada e podem


ter profundidade de 30 cm a 40 cm. As prateleiras internas podem ser de
vidro, metal ou madeira, de preferência reguláveis. A altura máxima que
alcançamos sem a utilização de escada é aproximadamente 180 cm, portanto,
qualquer prateleira mais alta do que esse limite deverá ser utilizada para
estocagem de itens de utilização bastante esporádica.
Armário tipo “paneleiro” ainda é a melhor opção para armazenagem dos
itens de utilização diária, já que a melhor área para armazenagem desses itens é
a que vai dos olhos ao joelho. Não ter de abaixar-se a toda hora é benéfico às
costas de quem trabalha nesse ambiente.
Armários para micro-ondas ou forno de parede não devem ser muito altos.
Certifique-se de que esses eletrodomésticos sejam acessíveis (nem tão altos que
possibilitem o derramamento de líquidos nem tão baixos que obrigue o
usuário a curvar-se demais).
Estude os eletrodomésticos e a melhor forma de guardar cada um deles.
Pode-se ganhar tempo armazenando a maioria deles já montada e próxima à
área de utilização.

FIG. 154 – Estudo para armários tipo “paneleiro”.

Suportes de parede. São inúmeras as opções com ganchos ou mesmo ímã.


São muito bons para os apetrechos do dia a dia como pano de prato,
conchas, espátulas, colheres, etc. Existem também alguns modelos
especiais para temperos, livros e papel.
Lixeiras. Mais recomendável é que se reserve espaço para pelo menos dois
tipos de resíduos: recicláveis e não recicláveis. As lixeiras podem estar
localizadas no armário sob a pia ou mesmo em gavetões apropriados.
Verifique os equipamentos disponíveis nas lojas especializadas antes de
optar por uma solução. A localização da lixeira deve ser mais próxima da
pia, ou seja, da área de preparo dos alimentos.
Cores. Vermelhos, laranjas e amarelos estimulam o apetite, ajudam a
aquecer o ambiente e aproximam as superfícies. Amarelo pode ser a
madeira marfim dos armários, e o vermelho, mogno, por exemplo.
Azuis e verdes são calmos, relaxam e podem refrescar um ambiente por
natureza “quente”.

Evite lilás, pois esse tom pode desestimular tarefas físicas.

Iluminação. A quantidade de luz na cozinha deve ser excelente e


abundante. A iluminação geral é que permitirá às pessoas
movimentarem-se pelo ambiente sem maiores problemas. Deverá ser, de
preferência, difusa e gerada por luminárias com lâmpadas fluorescentes
externas ou por spots embutidos, também com lâmpadas fluorescentes.
A iluminação de tarefa direcionada aos planos de trabalho existentes
podem ser geradas por spots (lâmpadas dicroicas, incandescentes ou
ainda fluorescentes) ou por lâmpadas fluorescentes lineares instaladas sob
os armários altos.
Devem ser pelo menos 2 a 2,5 vezes mais intensas do que a iluminação
geral.
A iluminação de efeito ou decorativa poderá ser instalada dentro dos
armários ou focalizando gravuras nas paredes. Utilize lâmpadas dicroicas
ou LED. É sempre aconselhável verificar os lançamentos de novas
lâmpadas, garantindo assim o melhor resultado possível para o projeto.
FIG. 155 – Iluminação de bancada por spot sobre a bancada e
lâmpada fluorescente sob armário alto.

DESPENSA

Faça um inventário de tudo o que deverá ser guardado neste ambiente ou


armário. Levante corretamente os itens e suas dimensões, evitando perda de
espaço com, por exemplo, pequenas latas armazenadas em prateleiras com
altura de 40 cm.
FIG. 156 – Dimensões recomendadas para despensa.

LAVANDERIA

A tecnologia também interfere neste ambiente. Atualmente podemos


contar com máquinas de lavar e secar, evitando dois eletrodomésticos. Os
ferros de passar estão cada vez “mais profissionais”, necessitando de maior
espaço para guardá-los e as tábuas de passar podem ser acopladas ou não aos
armários.
Basicamente, podem ocorrer neste ambiente cinco atividades. Para cada
uma delas, são necessários elementos específicos que variam bastante nas
dimensões.

1. Preparar: utiliza bancadas de apoio e provavelmente cestos.


2. Lavar: tanque simples ou duplo, máquina de lavar roupa e local para
armazenar sabão, amaciante, etc.
3. Secar: varal fixo ou portátil e/ou secadora.
4. Passar: bancada de apoio, tábua de passar e armário para guardar o ferro,
produtos envolvidos, etc. Local para pendurar roupas passadas é bastante
útil, bem como bancada ou prateleiras para roupas dobradas.
5. Guardar: bancada de apoio e armário para guardar produtos de limpeza e
equipamentos também armazenados nessa área.

Lembre-se de prever tomadas nos lugares apropriados e em número


suficiente.
Nesse ambiente, botas de chuva, tênis, aparatos para bicicletas, etc. também
podem ser guardados.

FIG. 157 – Estudo para lavanderia.

Alguns elementos básicos:

Materiais. Quando a lavanderia está próxima à cozinha, procure manter


as mesmas cores e padrões para integrar mais as áreas e aumentar
visualmente seus espaços. Caso a opção seja por uma lavanderia próxima
aos dormitórios, não esqueça de optar por uma porta que realmente
“corte” o som, pois as máquinas podem ser “barulhentas”. Lembre-se de
que quanto mais polidas as superfícies, maior será a reverberação do som.
Opte por superfícies antiderrapantes no piso, já que esta área é sujeita a
“piso molhado”. Materiais de fácil manutenção também são
recomendados.
Cores. Opte por branco ou “off-white” em lavanderias mais escuras, pois
ajudará bastante na reflexão da luz. Quanto menor for o espaço, mais
aconselhável será a utilização de cores em tons claros. Evite tons de lilás,
por desestimularem o trabalho físico. Tons claros de amarelo são
luminosos e alegres.

HOME OFFICE

O projeto desse ambiente é relativamente complexo e cheio de pequenos


detalhes que, se esquecidos, podem colocar tudo a perder.
Segundo a utilização do espaço, os escritórios podem ser:

1. De espaço exclusivo: com um espaço à sua disposição, esse tipo de


solução tenderá a ser um pouco mais complexa do que as demais, pois, na
maioria dos casos, envolve maior número de equipamentos, mesas de
apoio e áreas de arquivo.
FIG. 158 – Estudo para home office em espaço exclusivo.

2. De área exclusiva: pode estar restrito, por exemplo, a uma peça de


mobiliário antigo, sob uma escada ou mesmo num hall ou corredor de
passagem.
FIG. 159 – Estudo para home office num canto de um hall de
passagem.

3. De utilização mista: um ambiente com dupla função é bastante comum,


como no quarto de hóspedes, dormitório, copa ou mesmo no living.
Nesse caso, procure definir bem a área destinada a cada ambiente para
que um interfira no outro o menos possível. Caso não seja possível,
rodízios nos móveis podem ser de enorme ajuda na hora de transformar
o ambiente.
FIG. 160 – Estudo para home office e tevê para um pequeno
ambiente.

4. Flexível ou escondido.
FIG. 161 – Home office adaptado dentro do armário do
dormitório desaparece com o fechamento das portas.

Segundo o período de utilização:

1. diário;
2. esporádico.

Segundo o tipo de mobiliário:

1. móveis prontos modulares ou não;


2. sob medida.

CRIANDO UM BRIEFING
FIG. 162 – Home office de utilização compartilhada diária.

1. O ambiente será destinado somente ao home office?


2. Haverá necessidade de receber clientes? Mesa ou poltronas?
3. Quantas pessoas compartilharão o espaço ao mesmo tempo e/ou
separadamente?
4. Quais as necessidades de cada um quanto ao tipo e ao posicionamento
de equipamentos?
5. Necessidade de minibar, CD player, iPod?
6. Alguma peça de mobiliário específica? Quais as dimensões, o material e
o acabamento?
7. Como serão guardados os papéis, e qual é a quantidade? (pastas
suspensas, arquivos, arquivo morto, prateleiras, gavetas ou qualquer
outra opção).
8. Quantidade de livros, CDs, DVDs, vídeos.

9. Outros itens a serem guardados.


10. Alguma limitação quanto às alturas gerais dos móveis?
11. Alguma limitação quanto a materiais ou cores?
12. Alguma ideia para a atmosfera, o estilo e as cores do ambiente?
13. Conexão de internet a cabo, automação, domótica?

Paralelamente aos desejos, às aspirações e às vontades existe uma realidade


física limitada às dimensões do espaço. Portanto, colocar as prioridades em
ordem ajudará bastante no desenvolvimento do projeto.
FIG. 163 – Serão inúmeras as possibilidades de distribuição num
mesmo espaço. Priorizar pode ajudar a definir qual é a melhor
delas.

O ESPAÇO EM QUESTÃO

1. Quais as dimensões (largura, profundidade e altura de paredes, portas e


janelas)?
2. Algum detalhe específico relacionado à arquitetura (nicho, vigas, pilares,
etc.)?
3. Quais os materiais, acabamento e cores dos revestimentos do piso, parede
e teto?
4. Localização exata de pontos de luz e tomadas.
5. Iluminação natural e ventilação boas?
6. Temperatura boa durante diferentes estações do ano?
7. Algum problema relacionado a ruídos?

8. Fotos do ambiente mostrando todos os detalhes.

Sabe-se, nesse ponto, quais as necessidades e como é o espaço disponível.


Portanto, agora devemos juntar os dois numa concepção geral.
Agora cada pequena parte de cada área passará a ser um projeto complexo e
detalhado, como cada gaveta, prateleira, mesa, armário, iluminação, pontos de
instalação elétrica, etc.
O projeto, com seu estilo, começa a definir-se. A atmosfera, os materiais, as
cores, os revestimentos, etc., cada detalhe deverá ser especificado
cuidadosamente.
Lembre-se:

1. Quando os clientes tiverem acesso ao home office, procure localizá-lo o


mais próximo possível da entrada, evitando assim a falta de privacidade
para os moradores da residência.
2. Procure aproveitar os cantos o máximo possível.

3. Móveis “modulares” são flexíveis e permitirá aumentar ou diminuir


gavetas, estantes ou mesmo arquivos com muita facilidade.
4. Livros são pesados, portanto, as prateleiras devem ser resistentes.

5. A impressora necessita de papel que deve ser estocado próximo a ela,


bem como o fax, copiadora, etc. Cada equipamento está relacionado a
alguma coisa que precisa ser estocada.
6. A tecnologia não para de evoluir, possibilitando equipamentos menores
com maior eficiência. Considere esse ponto na hora de projetar móveis
sob medida.
7. A maioria dos home offices “girarão” em torno do computador, laptop ou
tablet. Portanto, verifique qual é o melhor posicionamento para ele e use-
o como ponto de partida.
8. O material de piso para escritórios, onde frequentemente cadeiras e/ou
equipamentos eletrônicos se movimentarão, deve ser “antiestático”. Opte
por madeira ou linoleum, por exemplo.
9. Caso o revestimento escolhido seja um piso frio, tapetes ajudarão a
controlar o som no ambiente.
10. Avalie a manutenção relacionada a cada material de revestimento.
11. Considere iluminação e ventilação naturais sempre que possível.
12. Caso haja possibilidade, portas de correr ou janelas amplas para uma área
ou pátio externo ajudarão a criar uma atmosfera menos “casa” e bastante
relaxante para a vista de quem passa muitas horas no computador.
13. Marque corretamente a localização, quantidade e especificação de cada
tomada antes de passar o projeto para o eletricista responsável, evitando
inconvenientes futuros.
14. Mesas na altura certa, cadeiras confortáveis e iluminação não podem
faltar num bom projeto.

Alguns elementos básicos:

Bancadas. Para escrever, a altura deve estar entre 70 cm e 75 cm. Para o


computador, certifique-se de que os cotovelos estejam apoiados no
tampo do teclado. A parte superior do visor deve estar alinhada
horizontalmente aos olhos.
Iluminação. A melhor opção para a iluminação geral é a luz difusa, que
ajuda a evitar sombras e produz bem menos reflexo do que a luz
direcionada por spots. Bastante eficiente é a utilização do teto como um
grande refletor (sua cor deve ser a mais próxima do branco possível para
melhor efeito). Lustres pendentes ou luminárias de pé, de foco
direcionado para o teto, são boas opções para essa solução.
A iluminação de tarefa deve ser bastante eficiente e direcionada aos
planos de trabalho. Pode ser obtida por iluminação fluorescente sob os
armários altos, por iluminação com spot e lâmpada dicroica no forro de
gesso/laje ou ainda por luminárias sobre a mesa ou bancada de trabalho.
Nesse último exemplo, as mais flexíveis serão mais eficientes pela
variação de opções de direcionamento de foco luminoso. Entretanto,
esteja atento quanto à lâmpada escolhida. Como essas luminárias são
localizadas, na maioria dos casos, próximas ao corpo, tenderão a
esquentar bastante se as lâmpadas utilizadas forem halógenas. Verifique
cuidadosamente a quantidade de calor emitida pela luminária.

Considerações para pessoas com necessidades específicas

Verifique cada um dos ambientes para garantir que pessoas portadoras de


deficiência visual ou física, bem como aquelas com necessidades específicas,
tenham sido consideradas.
Alguns dos itens a serem verificados:

Portas e janelas fáceis de abrir e de dimensões compatíveis.


Corrimão instalado onde necessário.

Sinal nas portas de vidro.


Alturas de alarmes, interruptores e maçanetas acessíveis.
Alturas de bancadas e planos de trabalho adaptadas às necessidades e
livres de obstáculos.
Corredores e escadas dimensionados coerentemente.
Banheiros com barras.
Superfícies antiderrapantes nas áreas molhadas.
Móveis com cantos arredondados.

Degraus absolutamente necessários.


Espelhos em alturas compatíveis.
Portas de correr onde possível.
Iluminação adequada e abundante para as tarefas a serem executadas.
Ventilação adequada.
Controle acústico onde necessário.
Automação disponível e possível.
8. Valorizando o projeto

AS PAREDES COMO ELEMENTO CRIATIVO

FOTO 15 – Composição de pratos sobre móvel.


FOTO 16 – Coleções organizadas em vitrine.
FIG. 164 – Alinhamento superior, inferior ou central.

FIG. 165 – Alinhamento lateral ou central a um elemento.


FOTO 17 – Quadros alinhados verticalmente pelo centro e centrais
à parede.
FIG. 166 – Utilizando formas geométricas.
FOTO 18 – Composição de quadros “tipo galeria”.

FIG. 167 – Mantendo o equilíbrio simétrico ou assimétrico.


FIG. 168 – Solução compositiva com equilíbrio assimétrico e
consequente ênfase na composição como um todo.
FIG. 169 – Evite “subir a escada” também na decoração das
paredes laterais a ela. Uma composição tipo galeria seria a mais
recomendada.
Cortinas e revestimentos de janelas
Modelos

TAPETES
FIG. 170 – Os tapetes ajudam a delimitar as diferentes áreas num
mesmo espaço.
FIG. 171 – Tapete e quadros completam o hall de entrada.

FIG. 172 – Para dimensionar um tapete podem ser utilizadas


algumas referências.
FIG. 173 – Os corredores podem ser “encurtados” ou “alongados”
com a escolha correta dos tapetes.
9. O projeto no papel

DESENHANDO EM ESCALA

Para representar um projeto, são inúmeros os recursos, as técnicas e os


processos existentes. Entretanto, seja qual for a mídia adotada, o começo da
criação deveria ser sempre um “croqui” feito com a mão solta e o pensamento
leve, sem se importar com cores, modelos, texturas ou estilo, e sim focando
uma distribuição funcional, prática e que facilite a circulação apropriada ao
uso e aos utilizadores dos ambientes.

FIG. 174 – Levantamento de medidas do espaço e de móveis


existentes.
Alguns profissionais da nova geração começam a “croquizar” diretamente
na tela, mas, como adoro desenhar, acredito no bom lápis e no papel como o
primeiro contato entre o designer e sua criação. Um contato livre, flexível e
dinâmico. O processo criativo incluirá plantas, elevações e perspectivas, e cada
parte do projeto será pensada no chão e no espaço, ou seja, bidimensional e
tridimensionalmente.
É importante, durante todo o processo criativo, analisar e estudar os
ambientes em escala, ou seja, considerar a proporção correta entre móveis e
espaço, pois só assim poderemos garantir que o que “pretendemos” colocar em
um ambiente realmente irá “caber” nele.
Lembro-me dos tempos de universidade, quando fazia desenhos para uma
decoradora que, infelizmente, não tinha a menor ideia de proporção. Ela
“croquizava”, sobre uma planta em escala, inúmeras peças de mobiliário
completamente sem proporção e, quando me pedia para acertar o projeto para
ela, metade das peças não cabia no ambiente. Por isso, é importante saber
distribuir o mobiliário segundo a proporção e a escala corretas.

FIG. 175 – Croquis sobre planta em escala.


Portanto, a primeira coisa a fazer antes de começar a colocar a ideia no
papel é medir o espaço existente e reproduzi-lo em escala, ou seja, em
dimensões proporcionais à realidade, no papel ou no computador. Sobre essa
base, à mão ou com instrumentos, você poderá distribuir os móveis e verificar
a circulação dos ambientes.

FIG. 176 – Estudo para home theater: vista e perspectivas.


FIG. 177 – Estudo para área externa de lazer feito em computador
e originariamente na escala 1:50.

FIG. 178 – Duas versões para uma mesma cozinha a ser avaliada
pelo cliente. Originalmente em escala 1:50, facilita uma
visualização geral das duas opções e a comparação entre elas.
Plantas de grandes áreas, de um andar ou mesmo plantas gerais – que se
referem a todo o projeto – deverão ser desenhadas na escala 1:50, já que essa
escala possibilitará uma visão geral do projeto e sua concepção global.

Nessa planta deverão estar marcadas todas as demais pranchas que


compreendem o projeto, pois ela servirá de referência para o profissional e
para o cliente. Em alguns casos, essa escala também é utilizada para a produção
de pranchas com o desenho geral do piso, com o projeto total de gesso ou
ainda para a alteração da localização de pontos de luz e tomadas, por exemplo.
Quando se tratar de plantas de um ambiente, elevações, vistas e cortes, elas
devem ser desenhadas na escala 1:20 ou 1:25. Essa escala, por ser maior do que
a 1:50, expressará a concepção geral de um ambiente, com a possibilidade de
esclarecer detalhes impossíveis de serem notados em uma escala menor. Essas
pranchas serão aquelas encaminhadas a marceneiros, marmoristas, gesseiros,
pedreiros, etc.

FIG. 179 – Croquis/estudo de vista e perspectiva de móvel para


tevê e som.
FIG. 180 – Detalhamento de mobiliário desenhado à mão e
instrumentos (esquadros e escala).
FIG. 181 – Projeto executivo originalmente desenhado na escala
1:20.

Nessa escala já podemos projetar com um pouco mais de precisão, pois


poderemos pensar e criar detalhes como abertura de portas, alturas, acessos,
número de gavetas, aplicação de vidro, entre tantos outros aspectos do
projeto. Podemos marcar, por exemplo, a localização de puxadores, mas ainda
sem especificar como será realmente o design escolhido para eles.

Quando se trata de detalhes como o design de um puxador, de uma porta


ou mesmo da borda de um tampo, os desenhos deverão ser feitos em uma
escala maior, para que todos os pequenos detalhes estejam bem visíveis.
Existirão ainda casos em que os desenhos deverão ser feitos em escalas ainda
maiores, como escala 1:5 ou mesmo 1:1 (tamanho real). Dessa maneira, não
haverá dúvidas quando a prancha for entregue ao profissional responsável
pela sua execução.
FIG. 182 – Estudo para detalhes.

PERSPECTIVAS

Uma forma de expressão que ajuda muito durante o design de um ambiente


ou de uma peça é a perspectiva. Como se trata de uma representação
tridimensional, ela possibilita resolver problemas de uma forma mais
completa, ou seja, mais abrangente.

Eu sempre utilizo esse recurso quando discuto um projeto com meus


clientes. Em muitos casos, quando o cliente não consegue visualizar o que
você está tentando explicar, um rápido croqui à mão pode ajudar e muito.
Nesse caso, não importa muito a perfeição do desenho, mas a capacidade que
ele terá de fazer o cliente “ver” o que você quer que ele veja.

Os programas que fazem perspectivas são inúmeros, mas desenhar uma


perspectiva rápida, na hora, à mão, além de impressionar seu cliente também
poderá ajudar a resolver uma dúvida rapidamente.
As perspectivas não são “em escala”, mas seguem a proporção dos objetos e
ambientes. Elas podem ser de um projeto total, de um ambiente, de um móvel
ou simplesmente de um pequeno detalhe. O importante é que elas expressem
o que realmente será criado.

MAQUETES

Assim como as perspectivas, maquetes são representações tridimensionais


e podem ser físicas ou eletrônicas.

As físicas são criações, com ou sem detalhes, para mostrar ao cliente o que
ele não consegue entender. Maquetes mais complexas, que mostram projetos
exatamente como serão quando prontos, são mais utilizadas em projetos
comerciais ou mesmo em situações em que o profissional deverá apresentar
um projeto para ganhar alguma concorrência ou para que o próprio designer
entenda o que está projetando.

Os projetos residenciais dificilmente utilizarão esse recurso. Eu, por


exemplo, nunca precisei fazer uma maquete, pois sempre utilizei a perspectiva
para explicar ou solucionar problemas junto a meus clientes ou junto aos
profissionais encarregados da execução de alguma parte do projeto.
As maquetes eletrônicas ou gráficas – isto é, feitas com computador – são
fantásticas e podem impressionar o cliente, mas cuidado para não deixar que o
aspecto visual do projeto prevaleça sobre a funcionalidade e a praticidade do
ambiente. Perder muito tempo criando uma maquete virtual pode roubar
tempo da análise de outros aspectos do projeto, como o conforto ambiental, a
circulação, etc.
Bibliografia
et al A Pictorial Guide to Identifying Australian
Architecture
Modern Jonathan Glancey

Interior Design Atlas

Real Simple
Casa Cláudia

House & Garden

New Guide to Decorating

ABC of Design

Projeto design,

Design passivo, baixo consumo energético: guia para conhecer,


entender e aplicar os princípios do design passivo em residências

Organizando espaços: guia de decoração e reforma de residências


Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
residenciais

Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas


comerciais
Home Furniture

Designs for 20th Century Interiors

The Home Styling Sourcebook.

The Home Oice

Das coisas nascem coisas

Arte de projetar em arquitetura.

The Home Oice Planner


Interior Design

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Feng Shui: decoração de interiores

Feng Shui e a arte da cor

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Lobo, Rita
9788539624546
168 páginas

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Se o casal decidiu cozinhar, já deu o passo mais importante para


manter uma alimentação saudável. Rita Lobo apresenta receitas
para jantares rápidos e também ensina a planejar o almoço do dia a
dia (pê-efe), a marmita para levar para o trabalho, o brunch para
receber os familiares e ideias de happy hour para os amigos. E
todos os cardápios vêm com plano de ataque – um guia com
instruções detalhadas para que cada refeição seja preparada a
quatro mãos, em menos tempo e sem pesar para ninguém. Você vai
encontrar dicas para elaborar a lista de compras, orientações para
armazenar os alimentos e escolher utensílios e muitos truques para
economizar. Cozinhar vai virar programa a dois!

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O que tem na geladeira?
Lobo, Rita
9788539626205
352 páginas

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Como é que eu transformo a compra da feira em refeições variadas


e saborosas todo santo dia? Este livro tem a resposta. Rita Lobo
ensina sua fórmula de criar receitas e apresenta mais de 200
opções para variar o cardápio. Em O que tem na geladeira?, que é
baseado na série de mesmo nome do canal Panelinha no YouTube,
você vai descobrir que preparar comida saudável de verdade é mais
simples do que parece. O livro é dividido em 30 capítulos, cada um
dedicado a um alimento da abóbora ao tomate, passando pela
cebola, escarola, milho, repolho, entre outros. E você vai aprender
os melhores cortes, técnicas de cozimento e combinações de sabor
para esses alimentos. Além das preparações com hortaliças, raízes
e legumes, o livro apresenta também opções de receitas com
carnes para compor o cardápio. Tem filé de pescada frita, tagine de
peixe, coxa de frango assada, peito de frango grelhado, bisteca
grelhada, lombo de porco, costelinha, kafta de carne, bife de
contrafilé e muito mais. Nas mais de 200 receitas, bem variadas,
você encontra opções de entradas, pratos principais, muitos
acompanhamentos e até alguns bolos, como o de cenoura, de
mandioca, de pamonha, e sobremesas, como o doce de abóbora, o
curau e um incrível sorvete de cenoura indiano, o kulfi. Para Rita
Lobo, cozinhar é como ler e escrever: todo mundo deveria saber.
Mas ninguém nasce sabendo! Este livro vai dar uma mãozinha
nesse processo de aprendizagem.

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Cozinha prática
Lobo, Rita
9788539625277
304 páginas

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Neste novo livro, Rita Lobo apresenta 60 receitas e todas as dicas,


técnicas culinárias e truques de economia doméstica da temporada
de b ásicos do programa Cozinha Prática, do GNT. Um curso de
culinária em 13 capítulos muit o bem explicados e ilustrados.
Conhece alguém que ainda foge do fogão? Essa pessoa é você?
Este livro pode mudar a sua vida. #Desgourmetiza, bem!
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