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1. Mapas
A Cartografia apresenta-se como um conjunto de estudos e operações científicas,
técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou análise de
documentação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos,
bem como a sua utilização (definição dada em 1966 pela Associação Cartográfica
Internaciona - ACI).
Nesta disciplina não temos o intuito de criar cartas e mapas, mas devemos sim ter a
sabedoria de interpretá-los, avaliá-los e utilizá-los para os diversos fins. Não há qualquer
projeto geológico ou geotécnico que não mereça a simples consulta de mapas.
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DISCIPLINA DE GEOLOGIA APLICADA
Se por base de resultados de observações são obtidos os mapas, estes podem ser sim
uma fonte de consulta e confirmação daquilo que foi observado em campo pelo profissional.
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Figura 2 - Da esquerda para a direita: mapa político do Brasil (divisão dos estados).
Mapa de relevo do Rio Grande do Sul em escala de cores. E mapa de hidrologia do Rio
Grande do Sul com suas principais bacias hidrográficas.
É importante frisar que o termo escala grande, numericamente são representados por
valores pequenos, uma vez que a escala é a razão entre o numerador (unidade no papel) e o
denominador (unidade no espaço em verdadeira grandeza). Sendo assim, a escala
1:10.000.000 é bem menor que a escala 1:250.000. Portanto, espera-se que o nível de
detalhamento de escalas maiores, também deva ser maior.
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Nota-se ainda que as cartas são dividas em folhas e estas ainda são subdivididas em
quadrículas (articulação). Assim está representado todo o mapeamento geológico do Brasil.
Sendo que quem centraliza e organiza tais informações é o CPRM - Serviço Geológico do
Brasil. São nestas quadrículas é que encontramos o maior nível informações desta
organização cadastral.
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Figura 5 – Exemplo de quadrícula (articulação) de uma carta geológica do Brasil. Neste caso
a carta de Curitiba.
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Planalto de derrames;
Escudo riograndense;
Depressão periférica;
Planície costeira.
2. Províncias geológicas
As quatro províncias geológicas do Rio Grande do Sul podem ser especializadas na
Figura 1. A seção geológica que aparece na Figura 1 desenvolve-se do noroeste para o
sudeste do Estado, cortando todas as regiões geológicas, e está representada
esquematicamente na Figura 2.
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Figura 1 – Mapa de regiões geológicas do Rio Grande do Sul e indicação da seção geológica
simplificada.
Figura 2 – Seção geológica simplificada com orientação NO-SE: a escala vertical está
simplificada.
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Também é pertinente lembrar que o Escudo já foi muito mais alto e irregular do que
é hoje. Na sua origem, movimentos orogênicos geraram cadeias montanhosas que já foram
removidas por intemperismo e erosão. Entretanto, as rochas geradas por metamorfismo
regional ainda estão muito presentes em meio aos batólitos. Existem muitos afloramentos de
migmatitos, gnaisses (que são predominantes), xistos e quartzitos, quase sempre muito
dobrados. No entorno dos batólitos existem também auréolas de metamorfismo de contato,
locais onde são encontrados, entre outras rochas metamórficas, os mármores.
Por serem formações geológicas muito antigas, a região é entrecortada por falhas.
Algumas falhas formaram fossas tectônicas onde existem rochas sedimentares preenchendo-
as. Nesses depósitos são encontrados conglomerados e arenitos conhecidos como “Formação
Santa Tecla”. Outras falhas são preenchidas por diques de riolitos ou de diabásios.
(a) (b)
Figura 4 – Imagens de afloramentos rochosos na região do escudo: (a) pedreira de granito
em Capão do Leão; (b) arenitos e conglomerados em fossas tectônicas ao sul de Lavras do
Sul.
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 5 – Imagens de afloramentos rochosos na região do escudo: (a) dique de diabásio em
meio a um gnaisse; (b) batólito de rochas ígneas félsicas em Caçapava do Sul; (c) extração
de blocos de mármore; (d) afloramento de xisto em Arroio do Padre.
A história geológica dessa bacia começa há cerca de 400 milhões de anos (período
Devoniano que é anterior à formação do Pangeia) com o contínuo depósito de sedimentos
que foram removidos do escudo por intemperismo e erosão. Devido aos movimentos de
soerguimento e depressão continental, depósitos com diferentes condições foram se
formando e que podem ser agrupados por idades e características estruturais conforme
aparece na tabela 1, onde as camadas de rochas estão em ordem de idade (a mais nova no
topo e a mais antiga na base).
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Cabe destacar que as rochas sedimentares, que originalmente haviam sido formadas
em camadas horizontalizadas, foram curvadas pela ação combinada do peso dos derrames
sobre elas e da subida do escudo à medida que a erosão foi desgastando as montanhas. Essa
curvatura fez com que, atualmente, as rochas mais antigas aflorem nas proximidades do
Escudo enquanto que as mais recentes aflorem nas proximidades dos derrames. Então, a
cronologia estratigráfica dessas rochas pode ser identificada na superfície para quem transita
do escudo em direção ao pé do planalto.
Também é importante ilustrar que as rochas mais antigas que aparecem aflorantes na
Depressão Periférica são ainda do período Permiano. As rochas mais antigas que são do
período Devoniano só ocorrem em profundidade e fora do Rio Grande do Sul.
Figura 6 – Seção geológica detalhada da Depressão periférica entre Santa Maria (à esquerda)
e São Gabriel (à direita): as rochas sedimentares possuem as camadas mergulhando em
direção ao norte devido ao efeito de basculamento que o peso dos derrames provocou.
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(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 7: Afloramentos da Depressão Periférica: (a) arcose(Botucatu) em Novo Hamburgo;
(b) arenito fino (Rosário do Sul) em Portão; (c) calcário e marga (Palermo) em São Gabriel;
(d) lamito(Rio Bonito) em Butiá; (e,f) folhelhos e carvão( Rio Bonito) em Candiota.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 8: Afloramentos de rochas intrusivas hipoabissais na Depressão Periférica: (a) Soleira
em Triunfo; (b) Soleira em Santo Antônio da Patrulha; (c) Chaminé vulcânica em
Livramento; (d) Dique de diabásio cortando arenitoa finos da Formação Rosário do Sul.
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Os primeiros derrames foram constituídos por magma basáltico e fluido. Essa fluidez
fez com que esses primeiros derrames fossem de pequena espessura, com intenso
faturamento, textura afanítica, por vezes com níveis vítreos. Também essas lavas
distribuíram-se por um terreno irregular e isso resultou em espessuras igualmente variáveis,
com muitas estruturas de fluxo (quando o derrame verte em plano muito inclinado). Enfim,
além de se constituir em rocha de menor resistência, a estrutura é desorganizada, muitas
vezes não se identificando o padrão colunar no meio do derrame, como seria esperado.
Os últimos derrames são constituídos por magma intermediário, por vezes riolítico.
As rochas formadas possuem textura microgranular (não são exatamente afaníticas), pois os
derrames ficam muito espessos em virtude da maior viscosidade do material. Em alguns
casos essas espessuras podem chegar a 100 metros. Também em virtude dessa maior
viscosidade, a estrutura dos derrames privilegia a zona de disjunção horizontal (ou tabular).
Com composição variável, às vezes tratam-se de riolitos, às vezes de dacitos, convencionou-
se de designar essas rochas mais claras como “riodacitos”.
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(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 10 – Imagens das principais rochas relacionadas com o Planalto de Derrames: (a)
extração de pedras de cantaria do arenito Botucatu em Taquara; (b) Pedreira para extração e
britagem de basaltos; (c) contato do arenito Botucatu com os primeiros derrames basálticos;
(d) detalhe do arenito intertrápico mais claro sobre o basalto mais escuro; (e) basaltos
fraturados próximos a Uruguaiana; (f) mina de exploração de geodos com ametista no topo
de derrames ácidos em Ametista do Sul.
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 11 – Imagens de rochas típicas do Planalto de Derrames: (a) Paleossolo transportado
aprisionado entre derrames (destacado com linha vermelha); (b) Paleossolo residual
aprisionado entre derrames; (c) Vista do Aparados da Serra com os derrames ácidos
expostos; (d) Contato de um derrame basáltico e brechas vulcânicas em Torres.
Os basaltos são rochas potencialmente aproveitáveis como pedra britada para as mais
variadas aplicações na engenharia. Quanto menos espesso for o derrame, pior a qualidade da
rocha, uma vez que,quanto mais rápido é o resfriamento, mais fracos e de menor dimensão
são seus minerais.
Os derrames não são as rochas mais jovens do Planalto. Existem algumas rochas
sedimentares clásticas irregulares muito recentes (são do período Cenozóico) que não
possuem aproveitamento como material de construção, pois possuem fraca cimentação. São
conhecidas como “Formação Tupanciretã" e afloram de forma descontínua em Cruz Alta,
Carazinho, Passo Fundo e Santiago.
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A Formação Graxaim ocorre à oeste da Lagoa dos Patos, desde Barra do Ribeiro até
Pedro Osório. São depósitos de enxurrada (leques aluviais) que formaram arcoses ou
conglomerados muito mal cimentados. Esses materiais têm sido lavados para produzir areia
para a construção, especialmente nas imediações do município de Pelotas.
A Formação Chuí apresenta ampla distribuição ao longo das Lagoas Mirim e dos
Patos, com maior expressão na restinga que separa tais lagunas do oceano. Tratam-se de
areias quartzosas médias a finas, algumas ferruginosas, geralmente com coloração amarelada
a laranja. Sua deposição deu-se em ambientes marinho de águas rasas e lacustre. As areias
dessa formação têm sido utilizadas como material de aterro e, ocasionalmente, têm sido
lavadas para a produção de areia para a construção, como ocorre no Município de Viamão
atualmente.
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 13 – Formações de areias cimentadas do Grupo Patos: (a) Paleoduna da Formação
Itapuã em Itapeva; (b) Depósito da Formação Chuí em Mostardas; (c) Aterro construído com
areias da Formação Itapuã; (d) Mineração para lavagem de areias da Formação Chuí em
Águas Claras.
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3. Geologia do Brasil
A geologia do Rio Grande do Sul é representativa dos ambientes geológicos que
existem no território brasileiro. Essa comparação pode ser realizada, a partir do mapa
geológico simplificado que aparece na figura 14.
No norte brasileiro e nas Guianas, outro grupo de escudos se estrutura, este formado
em período anterior, em um evento orogênico (formação de cordilheira) com regime de
compressão em direção diferente daquele que produziu o bloco atlântico. Trata-se do bloco
das Guianas
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O que existe de diferente é o evento orogênico atual que estrutura as cadeias andinas.
Ali, existem rochas muito novas sendo formadas por metamorfismo regional, com novos
batólitos em ascensão, com rochas sedimentares sendo soerguidas, mas também existem
rochas antigas que estavam há muito tempo na crosta americana que agora estão sendo
confundidas e expostas com as novas rochas em meio à cordilheira.
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