Você está na página 1de 15

Ivo Armando Abacar

Luana Teresa Fernando Manuel

Lucrécia António Serafim Sicote

Processo Orçamental em Moçambique

(Licenciatura em Contabilidade e Auditoria)

Universidade Rovuma

Nampula

2023
I

Ivo Armando Abacar

Luana Teresa Fernando Manuel

Lucrécia António Serafim Sicote

Processo Orçamental em Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo da Cadeira de


Contabilidade Publica, 4ºAno, curso de
licenciatura em Contabilidade e Auditoria.
Lecionado pelo docente: Cremildo José
Yotamo

Universidade Rovuma
1
Ivo Armando Abacar
Nampula

2023 II

I. ÍNDICE

2. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................3

3. O ORÇAMENTO DO ESTADO MOÇAMBICANO....................................................................4

3.1. Composição do orçamento......................................................................................................5

3.2. Dimensões e funções do orçamento........................................................................................6

3.3. Realidades semelhantes..........................................................................................................6

3.4. A Lei de Enquadramento do Orçamento do Estado (LEOE)..................................................7

3.5. Lei do Orçamento do Estado..................................................................................................8

3.6. Processo orçamental...............................................................................................................9

3.6.1. Generalidades.................................................................................................................9

4. CONCLUSÃO..............................................................................................................................12

5. REFERENCIAS. BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................13

2
Ivo Armando Abacar
2. INTRODUÇÃO

O processo orçamental tem sido, ao longo das últimas cinco décadas e um pouco por todo o
mundo, alvo de uma constante evolução. Esta evolução é o resultado, entre outros factores,
das mudanças operadas nos sistemas políticos, nas teorias económicas, nas abordagens de
gestão orçamental, nos princípios contabilísticos e na conduta da administração pública.

Ele compreende um conjunto complexo de fases, que não têm necessariamente um carácter
sequencial. O processo orçamental deve ainda ser visto como um processo contínuo, não se
limitando a cada ano económico. Por outras palavras, não é um processo que se esgota no
próprio ano económico, mas que tem continuidade ao longo do tempo.

Podemos, assim, considerar dois tipos de processo orçamental:

 Um processo orçamental mais amplo, com uma dimensão temporal mais vasta, que
inclui não só a orçamentação anual de recursos e a sua execução, mas também o
estabelecimento dos objectivos, políticas, e programas de curto, médio e longo prazo
que estão na base dos orçamentos anuais.
 Um processo orçamental mais restrito, que tem apenas a ver com a orçamentação e
execução.

Este trabalho será composto por 14 páginas serão apresentadas de acordo com as formas de
trabalho científico (Capa, Contracapa, Índice, Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e as
respectivas Referencias Bibliográfica). Por tanto, mais conteúdos serão apresentados e
detalhados no desenvolvimento do mesmo e estaremos disponíveis para esclarecimento de
quaisquer dúvidas que formos apresentados ao respeito do mesmo.

3
Ivo Armando Abacar
3. O ORÇAMENTO DO ESTADO MOÇAMBICANO

O Orçamento de Estado (OE) é um documento único, apresentado sob a forma de lei, que
comporta uma descrição detalhada de todas as receitas e despesas do Estado, propostas pelo
Governo e autorizadas pela Assembleia da República (AR), e antecipadamente previstas para
um horizonte temporal de um ano. O OE é um elemento económico, político e jurídico.
Enquanto elemento económico, corresponde à actividade financeira com impacto sobre a
economia e sendo também aquela influenciada pela própria economia. Enquanto elemento
jurídico, corresponde a uma autorização política concedida pelo parlamento mediante a
aprovação da proposta elaborada e submetida pelo Governo. Enquanto elemento jurídico, é
um instrumento, sob a forma de lei, que condiciona os poderes financeiros do Estado, no que
diz respeito à realização de despesas e à obtenção de receitas.

Os governos enfrentam os mesmos tipos de problemas como quaisquer cidadãos quando


elaboram o seu orçamento. Eles usam recursos limitados e fazem decisões difíceis quando
decidem como gastar o dinheiro. Governos precisam prestar atenção nos seus gastos.
Precisam planear para despesas imprevistas que podem resultar de desastres naturais ou não.

O Orçamento do Estado é uma previsão, em regra anual, que fixa as despesas a realizar pelos
Estado, as receitas para sua cobertura e incorpora a autorização e os limites dos exercícios dos
poderes financeiros pela Administração”.

Importa referir que existem três (3) tipos de orçamento a citar:

1. Orçamento de exercício - se as receitas e despesas são inscritas no orçamento tendo


em conta o momento em que a obrigação e/ou o direito nasce.
2. Orçamento de gerência – quando este inscreve aqueles dos dois instrumentos
financeiro (receitas e despesas), no momento em que devem ser cumpridas as
obrigações ou exercícios dos direitos correspetivos.
3. Orçamento de tesouraria - é aquele que permite a programação dos pagamentos e
recebimentos, pode estar presente quer num orçamento de gerência quer no de
exercício.

4
Ivo Armando Abacar
3.1. Composição do orçamento

O orçamento de Estado pode ser dividido em três componentes:

a) Receitas: Esta componente diz respeito a todos os recursos financeiros cujo


beneficiário é o Estado, e tem em vista o financiamento de despesas públicas. No
sentido restrito são consideradas receitas do Estado as obtidas através do pagamento
de impostos ou de obrigações ao Estado pela provisão de determinados bens e
serviços, vendas patrimoniais, portanto todos os recursos resultantes da própria
actividade do Estado. No sentido mais amplo, as receitas públicas incluem para além
destes itens os recursos provenientes de donativos e empréstimos.
b) Despesas: Esta é a componente dos gastos do governo e também se designam por
“despesas públicas” ou “gastos públicos”. Governos podem gastar seus recursos, por
exemplo, no procurement (aquisições) de bens e provisão de serviços, para pagar o
serviço de dívidas, fazer investimento, e outras despesas com vista a satisfazer as
necessidades públicas.
c) Saldo Orçamental: este poderá ser um superavit ou um deficit. O superávit
orçamental ocorre quando as receitas do Estado são maiores que as despesas. Um
deficit no orçamento ocorre quando as despesas do governo são maiores que as
receitas, e neste caso deverão ser encontradas alternativas de financiamento às
despesas não cobertas.

Pode-se olhar com atenção a composição do orçamento do Estado em Moçambique (em


milhões de meticais)

2006 2007 2008 2009

Receitas 27794 34474 39190 46216

Despesas 47197 59477 69695 98142

Saldo Orçamento -19402 -25003 -30505 -51926

Fonte: Instituto Nacional de Estatística – INE (vários Anuários) e Conta Geral do Estudo-
CGE (Vários anos)

5
Ivo Armando Abacar
6
Ivo Armando Abacar
3.2. Dimensões e funções do orçamento

DIMENSÃO FUNÇÃO

Autorização política do plano - Tributação e despesas dependentes da


financeiro do Estado aprovação pela AR.

- Assegurar equilíbrio e separação de


Política
poderes

Jurídica Limitação dos poderes - (De) limitação dos poderes políticos do


financeiros o Estado Estado

Económica Previsão da gestão orçamental e - Gestão racional e eficiente de fundos


uma exposição do plano públicos
financeiro do Estado
- Definir e executar a política económica e
social do governo

3.3. Realidades semelhantes

Pela importância na distinção do orçamento, por, dada a proximidade, com ele podem
confundir-se, tais como a conta do Estado, o orçamento das pessoas privadas, o Plano
Economico e os orçamentos Administrativos.

 Conta do Estado

Esta é um registo ex-post da execução orçamental, difere-se do orçamento pelo elemento


temporal: a conta é um registo de factos passados reportando o modo de execução do
orçamento que diferentemente, o orçamento versa sobre uma previsão.

 Balanço do Estado

Avalia e confronta o ativo e passivo do Estado num determinado momento, por forma a
apurar a sua situação patrimonial.

 Orçamento das pessoas privadas

7
Ivo Armando Abacar
Diferenciando-se do orçamento do Estado, os orçamentos privados não detêm as funções
política e jurídica, e não são dotadas de vinculatividade, não obstante se lhes reconheça a
qualidade e estimativas racionais.

 Plano Económico

Este não abrange o universo da actividade financeira e limita-se a algumas previsões de


despesas.

 Orçamentos Administrativos

Orçamentos que constituem previsões e autorizações administrativas internas atinentes a


sectores ou estruturas da Administração.

3.4. A Lei de Enquadramento do Orçamento do Estado (LEOE)

Aspectos gerais

A LEOE, visa facilitar o processo de elaboração, aprovação, execução, controlo e


fiscalização do orçamento através:

 Do estabelecimento de princípios gerais que regulam o processo orçamental em todas


as suas fases e níveis institucionais, muitos dos quais se encontravam anteriormente
dispersos por diversos diplomas legais;
 Da introdução de um sistema de classificação orçamental moderno, abrangente e
consistente; e
 Da unificação dos orçamentos corrente e de investimento.

A aprovação da LEOE surgiu da constatação de que existia em Moçambique uma acentuada


falta de transparência e rigor na planificação orçamental, e uma certa dose de improviso na
captação e afectação dos dinheiros públicos. Tal não é compatível com um bom desempenho
do Estado em matéria de política económica e social.

O outro inconveniente detectado prendia-se com a separação entre o orçamento corrente e de


investimento, que assentavam em diferentes classificadores orçamentais e diferentes períodos
fiscais. Tal dificultava enormemente a análise da afectação de recursos públicos e a sua
associação a objectivos de política económica e social, bem como a avaliação da
sustentabilidade das despesas públicas.
8
Ivo Armando Abacar
A LEOE e toda a legislação que lhe é complementar, veio criar um quadro orçamental mais
adequado às necessidades de uma intervenção pública moderna, eficaz e eficiente, que
cumpre com as exigências de uma economia de mercado funcional e uma democracia
parlamentar.

A sua introdução constitui um passo preponderante para que o orçamento do Estado passe a
cumprir de forma mais satisfatória as funções que lhe competem, sejam elas de natureza
económica ou política. É já sabido que o orçamento tem a natureza jurídica de lei formal,
posição de decorre, alias, do nº. 1 Artigo 26 da Lei do SISTAFE que estabelece que a
Assembleia da República delibera a proposta de Lei do orçamento do Estado.

A Lei SISTAFE é uma lei reforçada não podendo ser contraída por concretos actos
orçamentais, sob pena de ilegalidade ou inconstitucionalidade indirecta.

3.5. Lei do Orçamento do Estado

A Lei do Orçamento é elaborada, organizada, votada e executada, anualmente, de acordo com


a respectiva lei de enquadramento, que incluirá o regime atinente à elaboração e execução dos
orçamentos dos fundos e serviços autónomos.

 A proposta de Orçamento é apresentada e votada nos prazos fixados na lei, a qual


prevê os procedimentos a adoptar quando aqueles não puderem ser cumpridos.
 A proposta de Orçamento é acompanhada de relatórios sobre:
o A previsão da evolução dos principais agregados macroeconómicos com
influência no Orçamento, bem como da evolução da massa monetária e suas
contrapartidas;
o A justificação das variações de previsões das receitas e despesas relativamente
ao Orçamento anterior;
o A dívida pública, as operações de tesouraria e as contas do Tesouro;
o A situação dos fundos e serviços autónomos;
o As transferências de verbas para as regiões autónomas e as autarquias locais;
o As transferências financeiras entre Portugal e o exterior com incidência na
proposta do Orçamento;
o Os benefícios fiscais e a estimativa da receita cessante.

9
Ivo Armando Abacar
A Lei do Orçamento do Estado não é uma mera lei de organização, mas um acto concreto de
disposição de cuja conformidade depende a validade de actos administrativos e cuja violação
determina sanções.

Em Moçambique à luz do disposto no artigo 130 da CRM: (Orçamento do Estado)

1) O Orçamento do Estado é unitário, especifica as receitas e as despesas, respeitando


sempre as regras da anualidade e da publicidade, nos termos da lei.
2) O Orçamento do Estado pode ser estruturado por programas ou projectos plurianuais,
devendo neste caso inscrever-se no orçamento os encargos referentes ao ano a que
dizem respeito.
3) A proposta de Lei do Orçamento do Estado é elaborada pelo Governo e submetida à
Assembleia da República e deve conter informação fundamentadora sobre as
previsões de receitas, os limites das despesas, o financiamento do défice e todos os
elementos que fundamentam a política orçamental.
4) A lei define as regras de execução do orçamento e os critérios que devem presidir à
sua alteração, período de execução, bem como estabelece o processo a seguir sempre
que não seja possível cumprir os prazos de apresentação ou votação do mesmo.

3.6. Processo orçamental


3.6.1. Generalidades

O processo orçamental tem sido, ao longo das últimas cinco décadas e um pouco por todo o
mundo, alvo de uma constante evolução, esta que é resultado de entre outros factores das
mudanças operadas nos sistemas políticos nas teorias económicas, nas abordagens de gestão
orçamental, nos princípios contabilísticos e na conduta da Administração Publica.

O processo orçamental é contínuo não se limita a cada ano económico, ou seja, não é um
processo que se esgota no próprio ano económico, mas que tem continuidade ao longo do
tempo.

Podendo assim considerar dois (2) tipos de processos orçamentais:

10
Ivo Armando Abacar
3.6.1.1. Processo orçamental em sentido lacto

Este começa com o estabelecimento de objectivos e metas de natureza económica e social,


tendo em consideração a informação disponível e a realidade económica, social, política e
administrativa do país. Tendo como base nos objetivos e nas metas definidas estabelecem-se
políticas económicas e sociais.

A seguinte fase compreende o desenvolvimento de programas ou planos financeiros de curto,


medio e longo prazo.

O processo orçamental envolve uma imensidade de informação e refere com várias áreas,
sectores e políticas. Por conseguinte, ele implica a participação de vários órgãos da
administração pública.

Contudo, há que destacar o importante papel desempenhado ao longo de todo processo pela
Direcção Nacional do Plano e Orçamento (DNPO), instituição responsável pela programação
e orçamentação e despesas, e pela monitoria do orçamento.

No nosso país, o processo orçamental tem vindo a ser alvo de profundas reformas, com vista a
aproximar a afectação de recursos dos objectivos, metas e políticas traçadas.

3.6.1.2. Processo orçamental em sentido restrito

É aquele que se preocupa especificamente pela elaboração e execução do orçamento. A LEOE


presta uma especial atenção à esta concepcao mais restrita, mas extremamente importante, o
processo orçamental.

O processo orçamental em Moçambique, tal como descrito na LEOE, compreende cinco (5)
fases distintas:

A começar com a elaboração da proposta de Lei do Orçamento (fase 1), que é a seguir
apresentada à AR para a sua aprovação (fase 2).

Tendo sido aprovado, o orçamento é executado (fase 3) podendo ser sujeito a alterações
previstas na lei.

Findado o ano económico, procede-se ao enceramento das contas (fase 4), as quais são depois
fiscalizadas (fase 5).
11
Ivo Armando Abacar
Compete ao Ministério do Plano e Finanças (MPF) efectuar a programação orçamental,
executar e contabilizar os meios financeiros do orçamento do Estado, inspecionar e controlar
a utilização dos fundos do Estado.

Na execução de tais funções o MPF apoia-se nos restantes órgãos da Administração Publica,
quer ao nível central quer ao nível das províncias.

De referir que pela sua natureza política existem ainda outras instituições externas ao governo
que também participam no processo orçamental, tais como a AR (nas fases de aprovação e
fiscalização) e o Tribunal Administrativo (na fase de fiscalização).

12
Ivo Armando Abacar
4. CONCLUSÃO

A escassez de recursos humanos, materiais e financeiros nos órgãos jurisdicionais e nos


quase-jurisdicional, e o facto de o orçamento destes ser dependente do Executivo, dificulta a
sua actuação e abrangência em relação aos órgãos e aos recursos objecto de fiscalização.

Como forma de se melhorar a gestão da coisa pública, para a realização de despesas públicas,
é necessário que estas tenham sido cautelosamente definidas, enquanto as receitas devem ser
rigidamente previstas, conforme os instrumentos legais que cuidam da matéria.

Para a transparência da gestão da coisa pública, deve-se fazer o reforço da educação e do


melhoramento da gestão das finanças públicas, o que poderá consistir cada vez maior na
formação dos gestores públicos sobre a matéria.

13
Ivo Armando Abacar
5. REFERENCIAS. BIBLIOGRÁFICAS

FRANCO, António de Sousa, Finanças Públicas e Direito Financeiro, Almedina, Coimbra,


1986.

FRANCO, António de Sousa, Finanças Públicas e Direito Financeiro, Vol. I, 4ª Edição,


Almedina, Coimbra, 1992

Lei nº. 15/97, de 10 de Julho, de Enquadramento do Orçamento do Estado.

https://www.academia.edu/29361926/O_Orcamento_do_Estado_Mocambicano

14
Ivo Armando Abacar

Você também pode gostar