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Gestão Financeira 2015

Capitulo 1:
Introdução a Gestão Financeira

A Gestão Financeira concentra-se sobre o estudo das decisões


financeiras assumidas na empresa; assim, antes de nos
debruçarmos sobre o conceito de Gestão Financeira, importa
demarcar muito claramente o estudo de finanças empresariais.

1.1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE FINANÇAS


“EMPRESARIAIS”
As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de
gerenciamento de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos e
organizações ganham ou captam e gastam ou investem dinheiro.
As finanças lidam com o processo, as instituições, os mercados e
os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre
indivíduos, negócios e governos.

1.1.1.PRINCIPAIS ÁREAS E OPORTUNIDADES EM FINANÇAS


As áreas fundamentais em finanças podem ser resumidas em três:
 Mercados monetários e de capitais;
 Investimentos; e
 Administração Financeira.

a) Mercados monetários e de capitais

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A maior parte dos estudantes de finanças vão trabalhar nos bancos,


empresas seguradoras, Instituições de crédito. Para eles, é
imprescindível noção das taxas de juros (causas das oscilações), os
princípios que regem as Instituições Financeiras e os vários tipos de
instrumentos financeiros. É também extremamente crucial um domínio
mais abrangente da gestão de empresas.

b) Investimento
Nesta área referem as decisões de indivíduos, de instituições
financeiras e de outras instituições enquanto escolhem títulos para
suas carteiras de investimentos.

c) Administração Financeira
Esta é área de finanças mais ampla e a que maior oportunidade de
emprego oferece. A administração financeira é fundamental em todos
os tipos negócios, nas instituições financeiras, empresas industriais,
empresas varejistas, em operações governamentais e as instituições
de ensino.

Qualquer que seja a área de escolha, é necessário saber algo sobre


as outras áreas. Por exemplo, um banqueiro que contraia empréstimos
a empresas para que seja bem – sucedido nas suas operações é
importante ter um conhecimento de administração financeira, pois
deverá ter a capacidade de julgar se uma empresa está ou não a ser
bem operada.
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1.1.2.IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA


Antes, o departamento de marketing projectava as vendas, o de
engenharia e produção determinava os activos necessários para
atender a projecção (procura projectada) e a equipe financeira
simplesmente levantava o capital para adquirir os bens requeridos.
Essa situação não existe mais, já que as decisões são actualmente
tomadas de uma forma bem mais coordenada e o gestor financeiro
tem a responsabilidade directa pelo processo de controle.

Em suma, as Finanças constituem a pedra de toque do sistema


empresarial.
Uma boa administração financeira é fundamental para a saúde
económica e financeira das empresas e para as organizações. Devido
a sua capital importância, as finanças deveriam ser ampla e totalmente
compreendidas. O campo é relativamente complexo e está
atravessando por constantes transformações em resposta à mudanças
no meio envolvente contextual.

1.2. CONCEITO DA GESTÃO FINANCEIRA E O PAPEL DO


GESTOR FINANCEIRO

O que é a Gestão Financeira?


A Gestão Financeira é o processo de obtenção de recursos financeiros
que possibilitem à empresa atingir e manter o seu nível de actividade
desejada.
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Essa obtenção de recursos financeiros deve ser ponderada com base


em indicadores relativos à empresa mas que vão muito para além
dela, abrangendo toda a sua envolvente desde o mercado em que
actua até à conjuntura económica em que ela tem de actuar.

Responsabilidades do gestor financeiro


A principal tarefa do gestor financeiro é adquirir e usar fundos de
forma que maximize o valor da empresa. São quatro actividades
específicas e relevantes para os gestores financeiros:
 Previsão e planeamento – o gestor financeiro deve interagir com
outros profissionais ao olhar o futuro e elaborar os planos que
moldarão a futura posição da empresa.
 Decisões de investimento e financiamento – uma empresa que
está operando num clima saudável tem um volume de vendas
elevado, o que necessita investimentos em activos (materiais –
stock, imobilizado – equipamento e fábricas). O gestor financeiro
deve auxiliar a determinar a taxa de crescimento óptimo das
vendas (ponto crítico) e a decidir quais os activos específicos
devem ser adquiridos, indicando a melhor maneira de financiar
esses activos.
 Coordenação e Controle – o gestor financeiro deve interagir com
outros executivos com o objectivo de garantir que a empresa
seja operada da melhor maneira possível. Todas as decisões
empresariais tem implicações financeiras e todo o pessoal da
empresa deve levar isso em consideração.

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 Transacção com os mercados financeiros – o gestor financeiro


deve lidar com os mercados monetários1 e de capital2.

1.3. PRINCIPAIS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

Todas as empresas tem de decidir as questões relevâncias de quais


os investimentos a realizar e de como os financiar, mas estas decisões
tendem a ser mais complexas para as grandes empresas do que para
uma pequena.
Há três formas básicas de organização empresarial:
 Empresa individual;
 Sociedade limitada; e
 Sociedade anónima.
As empresas em nome individual são as mais numerosas. 3 Já que a
maioria dos negócios é conduzida por sociedades anónimas, iremos
dar maior ênfase no nosso estudo.

1.3.1. Empresa individual


A empresa individual é uma empresa de propriedade de uma pessoa e
operada para seu próprio lucro. Em outras palavras, quem cria uma
empresa, sem sócios nem accionistas, é designado por empresário
nome individual. Entrar nos negócios como proprietário individual é
bastante fácil, basta um individuo começar com alguma actividade
comercial.

1
Mercados monetários são mercados financeiros em que os fundos são tomados de empréstimo ou
emprestados por curto período.
2
Mercado de capitais são os mercados financeiros para acções e para a dívida de longo prazo.
3
Em termos de quantidade, cerca de 80% das empresas são da classe individual.
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Tabela 1: Principais vantagens e desvantagens


Vantagens Desvantagens
 A sua formação é fácil e  O proprietário tem
barata; responsabilidade ilimitada
 Esta sujeita a pouco para com as dívidas
regulamentos empresariais, que podem
governamentais; ultrapassar o valor
 O proprietário recebe o total aplicado;
dos lucros;  Obtenção de pequenas
 Independência, sigilo e fácil somas de capital;
dissolução.  A vida da empresa é
limitada.

1.3.2. Sociedade limitada (por quotas)


Em vez de criar uma empresa em nome individual, qualquer pessoa
poderá juntar o seu capital ou seus conhecimentos como os de alguns
familiares, amigos ou sócios. Neste caso, a solução adequada é a
criação não de uma empresa em nome individual mas de uma
sociedade do tipo em nome colectivo. Os estatutos da sociedade
definirão o tipo da sociedade e como as decisões de gestão serão
tomadas e a percentagem de lucros a que cada sócio terá direito.

Tabela 2: Principais vantagens e desvantagens


Vantagens Desvantagens
 Podem obter mais capital  Passivo ilimitado;4
em relação as empresas  Dificuldade para liquidar ou
individuais; transferir a sociedade;
 Disponibilidade de  Dificuldades de auferir
4
Se a empresa atravessar uma situação económica difícil cada um dos sócios responde solidariamente por todas as
dívidas da empresa, não apenas na proporção da sua quota. As empresas de maior dimensão podem ter a forma de
sociedade em comandita. Sócios comanditados (gerem a empresa e tem responsabilidade ilimitada) e os comanditários
(restrições de gestão e passivo limitado – não podem perder mais do que o capital que investiram.

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raciocínio e a capacidade quantias elevadas de


de gestão; capital; e
 Simplicidade na sua  A vida da organização é
criação. limitada.

1.3.3. Sociedade anónima


As empresas em expansão geralmente começam como uma empresa
individual ou sociedade, mas acabam descobrindo que é
imprescindível transformar-se em sociedade anónima. Esse facto,
também, pode se dar quando o crescimento da empresa faz com que
as desvantagens de ser individual superem as vantagens.
Podemos definir uma sociedade anónima como uma entidade legal
criada por um estado, com separação e distinção de seus donos e
gestores.

Tabela 3: Principais vantagens e desvantagens


Vantagens Desvantagens
 Vida ilimitada;  Custos elevadíssimos na
 Fácil transferência de tributação;
direitos de propriedade;  Sujeita a regulamentação e
 Passivo limitado; e procedimentos complexos e
 Facilidade de levantar burocráticos.
dinheiro.

Os proprietários de uma sociedade anónima são seus accionistas,


cuja propriedade é evidenciada ou por acções ordinárias5 ou por
preferenciais.6 Os accionistas esperam auferir um rendimento ao
receber dividendo ou através de ganhos de capital por aumentos no
5
A forma mais líquida e básica de propriedade de uma sociedade anónima.
6
Uma especial de propriedade, tendo um dividendo periódico fixo que deve ser pago antes do pagamento de quaisquer
dividendos de acções ordinárias.

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preço das acções. O valor de qualquer negócio mesmo pequeno, caso


seja do tipo de sociedade anónima, possivelmente será maximizado
devido aos seguintes factores:
 O passivo limitado reduz os riscos dos investidores, quanto
menor o risco da empresa, maior seu valor;
 O valor de uma empresa depende de suas oportunidades de
crescimento, que dependem da capacidade de atrair capital
com maior facilidade;
 O valor de um activo também depende da sua liquidez. Isto
quer dizer a facilidade de vender o activo e converte-lo a fim de
obter um justo valor de mercado.

Quando se cria uma sociedade anónima, as acções podem pertencer


na integra a um pequeno grupo de accionistas: talvez os gestores da
empresa e alguns apoiantes que acreditam que a empresa virá a
revelar-se um investimento lucrativo. As acções não são
transaccionadas no mercado, e o capital da empresa é detido por um
número restrito de accionistas. Mas a empresa pode vir a crescer,
levando à emissão de novas acções para auferir fundos adicionais,
sendo então as acções amplamente transaccionadas. Neste caso, a
empresa passará a ser considerada uma empresa de capital aberto.
Atende-se no facto de as sociedades anónimas disporem de um
grande número de alternativas que não existem para outros tipos de
empresas. Para obter fundos vendendo novas acções aos accionistas
e pode devolver-lhe parte desses fundos através de um dividendo.

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1.4. OBJECTIVOS DA SOCIEDADE ANÓNIMA

Para efeito de estudo, assumiremos que o objectivo fulcral da gestão


constitui a maximização da riqueza do accionista, que equivale a dizer
a maximização dos preços das acções ordinárias de uma empresa.
Obviamente as empresas têm outros fins a atingir – particularmente os
gestores, que levam em consideração os seus interesses pessoais, o
bem-estar dos seus funcionários e no bem-estar da sociedade em
geral.
Os accionistas são normalmente distintos dos gestores. As acções dos
gestores financeiros devem ser tomadas para atingir os objectivos dos
accionistas. Na maioria dos casos, se os gestores financeiros têm
sucesso nessa empreitada, eles vão também alcançar seus interesses
pessoais (financeiros como profissionais). Assim, os gestores
financeiros precisam saber quais são os objectivos dos accionistas.

1.4.1. Incentivos Administrativos para Maximizar a Riqueza do


Accionista

A meta da empresa e por conseguinte de todos os gestores e


funcionários é maximizar a riqueza do accionista. A administração7 de
uma empresa deve actuar nos interesses dos proprietários da
empresa.
Coloca-se a seguinte questão: os gestores não poderiam alcançar
outros objectivos para além da maximização dos preços das acções?
É extremamente difícil determinar se a direcção administrativa de uma
7
Tratando-se de grandes empresas, os gestores possuem a autonomia na administração.
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empresa está tentando maximizar a riqueza do accionista ou então a


manter os accionistas satisfeitos enquanto persegue outros fins. Por
exemplo, como poderemos saber se um programa de incentivos
financeiros aos funcionários ou benefícios sociais à comunidade faz
parte a longo prazo dos melhores interesses dos accionistas?
Analogamente, dispêndios de grandes somas salariais para os altos
executivos são para atrair e reter o pessoal qualificado na empresa ou
são formas daqueles gestores que se aproveitam dos accionistas?
É, difícil, senão mesmo impossível responder com exactidão a essas
questões.

É natural que num mercado de competitividade maior, os gestores


serão forçados a se concentrarem com máximo dinamismo na
maximização da riqueza do accionista. Mas se por ventura, os
gestores (executivos) da empresa não levarem em consideração esse
objectivo (maximização da riqueza do accionista), estes poderão correr
risco de mudar de função e que mais tarde poderá criar conflitos.8

1.4.2. Responsabilidade Social


As empresas devem ter a responsabilidade social?
- Evidentemente, que as empresas deveriam estar activamente
preocupadas com o bem – estar da sociedade em geral. As empresas
com responsabilidade ética proporcionam um clima de trabalho
condigno (seguro), evitam a poluição do ar ou mesmo da água e de
produzir produtos confiáveis. Como sabemos, essas
8
Sem o consentimento da administração, os accionistas podem adquirir acções de outra empresa ou,
mesmo, eleger uma nova equipa administrativa.
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responsabilidades tem um custo. Se algumas empresas têm a


responsabilidade social e outras não, então as empresas socialmente
responsáveis estariam em desvantagem9 quando se trata de levantar
capital no mercado. Nestes casos, a empresa com responsabilidade
social não será capaz de competir e será obrigada a abandonar seus
esforços ou mesmo, poderá originar o seu desaparecimento no
mercado.
Será que se pode concluir que as empresas não devem ser
socialmente responsáveis?
- De forma alguma. O que se deve fazer é que os custos sociais
devem ser assumidos de forma compulsória, e não voluntária.10

1.4.3. Maximização dos Preços das Acções e Bem - estar Social

Será que, se uma empresa tentar maximizar os preços de suas acções


estará a beneficiar a sociedade?
- Evidentemente que estará a beneficiar, pois as mesmas medidas que
maximizam os preços das acções também beneficiam a sociedade.
Repare que a maximização dos preços das acções exige fábricas
eficientes e de baixo custo que produzam bens e serviços de boa
qualidade, exige também o desenvolvimento de produtos que o
mercado necessita (por exemplo, os consumidores) para a sua
satisfação e como também, ainda, requer um atendimento eficiente,
stocks adequados e estabelecimentos bem situados. Todos esses
9
Pois, elas terão de elevar os preços para cobrir os custos adicionais. Assim, se a sua concorrente não for
socialmente responsável, seus custos e preços serão mais baixos.
10
Cabe o governo a Indústria cooperarem no estabelecimento de regras sobre o comportamento
empresarial.
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factores são fundamentais para realizar vendas, e as vendas são


necessárias para os lucros. Portanto, medidas que poderiam ajudar
uma empresa a aumentar os preços das acções são benéficas para a
sociedade.

1.5. ÉTICA EMPRESARIAL

A ética empresarial pode ser considerada a atitude e a conduta de


uma empresa em relação aos funcionários, clientes, comunidades e
accionistas. Padrões elevados de comportamento ético requerem que
uma empresa trate cada participante de uma maneira justa e honesta.
A meta desses padrões é motivar as empresas e os participantes do
mercado é a inteirar ao espírito das leis e regulamentações no que
concerne aos negócios e as práticas profissionais (segurança e
qualidade de produto, práticas justas de emprego, práticas justas de
marketing e vendas, envolvimento da comunidade, suborno e
pagamentos ilegais para governos estrangeiros).

Conforme um estudo realizado nos Estados Unidos, a maior parte dos


executivos de grandes empresas acreditam que altos padrões éticos
levam, a longo prazo, um ponto positivo na lucratividade da empresa.
Para eles, o comportamento ético: evita multas e despesas legais;
aumenta a confiança do público; atrai negócios de clientes e a manter
funcionários de mais alta importância.

1.6. RELACIONAMENTO DE AGENCIA

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Um relacionamento de agência existe quando uma ou mais pessoas


(proprietários) contratam outra pessoa (agente) para uma determinada
tarefa e então delegam a autoridade de tomada de decisão para
administrar a empresa.
Os principais relacionamentos inter agências existem: entre os
accionistas e gestores e entre accionistas e credores.

1.6.1. Relação entre accionistas / gestores

Um conflito de agência surge quando o gestor detém abaixo de 100%


das acções ordinárias da empresa. Suponhamos que forme sua
empresa (individual), e como proprietário – gestor, possivelmente
trabalhará para melhorar seu bem-estar e incrementar a sua riqueza
pessoal. Se decidir incorporar e vender parte das suas acções para
pessoas de fora, surgirá imediatamente um conflito de interesses.
Pode se dar o caso de não se dedicar tanto na maximização dos
lucros dos accionistas, porque menos desta riqueza irá para si, ou
retirar um elevadíssimo salário porque parte desse custo incidirá sobre
os accionistas.
Outro conflito surge numa situação em que um grupo, muitas vezes a
administração da empresa, utiliza créditos para comprar as acções a
pagar de outra empresa.

Principais mecanismos usados para motivar os gestores a agir no


melhor interesse dos accionistas:

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 A ameaça de demissão. A possibilidade de ser demitida a


administração pelos accionistas, numa grande empresa, é
escassa.
 A ameaça de tomada de controle. Tomadas em que a
administração não quer que a empresa seja adquirida, tem mais
possibilidade de se verificar quando as acções de uma empresa
são subvalorizadas em relação a seu potencial.11
 Incentivos administrativos. Uma compensação aos gestores para
o desempenho empresarial, e isto motiva a operarem
arduamente na maximização dos preços das acções.

1.6.2. Relação entre accionista / credores

Os credores emprestam recursos à empresa. Factores que


determinam o risco da dívida de uma empresa (taxas baseadas): no
risco dos activos, nas expectativas de activos futuros, na quantia de
financiamento de dívida que utiliza e nas expectativas de mudanças
de estrutura de capital.
Suponha que os accionistas, por meio da administração, façam com
que a empresa assuma novos empreendimentos de risco maior do
que o antecipado pelos credores. Esse risco maior fará com que caia o
valor da dívida a pagar. Se os empreendimentos arriscados se
revelam bem - sucedidos, todos os benefícios irão para os accionistas
porque os credores obtém apenas um retorno fixo. No entanto, se a
situação for ruim, os detentores dos bónus terão de partilhar as

11
A razão da recusa, é explicada pelo facto dos gestores da empresa adquirida serem demitidos e quem
conseguir permanecer perde a autonomia que tinha antes.
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perdas. Portanto, o objectivo de maximização da riqueza dos


accionistas requer um jogo honesto com os credores.

CAPITULO 2:
Introdução à Análise de Balanços

Para que o analista de Balanços possa realizar adequadamente suas


tarefas, é imprescindível que ele tenha noções de contabilidade. Por
exemplo, se o analista de Balanços possui familiaridade com os
elementos que compõem um balanço e conhece a origem e a
finalidade de cada um deles, encontrará facilidade para analisá-lo e
para emitir opiniões que certamente trarão resultados positivos aos
objectivos pretendidos.

O que o analista de Balanços faz é analisar dados concretos aplicando


fórmulas de acordo com sua experiência contabilística e, a partir disso,
é capaz de avaliar o presente com base no passado e projectar o
futuro, fundamentando-se sempre no desempenho dos últimos
períodos analisados.

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A tarefa do analista de Balanços começa onde termina a tarefa do


contabilista. O processo contabilístico se inicia com a ocorrência dos
factos administrativos na empresa e termina com a elaboração das
demonstrações financeiras. Assim, a Análise de Balanços inicia a
partir dessas demonstrações financeiras elaboradas pela
Contabilidade, analisando-as e interpretando-as, para apresentar
informações a respeito das conclusões obtidas na respectiva análise.

Etapas do Processo de Análise de Balanços12:

Exame e padronização
 Balanço Patrimonial
 Demonstração do Resultado do Exercício
 Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados
 Demonstração das Origens e Aplicações
de Fundos
Colecta de Dados
 Extracção de valores das Demonstrações
financeiras, como total do Activo Circulante,
Passivo Total, etc

Cálculo dos indicadores


 Quocientes, Coeficientes e Índices

Interpretação dos Quocientes


 Interpretação isolada e conjunta

Análise Vertical/Horizontal
 Análise e interpretação de coeficientes e
números – índices

Comparação com Padrões

12
Estas etapas serão estudadas passo a passo nos capítulos posteriores.
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 Cálculos e comparações

Conclusões
 Elaboração de relatórios

É importante salientar que, embora as etapas do processo de Análise


aqui apresentadas possam ser aplicadas na análise de qualquer tipo
de empresa, os resultados deverão sempre ser interpretados
individualmente, em função de cada situação particular.

Vários profissionais podem efectuar análises com base nos mesmos


dados e chegar a conclusões diferentes. Dessa forma, para realizar
um bom trabalho é importante que o analista conheça bem a empresa
objecto da análise, sua história, seus métodos de trabalho, seus
objectivos e metas. É importante, ainda, que o analista conheça o
comportamento dos concorrentes, a politica económica do país e o
mercado interno e externo em que actua a empresa e obtenha o
máximo de informações possíveis a respeito da gestão do património
da empresa. Só assim, poderá avaliar o presente em função do
passado e projectar tendências futuras.

1.2. CONCEITO E FINALIDADE DE ANÁLISE DE BALANÇOS

1.2.1. Conceito

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A Análise de Balanços pode ser conceituada como uma arte por meio
da qual são analisadas e interpretadas as principais demonstrações
financeiras de uma empresa, visando fornecer informações acerca do
estado do seu Património.
Pela Análise de Balanços é possível estudar a situação económica e a
situação financeira da empresa. Ela não se limita ao Balanço
Patrimonial, alcançando, também, as demais demonstrações
financeiras.
A análise da situação económica é feita com base nos elementos que
compõem a Demonstração do Resultado do Exercício. Essa análise
possibilita conhecer a rentabilidade obtida pelo Capital investido na
empresa.
Por sua vez, a análise da situação financeira é feita com base nos
dados constantes do Balanço Patrimonial. Ela permite conhecer o grau
de endividamento, bem como a existência ou não de solvência
suficiente para que a empresa possa cumprir seus compromissos de
curto ou longo prazo.

A Análise de Balanços pode ser interna ou externa.


A análise interna é realizada dentro da empresa por seus próprios
empregados, e visa informar gestores e directores, auxiliando-os nas
tomadas de decisões. Por pertencerem a própria empresa, os
analistas não encontram dificuldades para colectar os dados
necessários a realizar suas tarefas. Por isso, a análise interna é
considerada a mais completa.

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A análise externa é efectuada fora da empresa objecto da análise, e


seu objectivo central é informar aos interessados acerca da situação
económica ou da estabilidade da empresa para concretização de
negócios, concessões de créditos e financiamentos. É efectuada por
profissional externo, normalmente pertencente às empresas
interessadas na análise.

Ao analisarmos o balanço é necessário conhecer o fim do trabalho,


isto é, qual a finalidade da análise ou para que ela vai servir e aquém
vai servir.

1.2.2. Finalidade
A finalidade da Análise de Balanços é transformar os dados extraídos
das demonstrações financeiras em informações úteis para a tomada
de decisões por parte das pessoas interessadas.
Historicamente, foram os bancos os primeiros a se interessarem pela
Análise de Balanços. Actualmente, são muitos os usuários que
recorrem a ela, seja para conhecer a rentabilidade do capital investido
e o grau de solvência para o cumprimento das suas obrigações., seja
para avaliar o desempenho das empresas, de acordo com interesses
específicos. Vejamos alguns exemplos:

Bancos: interessam-se em conhecer a capacidade económica e


financeira das empresas com as quais se relacionam. Pela análise dos
direitos e das obrigações podem verificar o grau de endividamento e a
possibilidade dessas empresas cumprirem seus compromissos a curto

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e a longo prazo. Por isso, quando uma empresa solicita um


empréstimo, o banco geralmente submete seus Balanços a intensa
análise. Quanto maior o crédito solicitado, mais minuciosa será a
análise efectuada pelo Banco, dos Balanços da empresa.

Fornecedores: precisam conhecer a capacidade de pagamento e o


grau de liquidez de seus clientes, que, por sua vez, devem também
analisar a situação económica e financeira de seus fornecedores, para
estarem seguros de que eles terão condições de cumprir os contratos
a serem firmados.

Gestores: a ninguém mais do que os gestores interessa conhecer as


situação económica e financeira das empresas que gerem. O gestor
que posicionar bem sua empresa em relação aos concorrentes,
comparando sua rentabilidade com o padrão do grupo em que estiver
enquadrado, conseguirá precaver-se e evitar surpresas
desagradáveis, como a perda e a redução da sua participação no
mercado. Conhecendo bem o desempenho de suas empresas, os
gestores sabem antecipadamente o que fornecedores e bancos
poderão concluir em relação a sua liquidez e rentabilidade, e isso lhes
permite adiantar-se e tomar providencia para melhorar a imagem da
empresa.

Investidor: o maior interesse dos investidores recai sobre o


conhecimento da rentabilidade, embora existam outros aspectos de

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grande importancia, como aqueles relacionados com a valorização ou


desvalorização das acções.

Governo: para o governo, a Análise de balanços apresenta muitas


vantagens. Nas concorrências públicas, quando estiver diante de duas
ou mais empresas que tenham atendido satisfatoriamente às
exigências dos editais, o governo decidirá sempre pela empresa que
possuir melhor situação financeira. Poderá, além disso, acompanhar o
desempenho da vencedora para verificar se ela terá condições de
cumprir os compromissos assumidos.

Finalmente, cada dia aumenta gradualmente o número de pessoas


interessadas em Análise de Balanços, pois na maioria dos casos uma
boa análise da situação económica – financeira do fornecedor, do
cliente, da própria empresa, etc. poderá evitar a ocorrência de
situações desagradáveis, como:
 Por falta de liquidez, deixar de saldar seus compromissos com
os bancos, causando-lhes sérios problemas de ordem financeira;
 Os fornecedores deixarem de cumprir prazos e atrasarem a
entrega de mercadorias, o que pode provocar sérios problemas
aos clientes;
 Empresas deixarem de fabricar produtos a preços competitivos,
perdendo mercado para concorrentes.
Assim sendo, podemos afirmar que a Análise de Balanços constitui
um instrumento indispensável para gestores, fornecedores, clientes,
gerentes de bancos e para o governo.
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CAPÍTULO 2A:
Análise das Demonstrações Financeiras

A principal finalidade da Contabilidade é fornecer informações de


ordem económica e financeira sobre o património das empresas, de
modo a facilitar as tomadas de decisões por parte das pessoas
interessadas. As informações económico-financeiras são
apresentadas sob a forma de relatórios contabilísticos. A maioria das
empresas emite um relatório anual para os accionistas, no qual elas
publicam essas informações usando, no mínimo, quatro
demonstrações financeiras básicas – a demonstração de resultados, o
balanço patrimonial, a demonstração dos lucros retidos e a
demonstração do fluxo de caixa.

Relatório anual é um relatório publicado anualmente por uma empresa


para seus accionistas. Contém demonstrações financeiras básicas
bem como a posição da administração sobre as operações do
respectivo ano e as perspectivas da empresa. A informação descritiva
(quantitativa) e a dissertativa são igualmente importantes. O relatório
das demonstrações financeiras informa o que realmente aconteceu
com os lucros e dividendos nos últimos anos, enquanto as
informações dissertativas tentam explicar as causas das ocorrências.
Por exemplo, os lucros da empresa AB caíram consideravelmente em
2010 - de 118 contos em 2009, eles passaram a 113,50 contos. A

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administração informou que a queda resultou de perdas associadas à


seca e a custos mais elevados provocados por uma greve.

Assim, podemos concluir que as Demonstrações financeiras são


relatórios ou quadros técnicos que contem dados extraídos dos livros,
registos e documentos que compõem o sistema contabilístico de uma
empresa.

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO

- É uma demonstração que resume as receitas e despesas da


empresa durante um determinado período contabilístico, geralmente
um trimestre ou um ano.
A tabela 1 apresenta as demonstrações de resultados de exercício de
2009 e 2010 de uma empresa hipotética AB. As vendas líquidas são
mostradas no topo de cada demonstração. Em finanças, o lucro por
acção (LPA) É chamado “ultima linha”, indicando que, de todos os
itens na demonstração de resultados do exercício, o LPA é o mais
importante. A empresa AB ganhou 2,27 contos por acção em 2010,
valor um pouco baixo dos 2,36 contos em 2009, mas ainda assim
elevou o dividendo de 1,06 contos para 1,15 contos.

TABELA 1: Demonstrações de Resultados (Valores em Contos)


Descrição 2010 2009
Vendas líquidas 3.000 2.850
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Custos sem depreciação 2.616,2 2.497


Depreciação 100 90
Custos operacionaiss totais 2.716,2 2.587
LAJIR 283,8 263
Juros 88 60
LAIR 195,8 203
Impostos 78,3 81
LL antes dos dividendos preferenciais 117,5 122
Dividendos preferenciais 4 4
LL disponível para detentores de acções 113,5 118
ordinárias
Dividendos ordinários 57,5 53
Adição aos lucros retidos 56 65
Dados por acção:
 Preço da acção ordinária 23 24
 Lucros por acção (LPA) 2,27 2,36
 Dividendos por acção (DPA) 1,15 1,06

 BALANÇO PATRIMONIAL

- É a demonstração resumida da posição financeira da empresa em


um determinado momento.

O Balanço Patrimonial é composto por contas patrimoniais, isto é,


aquelas utilizadas para o registo dos elementos que compõem o
património da empresa.
O património da empresa é composto por bens, direitos e obrigações.
Os bens e os direitos, que são elementos positivos, denominam-se
componentes activos. O seu conjunto forma o activo. As obrigações,
que são elementos negativos, denominam-se componentes passivos.
O seu conjunto forma o passivo.

Docente: Mohamade Munir Page 24


Gestão Financeira 2015

A diferença existente entre o total do activo e o total do passivo


denomina-se situação líquida patrimonial. No balanço patrimonial, ela
é representada pelo grupo de elementos denominado património
líquido. O património líquido é composto pelo capital, pelas reservas e
pelos lucros ou prejuízos acumulados.

TABELA 2: Balanço Patrimonial (Valores em Contos)

Descrição 2010 2009


ACTIVO
Caixa e títulos negociáveis 10 80
Contas a receber 375 315
Stock 615 415
Activo circulante 1.000 810
Fabricas e equipamentos 1.000 870
líquidos
Activo Total 2.000 1.680
PASSIVO + PATRIMÓNIO
LÍQUIDO
Contas a pagar 60 30
Títulos a pagar 110 60
Provisões 140 130
Passivo circulante 310 220
Títulos de longo prazo 754 580
Passivo Total 1.064 800
Acções preferenciais 40 40
Acções ordinárias 130 130
Lucros retidos 766 710
Património Líquido 896 840
Passivo + Património 2.000 1.680
líquido

1. Afinal o que é Balanço?

Docente: Mohamade Munir Page 25


Gestão Financeira 2015

É uma das demonstrações contábeis preparadas pelas organizações.


Mostra a posição numa determinada data, normalmente 31 de
dezembro, como se fosse uma fotografia. Está dividido em Ativo,
Passivo e Patrimônio Líquido.

2. O que é Activo?
É a parte do Balanço que demonstra onde foram aplicados os
recursos da empresa. O Activo está representado pelos bens e
direitos. Inclui, por exemplo, o dinheiro em caixa e em bancos,
estoques de mercadorias, equipamentos, imóveis, duplicatas a
receber, entre outros.
3. O que é Passivo?
São recursos de terceiros colocados na empresa através de
obrigações ou dívidas.

4. O que é Patrimônio Líquido?


É a outra parte dos recursos da empresa chamados de próprios,
porque pertencem verdadeiramente aos donos. É a diferença entre o
Activo e o Passivo. Uma empresa pode ter muitos bens, mas se ela
tiver muitas dívidas também, o patrimônio dos donos poderá ser nulo
ou até negativo.

A.Circulante:
É o dinheiro da empresa, os direitos que serão recebidos em dinheiro,
serviços ou bens, e os estoques que serão vendidos e recebidos em
Docente: Mohamade Munir Page 26
Gestão Financeira 2015

prazo nunca superior a 360 dias. As contas são apresentadas em


ordem de liquidez e as mais comuns, são: Caixa e Bancos, Aplicações
Financeiras, Contas a Receber de Clientes e Estoques. Os estoques
estão registrados pelo seu preço de compra ou de fabricação, as
contas a receber são diminuídas de perdas prováveis e, caso alguma
mercadoria ou produto tenha custado mais do que o seu atual valor de
mercado, teremos uma provisão para perdas. Nas Demonstrações
Contábeis em Moeda de Capacidade Aquisitiva Constante, o preço de
compra ou fabricação dos estoques é corrigido monetariamente.

P. Circulante:
É tudo o que a empresa deve pagar até 360 dias. As contas estarão
ordenadas pela sua exigibilidade, vindo primeiro as de prazo mais
curto: Empréstimos, Contas a Pagar, Dívidas com Fornecedores,
Impostos a Recolher e Provisões (são as despesas incorridas,
geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa: férias,
Décimo Terceiro Salário, Salários a Pagar etc.).

DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA


- É o relatório do impacto das actividades de operação, investimento e
financiamento de uma empresa sobre o fluxo de caixa durante um
exercício fiscal. Essa demonstração destina-se a mostrar como as
operações da empresa tem afectado o caixa e a ajudar a responder a
perguntas como: a empresa está gerando caixa necessário para
comprar activos imobilizados adicionais para seu crescimento? A
empresa tem fluxos excessivos de caixa que podem ser usados para
Docente: Mohamade Munir Page 27
Gestão Financeira 2015

liquidar a dívida ou para investir em novos produtos? Essa informação


é útil tanto para os gestores como para os investidores, de forma que
a demonstração de fluxo de caixa constitui uma parte importante do
relatório anual.

O primeiro passo na preparação de uma demonstração de fluxos de


caixa está em identificar que rubricas do balanço patrimonial
proporcionam caixa e quais utilizaram o caixa durante o ano. Isso é
feito com um mapa de origens e aplicações de fundos.

O MOAF - Mapa de Origem e Aplicação de Fundos é um dos mapas


financeiros mais importantes e utilizados na contabilidade e na análise
financeira de empresas. Este mapa representa um conjunto de fluxos
de carácter monetário verificado numa determinada empresa e num
determinado período. O principal objectivo do MOAF é a compreensão
das razões dos aumentos e diminuições do fundo de maneio (relação
entre o activo circulante e o passivo circulante) num determinado
periodo.

O MOAF é elaborado a partir da variação entre dois balanços, um


inicial e outro final do período em causa. Os movimentos ocorridos nas
rubricas incluídas no MOAF podem ser considerados origens ou
aplicações de fundos. Assim, qualquer aumento verificado ao nível do
activo ou redução ao nível do passivo e capitais próprios representam
uma aplicação de fundos. Inversamente, qualquer redução ao nível

Docente: Mohamade Munir Page 28


Gestão Financeira 2015

do activo ou aumento dos capitais próprios ou do passivo representam


naturalmente uma origem de fundos.
Para a elaboração do MOAF é ainda necessário o cálculo das origens
de fundos internos à empresa, que correspondem à soma do valor das
rubricas de resultado líquido do exercício, amortizações e provisões
correspondente ao período de referência. Essas rubricas são
recolhidas do mapa de demonstração de resultados relativa a esse
mesmo período. Os balanços devem separar os activos e passivos
circulantes dos elementos de longo prazo. A apresentação normal do
MOAF ou DOAF é horizontal, com as origens de fundos do lado
esquerdo e as aplicações do lado direito.

Em suma, a mudança na conta de cada Balanço Patrimonial é


determinada e registada ora como origem, ora como aplicação de
fundos de acordo com as seguintes regras:

Origens:
1. Qualquer aumento em uma conta de passivo ou conta de capital
2. Qualquer diminuição em uma conta de activo.

Aplicações:
1. Qualquer diminuição em uma conta de passivo ou de capital.
2. Qualquer aumento em uma conta de activo.

Cada mudança no balanço patrimonial é classificada como resultante


de:
 Actividades de operações;
 Actividades de investimentos;

Docente: Mohamade Munir Page 29


Gestão Financeira 2015

 Actividades de financiamentos.

Os fluxos de caixa operacionais são os associados com a produção


e venda de bens e serviços. A renda líquida constitui o fluxo de caixa
operacional primário, mas mudanças em contas a pagar, contas a
receber, stocks e provisões são também classificadas como fluxos de
caixa operacionais. Os fluxos de caixa de investimento surgem da
compra ou venda de fábrica, propriedade e equipamento. O
financiamento de entradas de caixa resulta da emissão da dívida ou
de acções ordinárias, enquanto as saídas de financiamento ocorrem
quando a empresa paga dividendos ou a dívida. As entradas e saídas
de caixa relacionadas com essas três actividades são somadas para
determinar seu impacto sobre a posição de liquidez da empresa, que é
medida pela mudança nas contas-caixa e de títulos negociáveis.

TABELA 3: Demonstração de fluxo de caixa para 2010

DESCRICAO VALORES
Actividades operacionais
Lucro líquido 117,5
Depreciação 100
Contas a receber (60)
Stock (200)
Contas a pagar 30
Provisões 10
Fluxo de caixa líquido das operações (2,5)
Actividades de investimento
Activos imobilizados (230)
Fluxo de caixa líquido de investimento (230)
Actividades de financiamento
Títulos a pagar 50
Docente: Mohamade Munir Page 30
Gestão Financeira 2015

Exigibilidades de longo prazo 174


Pagamento de dividendos (61,5)
Fluxo de caixa líquido de financiamento 162,5
Variação de caixa (70)

As operações da AB proporcionam fluxo de caixa de menos 2,5


contos. O fluxo de caixa operacional é gerado pelas operações diárias
da empresa, e essa quantia pode ser determinada ajustando-se a cifra
da renda liquida para levar em conta os itens nao-monetários. As
operações do dia – a-dia proporcionaram 257,5 contos de fundos. No
entanto, o aumento de stock durante o ano respondeu por um uso de
fundos quase igual a essa quantia. A secção de investimentos mostra
que a empresa AB adquiriu activos imobilizados no valor de 230
contos. Na secção de financiamento, a empresa levantou 224 contos
em empréstimos, mas pagou 61,5 contos em dividendos sobre suas
acções preferenciais e ordinárias, de forma que seu fluxo líquido foi de
162,5 contos. Quando todas essas origens e aplicações de fundos são
totalizados, vemos que a empresa AB teve uma queda de caixa de 70
contos durante 2010. A empresa cobriu essa diferença reduzindo seus
activos monetários e em títulos negociáveis à ordem de 70 contos.

EXERCÍCIOS:
1. Certa empresa concedeu aos seus clientes um desconto de 4%
sobre as vendas de 4.375 contos com o objectivo de carregar as
contas a receber de tal modo a regularizar a sua dívida bancária de
1.200 contos à taxa anual de 2,5%. O total dos custos operacionais da
empresa representa a 85% do valor das receitas líquidas arrecadadas.
Os dividendos preferenciais foram de 20 contos. A taxa fiscal foi de

Docente: Mohamade Munir Page 31


Gestão Financeira 2015

40%. Sabe-se que há 50 mil acções ordinárias a pagar, e o valor de


cada DPA foi de 1,25 Meticais. Pretende-se que elabore o MDR.

2. Com base nas demonstrações financeiras da Lioyd Company


abaixo apresentadas, pretende-se que prepare e resuma a DFC da
empresa.

Balanço patrimonial
ACTIVO 2008 2007
Caixa 52.000 57.600
Contas a receber 402.000 351.200
Stock 836.000 715.200
Activo circulante 1.290.000 1.124.000
Activos permanentes brutos 527.000 491.000
Menos depreciação 166.200 146.200
acumulada
Activos permantes líquidos 360.800 344.800
Total do Activo 1.650.800 1.468.800
PASSIVO + SL
Contas a pagar 175.200 145.600
Título a pagar 225.000 200.000
Provisões 140.000 136.000
Passivo circulante 540.200 481.600
Exigível de longo prazo 424.612 323.432
Acções ordinárias (100.000 460.000 460.000
acções)
Lucros retidos 225.988 203.768
Total do capital 685.988 663.768
Total do passivo e SL 1.650.800 1.468.800

Demonstração de Resultados do Exercício


Vendas 3.850.000 3.432.000
Custo das mercadorias 3.250.000 2.864.000
vendidas
Outras despesas 430.300 340.000
Depreciação 20.000 18.900

Docente: Mohamade Munir Page 32


Gestão Financeira 2015

Custo operacional total 3.700.300 3.222.900


LAJIR 149.700 209.100
Despesas de juros 76.000 62.500
LAIR 73.700 146.600
Imposto (40%) 29.480 58.640
Lucro líquido 44.220 87.960
LPA 0,442 0,880
Preço das acções 6,00 8,50
Dividendos por acção 0,22 0,22

3. A Coca-Cola Company terminou no ano passado com um lucro


líquido antes do imposto de renda de $ 218.000. A empresa está
sujeita a uma alíquota de imposto de 40% e deve pagar $ 32.000 em
dividendos sobre acções preferenciais, antes de distribuir qualquer
lucro sobre as 85.000 acções ordinárias actualmente em circulação.
a) Calcule o lucro por acção da empresa nesse ano.
b) Se a empresa pagou dividendos de acções ordinárias de $ 0,80
por acção, quantos dólares foram para o lucro retido?

4. A Dell Industries iniciou 2010 com um saldo de lucros retidos de $


928.000. em 2010, a empresa ganhou $ 377.000 após o imposto de
renda. Desse montante, os accionistas preferenciais receberam $
47.000 em dividendos. Ao final de 2010, os lucros retidos da empresa
chegaram a $ 1.048.000. a empresa tinha 140 mil acções ordinárias
em circulação em 2010.
a) Calcule o lucro por acção da empresa em 2010.
b) Qual o montante de DPA que pagou às acções ordinárias em
2010?

5. O balanço patrimonial da Rogers Industries para 31 de Dezembro


de 2009 é apresentado a seguir. Informações relevantes da empresa
em 2010 são dadas após ao balanço patrimonial. Usando os dados
apresentados:
a) Prepare uma demonstração de resultado do exercício (DRE)
para a empresa em 31 de Dezembro de 2010. Ache o LPA.
b) Prepare um balanço patrimonial para a Rogers para 31/12/2010.

Docente: Mohamade Munir Page 33


Gestão Financeira 2015

Balanço patrimonial da Rogers Industries para 31 de Dezembro de 2009 (em $ mil)

ACTIVO PASSIVO
Caixa 40 Contas a pagar 50
Títulos negociáveis 10 Títulos a pagar 80
Contas a receber 80 Outras contas a pagar 10
Stock 100 Passivo circulante 140
Activo circulante 230 Exigível a longo prazo 270
Activo permanente bruto 890 Acções preferenciais 40
Depreciação 240 Acções ordinárias (80.000 60
acções)
Activo permanente 650 Receitas na venda de 260
líquido acções
Lucro retido 110
Activo Total 880 Total do passivo e PL 880
Informações relevantes da Rogers Industries:

1) As vendas em 2010 foram de $ 1.200.000


2) O custo dos produtos vendidos foi igual a 60% das vendas.
3) As despesas operacionais foram iguais a 15% das vendas.
4) A despesa de juros foi 10% do total do saldo inicial de títulos a
pagar e do ELP
5) A empresa paga impostos de 40% sobre o seu lucro.
6) Os dividendos de acções preferenciais de $ 4.000 foram pagos
em 2010.
7) O caixa, Títulos negociáveis, os títulos a pagar, ELP, acções
preferenciais, acções ordinárias e receita na venda de acções
não sofreram alterações.
8) As contas a receber são iguais a 8% das vendas.
9) O stock é igual a 10% das vendas.
10) A empresa adquiriu $ 30.000 de activo permanente
adicional em 2010.
11) O total da despesa em depreciação em 2010 foi de $
20.000

Docente: Mohamade Munir Page 34


Gestão Financeira 2015

12) As contas a pagar são iguais a 5% das vendas.


13) Outras contas a pagar não mudaram.
14) Os dividendos em dinheiro de $ 119.000 foram pagos aos
accionistas ordinários em 2010.

6. O valor do dividendo e o da variação dos resultados dos balanços


(RAUB – RBI) da Casy Sistem Electrics (CSE), são de 570 e 2.230
contos, respectivamente. O analísta financeiro da Casy pretende
calcular o valor do fundo gerado pelas operações (FGO) mas,
conforme o mapa de demonstrações de resultados da empresa, certos
valores não estão “disponíveis” no momento.

Demonstração de resultados da CSE ( Valores em contos)


DESIGNAÇÃO VALOR

Vendas

Custo das vendas

Resultados brutos 7.500


Custos operacionais diversos 1.300

Amortizações

Provisões

Custos operacionais totais

Resultados operacionais 4.500

Perdas nas vendas do imobilizado

RAI

Docente: Mohamade Munir Page 35


Gestão Financeira 2015

Imposto (30%)

RLE

Imagine que foi solicitado pela Casy, em auxiliar o analísta financeiro,


como poderia calcular o montante do referido fundo apenas com os
dados fornecidos?

7. O Gestor “X” foi recentemente contratado como analísta financeiro


pela Computron Industries, uma fabricante de componentes
electrónicos. Sua primeira tarefa foi elaborar o MOAF da empresa
abrangendo os últimos dois anos. Assim, ele tem a seguinte
informação e colhe os outros seguintes dados financeiros
(demonstrações financeiras, valores em contos):

Informações financeiras:
Descrição Amortização VCBV Venda
Construção 40% ------ ------
Equipamento 50% 5.290 4.000
Imobilização ----- 950 750
Financeira
Patentes 10% 560 250

Balanço Patrimonial
ACTIVO 2007 2008
1 Meios Circulantes
Caixa 8.240 14.260
Devedor-Estado 15.230 15.075
Outros devedores 14.130 15.130
Existência 12.080 11.300
Antecipações activas 9.120 6.805
2 Meios Imobilizados
Terrenos 10 910
Construções 2.250 1.210

Docente: Mohamade Munir Page 36


Gestão Financeira 2015

Equipamentos 6.990 1.500


Imobilizações Financeiras 2.000 2.050
Patentes 1.500 1.830
Total do Activo 71.550 70.070
PASSIVO
3 Exigível a curto e a longo
prazo
Credores diversos 6.320 7.550
Letras a pagar 10.050 11.765
Antecipações passivas 12.480 13.685
Outros passivos de curto 4.210 2.090
prazo
Empréstimos obrigacionistas 5.085 2.825
4 Fundos Próprios
Capital Social 25.200 21.700
Lucros/prejuízos acumulados 8.205 10.455
Total do Passivo 71.550 70.070

Demonstração de Resultados
DESCRIÇÃO VALORES
1 Resultados brutos 7.450
2 Custos operacionais13 3.250
3 Resultados operacionais 4.200
4 Perda na venda do 2.100
imobilizado
5 Ganho na venda do 300
imobilizado
6 Resultados Antes de 6.000
Imposto
7 Imposto (40%) 2.400
8 Resultado Líquido 3.600

Suponha que seja assistente do Gestor e que ele lhe pediu para
ajudá-lo a elaborar o MOAF da empresa. Como poderia elaborar o
referido mapa?
13
80% dos custos representam as amortizações.
Docente: Mohamade Munir Page 37
Gestão Financeira 2015

8. Seguem-se as demonstrações financeiras da Computron.

Balanço Patrimonial e Demonstração de resultados (valores em contos)


ACTIVO 2008 2009
1 Meios Circulantes
Caixa 4.679 5.433
Devedores diversos 10.896 13.296
Existência 34.928 33.142
Antecipações activas 426 389
2 Meios Imobilizados
Terrenos 10.485 11.895
Construções 22.946 22.377
Equipamentos 32.384 31.010
Imobilizações Financeiras 3.968 3.472
Patentes 4.189 1.868
Total do Activo 124.901 122.882
PASSIVO
3 Exigível a curto e a longo
prazo
Credores diversos 25.986 26.367
Letras a pagar 5.000 4.000
Antecipações passivas 5.187 6.125
Outros passivos de curto 1.643 1.439
prazo
Empréstimos obrigacionistas 20.000 5.000
4 Fundos Próprios
Capital Social 50.000 60.000
Lucros/prejuízos acumulados 17.085 19.951
Total do Passivo 124.901 122.882

Descrição 2009
Vendas 130.496
Custos operacionais 14 107.877
14
Incluem as seguintes amortizações:
Docente: Mohamade Munir Page 38
Gestão Financeira 2015

Resultados operacionais 22.619


Resultado extraordinário
Perda na venda do activo fixo 1.849
Abate de patentes 15 2.000
Lucro na venda do imobilizado 594
financeiro
RAI 19.364
Imposto 11.000
RLE 8.364

OUTRAS INFORMAÇOES:
 O equipamento com valor contabilístico líquido de 5.982 contos
foi vendido por 4.133 contos
 Imobilização financeira com um custo de 496 contos foi vendida
por 1.090 contos.
 Elabore o MOAF da computron.

9. Seguem-se alguns dados financeiros da Computron Industries:


Balanço Patrimonial (valores em contos)

ACTIVO 2007 2008


1 Meios Circulantes
Caixa 11.220 12.450
Devedor-Estado 850 3.200
Outros devedores 9.700 5.470
Existência 4.735 12.500
Antecipações activas 7.290 3.170
2 Meios Imobilizados
Terrenos 12.570 10.190
Construções 10.400 13.410
Equipamentos 17.080 15.200
Construção 569 contos
Equipamento 5.832 contos
Patentes 321 contos
15
Uma patente avaliada contabilisticamente por 2.000 contos foi retirada durante o exercício por
não corresponder com os novos desenvolvimentos.
Docente: Mohamade Munir Page 39
Gestão Financeira 2015

Imobilizações Financeiras 8.840 9.105


Total do Activo 82.685 84.695
PASSIVO
3 Exigível a curto e a longo
prazo
Credores diversos 2.300 10.720
Letras a pagar 7.230 5.800
Antecipações passivas 10.385 6.210
Outros passivos de curto 12.070 9.165
prazo
Empréstimos obrigacionistas 8.400 9.400
4 Fundos Próprios
Capital Social 30.000 37.500
Lucros/prejuízos acumulados 12.300 5.900
Total do Passivo 82.685 84.695

Informação financeira:

Imobiliza T E I.F
dos
VVAF - 12.310 -
VCBV 8.700 3.995 2.935
AEB - 3.100 -
 Imposto (40%) = 4.000 contos
 Provisão = 1.200 contos
 Perda na venda do activo fixo = 3.290 contos
 Ganho na venda do imobilizado = 1.170 contos

Elabore o MOAF da Computron.

Docente: Mohamade Munir Page 40

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