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A EVOLUÇÃO DA AUDITORIA INDEPENDENTE E A SALVAGUARDA DO

CONTROLE DE QUALIDADE DA AUDITORIA: UM ESTUDO NA CIDADE DE


CUIABÁ

Charles Cebalho (FACC/UFMT) 1

Resumo:
Os procedimentos técnicos específicos aplicados pela auditoria independente têm o
propósito de atestar as práticas contábeis, conferindo-lhes confiabilidade. Além disso, o
controle de qualidade para firmas de auditores independentes, atribui responsabilidades
ao auditor e determina os objetivos a serem alcançados, de modo que a investigação
proposta é avaliar os impactos significativos na prestação de serviços de auditoria ao
longo dos anos. Para tanto, o estudo objetivou asseverar a evolução da auditoria
independente no Brasil e o valor do controle de qualidade empreendido nas firmas de
auditoria, constatando as circunstâncias que favorecem esse desenvolvimento. A
construção do exposto estrutura-se metodologicamente em pesquisa bibliográfica e
documental. Os instrumentos de coleta foram, a observação da empresa, na condição de
firma de auditoria, e questionário aplicado ao diretor responsável pela firma. Destarte, no
que concernem os resultados, constata-se progressão à empresa, indubitável em sua
autonomia e continuidade no mercado e padronização na demonstração dos resultados
aos gestores, e celeridade nas tomadas de decisões. Em conclusão, corrobora tais
indagações pertinentes com os fatos descritos.

Palavras-chave: Auditoria independente. Controle de qualidade. Evolução.

Introdução

No contexto histórico da civilidade é demonstrada a progressão da espécie


humana em diversas áreas, sobretudo a ascensão do pensamento e das relações sociais,
sendo estes os predecessores a concepção da ciência, e dentre as diversas, a ciência
contábil é de suma importância no aspecto econômico. Os escritos e relatos evidenciam
que a história da contabilidade é tão antiga quanto à própria história da civilização2 e à
medida que o conhecimento expandia a visão do homem em relação a seu ambiente,
instintivamente desenvolvia-se a ambição de controlar sua posse. Através dos tempos o
controle dos bens consolidou-se como fator principal de desenvolvimento social e
econômico da espécie humana. Com o transcorrer dos séculos, a área contábil se expandiu
substancialmente em expressividade e influência na administração financeira, na qual

1
Graduando em Ciências Contábeis na Universidade Federal de Mato Grosso. E-mail:
charlescontabeis7@gmail.com
2
Informações do Portal de Contabilidade. História da Contabilidade: tão antiga quanto a própria
civilização. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm > Acesso em:
30 de jan. 2019.
proporcionou novas áreas de estudos. Diacronicamente os trabalhos praticados pelos
profissionais de contabilidade passaram de uma operação metódica e pouco relevante
para uma atividade que exige uma qualidade técnica e profissional, demonstrando sua
importância.
O desenvolvimento econômico conduziu as grandes empresas a patamares mais
elevados de lucratividade, e fez-se necessário um controle adequado para a proteção de
seus patrimônios. Além do mais, a taxação do imposto de renda sobre os resultad
os do balanço e a autonomia de se revisar, controlar e comprovar as demonstrações
financeiras e relatórios da administração; culminou para a edificação da área de auditoria.
Com vistas a dimensão que a auditoria independente alcançou, tornou-se
necessário a criação de leis e normas específicas. "A auditoria é uma especialização
contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o
objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado" WILLIAN ATTIE (1998).
Isto posto, as Normas Brasileiras de Contabilidade primaciais alicerces a serem
consultadas visam excelência na consumação desse trabalho, em razão de relatar os
conceitos e especificidades a serem aplicados, como o alcance, objetivos, requisitos,
exigências e elementos do controle de qualidade contidos na NBC PA 013. Considerando
os aspectos salientados, é importante frisar que um sistema de gestão de controle de
qualidade compõe-se de dispositivos que determinam as políticas de qualidade, obtendo-
se por isto segurança razoável para que as firmas cumpram as Normas Técnicas e as
exigências regulatórias legais; e outorga apropriados às circunstâncias dos documentos
pertinentes a sua competência técnica.
Neste contexto, a problemática associada à esta investigação é a seguinte: como o
controle de qualidade para firmas de auditores independentes assegurou melhorias
valorosas na prestação dos trabalhos de auditoria independente às empresas, haja vista a
evolução documentada do âmbito? Seu principal objetivo foi estabelecer indicadores
relativos à inserção da pesquisa na região de Cuiabá, mapeando os seguintes indicadores:
(i) os aspectos que contribuíram para melhorias na prestação de serviços pelos auditores
independentes no decorrer dos anos; (ii) a normatização da área de auditoria independente
em consoante com as Normas Brasileiras de Contabilidade; (iii) a implementação do
sistema de controle de qualidade segundo as normas e exigências relevantes e; (iv) a
evolução da auditoria independente sob a perspectiva de transição da academia à prática
profissional.
Este estudo tem caráter descritivo, exploratório e qualitativo contextualizando o
conteúdo pautado em cunho informacional, realizando uma análise mais aprofundada das
informações, de forma a dar autenticidade à problemática idealizada. Os instrumentos de
coleta foram, a observação da empresa, na condição de firma de auditoria, e questionário
aplicado ao diretor responsável pela firma com vistas a corroborar com o referido.
Abordar-se-á, em seguida, alguns estudos desenvolvidos sobre a temática em
questão, os aspectos metodológicos da pesquisa, principais resultados, considerações
finais e referências bibliográficas.

1. História da Contabilidade e Auditoria

As conjunturas e fatos históricos da humanidade são descritos através dos séculos.


A história da civilização é a maior testemunha da vivência concreta da ciência da

3
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE NBC PA 01 – CONTROLE DE QUALIDADE
PARA FIRMAS (PESSOAS JURÍDICAS E FÍSICAS) DE AUDITORES INDEPENDENTES. Disponível
em: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-pa-do-auditor-independente/ >
Acesso em: 30 de jan. 2019.
contabilidade no início da civilização antiga onde o homem já demonstrava o controle
contábil através do controle alimentar ou através de desenhos encontrados em cavernas
para algo que a civilização da época queria registrar como forma de controle do seu dia a
dia (MARQUES, 2010, pág. 40). Ainda segundo IUDÍCIBUS (2005, p. 31), “a
Contabilidade é tão antiga quanto o próprio homem que pensa”. Com a redução de
comunidades nômades e o crescimento de pequenas aldeias e cidadelas, se fez necessário
a utilização de uma ferramenta que fosse útil à mensuração do total de bens que a
população daquela região possuía, para isso animais, alimentos e suprimentos gerais eram
registrados de forma rudimentar e realizava-se o controle da entrada de novos estoques e
do consumo dos que já se possuía.
Com a evolução das aldeias em cidades, havia aqueles que produziam mais do que
conseguiam consumir e com o excesso de recursos, deu-se início ao comércio e a
contabilização das transações que os comerciantes realizavam entre si. Ainda, havendo a
necessidade de se avaliar o tamanho da riqueza dos cidadãos da época, foram se
aprimorando as técnicas contábeis que eram utilizadas para calcular conceitos, mesmo
que rudimentares, de receitas, despesas e lucro. Não só em transações comerciais se dava
o uso das ferramentas da contabilidade, mas também nas organizações políticas que se
formavam à época.
Assim foram descritos os primeiros registros da contabilidade, um método
utilizado para mensurar o total de patrimônio e controle dos bens. Passado o período da
antiguidade, a primeira evolução com maior intensidade ocorre na era medieval. Foi nesse
período, inclusive, que frei Franciso Luca Pacioli, considerado o pai da contabilidade ao
criar o método das partidas dobradas torna-se conhecido. Além do mais, “as grandes
manifestações do conhecimento contábil intensificam-se cada vez mais até a era moderna
e obras marcantes surgem na história da contabilidade”. (HENDRIKSEN, VAN BREDA,
1999).
A partir da Revolução Industrial no século XVIII, deu-se uma nova era na
humanidade com surgimento de um novo sistema: o capitalismo. As grandes
manifestações do conhecimento contábil intensificam-se cada vez mais até a era moderna
e obras marcantes surgem na história da contabilidade (HENDRIKSEN, VAN BREDA,
1999). Logo houve a criação de indústrias com produções em larga escala, desta prática
iniciou-se o trabalho de auditoria na área contábil, sendo consolidada e conceituada na
Inglaterra, visando garantia e continuidade de estabilidade financeira e econômica das
empresas que surgiram e se desenvolveram neste período.

O crescimento e evolução da ciência acompanhando o avanço do sistema


capitalista; determinou o aumento das administrações públicas e privadas e o acúmulo de
capital, assim tornando indispensáveis os registros das operações e transações. Há de se
ressaltar a importância de diversos pesquisadores e estudiosos que deram continuidade
no aperfeiçoamento da contabilidade, contribuindo com a história e evolução desta que
se tornou uma ciência aplicada em todo o mundo. O surgimento da moeda como meio
universal de troca, influenciou na elaboração de técnicas contábeis para a contabilização
e maior confiabilidade aos registros que eram feitos.
Deste modo, havia a necessidade de um sistema completo de registro e
mensuração contábil para comportar todas as operações em um único modelo de
apresentação e cálculo das operações que modificavam o patrimônio das entidades. Os
governos possuíam seu próprio sistema de contabilidade para a apuração de impostos
cobrados aos contribuintes, avaliação dos bens dos reis e comandantes, mensuração dos
gastos utilizados em guerras, expedições de exploração e etc. Logo houve a criação de
indústrias com produções em larga escala, desta prática iniciou-se o trabalho de auditoria
na área contábil, sendo consolidada e conceituada na Inglaterra, visando garantia e
continuidade de estabilidade financeira e econômica das empresas que surgiram e se
desenvolveram neste período.
Para mais, a atividade de auditor é tão antiga quanto a própria contabilidade, visto
que, ao remontar a história do Império Persa, observa-se que Dario I imperador que
governava na época, em um ato de reforma política administrativa, impôs a determinados
servos a missão de fiscalizar a cobrança de impostos e uso do tesouro Real. Ao passar dos
anos o Império Romano adotou práticas semelhantes, ao nomear altos funcionários com
a competência de supervisionar as operações financeiras de seus administradores
provinciais e lhes prestar contas.
No sentido literal a palavra auditoria vem do latim audire (ouvir) e foi utilizada
inicialmente pelos ingleses (auditing) para significar o conjunto de procedimentos
técnicos para a revisão da contabilidade (PEREZ JUNIOR, 2012). Já segundo Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, as palavras
“auditoria” e “auditor” vêm do latim “auditore” e significam:

auditoria: cargo de auditor, lugar ou repartição onde o auditor exerce suas


funções, exame analítico ou pericial que segue o desenvolvimento das ações
contábeis, desde o início até o balanço, auditagem; auditor: aquele que houve
– ouvidor; (...); perito-contador encarregado da auditoria (...).

A auditoria é uma técnica da ciência contábil que está inserida na governança


corporativa das organizações, acredita-se começou a se expandir na Itália no século XIV
com a evolução da contabilidade e do sistema capitalista na Inglaterra, onde, em 1314 foi
criado o cargo de Auditor do Tesouro (ATTIE, 2011). Todavia para alguns autores,
(CREPALDI, 2013; PEREZ JUNIOR, 2012) a data de origem da auditoria é
desconhecida.
Já durante a Idade Média, no século XII, na França, os barões na presença de
funcionários designados pela Coroa, realizavam leitura pública de suas contas. Ainda na
região da França, no período carolíngio, o imperador Carlos Magno (768-814) promoveu
uma subdivisão das funções administrativas ao instituir os missi dominici ou “enviados
do senhor” seus auditores das províncias de seu domínio, no qual se encarregavam de
transitar por todo o império e informar ao imperador sobre a administração de seus
domínios, estes constituídos de plenos poderes para controlar a ação dos administradores
locais.
Há ainda informações acerca de o termo auditor ser utilizado nos fins do século
XIII, pelo rei Eduardo I, na Inglaterra. Durante seu reinado, concedeu aos barões o direito
de nomear representantes oficiais. A aprovação do auditor era atestada em
documentos que constituíram os primeiros relatórios de auditoria, denominados
Probatur sobre as contas.
Durante a Idade Média e após o Renascimento, nas diversas regiões da Europa,
houve o surgimento de associações profissionais com o objetivo de exercer as funções de
Auditoria, como os conselhos londrinos, em 1310; o Tribunal de Contas, em 1640, em
Paris; o Collegio dei Raxonati, em 1581, na cidade de Veneza; e a Academia dei
Ragionieri, em 1658, nas cidades de Milão e Bolonha.
Supõe-se que a auditoria tenha se estabelecido como profissão a partir do
momento em que o especialista em escrituração, um mero registrador de fatos de
operações contábeis, deixou de praticar a atividade de contabilidade de um usuário único
e passou a assessorar os demais especialistas e mercadores, tornando-se uma espécie de
consultor.
Datam do final do século XIX as primeiras associações de classe reunindo
profissionais de Contabilidade e Auditoria. Surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos,
países que adotavam o liberalismo econômico, privilegiando a livre-iniciativa e a
propriedade privada. O pioneirismo da Inglaterra é marcado pelo secular Institute of
Chartered Accountants in England and Wales (1880). Nos Estados Unidos, a mais antiga
organização profissional de auditores é o American Institute of Certified Public
Accountants (1886).
A partir de 1900, a profissão do auditor tomou maior impulso através do
desenvolvimento do capitalismo, tornando-se uma profissão propriamente dita. Em 1934,
com a criação da Security and Exchange Comission, nos Estados Unidos, a profissão do
auditor ganhou novo estímulo, pois as companhias que transacionavam ações na Bolsa de
Valores foram obrigadas a utilizar-se dos serviços de auditoria, para dar maior
fidedignidade às suas demonstrações financeiras. À medida que a economia internacional
evoluiu apareceram novas formas de negociação com transações mais complexas.

1.1. Desenvolvimento da Auditoria Independente no Brasil

A humanidade progrediu em muitos segmentos no decorrer dos anos, mesmo este


sendo um processo natural do homem, é pertinente reforçar a capacidade de evolução e
organização de ideias, que possibilitaram a criação de áreas e sistemas complexos que
nos auxiliam em diversas atividades constantes em nossas vidas. Assim define-se a
contabilidade como imprescindível em nosso sistema econômico, pois passou por um
desenvolvimento exponencial à medida que a sociedade em geral moldava o pensamento
e visão futurística do mundo.
No Brasil, no ano de 1808, com o primeiro documento oficial determinando o
método das partidas dobradas, propiciou o início desta evolução em nosso país. No
entanto, é impreciso determinar a data do primeiro trabalho de auditoria procedida no
Brasil, mas constata-se como uma evidência concreta no Decreto nº 2.935, de 16 de junho
de 1862, que aprovava a reorganização da Cia. De Navegação por Vapor - Bahiana -
Anonyma. Seus empreendimentos e estatutos, precisavam ser sancionados por lei. O
capítulo XVII, do referido estatuto, denominado “Dos Auditores”, dispõe:
§ 114- Eles [os auditores] serão designados pela primeira assembleia ordinária de
cada ano.
§ 116 - Eles examinarão as contas da Cia. de acordo com os presentes [?].
Conhecidamente o primeiro parecer de Auditoria emitido no território brasileiro
refere-se ao balanço da São Paulo Tramway Light & Power Co., relativo ao período
compreendido entre junho de 1899 (data de fundação da empresa) e 31 de dezembro de
1902, certificado pelos auditores canadenses Clarkson & Cross atual Ernst & Young. Este
parecer de Auditoria dos livros e operações da empresa brasileira, sendo esta filial de uma
multinacional, revela uma prática atípica para época. Segundo Franco e Marra (2000, p.
43), "quanto ao efetivo exercício da atividade de contador como profissional liberal, na
qual se incluía a função de auditor independente, pouca coisa existia no Brasil antes de
1931, a não ser os escritórios estrangeiros de auditores, todos de origem inglesa".
Segundo Mills (1996, p. v), a primeira empresa de Auditoria Independente a se
instalar no Brasil foi a Price Waterhouse & Peat Marwick, em 1915. Alguns anos mais
tarde, chegariam ao Brasil empresas de grande porte, como a Arthur Andersen em 1957,
esta que compunha uma das 5 grandes empresas do mundo e a Arthur & Young,
antecessora da atual Ernest Young, em 1959, presente na nomenclatura das Big Four
Accounting Firms, ou as Big Four de Auditoria e Consultoria, sendo as Big Four, as 4
grandes empresas que dominam o mercado atualmente
Já o outro marco desta evolução ocorrera 42 anos depois com a criação do Código
Comercial que impôs a obrigatoriedade de realização dos registros contábeis. E no ano
de 1940 foi criado o decreto nº 2627 tendo como objetivo de gerar a Lei das Sociedades
por Ações que instituiria o controle contábil nas entidades anônimas. Somente foi
reconhecida e regulamentada em 1976 com a criação da Lei 6.385, que criou a Comissão
de Valores Mobiliários - CVM (BRASIL, 1976a) e a Lei 6.404, de 15 de dezembro de
1976 que trata das Sociedades por Ações – SA (BRASIL, 1976b) que em seu Art. 177
determinou que as demonstrações contábeis das companhias abertas fossem
obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na CVM.
Com o aumento das necessidades de informações, em 1993 ocorreu o surgimento
dos princípios e normas contábeis adotadas no Brasil. “Os princípios constituem, de fato,
o núcleo central da estrutura contábil. Delimitam como a profissão irá, em largos passos,
posicionar-se diante da realidade social, econômica e institucional admitida pelos
Postulados”. (LUDICÍBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, RUBENS,
Ernesto. Manual de Contabilidade das Sociedades Por Ações. 5ºed.pg.47. São Paulo.
Fipecafi, 2000).
Tempos mais tarde impulsionados pela crescente entrada de empresas
estrangeiras, os profissionais cuja experiência adquirida nestas, demandaram-se e
fundaram empresas brasileiras de auditoria independentes, que prestam serviços em todo
território nacional. Atualmente, conforme dados obtidos no site da CVM – Comissão de
Valores Mobiliários há um total de 387 empresas de auditoria cadastradas, dentre pessoas
físicas e jurídicas. É valido ressaltar que para obtenção do registro é necessário estar
habilitado no Conselho Regional de Contabilidade e seguir as normas referentes à
atividade, previstas na Instrução CVM 308.
A Lei 11.638 (BRASIL, 2007) no art. 3º assevera que:

“Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a


forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações
financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor
registrado na CVM”.

Evidenciam-se as práticas de Auditoria também na administração pública, como


demonstra um artigo publicado, em 1934, pela Revista Paulista de Contabilidade:
É obra prima contábil brasileira a organização que deu ao Instituto de Previdência
dos Funccionarios Públicos da União a esclarecida intelligencia do grande contabilista e
administrador patrício, o sr, Aristides Casado, Do schema de sua formidável organização
contábil, destacam-se, ao centro, o contador Geral, commandando um batalhão de sub-
contadores; ao seu lado direito destaca-se a secção actuarial., ., , e ao lado esquerdo a
secção de auditoria, ... (SANTOS, 1934, p. 176).

Já no campo das linguagens e publicações de autores brasileiros sobre a auditoria


independente, segundo Toledo Filho (op. cit., p. 58), "data de 1957 e denomina-se Curso
de Auditoria, o primeiro livro editado no Brasil sobre o assunto", cuja autoria remete ao
Prof. Antônio Lopes de Sá, sendo o primeiro a utilizar o vocábulo auditoria. Em 14 de
junho de 1965, a regulamentação dos serviços de Auditoria se fez através de diplomas
legais, "Em estruturas legais mais voltadas ao modelo de civil law, a contabilidade em
geral é regulada direta e legalmente pelo governo central". LOPES (2002, p. 63). Outros
fatos ocorridos foram citados por diversos autores, como: WILLIAM ATTIE (1998, p.
29) destacou, no quadro 1 abaixo:
Quadro 1 - Influências da auditoria no Brasil
As principais influências que possibilitaram o desenvolvimento da auditoria no Brasil:

Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras Financiamento de empresas brasileiras através de


entidades internacionais
Crescimento das empresas brasileira necessidades de descentralização
diversificação de suas atividades econômicas Evolução do mercado de capitais
criação das normas de auditoria promulgadas pelo Criação da Comissão de Valores Mobiliários –
Banco Central do Brasil – BACEN em 1972 CVM e da Lei das Sociedades Anônimas em 1976.

Fonte: Elaborado pelo Autor com base na NBC TA 01 (CFC, 2009).

O desenvolvimento econômico foi o principal fator para a evolução dos serviços


de auditoria em todo mundo, e no Brasil não poderia ter ocorrido de maneira diferente.
Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico, que gerou as
grandes empresas, formadas por capitais de muitas pessoas, que tem na confirmação dos
registros contábeis a proteção ao seu patrimônio. (FRANCO E MARRA, 2001, p.39)
A partir destes conceitos pode-se dizer que a Auditoria está relacionada à
avaliação das atividades desenvolvidas nas organizações e o produto do trabalho
buscando por uma análise coerente e objetiva a mudança ou aprimoramento de processos
para obtenção de um resultado positivo e verificação de rotinas ineficientes. Gil (2000)
descreve a auditoria como uma função da organização institucional que visa à revisão,
avaliação e emissão de opinião referente a todo o ciclo administrativo entendendo-se
como ciclo administrativo o planejamento, a execução e o controle, considerando a
auditoria importante em todos os momentos e/ou ambientes das entidades.

2. Controle de Qualidade Para Firmas de Auditores Independentes – NBC PA 01


As Normas Brasileiras de Contabilidade estabelecem regras e condutas que
implicam a atividade profissional e procedimentos técnicos a serem exercidos pelos
profissionais da área contábil, na prática dos trabalhos que são previstos na Resolução
CFC nº 560/83, em consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade. O
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no cumprimento de sua atribuição privativa,
edita as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) que devem,
ser adotadas por todos os profissionais da contabilidade no Brasil. Para
assegurar a evolução das Ciências Contábeis e a aplicação do conhecimento
atualizado e globalizado no exercício profissional, uma das prioridades do
CFC tem sido a busca da convergência das Normas Brasileiras de
Contabilidade aos padrões internacionais.

No que concerne ao CFC, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,


visando o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade em
consonância com os padrões internacionais, mediante acordo e autorização do IFAC –
Federação Internacional de Contadores que outorgou o CFC e IBRACON4, como órgãos
de direitos firmados a traduzir, publicar e distribuir as normas internacionais impressas
em formato eletrônico. Versa o Art. 1º: “aprovar a NBC PA 01 – “Controle de Qualidade

4
IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil. Constituído em 13 de dezembro de
1971, para auxiliar no processo de reconstrução, quando a auditoria independente passou a ser obrigatória
para as empresas de capital aberto e o primeiro conjunto de normas sobre demonstrações contábeis foi
escrito no Brasil. Disponível em:
http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/detInstitucional.php?cod=1.
para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes”, elaborada de
acordo com a sua equivalente internacional ISQC 1, resolução que passou a vigorar nos
exercícios praticados no dia 1º de janeiro de 2010 ou após esta data.
Esta norma norteia o controle de qualidade para auditores, seja pessoa física ou
jurídica, que executam trabalhos de auditoria e revisões de informação financeira,
nomeando-as referidamente como firma e determinando suas responsabilidades. No
alcance estabelecido pela norma, salienta que a mesma deve ser lida paralelamente com
as exigências éticas relevantes. Aplica-se a todas as firmas (pessoas jurídicas e pessoas
físicas) com relação a auditorias e revisões de demonstrações contábeis.
Para mais, é necessário que sejam estabelecidos sistemas de controle de qualidade
em conformidade com esta Norma para a data de 1º. de janeiro de 2010.
Por fim, apresenta introdução de fácil entendimento e está contido em seu corpo
orientação acerca da aplicação, além de materiais explicativos fornecendo um contexto
relevante para a compreensão e entendimento da Norma.

2.1. Objetivos do Auditor Independente

A NBC PA 01 contextualiza em seu corpo informações que contribuíram para a


melhora nos serviços prestados pelas firmas. Por isso, determinam-se os requisitos e
objetivos, a fim de propiciar maior entendimento da mesma, estabelecendo o seguinte:
• entender o que precisa ser atingido; e
• decidir se algo mais precisa ser feito para alcançar o objetivo.
Subentende-se que, a princípio a interpretação deste preceito dever ser de visão
do que precisa ser atingido e das decisões que precisarão ser tomadas para que o objetivo
seja alcançado, sendo este o primeiro passo para a aplicabilidade da norma.
Para mais, havendo a necessidade, deve-se aplicar o uso dos materiais explicativos
para a obtenção de explicações adicionais dos requisitos e orientações para entendimento
e execução, especificamente, delineia-se:
• explicar mais precisamente o que um requisito significa ou pretende cobrir;
• incluir exemplos de políticas e procedimentos que podem ser apropriados
nas circunstâncias.
Embora essas orientações por si só não imponham um requisito, elas são
relevantes para a correta aplicação dos requisitos, por isso a NBC PA 01, discorre que:

a aplicação e outros materiais explicativos podem, também, fornecer


informações básicas sobre assuntos tratados nesta Norma. Quando apropriado,
são incluídas considerações adicionais específicas de firmas de auditoria do
setor público ou firmas menores na aplicação e em outros materiais
explicativos. Essas considerações adicionais ajudam na aplicação dos
requisitos desta Norma. Contudo, elas não limitam ou reduzem a
responsabilidade da firma de aplicar e cumprir os requisitos desta Norma.

Portanto, após apresentação e especificações dos requisitos têm-se definido os


objetivos principais da Norma. Além de, impor uma data de vigência, para que seja
estabelecido o quanto antes o sistema de controle de qualidade em conformidade com a
Norma.
O item 11 da NBC TA 01 discorre sobre o objetivo da firma; o de estabelecer e
manter um sistema de controle de qualidade para obtenção de segurança razoável por
parte do auditor independente que:

a. a firma e seu pessoal cumprem as normas técnicas e as exigências


regulatórias e legais aplicáveis; e
b. os relatórios sobre demonstrações contábeis e demais relatórios
emitidos pela firma e pelos sócios encarregados do trabalho são
apropriados nas circunstâncias.

É ressaltada em diversas oportunidades a importância do sistema de controle de


qualidade, pois este que assegura a qualidade e confiabilidade dos serviços realizados
pela firma.

2.2. Elementos Do Sistema de Controle de Qualidade

A firma deve estabelecer e manter um sistema de controle de qualidade que inclua


políticas e procedimentos que tratam dos seguintes elementos, descritos no item 16 da
NBC TA 01:
➢ responsabilidades da liderança pela qualidade na firma;
➢ exigências éticas relevantes;
➢ execução do trabalho.
Estes elementos determinarão os procedimentos a serem implantados na firma.

2.3. Responsabilidade da Liderança Pela Qualidade na Firma

No contexto da Norma fundamenta os elementos do sistema de controle de


qualidade, assim sendo o primeiro elemento a “responsabilidade da liderança pela
qualidade na firma”, determinando que o presidente da firma assuma a responsabilidade
pelo sistema de controle de qualidade. No item 18 da NBC PA 01 discorre que a firma
deve:

estabelecer políticas e procedimentos para promover uma cultura interna que


reconheça que a qualidade é essencial na execução dos trabalhos. Essas
políticas e procedimentos devem requerer que o presidente da firma (sócio-
gerente ou equivalente) ou, se apropriado, a diretoria executiva da firma (ou
equivalente), assuma a responsabilidade final pelo sistema de controle de
qualidade da firma.

Subsequente, orienta que a pessoa responsável pelo sistema operacional do


controle de qualidade seja habilitada e capacitada para assumir a função. Assim o item
19 da NBC PA 01 disserta que a firma deve:

estabelecer políticas e procedimentos de modo que qualquer pessoa a quem o


presidente ou a diretoria executiva atribui a responsabilidade operacional pelo
sistema de controle de qualidade tenha experiência e capacidade suficiente e
apropriada e autoridade necessária, para assumir essa responsabilidade.

Todas as orientações presentes na norma exigem que o profissional tenha


qualificação técnica para exercer as atribuições dentro da firma.

2.4. Exigências Éticas Relevantes

A ética é responsável por delimitar os comportamentos humanos e propiciar um


convívio harmonioso na humanidade. Por isso são estabelecidos valores e condutas dentro
dos padrões convencionais da sociedade e o cumprimento dessas definições se estende a
todos os ambientes em que a pessoa possa se relacionar. Ademais, o código de ética do
profissional de contabilidade dever ser seguido rigorosamente enquanto no exercício de
seu trabalho e estendido ao ambiente social.
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e
regimentais aprovou no ano de 1970 o Código de Ética do Profissional Contabilista, sendo
uma marca no campo do exercício profissional contábil. Sendo assim, o profissional, deve
ter pleno conhecimento deste código e praticar na execução de seus trabalhos.
Assim a NBC PA 01 em seu item 20 versa que a firma deve estabelecer políticas
e procedimentos para fornecer segurança razoável de que a firma e seu pessoal cumprem
as exigências éticas relevantes. Posto isso, elucida como a firma deve proceder para
alcançar a segurança razoável na execução de seus trabalhos e que se cumpram as
exigências éticas relevantes.
Também deve ser estabelecido políticas e procedimentos que assegurem sua
independência. No item 21 da NBCA PA 01 discorre que a firma deve:

estabelecer políticas e procedimentos para fornecer segurança razoável de que


a firma, seu pessoal e, quando aplicável, outras pessoas sujeitas a requisitos de
independência (incluindo pessoal de firma da mesma rede) mantêm a
independência requerida por exigências éticas relevantes.

Além de salvaguardar a independência do profissional e lhe dar segurança, essas


políticas e procedimentos devem permitir à firma:
(a) comunicar seus requisitos de independência a seu pessoal e, quando
aplicável, às outras pessoas sujeitas a elas; e
(b) identificar e avaliar circunstâncias e relações que criam ameaças à
independência, e tomar as medidas apropriadas para eliminá-las ou reduzi-
las a um nível aceitável, mediante a aplicação de salvaguardas ou, se
considerado apropriado, retirar-se do trabalho, quando esta retirada é
permitida por lei ou regulamentação.

Ademais no item 22 da NBCA PA 01 complementa a evidenciação do contexto


de que essas políticas e procedimentos, demonstrados no Quadro 2:

Quadro 2 – Políticas e procedimentos para as firmas

Requerer que: De modo que:


os sócios encarregados do trabalho forneçam à a firma e seu pessoal possam rapidamente
firma informações relevantes sobre trabalhos de determinar se elas satisfazem os requisitos de
clientes, incluindo o alcance dos serviços, para independência;
permitir à firma avaliar o impacto geral, se
houver, sobre os requisitos de independência;

o pessoal notifique prontamente a firma sobre as a firma possa manter e atualizar seus registros
circunstâncias e relações que criam uma ameaça referentes à independência; e
à independência para que possam ser tomadas as
medidas apropriadas; e

as informações relevantes sejam compiladas e a firma possa tomar as medidas apropriadas em


comunicadas ao pessoal apropriado relação às ameaças identificadas à independência
que não estão em um nível aceitável.

Fonte: Elaborado pelo Autor com Base na NBC TA 01 (CFC, 2009)


Como foram dispostos no quadro os sócios forneçam informações relevantes
sobre os clientes, para que a empresa possa avaliar de modo a garantir sua independência,
além de notificar a firma sobre as ameaças que possam prejudicar sua independência.

2.5. Execução do Trabalho

Os trabalhos de auditoria devem ser executados de acordo com as normas técnicas


e exigências regulatórias legais e aplicáveis. A emissão do relatório de auditoria,
realizados pela firma, através do sócio encarregado, devem ser apropriados de acordo
com o trabalho executado. Os procedimentos adotados devem incluir assuntos que
promovam qualidade na execução do trabalho e a responsabilidade de supervisionar e
revisar a execução dos trabalhos. Sendo o supervisor, o membro mais experiente da
equipe, irá efetuar a supervisão e a revisão dos trabalhos dos menos experientes.
A firma deve adotar a consultas, onde serão realizadas pesquisas e análises de
assuntos relacionados à execução dos trabalhos que impliquem dificuldades ou
controvérsias. Para isso, deve dispor de recursos disponíveis que satisfaçam tal demanda,
quando necessário. Por fim, depois de realizada a consulta, as conclusões e resultados
obtidos serão documentados após acordo entre as partes que realizaram a consulta e a
consultada. Subsequente serão implementadas as conclusões.
A revisão do controle de qualidade do trabalho será realizada conforme dispõe o
item 35 da NBC PA 01:
A firma deve estabelecer políticas e procedimentos que requeiram, para
determinados trabalhos, a revisão de controle de qualidade do trabalho que
forneça uma avaliação objetiva dos julgamentos significativos feitos pela
equipe de trabalho e as conclusões obtidas para elaboração do relatório de
auditoria ou de outros relatórios. Essas políticas e procedimentos devem:
• requerer a revisão do controle de qualidade do trabalho para todas as
auditorias de demonstrações contábeis de companhias abertas;
• especificar critérios a serem usados para avaliar todas as outras
auditorias e revisões de informações contábeis históricas e outros serviços de
asseguração e serviços correlatos para determinar se deve ser feita a revisão do
controle de qualidade do trabalho; e
• requerer a revisão do controle de qualidade para todos os trabalhos, se
for o caso, que preenchem os critérios estabelecidos.

O estabelecimento de procedimentos que especifiquem a natureza, época e


extensão da revisão do controle de qualidade também está previsto no texto da Norma,
além de, determinar que a data do relatório do trabalho não anteceda a conclusão da
revisão do controle de qualidade.
Determina-se os critérios para a elegibilidade do revisor de controle de qualidade
do trabalho, no item 39 da NBC PA 01:

A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para tratar da indicação de


revisor do controle de qualidade do trabalho e estabelecer sua elegibilidade
considerando:
• as qualificações técnicas exigidas para desempenhar o papel, incluindo
a experiência e autoridade necessária; e
• até que nível o revisor de controle de qualidade do trabalho pode ser
consultado sobre o trabalho sem comprometer a sua objetividade

Seguindo todos os critérios e exigências legais e éticas a conclusão dos arquivos


finais do trabalho executado, disposto no item 45 e 46 da NBC PA 01:
a firma deve estabelecer políticas e procedimentos para que as equipes de
trabalho completem a montagem dos arquivos finais do trabalho no momento
oportuno, depois da finalização dos relatórios do trabalho: confidencialidade,
custódia, integridade, acessibilidade e recuperabilidade da documentação do
trabalho. A firma deve estabelecer políticas e procedimentos para manter a
confidencialidade, custódia segura, integridade, acessibilidade e
recuperabilidade da documentação dos trabalhos.

Por fim, todas as políticas e procedimentos devem ser baseados nas definições da norma
e das exigências éticas relevantes, de modo a garantir qualidade, confiabilidade,
segurança na execução dos trabalhos.

2.6. Análise dos Resultados

Discorre nesta seção a análise e os resultados alcançados através de questionário


aplicado ao profissional com qualificações técnicas propícias a dar fidedignidade ao
referido trabalho. De acordo com Freitas e Moscarola (2000), seja qual for o ponto que
se almeja e o objeto das pesquisas, os dados a reunir para compreender e explicar
opiniões, condutas, ações, enfim, são quase sempre de origem verbal. Complementando,
Freitas e Janissek (2000), ressaltam que a análise de conteúdo é uma técnica considerável
à se utilizar em todos os tipos de pesquisa que possam ser documentadas em textos
escritos. O questionário foi respondido por um auditor que exerce o cargo de diretor de
uma firma de auditoria localizada em Cuiabá, o qual está no cargo há 14 anos e possui
duas especializações. Salienta-se que o conteúdo visou corroborar a problemática
externada aos respondentes frente aos questionamentos, bem como, em seguida, o
conteúdo latente de suas respostas e comentários.
Primeiramente questionou-se sobre os aspectos evolutivos na área de auditoria
independente no decorrer dos anos. O respondente sinalizou alguns pontos, que no seu
ponto de vista podem ser destacados: “evolução na qualidade dos números apresentados;
evolução na qualidade dos relatórios e demonstrativos de auditoria e evolução na
equalização entre práticas brasileiras com as internacionais”.
Isto posto, entende-se que dentro do que foi estruturado no texto, a auditoria
independente possibilitou uma evolução ampla e promissora para a empresa, refletida em
sua autonomia e continuidade no mercado, ou seja, a empresa dentro de sua estrutura
organizacional, contabilidade e administração, alcançou resultados melhores a cada ano,
o que configura maior lucro frente aos trabalhos realizados. Subsequente, outro ponto
citado foi a evolução dos relatórios e demonstrativos de auditoria, que foi estabelecido
devido a necessidade de normatizar estes documentos, viabilizando uma padronização na
demonstração dos resultados aos gestores, para que estes possam ter um fácil
entendimento e celeridade na tomada de decisões para a empresa.
E por fim, foi citado a equalização das práticas contábeis no Brasil com as práticas
internacionais, tendo isso, em decorrência da padronização das normas de contabilidade
brasileiras através da evolução dos profissionais de contabilidade em sua assimilação com
as normas internacionais, assim segundo a Resolução CFC 1.328/2011, em ser art. 1º:
“As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados
nas normas internacionais”. Sancionada essa Resolução houve a implementação de cada
setor a qual a mesma se referia.
Posteriormente, questionou-se a importância da criação da NBC PA 01 - Do
Auditor independente, obtendo-se a seguinte resposta: “aumento na qualidade dos
trabalhos de asseguração”. Segundo a NBC TA Estrutura Conceitual - Estrutura
Conceitual para Trabalhos de Asseguração em seu tópico "Descrição dos trabalhos de
asseguração" define: “trabalho de asseguração é o trabalho no qual o auditor independente
visa obter evidências apropriadas e suficientes para expressar sua conclusão de forma a
aumentar o grau de confiança dos usuários previstos sobre o resultado da mensuração ou
avaliação do objeto, de acordo com os critérios que sejam aplicáveis”. Sendo assim,
corroborando a resposta obtida, pode-se afirmar que a criação da NBC PA 01 trouxe mais
confiabilidade aos usuários utilizando-se da mensuração ou avaliação do objeto para tal
resultado.
Ademais, foi perguntado ao entrevistado sobre como são elaboradas as políticas e
procedimentos dentro da firma, onde o respondente descreveu: “são elaboradas seguindo
exigências dos órgãos reguladores da profissão”. Analisando a resposta descrita acima,
conclui-se que, a firma procura se adequar as determinações exigidas pelos órgãos
normatizadores e reguladores, estando assim de acordo com as legislações vigentes.
Para mais, indagou-se a respeito da aplicabilidade da NBC PA 01 em consonância
com as exigências éticas relevantes descritas na referida norma, assim alcançando a
seguinte resposta “todos os trabalhos devem ser norteados pela ética e ceticismo
profissional. As normas de auditoria dispõem de elementos que nos ajudam a cuidar deste
tema. Um dos pontos a ser avaliado é a independência do auditor em um trabalho”.
Supracitada a resposta concluiu-se que a firma de auditoria segue firmemente a norma,
observando os critérios de exigências éticas relevantes, e além do mais, o ceticismo
profissional foi citado pelo mesmo, reforçando sua experiência na área em que atua, pois,
um bom auditor deve ter atrelado a si o ceticismo em todo trabalho realizado.
Enfim, vale ressaltar a independência, mencionada pelo respondente, esta que,
vem a ser o pilar da auditoria independente, visto que, o auditor deve ser independente a
empresa cliente, fazendo com que a auditoria não seja influenciada pela relação entre
ambos, garantindo assim uma opinião imparcial e fidedigna sobre as demonstrações
contábeis e financeiras.
De mais a mais, foi questionado sobre os procedimentos de supervisão e revisão
dos trabalhos realizados e ainda o responsável pelo mesmo, e o respondente descreveu o
seguinte “as revisões são realizadas tempestivamente em cada etapa da auditoria. Os
responsáveis pelas revisões, respeitando a complexidade de cada área auditada são os
sócios, gerentes e sêniores”. Assim, o diretor afirma que segue a norma em relação
tempestividade de cada etapa de auditoria, que exige a supervisão e revisão. Já com a
relação aos responsáveis por estas atribuições e seguido a hierarquia profissional, onde é
definida pela especificidade do trabalho realizado, experiência profissional e qualificação
técnica do responsável.
Subsequente, questionou-se sobre o estabelecimento de sistemas de controle de
qualidade na firma, onde foi obtido a resposta de que “os controles são realizados através
de checklists de procedimentos obrigatórios na auditoria e revisão dos papéis de
trabalhos, sempre seguindo as normas de auditoria”. Observa-se que o controle se realiza,
com base em uma programação das exigências descritas na norma, possibilitando assim
maior autonomia e qualidade na prestação dos serviços.
Por fim, o último questionamento buscou entender como funciona o
monitoramento do sistema de controle de qualidade e a resposta foi a seguinte:
“monitoramento é realizado tempestivamente pelos sócios e gerentes envolvidos nos
trabalhos de campo. A cada mudança da norma, os procedimentos de auditoria são
atualizados para atendê-la”. Evidencia-se aqui o compromisso e qualidade do sistema de
controle de qualidade da firma, uma vez que, o monitoramento é importante para garantir
a regularidade e evolução do sistema e manter sempre atualizada, de acordo as normas e
legislações emitidas pelos órgãos reguladores.
3. Considerações finais

O estudo elaborado, desenvolvido e aplicado, teve como principal fator a


comprovação de que houve uma evolução da área da contabilidade em geral, mas,
sobretudo, a ramificação denominada auditoria independente. Fundamentaram-se os
argumentos com base em estudos de todo o contexto histórico e moderno e analisou a
resposta do diretor da firma de auditoria frente aos questionamentos pertinentes ao
assunto.
Diante de todo ponto ressaltado neste trabalho, ficou evidenciado a importância do
profissional da área de auditoria independente, ou seja, o auditor independente
responsável por emitir opiniões e pareceres acerca dos procedimentos contábeis da
empresa, ao concretizar seu trabalho, às empresas que emitem ações à venda ganha ou
perdem credibilidade no mercado e ações. Mas, todavia, a parecer favorável ou não do
auditor auxilia um potencial investidor em sua tomada de decisão sobre quais ações deve
investir.
O mérito deste estudo pode ser definido nas palavras de Castro (1978, p. 76): "a
ciência tem passado, tem história; sem uma ideia do que já aconteceu, do que já se sabe,
perde-se a perspectiva".
Destarte, levantando a problemática de que a auditoria independente deve estabelecer
um controle de qualidade nas firmas de auditoria e como esse controle pode contribuir na
prestação de serviços que os auditores prestam às empresas. Para mais, procuro
demonstrar que a implementação do sistema de controle de qualidade deve ser elaborada
conforme as Normas Técnicas e exigências relevantes; e por fim, apresentar a necessidade
da revisão externa de qualidade nos trabalhos de auditoria.
Ficou evidenciada a evolução da área de auditoria independente, que foi corroborado
com as respostas apresentadas pelo diretor da firma de auditoria frente aos
questionamentos remetidos a ele. O referencial descreveu aspectos históricos com base
em fontes que dão autenticidade ao referido e salienta a importância da normatização
dessa área através da criação da NBC PA 01, norma essa que legisla especificamente às
firmas de auditoria, seja pessoa física ou jurídica. Portanto, o profissional que irá executar
o trabalho de auditoria independente deve estar em comunhão com essa norma,
garantindo-lhe autonomia, independência, segurança e qualidade em seus trabalhos.
Por fim, espera-se que este trabalho possa despertar novas discussões e
concomitantemente possibilite reflexões acerca das diretrizes e normas direcionadas a
auditoria independente, assim alcançando maior qualidade nos serviços prestados.

Referências

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