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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS UNIVERSITÁRIOS DE NAMPULA


(ISEUNA)

LICENCIATURA EM ENGENHARIA INFORMÁTICA E DE TELECOMUNICAÇÕES

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE PROJECTOS DE INVESTIMENTO

RAFAEL FERNANDO DOS SANTOS

Nampula, 2022
RAFAEL FERNANDO DOS SANTOS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE PROJECTOS DE INVESTIMENTO

Trabalho apresentado ao ISEUNA- Universidade


Politécnica como requisito parcial para avaliação
da Cadeira de Gestão de Projectos do 8o Semestre
de Licenciatura em Engenharia Informática e de
Telecomunicações.

Docente: Carlos Brazão

Nampula, 2022

I
Índice

Introdução ....................................................................................................................................... 8
Objectivos ....................................................................................................................................... 9
Geral ............................................................................................................................................ 9
Específicos .................................................................................................................................. 9
Procedimentos metodológicos aplicados na pesquisa..................................................................... 9
Tipos de Pesquisa ........................................................................................................................ 9
Método de pesquisa ..................................................................................................................... 9
Fundamentos de Projecto e Investimento ..................................................................................... 10
Critérios de avaliação de projectos de Investimento..................................................................... 11
Avaliação do Projeto de Investimento com Base nos Cash-Flow ................................................ 11
Critérios de Avaliação e Medidas de Rendibilidade de Projecto .................................................. 15
Critérios de Avaliação de Projectos de Investimento na Óptica Empresarial ........................... 15
Valor líquido actualizado (VLA) ........................................................................................... 16
Método da taxa interna de retorno (TIR) ............................................................................... 20
Método do pay-back .............................................................................................................. 23
Taxa de lucratividade............................................................................................................. 26
Critérios e Métodos de Avaliação de Projectos Investimentos na Óptica Social...................... 27
Critérios elementares ou primários ........................................................................................ 27
Critérios globalizantes ........................................................................................................... 30
Conclusão...................................................................................................................................... 31
Bibliografia ................................................................................................................................... 32
Apêndices ...................................................................................................................................... 34

II
Lista de Figuras
Figura 1: Esquema Cash-flow....................................................................................................... 13
Figura 2: Cash-flow ao Longo da Vida Útil de um Projeto .......................................................... 14
Figura 3: resolução do exercício de VLA no Excel ...................................................................... 19
Figura 4: resolução do exercício de TIR no Excel. ....................................................................... 22
Figura 5: resolução do exercício de Pay-Back no Excel............................................................... 25
Figura 6: resolução do exercício de Taxa de Lucratividade no Excel .......................................... 26
Figura 7: Cálculo de VLA do problema 1 no Excel ..................................................................... 34
Figura 8: Cálculo de VLA da Proposta A do problema 2 no Excel. ............................................. 35
Figura 9: Cálculo de VLA da Proposta B do problema 2 no Excel. ............................................. 36

III
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Curva de VLA. ............................................................................................................ 20

IV
Lista de Tabelas
Tabela 1: Projecções de Lucro do problema 2 ............................................................................................ 35

V
Lista de Siglas
Bt – Benefícios do projecto

CFt - Cash Flow no período t

DRP - Distribuição de Rendimentos do Projecto

i – taxa de juro;

I – Capital investido;

IFT – Intensidade do Factor Trabalho


It – Investimento e Custos do Projecto

k - taxa de actualização

L – Número de empregos.

MZN – Metical Moçambicano


n - número total de períodos da vida útil do projecto

PMBOK - Project Management Body of Knowledge


PMI - Project Management Institute
PML - Produtividade média da mão-de-obra
PMO - Project Management Office
t – tempo de vida útil do projecto, dado em anos.

TIR - A Taxa Interna de Retorno


VAB - Valor Acrescentado Bruto
VLA - Valor Líquido Actualizado
VPL – valor Presente Líquido
W – remunerações salariais;

VI
Lista de Apêndices
Apêndice I: resolução do Teste 2 .................................................................................................. 34

VII
Introdução
A avaliação de projectos de investimento de uma maneira geral está intrinsecamente ligada a um
conjunto de critérios que visam verificar a sua viabilidade económica e financeira. Os critérios
de avaliação de investimentos são indicadores calculados com base na rendibilidade e servem de
suporte à tomada de decisão para eventuais projectos a realizar. Deste modo, a decisão de
realizar um investimento irá ser suportada essencialmente pela sua capacidade de criar valor
financeiro à empresa e aos investidores. Saliente-se, contudo, que a rendibilidade de um projecto,
ainda que simples, deve ser sempre avaliada tendo em vista uma melhor utilização dos fundos de
que a empresa dispõe: seja o custo do capital para a empresa (como base mínima), sejam as
oportunidades para investimentos externos no mercado ou para investimentos de risco similar.

Com Base nesta abordagem é apresentado o presente Trabalho que pretende dar a compreender
os Critérios de avaliação de projectos de Investimento, para tal, será ilustrado um referencial
teórico para direccionar melhor a leitura e explicar sobre o tema em estudo.

O trabalho apresenta os critérios de avaliação de projectos de Investimento na óptica empresarial,


referenciando o Valor Líquido Actualizado (VLA), A Taxa Interna de Retorno (TIR), pay-back e
a taxa de lucratividade, Ilustrando exemplos para cada critério e as suas vantagens e
desvantagens. O presente trabalho aborda também os critérios e métodos de avaliação de
projectos investimentos na óptica social indicando os Critérios Elementares ou Primários e os
critérios Globalizantes.

Actualmente existem ferramentas informáticas de fácil utilização para realizar os cálculos destes
métodos de forma instantânea, simplificando o processo, está será a técnica utilizada para a
cálculo dos métodos que posteriormente serão abordados.

8
Objectivos

Geral
 Abordar sobre os Critérios de avaliação de projectos de Investimento num sentido mais
amplo.

Específicos
 Identificar os Critérios de avaliação de projectos de Investimento;
 Exemplificar cada critério abordado;
 Fundamentar as ideias com base em bibliografias consideradas cientificamente
autênticas.

Procedimentos metodológicos aplicados na pesquisa

Tipos de Pesquisa
A pesquisa deste trabalho é qualitativa, visto que faz o estudo e fornece informações colectadas
em diferentes relatórios e manuais de forma a compreender e explicar o tema e o seu estudo.

Método de pesquisa
O método usado neste estudo é indutivo pois conclui-se uma verdade científica adequada ao
meio depois de se considerarem casos particulares a este tema.

9
1. Fundamentos de Projecto e Investimento

O PMBOK do PMI (2013: 3) sobre a definição de projecto, estabelece que:

Um projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto,


serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica
que um projeto tem um início e um fim definidos. O fim é alcançado
quando os objetivos do projeto são alcançados ou quando o projeto é
encerrado porque seus objetivos não serão ou não podem ser alcançados,
ou quando a necessidade do projeto não existir mais.

Um projeto também pode ser encerrado se o cliente (cliente, patrocinador ou defensor) desejar
encerrar o projeto. Temporário não significa necessariamente que a duração do projeto seja curta.
Refere-se ao engajamento do projeto e sua longevidade. Temporário normalmente não se aplica
ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto; a maioria dos projetos são realizados para
criar um resultado duradouro.

Segundo Dias (2002, cit em Machemedze, 2011:10), „investimento refere-se a troca entre uma
despesa para adquirir determinados bens e as receitas futuras que se retirarão de exploração
desses mesmos bens, uma decisão estratégica de comprometimento dos recursos no longo prazo‟.

Ao abordar sobre investimento, Marques (2006, cit em Machemedze, 2011:10) refere que:

Investimento refere-se a acumulação de possibilidades de produção quer


directamente através de projectos produtivos, quer indirectamente através
de projectos não directamente produtivos mas que de uma forma,
contribuam para a dinamização da actividade económica, crescimento da
produtividade, aumento do produto e dos rendimentos sociais e para a
melhoria das condições de vida em geral.

10
Dadas as definições acima apresentadas, constata-se que investimento é de facto um processo de
aplicação de recurso no presente, com propósito de no futuro, mesmos gerem rendas. Entretanto,
torna-se evidente que na avaliação de projectos, deve-se ter em consideração o futuro.

2. Critérios de avaliação de projectos de Investimento

A problemática da avaliação de projectos tem a ver com a necessidade de assessorar a decisão de


investir, quer por parte dos empresários, como por parte da Administração Pública no contexto
da política económica.

Na perspectiva de Marques (2006, cit em Machemedze, 2011: 11):

O objectivo da avaliação é apreciar propostas alternativas de aplicação de


recursos no presente, com vista a obter no futuro bens e serviços
equivalentes a um volume acrescido de recursos e fundamentar a decisão
de investir em determinados projectos, determinadas actividades
económicas, tendo determinado processos em que a análise leva à escolha
do mais adequado, com vista a maximização da rentabilidade dos recursos
escassos que os projectos utilizam para garantir determinados fins ou
efeitos esperados em proveitos da empresa e/ou da economia.

Os critérios de Avaliação de Projectos devem ser adequados ao tipo de projeto, a metodologia de


gerenciamento utilizada pelo PMO, à realidade e aos recursos disponíveis na organização´. Além
disto, os critérios devem refletir as práticas do setor de atuação da empresa.

3. Avaliação do Projeto de Investimento com Base nos Cash-Flow

De acordo com a perspectiva de Marques (2014: 82), é indicado que:

11
A diferença ou saldo global entre o somatório dos benefícios, traduzidos
em valores de entradas de caixa e o somatório dos custos de investimento
e de exploração, traduzidos em valores de saídas de caixa, respetivamente,
decorrentes da realização do projeto, chama-se cash-flow.

Barros (1998: 85) afirma que „os critérios de avaliação de projetos são medidas ou indicadores
de rendibilidade dos projetos de investimento que servem de suporte à tomada de decisão de
implementar o projeto.‟

Segundo Megre (2013: 62), os Cash-flows gerados por um projeto são a medida adequada para a
avaliação da rendibilidade de um investimento.

[…] aos recursos consumidos chama-se gastos e aos recursos obtidos


resultantes do investimento dá-se o nome de benefícios […]. É com o
produto da venda dos bens ou serviços que a entidade recupera os custos
suportados para a execução e exploração do projeto e obtém um
excedente, o benefício líquido.

Resumindo, um projeto de investimento poderá apresentar dois tipos de fluxo:

1. Fluxo monetário de saída


a) Despesas de investimento;
b) Despesas de exploração.

2. Fluxo monetário de entrada


a) Receitas de exploração (resultado da venda do produto do projeto);
b) Receita pela venda das instalações e/ou equipamento no final do projeto (Valor
Residual).

12
Apresenta-se o esquema tipo do comportamento habitual da caixa de um projeto em que ao
longo dos diferentes períodos apresenta fluxos de entrada e fluxos de saída.

Figura 1:
Figura 1: Esquema Cash-flow (Marques, 2014: 82)

Segundo Marques (2014: 83), „os investimentos, outros gastos e rendimentos, devem estar
sempre reportados ao fator tempo.‟

Sendo: I=Investimentos;

C=Gastos de exploração;

R=Rendimentos; e

T=Tempo=período.

Vem:

It=Investimentos no ano ou período t;

Ct=Gastos de exploração no ano ou período t; e

Rt=Benefícios no ano ou período t.

13
Marques (2014: 83) representou de uma forma resumida, aquilo que poderá ser o Cash-flow de
um projeto ao longo do seu período de vida até à extinção do mesmo.

Figura 2: Cash-flow ao Longo da Vida Útil de um Projeto (Marques, 2014: 83)

Através da soma algébrica dos saldos anuais obtém-se o Cash-flow do projeto, em que:

I0=Investimento no período 0

I1=Investimento no período 1

In=Investimento no período n

C2=Gastos de exploração no período 2. É o ano em que se dá início à exploração, mas em que


ainda há investimento = I2

Rn=Benefícios no período n. No ano 1, ainda não houve exploração, portanto ainda não houve
benefícios, daí que não exista 𝑅1.

Os tipos de Cash-flows são os os seguintes:

 Cash-flow de Investimento

CFI = Investimento em Capital Fixo + Capital Circulante - Valor Residual

14
 Cash-flow de Exploração

CFE = Resultados Líquidos do Exercício + Amortizações + Imparidades / Ajustamentos +


Encargos Financeiros.

 Cash-flow Global

CFG = CFE − CFI

4. Critérios de Avaliação e Medidas de Rendibilidade de Projecto

Os procedimentos de avaliação em geral examinam a coerência entre os elementos do plano


operacional, procurando determinar se as actividades possibilitam a realização dos produtos e
dos objectivos. A avaliação de um projecto poderá efectivar-se com base num ou vários critérios
e medidas de rentabilidade, separados ou conjuntamente. Diz-se mono critérios quando
utilizados separadamente; e multicritério quando, utilizados em simultâneo e de forma
conjugada.

Entretanto, Miguel (2006, cit em Machemedze, 2011: 14) salienta que:

Avaliação exige a actualização de valores aplicados e recuperados no projecto,


devido a inflação, o risco do investimento e a recompensa mínima esperada.
Contudo, a inflação é normalmente, contemplada na utilização de preços
constantes pelos quais se efectuam os cálculos. Logo, os outros dois elementos
são apurados numa determinada taxa juro (i) que representa o custo de
oportunidade do capital.

4.1. Critérios de Avaliação de Projectos de Investimento na Óptica Empresarial

Referidos os elementos indispensáveis ao cálculo da rendibilidade de investimentos do ponto de


vista empresarial, passam a apresentar-se os métodos que para a avaliação quantitativa do

15
projecto são seguidos na prática. As formas mais frequentes de medir o mérito de um projecto,
utilizadas alternativamente ou simultaneamente na avaliação multicritério são de citar:

 O Valor Líquido Actualizado (VLA);


 A Taxa Interna de Retorno (TIR);
 Método do pay-back.
 Taxa de Lucratividade.

4.1.1. Valor líquido actualizado (VLA)

Teoricamente, o indicador de rendibilidade mais consistente em condições determinísticas é o


VLA (Valor Líquido Actualizado) ou também denominado Valor Presente Líquido, que
aglomera os fluxos líquidos actualizados gerados pelo projecto. Este conceito pode ser entendido
como a quantificação do efeito do investimento na riqueza de uma empresa, pelo que é o mais
indicado quando os promotores do projecto assumem uma óptica de maximização da riqueza.

A fórmula genérica para o cálculo do VAL é dada pela expressão seguinte:

Onde:

t - é o número do período

n - é o número total de períodos da vida útil do projecto ou do horizonte temporal da análise

CFt - é o valor do Cash Flow, positivo ou negativo, gerado pelo projecto no período t

k - é a taxa de actualização

Fereira (1985, cit em Machemedze, 2011: 16) deixa uma abordagem sobre o Valor Líquido
Actualizado, indicando que:

16
O método consiste no cálculo do valor actual das importâncias que se
esperam receber da exploração do investimento subtraindo o valor actual
dos gastos relativos ao investimento e sua exploração. O valor líquido
mede o benefício adicional que o projecto oferece. Resulta da diferença
entre os benefícios e os custos de um projecto. É pois, o valor líquido
adicional actualizado, da implementação e exploração de um projecto
durante um determinado período de tempo correspondente a sua vida útil.

Nestas condições, descreve-se Analiticamente:

Onde:

VLA – Valor Liquido Actualizado;

Bt – Benefícios do projecto;

It – Investimento e Custos do Projecto

i – taxa de juro;

t – tempo de vida útil do projecto, dado em anos.

4.1.1.1. A selecção de projecto com base no critério VLA

 VLA> 0

A decisão de investir no projecto é viável. Um VLA positivo significa que realizar o projecto
gera retorno suficiente para cobrir o investimento inicial, corresponder à rendibilidade mínima
exigida pelo investidor / fontes de financiamento (de acordo com a óptica de avaliação),
resultando num excedente que corresponde ao valor do VAL. Significa que gera mais recursos
que uma alternativa de investimento com nível de risco equivalente.

17
 VLA = 0

Constitui o ponto de indiferença. Contudo, dado o nível de incerteza quanto aos resultados
futuros, existe uma grande probabilidade do projecto se tornar inviável.

 VLA < 0

O projecto é economicamente inviável, devendo ser rejeitado.

4.1.1.2.Vantagens
 Permite saber, de entre investimentos diferentes, qual o que dá “receita líquida esperada”
maior, a uma taxa escolhida;
 Uma vez determinados os fluxos de caixa esperados e fixados a taxa de actualização, o
seu cálculo é muito simples;

4.1.1.3. Desvantagens
 Não permite, porém, saber qual a exacta taxa de rentabilidade do investimento, nem a
taxa de rentabilidade do capital próprio que é apanágio do método contabilístico;
 Não permite diferenciar os investimentos relativamente ao seu volume e tempo;
 Supõe que a taxa de actualização se mantém constante durante o período de vida útil do
projecto, o que pode ser inconveniente, na medida em que certas alterações da estrutura
financeira da empresa se reflectem no custo do capital;
 A comparação entre projecto é feita tomando como referência o mesmo ano base;
 Necessita de selecção prévia da taxa de actualização (i), ou seja, tem de se definir
previamente qual o limiar mínimo de remuneração que o investidor aceita.

4.1.1.4. Exemplo de cálculo de VLA

Determine o Valor Líquido Actualizado do seguinte fluxo de caixa, com uma taxa de desconto
de 3% ao mês, indicando a viabilidade do projecto.

18
Resolução a partir do Excel:

Figura 3: resolução do exercício de VLA no Excel


R: Com O VLA igual a MZN 459.84, a decisão de investir no projecto é viável.

É verificado o uso do Excel na língua inglesa, razão pela qual na fórmula consta a sigla NPV,
que significa o VLA na língua Inglesa.

19
4.1.2. Método da taxa interna de retorno (TIR)

A Taxa Interna de Rendibilidade é aquela que torna o valor actual dos benefícios económicos
futuros igual ao valor actual dos respectivos custos, pelo que traduz a taxa de rendibilidade
periódica do capital investido.

Pode ser calculada ao igualar a expressão do VAL (VLA) a zero:

Quando se efectua o cálculo da TIR através da expressão supra, esta assume o valor k dado que
representa a taxa de juro interna ao projecto, tal como ilustrado a seguir.

Gráfico 1: Curva de VLA. (Cardoso, 2018)

Segundo Fereira (1985, cit em Machemedze, 2011: 17), „este método usa-se normalmente,
quando não se conhecem as condições de juro específicas de financiamento e quando existem
projectos alternativos de montante e vida útil diferentes.‟

O método visa determinar a taxa que iguala o valor actual das receitas esperadas do investimento
ao valor actual das despesas efectuadas com investimento e a sua exploração durante o período
de tempo estimado para a vida económica do projecto.

20
Uma TIR de X% para um projecto de vida útil de um ano significa que os benefícios líquidos
esperados permitirão a recuperação do capital investido até ao fim da vida útil e em cada ano
remunera ainda o capital investido a uma taxa X%.

É taxa de actualização para a qual o VLA de um projecto é nulo, ou seja, o valor da taxa que
anula a expressão (custo de oportunidade do capital). Analiticamente:

Onde: Bt - benefícios do projecto;

It – investimento e custos do projecto;

TIR – taxa interna de retorno;

t – tempo de vida útil do projecto, geralmente dado em anos.

4.1.2.1. A selecção de projecto com base no critério TIR

Como critério de decisão, a TIR deve ser comparada com a taxa de custo do capital (k). Contudo,
em projectos simples e convencionais, a TIR e o VAL são equivalentes em termos de conclusão
sobre a rejeição ou aceitação do projecto tendo em conta que:

 VLA ≥ 0 quando TIR ≥ k o projecto é viável, dado que a TIR indica a taxa de
rendibilidade máxima que os investidores podem exigir;
 VLA < 0 quando TIR < k o projecto não é viável pois os investidores estão a exigir uma
taxa de retorno superior à taxa máxima que o projecto pode apresentar.

Genericamente, quanto mais elevada, mais capacidade terá o projecto de remunerar o capital
investido.

21
4.1.2.2. Exemplo de cálculo da taxa interna de retorno (TIR)

Partindo do exemplo 1, o resultado do TIR será:

Figura 4: resolução do exercício de TIR no Excel.

R: Sendo VAL = 459.84 ≥ 0 quando TIR= 8% ≥ k = 3%, o projecto é viável.

é verificado o uso do Excel na língua inglesa, razão pela qual na formula consta a sigla IRR, que
significa o TIR na língua inglesa.

4.1.2.3.Vantagens
 Serve para determinar o empreendimento que dá rendimento a taxa mais elevada e para
rejeitar os empreendimentos abaixo de uma taxa de referência;
 Não requer a selecção prévia do custo de oportunidade de capital, o que, para um projecto
com uma TIR muito elevada ou muito baixa, não é necessário saber;
 Permite a comparação imediata da rentabilidade de um investimento com outros de
possível aplicação alternativa dos fundos;

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 Permite fácil comparação da rentabilidade de um projecto com os custos normais de
financiamento.

4.1.2.4. Desvantagens
 Não permite boa selecção em investimentos de duração e dimensão diferente;
 Pode não existir TIR ou existirem várias TIR‟s para os projectos não convencionais, isto
é, quando se fazem reinvestimentos de vulto ao longo da vida útil do projecto.

4.1.3. Método do pay-back

De acordo com Brealey et al. (2002: 179), „O período de retorno do investimento de um projecto
é o período de tempo antes de você recuperar seu investimento inicial.‟

Brigham (2001: 426) aborda sobre o método de Pay-Back, estabelecendo que:

Apesar das restrições à sua utilização, o período de retorno do


investimento é usado especialmente em situações em que o risco é elevado
e os investidores estão interessados em recuperar rapidamente o capital
investido. Na visão desses investidores, a regra básica é a seguinte: quanto
maior o tempo necessário para a empresa recuperar o investimento, maior
a possibilidade de perda; em contrapartida, quanto menor for o período de
retorno do investimento, menor será a exposição da empresa aos riscos.

Para Damodaran (2004: 256) „projectos que recuperam o capital investido mais cedo podem ser
considerados mais atraentes, visto que todas as receitas obtidas além desse período no tempo
podem ser consideradas como lucro.‟

No entanto, a administração da entidade promotora do projecto, estabelecerá um período de


“Pay-Back” e sempre que a recuperação do valor de um investimento projectado demore mais do

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que o estabelecido, é rejeitado o investimento. O processo pode também servir para estabelecer
prioridades para os investimentos de reembolso mais rápido.

Portanto, é o período de tempo necessário para que no período de exploração sejam recuperados
os recursos aplicados no período de investimento. Este período pode determinar – se através da
resolução das seguintes equações:

OU

Onde: Bt - benefícios do projecto;

It-investimento e custos do projecto;

i - taxa de juro;

t - tempo de vida útil do projecto, geralmente dado em anos.

Aceita-se o projecto quando período de recuperação do capital é menor que o período de vida útil
do projecto. É um critério muito utilizado mas extremamente falso, na medida em que é neutro
em relação a todos os benefícios que ultrapassam o período de recuperação do investimento. É
um critério muito simples e adequado à avaliação de projecto em contextos de grande risco ou
com ciclos de vida curta, mas não é adequado à avaliação de projecto de longa duração.

24
4.1.3.1. Exemplo de cálculo do tempo de recuperação do capital (pay-back)

Figura 5: resolução do exercício de Pay-Back no Excel

4.1.3.2. Vantagens
 Fácil de determinar;
 O valor de um projecto não se mede só pela importância dos benefícios líquidos anuais,
mas também pelo período de vida do projecto e pelo escalonamento no tempo das
receitas e despesas;
 É um bom complemento de outros métodos mais elaborados.

4.1.3.3. Desvantagens
 Não considera o lucro global do investimento nem toma o valor residual do investimento;
 Esquece as receitas após o período do “Pay - Back”;
 Não permite avaliar directamente a rentabilidade do projecto, nem o risco.

Entretanto, cada método tem seu papel a desempenhar, mas deve-se conjugar todos eles, o que
pode ajudar a apreciar e a decidir entre as várias hipóteses possíveis.

25
4.1.4. Taxa de lucratividade

Para Machemedze (2011:15), „Trata-se de um método simples que consiste na determinação das
receitas esperadas em confronto aritmético com quantitativos a despender com o investimento e
com as verbas de despesas posteriores. Este método não atende ao tempo de recuperação do
capital nem ao valor temporal do dinheiro‟. Analiticamente:

4.1.4.1. Exemplo de cálculo de taxa de lucratividade

Figura 6: resolução do exercício de Taxa de Lucratividade no Excel

4.1.4.2. Vantagens
 A apresentação revela-se mais explicativa, facto que favorece a compreensão.

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4.1.4.3. Desvantagem
 Não toma em conta a actualização financeira. Porém pode considerar juros pagos e
propicia comparações de lucros líquidos com o capital próprio o que é muito útil para os
gestores e sócios das empresas;

4.2. Critérios e Métodos de Avaliação de Projectos Investimentos na Óptica Social

Segundo Abecassis e Cabral (2000), „os métodos de avaliação social centram-se na preocupação
de determinar e medir os efeitos económicos decorrentes das decisões de investimento.‟

São identificados, em termos gerais, duas grandes linhas de actuação (critérios elementares e
globalizantes), relacionadas com a menor ou maior dificuldade e complexidade na identificação
e tratamento dos elementos do projecto que permitam aferir da natureza, intensidade e
globalidade dos seus múltiplos efeitos macroeconómicos.

4.2.1. Critérios elementares ou primários

Marques (2006) aborda sobre os critérios elementares ou primários indicando que „Os critérios
elementares são meros instrumentos de conferência de grau de integração dos projectos nos
planos de desenvolvimento e também, servem de complemento da avaliação financeira‟,
atendendo desta os objectivos fixados nos Planos de Desenvolvimento que se traduzem
geralmente na aceleração do crescimento do produto nacional, no aumento do emprego e no
equilíbrio das trocas externas.

A utilização destes critérios faz-se com preços de mercado, sem necessidade de correcções
profundas e sem exigências de modelos globais macroeconómicos para a sua operacionalidade.

27
4.2.1.1. Efeitos do projecto em termos de valor acrescentado bruto (VAB)

O cálculo destes efeitos tem como objectivo, a medição da harmonia do projecto com o objectivo
de crescimento do produto nacional e consequentemente o regional e sectorial, revestindo-se de
diferentes formas, a saber:

a) O Valor Acrescentado Bruto (VAB), para os anos de vida util do projecto, constitui uma
medida de mera importância na realização do plano de desenvolvimento local, bem como
nacional;
b) Deve-se relacionar o VAB do projecto com o Investimento total nele realizado. Desta
realização resulta o coeficiente médio de capital, que é igual ao Investimento dividido
pelo VAB. Analiticamente:

Onde: CMeC – Coeficiente médio do Capital;

I0 – Investimento Total;

VAB – Valor Acrescentado Bruto.

4.2.1.2. Efeitos do projecto em termos de emprego

Neste critério mede-se a contribuição do projecto em termos de objectivos sociais nomeadamente


de criação de emprego e repartição de rendimentos. Procura-se dar enfoque ao número de postos
de trabalho que o projecto vai criar. Portanto, deve-se representar os postos de trabalhos criados
desagregados em grupos alvos e relacioná-los com o investimento total a realizar.

A medição centra-se em:

 Produtividade média da mão-de-obra (PML), que dá a contribuição anual de cada


trabalhador no produto final (VAB), isto é:

28
Onde: PML – Produtividade Média de mão-de-obra;

VAB – Valor Acrescentado Bruto;

L – no de trabalhadores.

 A distribuição de rendimentos do projecto (DRP)

Onde: DRP – Distribuição de Rendimentos do Projecto;

W – remunerações salariais;

VAB – Valor Acrescentado Bruto.

 Intensidade do Factor Trabalho (IFT)

Onde: IFT – Intensidade do Factor Trabalho;

I – Capital investido;

L – Número de empregos.

Neste critério, normalmente, considera-se favorável o projecto que apresentar maior PML e
melhor DRP. Entretanto, Abecassis e Cabral (2000) fundamenta que, „em local com maior
desemprego, serão preferidos os projectos com maior PML para igual valor do produto (VAB)‟,
isto é, para dois ou mais projectos que gerem iguais quantidades de VAB, na perspectiva deste
objectivo, escolhe-se o que criar mais emprego.

29
4.2.1.3. Efeitos do projecto em termos de criação de divisas

Neste critério avalia-se o impacto no equilíbrio relativo da balança de pagamentos que é um dos
objectivos do plano macroeconómico.

4.2.2. Critérios globalizantes

Estes critérios segundo Abecassis & Cabral (2000) „consistem num reajustamento dos primários,
visto que, tornam-se ineficientes quando tomados isoladamente.‟ De salientar que apesar dos
méritos dos métodos primários, estes tem como constrangimento: escassa disponibilidade de
elementos para permitir tratamentos econométricos exigentes (como funções de produção de
factores complementares ou substituíveis e matrizes de relações intersectoriais).

De notar que, dada a simplicidade dos projectos aprovados, é consistente com aplicação de
critérios primários que respondem de forma isolada e independente a cada objectivo previamente
definido, sendo desta forma critérios parcelares.

30
Conclusão
Durante o desenvolvimento do trabalho, foram abordados sobre os critérios critérios e de
avaliação de projectos de Investimentos, concluindo-se que é crucial que que sejam feitas
avaliaçoes nos projectos de investimentos antes dos mesmos serem seleccionados. Foram
abordados sobre os métodos de cálculo dos custos e proveitos, o Valor Líquido Actualizado, a
Taxa Interna de Retorno e período de recuperação do capital designado pay back e também
foram complementados com os critérios de viabilidade financeira com os critérios elementares
da análise social, tais como: a medição dos efeitos dos projectos em termos do Valor
Acrescentado Bruto (VAB) para determinar se as actividades possibilitam a realização dos
produtos e dos objectivos.

31
Bibliografia
Abecassis, Fernando; Cabral, Nuno José (2000) Análise Económica e Financeira de Projectos.
4ª ed. Lisboa: Editora Serviço de Educação Fundação Calouste Gulbenkian.

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Científico - Procedimentos Básicos; Pesquisa bibliográfica; Projecto e Relatório; Publicações e
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32
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Editora de Informática.

PMI – Project Management Institute (2013) A guide to the Project Management Body of
Knowledge (PMBOK Guide). 5. ed.

33
Apêndices
Apêndice I: resolução do Teste 2
1. Uma industria está analisando a compra de uma nova máquina. De acordo com as
projecções, esta máquina deverá gerar as seguintes receitas nos proximos 4 anos:
50,000.00 mt, 55,000.00 mt, 58,000.00 mt e 65,000.00 mt. No final desse período estima
vender esta máquina por 22,000.00 mt. Sabendo que o valor de aquisição da máquina é
de 200,000.00 mt, calcule o valor presente líquido considerando uma taxa de Retorno de
8% ao ano. E diz se é viável ou não.

Solução:

Figura 7: Cálculo de VLA do problema 1 no Excel


R: o valor presente líquido é de 3,439.80 mt, nestas condições, sendo VAL 0, é viável.

2. Um Determinado empresário está estudando duas propostas de investimento (A e B). Nas


duas propostas o investimento Inicial é de 281,000.00 mt que deve ser feito à vista.
Abaixo se encontram as projecções de lucro para os próximos cinco anos. Calcule o

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Valor Presente Líquido (VPL) das duas alternativas de investimento e indique qual delas
o empresário deverá escolher, considerando a taxa de juros de 8% ao ano.

Tabela 1: Projecções de Lucro do problema 2

A B
1o Ano 50,000.00 32,000.00
2o Ano 60,000.00 47,000.00
o
3 Ano 75,000.00 95,000.00
4o Ano 85,000.00 102,000.00
5o Ano 90,000.00 68,000.00

Solução:

Proposta A:

Figura 8: Cálculo de VLA da Proposta A do problema 2 no Excel.

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Proposta B:

Figura 9: Cálculo de VLA da Proposta B do problema 2 no Excel.

R: O Valor Presente Líquido da proposta A é de 4.07 mt, sendo positivo é considerado viável e o
Valor Presente Líquido da proposta B é de -14,408.68 mt sendo negativo é considerado inviável.
Partindo deste pressuposto, o empresário deverá escolher a Proposta A.

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