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Aula- 30-03-4-2020

Disciplina- Auditoria Financeira, Prof- Francisco Diogo

Sumario- Inventário

Objectivo- impacto da auditoria nos inventários e os riscos que os mesmos apresentam


para Auditoria.

Turno- Manha e Noite

Risco Inerente (Inventários)

Factor de risco Efeito sobre a auditoria


Flutuações significativas dos preços das Verificação dos preços e o seu impacto
matérias/mercadorias sobre a valorização
Mudanças significativas na procura dos Comprovar a possível existência de um
produtos e nas quantidades em excesso de stocks caso se registe uma
armazém diminuição da procura
Introdução de novos produtos Risco de obsolescência das mercadorias
que estão em armazém
A concorrência introduziu novos Analisar uma eventual perda por
produtos ou diminuiu o preço dos imparidade
produtos por si comercializados

A introdução de um novo produto não Possíveis problemas de sobreavaliação


aconteceu no prazo previsto, originado dos custos do produto
custo de conversão excessivos

Exemplo

Gestores sem escrúpulos tem usado uma variedade de métodos para adulterar o
inventário: registo de quantidades fictícias, em alguns casos a quantidade de bens no
inventário excedia a capacidade de armazenamento de empresa; adulteração de
produtos, por exemplo colocação de sucata em lugar dos bens; inventariação de bens
que já tinham sido vendidos mas que a data do balanco ainda se encontravam nos
armazéns de empresa; transferências de bens entre armazéns da empresa resultando
numa duplicação dos mesmos.

Os meios utilizados pelos gestores para ludibriar os auditores também são variados:
folhas de contagem fictícias, sobrevalorização de itens não contados pelo auditor,
adulteração dos registos do auditor relativos a contagem.

 Risco de controlo

O controlo interno desta área e um aspeto fundamental a considerar no momento do


planeamento da auditoria. Poderão existir certos factores que levem o auditor a
concluir que o sistema de controlo interno e débil, como e o caso de:

 Existência de grande quantidade de inventários obsoletos ou deteriorados;

 Movimentos entre armazéns sem existir o respetivo suporte documental;

 Ausência de políticas estabelecidas ao nível do inventário;

 Diferenças no inventário não analisadas;

 Inadequada organização dos armazéns;

 Política de seguros inadequada ou inexistente;

 Risco de ruptura de stock

Os procedimentos de controlo interno vaziam alcançar os seguintes objectivos:

1. Manter a qualidade na execução dos processos e, inerentemente, nos


produtos acabados: Os controlos internos devem ser orientados para atingir
um nível de qualidade alto nos produtos produzidos e comercializados pela
empresa.
2. Garantir a salvaguarda dos ativos: Os controlos de custódia implementados
pela empresa visam evitar o furto do inventário.
3. Analisar os erros verificados nos registos contabilísticos e na contagem dos
inventários: Tem como objetivo garantir que não se cometem erros durante os
registos contabilísticos e extra- contabilísticos.

Tendo em mente os objetivos fixados em relação ao controlo interno, podemos


elencar os aspetos fundamentais em relação a esta área:

 Devem existir relatórios internos relacionados com os inventários.


 Devem ser elaborados relatórios com o objetivo de controlar os custos de
aquisição, gastos de fabrico, margens brutas, inventários obsoletos ou com
fraca rotação, devoluções e ajustes decorrentes da realização da contagem
física;
 Avaliação da razoabilidade da imparidade dos inventários;
 Devem existir instruções escritas sobre a realização das contagens físicas
 Adequada segregação de funções
 Manutenção de um adequado controlo sobre os inventários físicos através da
implementação do sistema de inventário periódico e da realização de
contagens físicas;
 Adequado controlo em relação aos documentos que suportam as entradas de
mateiras- primas ou de mercadorias e as saídas de produtos acabados ou de
mercadorias (documentos pré- numerados, identificação do fornecedor/
cliente, quantidades recebidas/ expedidas, bem como as datas de receção dos
bens);
 Existência de normas sobre stocks de segurança para prevenir eventuais
ruturas;
 Revisão periódica, por pessoal qualificado, dos gastos, da recepção de matérias
e dos registos das horas de trabalho em cada centro de custos.

a) Levantamento das transações relacionadas com inventários

O aumento da informatização na contabilidade tornou muito mais fácil para as


empresas saberem, a qualquer momento, qual o stock que possuem em armazém.
Assim, ao realizar o teste as vendas e as comprar o auditor pode estender esses
procedimentos para análise do registo das entradas e das saídas de armazém. A
complexidade do inventário vária constante a atividade da empresa; isto significa que
as empresas produtoras necessitam de ter inventários referentes as matérias- primas,
produtos e trabalhos em curso e produtos acabados, bem como de implementar
procedimentos relacionados com a movimentação dos bens durante o processo
produtivo, enquanto as empresas não produtoras apenas necessitam de ter
inventários de mercadorias.

Um importante controlo relacionado com as transações de inventários e a segregação


de funções: a pessoa que efetua o registo das transações deve ser diferente da pessoa
que tem a seu cargo a custódia física dos inventários. Deve, assim, haver uma
segregação de funções em relação aos seguintes procedimentos:

 Registo das entradas dos bens nos inventários: A entrada inicial nos inventários
e efetuada através do registo da compra. O responsável de armazém da
entrada dos bens através da guia de entrada, que discriminara o tipo de bem, a
quantidade, o seu custo e a data de entrada. Estes procedimentos estão
relacionados com as asserções da ocorrência, da plenitude e dos direitos e
obrigações.
 Registo das saídas dos bens dos inventários: Quando os produtos acabados ou
as mercadorias são vendidas, a respetiva guia de remessa constitui a
autorização para os bens serem expedidos e a base para o registo da venda.
Estes procedimentos estão relacionados com as asserções da ocorrência e da
plenitude.
 Registo das transferências entre inventários: Mias procedimentos são
necessários quando os bens são transferidos de um armazém para outro,
confirmando assim as asserções da ocorrência e da plenitude. Nas empresas
produtoras, as ordens de produção servem de suporte a movimentação dos
bens desde a matéria-prima ate a obtenção do produto acabado. Estes
documentos, pré-numerados, são emitidos pelo controlo de produção e
representam a autorização para as matérias-primas serem transformadas em
produtos acabados. Cada ordem de produção deve conter as matérias a
incorporar e a mão-de-obra necessária para os bens serem produzidos. Estes
documentos servem de suporte aos registos contabilísticos.
 Cruzamento da informação constante no registo do inventário com o próprio
inventário: O stock físico de inventários necessita de ser periodicamente
comparado com o inventário registado na contabilidade.

b) Procedimentos relacionados com a contagem de inventários

Os procedimentos relacionados com a contagem de inventários envolvem:

1. Atribuição de responsabilidades: A responsabilidade pela contagem dos stocks


deve ser atribuída a uma pessoa que não tenha a responsabilidade pela
custódia do inventário nem pelo registo de transações relacionadas com os
inventários (compras e vendas). Deverão ser redigidas instruções de contagem,
afetar responsabilidades individuais e, mo caso de haver múltiplas equipas de
contagem, atribuir a cada uma delas uma secção específica do armazém.
2. Preparação: Antecedendo a contagem a (s) área (s) onde vão ser efectuada as
contagens devem ser devidamente arrumadas, identificando quais os bens que
não devem ser contados (ex. Bens propriedade de terceiros). Sempre que
possível devem ser empreendidos procedimentos para que a produção seja
interrompida e os departamentos que tenham a seu cargo a expedição e a
recepção de mercadorias alertados para que a movimentação de inventários
seja acautelada enquanto decorre a contagem, evitando erros no corte de
operações.
3. Identificação: Para que possa ser efetuada a contagem, o inventário tem que
estar devidamente identificado. O principal problema relacionado com este
procedimento reside nos trabalhos em curso, sendo necessário identificar o
grau de acabamento para que se possam imputar os respetivos gastos.
4. Contagem: Devem ser formados equipas de contagem, no mínimo com dois
elementos, de preferência que não sejam funcionários do armazém. Por vezes
as contagens são sujeitas a uma recontagem. Em cada item contado a equipa
deve deixar uma marca para evitar uma duplicação da contagem. Apos ser
efetuada a contagem de uma secção, a pessoa que tem a seu cargo a
supervisão do processo deve assegurar-se de que nenhum item ficou por
contar.
5. Registo: O controlo sobre as folhas de contagem reveste uma particular
importância. As folhas de contagem distribuídas as equipas de contagem,
devem ser pré-numeradas e conter a descrição dos bens. A equipa completa-as
introduzindo as quantias dos bens inventariados. Apos o términus da contagem
a equipa de contagem deve rubricar as folhas.
6. Corte de operações: As guias de entrada, e de expedição, bem como as
transferências entre as secções de produção devem estar registadas para
assegurar que a contagem esta de acordo com o inventario, evitando assim as
seguintes situações:
I. Bens rececionados antes de contagem, mas que apenas foram contabilizados
apos a realização da mesma;
II. Bens expedidos para clientes, mas que apenas foram contabilizados apos a
contagem;
III. Bens contabilizados antes da contagem, mas que a data da contagem se
encontram em trânsito;
IV. Bens faturados a clientes, mas que apenas foram expedidos apos a contagem;
V. Transferência entre secções ou fases de produção não devidamente
documentadas e controladas.

O auditor deve obter uma cópia dos procedimentos e instruções do cliente antes de
assistir as contagens físicas. Deve rever esses procedimentos e sugerir melhorias caso
considere apropriado.

Os erros potenciais, controlos necessários, testes destinados a avaliar a eficiência


desses controlos, bem como os objetivos de auditoria que se pretendem validar, são
apresentados no Quadro 10.4

Exemplo
Os auditores da empresa Phar-Mor não detetaram uma sobrevalorização dos
inventários em $50 milhões de dólares. A fraude ocorreu em lojas cuja inventariação
não era presenciada pelos auditores.

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