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ACTIVOS TANGÍVEIS

1.1. Nota Introdutória

Os activos tangíveis fazem parte do grande grupo de activos denominados investimentos de


capital, os quais como vimos anteriormente são os recursos que uma empresa detém, com
carácter de continuidade ou de permanência, não se destinando a ser vendidos ou transformado
no decurso das suas actividades normais.

De Acordo com paragrafo 6 IAS 16 (Revista 2008) os activos tangíveis são activos que:

a) São possuídos por uma empresa para uso na produção ou fornecimento de bens ou
serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos; e
b) Se espera que sejam usados durante mais do que um período.

De acordo com a definição apresentada, o custo destes activos extingue se ao longo da respectiva
vida útil, tal extinção da se o nome de amortização.

De notar que por via de inclusão, na NC 17 (Parágrafos 16 – 19) sobre locações, do principio
contabilístico de substância sobre a forma passaram a ser incluídos nos activos tangíveis os bens
e regime de locação financeira.

No PGC – NIRF as contas de activos tangíveis fazem parte da classe 3 sendo a sua estrutura a
seguinte:

3.2 Activos tangíveis


3.2.1 Construções
3.2.1.1 - Edifícios industriais
3.2.1.2 - Edifícios administrativos e comerciais
3.2.1.6 – Edifícios para habitação e construções afins
3.2.2 Equipamento básico
3.2.3 Mobiliário e equipamento administrativo social
3.2.4 Equipamento de transporte
3.2.5 Taras e vasilhame
3.2.6 Ferramentas e utensílio

É de se entender que estas contas integram propriedade de bens em regime de locação financeira.
Por tal facto, cada uma das referidas contas deverá ser subdividida como a seguir exemplifica:

3.2.2 Equipamento básico


3.2.2.1 Equipamento próprio
3.2.2.2 Equipamento em sistema de locação financeira
Teria sido tecnicamente mais correcto que o PGC – NIRF tivesse admitido a possibilidade de
existir uma conta do primeiro grau que incluísse todos os bens em regime de locação financeira,
conta essa que deveria ser subdividia consoante as respectivas naturezas, como a seguir se
exemplifica:

Contabilidade Financeira II 1
3x Activos tangíveis em regime de locação financeira
3x21Construções
3x22Equipamento básico
3x23 Mobiliário e equipamento administrativo social
3x24 Equipamento de transporte
3x25 Taras e vasilhame
3x26 Ferramentas e utensílio

O mesmo raciocínio se poderia seguir para as amortizações do exercício e para as amortizações


acumuladas.

1.2. Reconhecimento inicial

O reconhecimento dos ATF deve atender aos critérios definidos para o reconhecimento de um
elemento do activo:

Elevada probabilidade de fluírem


benefícios económicos para a O custo do elemento
entidade, associados ao elemento a
reconhecer + deve ser mensurado
com fiabilidade

Alguns aspectos a considerar:

a) Quando um bem é composto por diferentes componentes de montante significativo com


vida útil diferente ou que proporcionem benefícios económicos num modelo diferente então
a contabilização deve ser efectuada por componentes, para se proceder à depreciação por
um período de vida útil e/ou métodos diferentes;

b) É necessário distinguir as grandes reparações e manutenções subsequentes das


reparações e manutenções correntes. No primeiro caso, tendo em conta que os dispêndios
subsequentes permitem aumentar a vida útil do bem e, por isso, os benefícios económicos
futuros, esses dispêndios devem ser capitalizados (reconhecidos como activo) no balanço.
No segundo caso, os dispêndios devem ser reconhecidos como gastos na medida que
apenas permitem restaurar ou manter os benefícios económicos futuros.

Exemplo: A substituição de peças para aumentar a capacidade produtiva de uma máquina deve
ser considerada como activo. Os dispêndios com a assistência diária e com os consumíveis devem
ser reconhecidos como gastos.

Grandes reparações – activo (BALANÇO)


Custos
subsequentes
Pequenas reparações – gasto
(RESULTADOS)

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1.3. Critério de valorimetria

Um activo tangível que seja reconhecido como tal e que tenha sido adquirido a titulo oneroso a
uma terceira entidade, deve ser mensurado ao custo de aquisição, entendendo se como tal o
somatório do preço de compra com todos os custos que directamente lhe sejam associado e que
sejam indispensável para que o referido activo possa ser utilizado. Como exemplo de tais custos a
NC 13 Activos tangíveis parágrafo 13 PGC – NIRF refere:

a) O custo de preparação do local onde vai ser instalado o activo


b) Os custos iniciais de entrega e de manuseamento
c) Os custos de instalação
d) Os custos com honorários de por exemplo, arquitectos e engenheiros.

Por outro lado devem ser deduzidos ao custo de aquisição quaisquer descontos comerciais e
abatimentos obtidos aquando da respectiva aquisição.

a) MENSURAÇÃO AQUANDO DO RECONHECIMENTO INICIAL

Modelo do custo

A aquisição de um AT a título oneroso deve ser reconhecida ao seu custo de aquisição. O


custo de um item do Activo Tangivel inclui:
✓ O seu preço de compra incluindo os direitos de importação e impostos de compra não
reembolsáveis, após dedução de descontos e abatimentos;
✓ Quaisquer custos directamente atribuíveis para colocar o activo na localização e
condição necessárias para colocar o bem em funcionamento (ex. custos de instalação,
custos de preparação do local…);
✓ A estimativa inicial dos custos com o desmantelamento e remoção do item ou
restauração do local no qual está localizado, no final da sua vida útil, em cuja obrigação
uma entidade incorre.

Preço de compra (inclui direitos de importação e impostos não dedutíveis


suportados na compra)
+
Custos directamente atribuíveis para colocar o activo apto a operar no uso
Custo = pretendido (transportes, …)
+
Estimativa inicial dos custos com o desmantelamento
-
Descontos comerciais e abatimentos em compras

São exemplos de custos directamente atribuíveis:

▪ Custos de benefícios dos empregados


▪ Custos de preparação do local
▪ Custo de entrega inicial e de manuseamento;

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▪ Custos de instalação e montagem;
▪ Testes do funcionamento do activo;
▪ Honorários de profissionais, tais como arquitectos e engenheiros;
▪ Custos com a aquisição de elementos para fins de segurança e ambiente (por exemplo
componentes para armazenamento de químicos perigosos);

Se um activo tangível for construído pela própria empresa, o seu custo inicial é dado pelo
respectivo custo de produção o qual pode ser definido como a soma dos custos de matérias-
primas e outros materiais directos consumidos, da mão-de-obra directa, dos custos industriais
variáveis e dos custos industriais fixos, necessariamente suportados para produzir o bem e coloca
– lo no local onde vai ser utilizado.

Se um activo tangível for adquirido por troca por outro qualquer outro activo, o custo do bem
recebido é mensurado pelo seu justo valor, o qual será equivalente ao justo valor do activo cedido
ajustado pela eventual quantia de caixa ou equivalente a caixa que tenha sido transferida.

Um activo que tenha sido adquirido a título gratuito (doação) deve ser mensurado pelo seu justo
valor ficando sujeito ao regime de amortização adoptado pela empresa.

b) MENSURAÇÃO SUBSEQUENTE (após o reconhecimento inicial)

Modelo do Custo
Após o reconhecimento como um activo, um item do AT deve ser escriturado pelo seu custo,
menos depreciações acumuladas e quaisquer perdas por imparidade acumuladas.

Custo do activo
(-)
Quantia Escriturada = Depreciações acumuladas
do Activo
(-)
Perdas por imparidade acumuladas

Modelo de Revalorização

Após o reconhecimento como um activo, um item do activo tangível, cujo justo valor possa ser
mensurado fiavelmente, deve ser escriturado por uma quantia revalorizada, que é o seu justo
valor à data da revalorização menos qualquer depreciação acumulada subsequente e perdas por
imparidade acumuladas subsequentes.

NOTA SOBRE O JUSTO VALOR: O justo valor no caso de terrenos deve ser determinado com
base em pareceres de avaliadores profissionais. No caso das instalações e de equipamentos o
justo valor pode ser o valor de mercado determinado por avaliação (ex. revistas da especialidade).
A frequência com que se deve proceder às revalorizações depende da volatilidade do justo valor
que, naturalmente, varia em cada tipo de bem.

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A escolha política contabilística nesta matéria (uso do modelo de custos ou do modelo de
revalorização) deve ser aplicada a uma classe inteira de Activos Tangíveis garantindo assim a
comparabilidade e a consistência da informação das demonstrações financeiras.
Principais Activos tangíveis

Conta 3.2.1 Construções

Esta conta respeita aos edifícios fabris, comerciais administrativos e sociais compreendendo as
instalações fixas que lhes sejam próprias (água, energia, ar condicionado, etc). Refere se também
a outras construções tais como murros, silos, parques, albufeiras, canais, estradas, e arruamentos,
vias-férreas internas, pistas de avião etc.
Devem ser incluídas no custo dos edifícios além do preço acordado com o vendedor, todas as
despesas que lhe possam ser directamente imputáveis.

De notar que apesar as instalações fixas inerentes aos edifícios (água, electricidade, ar
condicionado, etc.) serem incluídas no seu custo, as taxas de amortização a utilizar devem ser
teoricamente diferentes das do próprio edifício, uma vez que se deve atender à vida útil estimada
das referidas instalações.

Conta 3.2.2 Equipamento básico

Esta conta inclui o conjunto de instrumentos, máquinas, instalações e outros bens, com excepção
dos indicados na conta de ferramentas e utensílios, com os quais se realiza a extracção a
transformação e elaboração dos produtos ou a prestação dos serviços.

O custo dos elementos constantes do equipamento básico inclui, além do preço de compra, todas
as despesas inerentes à respectiva aquisição, como por exemplo, despesa de transporte, seguros,
direitos aduaneiros.

As despesas relacionadas com a colocação de um equipamento em condições de laborar podem


também incluir despesas de deslocação e estadia de técnicos especializados e honorário dos
mesmos (se tal não for de conta do fornecedor do equipamento), assim como despesas efectuados
com os respectivos testes preliminares, se forem relevantes (materiais diversos, mão de obra, etc.)

As peças sobressalentes adquiridas com o equipamento, e que apenas sejam utilizáveis com o
mesmo, devem ser capitalizadas no momento da respectiva aquisição (embora classificadas em
conta separada) e amortizada numa base idêntica à do equipamento com quem se relaciona.

Conta 3.2.3 Mobiliário e Equipamento administrativo social

Esta conta inclui o equipamento social e mobiliário diverso, como sejam mobiliário, equipamento de
escritório (maquinas de escrever, calcular, fotocopiar, computador, etc.), artigos de conforto e
decoração, etc.
Alem do preço de compra devem incluir se no custo de aquisição todas as despesas inerentes à
respectiva aquisição.

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Quando o objecto social de uma empresa for o de prestar serviços administrativos, a generalidade
de equipamento atrás referidos devem ser classificados em 3.2.2 Equipamento básico, (exemplos:
empresas de processamento de contabilidade, facturação, salários, etc.).

Conta 3.2.4 Equipamento de transporte

Esta conta inclui os veículos automóveis, pesados ou ligeiros, aeronaves, navios, etc. que a
empresa utiliza na sua actividade desde que esta não se desenvolva na área de transporte. Neste
caso os meios de transporte afectos à sua actividade serão classificados na conta 3.2.2
Equipamento básico.

Contudo, e obviamente uma empresa de transporte também terá veículos classificados nesta
conta. Por exemplo, veículos afectos à membros dos órgão de gestão.

O custo dos elementos constantes do equipamento básico inclui, além do preço de compra, todas
as despesas inerentes à respectiva aquisição incluindo, se for o caso disso despesas com a
transferência de propriedade e de impostos, quando estes não forem dedutíveis.

Conta 3.2.5 Taras e vasilhames

Esta conta compreende os objectos destinados a conter ou acondicionar as mercadorias ou


produtos, quer sejam exclusivamente para uso interno da empresa, quer sejam embalagem
retornáveis com aptidão para utilização continuada.

O custo de aquisição dos elementos constantes nesta conta é calculado de forma idêntica à que já
foi referida.

Conta 3.2.6 Ferramentas e utensílios

Esta conta engloba uma grande quantidade de elementos industriais que não podem ser
considerados máquinas, ou ferramentas por não estarem fixadas em linhas de produção nem em
oficinas gerais ou locais.
Uma condição indispensável par que um elemento possa ser classificado nesta conta é a de que o
mesmo tenha em condições de utilização normal, uma vida útil estimada superior a um ano. Se tal
não acontecer tais bens deverão ser imediatamente considerados um gasto do exercício (conta de
Fornecimento e serviço de terceiro – Ferramenta e utensílio de desgaste rápido).

O custo de aquisição dos elementos constantes nesta conta é calculado de forma idêntica à que já
foi referida.

Conta 3.2.7 Activos de exploração e avaliação de recursos minerais

Respeita a animais e plantas vivas que reúnam os requisitos de reconhecimento como


investimento e não se enquadrem na actividade agrícola (ex. golfinho num parque aquático).

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2. CONTABILIZAÇÃO DA AQUISIÇÃO DE ACTIVOS TANGÍVEIS

Todos aspectos relacionados com a mensuração inicial de tais activos já foram analisados nos dois
pontos anteriores. Vamos agora apresentar alguns exemplos que indicam, de forma sintética os
lançamentos que devem ser efectuados aquando da sua aquisição, excepto no que se refere aos
activos tangíveis em regime de locação financeira, devido a sua especificidade, serão analisados
autonomamente no ponto seguinte.

Aquisição a título oneroso por compra

Exemplo: Admitamos que a empresa Alfa adquiriu um equipamento básico, cujo custo de aquisição
foi de 100 IVA excluido a pagar a 30 dias

O lançamento correspondente a esta aquisição será o seguinte:


32 Activos tangíveis
322 Equipamento básico 100
443 IVA dedutível 17
a 46 Outros credores
461 Fornecedores de Investimento de capital c/c 117

Aquisição a título gratuito (por doação)

Exemplo: Admitamos que a empresa Alfa recebeu, por doação, uma viatura ligeira cujo justo valor,
à data, foi calculado em 1000

O lançamento correspondente a esta aquisição será o seguinte:


32 Activos tangíveis
324 Equipamento de transporte 1000
a 55Reservas
554 Doações 1000

Aquisição por troca

Admitamos que a Empresa Alfa se dedica à actividade imobiliária e que tem um edifício
contabilizado por 100. Por razões do seu negócio, resolveu trocar este edifício por um outro ao
qual foi atribuído o justo valor de 80, não tendo havido qualquer compensação monetária ou outra.

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Os lançamentos correspondentes a esta operação serão os seguintes:

68 Perdas de investimento de capital


683. Alienação 100
a 32 Activos tangíveis
321Construções 100
32 Activos tangíveis
321Construções 80
a 68 Perdas de investimento de capital
683. Alienação 80

Aquisição associada a uma concentração de actividades empresariais

Admitamos que a empresa Alfa absorveu integralmente a Empresa Beta (Fusão por absorção) a
qual, até a pouco tempo, era bastante conhecida no seu sector de actividade. Presentemente a
Empresa Beta, que não tem qualquer passivo, apresenta apenas no seu activo um Edifício,
adquirido há dois anos. A empresa Alfa pagou a pronto 800 pela transacção, tendo sido 700 o justo
valor atribuído ao edifício.

O lançamento correspondente a esta operação será o seguinte:


32 Activos tangíveis
321Construções 700
33 Activos Intangíveis
333 Goodwill 100
a 12 Bancos
121 Depósitos a ordem 800

Activos tangíveis efectuados pela própria empresa

Em 2000 a Empresa iniciou a construção de um pavilhão pré-fabricado para seu uso próprio, o
qual, tendo ficado concluído em 30/09/2001, começou imediatamente a ser utilizado.
As naturezas dos custos incorridos e respectivas quantias foram as seguintes:

2000 2001
Materiais adquiridos no
Exterior 80 60
Mão-de-obra 120 90
Imputação dos custos
Diversos 30 20
Total 230 170

Os lançamentos a efectuar em cada um dos anos são os seguintes:

31/12/2000
Capitalização dos custos incorridos em 2000

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3.4 Investimentos em curso
3.4.2 Activos tangíveis
3.2.1.1 Edifícios industriais 230
a 7.3 Investimentos realizados pela própria empresa
7.3.4 Investimentos em curso 230

30/09/2201
Capitalização dos custos incorridos em2001 (até 30/09/2001)
3.4 Investimentos em curso
3.4.2 Activos tangíveis
3.2.1.1 Edifícios industriais 170
a 7.3 Investimentos realizados pela própria empresa
7.3.4 Investimentos em curso 170

30/09/2201
Transferência para Imobilizações corpóreas aquando da conclusão da obra
32 Activos tangíveis
321Construções 400
a 3.4 Investimentos em curso
3.4.2 Activos tangíveis
3.2.1.1 Edifícios industriais 400
31/12/2001

Amortização do período correspondente ao período de utilização (taxa anual: 5% Amortização


400x5% = 20, Amortização correspondente ao período de 3 meses: 20:4 = 5)

6.5 Amortizações do período


6.5.1 Activos tangíveis 5
a 3.8 Amortizações acumuladas
3.8.2 Activos tangíveis 5

EXEMPLO PRÁTICO:

A sociedade X, S.A., adquiriu a crédito uma máquina industrial que funciona a energia nuclear que
espera arrendar à Y, S.A.. No que concerne à máquina e à sua aquisição sabe-se o seguinte:

▪ Valor da máquina: 1.000.000 MT, com vida útil esperada de 40 anos;


▪ Mecanismo XPTO extra para minorar trepidação da máquina: 100.000, prevendo-se a sua
substituição de 5 em 5 anos;
▪ Plano de manutenção da máquina: 50.000 de 2 em 2 anos;
▪ Desconto comercial relativo à máquina e mecanismo XPTO e plano de manutenção: 5%;
▪ Custos de transporte e instalação: 10.000;
▪ No final da vida útil da máquina ao abrigo da legislação ambiental será necessário proceder
ao seu desmantelamento, cujo valor estimado actualizado é de 100.000.

PEDIDO: Pretende-se os registos contabilísticos associados à aquisição deste bem.

RESOLUÇÃO

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Notas:
✓ Tendo em conta que as várias componentes deste Activo tangível têm diferentes vidas
úteis, importa separá-las para efeitos do cálculo da depreciação. Isto significa que as partes
que integram um mesmo item do Activo tangível são depreciadas em períodos de vida útil
distintos, consoante o seu desgaste ao longo da utilização do bem.

✓ A contrapartida do dispêndio estimado para a operação de desmantelamento deve ser


registada como uma provisão.

1. Cálculos auxiliares

Componente Valor Vida útil


Custo de aquisição = (1.000.000*95% + 10.000 +
Máquina 100.000) = 1.060.000 MT 40 anos
Mecanismo XPTO Custo de aquisição = 100.000*95% = 95.000 5 anos
Manutenção Custo = 50.000€ * 95% = 47.500 2 anos

2. Lançamentos contabilísticos

Reconhecimento inicial

3.2 Activos tangíveis


3.2.2.1 Equipamento básico…………………………………1.060.000
3.2.2.2 Equipamento básico………………………………….. 95.000
a 4.6 Outros credores
4.6.1 Fornecedores de Investimento de capital……………………………. 1.055.000
a 4.8 Provisões
4.8.9 Outras Provisões …………………………………..………………………100.000

Custos subsequentes

3.2 Activos tangíveis


3.2.2.3 Equipamento básico…………………………………. 47.500
a 4.6 Outros credores
4.6.1 Fornecedores de Investimento de capital………………………………47.500

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3. DEPRECIAÇÃO DOS ACTIVOS TANGÍVEIS

DEFINIÇÃO: A depreciação é a imputação sistemática da quantia depreciável de um activo


durante a sua vida útil.

Representa uma operação contabilística que visa registar o desgaste do investimento no processo
produtivo da entidade, espelhando assim a realidade económica na medida em que permite
equilibrar os custos com o desgaste do bem e os benefícios económicos por ele gerados.

Depreciação consiste em registar a perda do valor de um activo imobilizado, ou seja, repartir o


custo de uma imobilização pelos exercícios abrangidos pela sua vida útil ou duração
económica.

✓ Vida física: intervalo de tempo em que o bem está em boas condições de


funcionamento.
✓ Vida útil/vida económica: deve-se ter em conta a vida física e ainda a perda de valor
resultante de inovações tecnológicas ou obsolescência.
✓ Regra geral: vida económica < vida física

A vida útil de um activo tangível corresponde ao período longo do qual se espera que a empresa
use tal activo, ou o número das unidades ou similares que se espera que a empresa obtenha
desse mesmo activo.

As amortizações dos activos tangíveis são geralmente contabilizadas em cada exercício


económico, numa conta de custos operacionais, uma vez que tem directamente a ver com as
actividades operacionais da empresa.

4. MÉTODOS DE CONTABILIZAÇÃO DAS DEPRECIAÇÕES

Existem dois métodos para a efectuar o registo das amortizações: o método directo e o método
indirecto.

De acordo com o método directo as amortizações efectuadas em cada exercício são registadas
directamente a crédito da respectiva conta do activo tangível bruto.

6.5 Amortizações do período


6.5.1 Activos tangíveis X
a 32 Activos tangíveis
322 Equipamento básico X

Por outro lado de acordo com o método indirecto, o registo das amortizações do exercício faz se
creditando uma contra do activo, denominada Amortizações acumuladas.

6.5 Amortizações do período


6.5.1 Activos tangíveis X

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a 3.8 Amortizações acumuladas
3822 Equipamento básico X

O método directo apresenta a grande desvantagem de o balanço apenas divulgar a quantia


líquida, correspondente à diferença entre o activo bruto e as amortizações acumuladas.

Esta desvantagem não existe na utilização do método indirecto, o qual possibilita a divulgação, no
balanço, ao longo da vida útil do bem, do respectivo custo e das amortizações acumuladas.

Uma outra desvantagem do método directo tem a ver com facto de, quando o bem se encontrar
totalmente amortizado, o balanço deixar de divulgar a sua existência nos casos em que tal activo
continua a funcionar. Esta situação é frequente, e resulta da circunstância de as amortizações
contabilizadas serem, geralmente mais acelerada que o efectivo desgaste físico do bem.

Se seguir o método indirecto tal situação já não acontece uma vez que ambas quantias aparecem
no balanço, obviamente com sinais contrários.

5. MÉTODOS DE CÁLCULO DE DEPRECIAÇÕES

Dentre os vários métodos que existem para o cálculo de amortizações dos activos tangíveis,
salientamos os seguintes: unidades de produção, quotas constantes e quotas degressivas.

Método de unidades de produção

O método das unidades de produção (ou de outras unidades similares) relaciona a amortização
com a capacidade produtiva estimada do respectivo activo. Neste método assume-se que a
amortização é uma função do uso ou da produtividade em vez de passagem de tempo.

Para aplicar este método há que estimar, em primeiro lugar, o número das unidades que se espera
que o activo possa proporcionar (horas/maquinas, quilómetros percorridos, etc.). Depois imputa se
a quantia amortizável a tal numero e finalmente determina se a amortização do período em causa.

Amortização por Unidade de produção = ( Custo do bem – Valor residual)/ ( numero de unidades
estimadas a percorrer, produzir, etc)

VA − Vr
Qt = * ut
U

VA- Valor de aquisição


Vr – Valor Residual
U – nº de unidades de actividade (Km, hora) previsto para a vida útil do activo.
ut – nº e unidades de actividade desenvolvidas no ano t

Exemplo: Admitamos que a quantia amortizável de um equipamento é de 100 000,00Mt e que o


número de horas estimadas do mesmo equipamento ao longo da sua vida útil é de 50 000

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A amortização a aplicar por cada hora é de 2 Mt (100 000,00MT/50 000 horas).
Se num determinado exercício, a máquina trabalhar 2000 horas, a amortização respectiva será de
(2MTx 2000 horas = 4 000,00MT)

A aplicação deste método não é aconselhável nos casos em que a amortização do bem em causa
seja em função do tempo e não da unidade produtiva desenvolvida.

Vantagem: Proporciona a contabilização anual de uma depreciação que se aproxima do grau de


utilização (desgaste físico) do activo.

Desvantagem: Não haverá depreciação no período em que o AFT não seja utilizado.

Método de quotas Constantes

O método de quotas constantes considera que a amortização é uma função do tempo em vez de
ser considerada uma função da actividade produtiva desenvolvida.

Para aplicação deste método há que considerar o custo do bem, a sua vida útil estimada e o seu
valor residual estimado aquando da alienação, no final da sua vida útil. O custo do bem deduzido

VA − Vr
Qt =
n
do valor residual estimado corresponde à quantia amortizável ou depreciável.

VA- Valor de aquisição


Vr – Valor Residual
n – anos de vida útil
Admitamos agora que a quantia amortizável de um equipamento é de 48 000,00Mt significando
isso que o valor residual é 0, e que a vida útil estimada é de 4 anos, o que significa que a taxa
anual de amortização é de 25%. A amortização a efectuar para um período de 12 meses é 12
000,00Mt, ou seja, em termos de duodécimos 1000,00Mt por mês.

Amortização Valor
Período Exercício Acumuladas contabilístico
0 - - 48000
1 12000 12000 36000
2 12000 24000 24000
3 12000 36000 12000
4 12000 48000 0

O método de quotas constantes parte do princípio de que a utilidade económica do bem é idêntica
ao longo da sua vida útil e que não há variações significativas com o custo de conservação e
reparação em cada um dos anos.

Vantagem: Permite o cálculo bastante simples da quota de depreciação.

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Desvantagem: A quota é constante mas as despesas de conservação aumentam à medida que o
imobilizado “envelhece” - custos muito elevados nos últimos anos da vida útil.

Método de quotas degressivas

No que respeita o método de quotas degressivas, é de notar que não existe apenas um, mas sim
vários métodos também chamados métodos de amortização acelerada.

Com a aplicação destes métodos pretende-se que a amortização afecte mais os primeiros
exercícios em que bem está ao serviço da empresa do que os últimos. A justificação para a sua
aplicação é de que, como os custos de conservação e reparação tendem a aumentar no final da
vida útil do bem, os resultados de tais exercícios ficam nivelados se se efectuarem maiores
amortizações nos primeiros anos.

Dentre vários métodos de quotas degressivas salientamos os seguintes: soma dos dígitos e taxa
linear ponderada por um coeficiente.

O método de soma de dígitos baseia se em fracções decrescentes da quantia amortizáveis, em


que o numerador é dado pelo número de anos de vida útil estimada em cada exercício e o
denominador pela soma de dígitos correspondentes à referida vida útil.
Qt =
(VA − Vr ) * (n − t + 1)
n

t
t =1

Exemplo:

Em 2001 a Empresa Alfa adquiriu um equipamento por 100 000,00Mt cuja vida útil estimada é de 5
anos.
Face ao referido denominador da fracção é de 15, que corresponde ao somatório de 1 a 5
(1+2+3+4+5=15).

Então a amortização a efectuar no primeiro ano é de 33 333,33Mt calculados como se segue:

Amortização
Quantia Valor
Período amortizável Fracção Exercício Acumuladas contabilístico
2001 100000 5/15 33,333.33 33,333.33 66,666.67
2002 100000 4/15 26,666.67 60,000.00 40,000.00
2003 100000 3/15 20,000.00 80,000.00 20,000.00
2004 100000 2/15 13,333.33 93,333.33 6,666.67
2005 100000 1/15 6,666.67 100,000.00 -

No método de taxa linear ponderada por um coeficiente aplica se sempre a mesma taxa de
amortização (geralmente o dobro da que lhe corresponde no método das quotas constantes) à
quantia resultante da diferença entre a quantia depreciável e a amortização acumulada no inicio de
cada ano.

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Voltando ao exemplo anterior, a taxa linear será de 40% (ou seja o dobro da taxa correspondente a
uma vida útil de 5 anos no método de das quotas constantes) pelo que a amortização do primeiro
ano será de 40 000,00Mt (100 000,00Mt x 40%)

Amortização
Quantia Taxa Valor
Período amortizável (%) Exercício Acumuladas contabilístico

2001 100,000.00 40% 40,000.00 60,000.00

2002 60,000.00 40% 24,000.00 24,000.00 36,000.00

2003 36,000.00 40% 14,400.00 38,400.00 21,600.00

2004 21,600.00 40% 8,640.00 47,040.00 12,960.00

2005 12,960.00 40% 5,184.00 52,224.00 7,776.00

Nota-se que o facto de valor de balaço, no final do 5º ano (7776,00Mt) corresponder, teoricamente
ao valor residual estimado do bem.

Vantagens: Elimina o inconveniente do outro método.


Permite diferimento no pagamento de impostos.

Desvantagens: Maior dificuldade de cálculo das quotas de depreciação.

Contabilidade Financeira II 15
6. DESRECONHECIMENTO DOS ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS

A quantia escriturada de um item do AFT deve ser desreconhecida:

✓ No momento da alienação (v.g. venda, locação, doação); ou


✓ Quando não se esperam benefícios económicos futuros do seu uso ou alienação (v.g.
abate, sinistro).

O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um item do AFT (e obtido pela


diferença entre os proventos líquidos, se os houver, e a quantia escriturada) deve ser incluído
nos resultados, quando o item for desreconhecido (a menos que a NCRF 17 - Locações exija
de forma diferente numa venda e relocação). Os ganhos não devem ser classificados como
rédito.

Desreconhecimento Quando Não Se Esperam Benefícios Económicos Futuros

Sinistro de um Activo Tangível

a) Não coberto pelo seguro

Pelo custo de aquisição:


Co
Conta Descrição Débito Crédito
6.8.3.3 Sinistros x
3.2 Activos tangíveis x

Pelas depreciações acumuladas:

Conta Descrição Débito Crédito


3.8.2 Activos tangíveis x
6.8.3.3 Sinistros x

b) Coberto pelo seguro

b1) Valor indemnização < valor actual do activo 6.8.3.3 Sinistros


b2) Valor indemnização > valor actual do activo 7.6.3.2 Sinistros

Pelo custo de aquisição:

Conta Descrição Débito Crédito


6.8.3.3/7.6.3.2 Sinistros (saldo = Mais/menos valia) x
3.2 Activos tangíveis x

Contabilidade Financeira II 16
Pelas depreciações acumuladas:

Conta Descrição Débito Crédito


3.8.2 Activos tangíveis x
6.8.3.3/7.6.3.2 Sinistros (saldo = Mais/menos valia) x

Pelo valor de indeminização:

Conta Descrição Débito Crédito


1.1/1.2 Caixa/Bancos x
6.8.3.3/7.6.3.2/4.5.9 Sinistros/Devedores diversos x

Abate do Activo Tangível

Pelo custo de aquisição:

Conta Descrição Débito Crédito


6.8.3.2 Abates x
3.2 Activos tangíveis x

Pelas depreciações acumuladas:

Conta Descrição Débito Crédito


3.8.2 Activos tangíveis x
6.8.3.2 Abates x

Se houver venda para sucata:

Conta Descrição Débito Crédito


1.1/1.2 Caixa/Bancos x
7.6.3 Ganhos em investimentos de capital x

Desreconhecimento no momento da alienação

▪ Mais valia (Mv) Diferença entre a quantia pela qual o bem


é alienado e a quantia escriturada ou
▪ Menos valia (mv) justo valor
▪ Resultado nulo Mv/mv = Vv - (VA – DA- PIA)

Vv = valor de venda
VA = Valor de aquisição
DA = Depreciações acumuladas
PIA = Perdas por imparidade acumuladas

- Se Vv = (VA – DA) Ganho (7.6.3.1)

Contabilidade Financeira II 17
- Se Vv = (VA – DA) Perda (6.8.3.1)
- Se Vv = (VA – DA) Resultado Nulo
Registo da alienação

Pelo custo de aquisição:

Conta Descrição Débito Crédito


6.8.3.1 Alienação x
3.2 Activos tangíveis x
Pelas depreciações acumuladas:

Conta Descrição Débito Crédito


3.8.2 Activos tangíveis x
6.8.3.1 Alienação x

Contabilidade Financeira II 18

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