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República de Moçambique

COREP

Manual de

CONTABILIDADE

DAS SOCIEDADES

CURSO MÉDIO DE CONTABILIDADE

CERTIFICADO VOCACIONAL 4

MAPUTO

Agosto de 2010

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ÍNDICE

1. Constituição de Sociedades................................................................................ 5
1.1 Processo de constituição da sociedade ............................................................................................ 13
1.1.1 Promotores e Fundadores ......................................................................................................... 14
1.1.2 Forma e registo do contrato ...................................................................................................... 15
1.1.3 Formalidades legais.................................................................................................................... 16
1.1.4 Subscrição do capital ................................................................................................................. 18
1.1.5 Emissão, subscrição e colocação de acções ............................................................................... 18
1.1.6 Assembleia constitutiva ............................................................................................................. 22
1.1.7 Realização do Capital ................................................................................................................. 23
1.2 Lançamentos de Abertura................................................................................................................. 24
1.2.1 Contas relacionadas com o capital subscrito ............................................................................. 24
1.2.2 Subscrição particular e realização do capital ............................................................................. 25
1.2.3 Subscrição pública...................................................................................................................... 30
1.2.4 Despesas de constituição ........................................................................................................... 34
1.2.5 Cooperativas .............................................................................................................................. 35
1.2.6 Empresas Públicas ...................................................................................................................... 36
2. Modificações do Capital .................................................................................... 38
2.1 Aumento do Capital .................................................................................................................... 38
2.1.1 Deliberações sobre alterações do contrato ............................................................................... 38
2.1.2 Modalidades............................................................................................................................... 39
2.1.3 Aumento do capital por novas entradas............................................................................. 40
2.1.4 Aumento de capital por entradas consistentes em crédito sobre a sociedade ................. 49
2.1.5 Aumento de capital por incorporação de reservas.................................................................... 51
2.2 Reintegração do Capital .................................................................................................................... 59
2.2.1 Conceito ..................................................................................................................................... 59
2.2.2 Contabilização ........................................................................................................................... 60
2.3 Redução do Capital ........................................................................................................................... 61
2.3.1 Conceito e Finalidades ............................................................................................................... 61
2.3.2 Modalidades............................................................................................................................... 62
2.3.3 Formas do Processo ................................................................................................................... 64

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2.3.4 Ressalva do Capital mínimo ....................................................................................................... 64
2.3.5 Cooperativas ............................................................................................................................. 65
2.3.6 Contabilização ............................................................................................................................ 65
2.4 Amortização do capital ..................................................................................................................... 73
2.4.1 Conceito de Amortização ........................................................................................................... 73
2.4.2 Espécies de Amortização ........................................................................................................... 74
2.4.3 Amortização de Quotas.............................................................................................................. 74
2.4.4 Amortização de Acções ............................................................................................................ 81
3. Aplicação de Resultados ................................................................................... 86
3.1 Aplicação do Lucro do Ano Anterior ................................................................................................. 86
3.2 Resultados Transitados ..................................................................................................................... 89
3.3 Cobertura de prejuízos..................................................................................................................... 91
3.4 Aplicação de resultados nas cooperativas ........................................................................................ 93
4. Transformação de sociedades .......................................................................... 96
4.1 Dissolução e Liquidação .................................................................................................................... 96
4.1.1 Dissolução .................................................................................................................................. 96
4.1.2 Liquidação e Partilha .................................................................................................................. 96
4.1.3 Contabilização ............................................................................................................................ 97
4.2 Fusão e Cisão................................................................................................................................... 102
4.2.1 Conceito e Modalidades de Fusão ........................................................................................... 102
4.2.2 Contabilização .......................................................................................................................... 103
4.2.3 Conceito e modalidades de Cisão ............................................................................................ 109
4.2.4 Contabilização .......................................................................................................................... 109
4.3 Transformação ................................................................................................................................ 111
4.3.1 Conceito, modalidades e requisitos ......................................................................................... 111
4.3.2 Contabilização .......................................................................................................................... 112
5. Coligação de sociedades e Consolidação de Contas ................................... 117
5.1 Coligação de Sociedades ................................................................................................................. 117
5.1.1 Sociedades Coligadas ............................................................................................................... 117
5.1.2 Grupos Económicos ................................................................................................................. 120
5.2 Consolidação de Contas ............................................................................................................ 123
5.2.1 Introdução ................................................................................................................................ 123
5.2.2 Vantagens da Consolidação ..................................................................................................... 124

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5.2.3 Demonstrações Financeiras Consolidadas ............................................................................... 124
5.2.4 Métodos e Técnicas de Consolidação ...................................................................................... 129
5.2.5 Trabalhos e Operações de Consolidação ................................................................................. 135
5.2.6 Compensação das participações financeiras, Reconhecimento dos Interesses minoritários e
Diferenças de consolidação .............................................................................................................. 140
5.2.7 Eliminação das Operações realizadas dentro do grupo e dos respectivos resultados ............ 142
5.2.8 Correcção do Imposto sobre o rendimento e repartição dos resultado total ......................... 146

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Manual
de
Contabilidade das Sociedades
Resultado de Contabilizar a constituição de sociedades
Aprendizagem 1:

Critérios de Desempenho: a) Identifica as diferentes modalidades de constituição de


sociedades;

b) Identifica o procedimento de constituição das sociedades


de acordo com regime de sociedade;

c) Regista contabilisticamente a sociedade de acordo com os


procedimentos e normas vigentes

Âmbito de Aplicação:

Contexto: Aplicável no contexto da constituição de uma empresa, sociedade


por quotas, sociedade anónima e de responsabilidade limitada

Meios: Plano geral de Contabilidade, código da sociedade comercial,


meios informáticos e software de contabilidade

Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando consegue


identificar a forma de registo contabilístico de acordo com os CD
(a) e (b) e prática segundo o CD (c) .

Temas
1. Constituição de Sociedades 1.2 Lançamentos de Abertura
1.1 Processo de Constituição de 1.2.1 Contas relacionadas com o
Sociedades capital subscrito
1.1.1 Promotores e Fundadores 1.2.2 Subscrição particular e
1.1.2 Forma e registo do contrato realização do capital
1.1.3 Formalidades legais 1.2.3 Subscrição pública
1.1.4 Subscrição do capital 1.2.4 Despesas de constituição
1.1.5 Emissão, subscrição e 1.2.5 Cooperativas
colocação de acções 1.2.6 Empresas Públicas
1.1.6 Assembleia constitutiva
1.1.7 Realização do Capital

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1. Constituição de Sociedades

A lei comercial regula a actividade dos empresários comerciais, bem como os actos considerados
comerciais.

Do código comercial recolhemos os elementos seguintes, com vista à motivação deste assunto:

Artigo 2º

( Empresários Comerciais )

São empresários comerciais:

a) as pessoas singulares ou colectivas que, em seu nome, por si ou por intermédio de terceiros,
exercem uma empresa comercial;
b) as sociedades comerciais.

Artigo 3º

(Empresa comercial)

1. Considera-se empresa comercial toda a organização de factores de produção para o exercício de


uma actividade económica destinada à produção, para a troca sistemática e vantajosa,
designadamente:
a) da actividade industrial dirigida à produção de bens ou serviços;

b) da actividade de intermediação na circulação dos bens;

c) da actividade agrícola e piscatória;

d) das actividades bancária e seguradora;

e) das actividades auxiliares das precedentes.

2. Exceptua-se do disposto no número anterior a organização de factores de produção para o exercício


de uma actividade económica que não seja autonomizável do sujeito que a exerce.

As sociedades comerciais serão de uma das seguintes espécies: ( art. 82º C.C. )

 Sociedades em nome colectivo;


 Sociedades de capital e industria;
 Sociedades anónimas;
 Sociedades em comandita;
 Sociedades por quotas

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1. Sociedades em nome colectivo - é caracterizada pela responsabilidade, solidária e ilimitada,
de todos os associados. (veja art. 253 e seguintes do C.Comercial)
2. Sociedades de Capital e Indústria - caracteriza-se por possuir sócios que contribuem para a
formação do capital com dinheiro, créditos ou outros bens materiais e que limitam a sua
responsabilidade ao valor da contribuição com que subscreveram para o capital social e por
possuir sócios que não contribuem para o mesmo capital, mas apenas ingressam na
sociedade com o seu trabalho, e que estão isentos de qualquer responsabilidade pelas
dívidas sociais. ( ver art. 278 e seguintes do C.Comercial)
3. Sociedades por quotas - de responsabilidade limitada e constituídas sòmente por escritura
pública. ( Ver art. 283 e seguintes do C. Comercial) (ver também o Art. 328 e seguintes do C.
Comercial relativo a Sociedade por quotas unipessoal)
4. Sociedades Anónimas - em que os associados limitam a sua responsabilidade ao valor das
acções com que subscrevem para o capital social. (ver art. 331 e seguintes do C. Comercial)
5. Sociedades em Comandita - quando um ou mais associados respondem como se a
sociedade fosse em nome colectivo, e outro ou outros apenas fornecem valor determinado,
limitando a este a sua responsabilidade. (veja art. 250 e seguintes do C. Comercial)

Actualmente, só as sociedades anónimas e as sociedades por quotas têm relevância na prática


económica e jurídica, porquanto o número de sociedades em nome colectivo e de sociedades em
comandita e o capital nelas investido são reduzidos e têm vindo a decrescer.

Juridicamente, o que mais diferencia as sociedades comerciais umas das outras é, como se sabe, a
responsabilidade dos sócios. Esta é:

a) Ilimitada nas sociedades em nome colectivo


b) Limitada nas sociedades anónimas e por quotas
c) Mista nas sociedades em comandita.

Economicamente, distinguem-se, sobretudo, pelo modo por que nelas se acham regulados:

a) o financiamento
b) as atribuições dos sócios
c) a divisão dos lucros

Relembremos agora, muito rapidamente, as mais salientes caracteristicas de cada especie de sociedades
comerciais:

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Sociedade em Nome Colectivo

Como sociedade de pessoas, assenta na mútua confiança dos associados, cuja responsabilidade é, não
apenas ilimitada, mas também solidária. Todos os bens particulares dos associados servem de garantia
às obrigações da sociedade. Os sócios respondem de forma solidária: um por todos e todos por um.

Sendo assim, não é de estranhar que estas sociedades se constituam, em geral, entre um pequeno
número de pessoas ligadas por laços de próximo parentesco ou grande amizade, onde todos os sócios
desempenhem funções de gerência ou pelo menos, acompanhem e fiscalizem pari passu a actuação
dos gerentes e os negócios da empresa. Nestas sociedades a parte de um sócio só pode ser transmitida,
por acto entre vivos, com expresso consentimento dos outros sócios, tal como a admissão de um novo
sócio.

Em geral, para efeitos de concessão de crédito a estas sociedades dá-se tanta ou mais importância à
honestidade e capacidade administrativa dos sócios do que às suas fortunas particulares.

Tudo isto denuncia e comprova o cunho essencialmente pessoal da sociedade em nome colectivo, a qual
nunca desempenhou um papel de grande relevo na vida económica nacional.

Sociedades por quotas

Nas sociedades por quotas a responsabilidade dos sócios está limitada ao valor da quota subscrita sendo
dirigidas pelos gerentes que poderão tomar as decisões concernentes à actividade da empresa, desde
que não existam limitações previstas no pacto social.

A firma deve ser formada com ou sem sigla, pelo nome ou firma de todos, algum ou alguns dos sócios,
ou por denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso
concluirá pela palavra “Limitada” ou pela abreviatura “Lda”.

Relativamente às entradas dos sócios pode ser diferida a um montante correspondente a metade das
entradas em dinheiro mas o quantitativo dos pagamentos feitos por conta destas juntamente com a
soma dos valores nominais das quotas correspondentes às entradas em espécie, deve perfazer o capital
mínimo referido anteriormente, isto porque a soma das entradas já realizadas, deve ser depositada em
instituicão de crédito antes de celebrado o contrato numa conta aberta em nome da futura sociedade,
devendo ser exibido ao notário o comprovativo de tal depósito aquando da celebração da escritura
pública.

A aplicação de resultados e as alterações ao pacto social são da responsabilidade da assembleia geral,


formada por todos os sócios da empresa.

Estas sociedades estão obrigadas à constituição de uma reserva legal numa percentagem não inferior a
vigésima parte dos lucros, até perfazer um quinto do seu capital social.

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As deliberações de alteração do contracto social só podem ser tomadas por maioria de três quartos dos
votos correspondentes ao capital social ou por número ainda mais elevado de votos se exigido pelo
contrato de sociedade.

Não são obrigadas a ter um orgão de fiscalização devendo no entanto, nomear um revisor oficial de
contas (um técnico de contas ).

Actualmente é pemitido a constituição de sociedades por quotas unipessoais que, como o nome indica
tem um único sócio( pessoa singular ou colectiva), de responsabilidade limitada, funcionando
juridicamente, com as necessárias alterações, como uma sociedade por quotas pluripessoal.

Sociedades anónimas

Enquanto que as sociedades por quotas estão mais próximas do tipo de sociedades pessoais este tipo
jurídico corresponde ao exemplo acabado das sociedades de capitais. O capital está dividido em acções
(títulos alíquotas) sendo a responsabilidade dos sócios limitada ao valor das acções subscritas.

A sociedade anónima não pode ser constituída com um número de sócios inferior a três (salvo quando a
lei o dispense), todas as acções terão o mesmo valor nominal, múltiplo de 250.

As acções podem ser nominativas ou ao portador, estando neste caso reunidas em títulos. Podem,
também, ser escriturais, não existindo, nesta situação, tradução fisica em títulos.

A firma destas sociedades é formada com ou sem sigla, pelo nome ou firma de um ou alguns dos sócios
ou por uma denominação particular, ou pela reunião de ambos esses elementos, mas em qualquer caso
concluirá pela expressão “ Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada” ou pela abreviatura
“S.A.”.

Nas entradas em dinheiro só pode ser diferida a realização de 70% do valor nominal das acções. Não
pode ser diferido o pagamento de prémio de emissão, quando previsto.

A soma das entradas em dinheiro já realizadas deve ser depositada em Instituição de Crédito, antes de
celebrado o contrato, numa conta aberta em nome da futura sociedade, da qual poderão ser efectuados
levantamentos depois de o contrato estar definitivamente registado na conservatória do registo
comercial.

As sociedades anónimas estão sujeitas a fiscalização, através de um conselho fiscal, ou de um fiscal


único (revisor oficial de contas ou sociedade de revisores oficiais de contas).

Os orgãos sociais, previstos no pacto social, poderão ser compostos por:

- Conselho de Administração ou Administrador único

- Assembleia Geral

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- Conselho Fiscal ou Fiscal único

O conselho de administrção é composto por um número ímpar de membros, podendo dispor de um só


administrador desde que o capital não exceda uma determinada quantia fixada por lei. Compete ao
conselho de administração gerir as actividades da sociedade e cabem-lhe exclusivos e plenos poderes de
representação da sociedade.

O conselho fiscal é composto por três membros efectivos.

Ou alternativamente por:

- Direcção

- Conselho Geral

- Assembleia Geral

- Revisor Oficial de Contas

A Direcção é composta por um número impar de directores, no máximo de cinco, podendo ter um único
director quando o seu capital não exceda determiado valor fixado por lei. Compete à direcção gerir as
actividades da sociedade e tem plenos poderes de representação perante terceiros.

Neste caso, o conselho fiscal também é composto por três membros efectivos; as sociedades cujo
capital seja inferior ao limite fixado por lei podem no respectivo contrato, adoptar o regime de fiscal
único.

Finalmente o conselho geral é também composto por um número ímpar de membros, mas sempre
superior ao número de directores e não superior a quinze. Não tem poderes de gestão das actividades
da sociedade, sendo da sua competência, entre outros actos, a nomeação e distribuição dos directores,
a aprovação das contas depois de examinadas pelo revisor oficial de contas e fiscalizar as actividades da
direcção.

Sociedades em comandita

Nestas sociedades, em comandita simples e comandita por acções, a responsabilidade é mista: ilimitada
para uns sócios (sócios comanditados), e limitada para os outros sócios (sócios comanditários). Ocupam,
pois, uma posição intermédia em relação às sociedades em nome colectivo e as sociedades anónimas.
Facilitam a associação dos individuos activos e empreendedores que não têm recursos bastantes ou que
dispõem apenas da sua indústria com os que, possuindo capital e desejando aplicá-lo em negócios, não
sentem competência para as dirigir pessoalmente e não querem assumir grandes riscos.

Estas sociedades que nunca foram númerosas, perderam toda a sua importância com o aparecimento
das sociedades por quotas e, actualmente, tendem a desaparecer por transformação noutra forma
jurídica.

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Sociedades Cooperativas

As sociedades cooperativas são um tipo especial de sociedades que embora exercendo actividades
comerciais ou industriais, não são consideradas sociedades comerciais, sendo reguladas por leis
especiais.

Têm como característica serem pessoas colectivas de livre constituição, com capital variável que
aumenta ou diminui com a entrada e saída dos sócios cooperativistas que visam através da cooperação
e entre ajuda dos seus membros, a satisfação, sem fins lucrativos, das necessidades económicas, sociais
e por vezes culturais.

Podem existir cooperativas de produção, de consumo, de habitação, agrícolas, de pescas, de ensino,


culturais, etc.. Mas no geral a organização da sua contabilidade deve ser semelhante à das restantes
empresas, com as adaptações necessárias resultantes das suas especificidades.

As cooperativas distinguem-se das sociedades comerciais pelas seguintes características:

a) Variabilidade do capital social


b) Variabilidade do número de sócios
c) Objectivo não lucrativo
As sociedades cooperativas observam, na sua constituicão e funcionamento, os seguintes princípios
cooperativos:

- Princípio da adesão livre ou da porta aberta

Estabelece, para além da variabilidade do capital e do número de membros, que a admissão e a


demissão constituem um acto livre e voluntário e que a admissão ou a exclusão dos
cooperadores não podem ser objecto de quaisquer restrições ou discriminações.

- Princípio da gestão democrática

Estabelece a plena igualdade, em deveres e direitos de todos os membros, consubstanciada na


fórmula “1 homem – um voto” independentemente da sua participacão no capital social, na
medida em que o esforço participativo e o espírito de empenhamento são as coordenadas
fundamentais.

- Princípio do juro limitado ao capital

Estabelece que a remuneracão aos membros da cooperativa, pela sua participacão no capital
social e nos depósitos obrigatórios e pela realizacão de títulos de investimento, deve ser
limitada ( sendo a respectiva taxa fixada pela assembleia geral), porquanto interessa mais a
pessoa que o seu capital.

- Princípio do retorno dos excedentes

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Estabelece que os excedentes distribuídos aos cooperadores serão proporcionais às operações
económicas realizadas por estes com a cooperativa ou ao trabalho e serviços por eles prestados.

- Princípio da educacão cooperativa

Estabelece que as cooperativas devem fomentar a educacão cooperativa dos seus membros,
trabalhadores e público em geral, e a difusão dos Princípios e dos métodos de cooperacão,
designadamente através da constituicão de reservas especiais para tal efeito.

- Princípio da Intercooperacão

Estabelece que as cooperativas devem privilegiar as suas relações com outras cooperativas.

O direito comercial, nomeadamente a legislacão referente a sociedades anónimas, é o direito


subsidiário para integracão de lacunas.

Embora se entenda que a cooperativa não se reveste da natureza de uma verdadeira sociedade
comercial, a verdade é que a legislacão comercial é a mais adequada para a integracão de lacunas, tais
como as situações de falência, de anulacão de deliberações sociais, da obrigatoriedade de escrituracão
de livros, contas, etc.

A responsabilidade dos membros das cooperativas é limitada ao montante do capital social subscrito
pelo cooperador, sem prejuizo de os estatutos da cooperativa poderem determinar que a
responsabilidade dos cooperadores seja ilimitada, ou ainda limitada em relacão a uns e ilimitada quanto
a outros.

Os orgãos sociais das cooperativas são, também, assembleia geral, a direccão e o conselho fiscal.

Empresas Públicas

As empresas públicas distinguem-se das restantes, por serem criadas pelo Estado com capitais públicos,
com o objectivo de exploração de actividades de natureza económica e social que o Estado decide
reservar para a sua esfera de actuação.

As empresas públicas, não devem confundir-se com empresas cujo capital é propriedade do Estado.
Podem existir sociedades por quotas, anónimas ou outra prevista no Código Comercial, cujo capital é
propriedade do Estado, ou outras entidades públicas e que se continuem a reger pela lei comercial
geral. Em especial, as empresas públicas têm um estatuto particular, sendo reguladas pela Lei 17/91 de
2 de Agosto.

Segundo esta Lei, as empresas públicas são criadas pelo Estado, através de Decreto do Conselho de
Ministros, que definirá no respectivo Diploma o orgão do Aparelho de Estado a que se subordinam.

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O diploma de criação de qualquer empresa pública, terá como anexo os respectivos estatutos.

A denominação das empresas públicas deve ser seguida da expressão “Empresa pública” ou das iniciais
“EP”.

As empresas públicas não possuem Assembleia geral, como os outros tipos de Sociedades, mas têm
apenas como orgãos o Conselho de Administração e o Conselho Fiscal.

Podem existir, empresa públicas em qualquer sector de actividade. No entanto a sua existência é mais
frequente nos sectores fundamentais da economia, nos quais o Estado pretende intervir mais
acentuadamente ou então na zona de serviços públicos, como distribuição de água, distribuição e
produção de energia, transportes aéreos e ferroviários, etc.

Segundo o artigo 27 da lei 17/91, a contabilidade deve corresponder às necessidades de gestão


empresarial corrente e permitir o controlo orçamental permanente, bem como a fácil verificação da
correspondência entre os valores patrimoniais e contabilísticos. Estão obrigados para além disso a
encerrarem anualmente as contas, com referência a 31 de Dezembro devendo apresentar os seguintes
documentos de prestação de contas:

 Relatório do Conselho de Administração


 Balanço
 Demonstração de Resultados
 Mapa de origem e Aplicação de Fundos.

O conselho fiscal que tem como função acompanhar a gestão e examinar periodicamente a
Contabilidade deve igualmente emitir um parecer que acompanhará as contas, as quais serão enviadas
até final de Março do ano seguinte, ao Ministro de tutela, que as remeterá ao Ministro das Finanças
para aprovação.

As empresas públicas devem seguir as regras e procedimentos contabilísticos aplicados à generalidade


das empresas de acordo com a lei em vigor.

O capital estatutário das empresas públicas, bem como as condições da sua realização, são fixados no
diploma da sua criação.

Empresas de Economia Mista

As empresas de economia mista são aquelas cuja propriedade e gestão pertencem conjuntamente ao
Estado e a particulares.

Nestas sociedades, reguladas pelo direito privado pode predominar o carácter socialista ou capitalista,
consoante o grau de participacão do Estado na Gestão.

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As sociedades de economia mista aparecem geralmente para :

a) Sobrepor o interesse global aos interesses particulares nos sectores básicos da economia;
b) Dinamizar certos sectores em vias de desenvolvimento;
c) Evitar um dano social grave naquelas empresas com uma certa dimensão, que se debatem
com grandes dificuldades financeiras

“Em vez de partir da regie publica, introduzindo na mesma, até certo ponto, os processos e os métodos
da gestão económica privada, pode-se, seguindo o caminho inverso, partir da empresa capitalista ( e da
sua modalidade mais corrente: a sociedade anónima) e procurar embebê-la duma certa dose de
espírito público, para que ao lado dos interesses privados (únicos a que em geral se atende) se ouça a
voz do interesse geral. Deste modo se chega a sociedade de economia mista que se caracteriza pela
reunião de três elementos:

1 – Trata-se duma sociedade por acções submetida às regras de direito comercial;

2 - A colectividade pública (estado, município, etc.) é um dos accionistas;

3 – A colectividade pública participa na gestão dos negócios e acha-se representada no conselho


de administracão.

Assim, as empresas de economia mista não são explorações de tipo administrativo, nem entidades de
direito público, mas não se identificam também com as empresas privadas de feicão exclusivamente
mercantil, podendo então assegurar a defesa do interesse geral, do bem comum, mas com um cunho
muito menos estatal, formalista e burocrático, que o da generalidade das explorações públicas.

1.1 Processo de constituição da sociedade

As sociedades só podem constituir-se depois de se acharem verificadas determinadas condições ou


requisitos, de ordem geral ou especial, que podem ir até a autorização administrativa.

Genericamente, só depois de haverem adoptado uma firma ou denominação social que não seja
idêntica a outra já existente, ou por tal forma semelhante que possa induzir em erro, e de os sócios
terem efectuado as entradas de bens não consistentes em dinheiro.

Nas sociedades por quotas, para além dos requisitos respeitantes ao valor nominal mínimo do capital
social e das quotas, só depois de cada um dos sócios haver entrado com 50% do capital subscrito em
dinheiro.

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Nas sociedades anónimas, para além dos requisitos respeitantes ao valor nominal mínimo do capital
social e das acções, só depois de cada sócio haver entrado com 30% do capital subscrito em dinheiro.

Convém salientar que, tanto nas sociedades anónimas como nas sociedades por quotas, a soma das
entradas em dinheiro já realizadas deve ser depositada em instituição de crédito, antes de celebrado o
contrato, numa conta aberta em nome da futura sociedade, da qual só poderão ser efectuados
levantamentos ou depois de o contrato estar definitivamente registado ou para fins de liquidação,
provocada, quer pela nulidade do contrato, quer pela falta de registo, salvo a restituição prevista em
caso de subscrição pública.

Escolhido o tipo jurídico da sociedade, os passos a dar são os seguintes:

a) Obtenção da autorização para uso da designação social - do certificado de


admissibilidade (certidão negativa) - e do cartão provisório de identificação de pessoa
colectiva, junto da Conservatória do Registo Comercial;
b) Elaboração dos estatutos, ou pacto social;
c) Depósito, em instituição bancária, do capital subscrito que deve ser realizado antes
da celebração da escritura pública;
d) Elaboração de um relatório caso existam entradas em espécie (bens, direitos e
obrigações);
e) Escritura pública de constituição;
f) Inscrição na Consevatória do Registo Comercial e inscrição definitiva no Registo
Notarial;
g) Publicações obrigatórias em jornal oficial (Imprensa Nacional) e em jornal local do
título constituivo da sociedade (escritura pública);
h) Declaração de início de actividade na Repartição de Finanças da zona;
i) Aquisição dos livros selados;
j) Inscrição na Segurança Social.

1.1.1 Promotores e Fundadores

Aos que concebem a sociedade e tomam a iniciativa de a criar dá-se o nome de Promotores. Os que
efectivamente a constituem e organizam (subscrevendo o capital, outorgando a escritura, etc.)
denominam-se Fundadores.

Os promotores procedem aos estudos preliminares (capital necessário, estrutura técnica, forma jurídica,
etc.); efectuam diligências conducentes a sua constituição regular e definitiva (registo provisório,
colocação de títulos, etc.) e pagam do seu bolso as despesas que for mister ir fazendo (consultas,
impressos, etc.).

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Durante o período preparatório não há sociedade nem sócios. Não podendo ser representantes de uma
unidade que ainda não existe, os promotores actuam, por sua iniciativa e sob sua responsabilidade,
como meros estipulantes a favor de terceiros.

Se não logram levar a bom termo a sua missão, todo o seu trabalho e despesas redundam em pura
perda. Se, pelo contrário, conseguem fundar a sociedade, partem do pincípio que agiram por conta da
mesma e, muito naturalmente, tratam logo de a sub-rogar nas obrigações tomadas e de reaver as
quantias despendidas.

Os promotores, em geral, tornam-se sócios da sociedade constituenda, subscrevendo, umas vezes, todo
o capital e, outras vezes, só uma parte do mesmo. Nesta hipótese, são obrigados a indicar no programa
para a subscriçao as vantagens especiais que, porventura, queiram atribuir-se, nos limites da lei.

O capital não deve ser inferior à importância necessária para:

a) reembolsar os promotores das despesas que hajam efectuado de conta da sociedade;

b) adquirir ou construir os instrumentos de trabalho ( edifícios, máquinas, etc. ) impostos pela


natureza e dimensão da exploração; e,

c) ocorrer às despesas necessárias ao funcionamento da empresa (matérias primas, salários,


etc.) até que a primeira série de produtos esteja vendida.

1.1.2 Forma e registo do contrato

Quando não tenham convencionado entradas em espécie ou aquisições de bens pela sociedade, os
interessados na constituição da sociedade podem apresentar na competente Conservatória do Registo
Comercial requerimento para o registo prévio do contrato (registo provisório por natureza), juntamente
com um projecto completo do contrato de sociedade.

O contrato de sociedade deve ser celebrado por escritura pública. A escritura pública deve ser lavrada
nos precisos termos do projecto previamente registado, caso não haja motivo legal para recusa,
devendo o notário, no prazo de quinze dias, enviar ao conservador certidão da escritura para conversão
do registo em definitivo.

No caso de os interessados não terem adoptado o processo anterior, que não é aplicável à constituição
das sociedades anónimas, quando efectuada com apelo à subscrição pública, o contrato de sociedade,
depois de celebrado na forma legal, deve ser inscrito no registo comercial, nos termos da lei respectiva.

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Recorde-se que as sociedades gozam de personalidade jurídica e existem como tais a partir da data, não
da celebração da escritura, mas sim do registo definitivo do contrato.

1.1.3 Formalidades legais

A Constituição das sociedades implica o cumprimento das seguintes formalidades:

a) Certificado de admissibilidade da firma ou denominação e inscrição provisória no Registo


Nacional de Pessoas Colectivas (Certidão Negativa)

Indispensável para a celebração da escritura notarial de constituição da sociedade, o certificado é


emitido mediante requerimento em impresso próprio, do qual constam, além do mais, a identificação
dos requerentes (até ao máximo de 3), a menção do objecto e as firmas ou denominações pretendidas
em alternativa e por ordem decrescente de preferência, até ao máximo de três.

A emissão do certificado está condicionada à verificação de que a firma ou denominação não é idêntica
a outra já registada ou por tal forma semelhante que seja susceptível de confusão ou possa induzir em
erro, e de que reflecte adequadamente o objecto da sociedade.

Simultaneamente, deverá a sociedade requerer a sua inscrição provisória no Registo Nacional de


Pessoas Colectivas e a passagem de um cartão provisório de identificação de pessoa colectiva,
indispensável para o registo da sociedade.

b) Escritura pública de constituição

Escolhido o tipo de sociedade e elaborada a minuta do contrato de sociedade, esta é apresentada ao


notário, juntamente com o certificado anteriormente referido, os Bilhetes de Identidade dos sócios
intervenientes e o documento comprovativo de que foi depositada numa instituição de crédito a
importância das entradas em dinheiro já realizadas, para que seja celebrada a escritura pública de
constituição da sociedade.

Alguns dias depois, o notário entregará à sociedade, pelo menos, duas fotocópias autenticadas daquela
escritura (uma para ser publicada no Boletim da República e outra destinada ao registo comercial).

16
c) Publicações obrigatórias

O título constitutivo da sociedade deve ser integralmente publicado no Boletim da República, depois de
o pedido de registo na Conservatória do Registo comercial, por iniciativa do conservador, embora a
expensas do interessado.

d) Número fiscal de contribuinte e declaração de início de actividade

No prazo de 30 dias a partir da data de inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas, a sociedade
deverá inscrever-se na Repartição de Finanças da sua área fiscal, para atribuição do número fiscal de
contribuinte (NUIT – Número único de Identificação tributária) e obtenção do respectivo cartão, cuja
menção é obrigatória em todos os requerimentos, petições, exposições, reclamações, impugnações,
recursos, declarações e outros actos semelhantes apresentados à Administrção Pública.

Ainda dentro do mesmo prazo, a sociedade deverá entregar na Repartição de Finanças, antes de
iniciado o exercício da sua actividade, uma declaração de início de actividade, em triplicado, exibindo o
respectivo Cartão de Identificação tributária.

e) Inscrição no Registo Comercial (matrícula da sociedade) e inscrição definitiva no Registo


Nacional das Pessoas Colectivas

No prazo de 90 dias a contar da data em que tiver sido outorgada a escritura de constituição da
sociedade, esta deverá requerer, em impresso de modelo aprovado, a sua matrícula na Conservatória
do Registo Comercial e simultâneamente, a sua inscrição definitiva no Registo Nacional de Pessoas
Colectivas e a emissão do cartão definitivo de identificação de pessoa colectiva.

Os requerimentos serão acompanhados dos seguintes elementos:

- fotocópia autenticada da escritura pública de constituição da sociedade;


- exemplar do Boletim da República em que foi publicado o contrato de sociedade;
- certificado de admissibilidade da firma ou denominação;
- cartão provisório de identificação de pessoa colectiva ( a título devolutivo)
- documento comprovativo da participação à Repartição de Finanças (a título definitivo)
- fotocópias dos Bilhetes de Identidade dos sócios que obrigam a sociedade.

17
1.1.4 Subscrição do capital

A subscrição do capital é o acto pelo qual os futuros sócios (subscritores) tomam o compromisso de
entregar à sociedade determinados valores para a formação do capital social.

Essa subscrição poderá ser «particular», caso em que todo o capital é subscrito por um número
determinado de pessoas singulares ou colectivas previamente identificadas (fundadores), mas nas
sociedades anónimas também pode ser feita por «subscrição pública», caso em que , não estando
previamente determinada a totalidade dos subscritores, para ela se recorre a qualquer forma de
comercialização pública ( as acções são oferecidas à subscrição através de intermediários financeiros,
meios publicitários ou outros junto do público).

1.1.5 Emissão, subscrição e colocação de acções

Emissão de acções

Podem emitir acções, as pessoas colectivas e outras entidades, públicas e privadas, devidamente
autorizadas pela legislação geral ou especial por que se rejam e bem assim, quando for o caso, pelos
respectivos estatutos ou lei orgânica.

Subscrição de Acções

A subscrição de acções pode ser pública ou particular, tal como já sabemos, e directa ou indirecta.

A subscrição diz-se directa quando a oferta da emissão aos investidores a que se destina é feita
directamente pela própria entidade emitente, com ou sem o apoio, ou garantia total ou parcial de
colocação, de intermediários autorizados.

A subscrição diz-se indirecta quando a emissão é subscrita por um ou mais intermediários financeiros,
com a obrigação de a oferecerem aos investidores a que se destina, nos termos e condições
estabelecidos em contrato celebrado para o efeito com a entidade emitente.

18
Colocação da Emissão

 Modalidades de colocação

A entidade emitente pode fazer por si própria a colocação da emissão junto dos investidores ou efectuá-
la através de intermediários financeiros. A colocação através de intermediários financeiros é obrigatória
para todas as emissões de acções colocadas no mercado mediante subscrição pública directa ou
indirecta.

 Colocação através de intermediários financeiros

Na colocação através de intermediários financeiros de uma emissão com subscrição pública, aqueles
obrigar-se-ão, mediante contrato celebrado com a entidade emitente:

1) a tomar firme a emissão, para efeitos de subscrição indirecta;


2) ou a garantir, no todo ou em parte, a sua colocação, comprometendo-se a tomar por si
mesmos as acções objecto dessa garantia que não forem subscritas pelos investidores;
3) ou, apenas, a desenvolver os melhores esforços com vista à colocação da emissão, mas sem
se vincularem à subscrição de qualquer parcela que não seja subscrita pelo público.

A remuneração dos intermediários financeiros pela tomada firme da emissão e por quaisquer outros
serviços que prestem com vista à sua preparação e realização poderá consistir numa comissão sobre o
valor da operação ou num diferencial entre o preço de aquisição das acções à entidade emitente e o
respectivo preço de venda aos investidores.

 Sindicato de colocação

Os intermediários financeiros podem consorciar-se entre si para a colocação de qualquer emissão de


acções ou outros valores mobiliários, mediante contrato, o qual depende de prévio acordo da entidade
emitente. O contrato de consórcio definirá obrigatoriamente:

1) O intermediário ou intermediários que assegurarão a liderança do consórcio, os poderes


que lhes são conferidos e a remuneração que lhes caberá pelo desempenho dessas funções;
2) Os direitos e obrigações específicos de cada consorciado, a parcela da emissão a seu cargo e
a respectiva remuneração;

19
3) As normas a que devam obedecer o funcionamento interno do consórcio e as suas relações
com a entidade emitente e com terceiros em tudo o que se relacione com a colocação da
emissão.

Os membros do consórcio são solidariamente responsáveis perante a entidade emitente por todas as
obrigações que derivam do contrato de colocação, salvo se de outro modo se houver expressamente
estipulado no mesmo contrato.

Oferta Pública e Subscrição

A- Oferta pública de acções

Havendo oferta pública de acções, os promotores devem subscrever e realizar integralmente acções
cujos valores nominais somem, pelo menos, o capital mínimo legal, e elaborar o projecto completo do
contrato de sociedade, requerendo o seu registo provisório.

Depois, colocarão as acções destinadas à subscrição particular e elaborarão oferta de acções destinadas
à subscrição pública, donde constarão, obrigatoriamente:

a) O projecto do contrato provisoriamente registado;


b) Qualquer vantagem que, nos limites da lei, seja atribuída aos promotores;
c) O prazo, lugar e formalidades da subscrição;
d) O prazo dentro do qual se reunirá a assembleia constitutiva;
e) Um relatório técnico, económico e financeiro sobre as perspectivas da
sociedade;
f) As regras a que obedecerá o rateio da subscrição, quando necessário;
g) Se a constituição da sociedade fica ou não dependente da subscrição total
das acções;
h) O montante da entrada a efectuar no momento da subscrição.

B- Registo da emissão

A realização no mercado de qualquer oferta pública de subscrição depende do prévio registo da emissão
na Bolsa de Valores ou na Câmara de Mercado de Valores Mobiliários, a pedido dos promotores e do
intermediário financeiro ou do líder ou líderes do consórcio de colocação instruído com vários
documentos, entre os quais o projecto do anúncio de lançamento da oferta pública de subscrição e o
projecto do prospecto da emissão.

20
C- Publicação do Prospecto

Nenhuma emissão de acções ou outros valores mobiliários poderá ser oferecida à subscrição pública
sem que previamente a entidade emitente publique um prospecto, devidamente aprovado pela Câmara
de Mercado de Valores Mobiliários.

Este prospecto deverá conter todos os elementos necessários para que os investidores possam formular
um juízo fundamentado sobre as actividades, o património, a situação financeira, os resultados, as
perspectivas e as demais características relevantes da entidade emitente, bem como sobre os direitos
inerentes aos referidos valores mobiliários, e fiquem habilitados a avaliar adequadamente o
investimento que lhes é proposto e o risco por ele envolvido.

O prospecto deve ser publicado juntamente com o anúncio de lançamento da oferta pública de
subscrição, pela seguinte forma:

- Através da simultânea inscrição de ambos os documentos em, pelo menos, um jornal de


grande circulação no País;
- Através da inserção dos boletins de cotações das bolsas de valores do texto integral do
prospecto ou, pelo menos, de uma comunicação informando como foi publicado e onde
pode ser obtido.
A primeira publicação deve ter lugar oito dias, pelo menos, antes da data fixada para o início da
subscrição pelo público ou da data em que se inicie o período destinado ao exercício de direitos de
preferência, havendo-o.

D- Subscrição pública e rateio

A subscrição pública, que pressupõe a aceitação das condições da oferta, pode ser feita ao balcão de
qualquer estabelecimento de um intermediário financeiro e concretiza-se com o preenchimento de um
boletim de subscrição, no qual, além da sua identificação, o subscritor indica o número de espécie das
acções pretendidas e a forma de pagamento do respectivo preço.

No caso de pagamento parcial, a primeira prestação nunca poderá ser inferior a 30%. O boletim de
subscrição, na maior parte das vezes, é preenchido em triplicado, destinando-se o original à entidade
emitente das acções, o duplicado para o intermediário financeiro, constituindo também uma
declaração de depósito e o triplicado para o subscritor.

Findo o prazo da subscrição, os intermediários financeiros devolvem à sociedade emitente os boletins


recebidos e, então, verifica-se qual o número de acções subscritas, o qual poderá ser, e geralmente é,
superior ou inferior ao número de acções emitidas e oferecidas ao público. Se o número de acções

21
subscritas for superior ao número de acções emitidas, terá de se proceder a um rateio, de acordo com
determinado critério, respeitando-se geralmente as pequenas subscrições. Após o rateio, dá-se
conhecimento ao público do seu resultado, anunciando qual o número de acções atribuídas para cada
número de acções subscritas e informando a data a partir da qual podem os subscritores proceder ao
levantamento das respectivas cautelas e do excedente das importâncias depositadas no acto da
subscrição, nos locais onde esta foi efectuada.

A partir dessa data os intermediários financeiros registam no verso do triplicado do boletim de


subscrição, apresentado pelo subscritor, o número de acções atribuídas e a importância devolvida no
momento (correspondente à entrega relativa às subscrições anuladas), servindo este documento como
título provisório das acções (cautela), para todos os efeitos equiparado às próprias acções.

Esse mesmo documento poderá servir, mais tarde, para a passagem dos recibos das restantes
prestações e também, finalmente, após completa liberação, da entrega dos títulos definitivos.

E- Subscrição incompleta

Não sendo subscritas pelo público todas as acções a ele destinadas, haverá a considerar duas hipóteses:

1ª - Se o programa de oferta de acções à subscrição pública especificar que, neste caso,


é facultado à assembleia constitutiva deliberar a constituição da sociedade, pode o
processo continuar, desde que tenham sido subscritos pelo menos, três quartos das
acções destinadas ao público;

2ª - Em caso contrário, devem os promotores requerer o cancelamento do registo


provisório e publicar um anúncio em que informem aos subscritores de que devem
levantar as suas entradas, suportando aqueles todas as despesas efectuadas.

1.1.6 Assembleia constitutiva

Terminada a subscrição e podendo ser constituída a sociedade, os promotores devem convocar uma
assembleia de todos os subscritores (assembleia constitutiva), na qual cada promotor e cada subscritor
tem um voto, independentemente do número de acções subscritas.

A assembleia delibera:

a) Sobre a constituição da sociedade, nos precisos termos do projecto registado;


b) Sobre as nomeações para os órgãos sociais.

22
A acta deve ser assinada pelos promotores e por todos os subscritores que tenham aprovado a
constituição da sociedade. Finalmente, a escritura do contrato de sociedade deve ser outorgada por dois
promotores e pelos subscritores que entrem com bens diferentes de dinheiro.

1.1.7 Realização do Capital

A realização do capital social é o acto pelo qual os subscritores ou sócios entregam à sociedade aqueles
valores com que se comprometeram. De acorco com a legislação, todo o sócio é obrigado a contribuir
para a sociedade com capital ou indústria.

Por indústria deve aqui entender-se os atributos ou qualidades pessoais postas pelo sócio ao serviço da
sociedade (conhecimentos ou aptidões profissionais, competência técnica ou talento administrativo,
relações pessoais, etc.). Não podem existir sócios de indústria nas sociedades de responsabilidade
limitada, mas apenas nas sociedades em nome colectivo, em cujo contrato deve figurar o valor atribuído
à indústria com que os sócios contribuam, para efeito da repartição de lucros e perdas, muito embora
esse valor não seja computado no capital social.

Em qualquer caso, a realização pode ser integral ou parcial, consoante os subscritores entreguem
imediatamente a totalidade dos valores subscritos ou apenas parte deles, caso em que completarão
posteriormente o pagamento, nos prazos convencionados e constantes do pacto social, podendo haver
várias chamadas de capital, escalonadas no tempo, especialmente nas sociedades anónimas.

Note-se no entanto que só poderá ser diferida, nas sociedades por quotas, a realização de 50% das
entradas em dinheiro e, nas sociedades anónimas, a realização de 70% das entradas em dinheiro,
devendo a soma das importâncias em dinheiro já realizadas ser depositada numa instituição de crédito
autorizada, antes de celebrado o contrato, numa conta aberta em nome da futura sociedade.

Se o capital não ficar integralmente realizado na data da constituição, o balanço inicial indicará do
mesmo modo o seu valor nominal; isto porque o capital da sociedade é o capital nominal e subscrito e
não o capital realizado, convindo distinguir:

Capital Subscrito – não chamado

Capital Subscrito – chamado e não realizado

Capital Subscrito – Chamado e realizado

No caso de realização parcial, haverá que inscrever no Activo, a título de crédito sobre os sócios, a parte
de capital subscrito ainda não realizado. Em contrapartida, por vezes, os sócios, logo na própria
realização, entregam à sociedade valores superiores àqueles que haviam subscrito, constituindo as
diferenças entre os respectivos valores, verdadeiros empréstimos dos sócios à sociedade, que também
se designam por suprimentos. Neste caso, como é evidente, haverá que inscrever-se no Passivo do
Balanço, a título de débito àqueles sócios, o valor dos respectivos suprimentos.

23
1.2 Lançamentos de Abertura

A escritura de constituição contém cláusulas relativas ao montante do capital social, à parte subscrita
por cada sócio, aos valores que os sócios se obrigam a entregar para realização das suas partes no
capital, aos prazos dentro dos quais essas entregas devem ser efectuadas, etc. Assim na abertura das
contas das sociedades, convém contabilizar separadamente as várias fases e operações relacionadas
com a sua constituição.

1.2.1 Contas relacionadas com o capital subscrito

Subscrição e realização do capital

Pela subscrição, os futuros sócios (por enquanto simples subscritores) tomam o compromisso de
entregar à sociedade determinados valores para a formação do capital social.

Quem promete, deve.

Portanto estarão em jogo duas contas: uma de dívidas a receber (dos subscritores) e, naturalmente a
conta de Capital.

Pelo pagamento, realização ou liberação das quotas e acções, deve ser creditada aquela conta, por
contrapartida das contas do activo correspondentes aos valores entregues.

As contas dos Subscritores do Capital

A conta 16.2 Subscritores de Capital está subdividida consoante a netureza das entidades subscritoras (
entidades públicas, privadas e outras), sendo ainda conveniente distinguir, as dívidas relativas ao capital
subscrito ainda não chamado e já chamado ( mas ainda não realizado), tal como segue:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.1. Entidades Públicas

16.2.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado

16.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

16.2.2. Entidades Públicas

16.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado

24
16.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

........

16.2.9. Outras Entidades

16.2.9.1 Capital Subscrito – Não Chamado

16.2.9.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

As Contas do Capital Social

Para além da eventual distinção entre o capital ordinário e capital privilegiado nas sociedades por
acções, na conta 51. Capital devem distinguir-se, o capital subscrito ainda não chamado e já chamado
(ainda não realizado e já realizado) tal como segue:

51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não Chamado

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado

1.2.2 Subscrição particular e realização do capital

Pela subscrição e realização integral do capital em dinheiro os lançamentos a efectuar, serão:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

a 51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

Pela subscrição do capital da sociedade

X, constituída por esc. pública de .....

------------------ , , ------------------------

25
11. Caixa 3.000

12. Bancos

12.1 Depósitos à Ordem 3.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

Entrega em Numerário e depósitos bancários

para realização integral das suas quotas.

------------------ , , ------------------------

Com este lançamento a conta de Subscritores fica saldada. Entretanto, tendo sido creditada a conta
Capital Subscrito – Chamado e não realizado, aquando da subscrição, torna-se necessário efectuar a sua
regularização, substituindo-se aquela conta por Capital subscrito – Chamado e realizado.

51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 6.000

Transferência daquela para esta conta

Neste caso particular de subscrição e realização integral imediata, não será necessário contabilizar
separadamente a subscrição e a realização do capital, podendo assim, os três lançamentos anteriores
sintetizar-se num único lançamento:

11. Caixa 3.000

12. Bancos

12.1 Depósitos à Ordem 3.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 6.000

Pela abertura das contas da Sociedade X

26
Pela realização integral das suas quotas com diversos valores activos, após o lançamento de subscrição,
far-se-á:

12.Bancos

12.1 Depósitos a Ordem 2.000

22. Mercadorias 3.000

32. Imobilizações Corpóreas

32.4 Equipamento Basico 1.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

Valores activos entregues pelos sócios para a

realização integral das suas quotas.

E seguir-se-ia o lançamento para regularização das subcontas de capital.

Para liberação das suas quotas, os sócios também podem entregar à sociedade diversos valores activos
e passivos, debitando-se neste caso as contas correspondentes aos valores activos entregues e
creditando não só as contas de subscrição dos sócios, mas também as contas correspondentes aos
valores passivos. Exemplo:

12. Bancos 200

13. Clientes 400

22. Mercadorias 1.200

32. Imobilizações Corpóreas 500

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 2.000

a 41. Fornecedores 300

Valores activos e passivos entregues pelo sócio A

para realização integral da sua quota.

27
E seguir-se-ia o lançamento de regularização das subcontas de capital.

Também pode acontecer que, na realização, e qualquer que seja a natureza dos elementos patrimoniais
que a consubstanciam, determinado sócio entregue à sociedade um valor superior ao do capital por ele
subscrito. Neste caso a diferença entre o valor entregue e o capital por ele subscrito corresponde a um
empréstimo do sócio à sociedade, isto é, a um suprimento, que deverá ser creditado na conta do sócio.
Então, o lançamento relativo à realização seria o seguinte:

12. Bancos 200

13. Clientes 400

22. Mercadorias 1.800

32. Imobilizações Corpóreas 500

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 2.000

a 41. Fornecedores 300

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou proprietários

45.1 Empréstimos Obtidosl

45.1.1 Suprimentos 600


Valores activos e passivos entregues pelo sócio A

para realização integral da sua quota e crédito

da sua conta de Suprimentos.

Pela subscrição com realização parcial, far-se-ão lançamentos idênticos aos da realização integral, pelos
valores realizados, mas as contas dos subscritores não ficarão saldadas, o que só acontecerá quando
eles completarem a realização.

Quando a subscrição for efectuada com chamada parcial do capital, ter-se-á de distinguir, no
lançamento de subscrição, o capital chamado e não chamado:

28
16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

a 51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não chamado 12.000

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

Pela subscrição de 20.000 acções, com

primeira chamada de capital de 40% con-

forme livro de subscritores da Soc. X .....

Pela realização correspondente ao capital chamado

12. Bancos

12.1 Depósitos à Ordem 8.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

Pela liberação de 40% das acções subscritas

--------------------------, , ------------------------

51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 8.000

Transferência daquela para esta conta

Posteriormente, quando for chamada nova fracção do capital, será indispensável regularizar as
subcontas dos accionistas e do capital, tal como segue:

29
16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não Chamado 6.000

Transferência do valor do capital agora

Chamado (30%) desta para aquela conta

---------------------------- , , ----------------------------

51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não chamado 6.000

a 51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

Transferência do capital agora chamado

daquela para esta conta

E pela realização do capital agora chamado, far-se-ão os lançamentos já conhecidos.

Pela chamada e realização do restante capital, far-se-iam lançamentos idênticos aos anteriores.

1.2.3 Subscrição pública

Nas sociedades por acções, quando tiver que se recorrer à subscrição pública, como o número de acções
não será precisamente igual ao número de acções emitidas, ter-se-á eventualmente de proceder a
rateio, com a consequente anulação das subscrições em excesso e devolução aos accionistas das
respectivas importâncias.

Deverão estas operações, relativas à subscrição e rateio, ser contabilizadas na escrita da sociedade?

30
As opiniões divergem. Alguns entendem que não, pois estas operações são realizadas antes da
constituição da sociedade, a qual só é possível a partir do momento em que as acções subscritas já
correspondem precisamente às acções a emitir e, portanto, ao capital social.

Outros entendem que sim, argumentando com a importância que tais operações assumem para a
constituição da sociedade.

Assim poder-se-ão admitir duas soluções:

1º - Distinguir

a) A contabilidade do grupo promotor (relativas as operações realizadas até à constituição da


sociedade);
b) A contabilidade da sociedade (cujo lançamento de abertura se fará com base no lançamento
de encerramento das contas do grupo promotor)
2º Registar todas as operações na contabilidade da sociedade

Em qualquer caso, quais os lançamentos de abertura?

Era tradicional a utilização da conta Títulos Negociáveis – Acções , para distinguir a emissão da
subscrição, do seguinte modo:

17. Títulos Negociáveis 16. Outros Devedores

17.1 Acções e a 17. Títulos Negociáveis

a 51. Capital 17.1 Acções

Não é aconselhável a utilização da conta Títulos Negociáveis – Acções, porquanto as acções por
subscrever não correspondem a quaisquer valores activos que possam ser debitados por contrapartida
da conta Capital, significando apenas uma mera possibilidade de os obter. Sendo assim e havendo que
prevenir a hipótese de o número das acções subscritas ser superior ao das acções emitidas, a melhor
solução será aquela em que:

31
- o valor total das subscrições seja debitado na subconta Subscritores de Capital, repartido
em Capital Subscrito – não chamado e Capital Subscrito – chamado e não realizado,
consoante a percentagem exigida no acto da subscrição;
- só o valor das acções emitidas seja creditado na conta Capital, repartido pelas subcontas
Capital Subscrito – não chamado e Capital Subscrito – chamado e não realizado, consoante
a percentagem exigida no acto da subscrição;
- o valor das subcrições em excesso seja creditado, globalmente, na conta Subscritores de
Capital, subconta Capital Subscrito – excesso a anular.

A subconta Capital Subscrito – excesso a anular será debitada:

- por contrapartida de Capital Subscrito – não chamado, na data do rateio, pela parte não
chamada das subscrições em excesso;

- por contrapartida de uma conta de disponibilidades, à medida em que forem devolvidas as


importâncias correspondentes à liberação das subscrições em excesso.

Pela subscrição (excessiva) das acções teremos:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não Chamado 15.000

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 10.000

a 51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não chamado 12.000

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

a 16. Outos Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.4 Capital Subscrito – Excesso a anular 5.000

Pela subscrição de 25.000 acções, liberadas

de 40%, sendo 20.000 representativas do

capital da Soc. X constituida por .....

32
Pela realização de 40% do capital subscrito, faremos:

12. Bancos

12.1 Depósitos à Ordem 10.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 10.000

Pela liberação de 40% das acções subscritas

--------------------------- , , -----------------------------

51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 8.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 8.000

Transferência daquela para esta conta

Pela anulação da parte subscrita em excesso, após o rateio, far-se-á:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.4 Capital Subscrito – Excesso a anular 3.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não chamado 3.000

Pela anulação da parte não chamada

de 5000 acções subscritas em excesso

Pela devolução das importâncias correspondentes à liberação das subscrições anuladas, seria:

33
16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.4 Capital Subscrito – Excesso a anular 2.000

a 12. Bancos

12.1 Depósitos a Ordem 2.000

Devolução das entregas relativas a

5000 acções subscritas em excesso

Na constituição das sociedades anónimas, quando existem perspectivas favoráveis de lucro, ou, mais
frequentemente, nos aumentos de capital, quando a empresa se apresenta particularmente próspera,
as acções são colocadas acima do par, isto é, por um valor superior ao seu valor nominal, resultando
para a própria empresa um prémio de emissão, igual ao produto do número de acções pela diferença
entre os seus valores nominal e de emissão.

Este prémio ou ágio, uma espécie de jóia ou direito de entrada, não deve ser considerado como um
lucro, mas sim como uma parcela complementar do capital, pelo que deve ser levado à conta de
Prémios de emissão de acções.

Voltaremos a falar de prémios de emissão, mais tarde, quando estudarmos os aumentos de capital,
limitando-nos a referir apenas que alguns autores justificam a sua existência na fase inicial da sociedade
com o argumento de que, devendo as despesas de emissão ser suportadas pelos accionistas, para que
se mantenha íntegro o capital social, o prémio de emissão destinar-se-ia a compensar aquelas despesas,
isto é, ao activo inicial (gastos imobilizados) corresponderia uma parcela adicional da situação líquida
(prémios de emissão).

1.2.4 Despesas de constituição

A constituição duma sociedade implica variados gastos, nomeadamente com planos e projectos,
impressão de memórias, boletins e títulos, publicação de anúncios e programas, escritura notarial,
registo comercial, impostos, honorários de advogados e economistas, etc.

34
Se a colocação dos títulos se efectua por intermédio de estabelecimentos de crédito, haverá que registar
ainda a comissão recebida pelos mesmos.

Todos os gastos, realizados no período da fundação da sociedade, são indispensáveis à existência legal
da sociedade e ao começo das suas actividades.

Sendo assim, e considerando que a sociedade vai beneficiar desses gastos por toda a sua vida, eles não
devem ser contabilizados como custos do exercício em que são realizados, mas sim como imobilizações
incorpóreas.

Teremos então por exemplo:

33. Imobilizações Incorpóreas

33.1 Encargos de constituição ou de expansão

a 11. Caixa

Pagt. da conta do notário, relativo a escritura

Os gastos de constituição, não podem recuperar-se em caso de liquidação, pelo que será prudente
amortizá-los o mais rapidamente possível.

1.2.5 Cooperativas

A contabilidade das cooperativas não difere da contabilidade das outras sociedades. Sendo assim,
abstemo-nos de reproduzir os lançamentos de subscrição e realização do capital social, pois são
precisamente idênticos aos que foram apresentados para as restantes sociedades, salientando-se
apenas ser muito raro o caso de subscrição e realização integral imediata.

35
1.2.6 Empresas Públicas

A contabilidade das empresas públicas também não difere da contabilidade das sociedades.

No momento da atribuição da dotação:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado

a 51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado

Valor da dotação estatal

No momento da realização

11. Caixa

12. Bancos

12.1 Depósitos à Ordem

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado

Disponibilidades entregues pelo Estado

--------------------- , , ------------------------

51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não chamado

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado

Transferência daquela para esta conta

36
Resultado de Realizar as principais operações de capital
Aprendizagem 2:

Critérios de Desempenho: a) Identifica as diferentes alterações de capital previstas na


lei;

b) Identifica os procedimentos legais e contabilísticos de


aplicação do capital;

c) Regista contabilisticamente as alterações de capital de


acordo com os procedimentos e normas legais

Âmbito de Aplicação:

Contexto: Aplicável no contexto das operações com o capital, seus


procedimentos legais e respectivo registo contabilístico: aumento
de capital, aplicação de resultados e fundos próprios

Meios: Plano geral de Contabilidade, código da sociedade comercial,


Normas e procedimentos internos; actas; registo de alteração do
pacto social; meios informáticos e software de contabilidade

Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando consegue


identificar a forma de registo contabilístico de acordo com os CD
(a) e (b) e prática segundo o CD (c) .

Temas
2 Modificações de Capital 2.3.3 Formas do Processo
2.1 Aumentos de Capital 2.3.4 Ressalva do Capital
2.1.1 Deliberações sobre mínimo
alterações do contrato 2.3.5 Cooperativas
2.1.2 Modalidades 2.3.6 Contabilização
2.1.3 Aumento do Capital por 2.4 Amortização do Capital
novas entradas 2.4.1 Conceitos de Amortização
2.1.4 Aumento do capital por 2.4.2 Espécies de Amortizações
entradas consistentes em 2.4.3 Amortização de Quotas
créditos sobre a sociedade 2.4.4 Amortização de Acções
2.1.5 Aumentos de capital por 2.5 Quotas e acções próprias
incorporação de Reservas 2.5.1 Aquisição de quotas e
2.2 Reintegração do Capital acções próprias
2.2.1 Conceito 2.5.2 Contabilização
2.2.2 Contabilização 3 Aplicação dos Resultados
2.3 Redução do Capital 3.1 Aplicação do lucro do ano anterior
2.3.1 Conceito e finalidades 3.2 Resultados transitados
2.3.2 Modalidades 3.3 Cobertura de Prejuízos
3.4 Aplicação de resultados nas
cooperativas

37
2. Modificações do Capital

2.1 Aumento do Capital

2.1.1 Deliberações sobre alterações do contrato

Em virtude do princípio da fixidez do capital, as modificações do mesmo estão sujeitas a certas normas
relativas à validade da decisão, às modalidades de modificação pretendida e às medidas de publicidade
requeridas.

Antes de mais, todas as alterações do contracto de sociedade só podem ser deliberadas pelos sócios, em
conformidade com o disposto para cada tipo de sociedade, e devem ser consignadas em escritura
pública e inscritas no registo comercial.

Entretanto, convém salientar que:

 nas sociedades em nome colectivo, só por unanimidade podem ser introduzidas quaisquer
alterações no contrato de sociedade.

 nas sociedades por quotas, as deliberações de alteração do contrato só podem ser tomadas por
maioria de ¾ dos votos correspondentes ao capital social ou por número ainda mais elevado de
votos, exigido pelo contrato de sociedades;

 nas sociedades anónimas, as deliberações de alteração do contrato devem ser aprovadas por
dois terços dos votos emitidos.

Em princípio, como esta alteração aumenta a garantia dos credores ou, pelo menos, não a reduz,
qualquer sociedade, reconhecida a insuficiência do capital primitivo ou actual, tem inteira liberdade
para deliberar o seu aumento.

Convém salientar que todo o aumento do capital, consubstanciando-se em activos reais (no momento
ou anteriormente), acresce a garantia dos credores, mas pode reduzir a rendibilidade do capital
nominal, em consequência do seu acréscimo, prejudicando até o autofinanciamento futuro.

Assim, antes de deliberar qualquer aumento de capital parece indispensável comparar as suas
indiscutíveis vantagens (relacionadas com a suficiência do capital, a obtenção do crédito e a
possibilidade de aproveitar benefícios de ordem fiscal) com as despesas que esse aumento implica
(emissão de títulos, escritura, registo, etc.) e algumas eventuais desvantagens.

38
Por exemplo, os aumentos de capital por transformação de débitos (suprimentos ou empréstimos)
evitam à empresa o pagamento dos respectivos juros, mas conduzem a formação de lucros e sua
consequente tributação, o que em certos casos será menos favorável para os sócios.

Nos aumentos de capital por incorporação de reservas livres, estas deixam de se poder distribuir aos
sócios, por força do princípio da intangibilidade do capital social, o qual só poderá ser reduzido através
de um processo judicial moroso e difícil. Por outro lado, a empresa fica obrigada a constituir ou reforçar
as reservas legais e estatutárias até quantitativos mais elevados.

2.1.2 Modalidades

São duas as modalidades básicas do aumento do capital das sociedades:

a) Aumento de capital por novas entradas

Implicando sempre um aumento de capital próprio.

b) Aumento de capital por incorporação de reservas

Implicando, não uma alteração quantitativa do capital próprio, mas apenas qualitativa, pela
transformação de reservas em capital social, aproximando este do valor real do património líquido.

Pode-se dizer que o aumento por novas entradas será oneroso para os sócios, enquanto o aumento por
incorporação de reservas será gratuito.

No entanto, relativamente ao aumento de capital por entradas, poder-se-ão distinguir:

A1) Entregas consistentes em dinheiro e outros bens

Verifica-se aqui um acréscimo efectivo dos meios de acção da sociedade, isto é, do seu potencial
económico, pois o activo aumenta na importância correspondente aos valores entregues pelos novos ou
antigos sócios.

A2) Entradas consistentes em créditos sobre a sociedade

39
Nesta hipótese não varia o activo, mas diminui o passivo, havendo por isso um aumento da situação
financeira da sociedade.

Deste modo, trataremos sucessivamente o aumento de capital por novas entradas, o aumento do
capital por conversão de créditos sobre a sociedade e o aumento de capital por incorporação de
reservas.

2.1.3 Aumento do capital por novas entradas

O aumento de capital por novas entradas é geralmente determinado por motivos económico-
empresariais: a insuficiência do capital anterior para conservar ou melhorar as condições de produção,
favorecidas então pela obtenção de novos recursos.

No entanto, muitos outros motivos extra-económicos poderão estar na base de deliberação de um


aumento de capital, desde a abertura ao público de sociedades até então fechadas, até ao reforço ou
redução da posição de comando de certos accionistas.

Note-se que o aumento de capital por novas entradas em nada prejudica a protecção dos credores, mas
os sócios poderão ficar prejudicados se o valor das entradas não corresponder ao valor real das
participações e se as novas entradas forem atribuídas só a alguns dos actuais sócios ou a novos sócios.
Este último caso está na origem do chamado direito de preferência, tratado mais à frente.

A deliberação de aumento de capital deve mencionar expressamente:

a) A modalidade do aumento de capital;


b) O montante do aumento do capital;
c) O montante nominal das novas participações;
d) A natureza das novas entradas ( ou as reservas que serão incorporadas no capital);
e) O ágio, se o houver;
f) Os prazos dentro dos quais as entradas devem ser efectuadas;
g) As pessoas que participarão nesse aumento.

Para cumprimento do disposto na alinea g), bastará, conforme os casos, mencionar que participarão os
sócios que exerçam o seu direito de preferência, ou que participarão só os sócios, embora sem aquele
direito, ou que será efectuada subscrição pública.

Não pode ser deliberado aumento de capital na modalidade de novas entradas enquanto não estiver
definitivamente registado um aumento anterior nem estiverem vencidas todas as prestações de capital,
inicial ou proveniente de anterior aumento.

40
Regime das entradas

Aplica-se às entradas nos aumentos de capital o preceituado quanto a entradas da mesma natureza na
constituição da sociedade, com as seguintes excepções:

a) As entradas em espécie devem ser totalmente efectuadas até à celebração da escritura pública
ou nesta, se tal forma for necessária para transmissão dos bens; neste segundo caso, o
transmitente outorgará a escritura;
b) Se a deliberação for omissa quanto à exigibilidade das entradas em dinheiro que a lei permite
diferir, são elas exigíveis a partir do registo definitivo do aumento de capital.

Subscrição incompleta

Nas sociedades anónimas quando se recorre à subscrição pública, poderá acontecer que não seja
totalmente subscrito um aumento de capital (subscrição incompleta).

Neste caso, considera-se a deliberação sem efeito, restituindo-se as importâncias recebidas, salvo se a
própria deliberação tiver previsto que então o aumento ficará limitado às subscrições recolhidas.

Prémio de emissão ou de admissão

A maior dificuldade da operação consiste, muitas vezes, em evitar as desigualdades entre os novos e os
antigos sócios. Assim, por exemplo, se uma sociedade anónima já tiver reservas não seria justo que os
subscritores das novas acções a colocar desembolsassem apenas o valor nominal das mesmas, que é
sempre igual ao valor nominal das primitivamente emitidas.

Esta situação pode ser evitada se as novas acções forem emitidas, não ao par, mas acima do par, isto é,
com um prémio de emissão proporcional às reservas existentes à data do aumento, representando a
contrapartida do direito de subscrição preferente e correspondente ao desembolso complementar que
deve efectuar quem não tem a condição de accionista.

Como diz Quesnot, o prémio de emissão não é um aumento do capital, nem um lucro, mas sim um
“apport” sui generis suplementar e corrector, que evita o “aguamento” do capital e concorre para
fortalecer a economia da empresa.

Ao fim e ao cabo, os novos accionistas dão de uma só vez o que os antigos accionistas deram por várias
vezes, ao deixarem anualmente na sociedade uma parte dos seus lucros.

Observemos, entretanto, que a emissão de acções com prémio não impede que os antigos accionistas
possam ficar prejudicados com a redução da sua parte no capital da sociedade.

41
De facto , consideremos o direito de participar nos lucros, o direito de participar do património
resultante da liquidação e do direito de voto.

Relativamente à participação nos lucros, é evidente que, ao aumentar o número de acções em


circulação, após o aumento do capital, se a sociedade não aumenta proporcionalmente a sua
produtividade, o dividendo por acção se encontrará diminuído. Daí a necessidade de os novos recursos
financeiros serem aplicados em investimentos com rendibilidade garantida e eleveda.

Relativamente à participação no património resultante da liquidação, naturalmente que o activo líquido


final terá de ser repartido por um maior número de acções, pelo que, se o património não for acrescido
com valores equivalentes ao aumento, a participação dos antigos accionistas ficará prejudicada.

Quanto ao direito de voto, é evidente que os antigos accionistas, não usando do seu direito de
preferência, verão reduzido o peso do seu voto nas assembleias gerais.

No entanto, todos estes inconvenientes podem ser evitados com o direito de preferência dos sócios no
aumento do capital.

Direito de preferência e sua alienação

O Codigo Comercial consagra expressamente o direito de preferência dos sócios em aumento de capital
por entradas em dinheiro, tal como se encontra na legislação de muitos países.

Esse direito garante a protecção dos interesses dos chamados “actuais” ou “antigos” sócios pelo menos
em dois aspectos fundamentais: a conservação da sua percentagem no capital social e a exclusão da
entrada de estranhos na sociedade.

Relativamente ao primeiro aspecto, sabemos que, em qualquer momento, a medida dos direitos e ou
interesses de cada sócio é determinada pela proporção existente entre o montante da sua participação
social e o montante do capital social.

Então, o sócio que não participa em qualquer aumento de capital vê reduzida aquela proporção,
traduzindo-se o facto pela diminuição do seu “peso de voto” e, eventualmente, pela diminuição do valor
da sua participação social, sempre que o capital próprio da sociedade seja superior ao seu capital social
e não se tenha exigido aos novos sócios o correspondente ágio, prémio ou sobrepreço.

Relativamente ao segundo aspecto, especialmente relevante nas sociedades por quotas, o direito de
preferência permite aos sócios conservar a sociedade ao abrigo de estranhos.

Este direito de preferência só pode ser suprimido por razões de interesse geral ou social.

Embora o direito de preferência dos sócios no aumento de capital cubra a totalidade deste (repartição
proporcional ao montante das acções ou das quotas de cada sócio), na prática raramente tal se verifica

42
por duas razões: a falta do exercício integral dos direitos de preferência; a proporção do aumento
relativamente ao capital anterior.

De facto, para que o direito de preferência dos actuais sócios possa ser exercido na proporção da actual
participação de cada um, será indispensável e necessário estabelecer uma relação entre o número e
montante das quotas ou acções actuais e das correspondentes ao aumento.

Ora, nem sempre essa relação conduz a um número inteiro, porquanto, tratando-se de acções, o valor
destas terá de ser igual e indivisível, e tratando-se de quotas, muito embora seja possível a repartição
aritmética, pode acontecer que se pretenda criar para alguns dos sócios uma quota cujo valor não atinja
o mínimo legal.

Neste último caso, a parte do aumento que, relativamente a cada sócio, não for bastante para formar
uma nova quota, acrescerá ao valor nominal da quota antiga.

Tratando-se de acções, aquele obstáculo poderá ser ultrapassado pela compra e venda de direitos de
preferência, meio prático para que se componham, na posse de um accionista, direitos que atribuam
uma acção.

Esta alienação dos direitos de preferência, permitida pela lei, também possibilita que não fiquem
prejudicados os sócios que não queiram ou não possam exercer o seu direito de preferência.

Em relação às sociedade por quotas, o direito de preferência só pode ser alienado com o consentimento
da sociedade, o qual pode ser dispensado, concedido ou recusado nos termos prescritos para o
consentimento de cessão de quotas, dado o paralelismo evidente entre as duas situações.

Nas sociedades anónimas, o direito de preferência só excepcionalmente pode ser limitado ou suprimido
pela assembleia geral, desde que o interesse social o justifique, conforme relatório apresentado pelo
órgão de administração.

O valor teórico do direito de preferência pode ser calculado por meio de fórmulas mais ou menos
elaborados, tal como as seguintes, aplicáveis às sociedades por acções:

P = D x [Nn : (Nv + Nn)]

X = (C – P) : (N + 1)

D – diferença entre o valor corrente da antiga acção e o valor de emissão

Nn – número de acções novas

Nv – número de acções velhas

C – cotação das antigas acções

P – preço de emissão das novas acções

43
N – número de direitos de preferência necessários para obter uma nova acção

No entanto, o valor efectivo do direito de preferência é influenciado por muitas outras circunstâncias,
quer estranhas a sociedade (situação do mercado financeiro), quer a ela respeitantes (acções cotadas ou
não cotadas na Bolsa, carácter mais ou menos fechado da sociedade, exigência ou não de prémio de
emissão, número das novas acções e sua proporção relativamente às antigas, etc.).

Subscrição indirecta

A assembleia geral que deliberar o aumento de capital pode também deliberar que as novas acções
sejam subscritas por uma instituição financeira, a qual assumirá a obrigação de as oferecer aos
accionistas ou a terceiros, nas condições estabelecidas entre a sociedade e a instituição, mas sempre
com respeito do direito de preferência, operação esta designada por subscrição indirecta.

O carácter indirecto da subscrição resulta da obrigatoriedade de a instituição financeira vender todas as


acções aos accionistas titulares do direito de preferência, facto que a distingue da tomada firme da
emissão.

Para os accionistas não haverá já, rigorosamente, um direito de preferência na subscrição, mas sim um
direito de preferência na compra à instituição financeira, conforme acordo entre esta e a sociedade.

Contabilização

Para todos os efeitos internos, o capital considera-se aumentado e as participações consideram-se


constituídas a partir da celebração da escritura pública.

As fórmulas relativas ao aumento de capital por novas entradas não diferem substancialmente das que
indicamos, ao tratar da constituição das sociedades.

A- Sociedade por acções

Nas sociedades por acções, o aumento de capital por novas entradas concretiza-se, geralmente, pela
emissão de novas acções, de valor igual ao das antigas, ou pela elevação do valor nominal das acções
existentes, caso este muito raro e excepcional.

44
. Emissão de novas acções

Os lançamentos são idênticos aos da constituição da sociedade, mas tendo agora em atenção que:

 a sociedade, durante o período de subscrição das novas acções, continua normalmente as


suas actividades;

 o aumento de capital apenas se concretiza após a subscrição integral da emissão.

Assim, enquanto as subscrições puderem ser feitas, as entregas iniciais (parciais) devem ser creditadas
numa subconta específica de subscrição, por hipotese, Entradas para o Aumento do Capital, solução
esta que vai permitir a simplificação da contabilização do aumento do capital própriamente dito, só
realizado depois do rateio, em caso de subscrição excessiva.

Exemplo:

Determinada sociedade delibera um aumento do seu capital pela emissão de 20.000 novas acções de
1.000 u.m., com liberação imediata de 40%.

12.Bancos

12.1 Depósitos a Ordem 8.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.5 Entregas para Aumento de Capital 8.000

Pela subscrição de 20.000 acções de 1000

e liberação de 40%

Pelo aumento do capital própriamente dito:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000

16.2.x.5 Entregas para Aumento do Capital 8.000

a 51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não Chamado 12.000

51.3 Capital subscrito – Chamado e realizado 8.000

Pela emissão de 20.000 acções de 1.000

45
No caso de nova emissão com prémio, cuja realização não pode ser diferida, este deve ser levado a
conta Prémios de Emissão de Acções, como já sabemos.

Elevação do valor nominal das acções

Neste caso, regra geral, verifica-se a liberação integral e imediata do aumento.

Exemplo:

Determinada sociedade anónima, com o capital de 10 000 contos, representado por 10 000 acções de
1000 u.m., decide aumentar o seu capital, elevando o valor nominal das acções para 1 500 u.m. Teremos
então:

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não real. 5.000

a 51. Capital

51.2 Capital subscrito – Chamado e não realizado 5.000

Aumento do capital pela elevação do valor

Nominal de 10000 acções de 1.000 p/ 1.500

Seguir-se-iam os lançamentos referente à liberação e à regularização das subcontas de capital.

B- Sociedade por quotas

Nas sociedades por quotas os aumentos de capital por novas entradas podem concretizar-se no
aumento das quotas originárias ou na criação de novas quotas, com ou sem admissão de novos sócios.

46
Exemplo:

Balanço

Activo ...................... 10.000 Capital Próprio

Capital .......................... 5.000

Reservas Obrigatórias ... 300

Reservas Livres ............ 900

_____ Passivo ........................... __3.800

10.000 10.000

Neste momento, o capital próprio da sociedade é de 6.200 contos, o que corresponde a 1, 24 contos por
cada conto de capital social (5.000 x 1, 24 = 6.200).

Esta sociedade deliberou admitir novo sócio, com uma quota de 1.000 contos, aumentando o seu capital
para 6.000 contos.

Naturalmente, se o novo sócio entregar apenas o valor da sua quota, este sócio ficará beneficiado e os
antigos sócios prejudicados, pois o novo capital será de 7.200 contos, correspondendo então a 1,2
contos por conto de capital social (6.000x 1,2= 7.200).

Assim para que se mantenha a relação entre o capital próprio e o capital social, o novo sócio terá de
entregar não só o valor da sua quota, mas também o valor que lhe fica pertencendo nas reservas:

6.000 x 1,24 = 7.440 ; 7.440 : 6 = 1.240

Entregará, portanto, 1.240 contos. Este excesso de 240 contos, correspondente a um prémio de
admissão (tal como o prémio de emissão de acções), deverá ser creditado na conta - Prémios de
Emissão de Acções ou Quotas.

Admitindo a liberação integral e imediata de nova quota, teremos:

11. Caixa 1.240

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 1.000

a 54. Prémios de Emissão de Acções ou Quotas 240

Aumento do capital pela admissão do sócio F

47
Naturalmente, em caso de liberação parcial da nova quota, ter-se-ia de movimentar a conta Outros
Devedores na subconta Subscritores de Capital, tal como já sabemos.

C- Cooperativas

Sendo as cooperativas sociedades de capital variável, a entrada de novos sócios (cooperadores)


processa-se com a maior simplicidade, durante toda a vida da socirdade, sendo os lançamentos
idênticos aos da constituição.

No entanto, os estatutos da cooperatica podem exigir, para a admissão dos cooperadores, o pagamento
de uma jóia, desde que o seu montante não exceda um vigésimo do capital cooperativo, podendo a jóia
ser paga de uma só vez ou em prestações, periódicas ou não.

O montante das jóias reverte para uma ou várias reservas obrigatórias (e estas são, pelo menos, a
Reserva Legal e a Reserva para Educação e Formação Cooperativa), conforme os estatutos, que, no
último caso, determinarão a proporção das reversões.

Em compartida, o valor da jóia será debitado na conta de subscrição do cooperador.

Exemplo:

Em determinada cooperativa foi admitido um novo sócio, que subscreveu 20 títulos de 500 u.m., tendo-
lhe sido exigido, de acordo com os estatutos, uma jóia de 2.000 u.m.

A subscrição obedeceu às seguintes condições: entrada imediata, em dinheiro, de 40% do capital


subscrito e do total da jóia, sendo o restante pago em três prestações trimestrais de igual valor.

Segundo os estatutos, o montante das jóias reverte em partes iguais para a Reserava Legal e para a
Reserva para a Educação e Formação Cooperativa.

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não chamado 6.000

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realiz. 6.000

a 51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não chamado 6.000

48
51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realiz. 4.000

a 55. Reservas

55.2 Reserva Legal 1.000

55.6 Reserva p/ Educação e Formação 1.000

Pela subscrição de F de 10 títulos incluindo jóias

-------------------------------- , , ----------------------------

11. Caixa 6.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000

Recebido de F p/ liberação de 40% da subscrição

--------------------------------- , , --------------------------

51. Capital

51.2 Capital subscrito – Chamado e nao realizado 4.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 4.000

Transferência daquela p/ esta conta

2.1.4 Aumento de capital por entradas consistentes em crédito


sobre a sociedade

Aqui, teremos de distinguir o aumento de capital deliberado:

 pelos sócios para conversão de créditos ordinários (incluindo suprimentos) e de


empréstimos obrigacionistas (sujeito a esquema especial);

 pelos credores (caso especial)

Por deliberação específica dos sócios

49
O aumento de capital por transformação de dívidas e quinhões sociais representa um curioso processo
de saneamento financeiro, sem qualquer manipulação de fundos, como é óbvio.

Os créditos de que a sociedade se torna titular extinguem-se, não por compensação, mas sim por
confusão. No caso de o capital social se encontrar desfalcado, a operação deve, evidentemente, ser
precedida de uma redução de capital.

Deveremos distinguir as entradas consistentes em créditos ordinários sobre a sociedade e a conversão


de obrigações em acções.

A- Créditos ordinários

Exemplo:

Os fornecedores de imobilizado de determinada sociedade anónima aceitam receber, por troca dos seus
créditos, 10.000 acções de 1.000 u.m., com o preço de emissão de 1.200 u.m.

16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realiz. 12.000

a 51. Capital

51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realiz. 10.000

a 54. Prémios de Emissão de Acções ou Quotas 2.000

Pela subscrição de 10000 acções de 1.000

emitidas a 1.200 u. m.

----------------------------- ,, ----------------------------------

46. Outros Credores

46.1 P/ Fornecim. Imobilizados 12.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realiz. 12.000

Pela liberação das acções subscritas por entradas

constituídas pelos créditos daqueles fornecedores

50
E seguia-se o lançamento de regularização das subcontas de capital.

B- Conversão de obrigações em acções


Sujeita a um regime jurídico específico, esta operação será tratada no capítulo seguinte.

Por deliberação da assembleia de Credores

Regulado pelo Código dos Processos Especiais de Recuperação da Empresa e de Falência, este é um caso
anómalo de aumento de capital, quer pelas circustâncias em que aparece, quer pelo seu processo.

Aquele diploma estabelece as seguintes providências de recuperação da empresa: a concordata, o


acordo de credores, reestruturação financeira e a gestão controlada.

A reestruturação financeira da empresa insolvente consiste na adopção pelos credores de uma ou mais
providências destinadas a modificar a situação do passivo ou a alterar o seu capital, em termos que
assegurem, só por si, a superioridade do activo sobre o passivo e a existência de um fundo de maneio
positivo.

Ora, entre as providências com incidência na estrutura do capital da empresa, conta-se o aumento do
capital da sociedade com respeito pelo direito de preferência dos sócios, podendo a parte não subscrita
por estes ser atribuída aos credores em pagamento dos seus créditos.

Verifica-se, portanto, a conversão de créditos sobre a sociedade em participações no aumento de


capital, ficando aqueles extintos (por confusão) no montante correspondente ao valor nominal das
acções ou quotas que eles subscrevam.

A grande originalidade deste aumento de capital reside no facto de este ser deliberado pela assembleia
de credores e não pelos sócios da sociedade.

2.1.5 Aumento de capital por incorporação de reservas

Esta modalidade de aumento de capital também é designada em países estrangeiros por “aumento de
capital por capitalização de lucros e reservas” (Brazil). “aumento de capital por meios da sociedade”
(Alemanha), “transformação de reservas em capital” (Espanha), “aumento de capital a título gratuito”
(França).

São vários os motivos que podem levar ao aumento de capital por incorporação de reservas:

51
 aproximar o capital social do capital próprio da sociedade;

 aumentar o crédito da sociedade;

 evitar a distribuição de reservas;

 reduzir a percentagem do dividendo;

 cumprir imposições legais (para a obtenção de crédito, em concursos públicos, emissão de


obrigações, limitação do montante das reservas em alguns países, etc.).

Eventualmente, também se poderá desejar reduzir a cotação média das acções, facilitar um aumento de
capital por novas entradas, etc.

Natureza da operação

Até há pouco tempo confrontavam-se duas teorias (ou processos) sobre a natureza desta operação:

 Teoria dos dois momentos ou dos dois actos: a sociedade, primeiro, distribuía reservas
pelos sócios; depois, procedia ao aumento de capital, ao qual os sócios concorriam efectuando
as suas entradas com os bens anteriormente recebidos;
 Teoria unitária (um só momento, um só acto): a operação consiste simplesmente no
aumento do capital por incorporação de reservas.
Actualmente, na maioria dos países, a doutrina e a própria legislação consagram a teoria unitária.

Na realidade, a operação jurídica do aumento de capital por incorporação de reservas consiste apenas
em sujeitar uma maior parte do activo social ao regime jurídico do capital, operação distinta da
concepção desdobrada, embora nada impeça que os interessados possam aplicar esta, sujeitando-se
então aos preceitos relativos à distribuição de reservas e ao aumento do capital por novas entradas.

Com a transformação de reservas em capital, os credores sociais não são prejudicados, mas sim
beneficiados, na medida em que uma maior parcela do activo social fica sujeita ao regime da
intangibilidade do capital social; os sócios, renunciando até à distribuição das reservas incorporadas, não
retiram qualquer vantagem patrimonial da operação.

Requisitos

No aumento de capital por incorporação de reservas disponíveis para o efeito é da exclusiva


competência dos sócios, devendo a deliberação ter por base o balanço anual do exercício anterior,
depois de aprovadas as contas desse exercício; mas, se já tiverem decorrido mais de seis meses sobre
essa aprovação, ter-se-á de elaborar e aprovar um balanço especial para o efeito.

52
Além disso, o aumento não pode ser deliberado enquanto não estiverem vencidas todas as prestações
de capital inicial ou aumentado.

Finalmente, a deliberação deve mencionar expressamente:

a) A modalidade do aumento do capital


b) O montante do aumento do capital;
c) As reservas que serão incorporadas no capital.

Quanto às modalidades, a sociedade, por uma só deliberação, pode aumentar o seu capital em parte
por novas entradas e em parte por incorporação de reservas, verificando-se nesse caso, como diz
Ferrara, “uma deliberação única pelo processo, plúrima pela substância”, pelo que devem ser
respeitados os requisitos específicos de cada modalidade.

Aumento da participação dos sócios

De acordo com o princípio da igualdade dos sócios, ao aumento de capital por incorporação de reservas
corresponderá o aumento da participação de cada sócio, proporcionalmente ao valor nominal dela,
salvo se, estando convencionado um diverso critério de atribuição de lucros, o contrato o mandar
aplicar a incorporação de reservas ou para esta estipular um critério especial.

Note-se que as quotas e acções próprias da sociedade participam nesta modalidade de aumento de
capital, salvo deliberação dos sócios em contrário.

A deliberação de aumento de capital indicará, por opção dos sócios, o modo de concretizar o aumento
das participações:

- Pela criação de novas quotas ou acções, ou

- Pelo aumento do valor nominal das quotas e acções existentes

Na falta de indicação, será aumentado o valor nominal.

Sem dúvida, o aumento do valor das participações será o modo mais fácil e natural, portanto:

a) Não surgem quaisquer dificuldades na divisão do aumento proporcionalmente ao valor


nominal das participações existentes;

b) Faz corresponder automaticamente o montante das participações sociais ao novo


montante do capital.

Além disso, quando as participações são representadas por títulos,é também um modo mais rápido e
económico, na medida em que bastará carimbar nos títulos existentes o novo valor nominal, sendo

53
muito raro a substituição dos títulos antigos por igual número de títulos novos de maior valor nominal,
embora esta hipótese também seja possível.

De qualquer modo, nas sociedades por quotas será necessário alterar a cláusula relativa ao capital e aos
valores nominais das quotas e, nas sociedades anónimas, alterar a cláusula relativa ao valor nominal das
acções.

Não obstante este modo ser mais fácil, natural, prático e económico, verifica-se que as sociedades
anónimas, na maior parte das vezes, optam pela emissão de novas acções.

Conforme judiciosamente observa o Prof. Raul Ventura, para tal opção concorrem vários factores: “ o
eventual interesse dos accionistas em vender os direitos às novas acções, antes da emissão, o que não
podem fazer no caso de aumento do valor nominal das acções; o inconveniente de possuir títulos de
elevado valor nominal, sendo esses títulos indivisíveis, como são as acções; a possibilidade de venda de
todas ou partes das novas acções, com imediata realização do seu valor; um errado efeito psicológico,
que leva o accionista a sentir-se enriquecido,pelo número de acções que possui”.

No entanto, a verdade é que o valor nominal mínimo das quotas e acções (e estas com valor nominal
igual ao das antigas), poderá implicar problemas no pleno acerto das antigas e novas participações,
sempre que o aumento do capital não for igual ou proporcional ao montante do capital anterior.

Daí o aparecimento dos chamados “ direitos de atribuição”, ou, segundo a terminologia alemã, dos
“direitos parciais”.

Direitos Parciais
Limitando-nos, para simplificação, às sociedades anónimas, onde o caso é mais frequente, embora se
possa verificar o caso de atribuir um número inteiro de acções novas por cada acção antiga (havendo
duplicação, triplicação, etc., do capital anterior), muitas vezes acontecerá precisamente o contrário: a
uma acção antiga corresponder apenas parte de uma acção nova ( sempre que o aumento for inferior ao
capital antigo ou superior mas não seu múltiplo).

Então, surge um direito de atribuição parcial, que poderá ser alienado e adquirido, para que possam ser
reunidos numa só mão os direitos parciais necessarios para a constituição de uma nova acção.

Exemplo:

Determinada sociedade anónima, com o capital de 300 000 contos, represantado por 300 000 acções de
1.000 u.m., delibera um aumento de 60 000 contos, por incorporação de reservas, atribuindo
gratuitamente a cada accionista uma acção nova por 5 antigas.

A deliberação foi tomada com base no seguinte balanço:

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Balanço

Activo ...................... 632.000 Capital Próprio

Capital .......................... 300.000

Reservas ....................... 132.000

______ Passivo ........................... _200.000

632.000 632.000

É evidente que os accionistas que não possuam um número de acções antigas igual ou múltiplo de 5,
terão de, em alternativa:

- vender os seus direitos de atribuição correspondentes às acções em excesso; ou

- comprar os direitos de atribuição necessários para ficar com um múltriplo de 5.

Mas qual o valor de um direito de atribuição parcial?

Teoricamente, corresponde à diferença entre o valor contabilístico de cada acção antes e depois do
aumento, equivalente à fracção do valor de uma acção nova que corresponde a cada acção antiga.

Assim:

Valor contabilístico de cada acção antes do aumento:

432.000 contos : 300.000 = 1.440 u. m.

Valor contabilístico de cada acção depois do aumento

432.000 contos : 360.000 = 1.200 u. m.

Valor teórico de cada direito de atribuição:

1.440 – 1.200 = 240 u. m. = 1.200 : 5

quer dizer, reunindo-se cinco direitos parciais obter-se-á uma acção nova ( 5 x 240 = 1.200 ).

Contabilização

Em qualquer caso, o aumento de capital por incorporação de reservas corresponde apenas a uma
modificação do regime jurídico dos valores transferidos.

55
Exemplo:

Aumento do capital de uma sociedade, por incorporação de reservas livres, no valor de 10 000 contos, e
de reservas de reavaliação, no valor de 20 000 contos.

Teremos:

55. Reservas

55.4 Reservas Livres 10.000

55.1 Reservas de Reavaliação 20.000

a 51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 30.000

Pela incorporação de reservas no capital

Ajustamento de Participações de Capital

Durante muito tempo, foi dominante a ideia de que, em consequência do princípio do custo histórico, a
incorporação de reservas no capital de empresa participada nenhum reflexo teria na empresa
participante.

Entretanto, algumas vozes se foram levantando contra a prepotência do princípio do custo histórico, ou
melhor, contra a impossibilidade da sua derrogação em casos perfeitamente justificados, até que em
Outubro de 1987 a Comissão de Normalização Contabilística, tendo em atenção o princípio da
prioridade da substância sobre a forma, tomou posição no assunto através da sua Norma Interpretativa
nº 8, a qual fez surgir a conta Ajustamentos de Participações do Capital, divisão da conta de Reservas de
Reavaliação.

No entanto, esta subconta foi suprimida e aquela Norma foi substituida pela Directriz Contabilísticca nr
6/91 ( Refelexos contabilísticos na empresa participante da incorporação de reservas no capital de
sociedade participada), a qual, sendo o seu conteúdo substancialmente idêntico ao da Norma anterior,
passou a aplicar-se apenas às empresas que adoptem o método do custo de aquisição na valorimetria
de participações noutras empresas consideradas como investimentos financeiros.

Vamos , então, admitir que a sociedade X tem 2.000 acções de 1.000 u.m. da sociedade Y, a qual acaba
de duplicar o seu capital pela incorporação de reservas.

Que haverá a fazer na sociedade X?

56
Conforme aquela Directriz , atendendo a que o aumento do capital por incorporação de reservas não
altera a proporção das participações dos detentores do mesmo, estes deverão proceder à sua
contabilização, do seguinte modo:

a) Se as participações detidas tiveram um custo médio ponderado de aquisição ao par ou


abaixo do par, o acréscimo derivado da incorporação será relevado pelo valor nominal.

Assim, sendo o custo médio das acções detidas por X de 960 u.m. (abaixo do par), teremos:

Valor nominal 2.000 4.000

Custo de aquisição 1.920

Ajustamento 2.000

Neste caso haverá que aumentar de 2.000 o custo da participação, que passará para 3.920, sendo de
4.000 o valor nominal da acções agora detidas.

b) Se a participação, detida tiver um custo médio ponderado acima do par:

b1) A importância a atribuir ao acréscimo corresponderá à diferença entre a parte


proporcional ao novo capital social e o custo da participação detida, desde que seja positiva.

Assim, sendo o custo médio das acções detidas por X de 1.100 u.m. (acima do par), teremos:

Valor nominal 2.000 4.000

Custo da aquisição 2.200

Ajustamento 1.800

Neste caso, haverá que aumentar de 1.800 o custo da participação, que passará para 4.000, valor
correspondente ao valor nominal da participação detida

57
b 2) Quando esta diferença for nula ou negativa, não se atribuirá qualquer quantia ao
acréscimo, sem prejuízo da relevação das quantidades acrescidas.

Assim sendo o custo médio das acções detidas por X de 2.000 u.m (acima do par), teremos:

Valor nominal 2.000 4.000

Custo de aquisição 4.200

- 200

Neste caso, não haverá lugar à correcção do custo de aquisição.

A mesma Directriz diz-nos que os acréscimos anteriormente referidos terão como contrapartida a conta
Reservas de Reavalição, numa subconta a criar que poderá ser desiganda de “ Ajustamento de
Investimentos Financeiros” .

Então do caso do exemplo da alinea a), teremos:

31. Imobilizações Financeiras

31.1 Partes Sociais 2.000

a 55. Reservas

55.1 Reservas de reavaliação

55.1.2 Ajustamentos de invest. Financeiros 2.000

Ajustamento do valor das acções da sociedade

Y após a duplicação do seu capital por incorporação de reservas

No caso da alínea b1), far-se-ia um lançamento idêntico pela importância de 1.800 u.m.

Esta contabilização aplica-se, com as necessárias adaptações, às participações representadas por quotas.

Desta forma, o custo ponderado das acções após o aumento de capital será ajustado, quando for caso
disso, em função das normas de contabilização atrás indicadas, convindo ainda salientar que:

58
 Quando haja alienação dos investimentos, deve ser transferida para a demonstração dos
resultados a parte correspondente do ajustamento, de forma a surgir o ganho ou a perda da
operação:

 A adopção dos critérios desta Directriz deve ser explicitamente referida na nota do Anexo
ao balanço.

2.2 Reintegração do Capital

2.2.1 Conceito

Entende-se por reintegração do capital próprio quando este se encontra inferior ao capital social, em
consequência de prejuízos.

Pela reintegração os sócios incorporam no activo da sociedade novos bens ou desistem de créditos que,
porventura, tenham sobre ela.

Como é evidente, a reintegração não constitui uma alteração do contrato de sociedade ( o capital social
continua a ser o mesmo), estando apenas em causa um simples aumento do património líquido, que não
tem expressão naquele contrato.

Trata-se, na verdade, da reintegração do capital próprio.

Vejamos como a reintegração pode ser uma alternativa à dissolução da sociedade.

Que hipóteses se oferecem a uma sociedade quando pelas contas do exercício se verifique um prejuízo?

Antes de mais, a sociedade deverá transferir o prejuízo para a conta Resultados Transitados,
oferecendo-se-lhe, depois, uma das seguintes hipóteses:

 Compensar esse prejuízo com as reservas existentes, se estas forem suficientes para lhe
fazer face;

 Em caso contrário, deixar esse prejuízo na conta Resultados Transitados, com esperança de
a poder saldar com lucros de exercícios subsequentes, desde que não seja perdida metade do
capital.

59
Quando os membros da administração que, pelas contas de exercício, verifiquem estar perdida metade
do capital social devem propor aos sócios que a sociedade seja dissolvida ou o capital seja reduzido, a
não ser que os sócios se comprometam a efectuar e efectuem, nos 60 dias seguintes a deliberação que
da proposta resultar, entradas que mantenham pelo menos em dois terços a cobertura do capital.

Assim, em caso de prejuízos avultados, a sociedade, para evitar a dissolução, não querendo reduzir o
capital social para o ajustar ao capital efectivo, poderá conforme foi dito, convidar os sócios a uma
entrega suplementar destinada à reconstituição ou reintegração do capital.

A reintegração em pelo menos dois terços do capital social é, portanto, uma alternativa à dissolução da
sociedade.

Entretanto, convém salientar que os sócios, embora sejam obrigados a quinhoar nas perdas, não podem
ser obrigados a “pagar” à sociedade a importância das mesmas, nomeadamente para efeitos de
reintegração do capital.

E é raro que se disponham a fazê-lo.

Mas também pode acontecer que os sócios concordem na reintegração do capital.

2.2.2 Contabilização

Admitamos, portanto, que o balanço de determinada sociedade é o seguinte:

Balanço

Activo ...................... 24.400 Capital Próprio

Capital

A. Costa 3.000

B. Reis 2.000 5.000

Resultado Liq. (3.500)

_____ Passivo ........................... __22.900

24.400 24.400

Como se observa, o balanço apresenta um prejuízo (3.500) superior a metade do capital (2.500), pelo
que os sócios, na assembleia anual realizada no exercicío seguinte, para evitar a dissolução da sociedade

60
e não querendo reduzir o seu capital social, acordaram em cobrir com novas entradas os prejuízos
verificados.

Então, ter-se-á de registar aquele compromisso ou, no caso de entradas imediatas, debitar as contas
correspondentes às entradas, em qualquer caso por contrapartida da conta Resultados Transitados,
para a qual se havia transferido, no início deste exercício, o saldo da conta Resultado Líquido do
Exercício.

Assim:

11. Caixa 3.500

a 59. Resultados Acumulados 3.500

59.1 De Exercícios anteriores

Entregas dos sócios para

reintegração do Capital

2.3 Redução do Capital

2.3.1 Conceito e Finalidades

A redução do capital consiste, fundamentalmente, na substituição do montante do capital que consta


do contrato da sociedade por um montante inferior.

Naturalmente, redução do capital é uma alteração do contrato, sendo-lhe aplicável, em princípio, as


respectivas disposições legais.

Note-se, desde já, que havendo o montante do capital de ser igual à soma dos valores nominais das
participações dos sócios, a redução daquele montante implicará necessariamente uma remodelação das
participações.

São vários os motivos que podem levar uma sociedade a reduzir o seu capital, mas podem reduzir-se a
dois:

 Excesso de capital;

 Prejuízos avultados.

61
A redução por excesso de capital tem por finalidade a libertação do capital desnecessário (libertação de
meios patrimoniais) ; a redução por prejuízos avultados tem por finalidade a adequação do capital ao
património líquido actual da sociedade ( sem libertação de meios patrimoniais).

De facto, embora não seja muito frequente, pode acontecer que o montante do capital de uma
sociedade seja excessivo em relação às actividades que ela exerce em determinado momento, quer por
erro do cálculo inicial do capital necessário, quer por circunstâncias do próprio objecto da sociedade.

Neste caso, os sócios não são prejudicados, antes pelo contrário (atribuição ou possibilidade de
atribuição de bens até então indisponíveis), enquanto os credores sociais sofrem um prejuízo potencial
(na medida em que se reduz a garantia dos seus créditos).

Por outro lado, quando o capital é reduzido em consequência de prejuízos sociais, por esse facto não
são prejudicados os sócios nem os credores sociais ( a redução não afecta a situação patrimonial), desde
que posteriormente não se verifique a libertação de meios patrimoniais, facto geralmente prevenido na
lei.

Outras finalidades: extinção de obrigações de entrada, possibilitar a liquidação e pagamento da quota


de um sócio por morte, exclusão ou exoneração ( nas sociedades em nome colectivo e por quotas),
permitir a cisão simples duma sociedade.

É nas sociedades anónimas e, de um modo geral, nas sociedades de responsabilidade limitada que esta
modificação do pacto social assume importância para os sócios e para os credores. Por vezes, os grandes
e variados interesses em jogo tornam a operação bastante mais complicada e melindrosa do que
poderia parecer à primeira vista.

Por isso mesmo, a convocatória da assembleia geral para redução do capital deve mencionar:

A) A finalidade da redução, indicando, pelo menos, se esta se destina à cobertura de prejuízos,


à libertação de excesso do capital ou à finalidade especial.
B) A forma de redução, mencionando se será reduzido o valor nominal das participações ou se
haverá reagrupamento ou extinção de participações.

Devem também ser especificadas as participações sobre as quais a operação incidirá, no caso de ela não
incidir igualmente sobre todas.

2.3.2 Modalidades

Modalidades ou formas de redução do capital são os processos técnicos utilizáveis para manter a
igualdade entre o montante do capital e as formas dos valores nominais das participações sociais.

62
São possíveis três modalidades:

a) Redução do valor nominal das participações;


b) Reagrupamento das participações;
c) Extinção de participações;

Redução do valor nominal das Participações

Tratando-se de acções, a redução será igual para todas e automaticamente a soma dos novos valores
nominais correponderá ao montante do capital social.

Será o caso, por exemplo, de acções com o valor nominal de 2.000 u.m. que passam a ter o valor
nominal de 1.000 u.m.

Trantando-se de quotas, a redução, em princípio, será proporcional, mas como as quotas podem ter
diferentes valores nominais, nada impede que, com o consentimento dos interessados, sejam apenas
reduzidos os valores nominais de algumas quotas e não de todas.

Assim por esta modalidade, nunca se altera a porporção relativa das participações globais dos
accionistas, mas em relação as sociedades por quotas tal relação não será afectada apenas quando seja
porporcional a redução dos valores nominais de todas as participações.

Naturalmente, a redução do valor nominal das acções e das quotas terá como limite os seus valores
nominais mínimos estabelecidos na lei, pelo que esta forma de redução do capital nem sempre poderá
ser adoptada.

Quando tal acontecer, poderá ser adoptado o reagrupamento de acções, mas não por quotas, como
veremos.

A redução do valor nominal das acções pode ser concretizada por dois processos:

- a troca por novos títulos com novo valor nominal;

- a carimbagem dos antigos títulos, substituindo-se o antigo pelo novo valor nominal.

Reagrupamento das Participações

Nas sociedades por acções, a redução do capital poderá ser obtida pela redução do número de acções,
isto é, pelo seu agrupamento ou reagrupamento.

Será no caso, por exemplo, de 500 000 acções de 2.000 u.m trocadas por 250 000 acções de 2.000 u.m.

Nesta modalidade, os accionistas começam por entregar as antigas acções a sociedade, a qual depois
lhes entregará:

63
- um número inferior da novas acções com o mesmo valor nominal; ou

- um número menor das antigas acções carimbadas com a indicação de reagrupamento.

Em qualquer caso, a sociedade ficará com as acções recebidas dos accionistas e não devolvidas a estes
ou não substituídas por novas acções, as quais serão anuladas.

Este processo de reagrupamento pode encontrar algumas dificuldades práticas, nomeadamente a


possibilidade de nem todos os títulos serem apresentados à sociedade para troca ou carimbagem e de o
número das acções detidas por certos accionistas não permitir o seu reagrupamento.

Nas sociedades por quotas, o reagrupamento não é praticamente possível, não só pelas dificuldades
relativas à diferença de valor nominal das quotas, mas também, e sobretudo, pelo princípio da unidade
da quota.

2.3.3 Formas do Processo

Em regra, o processo da redução do capital varia consoante se trata de libertação de excesso do capital
ou redução causada por prejuízos.

De facto, depois de exigir a liberação dos sócios, condiciona a outorga da escritura ou inscrição no
registo comercial à obtenção da autorização judicial, mas dispensa tal autorização se for apenas
destinada à cobertura de prejuizos.

Neste caso:

a) A deliberação de redução deve ser registada e publicada;


b) Os sócios não ficam exonerados das suas obrigações de liberação do capital ;
c) Pode qualquer credor social, até 30 dias depois de publicada a deliberação de redução,
requerer ao tibunal que a distribuição de reservas disponíveis ou dos lucros de exercício seja
proibida ou limitada, durante um período a fixar, a não ser que o crédito do requerente seja
satisfeito, se já for exigível, ou adequadamente garantido,
d) Antes de decorrido o prazo concedido aos credores sociais pela alínia anterior, não pode a
sociedade efectuar as distribuições nela mencionadas; a mesma proibição vale a partir do
conhecimento pela sociedade do requerimento de algum credor.

2.3.4 Ressalva do Capital mínimo

É permitido deliberar a redução do capital a um montante inferior ao mínimo estabelecido na lei para o
respectivo tipo de sociedade se tal redução ficar expressamente condicionada à efectivação de aumento

64
de capital para montante igual ou superior àquele mínimo, a realizar nos 60 dias seguintes àquela
deliberação.

O disposto na lei sobre o capital mínimo não obsta a que a deliberação de redução seja válida se,
simultaneamente, for deliberada a transformação da sociedade para um tipo que possa igualmente ter
um capital do montante reduzido.

2.3.5 Cooperativas

Sendo as cooperativas sociedades de capital variável, a saída voluntária dos sócios processa-se com a
maior simplicidade, durante toda a vida da sociedade.

De facto, qualquer membro de cooperativa pode solicitar a sua demissão ou exoneração, sendo-lhe
restituído, no prazo máximo de um ano, o valor dos títulos de capital realizados, assim como os
excedentes, e os juros a que tiver direito relativamente ao ultimo exercício social, até ao momento da
demissão.

Idêntica restituição será feita a qualquer cooperador que seja excluído, por violação grave e culposa do
Código cooperativo, da legislação complementar aplicável aos diversos ramos do sector cooperativo ou
dos estatutos da cooperativa.

2.3.6 Contabilização

Redução com Reembolso

O Valor do capital a reembolsar aos sócios deverá ser creditado na conta Credores Sócios, Accionistas ou
Proprietários, subconta Capital a Reembolsar, e, pela parte ainda não realizada, na subconta Capital
Subscrito - Não Chamado ou Capital Subscrito - Chamado e Não Realizado, consoante o caso , mas
debitando-se sempre na conta Capital.

Cooperativas

No final do ano passado, determinado cooperador, que possuía 40 títulos de capital, de valor nominal
de 500 u.m., liberados a 75%, pediu a demissão, a qual foi aceite no princípio do ano corrente. A sua
parte nos excedentes do exercício anterior é de 2.000 u.m. De acordo com os estatutos, o reembolso
far-se-á no prazo de 6 meses.

65
Teremos então:

51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não Chamado 5.000

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 15.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital Subscrito – Não Chamado 5.000

a 45. Credores Sócios Accionistas ou Proprietários

45.5 Capital a Reembolsar 15.000

Pela demissão do sócio F.

----------------------------- , , --------------------------------------
59. Resultados acumulados

59.1 De Exercícios anteriores 2.000

a 45. Credores Sócios, accionistas ou propriet.

45.4 Lucros disponíveis 2.000

Parte de F nos execedentes do último exercício

----------------------------- , , ---------------------------------

45. Credores Sócios, Accionistas ou Proprietários

45.5 Capital a Reembolsar 15.000

45.4 Lucros disponíveis 2.000

a 11. Caixa 17.000

Pagamento a F

---------------------------------- ----------------------------

66
Sociedades por Quotas

A –Saida de sócios

a) Pelos valores do último balanço


O sócio F, que participa com 25% no capital de determinada sociedade por quotas, retira-se da
sociedade em Janeiro, recebendo a sua parte no capital próprio pelos valores do último balanço, que
apresenta os seguintes valores abstractos:

Capital ..................... 400

Reservas .................. 200

Resultado Líquido do Exercício 120

Teremos portanto:

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 100

55. Reservas

55.2 Reserva Legal 50

a 45. Credores Sócios Accionistas ou Proprietários

45.5 Capital a reembolsar 150

Pela saída do sócio F

------------------------ , , ------------------------------

59. Resultados acumulados

59.2 Do Corrente Exercício 30

a 45. Credores Sócios Accionistas ou propriet.

45.4 Lucros disponíveis 30

Parte de F. No lucro do exercicio

-------------------------------- ----------------------------

E seguir-se-ia o lançamento referente ao pagamento a F., em dinheiro ou quaisquer outros valores


activos, cujas contas seriam creditadas por débito da conta do sócio.

67
b) Pelos valores de um balanço extraordinário

Sempre que não houver estipulação diversa do contrato da sociedade, a contrapartida a pagar ao sócio
é o valor de liquidação da quota calculado com referência ao momento em que o sócio declara à
sociedade a intenção de se exonerar, por um revisor oficial de contas designado por mútuo acordo ou,
na falta deste, pelo tribunal.

Neste caso, o pagamento da contrapartida é fraccionado em duas prestações, a efectuar dentro de seis
meses e um ano, respectivamente, após a fixação definitiva da contrapartida.

A determinação da contrapartida com base no balanço especialmente elaborado para esse efeito é, sem
dúvida, mais correcta e justa, visto que se trata, de facto, de uma rescisão parcial do contrato da
sociedade.

Exemplificando:

Os balanços de gestão e de liquidação de certa sociedade, na data em que dela sai o sócio A, são os
seguintes:

Activo Bal. Gestão Bal.Liquidação

Caixa .......................................... 500 500

Mercadorias ............................... 3.000 4.400

Imobilizações Corpóreas ........... 4.200 6.100

7.700 11.000
Passivo e Sit. Líquida

Fornecedores ............................ 1.400 1.400

Capital

A ...................... 500

B ...................... 1.500

C ...................... 3.000 5.000 5.000

Reservas .................................... 1.200 1.200

Resultado Líquido do Exercício 100 3.400

7.700 11.000

Parte do Sócio A no capital próprio da sociedade (10%)

68
a) ( 5.000 + 1.200 + 100 ) : 10 = 630 contos ( pelo balanço de gestão )
b) ( 5.000 + 1.200 + 3.400 ) : 10 = 960 contos ( pelo balanço de liquidação )

A diferença de (330 contos) resulta de no balanço de liquidação se ter atribuído ao activo um valor
muito maior.

Em casos como este, considerando que aqueles balanços extraordinários não têm relevação
contabilística, não haverá que ajustar os saldos das contas aos correspondentes valores de liquidação,
devendo levar-se a referida diferença (330), acrescida da parte do sócio A nas reservas (120) e nos
resultados (10) , às contas particulares dos sócios que continuam na sociedade (460).

Far-se-ia pois:

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 500

15. Devedores Sócios Accionistas ou propriet.

15.9 Outras Operações 460

a 45. Credores Sócios Accionistas ou Proprietários

45.5 Capital a reembolsar 960

Redução do capital pela saída do sócio A

e execedente do valor real da sua participa-

çãosobre o valor nominal da sua quota

Os sócios B e C, que possuíam, respectivamente 30% e 60% do capital da sociedade, têm agora 33,3% e
66,7%. Pode dizer-se que compraram a A, por 460 contos, o direito que este ainda tinha sobre o
património social depois de receber o valor nominal da sua quota.

Convém salientar que, perante o formalismo legal exigido para a redução do capital, raras são as vezes
que esta operação se configura do modo apresentado, sendo substituída, na maior parte das vezes, pela
aquisição da quota pelos outros sócios ou pela própria sociedade.

69
B – Prejuízos avultados

Perdida metade do capital, se os sócios não entrarem com o que cabe, a cada um, nos prejuízos
sofridos, a sociedade só pode evitar a dissolução reduzindo o seu capital.

Teremos, por exemplo:

Balanço de Alves & Bento, Lda.

Activo ...................... 1.900 Capital Próprio

Capital ..........................

A. Alves ........ 600

B. Bento ....... 200 800

Resultados Transitados . (530)

_____ Passivo ........................... __1.630

1.900 1.900

No Diário

51. Capital

51.3 Capital Subscrito- Chamado e Relizado 400

a 59. Resultados Acumulados 400

Redução de 50% do capital para cobertura

dos prejuizos sofridos em exercícios anteriores,

conforme escritura desta data.

Assim o novo balanço apresenter-se-ia com o Capital reduzido ao valor de 400 ( A. Alves 300, B.Bento
100), e com resultados transitados reduzidos ao valor negativo de 130 (530-400).

70
Sociedades Anónimas

A – Excesso de capital

a) Capital integralmente realizado

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 5.000

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou Proprietários

45.5 Capital a reembolsar 5.000

Redução do capital de 15.000 para 10.000

b) Capital parcialmete realizado

51. Capital

51.1 Capital Subscrito – Não Chamado 5.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscritores de Capital

16.2.x.1 Capital subscrito – não chamado 5.000

Redução do capital de 15.000 para 10.000

Neste caso não houve restituição efectiva do capital, mas simples anulação das dívidas dos accionistas
pelo capital subscrito ainda não chamado.

71
B – Prejuízos avultados

Balanço

Activo ...................... 300.000 Capital Próprio

Capital .......................... 100.000

Resultados Acumulados (46.000)

_____ Passivo ........................... 246.000

300.000 300.000

Para sanear a sua situação financeira, a sociedade decide reduzir o seu capital para metade, levando a
diferença entre o valor da redução e o valor dos prejuízos para uma conta de reservas.

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado 50.000

a 59. Resultados acumulados 46.000

a 55. Reservas

55.4 Reservas livres 4.000

Pela redução do capital

A redução do capital por motivo de prejuízos é como que uma deflação contabilística, podendo ter a
grande vantagem de “limpar” o balanço dos prejuízos declarados e encobertos, nomeadamente das
dívidas perdidas, dos gastos a amortizar, dos exageros de certas avaliações optimistas e de outras
brechas comuns aos balanços das empresas pouco prósperas, restabelecendo assim o equilíbrio entre o
capital e o património da sociedade.

O saneamento do balanço aclara a situação, facilita a negociação dos títulos, condiciona o sucesso de
uma nova emissão de acções, e prepara, em suma, o ressurgimento da empresa.

72
2.4 Amortização do capital

2.4.1 Conceito de Amortização

Antes de mais, a expressão “amortização do capital” deve ser entendida como “amortização de
participações sociais”, ou seja, “amortização de quotas” e “amortização de acções”, reguladas
diferentemente de tal forma que se torna extremamente dificil definir unitariamente a amortização.

Teremos de elaborar um conceito suficientemente amplo para englobar a amortização de quotas e a


amortização de acções.

Em princípio, a amortização constitui um meio de extinção duma participação social (quota ou acção),
mas também se pode limitar, quanto as acções, a uma modificação dos seus direitos patrimoniais.

A amortização pode ser efectuada com ou sem reembolso do capital e com ou sem redução do capital
nominal.

Extinção de participações com reembolso do capital e sem redução do capital constitui um verdadeiro
paradoxo. No entanto, tal paradoxo é apenas aparente. Na realidade, a amortização das quotas ou das
acções nunca se faz à custa do capital social mas à custa de outras parcelas do capital próprio. De
contrário, atentar-se-ia contra o princípio da invariabilidade do capital, visto que a operação em nada se
poderia distinguir de uma redução de capital irregular ou ilícita.

À cautela, algumas legislações positivas proibem, expressamente, toda a amortização de acções que
implique diminuição efectiva não só do capital social ou estatutário como também da reserva legal.

A amortização do capital pressupõe a existência de reservas ou de lucros não distribuídos. O capital


continua a ser o mesmo porque o seu reembolso se faz, como se faz, como soe dizer-se, à custa dos
sócios e não à custa da sociedade. A operação não pode, portanto, prejudicar os credores.

A amortização será deliberada pelos sócios, mas no que se refere às acções também pode ser imposta
pelo contrato de sociedade.

Então:

A amortização consiste na extinção de uma participação social ou apenas na modificação dos


respectivos direitos, deliberada pelos sócios ou imposta pelo contrato de sociedade, com ou sem
reembolso do capital e com ou sem redução do capital.

A amortização do capital pode ser praticada por qualquer sociedade, sendo frequente nas sociedades
por quotas ( cujos contratos as prevêem em numerosos casos), mas raras nas sociedades anónimas, por
razões fiscais (para o accionista) e económicas (para a sociedade).

73
No entanto, a amortização do capital será útil para as sociedades de activo defectível ou evanescente,
nomeadamente para as sociedades concessionárias de serviços públicos, pois os respectivos sócios
recuperam, desse modo, os capitais investidos, representados por bens que, no termo da concessão,
reverterão gratuitamente para o concedente.

2.4.2 Espécies de Amortização

Considerando um conceito muito lato de amortização, podemos distinguir;

 Amortização integral e restrita, consoante implica a extinção completa dos direitos sociais ou
apenas a sua restrição;

 Amortização forçada ou compulsiva e voluntária ou por acordo, consoante não depende ou


depende do consentimento dos sócios;

 Amortização obrigatória e facultativa, consoante existe ou não o direito do sócio à amortização


e a correlativa obrigação da sociedade à amortização;

 Amortização parcial e total, consoante tem por objecto uma fracção ou a totalidade da
participação social;

 Amortização com e sem redução de capital, consoante a amortização é ou não acompanhada


de redução do capital.

2.4.3 Amortização de Quotas

Conceito de Amortização de Quota

Amortização de quota é a extinção da quota deliberada pelos sócios, a qual só pode ser efectuada
quando permitida pela lei ou pelo contrato.

A quota pode ser amortizada com ou sem consentimento do sócio:

 com consentimento do sócio, basta a referida permissão genérica;

 sem consentimento do sócio, é indispensável a ocorrência de um facto de que a lei ou o


contrato de sociedade torne dependente a faculdade de amortização.

Este sistema justifica-se pela existência de diferentes e por vezes antagónicos interesses em causa na
amortização.

74
Relativamente ao sócio titular da quota amortizada, este pode estar interessado na amortização da
quota ( quando pretende abandonar a sociedade, realizar dinheiro, etc.) ou não estar interessado
(quando pretende manter a sua posição na sociedade)

Relativamente à sociedade, esta pode ter interesse em amortizar a quota, quer por motivos respeitantes
à pessoa do sócio (actual ou futuro), quer por outros motivos ( aumento de benefícios para os outros
sócios ou eliminição de previlégios, por exemplo); mas também pode ter interesse em não amortizar a
quota por motivos diversos, patrimoniais ( repartição de lucros) ou não patrimoniais (repartição do
poder de voto); impedir que o património da sociedade seja desfalcado, etc.

De facto, a amortização é um meio de extinção duma participação social, com influência na repartição
do capital e nas relações entre sócios.

A amortização de quota não deve ser confundida com outras figuras jurídicas afins, tais como a
aquisição de quota e a amortização de acções.

Na aquisição, a quota não é extinta, mas muda de titular, passando esta a ser da sociedade em vez do
sócio; na amortização, a quota é extinta, pelo que não pode ser titular.

O elemento eseencial da amortização é a extinção da quota deliberada pelos sócios, a qual pode
implicar o recebimento pelo sócio duma contrapartida ou ser até gratuita.

Relativamente à distinção entre amortizações de quotas e amortizações de acções, convirá considerar:

 Amortização de acções sem redução do capital

A ideia básica é o reembolso do valor das acções, ao contrário da amortizção da quota, que até pode ser
gratuita.

A amortização de acções não extingue estas, mas apenas modifica os direitos a elas inerentes, ao
contrário da amortização da quota, que implica sempre a sua extinção.

 Amortização de acções com redução do capital.

Aqui há coincidência na deliberação dos sócios e na extinção da participação social, diferindo apenas na
redução do capital, pois a amortização de quotas pode ser feita com ou sem redução do capital.

Finalidades

Fins de ordem financeira:

 Autofinanciamento: pela redução dos lucros futuros a distribuir e consequente retenção deles
no património social;

75
 Aumento dos lucros futuros a distribuir aos outros sócios: uma vez reduzido o número inicial de
participantes nessa distribuição;

 Redução do capital: a amortização de quotas facilita a operação;

 Fazer sair da sociedade uma reserva e/ou meios financeiros em excesso.

Fins relacionados com a pessoa do sócio:

 Forçar a saída de algum sócio;

 Evitar a entrada de novos sócios;

 Sancionar a violação de deveres e obrigações de sócios;

 Extinguir por compensação a dívida do sócio para com a sociedade.

Requisito essencial e direito de Amortização

A- Requisito essencial

É requisito essencial da amortização a integral liberação da quota, salvo no caso de redução do capital.

Aquele requisito justifica-se perfeitamente, porquanto sendo a obrigação de entrada inerente à quota,
como esta se extingue pela amortização, também ficaria extinta aquela obrigação, prejudicando os
eventuais direitos dos credores sociais.

A ressalva da redução do capital baseia-se no facto de então a defesa dos credores se fazer de acordo
com as normas reguladoras do processo de redução do capital.

B- Direito de amortização

Se o contrato de sociedade atribuir ao sócio o direito à amortização da quota, aplica-se o disposto sobre
a exoneração de sócios.

Se a sociedade tiver o direito de amortizar a quota, pode, em vez disso, adquiri-la ou fazê-la adquirir por
sócio ou terceiro.

Pressupostos

76
Casos, fundamentos ou pressupostos da amortização são os factos permissivos da deliberação de
amortizar.

Como já sabemos, a licitude da amortização de quotas depende de um de dois factores:

 ou o consentimento do sócio

 ou a existência de um pressuposto contratualmente fixado.

Listagem dos pressupostos: a) Morte do sócio; b) Interdição do sócio; c) Situação financeira do sócio
(insolvência ou falência); d) Casos tendentes a evitar a entrada, não consentida pela sociedade, de
pessoas estranhas a esta, ou genericamente ou por não possuirem certas qualificações (em
transmissões não forçadas e forçadas); e) Meio de saída do sócio; f) Sanção do comportamento do
sócio; g) Aquisição de quota pela própria sociedade; h) Arbítrio da sociedade; i) Dissolução da sociedade;
j) Acordo da sociedade e sócio.

Forma e prazo de Amortização

A amortização efectua-se por deliberação dos sócios, baseada na verificação dos respectivos
pressupostos legais e contratuais, e torna-se eficaz mediante comunicação dirigida ao sócio por ela
afectado.

A deliberação deve ser tomada no prazo de 90 dias, contados do conhecimento por algum gerente da
sociedade do facto que permite a amortização.

Contrapartida da Amortização

Em regra, a contrapartida da amortização regula-se por estipulação do contrato de sociedade, por


acordo entre as partes e, na falta dumas e doutro, por disposições legais supletivas, referentes ao
montante e pagamento:

 A contrapartida é o valor de liquidação da quota, com referência ao momento da


deliberação;

 O pagamento da contrapartida é fraccionado em duas prestações, a efectuar dentro de


seis meses a um ano, respectivamente, após a fixação definitiva da contrapartida.

Na falta de pagamento tempestivo da contrapartida, fora da impossibilidade da ressalva do capital, pode


o interessado escolher entre a efectivação do seu crédito, isto é, recorrer à execução nos termos gerais
de direito, ou optar pela amortização parcial da quota, em proporção do que já recebeu e sem prejuízo
do montante legal mínimo da quota.

77
Ressalva do Capital

A ressalva do capital (e da reserva legal) consiste em não poderem ser distribuídos bens que façam parte
do património social em quantidade superior à necessária para o activo líquido da sociedade ficar igual à
soma do capital e da reserva legal.

Embora a lei não exija a elaboração de um balanço especial, devem dispor-se de elementos
contabilísticos para determinar:

 o capital próprio da sociedade e a diferença entre esse capital próprio e a contrapartida


da amortização;

 a soma do capital e da reserva legal.

Só o excesso entre aquela diferença e esta soma pode ser utilizado como contrapartida da amortização
de quotas.

A verificação do requisito é exigida não só à data da deliberação, mas também ao tempo do vencimento
da obrigação de pagar a contrapartida.

Em caso contrário, haverá três hipóteses:

1.- A amotização ficar sem efeito;

2.- O interessado optar pela amortização parcial da quota;

3.- O interessado optar pela espera do pagamento.

Note-se, finalmente, que à ressalva do capital constitui alternativa a deliberação simultânea de redução
do capital, sem prejuízo dos seus requisitos legais ou contratuais de forma e de fundo.

Por vezes, só a redução do capital permitirá a amortização, muito embora a obtenção da autorização
judicial seja morosa e incerta, facto que dificulta a operação.

Efeitos quanto ao Capital

Se a amortização de uma quota não for acompanhada da correspondente redução do capital


(equivalente ao valor nominal da quota amortizada), as quotas dos outros serão proporcionalmente
aumentadas.

78
Os sócios devem fixar por deliberação o novo valor nominal das quotas, com a consequente alteração
do contrato, havendo os gerentes de outorgar a correspondente escritura pública, salvo se a acta
daquela deliberação for lavrada por notário.

No entanto, o contrato de sociedade pode estipular que a quota figure no balanço como quota
amortizada, e bem assim permitir que, posteriormente e por deliberação dos sócios, em vez da quota
amortizada, sejam criadas uma ou várias quotas destinadas a serem alienadas a um ou alguns sócios ou
terceiros.

A quota que figura no balanço como quota amortizada é uma quota extinta que não pode ter titular
(não pertence aos sócios nem à sociedade).

Contabilização

Consideremos o seguinte:

Balanço de Ferreira & Ca., Lda.

Caixa ...................... 16.000 Fornecedores ................ 330.000

Bancos ................... 164.000 Capital

Clientes .................. A. Ferreira .... 250.000


140.000
B. Pires ......... 150.000
Mercadorias ........... 280.000 C. Gomes ...... 100.000
Reservas
Imobiliz. Corpóreas 30.000 500.000
Reservas Legais 10.000

Reservas Livres 60.000

______ 70.000

900.000 900.000

A quota de C. Gomes é amortizada pelo seu valor contabilístico, ou seja, por 114 contos (1/5 do capital
próprio: 570 : 5 = 114), passando a figurar no balanço como quota amortizada.

Dada a insuficiência das reservas livres, a sociedade convida os restantes sócios a fazerem entregas
proporcionais às suas partes no capital social, num total de 54.000 u.m..

Os lançamentos seriam os seguintes:

79
11. Caixa 54

a 55. Reservas

55.4 Reservas Livres 54

Entrega dos sócios A. Ferreira e

B. Pires ( 33.750+ 20.250)

---------------------- , , -----------------------

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado 100

a 51. Capital

51.4 Amortização sem Fruição 100

Transferência daquela p/ esta conta

----------------------- , , -----------------------

55. Reservas

55.4 Reservas Livres 114

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou proprietários

45.7 Capital a Reembolsar 114

Valor a reembolsar ao sócio Gomes

--------------------- , , ---------------------------

45. Credores Sócios, Accionistas ou Proprietários

45.7 Capital a Reembolsar 114

a 12. Bancos

12.1 Depósitos a Ordem 114

Pagamento por cheque ao sócio Gomes

Após estes lançamentos, teremos o seguinte:

80
Balanço de Ferreira & Ca., Lda.

Caixa ...................... 70.000 Fornecedores ................ 330.000

Bancos ................... 50.000 Capital

Clientes .................. 140.000 A. Ferreira .... 250.000


B. Pires ......... 150.000
Mercadorias ........... 280.000 Amortizado ..... 100.000 500.000

Imobiliz. Corpóreas 30.000 Reservas

______ Reservas Legais ............ 10.000

840.000 840.000

No total das quotas (500 contos) podem agora distinguir-se duas partes: capital não amortizado(400) e
capital amortizado(100).

Nos exercícios seguintes, os lucros distribuíveis seriam divididos pelos dois restantes sócios
proporcionalmente ao valor nominal das suas quotas.

2.4.4 Amortização de Acções

Modalidades

A amortização de acções poderá corresponder:

a) Ao reembolso do valor nominal de acções, com modificações dos seus direitos


patrimoniais, mas sem redução de capital (amortização-reembolso);
b) A extinção de acções com redução de capital (amortização-extinção).

Convém considerar separadamente estas duas modalidades.

Amortização de acções sem redução de Capital

A assembleia geral pode deliberar, pela maioria exigida para alteração do contrato de sociedade, que o
capital seja reembolsado, no todo ou em parte, recebendo os accionistas o valor nominal de cada acção,

81
ou parte dele, desde que para o efeito sejam utilizados apenas fundos que, nos termos legais, possam
ser distribuídos aos accionistas.

Assim, são requisitos essenciais da amortização-reembolso:

 A deliberação social pela maioria exigida para a alteração do contrato:

 A ressalva do capital.

Esta ressalva do capital pressupõe a existência de reservas livres ou especialmente constituídas para
aquele fim ( Reserva para Amortização de Acções) equivalentes ou superiores ao valor do reembolso, o
qual, deste modo, não envolve qualquer prejuízo para os credores sociais.

Note-se que não são exigidas nem a permissão do contrato de sociedade nem a libertação integral das
acções amortizadas.

Por outro lado, de três modos se pode proceder:

1- Reembolso parcial do valor nominal de cada acção;


2- Reembolso total do valor de cada acção;
3- Reembolso total do valor de certas acções.

Nos dois primeiros casos (reembolso parcial ou total de todas as acções), opera-se por denunciação; no
último caso (reembolso de certas acções), se o contrato de sociedade o permitir, opera-se por sorteio.

Havendo reembolso parcial, convidam-se os accionistas a apresentar os seus títulos para neles registar a
importância que se lhes entrega a título de reembolso.

Havendo reembolso total, as acções passam a denominar-se acções de fruição ou indemnizadas,


constituem uma categoria de acções e devem ser representadas por títulos especiais, em substituição
dos anteriores.

Em qualquer caso, depois do reembolso, os direitos patrimoniais inerentes às acções são modificados
nos seguintes termos:

a) Essas acções só compartilham dos lucros do exercício, juntamente com as outras, depois de
a estas ter sido atribuído um dividendo, cujo máximo é fixado no contrato de sociedade ou,
na falta dessa estipulação, igual à taxa de juro legal;
b) Tais acções só compartilham do produto da liquidação da sociedade, juntamente com as
outras, depois de a estas ter sido reembolsado o valor nominal.

82
Assim, todos os restantes direitos inerentes às acções poderão continuar a ser exercidos, tais como os
direitos de voto e de informação.

O reembolso, que não acarreta a redução do capital, é definitivo, mas as acções de fruição podem ser
convertidas em acções de capital, mediante deliberação da assembleia geral e da assembleia especial
dos respectivos titulares, tomadas pela maioria exigida para alteração de sociedade.

Essa conversão é efectuada por meio de retenção dos lucros que, em um ou mais exercícios, caberiam
às acções de fruição, salvo se as referidas assembleias autorizarem que ela se efectue por meio de
entradas oferecidas pelos accionistas interessados.

As deliberações de amortização e de conversão estão sujeitas a registo e a publicação.

Amortização de acções com redução de Capital

Esta modalidade será contemplada, tal como segue:

a) O contrato de sociedade pode impor ou permitir que, em certos casos e sem o


consentimento dos seus titulares, sejam amortizadas acções
b) A amortização de acções nestes termos implica sempre a redução do capital da sociedade;
as acções amortizadas extinguem-se na data de escritura de redução do capital.

Antes de mais, convirá salientar que a amortização - extinção terá de estar prevista (permitida ou
imposta) no contrato de sociedade, tratando-se sempre de uma amortização forçada ou compulsiva de
acções, entendida esta como não dependente do consentimento dos respectivos titulares.

De facto, permitida ou imposta a amortização, o contrato terá de mencionar concretamente quais os


factos que lhe podem servir de fundamento.

Se a amortização for apenas permitida, o contrato limita-se a conferir à sociedade a faculdade de


amortizar as acções. Se a amortização das accções for imposta, ela será vinculativa para a sociedade. Em
qualquer caso as acções serão amortizadas sem o consentimento dos seus titulares.

Entretanto podemos observar que para a amortização-extinção não se exige a ressalva do capital, na
medida em que se verifica mesmo a redução desse capital.

À redução do capital por amortização de acções aplica-se o seguinte:

a) Se forem amortizadas acções inteiramente liberadas, postas à disposição da sociedade, a


título gratuito.

b) Se para a amortização de acções inteiramente liberadas, forem unicamente utilizados fundos


que possam ser distribuídos aos accionistas.

83
Neste último caso, deve ser criada uma reserva sujeita ao regime da reserva legal, de montante
equivalente à soma do valor nominal das acções amortizadas.

Contabilização

A- Amortização de acções sem redução de capital

A operação poder-se-á contabilizar tal como a amortização de quotas, embora aqui esteja em jogo a
subconta Amortização com Fruição, da conta Capital:

Extinção das acções de capital

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado

a 51. Capital

51.4 Amortizado com fruição

Transferência daquela p/ esta conta

Pelo valor reembolsado

55. Reservas

55.4 Reservas Livres

a 45. Credores Sócios Accionistas ou Proprietários

45.7 Capital a Reembolsar

Valor a reembolsar aos accionistas pela

amortização das suas acções

Note-se que a amortização de acções também pode ser encarada como uma dupla operação: primeiro a
redução do capital e depois a sua reconstituição por intermédio de reservas livres.

84
B - Amortização de acções com redução de capital

Teremos, por exemplo:

51. Capital

51.3 Capital Subscrito – Chamado e Realizado

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou Proprietários

45.7 Capital a reembolsar

Amortização de acções com redução de capial

85
3. Aplicação de Resultados

3.1 Aplicação do Lucro do Ano Anterior

O lucro apresenta a fracção do rendimento bruto que a sociedade poderá distribuir sem se empobrecer,
isto é, sem desfalcar o próprio capital.

Nas empresas colectivas, a aplicação dos resulados efectua-se de harmonia com o estabelecido na lei e
nos estatutos e com as debiberações tomadas pelos sócios. Os lançamentos respectivos fazem-se
geralmente em data posterior à do fecho do exercício. De qualquer modo, só podem fazer-se depois de
aprovadas as contas de gerência, ainda que o contrato de sociedade estabeleça a forma de aplicação.

Por lucros, deve-se entender os lucros líquidos comprovados pelo balanço. Esses lucros, são em geral,
divididos pelos sócios proporcionalmente às suas quotas-partes do capital social, depois de deduzidas as
importâncias destinadas à formação ou reintegração de reservas, gratificações especiais, participação do
pessoal, etc. , para além da hipótese de se adiar para o exercício seguinte a aplicação de determinada
parcela do resultado.

A parte do lucro a distribuir pelos sócios chama-se Dividendo .

Não podem distribuir-se como dividendos ou a qualquer título importâncias de cuja entrega aos sócios
resulte desfalcamento do capital social (ou diminuição de reservas obrigatórias abaixo do mínimo fixado
pela lei e pelo pacto social). Os lucros distribuídos têm de ser reais. A distribuição de lucros fictícios
atenta conta o princípio da integridade do capital. É contrária aos interesses da sociedade e dos
credores da mesma.

No fim de cada período administrativo e depois de apurados os lucros do exercício, há então dois
problemas a resolver:

 Determinação dos lucros distribuíveis, ou seja, da parte dos lucros que, de harmonia com a lei e
os estatutos, pode ser entregue aos sócios;

 Fixação do dividendo, isto é, da parte dos lucros distribuíveis que, atendendo aos direitos dos
accionistas e às conveniências da própria sociedade, se deve, de facto, distribuir.

Tendo em atenção, não só o limite da distribuição de bens aos sócios, mas também os lucros e reservas
não distribuíveis, o resultado líquido de cada exercício deve ser transferido para a conta 59. Resultados
acumulados no princípio do exercício seguinte, tal como já sabemos:

86
88. Resultado Líquido do Exercício 59. Resultados Acumulados

a 59. Resultados Acumulados a 88. Resultado Líquido do Exercício

Transfer. do lucro do exercício anterior Transf. do Prejuízo do exercício anterior

Após esta transferência, a conta 88. Resultado Líquido do Exercício, fica saldada e pronta para receber
os saldos finais das contas 8.X, com vista ao apuramento do resultado líquido do novo exercício.

Posteriormente, pela aplicação ou cobertura do prejuízo, a conta 59. Resultados Acumulados será
debitada ou creditada, conforme o caso, por contrapartida das contas correspondentes aos respectivos
destinos.

Sempre que se creditarem contas de terceiros, estas serão posteriormente debitadas, no momento da
entrega das respectivas importâncias, por contrapartida de uma conta de disponibilidades.

Pela constituição ou reforço de reservas, terão de ser creditadas as correspondentes contas.

Para atribuição de gratificações aos membros dos órgãos sociais e sua participação nos lucros, teremos
de considerar as seguintes hipóteses:

a) Os membros são accionistas ou sócios da b) Os membros não são accionistas ou sócios


empresa
59. Resultados Acumulados
59. Resultados Acumulados
a 46. Outros Credores
a 45. Credores Sócios, accion. Ou Propriet.
46.2 Pessoal
45.3 Resultados atribuídos
46.2.8 Outras oper. com órgão Sociais
Pela atribuição de gratificações aos
Pela atribuição de gratificações aos
membos dos órgãos sociais
membos dos órgãos sociais

Convém salientar que as gratificações aos membros dos órgãos sociais não accionistas ou sócios e a sua
participação nos lucros são considerados fiscalmente como rendimentos de trabalho dependente, e,
como tal, ficam sujeitos aos IRPS, cobrado por retenção na fonte, pelo que a sociedade deverá
descontar naqueles rendimentos a importância do respectivo imposto, determinado pela respectiva
tabela mensal.

Teremos portanto:

87
46. Outros Credores

46.2 Pessoal

46.2.8 Outras Operações com Órgão Sociais

a 44. Credor Estado

44.2 Imposto sobre o rendimento – Retenção na fonte

44.2.1 Rendimentos de Primeira categoria

Retenção na fonte do IRPS referente as gratificações

e participações nos lucros dos órgãos sociais

Os lucros divididos pelos accionistas ou sócios, consoante não sejam ou sejam postos imediatamente à
sua disposição, serão creditados na conta 45.3 Resultados atribuídos e no momento em que forem
colocados à disposição dos detentores do capital, serão transferidos para a conta 45.4 Lucros
Disponíveis. No momento em que os lucros forem pagos aos detentores de capital a conta 45.4 Lucros
Disponíveis será debitada por contrapartida de uma conta de Disponibilidade.

Nas sociedades, pode o pacto social ou a assembleia geral autorizar que os sócios façam levantamentos
por conta de lucros, eventualmente até determinado montante.

Os adiantamentos por conta de lucros devem ser debitados na conta 15.2 Adiantamentos por conta de
Lucros, por contrapartida de uma conta de disponibilidades.

Posteriormente após aplicação dos lucros, aquela será creditada por contrapartida da conta 45.3
Resultados Atribuídos ou eventualmente pela conta 45.4 Lucros Dispoíveis.

Nas sociedades por acções, quando se prevêm lucros mais ou menos avultados, a respectiva
administração pode deliberar, caso os estatutos expressamente o permitem, a atribuição de dividendos
aos accionistas, antes do apuramento final dos resultados, isto é, no decurso do próprio exercício, ou já
no exercício seguinte, mas antes de aprovadas as contas.

A sua contabilização passa pela conta 89. Dividendos antecipados, que é debitada por crédito da conta
45.3 Resultados atribuídos pelos dividendos atribuídos no decurso do exercício, por conta de resultado
desse exercício.

No final do exercício, havendo o balanço de apresentar os resultados apurados no exercício, como parte
destes já foi aplicado, será necessário deduzir no Capital Próprio os dividendos antecipados, para se
obter a indispensável igualdade dos dois membros do balanço.

88
Exemplo:

Balanço

Activo 18.000 Capital próprio

51. Capital 5.000

88. Result. Liquido do Exercício 600

89. Dividendos Antecipados (200)

_____ Passivo 12.600

18.000 18.000

No início do exercício seguinte, o saldo da conta 89. Dividendos antecipados deverá ser transferido para
a conta de Resultados Acumulados, tal como o saldo da conta de Resultados Liquidos do Exercício.

3.2 Resultados Transitados

Como já sabemos, a conta 59. Resultados Acumulados é utilizada para registar os Resultados líquidos e
os Dividendoa antecipados, provenientes do exercício anterior.

Será movimentada subsequentemente de acordo com a aplicação de lucros ou a cobertura de prejuízos


que for deliberada.

Convém salientar que, por vezes, a sociedade resolve adiar para exercícios seguintes a aplicação da
totalidade ou parte dos resultados do exercício. Tal poderá acontecer, por exemplo:

 Quando o lucro é tão reduzido que não valha a pena distribuí-lo;

 Nas sociedades anónimas, quando os dividendos, por corresponderem a determinada


percentagem do capital social, são inferiores ao lucro disponível.

Como é evidente, os resultados não aplicados permanecem na conta 59. Resultados Acumulados, aos
quais se irão juntar os resultados obtidos no exercício seguinte, após a sua transferência da conta 88.
Resultados líquidos do Exercício.

Quando tal acontece, convém salientar que as percentagens legais e estatutárias relacionadas com os
resultados incidem apenas nos lucros do próprio exercício, pois seria redundante aplicá-las também aos
resultados transitados de exercícios anteriores.

89
Exemplo:

Em certa sociedade anónima, no final do exercício, depois de apurados os resultados, as contas


Resultado líquido do exercício e Resultados acumulados apresentam saldos credores, respectivamente,
de 2.208.220 Mt e 213.173 Mt.

Os estatutos prescrevem:

 Dos lucros ilíquidos serão pela ordem indicada:

1º - 5% para reserva legal ou sua reintegração;

2º - A importãncia necessária para atribuir às acções provilegiadas um dividendo até 8%;

3º - A importância necessária para atribuir às acções ordinárias um dividendo não superior a 5%;

4º - 10% para o Conselho de administração;

5º - O restante, quando o haja, terá a aplicação que a Assembleia geral resolver.

 O capital é de 10.000.000 Mt, representado por 5.000 acções privilegiadas e 5.000 acções
ordinárias de 1.000 Mt cada. A distribuição proposta pelo Conselho de Administração e
aprovada pelo Conselho Fiscal e pela Assembleia geral foi a seguinte:

Proposta de Aplicação dos Resultados

Sendo os lucros de 2.208.220 Mt e havendo que juntar a esta importância o saldo de 213.173
Mt do exercício anterior, para a respectiva soma de 2.241.393 Mt propomos, de harmonia com
o art. Xx dos estatutos, a seguinte aplicação:

Resultado Líquido ............................................................ 2.208.220 Mt

Reserva legal – 5% de 2.208.220 Mt ............................... 110.411 Mt

1º Dividendo

8% às acções privilegiadas .............. 400.000 Mt

5% às acções ordinárias .................. 250.000 650.000 Mt

Conselho de Adminstração – 10% de 2.208.220 Mt ....... 220.822 981.233 Mt

Diferença ........................................................... 1.226.987 Mt

Resultados transitados de anos anteriores ........ 213.173 Mt

Saldo Disponível ............................................... 1.440.160 Mt

Reservas Livres – 50% de 1.440.160 Mt .......................... 720.080 Mt

90
2º Dividendo – 6% a todas as acções ............................. 600.000 1.320.080 Mt

Saldo para o ano Seguinte ................................... 120.080 Mt

Assim em 2 de Janeiro ter-se-ia feito:

88. Resultado Líquido do Exercício 2.208.230

a 59. Resultados Acumulados 2.208.230

Transferência di lucro do exercício anterior

Depois, aprovada que fosse aquela proposta, far-se-ia o seguinte lançamento:

59. Resultados Acumulados 2.301.323

a 55. Reservas

55.2 Reservas Legais 110.411

55.4 Reservas Livres 720.000

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou proprietários

45.3 Resultado atribuídos

45.3.1 Dividendos preferenciais 400.000

45.3.2 Dividendoa Ordinários 250.000

45.3.3 Superdividendos 600.000

45.3.4 Gratificações 220.822

Aplicação do lucro do ano anterior e de parte dos

Resultadostransitados de exercícios anteriores

Após este lançamento, a conta 59. Resultados Acumulados apresenta um saldo credor de 120.080 Mt,
como compete.

3.3 Cobertura de prejuízos

Havendo prejuízos, o Conselho de administração poderá propor a sua cobertura por reservas existentes,
caso estas igualem ou excedam aqueles.

91
Então, depois de os prejuízos, no início do ano seguinte, terem sido transferidos para a conta 59.
Resultados Acumulados, esta conta, após aprovação das contas anuais e da proposta de cobertura de
prejuízos, será creditada por contrapartida das contas de reservas aplicadas.

Por exemplo:

55. Reservas

55.2 Reservas Legais

55.3 Reservas estatutárias

55.4 Reservas Livres

a 59. Resultados Acumulados

Cobertura de prejuízos

Quando não existem reservas ou elas são insuficientes para cobrir a totalidade dos prejuízos, devemos
considerar duas hipóteses:

1º - Aguardar que esses prejuízos sejam compensados por lucros futuros, sendo esta a única
solução nas sociedades anónimas

2º - Nas outras sociedades, debitar as contas de resultados dos sócios pelos prejuízos não
cobertos por reservas, sendo esta a solução mais fácil, mas nem sempre a mais conveniente,
quando a divisão dos prejuízos se não faça na mesma proporção que a dos lucros.

Relativamente a esta última hipótese, convém salientar que as contas dos sócios só podem ser
debitadas com o seu acordo, pois não são obrigados a quinhoar nas perdas antes da liquidação da
sociedade.

“Na realidade, os sócios comparticipam tanto nos lucros como nas perdas, embora tal comparticipação
seja diferida: a dos lucros, verifica-se na data da assembleia geral que aprove a distribuição; a das
perdas, verifica-se apenas no momento da liquidação e partilha da sociedade, pois não existe disposição
legal que a mande fazer antes” (Abílio Neto).

Exemplo:

A sociedade em nome individual Silva & Costa perdeu 280.000 Mt no exercício que acaba de findar. A
sociedade tem um capital de 800.000 Mt, sendo a parte de Silva de 600.000 Mt e a de costa de 200.000
Mt. os prejuízos são suportados pelos sócios na proporção das suas entradas.

Teremos:

Silva ............. 280.000 x ¾ = 210.000

Costa ............ 280.000 x ¼ = 70.000

92
Então, após a transferência, o princípio do ano, do prejuízo para a conta 59. Resultados Acumulados,
teremos, aprovada que seja a sua cobertura:

15. Devedores Sócios, Accionistas ou prorpietários

15.3 Resultados Atribuídos 280

a 59. Resultados Acumulados 280

Partilha dos prejuízos pelos sócios

3.4 Aplicação de resultados nas cooperativas

Os excedentes anuais líquidos, com excepção dos provenientes de operações realizadas com terceiros,
que restarem depois das reversões para as diversas reservas (legais, estatutárias e facultativas), poderão
retornar aos cooperadores, proporcionalmente às operações económicas realizadas por estes com a
cooperativa ou ao trabalho e serviços por estes prestados, podendo deduzir-se uma verba, não superior
a 30%, destinada a remunerar os títulos de capital.

Assim poderão considerar-se nas cooperativas, as seguintes divisões da conta Resultados atribuídos:

Remuneração ao Capital cooperativo

Retornos aos cooperadores

Note-se entretanto que não se poderá proceder à distribuição de excedentes pelos cooperadores antes
de se terem compensado as perdas de exercícios anteriores ou, se se tiver utilizado a reserva legal, para
compensar essas perdas, antes de se ter reconstituído reserva ao nível anterior ao da sua utilização.

Exemplo:

Em determinada cooperativa, a conta de resultados líquido do Exercício apresenta um saldo credor de


475.000 Mt determinando os respectivos estatutos a seguinte aplicação:

a) 10% para a reserva legal

b) 10% para a reserva para educação e formação cooperativa

c) 20% para a reserva para investimentos

d) 60% para remuneração dos títutos de capital em ¾ e retorno aos cooperadores


proporcionalmente às suas transacções com a cooperativa ¼ .

93
Depois da transferência do lucro, no princípiod o exercício seguinte, para a conta 59. Resultados
acumulados, teremos, aprovada que seja a sua aplicação:

59. Resultados Acumulados 475.000

a 55. Reservas

55.2 Reservas Legais 47.500

55.2 Reservas para Educação e Fomento Coop, 47.500

55.3 Reservas estatutárias 95.000

a 45. Credores Sócios, Accionistas ou Propriet.

45.3 Resultados Atribuídos

Remuneração ao Capital Cooperativo 71.250

Retorno aos Cooperadores 213.750

Aplicação dos excedentes líquidos do ano anterior

94
Resultado de Realizar as operações contabilísticas inerentes operações de
Aprendizagem 3: transformação das sociedades

Critérios de Desempenho: a) Identifica as diferentes transformações das sociedades


previstas na lei;

b) Identifica os procedimentos legais e contabilísticos de


transformação das sociedades;

c) Regista contabilisticamente a transformação das


sociedades de acordo com os procedimentos e normas
legais

Âmbito de Aplicação:

Contexto: Aplicável no contexto do registo das transformações de capital:


Dissolução, Liquidação; fusão e Aquisições

Meios: Plano geral de Contabilidade, código da sociedade comercial,


Normas e procedimentos internos; actas; registo de alteração do
pacto social

Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando consegue


identificar a forma de registo contabilístico de acordo com os CD
(a) e (b) e prática segundo o CD (c).

Temas
4 Transformação de Sociedades 4.2.3 Conceito e modalidades
4.1 Dissolução e Liquidação de Cisão
4.1.1 Dissolução 4.2.4 Contabilização
4.1.2 Liquidação e Partilha 4.3 Transformação de Sociedades
4.1.3 Contabilização 4.3.1 Conceito, modalidades e
4.2 Fusão e Cisão requisitos
4.2.1 Conceito e Modalidades 4.3.2 Contabilização
de Fusão
4.2.2 Contabilização

95
4. Transformação de sociedades

4.1 Dissolução e Liquidação

4.1.1 Dissolução

As sociedades nascem, vivem e morrem. Designa-se por Dissolução, a morte, extinção ou


desaparecimento da sociedade. Essa morte nunca é repentina, pois a sociedade dissolvida continua a
ter ainda existência jurídica, embora apenas para liquidação do seu património e partilha do
remanescente pelos sócios.

Nos termos do artigo 141º do Código das Sociedades Comerciais, para além dos casos previstos no
contrato, as causas gerais de dissolução imediata são:

a) pelo decurso do prazo fixado no contrato


b) por deliberação dos sócios
c) pela realização completa do objecto contratual
d) pela ilicitude superveniente do objecto contratual
e) pela declaração de falência da sociedade

Além disso, pode ser requerida a dissolução judicial da sociedade, com fundamento em facto previsto na
lei ou no contrato, e ainda:

a) Quando, por período superior a um ano, o número de sócios for inferior ao mínimo exigido
por lei, excepto se um dos sócios for o Estado ou entidade a ele equiparado por lei para esse
efeito;
b) Quando a actividade que constitui o objecto contratual se torne de facto impossível;
c) Quando a sociedade não tenha exercido qualquer actividade durante cinco anos
consecutivos;
d) Quando a sociedade exerça de facto uma actividade não compreendida no objecto social.

4.1.2 Liquidação e Partilha

Por Liquidação deve entender-se o conjunto de operações a que é necessário proceder para pôr o
património social em condições de ser facilmente partilhado pelos sócios.

96
Primeiro realiza-se o Activo e satisfaz-se o Passivo, depois reparte-se o remanescente ( se o houver)
pelos associados, em conformidade com as disposições estatutárias e as resoluções tomadas em
reunião ou assembleia geral.

Quando o produto da venda dos bens e da cobrança das dívidas deduzido das despesas de liquidação
não for suficiente para pagar integralmente todo o Passivo, paga-se primeiramente os credores
preferenciais e rateia-se o restante pelos credores comuns.

As liquidações extra-judiciais ou judiciais são feitas por um ou mais liquidatários.

Os liquidatários são por vezes sócios da sociedade e outras vezes, pessoas estranhas à mesma
(liquidatário escolhida pelos credores, administrador da massa falida).

A sociedade em liquidação mantém a sua personalidade jurídica e em geral, continua a ser-lhe aplicável,
com as necessárias adaptações, as disposições que regem as sociedades não dissolvidas, devendo a
respectiva firma social ser acompanhada sempre da expressão «Sociedade em Liquidação» ou «Em
Liquidação».

Os liquidatários devem:

a) Ultimar os negócios pendentes;

b) Cumprir as obrigações da sociedade;

c) Cobrar os créditos da sociedade;

d) Pagar todas as dívidas da sociedade, para as quais seja suficiente o activo social;

e) Reduzir a dinheiro o património residual;

f) Propôr a partilha dos haveres sociais;

g) Prestar, nos três primeiros meses de cada ano civil, contas anuais da liquidação,
acompanhadas por um relatório pormenorizado do estado da mesma, elementos estes que devem ser
submetidos à apreciação e aprovação dos sócios.

4.1.3 Contabilização

Antes de começar a liquidação, é preciso regularizar as contas e elaborar um balanço que poderá ser,
um vulgar Balanço de Gestão ou um Balanço de Liquidação propriamente dito.

97
Para a contabilização dos gastos feitos durante a liquidação e os lucros ou prejuízos apurados, são
possíveis várias soluções, das quais destacamos as duas seguintes:

a) Movimentar uma única conta de resultados, com o título “Resultados de


Liquidação”.
b) Movimentar as contas de custos e proveitos por natureza, normais e extraordinários,
tal como habitualmente, mas, depois de apurados os resultados correntes, criar uma
subconta específica para os resultados da liquidação.

Na prática, esta solução revela-se mais cómoda, não havendo confusão entre os resultados do exercício
e os resultados de liquidação, visto que esta só começa após o apuramento daqueles e o fecho de todas
as contas.

Terminada e contabilizadas as operações de liquidação, elabora-se o Balanço de Partilha no qual apenas


subsistem as contas relativas aos bens e valores a partilhar pelos sócios (apenas disponibilidades, em
regra), e as contas da Situação Líquida.

Balanço de Partilha

Activo Sit. Liquida

11. Caixa 51. Capital

12. Bancos 55. Reservas

17. Tit. Negociáveis 59. Result. Acumulados

Result. Exercício (a)

Result. Liquidação

(a) Resultado apurado até ao começo da Liquidação.

Para encerrar estas contas bastará:

- Transferir para as contas – Liquidação dos Sócios as respectivas quotas partes dos
saldos que apresentam as contas de Capital, Reservas, Resultados do exercício e
Resultados de Liquidação.
- Creditar por contrapartida dessas contas de liquidação as disponibilidades a
partilhar pelos sócios.

98
Exemplo:

Balanço da Sociedade Alfa, Lda. em 31/12/N

Activo Passivo + Sit. Liquida

11. Caixa 100.000 41. Fornecedores 30.000

22. Mercadorias 500.000 46. Outros Credores 170.000

32. Imobiliz. Corpóreas 60.000 51. Capital

59. Perdas 40.000 Sócio A 400.000

Sócio B 100.000 500.000

700.000 700.000

A Sociedade Alfa, Lda. vem desde há cinco anos atrás, atravessando grandes dificuldades financeiras e
face a esta situação, os sócios decidiram liquidar a sociedade e fazer a partilha do produto final entre eles
mediante as seguintes operações:
a) As mercadorias foram vendidas a pronto pagamento por 600.000;
b) As Imobilizações corpóreas foram vendidas a pronto pagamento por 50.000;
c) As dívidas foram pagas em dinheiro, sendo os Credores em 165.000 e os Fornecedores em
25.000.

Maputo, 31 de Dezembro de N

a) 11. Caixa 600.000

a 22. Mercadorias 500.000

a 87. Resultados de Liquidação 100.000

pela Venda das mercadorias

------------------ , , ---------------------

b) 11. Caixa 50.000

87. Resultados de Liquidação 10.000

a 32. Imobilizações Corpóreas 60.000

pela venda dos equipamentos

------------------ , , -----------------------

99
41. Fornecedores 30.000

46. Outros Credores 170.000

a 11. Caixa 190.000

a 87. Resultados de Liquidação 10.000

pela amortização das dívidas

-------------------- , , ----------------------

11.Caixa 22.Mercadorias 32. Imobiliz. Corpór.

100.000 190.000 500.000 500.000 60.000 60.000

600.000

50.000

41.Fornecedores 46. Outros Credores 87. Result. Liquidação

30.000 30.000 170.000 170.000 10.000 100.000

10.000

51. Capital 59. Perdas

500.000 40.000

100
Balanço de Partilha

Activo Sit. Líquida

11. Caixa 560.000 51. Capital

59. Perdas 40.000 Sócio A 400.000

Sócio B 100.000 500.000

87. Resul. Liquidação 100.000

600.000 600.000

Maputo, 31 de Dezembro de N

45. Credores Sócios, Accionistas ou prop.

Sócio A c/ Liquidação 32.000

Sócio B c/ Liquidação 8.000

a 59. Perdas 40.000

Pela transferência das Perdas

----------------------- , , ------------------

51. Capital

Sócio A 400.000

Sócio B 100.000

a 45. Credores Sócios, Accion. ou Propriet.

Sócio A c/ Liquidação 400.000

Sócio B c/ Liquidação 100.000

Pela transferências do capital

---------------------- , , ------------------

87 Resultados de Liquidação 100.000

a 45. Credores Sócios, Accion. ou propriet.

Sócio A c/ Liquidação 80.000

101
Sócio B c/ Liquidação 20.000

Pela transf. Resultados de Liquid.

--------------------- , , --------------------

45. Credores Sócios, Accion. Ou Propriet.

Sócio A c/ Liquidaçao 448.000

Sócio B c/ Liquidação 112.000

a 11. Caixa 560.000

Pela entrega disponibilidades

-------------------- --------------------------

4.2 Fusão e Cisão

4.2.1 Conceito e Modalidades de Fusão

Fusão é a operação, o contrato pelo qual duas ou mais sociedades se reúnem para dar lugar a uma única
sociedade mais poderosa.
Se todas as sociedades fundidas se dissolvem gerando uma nova sociedade distinta de qualquer das pré-
existentes, trata-se de uma Fusão propriamente dita. Se pelo contrário, uma delas absorve as demais e
fica subsistindo com a mesma forma jurídica, a mesma firma, etc., trata-se de uma Absorção ou
Incorporação.

No aspecto económico as sociedades fundidas podem exercer a mesma actividade industrial


(concentração simples), explorar ramos afins ou dependentes (combinação) ou terem objectos díspares
(agregação), pelo que são variados os motivos determinantes da fusão, tais como:

a) Evitar a concorrência;
b) Redimensionar a empresa;
c) Reformar a estrutura financeira e ou patrimonial
d) Obter melhor posição no mercado.

102
4.2.2 Contabilização

Convém salientar que a extinção, simultânea e consequente transmissão dos direitos e obrigações das
sociedades incorporadas ou fundidas, se opera sem dissolução e sem liquidação, constituindo mais
propriamente uma simples cessação de existência autónoma que aproxima a Fusão da Transformação,
afastando-a da Dissolução. Extinção sim, mas aqui implicitamente associada a uma ideia de
substituição, de renovação.

Caso de Fusão

a) Organizar os Balanços das Sociedades fundidas;


b) As Sociedades fundidas entregam os valores Activos e Passivos à nova Sociedade.

Sociedade ( Nova )

a Diversos

Pela entrega diversos valores Activos 100.000

--------------------- , , ----------------------

Diversos

a Sociedade ( Nova )

Pela entrega diversos valores Passivos 30.000

-------------------- , , -------------------------

Acções da Sociedade (nova) a Partilhar

a Sociedade (Nova)

Pela entrega de n acções de .... 70.000

-------------------- , , ------------------------

c) Em cada sociedade fundida fica-se com o Balanço de Partilha com contas da Situação
Líquida e Acções a Partilhar. Deve-se então encerrar estas contas tal como se fosse uma
liquidação.

d) Na nova Sociedade fazem-se simplesmente lançamentos de abertura. Se há emissão de


acções ou obrigações, há que destacar a emissão, subscrição e realização, em que a
realização do capital é feita pelos valores do Balanço das sociedades fundidas.

103
Maputo, ---- de Dezembro de N

16. Outros Devedores

16.2 Subsc. Capital - Sociedade A 1.500.000

16.2 Subsc. Capital - Sociedade B 500.000

a 51. Capital 2.000.000

Subscrição de 4.000 acções @ 500

--------------------- , , --------------------

32. Imobiliz. Corpóreas 380.000

33. Imobiliz. Incorpóreas 20.000

22. Mercadorias 600.000

16. Outros Devedores 250.000

11. Caixa 50.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscr. Capital - Sociedade A 1.300.000

Valores activos entregues

-------------------- , , --------------------------

16. Outros Devedores

16.2 Subscrit. Capital - Sociedade A 70.000

a 46. Outros Credores

Dívidas que ficam a n/ cargo 70.000

------------------- , , --------------------------

33. Imobilizações Incorpóreas

Trespasse 270.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subscrit. Capital – Sociedade A 270.000

Valor atribuído ao trespasse

104
-------------------- , , --------------------------

32. Imobiliz. Corpóreas 10.000

22. Mercadorias 250.000

17. Títulos Negociáveis 100.000

16. Outros devedores 140.000

12. Bancos 100.000

a 16. Outros Devedores

16.2 Subsc. Capital - Sociedade B 450.000

a 41. Fornecedores 110.000

a 46. Outros Credores 40.000

Valores entregues

--------------------- , , ------------------------

11. Caixa 50.000

a 16. outros Devedores

16.2 Subscr. Capital – Sociedade B 50.000

S/ entrega p/ liquidação do saldo

-------------------- , , --------------------------

Caso de Absorção

O processo é idêntico ao caso da fusão propriamente dita com a diferença de que a sociedade
absorvente não faz a entrega dos valores activos e passivos limitando-se a receber os valores absorvidos
e a entregar em contrapartida as acções que tiver em carteira.

105
Passivo

Outros Credores ................. 1.350.000

Créditos bancários .............. 650.000

Credores Hipotecários ........ 1.336.213

Anuidades a pagar .............. 271.736

3.607.947

Juros de mora ..................... 7.051

Provisão p/ Dev. Duvidosos 45.000 3.660.000

Activo c/ excepção dos Meios Imobilizados

Mercadorias ....................... 789.500

Outros Devedores ............. 450.000

Caixa ................................ 60.500 1.300.000

2.360.000

Valor das Acções recebidas 1.250.000

Valor dos Meios Imobilizados . 3.610.000

32. Imobilizaç. Corpóreas 3.610.000

22. Mercadorias 789.500

16. Outros devedores 450.000

11. Caixa 60.500

a 46. Outros Credores

46.2 Subscr. Capital - Sociedade Beta 4.910.000

Incorporação do Activo

-------------------- , , --------------------------

46. Outros Credores

46.2 Subscr. Capital - Sociedade Beta 3.660.000

106
a 46. Outros Credores 1.350.000

a 42. Empréstimos Obtidos 650.000

a 46. Credores Hipotecários 1.336.213

a 49. Anuidades a Pagar 271.736

a 49. Juros de Mora ( Antecip. passivas) 7.051.000

a 18. Provisão p/ Dev. Duvidosos 45.000

Incorporação do Passivo

--------------------- , , ------------------------

46. Outros Credores

46.2 Subsc. Capital - Sociedade Beta 1.250.000

a 17. Títulos Negociáveis

17.1 Acções de c/ Própria 1.250.000

Entrega de 1000 acções

--------------------- , , -------------------------

Diário da Sociedade Beta

16. Outros Devedores

Sociedade Alfa 6.000.000

a 32. Imobilizaç. Corpóreas 4.700.000

a 22. Mercadorias 789.500

a 16. Outros devedores 450.000

a 11. Caixa 60.500

Transferência p/ Soc. Alfa

--------------------- , , -------------------------

46. Outros Credores 1.350.000

107
42. Empréstimos Obtidos 650.000

46. Credores Hipotecários 1.336.213

49. Anuidades a Pagar 271.736

a 16. Outros Devedores

Sociedade Alfa 3.607.949

Transferência p/ Soc. Alfa

------------------------ , , ---------------------

17. Títulos negociáveis

Acções a partilhar 1.250.000

a 16. Outros Devedores

Sociedade Alfa 1.250.000

S/ entrega de 10.000 acções

----------------------- , , ------------------------

87. Resultados de Liquidação 1.142.051

a 16. Outros Devedores

Sociedade Alfa 1.142.051

Saldo desta conta

---------------------- , , -----------------------

51. Capital 1.500.000

55. Reservas 1.392.051

a 59. Lucros ou Prejuízos 1.750.000

a 87. Resultados de Liquidação 1.142.051

Transferência p/ cobertura de perdas

----------------------- , , ----------------------

51. Capital 3.500.000

a 16. Outros Devedores 3.500.000

Imputação do capital actual

108
---------------------- , , ------------------------

16. Outros Devedores 1.250.000

a 17. Títulos Negociáveis 1.250.000

Acções a partilhar

Entrega das acções da Soc. Alfa em


troca de 5000 acções desta Sociedade

---------------------- , , -----------------------

4.2.3 Conceito e modalidades de Cisão

Por cisão entende-se o processo pelo qual uma sociedade transforma-se em duas ou mais sociedades.
Podem distinguir-se as seguintes modalidades:

 Cisão Simples – Uma sociedade destaca parte do seu património para com ele constituir outra
sociedade

 Cisão Dissolução – Uma sociedade dissolve-se e divide o seu património sendo cada uma das
partes resultantes destinada a constituir uma nova sociedade

 Cisão Fusão – Uma sociedade destaca partes do seu património ou dissolve-se dividindo o seu
património em duas ou mais partes para os fundir com sociedades já existentes ou com partes
de património de outras sociedades separadas por idênticos processos e com igual finalidades.

4.2.4 Contabilização

A transferência dos valores da sociedade cindida, implica a redução do seu capital na cisão parcial e a
extinsão da sociedade na cisão total.

109
Maputo, ....

51. Capital 10.000.000

41. Fornecedores 12.000.000

42. Empréstimos Obtidos 15.000.000

a 12. Bancos 1.000.000

a 13. Clientes 6.000.000

a 26. Matérias primas 3.000.000

a 23. Produtos Acabados 5.000.000

a 32. Imobiliz. Corpóreas 22.000.000

Valores transitados para a nova


Sociedade Delta

----------------------- , , -----------------------

Na sociedade Delta

Maputo, ....

12. Bancos 1.000.000

13. Clientes 6.000.000

26. Matérias primas 3.000.000

23. Produtos Acabados 5.000.000

32. Imobilizações Corpóreas 22.000.000

a 41. Fornecedores 12.000.000

a 42. Empréstimos Obtidos 15.000.000

a 51. Capital 10.000.000

Abertura de escrita da Sociedade


Delta, constituída por Cisão da Sociedade
Omega

----------------------- , , -----------------------

110
4.3 Transformação

4.3.1 Conceito, modalidades e requisitos

A Transformação é a modificação da forma jurídica da empresa. As sociedades mudam, por vezes, de


forma jurídica devido a:

- Decisão da Assembleia Geral;

- Decisão dos credores, quando a falência tenha sido declarada judicialmente.

Como exemplos mais frequentes de transformação de empresas, que se verificam na prática, podem ser
indicados os seguintes:

- Transformação da empresa singular em sociedade por quotas (caso de um comerciante em


nome individual admitir um sócio e formar uma sociedade);

- Mudança de uma sociedade em nome colectivo para uma sociedade por quotas;

- Transformação de uma sociedade por quotas em sociedade anónima, ou vice-versa.

A transformação de qualquer empresa só se pode realizar, depois de cumpridas as formalidades para a


constituição da nova sociedade. Por esse motivo, é preciso fazer escritura pública, que tem de ser
registada e publicada.

Uma sociedade não pode transformar:

a) Se o capital não estiver integralmente liberado ou se não estiverem totalmente realizadas as


entradas convencionadas no contrato;

b) Se o balanço da sociedade a transformar mostrar que o valor do seu património é inferior a


soma do capital e reserva legal;

c) Se a ela se opuserem sócios titulares de direitos especiais que não possam ser mantidos
depois da transformação;

111
d) Se, tratando-se de uma sociedade anónima, esta tiver emitido obrigações convertíveis em
acções ainda não totalmente reembolsadas ou convertidas.

4.3.2 Contabilização

Sob o ponto de vista contabilístico, a transformação da sociedade abrange dois factos:

a) Encerramento da escrita da empresa primitiva ( que termina); e


b) Abertura da escrita da nova empresa ( que começa ).

Encerramento da escrita da empresa primitiva

Operações:

1. Distribuição da Situação Líquida pelos sócios;


2. Transferência dos valores activos;
3. Transferência dos valores passivos;
4. Atribuição aos sócios das quotas partes do capital da nova empresa.

Abertura da escrita da nova empresa

Operações:

1. Constituição da sociedade com a descriminação dos sócios da sociedade primitiva;


2. Recebimento dos valores activos da empresa primitiva
3. Transferência dos valores passivos da empresa primitiva

Exemplo:

Suponhamos que a sociedade por quotas Alves & Silva, Lda. cujo Balanço ( em contos) na data da
transformação, é o seguinte:

112
Balanço de Alves & Silva, Lda. em .....

Activo Passivo

11. Caixa 30.000 41. Fornecedores 10.000

12. Bancos 20.000 46. Outros Credores 25.000

22. Mercadorias 190.000 51. Capital

32. Imobiliz. Corpóreas 15.000 João Alves 120.000

José Silva 80.000 200.000

235.000 235.000

decidiu transformar-se na Sociedade Comercial do Sul, SARL., com o capital de 500.000 contos, dividido
em 500 acções de 1.000 contos cada, tendo sido transferidos para a nova sociedade todos os valores
activos e passivos.

Aos sócios Alves e Silva foram entregues 200 acções da nova sociedade.

Como, na sociedade primitiva, a Situação Líquida é apenas constituída pelo Capital, pois o restante já foi
entregue aos sócios, não é necessário fazer o lançamento da distribuição.

Lançamentos na Empresa Alves

Maputo, ....

16. Outros devedores

Sociedade Comercial do Sul, SARL 235.000

a 11. Caixa 10.000

a 12. Bancos 20.000

a 22. Mercadorias 190.000

a 32. Imobiliz. Corpóreas 15.000

Transferência dos valores activos

----------------------- , , -----------------------

113
41. Fornecedores 10.000

46. Outros credores 25.000

a 16. Outros Devedores 35.000

Sociedade Comercial do Sul. SARL

Transferência dos valores passivos

----------------------- , , ------------------------

17. Títulos Negociáveis

17.1 Acções 200.000

a 16. Outros devedores

Sociedade Comercial do Sul, SARL 200.000

200 acções 1.000

----------------------- , , -----------------------

51. Capital 200.000

a 45. Credores Sócios, Accion. ou Propr.

João Alves c/ Liquidação 120.000

José Silva c/ Liquidação 80.000

Atribuição das acções

----------------------- , , ------------------------

45. Credores Sócios, Accion. ou propriet.

João Alves c/ Liquidação 120.000

José Silva c/ Liquidação 80.000

a 17. Títulos Negociáveis 200.000

Entrega das acções aos sócios

---------------------- -------------------------

Lançamentos na Sociedade Comercial do Sul, Lda.

114
Maputo, ....

17. Títulos Negociáveis 500.000

a 51. Capital 500.000

Emissão de de 500 acções a 1.000

----------------------- , , -----------------------

16. Outros Devedores 200.000

a 17. Títulos Negociáveis 200.000

Subscrição de 200 acções pela empresa


Alves & Silva, Lda.

---------------------- , , -----------------------

11. Caixa
10.000
12. Bancos
20.000
22. Mercadorias
190.000
32. Imobiliz. Corpóreas
a 15.000
16. Outros Devedores
235.000
Recebimento de valores activos

---------------------- , , ------------------------

16. Outros Devedores


35.000
41. Fornecedores
a 10.000
46. Outros Credores
a 25.000
Transferência dos valores passivos

----------------------- ------------------------

115
Resultado de Elaborar a informação financeira consolidada
Aprendizagem 4:

Critérios de Desempenho: a) Identifica os principais procedimentos e normas nacionais


e internacionais inerentes à contabilização de grupos de
sociedades;

b) Identifica a informação necessária para a elaboração da


informação financeira consolidada;

c) Elabora a informação financeira consolidada.

Âmbito de Aplicação:

Contexto: Aplicável no contexto do da consolidação de contas de grupos por


aquisição de empresas

Meios: Plano geral de Contabilidade, código da sociedade comercial,


Normas e procedimentos nacionais e internacionais; meios
informáticos e software de calculo

Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando consegue


identificar a forma os procedimentos e normas para a
consolidação de contas de acordo com os CD (a) e (b) e prática
segundo o CD (c) .

Temas
5.2.5 Trabalhos e Operações de
5 Coligação de Sociedades e Consolidação de Consolidação
Contas 5.2.6 Compensação das
5.1 Coligação de Sociedades participações Financeiras,
5.1.1 Sociedades Coligadas Reconhecimento dos
5.1.2 Grupos Económicos Interesses minoritários e
5.2 Consolidação de Contas Diferenças de
5.2.1 introdução consolidação
5.2.2 Vantagens da 5.2.7 Eliminação das operações
Consolidação realizadas dentro do grupo
5.2.3 Demonstrações e dos respectivos
Financeiras Consolidadas resultados
5.2.4 Métodos e Técnicas de 5.2.8 Correcção do Imposto
Consolidação sobre o rendimento e
repartição do resultado
total

116
5. Coligação de sociedades e Consolidação de Contas

5.1 Coligação de Sociedades

5.1.1 Sociedades Coligadas

Geralmente consideram-se sociedades coligadas:

 As sociedades em relação de simples participação;


 As sociedades em relação de participações recíprocas;
 As sociedades em relação de domínio;

Sociedades em Relação de Simples Participação

Consideram-se sociedades em relação de simples participação quando uma delas detém directa ou
indirectamente e sem reciprocidade, quotas ou acções (participação de capital) da outra em montante
geralmente inferior a 50%.

Integram-se neste grupo:

 As empresas participadas (participação superior a 10% e inferior a 20%);


 As empresas associadas (participação igual ou superior a 20% e inferior a 50%);

Sociedades em Relação de Participações Reciprocas

Duas sociedades estão em relação de participações recíprocas quando qualquer delas detém, directa ou
indirectamente, quotas ou acções da outra.

A participação recíproca pode ser:

 Directa;
 Indirecta (ou circular);

117
Reciprocidade Directa

40%

A B
30%

Reciprocidade Indirecta ( circular )

A 40%

30%

B D

20%
C 10%

Sociedades em Relação de domínio

Sociedades dominantes e dependentes

Considera-se que duas sociedades estão em relação de domínio quando uma delas, dita dominante,
pode exercer sobre a outra, dita dependente, uma influência dominante, directa ou indirectamente.

Presume-se que uma sociedade é dependente doutra, se esta directa ou indirectamente:

a) Detém uma participação maioritária no capital;


b) Dispõe de mais de metade dos votos;
c) Tem a possibilidade de designar mais de metade dos membros dos órgãos de administração
ou de fiscalização.

118
As sociedades assim dominadas (sociedades afiliadas ou empresas subsidiárias) conservam a sua
individualidade jurídica, mas ficam sob a tutela administrativa da sociedade dominante (sociedade mãe
), constituindo o seu conjunto um verdadeiro grupo económico.

Sociedades de participações não consideradas em relação de domínio com as participadas

Algumas sociedades de participações não são consideradas sociedades em relação de domínio das
participadas, quer porque não as dominam efectivamente, quer porque tal domínio não se enquadra
nos seus objectivos, como é o caso das sociedades seguintes:

a) Sociedades gestoras de Participações sociais (SGPS)

Estas sociedades têm por objecto exclusivo a gestão de participações sociais de outras sociedades, como
forma indirecta de exercício das actividades económicas. No entanto, para evitar tendências
monopolísticas as SGPS só podem adquirir e deter uma pequena quota parte (até 10% no caso
Português) da empresa participada.

b) Sociedades de Investimento

Estas sociedades estudam, lançam e patrocinam novos investimentos, facultando recursos necessários a
sua realização. O seu fim é a obtenção de lucros pela colocação no mercado, em boas condições, de
títulos que dificilmente encontram na época da sua emissão, subscritores em número suficiente.

c) Sociedades de Capital de Risco (SCR)

O modelo das SCR assenta na partilha do risco do negócio com as empresas em início da actividade ou
com as que necessitam de uma injecção de capital de modo a sustentar o seu crescimento ou a entrada
em novos negócios. Estas sociedades têm por objectivo principal o apoio e promoção do investimento e
da inovação tecnológica em projectos ou empresas através de participações temporárias no respectivo
capital social, e por objectivo acessório a prestação de assistência na gestão financeira, técnica,
comercial e administrativa das sociedades em cujo capital participem.

d) Sociedades de Fomento empresarial

Estas sociedades têm por objecto apoiar a constituição ou aquisição de empresas ou de partes sociais de
pequenas e médias empresas por jovens empresários, fomentando assim o espírito empreendedor.

119
e) Consórcio e/ou Joint-Venture

O consórcio é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas, singulares ou colectivas, que exercem uma
actividade económica, se obrigam entre sí a, de uma forma concertada, realizar certa actividade ou
efectuar certa contribuição com o fim de prosseguir os objectivos seguintes:

 Realização de actos preparatórios de um determinado empreendimento ou para a


realização de uma actividade contínua;
 Execução de um determinado empreendimento;
 Fornecimento a terceiros de bens, iguais ou complementares entre sí, produzidos para cada
um dos membros do consórcio;
 Pesquisa e exploração de recursos naturais;
 Produção de bens que possam ser repartidos em espécie entre os membros do consórcio.

5.1.2 Grupos Económicos

O processo de crescimento empresarial realiza-se através do processo de desenvolvimento interno e do


processo de desenvolvimento externo.

O desenvolvimento interno é um processo de crescimento no seio da própria empresa e sob a mesma


entidade jurídica, através de:

 Crescimento natural da actual actividade ou de outras actividades em torno da mesma


entidade jurídica, sem qualquer relação com outras entidades;
 Criação de sucursais, dependências e delegações, sem qualquer autonomia jurídica.

Por outro lado, o desenvolvimento externo traduz-se num crescimento empresarial conseguido à custa
de ligações com outras entidades, por meio de:

 Estabelecimento de acordos com outras entidades;


 Criação de novas entidades jurídicas através de acordos de fusão ou de cisão;
 Tomada da participação no capital de outras empresas;
 Constituição de filiais ou de outras entidades sob as quais se mantenha poder de controlo.

Estas alternativas não são mais do que estratégias diferentes de resposta às novas oportunidades de
mercado, resultantes quer da diversificação dos produtos, quer da penetração em novos mercados,
quer da competitividade face à concorrência. Em qualquer um dos casos, estas estratégias levam ao
aparecimento de grupos económicos.

120
A constituição do grupo baseia-se na necessidade de concentração de recursos, não apenas com o intuito
de os racionalizar mas, sobretudo, para que se disponha de poder, tornando o grupo menos vulnerável,
melhorando o seu desempenho. O elemento chave do grupo é a unidade de decisão ou de direcção.

O grupo pressupõe, assim, a criação de uma relação de dependência das restantes empresas em relação a
essa unidade de decisão ou de direcção. Desta forma para a existência de um grupo devem verificar-se os
seguintes requisitos:

 Entidades juridicamente autónomas;


 Dependência dessas entidades relativamente a uma sociedade-mãe;

Percentagem de Participação e Percentagem de Controlo

A Percentagem de Participação - exprime a fracção do capital detida directa e indirectamente na


sociedade dependente. O seu valor é calculado pelo produto das percentagens de participação nas
sociedades directa e indirectamente dependentes. Na prática, traduz a quota parte do património da
sociedade detida que é pertença da sociedade detentora.

A percentagem de controlo - exprime o grau de dependência das sociedades participadas relativamente à


sociedade participante. Representa a percentagem de capital que a empresa participante consegue
controlar (por participações directas ou indirectas na empresa participada).

70%
A B

Percentagem de Participação de A em B: 70%

Percentagem de Controlo de A sobre B: 70%

A 80% B 60% C

Percentagem de Participação (indirecta) de A em C: 80% x 60% = 48%

Percentagem de Controlo de A sobre C por intermédio de B: 60%

121
B
60% 25%

A D
20%

70% C 20%

Percentagem de Participação de A em D: 49%

Directo 20%

Por intermédio de B: 60% x 25% = 15%

Por intermédio de C: 70% x 20% = 14%

Percentagem de Controlo de A sobre D: 70%

Directo 20%

Por intermédio de B: 25%

Por intermédio de C: 20%

122
5.2 Consolidação de Contas

5.2.1 Introdução

Com o surgimento dos grupos de sociedades, eixo do mundo económico actual, surge a técnica dos
documentos financeiros consolidados, cujo objectivo é fornecer uma informação económica e financeira
do grupo de sociedades.

O ponto de partida desta técnica, denominada por consolidação de contas é a eliminação das operações
realizadas no seio do grupo para apresentar unicamente as grandezas que sejam resultado de
transacções com agentes económicos do exterior.

A necessidade de consolidação das contas está intimamente ligada ao facto de que a dominação e
unidade de direcção que caracteriza os grupos económicos, determinam uma interdependência entre as
sociedades do grupo, sobretudo nas suas relações comerciais e financeiras, cujos valores, muitas vezes,
não correspondem àqueles que seriam estabelecidos numa situação de sociedades Independentes. Um
grupo de sociedades pode:

 proceder a transferência de fundos duma sociedade para outra, consoante as


necessidades do grupo;
 estabelecer preços de venda entre empresas do grupo fora, do jogo da livre concorrência,
com o objectivo de reduzir os lucros dumas e aumentar os de outras;
 Não repartir gastos comuns por todas as sociedades do grupo como competia;
 transferir bens duma sociedade para outra, por forma a demonstrar maior rendibilidade
numa e aumentar os custos noutra, através das amortizações;
 empregar trabalhadores numa sociedade mas que foram contratados e são pagos numa
outra sociedade;
 etc.

Desta forma, compreende-se que as contabilidades das várias sociedades do grupo, vistas
separadamente, não revelam a extrema complexidade das relações entre elas, proporcionando uma
imagem distorcida e incompleta sobre a situação do grupo. Uma informação válida só é possível com a
integração ou consolidação das contas das várias sociedades do grupo.

123
Definição

A consolidação de contas é uma técnica que permite o estabelecimento de contas representativas da


actividade global e da situação de um conjunto de sociedades ligadas por interesses comuns ou sujeitas a
um centro de decisão comum, embora gozando cada uma de personalidade jurídica própria, com a
finalidade de apresentar a situação económico-financeira e os resultados do grupo como se fosse uma
única empresa.

5.2.2 Vantagens da Consolidação

 Permitir uma apreciação tanto quanto possível completa da situação económica-financeira


do grupo de empresas consolidadas;

 A uniformização dos procedimentos administrativos e contabilísticos das empresas


consolidadas;

 A obtenção de um valioso instrumento de gestão para o conjunto das empresas


consolidadas;

 Permitir uma maior clarificação dos interesses dos grupos e a protecção dos interesses
minoritários.

5.2.3 Demonstrações Financeiras Consolidadas

Objectivo das demonstrações financeiras

O objectivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca da posição financeira,


desempenho e alterações na posição de uma empresa que seja útil a um leque vasto de utentes na
tomada de decisões económicas.

124
A informação sobre a posição financeira de uma empresa é proporcionada essencialmente pelo balanço,
enquanto que alguns dos indicadores utilizados na avaliação do desempenho são obtidos a partir de
elementos fornecidos pela demonstração de resultados.

Os utentes das demonstrações financeiras podem ser internos e externos à própria empresa,
necessitando da informação de acordo com os seus objectivos específicos, em que se incluem:
investidores, empregados, mutuantes, fornecedores e outros credores, clientes, governo e seus
departamentos e público

Objectivo das demonstrações financeiras consolidadas

O objectivo genérico da consolidação visa mostrar duma forma significativa a situação patrimonial e
financeira global e os resultados conjuntos das diferentes empresas que compõem um determinado
grupo visto como um todo.

A consolidação poderá respeitar a grupo de empresas de dado sector de actividade económica ou a


todas as empresas de um dado sector de actividade ou até mesmo a todas as empresas de um país. É
nas técnicas de consolidação que assenta a elaboração das contas nacionais.

As informações consideradas de maior utilidade nas contas de conjunto de empresas repeitam à


estrutura financeira e permitem especialmente:

 Proceder a uma observação analítica do financiamento desse conjunto – capitais próprios,


dívidas a longo e médio prazo, dívidas a curto prazo – e da sua evolução global;
 Apreciar as relações entre esta evolução e a estrutura dos activos – cobertura do activo
imobilizado pelos capitais permanentes, fundo de maneio, etc.;
 Medir a relação entre o lucro e o volume de negócios, a rentabilidade do capital próprio,
etc.
Ou seja: a elaboração das contas consolidadas deve dar uma imagem verdadeira e apropriada da
situação financeira e dos resultados de um grupo, visto como um todo.

Data de Elaboração das Demonstrações Financeiras

As demonstrações financeiras consolidadas devem ser elaboradas com referência à mesma data
das demonstrações financeiras anuais da empresa-mãe.

Contudo, podem ser elaboradas com referência a uma data diferente, a fim de serem tomadas em
consideração as datas do balanço do maior número de empresas, ou das mais importantes,
incluídas na consolidação.

125
Quando a data do balanço de uma empresa preceder a data do balanço consolidado em mais de
três meses, essa empresa deve ser consolidada com base em demonstrações financeiras
intercalares elaboradas à data do balanço consolidado.

Perímetro de Consolidação

Entende-se por perímetro de consolidação, o conjunto de empresas que pertencem a um grupo que vão
ser incluídas na consolidação, assim como a identificação dos correspondentes métodos de integração.

Segundo esta definição do perímetro ela depende de vários factores a referir:

 Grau de dependência, isto é, poder de controlo da sociedade mãe sobre a sociedade


dependente;
 Natureza das actividades, não apenas para conhecimento da sua homogeneidade, como
também de verificar a compatibilidade das correspondentes informações financeiras;
 Importância material, com intuito de verificar o grau de relevância dos valores de cada
empresa face ao grupo total;
 Obstáculos à consolidação, achando necessário inventariar-se as situações que possam
condicionar a integração da empresa nas contas consolidadas do grupo.

Segundo a Nic 27, parágrafo 12, “as demonstrações financeiras consolidadas incluem todas as empresas
que sejam controladas pela empresa-mãe.”

Empresas obrigadas a elaborar Contas Consolidadas

A - Isenções

Para efeitos de consolidação de contas , podemos distinguir dois tipos de dispensas:

 Uma facultativa, estabelecida em função da dimensão Económica das empresas;

 A outra obrigatória, que dispensa da consolidação uma empresa que seja ao mesmo tempo
empresa-mãe e filial de uma outra empresa sujeita à legislação de um mesmo Estado, ficando
salvaguardada a protecção dos sócios e de terceiros pela observância estrita de certos requisitos
na elaboração, revisão de contas e publicidade das demonstrações financeiras do conjunto mais
vasto.

126
 Isenção em Função da Dimensão

Os limites numéricos mínimos para efeitos de obrigatoriedade de elaboração de demonstrações


financeiras consolidadas são:

I. Total do balanço: 1,5 milhões de contos;


II. Vendas líquidas e outros proveitos : 3 milhões de contos;
III. Número médio de trabalhadores utilizados em média durante o exercício: 250.

 Isenção da empresa-mãe filial de empresa-mãe sediada em Estado-membro

É dispensada da obrigação de elaborar contas consolidadas qualquer empresa-mãe que seja também
uma empresa filial, quando a sua própria empresa-mãe esteja subordinada à legislação de um Estado-
membro, nos dois casos seguintes:

a) A empresa-mãe seja titular de todas as partes ou acções da empresa dispensada da


obrigação, não sendo tidas em consideração as partes de capital detidas por
membros dos seus órgãos de administração, de direcção, de gerência ou de
fiscalização, por força de uma obrigação legal ou de clausula estatutária; ou
b) A empresa-mãe detenha 90% ou mais das partes ou acções da empresa dispensada
da obrigação e os restantes titulares do capital desta empresa tenham aprovado a
dispensa.

A dispensa está subordinada á verificação de todas as condições seguintes:

1. A empresa dispensada, bem como todas as suas empresas filiais sejam consolidadas nas
demonstrações financeiras de um conjunto maior de empresas, cuja empresa-mãe
esteja sujeita á legislação de um Estado-membro.

2. As demonstrações financeiras consolidadas referidas no número anterior, sejam


elaboradas pela empresa-mãe deste conjunto e fiscalizadas segundo a legislação do
Estado-membro a que ela esteja sujeita.

3. As demonstrações financeiras consolidadas e o relatório consolidado de gestão, bem


como o documento de revisão legal dessas contas, sejam objecto de publicidade por
parte da empresa dispensada em língua portuguesa.

127
4. O anexo ao balanço e a demonstração de resultados anuais da empresa dispensada
inclui a firma e a sede da empresa-mãe que elabora as demonstrações financeiras
consolidadas, menção da dispensa da obrigação de elaborar demonstrações financeiras
consolidadas e relatório consolidado de gestão e informações relativas ao conjunto
formado por essa empresa e pelas suas filiais sobre:

 Total do balanço;
 Vendas líquidas e outros proveitos;
 Resultado do exercício e total dos capitais próprios;
 Número de trabalhadores utilizados em média durante o exercício.

B - Exclusões

Na consolidação de contas, podem verificar-se as seguintes situações de exclusão.

 Empresas com direito irrelevante


Uma empresa pode ser excluída da consolidação quando não seja materialmente relevante para o
objectivo principal das demonstrações financeiras consolidadas ( dar uma imagem verdadeira e
apropriada da situação financeira e dos resultados do conjunto das empresas compreendidas na
consolidação).

Se existirem duas ou mais empresas que correspondam ao critério referido, mas que apresentam no seu
conjunto um interesse significativo para o citado objectivo, tais empresas devem ser incluídas na
consolidação.

 Empresas em situações especiais


Uma empresa pode ser excluída da consolidação sempre que:

a) Restrições severas e duradouras prejudiquem substancialmente o exercício pela empresa-mãe dos


seus direitos sobre o património ou gestão da empresa.

b) As partes de capital desta empresa sejam detidas exclusivamente tendo em vista a sua cessão
posterior.

 Empresas com actividades diferentes

128
Empresas que exerçam actividades de tal modo diferentes que a respectiva inclusão na consolidação se
revele incompatível com o objectivo principal das demonstrações financeiras consolidadas.

5.2.4 Métodos e Técnicas de Consolidação

Métodos de Consolidação

Existem diversos métodos de consolidação das contas, os quais são aplicados em função da natureza e
importância das participações financeiras da empresa consolidante. Mas temos que ter presente que,
duma forma geral, a consolidação de contas, visa substituir no balanço da empresa consolidante o valor
das partes do capital por ela detidas, pelo valor que lhe corresponde no património das empresas
consolidadas.

Analisemos alguns métodos:

Método de Consolidação Integral

O método de Consolidação integral ou total1 baseia-se no conceito de empresa-mãe, segundo o qual as


contas consolidadas do grupo são extensão das contas da empresa-mãe, a qual, mesmo sem o domínio
total, controla efectivamente todo o património das empresas consolidadas.

Com base neste pressuposto, este método consiste na integração no balanço e nas demonstrações dos
resultados da empresa consolidante dos elementos respectivos do balanço e das demonstrações dos
resultados das empresas consolidadas, evidenciando os direitos de terceiros, designados por interesses
minoritários.

1
Em inglês conhecido por line by line consolidation method.

129
Exemplo: Considere o balanço da Empresa A e da sua subsidiária, empresa B:

Balanço da Empresa A em 31 de Dezembro de 1996

Activo Passivo + Situação Líquida

Caixa 200 Fornecedores 2.500

Bancos 6.000 Credores Estado 500

Clientes 1.500 Outros Credores 1.000

Mercadorias 8.000 Capital 22.000

Outros Meios Básicos 12.300 Reservas 3.500

Investimentos em B 4.000 Resultados 2.500

32.000 32.000

Balanço da Empresa B em 31 de Dezembro de 1996

Activo Passivo + Situação Líquida

Caixa 50 Fornecedores 1.650

Bancos 1.000 Credores Estado 250

Clientes 500 Outros Credores 100

Mercadorias 4.950 Capital 5.000

Outros Meios Básicos 2.500 Resultados 2.000

9.000 9.000

Pelo método de consolidação integral, o balanço consolidado seria o seguinte:

130
Mapa de Consolidação

Descrição Empresa A Empresa B A+B Eliminaç. Bal. Consol.

Activo

Caixa 200 50 250 250

Bancos 6.000 1.000 7.000 7.000

Clientes 1.500 500 2.000 2.000

Mercadorias 8.000 4.950 12.950 12.950

Outros Meios Básicos 12.300 2.500 14.800 14.800

Investimentos Em B 4.000 4.000 4.000

32.000 9.000 41.000 4.000 37.000

Passivo + Situação Líquida

Fornecedores 2.500 1.650 4.150 4.150

Credores Estado 500 250 750 750

Outros Credores 1.000 100 1.100 1.100

Capital 22.000 5.000 27.000 4.000 *22.000

Reservas 3.500 3.500 3.500

Resultados 2.500 2.000 4.500 *4.100

Interesses Minoritários 1.400

32.000 9.000 41.000 5.000 37.0000

* 20% do capital e resultados transferidos para interesses minoritários.

Depois desta operação o Balanço Consolidado seria:

131
Balanço Consolidado da Empresa A em 31 de Dezembro de 1996

Activo Passivo + Situação Líquida

Caixa 250 Fornecedores 4.150

Bancos 7.000 Credores Estado 750

Clientes 2.000 Outros Credores 1.100

Mercadorias 12.950 Capital 22.000

Outros Meios Básicos 14.800 Interesses Minoritários 1.400

Reservas 3.500

Resultados 4.100

37.000 37.000

De facto na elaboração do Balanço consolidado procedemos à soma linha a linha das contas das
empresas mas efectuamos a eliminação da conta Investimentos em B, por contrapartida da eliminação do
valor correspondente no capital da empresa B .O valor remanescente de 1.000 corresponde, como já
dissemos, aos direitos de terceiros no grupo, que designamos por interesses minoritários.

O método de consolidação Integral é o método básico, aplicável sempre que a empresa-mãe exerce uma
influência dominante sobre as empresas consolidadas, pois os restantes métodos são meras alternativas
para aqueles casos em que a sua aplicação responde melhor aos objectivos definidos.

Método de consolidação proporcional

O método de consolidação proporcional2 baseia-se no conceito de proprietário, segundo o qual nas


contas consolidadas apenas devem figurar os elementos do património do proprietário (do grupo). Na
base deste conceito, o método consiste na integração no balanço e na demonstração de resultados da
empresa consolidante da parte que proporcionalmente lhe corresponde nos elementos respectivos dos
balanços e das demonstrações de resultados das empresas consolidadas.

2
Em ingles conhecido por proportional consolidation method.

132
A diferença entre o método de consolidação integral e o método de consolidação proporcional é que no
segundo a integração não é pelos valores totais, mas apenas pela percentagem correspondente à
percentagem de participação da empresa-mãe em cada empresa consolidada, não havendo interesses
minoritários a evidenciar.

A resolução do exercício anterior aplicando o método de consolidação proporcional seria a seguinte:

Mapa de Consolidação

Descrição Empresa A 80% da Eliminação Bal.


Empresa B Consolid.

Activo

Caixa 200 40 240

Bancos 6.000 800 6.800

Clientes 1.500 400 1.900

Mercadorias 8.000 3.960 11.960

Outros Meios Básicos 12.300 2.000 14.300

Investimentos Em A 4.000 4.000 0

32.000 7.200 4.000 35.200

Passivo + Situação Líquida

Fornecedores 2.500 1.320 3.820

Credores Estado 500 200 700

Outros Credores 1.000 80 1.080

Capital 22.000 4.000 4.000 22.000

Reservas 3.500 3.500

Resultados 2.500 1.600 4.100

32.000 7.200 4.000 35.200

133
Este método pode ser utilizado no caso de uma empresa incluída na consolidação dirigir outra empresa
em conjunto com uma outra empresa não incluída na consolidação.

Método de equivalência patrimonial

O método de Equivalência Patrimonial (“equity method”) permite conceitualmente registar pelo


equivalente valor patrimonial a participação que uma empresa possui no capital próprio duma empresa
participada (empresa associada) verificadas certas condições:

 O activo e o passivo da empresa associada não serão representados no balanço consolidado. O


que é representado é a participação financeira que será ajustada na empresa participante
conforme o valor da empresa participada;
 Este método deverá ter em conta aquelas participações que, não preenchendo os requisitos
para participação de grupo, satisfazem, do ponto de vista da influência a “participação com
influência significativa”.
 Presume-se que uma empresa exerce uma influência significativa quando detenha, 20% ou mais
dos direitos de voto dos accionistas ou dos sócios da empresa.

Podem ser adoptados de 2 critérios de contabilização no balanço consolidado da participação segundo


o método de equivalência patrimonial:

 Ou pelo valor contabilístico tal como decorre dos critrérios valorimétricos, normalmente pelo
custo de aquisição;

 Ou pelo montante correspondente à fracção dos capitais próprios da empresa associada


representada por essa participação.

Técnicas de Consolidação

A escolha das técnicas de consolidação tem muito a ver com a delimitação do perímetro da
consolidação. Sendo assim, a técnica de consolidação a utilizar deve constar do manual de consolidação,
para que as empresas tenham a possibilidade de organizar não apenas o dossier de consolidação, mas
também de planear os trabalhos a executar. Assim, para se elaborarem as contas consolidadas podem
ser utilizadas duas técnicas:

134
a) Consolidação Directa

Utilizando esta técnica, todas as sociedades incluídas no perímetro de consolidação são integradas
directamente na sociedade mãe que se apresenta como única empresa consolidante do grupo. Na
realidade, esta técnica não atende à existência de subgrupos dentro do grupo.

A aplicação desta técnica obriga à determinação prévia das percentagens de participação e de controlo
da empresa mãe em todas as empresas do grupo.

Esta técnica tem a vantagem de permitir uma consolidação mais rápida e a menor custo, na medida em
que se procede apenas a uma consolidação em simultâneo em todas as empresas do grupo. Por outro
lado, esta técnica apresenta alguns inconvenientes, sendo o principal, o facto de obrigar a que todas as
participações sejam analisadas à luz da empresa mãe como a única participante do grupo. A selecção
das empresas a consolidar será sempre na lógica da dependência directa da empresa mãe.

b) Consolidação em Cascata

Esta técnica prevê que cada sociedade seja consolidada na empresa que participa directamente no seu
capital. Verifica-se assim, uma consolidação por degraus (de base para o topo), sendo que cada
sociedade, ou subgrupo, integrado no degrau imediatamente superior

Como vantagem desta técnica, pode-se dizer que ela permite uma segmentação de informação
económico financeira, por subgrupos, o que melhora o conhecimento do grupo, permite a
descentralização dos trabalhos de consolidação, o que poderá traduzir-se numa menor margem de erro
de informações produzidas.

5.2.5 Trabalhos e Operações de Consolidação

A consolidação implica uma série de trabalhos que dependem de vários factores, como os objectivos da
consolidação, o estilo de gestão e a organização, a natureza das actividades desenvolvidas pelas
empresas do grupo, v.g. a sua homogeneidade e a sua heterogeneidade, e a dimensão do grupo e, em
particular, a localização das filiais .

De entre os diversos trabalhos preparaórios, destacam-se:

135
a) Preparação do Manual de consolidação

Contém todas normas, princípios e procedimentos preconizados pelo grupo para realização da
consolidação das contas das empresas onde exerce influência significativa e dominante, sendo assim
indispensável para orientar a consolidação, tanto no presente como no futuro, garantindo a estabilidade
dos métodos e critérios de consolidação.

O manual de consolidação apresenta os seguintes elementos:

1. Princípios e regras para a determinação das empresas a incluir no perímetro de


consolidação;
2. Calendário de operações e tarefas inerentes à consolidação;
3. Plano de contas;
4. Organigrama do grupo e métodos de consolidação para cada empresa
5. Estrutura e conteúdo dos documentos-síntese de informação e controlo;
6. Dossier de consolidação: elementos que devem conter e normas para a sua elaboração,
prazos, etc.
7. Forma de elaboração das contas consolidadas: directa, por subgrupos e por actividades,
etc;
8. Processo de confirmação das contas e operações recíprocas;
9. Princípios, regras e métodos de avaliação e valorização.

b) Criação do Dossier de Consolidação

O dossier de consolidação deverá ser concebido com algum critério, na medida em que importa:

1. Harmonizar a apresentação das contas anuais e, em particular, o balanço e a


demonstração dos resultados, impondo às sociedades do grupo modelos uniformes;
2. Inventariar e explicar os elementos necessários à eliminação das operações e das
dívidas intra grupo, nomeadamente, dívidas activas e passivas, custos e proveitos,
resultados não realizados, dividendos, participações financeiras, etc;
3. Permitir a harmonização dos métodos de avaliação e valorização contabilística utilizados
pelas diversas empresas do grupo;
4. Possibilitar a elaboração do anexo ao balanço e à demonstração dos resultados
consolidados.

136
c) Preparação da Contabilidade do Grupo

Os lançamentos de consolidação podem ser desenvolvidos exclusivamente em mapas e documentos de


suporte, que permitam de forma clara e objectiva a sua revisão, não só por parte das entidades
legalmente obrigadas a certificar as contas consolidadas, como também a sua eventual verificação por
parte de qualquer outra entidade competente. Quando tal não seja possível, dever-se-ão efectuar
registos digráficos em livros do grupo, considerado como uma unidade económica e financeira.

d) Criação de um Grupo de Trabalho

São representados pela empresa-mãe e todas as empresas incluídas na consolidação, incluindo os


respectivos revisores oficiais de contas. Poderá ser aconselhável a realização de acções de formação do
pessoal adstrito à consolidação.

Operações de Pré - Consolidação

Determinando o perímetro da consolidação e escolhido o método de consolidação, a primeira tarefa a


efectuar será a homogeneização das contas das empresas incluídas na consolidação, sempre que aquela
não esteja assegurada previamente.

Para tal, será necessário proceder a ajustamentos e regularizações nas contas e à conversão cambial das
contas expressas em moeda estrangeira.

Ajustamentos e regularizações

Dizem respeito à eventual conciliação dos saldos das contas relativas a operações realizadas entre as
empresas do grupo, ao custo do imobilizado, às reavaliações, às amortizações, às existências, às
provisões e aos diferimentos.

Conversão Cambial

Quando o perímetro de consolidação englobar uma ou mais empresas cujas demonstrações financeiras
estejam expressas em unidades monetárias diferentes da sociedade-mãe e das restantes empresas,

137
torna-se necessário converter os valores para a moeda em que vão ser apresentadas as contas
consolidadas. Regra geral, estas contas são expressas na moeda em que são elaboradas as contas da
empresa-mãe podendo, contudo, haver excepções a esta regra.

A conversão monetária representa uma técnica contabilística que permite passar de uma unidade de
medida ( moeda estrangeira) para outra unidade de medida consolidada (moeda de referência). Torna-
se necessário pelo facto de a consolidação só se poder efectuar quando utilizada uma mesma unidade
monetária de referência.

Ao proceder-se à conversão monetária, um dos grandes objectivos deste procedimento será o de obter
valores expressos na moeda de referência tão próximos quanto possível dos que teriam sido obtidos se
tivesse sido aplicada a taxa em vigor no momento em que ocorreram as operações. As normas nacionais
de consolidação são omissas no domínio da conversão monetária. De facto, nada estabelecem quanto á
forma de converter as demonstrações financeiras expressas em moeda estrangeira. No entanto,
remetendo-nos para as normas internacionais, verificamos a existência dos seguintes três métodos de
conversão:

 Método da taxa de fecho ( ou método do investimento líquido)

Este método é utilizado nas empresas autónomas e estabelece os seguintes procedimentos:

Ao nível do Balanço:

1. Os activos e os passivos são convertidos à taxa de fecho;


2. Os capitais próprios (excepto os resultados) à taxa histórica;
3. A conta de resultados à taxa média ou à taxa de fecho.

Ao nível da demonstração de resultados:

As contas de resultados ( custos, proveitos e consequentes contas dos resultados) à taxa média ou à
taxa de fecho. A norma americana FAS 52 prevê a utilização da taxa média, enquanto que a IASB 21, de
uma ou outra taxa, no projecto de revisão desta última preconiza-se a abolição da taxa de fecho.

Diferenças de conversão:

1. A aplicação de taxas diferentes, originará diferenças de conversão;


2. Estas diferenças de conversão são equiparadas a capitais próprios;

138
3. Tais diferenças deverão ser repartidas entre: capitais próprios consolidados(% de participação
do grupo); Interesses minoritários ( restante % de participação).

 Método da taxa Histórica

Este método, recomendado em empresas não autónomas, preconiza a seguinte metodologia para a
conversão monetária das contas:

Ao nível do balanço

1. Os elementos monetários são convertidos à taxa de fecho;


2. Os elementos não monetários são convertidos à taxa histórica.

Ao nível da demonstração de Resultados

1. Taxa média, excepto depreciações dos elementos não monetários;


2. Amortizações e provisões, em função dos respectivos elementos.

Diferença de Conversão

1. Da aplicação de taxas diferentes, resultam diferenças de conversão;


2. Estas diferenças devem ser afectas aos resultados.

Operações de Consolidação

A consolidação consiste, fundamentalmente, em:

a) Integrar no grupo todas as contas do balanço e da demonstração de resultados da empresa-mãe


e de todas as suas filiais, debitando as contas com saldo devedor e creditando as contas com
saldo credor na conabilidade do grupo, o que equivale a somar linha a linha os respectivos
valores no mapa do trabalho;

139
b) Compensar as participações financeiras, substituindo o seu valor contabilístico pelo valor que
representam no capital próprio das respectivas filiais, reconhecendo os interesses minoritários,
nos casos de domínio parcial, e considerando as diferenças de incorporação, quando elas
existam;

c) Eliminar as operações recíprocas, realizadas no grupo, e os respectivos resultados;

d) Considerar os impostos diferidos, isto é, a diferença que aparecer aquando da consolidação


entre os impostos imputáveis ao exercício e aos resultados anteriores e os impostos já pagos ou
a pagar referentes a esse exercício, a qual deve ser incluída no balanço consolidado e na
demonstração de resultados consolidados sempre que seja provável que daí resulte, para uma
empresa consolidada, um encargo efectivo num futuro possível;

e) Corrigir o imposto sobre o rendimento, em consequência das eliminações e correcções


anteriores, no caso de o grupo ser tributado pelo resultado consolidado;

f) Repartir os resultados totais entre o grupo ( resultado consolidado) e os interesses minoritários.

5.2.6 Compensação das participações financeiras,


Reconhecimento dos Interesses minoritários e Diferenças de
consolidação

Compensação das Participações Financeiras

Segundo as normas aplicáveis à consolidação das contas, os valores contabilísticos das participações no
capital das empresas compreendidas na consolidação serão compensados pela proporção que
representam nos capitais próprios dessas empresas.

No balanço consolidado o capital próprio corresponderá ao capital próprio da empresa mãe, sendo
irrelevante o capital próprio das filiais, com excepção dos resultados.

140
Convém salientar que esta compensação far-se-á com base nos valores contabilísticos à data em que tais
empresas sejam incluídas pela primeira vez na consolidação, havendo, portanto, que distinguir dois
casos, consoante as demonstrações financeiras da filial são ou não incluídas pela primeira vez na
consolidação no exercício em que ela passou a integrar o conjunto.

 Em caso afirmativo, a compensação deve ser feita com base nos valores contabilísticos à data em
que ela passou a fazer parte do conjunto;

 Em caso negativo, a compensação deve ser feita com base nos valores contabilísticos à data do
início do exercício a que a consolidação se refere.

Reconhecimento dos interesses minoritários

Quando a empresa-mãe possui uma participação financeira equivalente a menos de 100% do capital da
subsidiária, será necessário reconhecer os interesses minoritários, isto é, os interesses dos accionistas
estranhos ao grupo, tanto no capital como nos resultados.

Interesse Minoritário é a parte dos resultados líquidos das operações e dos activos líquidos de uma
subsidiária atribuíveis a interesses que não sejam detidos, directa ou indirectamente através de
subsidiárias, pela empresa-mãe.”

Diferenças de Consolidação

Ao procedermos a consolidação das contas algumas vezes estaremos perante uma situação em que o
valor das participações inscritas nas contas da empresa-mãe é diferente do valor Contabilístico das
acções à data em que a filial tenha sido incluída pela primeira vez na consolidação.

A diferença de consolidação apurada, em geral tem o seguinte tratamento:

a) quando é positivo (positive good-will), correspondendo a um imobilizado incorpóreo, deve


figurar no activo na rubrica das Imobilizações Incorpóreas;
b) quando a diferença da consolidação for negativa, (negative good-will), correspondendo a
uma verdadeira reserva, figurará no capital próprio.

141
5.2.7 Eliminação das Operações realizadas dentro do grupo e
dos respectivos resultados

Ao consolidarmos as contas do grupo pretendemos apresentá-las como uma unidade económica distinta,
pelo que devem ser eliminados saldos das contas correntes recíprocas das empresas do grupo, relativos a
empréstimos, compras e vendas a prazo, serviços e dividendos, na medida em que, qualquer saldo
devedor na escrita de uma, corresponde a um saldo credor na escrita da outra e vice-versa, bem como os
resultados obtidos em operações dentro do grupo (transações de mercadorias e produtos e alienação do
imobilizado).

Alguns exemplos.

Exemplo 1. Créditos e Débitos Intragrupo

Das contas da empresa-mãe e nas das suas subsidiárias B e C, extraíram-se os seguintes elementos
relativos aos saldos entre elas à data da consolidação das contas:

Empresa A Empresa B Empresa C

CLIENTES 800 560 200

FORNCEDORES 600 320 640

ACCIONISTAS

Empréstimos Obtidos 1.000

Empréstimos Concedidos 1.000

Como estas dívidas são na totalidade respeitantes as empresas integradas na consolidação, devem ser na
totalidade eliminadas na consolidação.

Exemplo 2. Despesas e Receitas Intragrupo

Consideremos que entre as empresas do exemplo anterior foram debitadas as seguintes despesas e
creditadas as seguintes receitas, totalmente pagas durante o exercício:

142
Empresa A Empresa B Empresa C

Juros Suportados 360

Juros Obtidos 360

Royalities c/ Assistência Técnica Pagos 400

Royalities c/ Assistência Técnica Recebidos 400

Comissões a Intermediários 500

Venda de Serviços 500

De acordo com a filosofia subjacente à consolidação, também devem ser eliminadas as despesas e
receitas recíprocas, debitadas por umas e creditadas por outras.

Transacções intragrupo

Os resultados provenientes das operações entre as empresas compreendidas na consolidação quando


estejam incluídos nos valores contabilísticos dos activos devem ser eliminados da consolidação, porque a
consolidação implica a eliminação das operações internas do grupo, que apenas implicam uma
transferência de custos e proveitos de umas para outras, e, portanto dos respectivos resultados.

Transacções de Existências Intragrupo

Para estas eliminações temos de considerar situações distintas, consoante se as existências


transaccionadas entre as empresas do grupo já foram ou não vendidas ao exterior.

a) Existências ainda não vendidas para o exterior. Estas existências ainda constam do inventário
do grupo, havendo que eliminar a transacção (vendas e custo das vendas) e implicitamente o
resultado, que, na realidade, ainda não foi resultado.
b) Existências já vendidas para fora do grupo. Haverá que eliminar a venda dentro do grupo por
contrapartida do custo das vendas para fora do grupo, prevalecendo assim o custo da venda
dentro do grupo e a venda para fora do grupo.
c) Existências parcialmente vendidas. Neste caso temos de conjugar as alíneas anteriores de
modo a:

143
 Eliminar a venda dentro grupo;
 Reduzir o custo da venda para fora do grupo, pela respectiva fracção do resultado da
venda dentro do grupo;
 Reduzir o custo das existências em armazém, pela respectiva fracção do resultado da
venda dentro do grupo.

Exemplo. Uma empresa-mãe dum determinado grupo tinha vendido a uma empresas filial por
2.800, mercadorias que haviam custado 2.000.

Hipótese 1. No fim do exercício a filial ainda não tinha vendido as mercadorias para fora do
grupo

Para efeitos de consolidação há a considerar que:

 Na empresa mãe a operação foi registada, como venda de mercadorias, com os valores da
receita e do custo da venda já imputados aos resultados, pelo que devemos eliminar esse
resultado da venda de 800;
 Na empresa subsidiária as mercadorias estão registadas no inventário no balanço pelo valor
de 2.800 ( pelo qual a filial comprou na subsidiária), pelo que teremos de eliminar a diferença
entre esse valor e aquele pelo qual as mercadorias foram adquiridas a terceiros.

Hipótese 2. No fim do exercício, à data de consolidação, a empresa filial já havia vendido para
fora do grupo todas as mercadorias compradas à empresa mãe, por 2.700.

Note que, como resultado da contabilização desta operação, nas contas da empresa mãe está
registado um lucro de 800 e, na empresa subsidiária um o prejuízo de 100. Neste caso ao
proceder à consolidação linha a linha ao lucro de 800 será deduzido o prejuízo de 100, não
havendo que proceder a eliminações nas contas do balanço. Contudo, nas contas de
demonstração de resultados teríamos de anular o 2.800 na conta Vendas da empresa-mãe, por
contrapartida da conta Custo das Vendas, na empresa Filial.

Hipótese 3. No fim do exercício, a empresa filial já havia vendido para fora do grupo, por 1400,
40% das mercadorias compradas à empresa mãe.

Neste caso temos de proceder às seguintes correcções nas contas do balanço:

 Eliminar a parte do resultado de venda registado na empresa mãe correspondente aos 60%
das mercadorias que ainda não foram vendidas para clientes fora do grupo, no valor de 480;

144
 Eliminar na conta Mercadorias, da Filial, a parte correspondente a 60% do custo das
mercadorias ainda não vendidas para fora do grupo, no valor de 480 (2.800*.60-2.000*0.6).
 Reduzir no custo das vendas da filial a parte correspondente a 320 (2.800*.40-2.000*0.4) por
contrapartida da anulação do lucro registado nas contas da empresa-mãe.

Alienação do Imobilizado Intragrupo

Conforme o princípio de consolidação de que nenhuma entidade pode obter resultados por vendas a sí
mesma (vendas internas), os resultados contabilizados pela alienação das imobilizações entre empresas
do grupo devem ser eliminados, para além da correcção das amortizações registadas, visto que, para a
consolidação, as amortizações a considerar devem basear-se no custo original das imobilizações.

Exemplo:

A empresa-mãe referida em casos anteriores vendeu à filial A uma máquina por 600, que havia
custado 520 e ainda não tinha sido objecto de qualquer reavaliação nem amortização.

Para efeitos de consolidação teremos de anular a mais valia de 80, registada na empresa A, por
contrapartida do valor da máquina registado na empresa C e corrigir os resultados da empresa C, por
contrapartida das amortizações acumuladas pelo excesso da amortização anual efectuadas (600-
520)*10%.

Em suma, podemos dizer:

 Os lucros não realizados resultantes de transacções intra-grupo que sejam incluídos na quantia
escriturada de activos, tais como inventários e activos fixos, são eliminados por inteiro.

 Os prejuízos não realizados resultantes de transacções intra-grupo que sejam deduzidos para
chegar a quantia escriturada de activos são também eliminados, salvo se o custo não puder ser
recuperado. As diferenças temporais que provenham da eliminação de resultados não
realizados resultantes de transacções intra-grupo são tratados de acordo com a Norma
Internacional de Contabilidade Nic 12- A Contabilização de Impostos sobre os Lucros.

145
5.2.8 Correcção do Imposto sobre o rendimento e repartição
dos resultado total

Os impostos diferidos são uma consequência natural do processo de consolidação. Correspondem à


diferença entre o montante de impostos imputável ao exercício ou a exercícios anteriores e o valor que
foi liquidado e contabilizado em qualquer empresa englobada na consolidação. Trata-se, neste caso, de
impostos atribuídos individualmente a empresas do grupo que possam vir a traduzir-se num encargo
efectivo no futuro.

A contabilização de impostos diferidos resulta não apenas da necessidade de as demonstrações


financeiras apresentarem uma imagem fiel e verdadeira do património, da situação financeira e dos
resultados, mas também em consequência das normas de consolidação.

Embora o grupo de empresas seja reconhecido incontestavelmente como uma unidade económica nos
domínios jurídico e contabilístico de muitos países em que é obrigatória a elaboração de contas
consolidadas, a verdade é que o mesmo não se verifica no domínio fiscal, que continua, salvo raras
excepções, a não consagrar como regime de direito comum a tributação do resultado consolidado dos
grupos.

Os esquemas tradicionais da tributação individualizada das empresas do grupo apresentam pelo menos
os seguintes incovenientes:

1. Implicam sucessivas tributações dos mesmos rendimentos, nomeadamente de juros e de


dividendos;
2. Propiciam formas de evasão fiscal, dadas as relações financeiras e contratuais estabelecidas
entre as sociedades do grupo, que podem originar facilmente transferências de lucros e
prejuízos de umas para as outras de modo a minimizar a carga fiscal do grupo, sem esquecer a
possibilidade de comportamentos fraudulentos (por exemplo: a celebração de contratos de
assistência técnica ou outros puramente fictícios);
3. Convidam à fuga de sociedades para países com carga fiscal menos pesada ou mesmo para os
chamados “Paraísos Fiscais”.

A perspectiva de encarar o grupo como unidade tributária, que o direito fiscal de vários países tem vindo
a reconhecer, embora com soluções parciais e limitadas, acaba por se caracterizar por um substancial
pragmatismo, para evitar os inconvenientes da tributação individualizada, tendo em atenção que aquela
solução:

146
 É mais justa, na medida em que a capacidade contributiva, dos grupos encontra a sua
melhor expressão no lucro consolidado das empresas que os integram;
 Previne a evasão fiscal;
 Limita a fuga de sociedades para o estrangeiro;
 Favorece a constituição de grupos;
 Favorece a compensação de prejuízos;
 Evita os efeitos nocivos da dupla tributação de rendimentos.

Em resumo, os países mais desenvolvidos têm procurado adequar o regime tributário dos grupos á
realidade dos nossos dias, com vista a não criar entraves à constituição, dinâmica e funcionamento dos
grupos e a assegurar a neutralidade fiscal em relação a outras formas de concentração de empresas,
embora sem comprometer as receitas fiscais e prevenir possíveis distorções da concorrência.

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NOTAS DE SUPORTE

Horas Normativas de O tempo normativo de aprendizagem para este Módulo é de


Aprendizagem: 100 horas.

Propósito: Este módulo é concebido para permitir que os formandos adquiram


conhecimentos e habilidades práticas para registar contabilisticamente a
constituição de sociedades, de alterações ao seu capital, às
transformações da sociedade e proceder á consolidação de contas, de
acordo com os procedimentos legais e fiscais

Conteúdo do Módulo: 1. Constituição das sociedades


2. Modificações do Capital
3. Aplicação dos Resultados
4. Normas internacionais de Contabilidade
5. Dissolução e Liquidação das Sociedades
6. Fusão e Aquisição
7. O caso particular do grupo de sociedades
8. Consolidação de Contas

Contexto do Módulo: O módulo deverá combinar métodos expositivos (resultado de


aprendizagem 1) e 2) com métodos participativos, simulações e
exercícios práticos (resultados de aprendizagem 3) e 4)

Abordagem da A avaliação dos resultados de aprendizagem deverá basear-se em provas


Avaliação: escritas e/ou orais (todos os resultados de aprendizagem), e
demonstrações práticas através exercícios práticos e estudos de caso,
com uso de aplicações informáticas (resultados de aprendizagem 3 a 4).

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Progressão: Este Módulo faz parte do Certificado Vocacional 4 de Contabilidade da
Área de Administração e Gestão. Os formandos com êxito neste e nos
restantes módulos que compõem a qualificação poderão avançar para o
Certificado Vocacional de nível 5.

Bibliografia:  ARMÉNIO; Breia, BENTO, José e FERNANDES, Machado J., A


Consolidação de Contas: Porto editora;
 BORGES, A., FERRÃO, M., (2006), Manual de Casos Práticos
Contabilidade Geral, 9ª edição, Áreas Editora
 BORGES, A., RODRIGUES, R., RODRIGUES A., (2007), Elementos da
Contabilidades Geral, 24ª edição, Áreas Editora
 BREALEY, Richard A. E MEYERS, Steward C., (1998), Principles of
Corporate Finance, McGraw-Hill.
 Conselho de Ministros, R. Moçambique, Plano Geral de
Contabilidade.
 COSTA, C. Baptista, A contabilidade e a Auditoria dos Grupos
Empresariais, Rei dos Livros, 1988;
 PEREIRA, J.M. Esteves, (2000) Contabilidade Básica e Geral (2
volumes), Lisboa: Plátano Editora
 RODRIGUES, Luís B., ALVES, Sílvia, (2006), Código Comercial e
Legislação Complementar em Moçambique, Almedina Editores,
 SILVA, F.V.Gonçalves e Pereira, J.M. Esteves, Contabilidade das
Sociedades, Plátano Editora, Lisboa;

Direitos Autorais: PIREP 2009

Este Módulo é um esboço somente para uso pela fase - Piloto de


Moçambique (PIREP), para fins de formação, durante esta etapa de
desenvolvimento do programa. Não deve ser usado para qualquer outro
fim ou razão sem a permissão expressa do Director do PIREP.

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