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Beatriz Arlindo Simão

Célia Manuel

Chafim Mussa

Gildo Eugênio

Nick António Naimo

Ninito Mamudo

Estudo das Sociedades

Licenciatura em Contabilidade
Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2022

Beatriz Arlindo Simão

Célia Manuel

Chafim Mussa

Gildo Eugênio

Nick António Naimo

Ninito Mamudo

Estudo das Sociedades


Licenciatura em Contabilidade

Trabalho orientado pela docente, na cadeira de Contabilidade


Financeira I, 1º ano, para fins de carácter avaliativo, apresentado ao
departamento de Ciências Económicas e Empresariais.

Docente: dra Rosalina Paulo Raul

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2022

Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Capítulo I – Introdução ao Estudo da Sociedade...............................................................4
Elas podem ser classificadas em:......................................................................................4
Capítulo II — O capital e as Reservas das sociedades......................................................5
1. O Capital....................................................................................................................6
1.1. O Capital Próprio e o capital nominal....................................................................6
1.2. O Capital Próprio e o Capital Alheio.....................................................................7
2. As Reservas................................................................................................................8
2.1. Noção e constituição...............................................................................................8
2.2. Finalidades ou Objectivos......................................................................................8
Capítulo III – Lançamentos de Abertura e despesas de constituição................................9
1. Lançamentos de Abertura..........................................................................................9
1.1. Contas relacionadas com o capital subscrito..........................................................9
1.2. Subscrição particular e realização do capital........................................................10
2. Despesas de constituição..........................................................................................11
Capítulo IV – Modificações do Capital...........................................................................12
1. Aumento do Capital.................................................................................................12
1.1. Deliberações sobre alterações do contrato...........................................................12
1.2. Modalidades.........................................................................................................12
1.2.1. Aumento de capital por novas entradas............................................................12
1.2.2. Aumento de capital por incorporação de reservas............................................12
1.3. Aumento do capital por novas entradas...............................................................13
1.4. Aumento de capital por entradas consistentes em crédito sobre a sociedade.......13
1.5. Aumento de capital por incorporação de reservas................................................14
2. Reintegração do Capital...........................................................................................14
2.1. Conceito................................................................................................................14
2.2. Contabilização......................................................................................................14
3. Redução do Capital..................................................................................................15
3.1. Conceito e Finalidades.........................................................................................15
3.2. Modalidades.........................................................................................................16
3.3. Formas do Processo..............................................................................................16
3.4. Ressalva do Capital mínimo.................................................................................17
3.5. Cooperativas.........................................................................................................17
3.6. Contabilização......................................................................................................18
3.6.1. Redução com Reembolso.................................................................................18
4. Amortização do Capital...........................................................................................18
4.1. Conceito de Amortização.....................................................................................18
4.2. Espécies de Amortização......................................................................................18
4.3. Amortização de Quotas........................................................................................19
4.3.1. Conceito de Amortização de Quota..................................................................19
4.3.2. Finalidades........................................................................................................19
4.3.2.1. Fins de ordem financeira:..............................................................................19
4.3.2.1. Fins relacionados com a pessoa do sócio:.....................................................19
4.4. Amortização de Acções........................................................................................19
4.4.1. Modalidades......................................................................................................19
Conclusão........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas..............................................................................................22
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Introdução

Neste presente trabalho, o grupo pretende abordar sobre o Estudo das


Sociedades, em que dentro dele procuraremos explanar de forma pormenorizada sobre a
introdução ao estudo das sociedades, o capital e as reservas das sociedades, os
lançamentos de abertura e as despesas de constituição, e por final a modificação do
capital.

O trabalho tem como objectivo geral, abordar sobre o estudo das sociedades. E
para alcançar o objectivo geral. O trabalho trás consigo os seguintes objectivos
específicos: Apresentar a sua introdução, indicar o capital e as reservas e os seus
respectivos lançamentos e apresentar as modificações dos capitais.

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a de consulta


bibliográfica, que constitui na leitura, críticas e análises das informações de várias obras
que estão devidamente citadas dentro do trabalho e na bibliografia.
4

Capítulo I – Introdução ao Estudo da Sociedade

Sociedade diz respeito a um acordo entre pessoas para realizar algum tipo de
esforço, com objectivo comum, para benefício de todos. As pessoas podem ser físicas
ou jurídicas. Pessoa física é um indivíduo capaz de possuir e exercer direitos e
obrigações, enquanto pessoa jurídica corresponde ao conjunto de pessoas físicas que se
unem para realizar uma actividade de negócio, com ou sem fins lucrativos, constituindo,
assim, uma sociedade.

Elas podem ser classificadas em:


 Sociedades simples; e
 Sociedades empresariais.

As sociedades simples referem-se àquelas que prestam serviços, mas não praticam o
comércio. As sociedades empresariais são aquelas que comercializam bens e serviços
com fins lucrativos; geralmente são constituídas com objectivo de comprar e vender
mercadorias, transformar insumos em produtos, prestar serviços, realizar intermediação
financeira, e assim em diante.

As sociedades comerciais serão de uma das seguintes espécies: (art. 82º C.C.)
 Sociedades em nome colectivo;
 Sociedades de capital e indústria;
 Sociedades anónimas;
 Sociedades em comandita;
 Sociedades por quotas

1. Sociedades em nome colectivo - é caracterizada pela responsabilidade, solidária


e ilimitada, de todos os associados. (veja art. 253 e seguintes do C.Comercial)
2. Sociedades de Capital e Indústria - caracteriza-se por possuir sócios que
contribuem para a formação do capital com dinheiro, créditos ou outros bens
materiais e que limitam a sua responsabilidade ao valor da contribuição com que
subscreveram para o capital social e por possuir sócios que não contribuem para
o mesmo capital, mas apenas ingressam na sociedade com o seu trabalho, e que
estão isentos de qualquer responsabilidade pelas dívidas sociais. (ver art. 278 e
seguintes do C.Comercial)
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3. Sociedades por quotas - de responsabilidade limitada e constituídas somente por


escritura pública. (Ver art. 283 e seguintes do C. Comercial) (ver também o Art.
328 e seguintes do C. Comercial relativo à Sociedade por quotas unipessoal)
4. Sociedades Anónimas - em que os associados limitam a sua responsabilidade ao
valor das acções com que subscrevem para o capital social. (ver art. 331 e
seguintes do C. Comercial)
5. Sociedades em Comandita - quando um ou mais associados respondem como se
a sociedade fosse em nome colectivo, e outro ou outros apenas fornecem
determinado valor, limitando a este a sua responsabilidade. (veja art. 250 e
seguintes do C. Comercial)

Actualmente, só as sociedades anónimas e as sociedades por quotas têm relevância


na prática económica e jurídica, porquanto o número de sociedades em nome colectivo e
de sociedades em comandita e o capital nelas investido são reduzidos e têm vindo a
decrescer.

Juridicamente, o que mais diferencia as sociedades comerciais umas das outras é,


como se sabe, a responsabilidade dos sócios. Esta é:
a) Ilimitada nas sociedades em nome colectivo;
b) Limitada nas sociedades anónimas e por quotas;
c) Mista nas sociedades em comandita.

Economicamente, distinguem-se, sobretudo, pelo modo por que nelas se acham


regulados:
a) O financiamento;
b) As atribuições dos sócios;
c) A divisão dos lucros.

Capítulo II — O capital e as Reservas das sociedades

As reservas constituem, do mesmo modo que o capital, meras indicações de valor e


não coisas objecto de direitos. Erram, portanto, os que encaram o capital como
propriedade da sociedade e as reservas como propriedade dos sócios. O objecto dos
direitos não são o capital e as reservas, mas os prédios, as máquinas, os móveis, etc.
6

As contas de reserva são, de facto, contas irmãs da de capital social ou nominal e,


por conseguinte, contas de fundos aplicados. Convém, todavia, notar que, nas
sociedades, as reservas não estão, como o capital, subordinadas ao princípio da
invariabilidade, e diferem dele quanto ao regime jurídico e quanto ao modo de
formação.

Acrescente-se ainda que, sendo costume exprimir os lucros ou dividendos em


percentagem do capital social, um dividendo aparentemente muito grande pode na
realidade ser muito pequeno, em relação ao capital total (capital e reserva) investido na
empresa.

Como as reservas representam capital próprio (e não capital alheio pelo qual se
paguem juros), os elevados lucros de certas empresas de pequeno capital nominal “são
mais o fruto da providência das gerências anteriores do que o resultado do esforço ou
talento da gerência actual”.

1. O Capital
1.1. O Capital Próprio e o capital nominal

Por capital de uma empresa singular. Entende – se geralmente o valor do seu


património complexivo (diferença entre valores ativos e passivos afectos ao negócio).
Isto significa que o capital das empresas singulares se confunde com o seu patrimônio
líquido ou capital próprio, sendo assim essencialmente variável.

Nas empresas colectivas o capital é, por via de regra, invariável. A sua


importância, calculada de antemão, encontra-se fixada no pacto social e pode aumentar
—se ou reduzir-se, verificadas certas condições, cumpridas certas formalidades, e
sempre por meio de uma nova escritura.

Significa isto que nas sociedades, há que distinguir entre capital próprio (ou
real) e capital social (ou nominal). O primeiro representa o excedente do activo sobre o
passivo e exprime o valor do patrimônio social (patrimônio complexivo); o segundo, a
que também se exprime o valor do patrimônio social (patrimônio complexivo); o
segundo, a que também se chama capital estatutário, representa a soma das quotas -
partes subscritas pelos sócios e, não havendo alteração daquele pacto social, Figura em
todos os balanços pela mesma importância.
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O capital próprio duma sociedade representa os fundos nela aplicados pelos


sócios ou proprietários (capital nominal ou social) acrescidos dos lucros não
levantados ou distribuídos (capital ou dotação adicional).

No capital nominal — que pode estar ou não integralmente realizado, há a


considerar as inversões iniciais (capital inicial) e eventualmente. As inversões
ulteriores (aumentos de capital).

No capital adicional podem, geralmente, distinguir-se os lucros capitalizados


(reservas) e os lucros por aplicar (lucros em suspenso).

Ao invés do capital próprio. Que é essencialmente variável. O capital social


permanece, por via de regra, sem alterações. Representa o termo de convenção do ponto
de partida, o valor que tinha o património na data da constituição.

O capital nominal pode ser igual, superior ou inferior ao capital próprio ou patrimônio
líquido.
Activo = Passivo + (Capital Social – Prejuízos)

1.2. O Capital Próprio e o Capital Alheio

“A técnica da contabilidade por partidas dobradas induz a registar o capital e as


reservas no passivo da sociedade. Mas é óbvio que esse registo não lhes modifica a
natureza o capital e as reservas não constituem um ‘passivo’ da sociedade mas a
diferença entre activo e passivo, isto é, um ‘valor’ que, de um lado, representa a
margem de solvabilidade da sociedade e, de outro lado, indica o valor patrimonial
contabilístico das acções, sem poder, justamente por isso, corresponde a ‘determinados’
bens do patrimônio social”.(Ascarelli).

Não desdenhando destes argumentos e reconhecendo muito embora que o facto


de excluir o capital do Passivo não obsta a que, sob as rubricas de Activo e Passivo, se
continuem a inserir muitas verbas que nem jurídica nem economicamente se podem
considerar, em rigor, valores activos ou valores passivos, achamos preferível dispor os
balanços por forma a que todos possam imediatamente distinguir entre capital próprio e
capital alheio.
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2. As Reservas
2.1. Noção e constituição

As reservas são lucros não distribuídos, retidos na empresa para fazer face a
prejuízos futuros. Naturalmente que serão constituídas ou reforçadas apenas em
exercícios que haja lucros. E, como lucros que são, as Reservas enquadram-se no
Capital Próprio, formado por valores abstratos.

Reservar é um acto de providência que consiste em guardar, em não distribuir, em


capitalizar, no todo ou em parte, o valor correspondente aos lucros apurados, e as
reservas são o excedente do activo líquido sobre a soma do capital nominal e dos
resultados ainda não aplicados.

Todo e qualquer aumento do activo líquido e cujo recebimento cujo os sócios


reúnem para transformar em reforço permanente do capital que inverteram na empresa –
constitui uma Reserva.

2.2. Finalidades ou Objectivos

As contas das reservas creditam-se, após a aplicação dos resultados, pela parte
dos lucros reservada e debitam-se, até ao máximo do seu saldo (sempre credor), quando
elas se recorrem para fazer face a qualquer prejuízo.

Exemplo: Admitindo que no presente exercício, a sociedade vai ter um prejuízo


de 90,00, este prejuízo poderá ser coberto pelas reservas agora constituídas. Assim, no
próximo ano será feita a transferência do prejuízo da conta Resultado Líquido do
Exercício para a conta de Resultados Transitados, após a aprovação das contas do
presente exercício, poder-se-á fazer:

Reservas
Reservas Legal ..................................10.000,00
Reserva Estatutária ............................80.000,00
a Resultados Transitados ...........................................90.000,00
P/ Cobertura do prejuízo do exercício anterior.
9

Convém salientar que as reservas de financiamento, criadas para manter ou


aumentar o potencial econômico e financeiro das empresas, não desaparecem quando se
utilizam, ao contrário das reservas aplicadas na cobertura de prejuízos. De facto os
lançamentos apresentados é um simples lançamento de transferência entre contas de
reservas, o qual apenas pretende clarificar o capital próprio retido, evidenciando quais
as reservas aplicadas e não aplicadas.

Capítulo III – Lançamentos de Abertura e despesas de constituição

1. Lançamentos de Abertura

A escritura de constituição contém cláusulas relativas ao montante do capital


social, à parte subscrita por cada sócio, aos valores que os sócios se obrigam a entregar
para realização das suas partes no capital, aos prazos dentro dos quais essas entregas
devem ser efectuadas, etc. Assim na abertura das contas das sociedades, convém
contabilizar separadamente as várias fases e operações relacionadas com a sua
constituição.

1.1. Contas relacionadas com o capital subscrito


1.1.1. Subscrição e realização do capital

Pela subscrição, os futuros sócios (por enquanto simples subscritores) tomam o


compromisso de entregar à sociedade determinados valores para a formação do capital
social. Quem promete, deve. Portanto, estarão em jogo duas contas: uma de dívidas a
receber (dos subscritores) e, naturalmente, a conta de Capital. Pelo pagamento,
realização ou liberação das quotas e acções, deve ser creditada aquela conta, por
contrapartida das contas do activo correspondentes aos valores entregues.

1.1.2. As contas dos Subscritores do Capital

A conta 16.2 Subscritores de Capital está subdividida consoante a natureza das


entidades subscritoras (entidades públicas, privadas e outras), sendo ainda conveniente
distinguir, as dívidas relativas ao capital subscrito ainda não chamado e já chamado
(mas ainda não realizado), tal como segue:
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16. Outros Devedores


16.2 Subscritores de Capital
16.2.1. Entidades Públicas
16.2.1.1 Capital Subscrito – Não Chamado
16.2.1.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
16.2.2. Entidades Públicas
16.2.2.1 Capital Subscrito – Não Chamado
16.2.2.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado
........
16.2.9. Outras Entidades
16.2.9.1 Capital Subscrito – Não Chamado
16.2.9.2 Capital Subscrito – Chamado e Não Realizado

1.1.3. As Contas do Capital Social

Para além da eventual distinção entre o capital ordinário e capital privilegiado


nas sociedades por acções, na conta 51. Capital devem distinguir-se, o capital subscrito
ainda não chamado e já chamado (ainda não realizado e já realizado) tal como segue:
51. Capital
51.1 Capital Subscrito – Não Chamado
51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado
51.3 Capital Subscrito – Chamado e realizado

1.2. Subscrição particular e realização do capital

Pela subscrição e realização integral do capital em dinheiro os lançamentos a efectuar,


serão:
16. Outros Devedores
16.2 Subscritores de Capital
16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado ...............
6.000,00
a 51. Capital 51.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado ..........................
6.000,00
P/ subscrição do capital da sociedade
X, constituída por esc. pública de .....
11

------------------ , , ------------------------
11. Caixa 3.000
12. Bancos
12.1 Depósitos à Ordem 3.000
a 16. Outros Devedores
16.2 Subscritores de Capital
16.2.x.2 Capital Subscrito – Chamado e não realizado 6.000
Entrega em Numerário e depósitos bancários para realização integral das suas quotas.
------------------ , , ------------------------

Com este lançamento a conta de Subscritores fica saldada. Entretanto, tendo sido
creditada a conta Capital Subscrito – Chamado e não realizado, aquando da subscrição,
torna-se necessário efectuar a sua regularização, substituindo-se aquela conta por
Capital subscrito – Chamado e realizado.

2. Despesas de constituição

A constituição de uma sociedade implica variados gastos, nomeadamente com


planos e projectos, impressão de memórias, boletins e títulos, publicação de anúncios e
programas, escritura notarial, registo comercial, impostos, honorários de advogados e
economistas, etc. Se a colocação dos títulos se efectua por intermédio de
estabelecimentos de crédito, haverá que registar ainda a comissão recebida pelos
mesmos.

Todos os gastos, realizados no período da fundação da sociedade, são


indispensáveis à existência legal da sociedade e ao começo das suas actividades. Sendo
assim, e considerando que a sociedade vai se beneficiar desses gastos por toda a sua
vida, eles não devem ser contabilizados como custos do exercício em que são
realizados, mas sim como imobilizações incorpóreas.

Teremos então por exemplo:


33. Imobilizações Incorpóreas
33.1 Encargos de constituição ou de expansão
a 11. Caixa
12

Pagamento da conta do notário, relativo à escritura


Os gastos de constituição, não podem recuperar-se em caso de liquidação, pelo
que será prudente amortizá-los o mais rapidamente possível.

Capítulo IV – Modificações do Capital


1. Aumento do Capital
1.1. Deliberações sobre alterações do contrato

Neste ponto, todas as alterações do contracto de sociedade só podem ser


deliberadas pelos sócios, em conformidade com o disposto para cada tipo de sociedade,
e devem ser consignadas em escritura pública e inscritas no registo comercial.

Entretanto, convém salientar que:


 Nas sociedades em nome colectivo, só por unanimidade podem ser introduzidas
quaisquer alterações no contrato de sociedade.
 Nas sociedades por quotas, as deliberações de alteração do contrato só podem
ser tomadas por maioria de ¾ dos votos correspondentes ao capital social ou por
número ainda mais elevado de votos, exigido pelo contrato de sociedades;
 Nas sociedades anónimas, as deliberações de alteração do contrato devem ser
aprovadas por dois terços dos votos emitidos.

Em princípio, como esta alteração aumenta a garantia dos credores ou, pelo menos,
não a reduz, qualquer sociedade, reconhecida a insuficiência do capital primitivo ou
actual, tem inteira liberdade para deliberar o seu aumento.

1.2. Modalidades
São duas as modalidades básicas do aumento do capital das sociedades:

1.2.1. Aumento de capital por novas entradas


Implicando sempre um aumento de capital próprio.

1.2.2. Aumento de capital por incorporação de reservas


Implicando, não uma alteração quantitativa do capital próprio, mas apenas
qualitativa, pela transformação de reservas em capital social, aproximando este do valor
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real do patrimônio líquido. Pode-se dizer que o aumento por novas entradas será
oneroso para os sócios, enquanto o aumento por incorporação de reservas será gratuito.

1.3. Aumento do capital por novas entradas

O aumento de capital por novas entradas é geralmente determinado por motivos


económico - empresariais: a insuficiência do capital anterior para conservar ou melhorar
as condições de produção, favorecidas então pela obtenção de novos recursos.

Note-se que o aumento de capital por novas entradas em nada prejudica a


protecção dos credores, mas os sócios poderão ficar prejudicados se o valor das entradas
não corresponder ao valor real das participações e se as novas entradas forem atribuídas
só a alguns dos actuais sócios ou a novos sócios.

A deliberação de aumento de capital deve mencionar expressamente:


a) A modalidade do aumento de capital;
b) O montante do aumento do capital;
c) O montante nominal das novas participações;
d) A natureza das novas entradas (ou as reservas que serão incorporadas no
capital);
e) O ágio, se o houver;
f) Os prazos dentro dos quais as entradas devem ser efectuadas;
g) As pessoas que participaram neste aumento.

Não pode ser deliberado aumento de capital na modalidade de novas entradas


enquanto não estiver definitivamente registado um aumento anterior nem estiverem
vencidas todas as prestações de capital, inicial ou proveniente de anterior aumento.

1.4. Aumento de capital por entradas consistentes em crédito sobre a sociedade

Aqui, teremos de distinguir o aumento de capital deliberado:


 Pelos sócios para conversão de créditos ordinários (incluindo suprimentos) e de
empréstimos obrigacionistas (sujeito a esquema especial);
 Pelos credores (caso especial).
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1.5. Aumento de capital por incorporação de reservas

Esta modalidade de aumento de capital também é designada em países estrangeiros


por “aumento de capital por capitalização de lucros e reservas” (Brasil). “Aumento de
capital por meios da sociedade” (Alemanha), “transformação de reservas em capital”
(Espanha), “aumento de capital a título gratuito” (França).

São vários os motivos que podem levar ao aumento de capital por incorporação de
reservas:
 Aproximar o capital social do capital próprio da sociedade;
 Aumentar o crédito da sociedade;
 Evitar a distribuição de reservas;
 Reduzir a percentagem do dividendo;
 Cumprir imposições legais (para a obtenção de crédito, em concursos públicos,
emissão de obrigações, limitação do montante das reservas em alguns países,
etc.).

Eventualmente, também se poderá desejar reduzir a cotação média das acções,


facilitar um aumento de capital por novas entradas, etc.

2. Reintegração do Capital
2.1. Conceito
Entende-se por reintegração do capital próprio quando este se encontra inferior ao
capital social, em consequência de prejuízos.

Pela reintegração os sócios incorporam no activo da sociedade novos bens ou


desistem de créditos que, porventura, tenham sobre ela. Como é evidente, a reintegração
não constitui uma alteração do contrato de sociedade (o capital social continua a ser o
mesmo), estando apenas em causa um simples aumento do patrimônio líquido, que não
tem expressão naquele contrato.

2.2. Contabilização
Admitamos, portanto, que o balanço de determinada sociedade é o seguinte:
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Balanço
24.400,0
Activo ................................... Capital Próprio
0

Capital

A. Costa ................3.000,00

B. Reis ..................2.000,00 5.000,00

Resultado Líquido (3.500,00)

_______
Passivo .................................. 22.900,00
_

24.400,0
24.400,00
0

Como se observa, o balanço apresenta um prejuízo (3.500) superior a metade do


capital (2.500), pelo que os sócios, na assembleia anual realizada no exercício seguinte,
para evitar a dissolução da sociedade e não querendo reduzir o seu capital social,
acordaram em cobrir com novas entradas os prejuízos verificados.

Então, ter-se-á de registar aquele compromisso ou, no caso de entradas


imediatas, debitar as contas correspondentes às entradas, em qualquer caso por
contrapartida da conta Resultados Transitados, para a qual se havia transferido, no início
deste exercício, o saldo da conta Resultado Líquido do Exercício.

Assim:
11. Caixa .......................................................3.500
a 59. Resultados Acumulados .......................3.500
59.1 De Exercícios anteriores
Entregas dos sócios para reintegração do Capital
16

3. Redução do Capital
3.1. Conceito e Finalidades

A redução do capital consiste, fundamentalmente, na substituição do montante do


capital que consta do contrato da sociedade por um montante inferior.

Naturalmente, a redução do capital é uma alteração do contrato, sendo-lhe


aplicável, em princípio, as respectivas disposições legais.
Note-se, desde já, que havendo o montante do capital a ser igual à soma dos valores
nominais das participações dos sócios, a redução daquele montante implicará
necessariamente uma remodelação das participações.

São vários os motivos que podem levar uma sociedade a reduzir o seu capital, mas
podem reduzir-se a dois:
 Excesso de capital;
 Prejuízos avultados.

A redução por excesso de capital tem por finalidade a libertação do capital


desnecessário (libertação de meios patrimoniais); a redução por prejuízos avultados tem
por finalidade a adequação do capital ao patrimônio líquido actual da sociedade (sem
libertação de meios patrimoniais).

3.2. Modalidades

Modalidades ou formas de redução do capital são os processos técnicos utilizáveis


para manter a igualdade entre o montante do capital e as formas dos valores nominais
das participações sociais.

São possíveis três modalidades:


a) Redução do valor nominal das participações;
b) Reagrupamento das participações;
c) Extinção de participações;
17

Nas sociedades por acções, a redução do capital poderá ser obtida pela redução do
número de acções, isto é, pelo seu agrupamento ou reagrupamento.

3.3. Formas do Processo


Em regra, o processo da redução do capital varia consoante se trata de libertação de
excesso de capital ou redução causada por prejuízos.

Neste caso:
a) A deliberação de redução deve ser registada e publicada;
b) Os sócios não ficam exonerados das suas obrigações de liberação do capital;
c) Pode qualquer credor social, até 30 dias depois de publicada a deliberação de
redução, requerer ao tribunal que a distribuição de reservas disponíveis ou dos
lucros de exercício seja proibida ou limitada, durante um período a fixar, a não
ser que o crédito do requerente seja satisfeito, se já for exigível, ou
adequadamente garantido,
d) Antes de decorrido o prazo concedido aos credores sociais pela alínea anterior,
não pode a sociedade efectuar as distribuições nela mencionadas; a mesma
proibição vale a partir do conhecimento pela sociedade do requerimento de
algum credor.

3.4. Ressalva do Capital mínimo


É permitido deliberar a redução do capital a um montante inferior ao mínimo
estabelecido na lei para o respectivo tipo de sociedade se tal redução ficar
expressamente condicionada à efectivação de aumento de capital para montante igual ou
superior àquele mínimo, a realizar nos 60 dias seguintes àquela deliberação.

O disposto na lei sobre o capital mínimo não obsta a que a deliberação de redução
seja válida se, simultaneamente, for deliberada a transformação da sociedade para um
tipo que possa igualmente ter um capital de montante reduzido.

3.5. Cooperativas
Sendo as cooperativas sociedades de capital variável, a saída voluntária dos sócios
processa-se com a maior simplicidade, durante toda a vida da sociedade.
18

De facto, qualquer membro de cooperativa pode solicitar a sua demissão ou


exoneração, sendo-lhe restituído, no prazo máximo de um ano, o valor dos títulos de
capital realizados, assim como os excedentes, e os juros a que tiver direito relativamente
ao último exercício social, até ao momento da demissão.

Idêntica restituição será feita a qualquer cooperador que seja excluído, por violação
grave e culposa do Código Cooperativo, da legislação complementar aplicável aos
diversos ramos do sector cooperativo ou dos estatutos da cooperativa.

3.6. Contabilização
3.6.1. Redução com Reembolso

O Valor do capital a reembolsar aos sócios deverá ser creditado na conta Credores
Sócios, Accionistas ou Proprietários, subconta Capital a Reembolsar, e, pela parte ainda
não realizada, na subconta Capital Subscrito - Não Chamado ou Capital Subscrito -
Chamado e Não Realizado, consoante o caso, mas debitando-se sempre na conta
Capital.

4. Amortização do Capital
4.1. Conceito de Amortização

A amortização do capital deve ser entendida como “amortização de participações


sociais”, ou seja, “amortização de quotas” e “amortização de acções”, reguladas
diferentemente de tal forma que se torna extremamente difícil definir unitariamente a
amortização.
A amortização pode ser efectuada com ou sem reembolso do capital e com ou sem
redução do capital nominal. A amortização será deliberada pelos sócios, mas no que se
refere às acções também pode ser imposta pelo contrato de sociedade.

4.2. Espécies de Amortização

Considerando um conceito muito lato de amortização, podemos distinguir;


 Amortização integral e restrita, consoante implica a extinção completa dos
direitos sociais ou apenas a sua restrição;
19

 Amortização forçada ou compulsiva e voluntária ou por acordo, consoante


não depende ou depende do consentimento dos sócios;
 Amortização obrigatória e facultativa, consoante existe ou não o direito do
sócio à amortização e a correlativa obrigação da sociedade à amortização;
 Amortização parcial e total, consoante tem por objecto uma fracção ou a
totalidade da participação social;
 Amortização com e sem redução de capital, consoante a amortização é ou não
acompanhada de redução do capital.

4.3. Amortização de Quotas


4.3.1. Conceito de Amortização de Quota

A amortização de quota é a extinção da quota deliberada pelos sócios, a qual só


pode ser efectuada quando permitida pela lei ou pelo contrato. A quota pode ser
amortizada com ou sem consentimento do sócio:
 Com consentimento do sócio, basta a referida permissão genérica;
 Sem consentimento do sócio, é indispensável a ocorrência de um facto de que
a lei ou o contrato de sociedade torne dependente a faculdade de amortização.

Este sistema justifica-se pela existência de diferentes e por vezes antagônicos interesses
em causa na amortização.

4.3.2. Finalidades
4.3.2.1. Fins de ordem financeira:
 Autofinanciamento: pela redução dos lucros futuros a distribuir e consequente
retenção deles no património social;
 Aumento dos lucros futuros a distribuir aos outros sócios: uma vez reduzido o
número inicial de participantes nessa distribuição;
 Redução do capital: a amortização de quotas facilita a operação;
 Fazer sair da sociedade uma reserva e/ou meios financeiros em excesso.
4.3.2.1. Fins relacionados com a pessoa do sócio:
 Forçar a saída de algum sócio;
 Evitar a entrada de novos sócios;
 Sancionar a violação de deveres e obrigações de sócios;
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 Extinguir por compensação a dívida do sócio para com a sociedade.

4.4. Amortização de Acções


4.4.1. Modalidades

A amortização de acções poderá corresponder:


a) Ao reembolso do valor nominal de acções, com modificações dos seus direitos
patrimoniais, mas sem redução de capital (amortização-reembolso);
b) A extinção de acções com redução de capital (amortização-extinção).
Convém considerar separadamente estas duas modalidades.
4.4.1.1. Amortização de acções sem redução de Capital

A assembleia geral pode deliberar, pela maioria exigida para alteração do


contrato de sociedade, que o capital seja reembolsado, no todo ou em parte, recebendo
os accionistas o valor nominal de cada acção, ou parte dele, desde que para o efeito
sejam utilizados apenas fundos que, nos termos legais, possam ser distribuídos aos
accionistas.

Assim, são requisitos essenciais da amortização-reembolso:


 A deliberação social pela maioria exigida para a alteração do contrato;
 A ressalva do capital.
Esta ressalva do capital pressupõe a existência de reservas livres ou especialmente
constituídas para aquele fim (Reserva para Amortização de Acções) equivalentes ou
superiores ao valor do reembolso, o qual, deste modo, não envolve qualquer prejuízo
para os credores sociais.

Note-se que não são exigidas nem a permissão do contrato de sociedade nem a
libertação integral das acções amortizadas. Em qualquer caso, depois do reembolso, os
direitos patrimoniais inerentes às acções são modificados nos seguintes termos:
a) Essas acções só compartilham dos lucros do exercício, juntamente com as
outras, depois de a estas ter sido atribuído um dividendo, cujo máximo é fixado
no contrato de sociedade ou, na falta dessa estipulação, igual à taxa de juro legal;
b) Tais acções só compartilham do produto da liquidação da sociedade, juntamente
com as outras, depois de a estas ter sido reembolsado o valor nominal.
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Conclusão

Chegando a este ponto, concluímos que a partir da contabilidade societária, é possível


entender e calcular toda a situação financeira de uma empresa a partir de instrumentos
como a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. Além do
mais, permite uma gestão mais estratégica e baseada em dados. E ela tem a
possibilidade de analisar a situação financeira da empresa como um todo, identificando
assim, todos os reflexos e operações diárias. Dessa forma, a produção de relatórios
contábeis de avaliação serão muito mais adequados.
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Referências Bibliográficas

▪ Manual de Contabilidade das sociedades – Curso Médio de Contabilidade –


Certificado Vocacional 4, Maputo, Agosto de 2010.
▪ Elias Pereira, Alfredo Kobayashi, Carlos Aragaki, Reginaldo Gonçalves, Valdir
Mompean, José R. De Lima – Fundamentos da Contabilidade.
▪ Código Comercial de Moçambique.

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