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Escola Superior de Relações Internacionais

Curso de Relações Internacionais e Diplomacia

Trabalho de Conclusão de Licenciatura

Tema:

Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no Desenvolvimento Económico das


Comunidades Locais em Moçambique: (2004-2018)

Candidato: Supervisor:

Fares Pio Alberto MA. Kilton Portugal

Maputo, Novembro de 2022

i
DECLARAÇ1ÃO DE AUTORIA

Eu Fares Pio Alberto, declaro por minha honra que o presente trabalho é da minha autoria e
que nunca foi anteriormente apresentado para avaliação em nenhuma instituição de ensino
superior nacional ou de outro país.

O candidato

__________________________________

(Fares Pio Alberto)

ii
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DO SUPERVISOR

Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no Desenvolvimento Econômico


das Comunidades Locais em Moçambique (2004-2018).

Monografia a ser submetida a Universidade Joaquim Chissano(UJC), como cumprimento


parcial dos requisitos necessários para obtenção do grau de Licenciatura em Relações
Internacionais e Diplomacia

O candidato O Supervisor

________________________________ ______________________________

(Fares Pio Alberto) (Kilton Portugal MA)

iii
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... vii


DEDICATÓRIA....................................................................................................................................... viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIARTURAS ..................................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS.................................................................................................................................. xi
SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................................... xii
Introdução .............................................................................................................................................. 1
Delimitação do Espaço e do Tempo ....................................................................................................... 2
Contextualização ................................................................................................................................. 2
Justificativa ......................................................................................................................................... 4
Problematização .................................................................................................................................. 4
Objectivo Geral ..................................................................................................................................... 6
Objetivos especificos ............................................................................................................................. 6
Questões de Pesquisa .......................................................................................................................... 6
Hipoteses ............................................................................................................................................. 6
Metodologia ........................................................................................................................................ 7
Classificação da Pesquisa .................................................................................................................... 7
Métodos da Pesquisa ........................................................................................................................... 8
Métodos de Procedimentos ................................................................................................................. 8
Técnicas do Trabalho .......................................................................................................................... 9
Capitulo 1: Quadro Teórico e Conceptual ........................................................................................ 11
1.1. Quadro Teórico ..................................................................................................................... 11
1.1.1. Teoria Pluralista ................................................................................................................ 11
1.1.1.1. Contexto do Surgimento da Teoria Pluralista ............................................................... 11
1.1.2. Teoria do Paradigma Eclético de Dunning ....................................................................... 14
1.1.2.1. Contexto do Surgimento da Teoria Eclética de Dunning .............................................. 14
1.1.3. Complementaridade das Teorias ............................................................................................. 16
1.1.4. Marco Conceptual ............................................................................................................. 16
Capitulo 2: Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em Moçambique ................................. 19
2.1. Investimento Directo Estrangeiro .............................................................................................. 19
2.1.1. Tipos de Investimento Directo Estrangeiro............................................................................. 20

iv
2.1.1.1. IDE Horizontal ..................................................................................................................... 20
2.1.1.2. IDE vertical ......................................................................................................................... 21
2.2. A SASOL ................................................................................................................................... 23
2.2.1. Caracterização da Sasol .......................................................................................................... 23
2.2.1.1. Mineração na Sasol .............................................................................................................. 23
2.2.1.2. Combustível Sintético na Sasol............................................................................................ 24
2.2.1.3. Gás e Petróleo na Sasol ....................................................................................................... 24
2.2.1.4. Comércio de Químicos na Sasol .......................................................................................... 24
2.2.1.5. Tecnologias na Sasol............................................................................................................ 25
2.2.2. Principais Áreas de Actuação da Sasol ................................................................................... 26
2.2.2.1. Área da Energia da Sasol ..................................................................................................... 26
2.2.2.1.1. Processamento de Gás na Sasol ........................................................................................ 26
Tabela 1 Tipos de Gás Produzidos pela Sasol e Quantidade de Venda ...................................... 27
2.2.2.2. Área de Mineração na Sasol................................................................................................. 27
Tabela 2: Mineração na Sasol ....................................................................................................... 28
2.2.2.3. Área de Químicos da Sasol .................................................................................................. 29
2.2.2.3.1. Materiais Avançados ......................................................................................................... 29
2.2.2.3.2. Químicos Básicos.............................................................................................................. 29
2.2.2.3.3. Produtos Químicos de Cuidados Essenciais ..................................................................... 30
2.3. Sasol em Moçambique .............................................................................................................. 31
2.3.1. Principal Área de Atuação da Sasol em Moçambique ........................................................... 31
2.3.2 O Quadro Legal para a Actuaçao da Sasol em Moçambique.................................................. 32
2.3.3. Relação Contractual entre a Sasol e Governo de Moçambique .............................................. 33
Capítulo 3: Factores Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol em
Moçambique. ....................................................................................................................................... 35
3.2. A Abertura Comercial de Moçambique para o Mercado Internacional ..................................... 36
.3.3. Recursos Energéticos em Moçambique .................................................................................... 37
3.3.1. Carvão Mineral em Moçambique ....................................................................................... 37
Tabela 3: Companhias que Pesquisam e Exploram o Carvão Mineral em Moçambique ............. 39
3.3.2 Gás Natural em Moçambique .............................................................................................. 40
Tabela 4: Companhias que Exploram e Pesquisam o Gás Natural em Moçambique ................... 41
Capítulo 4: Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no Desenvolvimento
Económico das Comunidades Locais em Moçambique. .................................................................. 43
4.1. Infraestrutura .............................................................................................................................. 43
4.1 Emprego ...................................................................................................................................... 44

v
4.2. Saúde .......................................................................................................................................... 45
4.3. Educação .................................................................................................................................... 45
4.4. Agricultura ................................................................................................................................. 46
Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 48

vi
AGRADECIMENTOS

É um presente divino terminar o curso de Relações Internacionais e Diplomacia, deste modo,


quero agradecer a Deus pela saúde e pelas dificuldades vencidas no decorrer do curso.

De seguida endereço os meus agradecimentos aos meus pais, Pio Alberto e Zura Abílio pela
educação e pelo acompanhamento desde o ensino primário ao superior e agradecr também
aos meus irmãos Piodosa Pio, Rocha Pio, Elisabethe Pio, Ladino Pio, Josué e Calebe Pio, ao
meu cunhado Atanásio Cardoso e aos meus sobrinhos e filhos Ebenezer Cardoso e Miriam
Cardoso pelo suporte e motivação dada a mim duranrte a caminhada na faculdade.

Agradecer de forma especial ao meu supervisor MA. Kilton Portugal pelas instruçoes e pelos
ensinamentos dados durante a elaboraçao desta pesquisa. Salientar que tem sido uma
expiração pessoal na área académica. Agracer ao corpo docente da Universidade Joaquim
Chissano, pelos ensinamentos e pela formação e capacitação em materias de Relações
Internacionais e Diplomacia. Quero agradecer também a magna Universidade Joaquim
Chissano por conceder a mim uma Bolsa completa de estudo para que eu formasse na área
acima citada, o meu muito obrigado.
Por fim, quero agradecer de forma carinhosa aos meus amigos, colegas e familia adquirida
em Maputo, o meu obrigado a Décio Tchavana, Vilma Taero, Argentino Amisse, Bonifácio
Armando, Marcos Cussaia, Juma Januário, Rabia Pode, Pedro Ncuna, Litos Augusto, Norima
Uqueio e a todos do ano 2017 do curso de Relaçoes Internacionais e Diplomacia que
ajudaram-me nesta caminhada estudantil.

vii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais:

Pio Alberto Vinace e Zura Abílio Vinace

viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIARTURAS

CARBOMOC - Empresa Estatal de Carvão de Moçambique

CGM - Companhia Moçambicana do Gasoduto

CMH - Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos

CIP – Centro de Integridade Pública

CPF - Central de Facilitação de Processamento

EITI - Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas

ENH – Empresa Nacional de Hidrocarbonetos

ENRC - Eurásia Natural Resource Corporation

GC – Gás Condesado

GM – Gás Metano

GN – Gás Natural

IDE – Investimento Direto Estrangeiro

INEFP – Instituto Nacional do Emprego e Formaçao Profisional

INP - Instituto Nacional de Petróleos

IRPC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas

JSE – Johanesburg Stock Exchange

KZN - Kwa-Zulu Natal

ix
LTFT - Low Temperature Fischer Tropsch

MGC – Matola Gas Company

NYSE – New York Stock Exchange

OAM – Ordem dos Advogados de Moçambique

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PEC - Politica e Estratégia Comercial

PIB - Produto Interno Bruto

PPA – Acordo de Produção Petrolífera

RENAMO - Resistência Nacional de Moçambique

ROMPCO – Republic of Mozambique Pipeline Investments Company

SEPI - Sasol Exploration and Production International

SPD - Slurry Phase Distillate

SADC – Southern African Development Community

SASOL – South Africa Synthetic Oil Liquid

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tipos de Gás Produzidos pela Sasol e Quantidade de Venda..........................26

Tabela 2: Mineração na Sasol............................................................................................27

Tabela 3: Companhias que Pesquisam e Exploram o Carvão Mineral em Moçambique.38

Tabela 4: Companhias que Exploram e Pesquisam o Gás Natural em Moçambique.......40

xi
SUMÁRIO EXECUTIVO

A presente pesquisa tem como tema: Impacto do Investimento Directto Estangeiro da Sasol
no Desenvolvimento Económico das Comunidades Locais em Moçambique. Esta
desenvolveu-se no período temporal compreendido entre 2004 á 2018, tendo como
delimitação espacial o Estado moçambicano, em especial a provincia de Inhambane na qual a
Sasol opera. O objectivo desta pesquisa é de compreender o Impacto do Investimento
Directo Estrangeiro da SASOL em particular no Desenvolvimento Económico das
Comunidades Locais em Moçambique. Deste modo, a pesquisa foi sustentada com a duas
(2) teorias que são: Teoria Pluarista e Teoria do Paradigma Eclético de Dunning. No âmbito
metodologico a pesquisa foi classificada quanto a natureza: básica, quanto aos objectivos:
analitica-explicativa, quanto a abordagem do problema sedo esta qualitativa, quanto ao
método de abordagem é hipotético-dedutivo. A pesquisa foi elaborada com base a três (3)
métodos de procedimentos que são: histórico, comparativo e monográfico e três (3) técnicas
sendo estas: técnica de entrevista, documental e bibliográfica. Através destes meios usados na
elaboração desta pesquisa, constatou-se que a Sasol contribui de forma significativa no
desenvolvimento económico das comunidades locias em que esta opera, sendo que, a
multinacional está engajada com projectos sociais que visam criar oportunidades de emprego,
construções e reabilitações de infraestrutura como estradas, escolas, mercados e hospitais,
fornecimento de intrumentos para a área da agricultura. Destre modo, foram alcançados os
objectivos da pesquisa e consideradas validas as hipóteses levantadas em conformidade com
as evidências apresentadas.

Palavras-chaves: Investimento Directo Estrangeiro, Desenvolvimento Económico e


Desenvolvimento Local.

xii
Introdução

O presente trabalho tem como tema: Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no
Desenvolvimento Económico das Comunidades Locais em Moçambique. sendo feita uma
pesquisa com delimitação temporal que parte do ano de 2004 à 2018. Esta pesquisa torna-se
relevante na medida em que busca compreender o impacto da Sasol no desenvolvimento
economico das comunidades locais em moçambique, visto que este tem explorado o gás de
pande e temane desde 2004.

A pesquisa enquadra-se num contexto em que investimento directo estrangeiro (IDE) tem
assumido um papel fundamental no processo de desenvolvimento socio-económico dos paises
em desenvolvimento e Moçambique tem sido alvo de investimentos no sector energético por
razões de significativas descobertas e de sucessos de exploração de recursos naturais.

Deste modo, com a crescente importância da indústria extractiva na economia nas últimas duas
décadas, o Estado moçambicano aprovou extensa legislação no sector extrativo com enfoque no
sector mineiro, do petróleo e do gás pela necessidade de atrair IDE, o que implicava o
cumprimento das normas internacionais para responder as pressões dos investidores (CIP,
2017:7).

Em 2000 a empresa sul-africana Sasol assumiu um compromisso com o governo de Moçambique


para desenvolver um projecto de produção de 120 milhões de Giga Joules de gás para o consumo
em Moçambique e comercialização na Africa do Sul por 25 anos, este compromisso viabilizou o
projecto de gás natural a partir dos jazigos de Pande e Temane e construção de um gazeduto de
865km entre Temane e Secunda na Africa do sul, permitindo que Moçambique torne-se maior
produtor e explorador de gás natural na Africa (Ibid).

1
Delimitação do Espaço e do Tempo

A pesquisa tem como marco espacial o território moçambiçano. A escolha de Moçambique deve-
se ao facto deste possuir significativas reservas de gás natural localizadas principalmente nas
provincias de Cabo Delgado e de Inhambane, o que torna o país em alvo de grandes
investimentos no sector energético, como é o caso da multinacional sul-africana SASOL o
objecto de estudo desta pesquisa que opera em Inhambane (CIP, 2017:7).

A nível temporal, escolhe-se o período entre 2004 à 2018. A escolha do ano 2004 deve-se ao
inicio das actividades de produção e exportação de gás moçambicano pela SASOL tendo como
destino a vizinha África do Sul, após os acordos assinados em Outubro do ano 2000, entre o
governo moçambicano, a ENH e a SASOL o que viria a ser o desenvolvimento da indústria de
gás natural em Moçambique (Mosse e Selemane, 2008:9). E a escolha do ano de 2018 deve-se
pelo facto da multinacional SASOL contribuir com o maior investimento social na comunidade
local em que opera com cerca de US$ 40 milhões que resultou na construção de um centro de
saúde em Nhapele, reabilitações de escolas e fornecimento e abastecimento de água para
irrigação na área da agricultura a nível do distrito de Inhassoro1.

Contextualização

A pesquisa enquadra-se num contexto em que investimento directo estrangeiro (IDE) tem
assumido um papel fundamental no processo de desenvolvimento socio-económico dos paises
em desenvolvimento. De acordo com Anyanwu (2012:5) o investimento direto estrangeiro
contribui para o desenvolvimento econômico do receptor de IDE principalmente por duas
formas: a primeira através do aumento do capital doméstico e a segunda através da transferência
de novas tecnologias.

No âmbito politico-ecónomico, com a crescente importância da indústria extractiva na economia


nas últimas duas décadas, o Estado moçambicano aprovou extensa legislação no sector extrativo
com enfoque no sector mineiro, do petróleo e do gás pela necessidade de atrair IDE, o que

1
Sasol (2019), Consultado em:
https://www.sasol.com/sites/default/files/content/files/20.%20Sasol%20in%20Mozambique%2004_11_2019%20%2
8Pt%29.pdf aos 10 de Junho de 2022.

2
implicava o cumprimento das normas internacionais para responder as pressões dos investidores.
Em 2000 a empresa sul-africana Sasol assumiu um compromisso com o governo de Moçambique
para desenvolver um projecto de produção de 120 milhões de Giga Joules de gás para o consumo
em Moçambique e comercialização na Africa do Sul por 25 anos, este compromisso viabilizou o
projecto de gás natural a partir dos jazigos de Pande e Temane e construção de um gazeduto de
865km entre Temane e Secunda na Africa do sul, permitindo que Moçambique torne-se maior
produtor e explorador de gás natural na Africa Austral (CIP, 2017:7).

Segundo Mosse e Selemane (2008:10) no ano de 2007, o consumo de gás natural em


Moçambique foi de cerca de 1,5 milhões de gigajoules. Uma parte desta quantidade de gás
natural foi utilizada na produção de electricidade nos distritos do norte da Província de
Inhambane e outra parte distribuída foi comercializada pela MGC (Matola Gas Company) a
diversos consumidores na zona industrial da Matola e Machava. As quantidades de gás natural
produzidas e exportadas para a África do Sul têm vindo a aumentar, desde o início da produção
em princípios de 2004, devendo atingir o nivel de 120 milhões de gigajoules anuais em 2008.

As preocupações com a governação do sector e as exigências de maior responsabilização na


gestão das receitas dos recursos, levaram Moçambique a aderir à Iniciativa de Transparência das
Indústrias Extractivas (EITI) em 2009 e a tornar-se um membro de pleno direito em 2012,
(Macuane e Muianga 2020:6). Com a presença da multinacional SASOL na província de
inhambane, Moçambique assistiu uma nova época de desenvolvimento industrial no sector de
gás que impulsionou o desenvolvimento económico e social de moçambique no geral, e em
particular das comunidades locais em que a multinacional opera (Ibid:7).

3
Justificativa

A nivel académico, são várias pesquisas que abordam sobre o impacto do investimento directo
estrangeiro no desenvolvimento económico de Moçambique como as dos pesquisadores
Morgado (2017), e Mucanze (2016). Contudo, poucas pesquisas falam do impado do IDE no
desenvolvimento económico das comunidades locais. Nesta perpespetiva, com o
desenvolvimento desta pesquisa, pretende-se estudar o Investimento Directo da SASOL e como
este influencia no desenvolvimento económico das comunidades locais em Moçambique,
particularmente na província de Inhambane.

Problematização

Moçambique tem sido alvo de investimentos no sector energético por razões de significativas
descobertas e de sucessos de exploração de recursos naturais. Tem havido várias argumentações
diferentes por parte de especialistas na área, no que tange ao desenvolvimento económico do país
através da exploração de recursos energéticos.

Segundo Januzzi et all (1997:10), o investimento no sector energético contribui para o


desenvolvimento económico e social através da aquisição de bens e serviços produzidos
localmente e da contratação de moçambicanos. Para Barros (2004:14), o IDE no sector
energético pode ser contribuinte significativo para o desenvolvimento incluindo o crescimento
do produto interno bruto (PIB), geração de receitas de exportação, e algum nível de criação de
emprego em Moçambique.

Por outro lado, segundo Wache (2008, citando Kassotche, 1999:67)2, As empresas
multinacionais que implantam os megaprojectos são operadoras imperialistas que exploram em
benefício dos seus dirigentes, ao mesmo tempo em que criam um trama de dependência política e
subdesenvolvimento económico e drenam a maior parte dos resultados da sua produção para os
países de origem, estando interessadas em manter o uso de uma força de trabalho relativamente
barata, baixas taxas de impostos e ter uma liberdade de manobra dentro do país. Para Nogueira
(2012:45), as multinacioanais enquanto no processo de exploraçao dos recursos naturais estão
apenas preocupadas no seu benefício económico a longo prazo através de pequenos incentivos a

2
Kassotche, F. D., (1999) Globalização: receios dos países em vias de desenvolvimento, ISRI, Maputo

4
sociedade onde estão inseridas sem qualquer compromisso no desenvolvimento da mesma
sociedade.

A divergência de opiniões entre os autores acima citados mostra que não existe uma única
percepção do impacto das multinacionais como é o caso da Sasol na promoção do
desenvolvimento das comunidades locais. Nesta perspectiva, urge questionar:

Qual é o Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no Desenvolvimento


Económico das Comunidades Locais em Moçambique?

5
Objectivo Geral

Compreender o Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em particular no


Desenvolvimento Económico das Comunidades Locais em Moçambique.

Objetivos especificos

• Descrever o investimento directo estrangeiro da SASOL em Moçambique.


• Identificar os factores determinantes do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em
Moçambique.
• Analisar o Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL no Desenvolvimento
Económico das Comunidades Locais em Moçambique.

Questões de Pesquisa

• Como se descreve o investimento directo estrangeiro da SASOL em Moçambique?


• Quais são os factores determinantes do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em
Moçambique?
• Qual é o impacto do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL no desenvolvimento
económico das comunidades locais em Moçambique?

Hipoteses

• O investimento directo estrangeiro da Sasol em Moçambique descreve-se pela exploração


de gás natural em Inhambane.
• A demanda pelos recursos energéticos em Moçambique pode ser um dos factores
determinantes do Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em Moçambique.
• O Investimento Directo Estrangeiro da SASOL tem impacto positivo no desenvolvimento
económico das comunidades locais em Moçambique.

6
Metodologia

Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observadas para a


construção do conhecimento com o propósito de comprovar a sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade (Prodanov e Freitas, 2013:14).

Classificação da Pesquisa

A presente pesquisa é classificada quanto a natureza da pesquisa, quanto aos objectivos e da


abordagem da pesquisa, serão também aparesentados os métodos e técnicas para a usados para a
realização da pesquisa.

Quanto à Natureza a pesquisa é básica, este tipo de pesquisa tem como objectivo gerar
conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve
verdades e interesses universais (Gil, 2007:43). Neste ámbito, a pesquisa contribui para o avanço
da ciência no geral, e em particular para a área de Economia de Desenvolvimento e aprofundar
os estudos sobre os resultados do Investimento Directo Estrangeiro em Moçambique.

Quanto aos Objetivos a pesquisa é analítica-explicativa. Segundo Gil (1999 citado por Lundin,
2016:121)3 a pesquisa explicativa tem como objetivo básico a identificação dos fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência de um fenômeno. É o tipo de pesquisa que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as relações de causa e
efeito dos fenômenos. Desta forma, a pesquisa permite a percepção da presença da SASOL em
Moçambique de forma analítica e explicativa, permite descrever os factores que contribuem para
que haja investimentos no país por parte da SASOL e como estes influeciam no desenvolvimento
económico das comunidades locais em Moçambique.

Quanto à Abordagem do Problema a pesquisa é qualitativa. Segundo Gerhardt e Silveira


(2009:31), A pesquisa qualitativa caracteriza-se em não se preocupar “com representatividade
numérica, mas sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma
organização”, proporcionando uma melhor visão e compreensão do contexto do problema. Esta
pesquisa faz uma profunda análise de dados sem tradução numérica sobre o impacto do

3
Gil, António Carlos (1999). Metodologia. Como Elaborar Projetas de Pesquis. Atlas. São Paulo

7
investimento directo estrangeiro proveniente da SASOL no desenvolvimento económico das
comunidades locais em Moçambique.

Métodos da Pesquisa

Os Métodos de trabalho correspondem a escolha das técnicas de pesquisa e métodos para o


desenvolvimento deste trabalho. Assim sendo, apresentam-se os métodos de abordagem, os
métodos de procedimento assim como as técnicas.

Métodos de Abordagem

Segundo Andrade (1998:118), é o caminho que se utiliza para realizar o objectivo geral da
pesquisa científica. Em outras palavras, o método de abordagem refere-se ao conjunto de
métodos que vão organizar, de forma lógica, o pensamento para solucionar o problema da
pesquisa. Para esta pesquisa recorreu-se ao método de abordagem hipotético-dedutivo.

Método Hipotético-Dedutivo - é aquele em que os conhecimentos disponíveis sobre um


determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenómeno surgindo assim o
problema, de seguida tenta explicar as dificuldades expressas no problema, e assim, são
formuladas hipóteses que levam a certas consequências a serem testadas, (Gil 1999:303), Este
método foi usado para a facilitação na formulação de hipóteses relacionadas à pesquisa, no
sentido de tirar conclusões sobre o impacto do investimento directo estrangeiro da SASOL no
desenvolvimento das comunidades locais em Moçambique.

Métodos de Procedimentos

Os métodos de procedimento tem uma finalidade mais restrita, aplicando-se aos objectivos
específicos do trabalho (Andrade, 1998:118). Para apesquisa recorreu-se aos seguintes métodos
de procedimentos: Histórico, Comparativo e Monográfico.

Método Histórico - consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado


para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma
actual através de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo
contexto cultural particular de cada época (Marconi e Lakatos, 2003:107). Este método foi
relevante porque permitiu, entre outros aspectos, a percepção do processo de desenvolvimento

8
económico das comunidades locais de Moçambique através do investimento estrangeiro
proveniente da Sasol.

Método Comporativo - é o estudo de semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos,


sociedades ou povos, este método realiza comparaçoes com finalidade de verificar similitudes e
explicar semelhanças. O método comparativo é usado também tanto para comparaçoes de grupos
ou sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Este método ajudou a
avaliar e comparar o nivel de desenvolvimento económico das comunidades locais em
moçambique antes e depois do investimento directo estrangeiro da Sasol no País, (Marconi e
Lakatos 2003:107).

Método Monográfico - parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade pode ser
considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes, o método
monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições,
grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações, (Marconi e Lakatos
2003:108). O método monográfico ajudou a entender e fazer um estudo aprofundado sobre o
impacto do investimento directo estrangeiro no desenvolvimento económico das comunidades
locais em Moçambique.

Técnicas do Trabalho

São conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, e podem ser também
habilidades ou normas, para obtenção de propósitos, (Marconi e Lakatos 2003:222). Para
elaboração da presente pesquisa recorreu-se à seguintes técnicas: Entervista, Documental e
Bibliográfica

Técnica de Entrevista - é uma das principais técnicas de coletas de dados e pode ser definida
como conversa realizada face a face pelo pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método
para se obter informações sobre determinado assunto. Esta técnica foi usada para obter
informações sobre o tema em estudo através da interação do pesquisador com os especialistas na
matéria em estudo, (Cervo & Bervian 2002).

Pesquisa Documental - trata-se de fontes primárias que são usadas como suporte para a
pesquisa em combinação com os métodos de pesquisa escolhidos. Este método auxiliou na

9
recolha leitura e análise da documentação com vista a garantir a credibilidade e autenticidade da
informação para o desenvolvimento da Pesquisa.

Pesquisa Bibliográfica - é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído,


principalmente, de livros e artigos científicos e é importante para o levantamento de informações
básicas sobre os aspectos diretos e indiretamente ligados à temática, (Vergara 2000). Permitiu a
revisão material já elaborado para o apoio científico da pesquisa.

10
Capitulo 1: Quadro Teórico e Conceptual

O presente capítulo apresenta a Teoria Pluralista e o Paradigma Eclético de Dunning servindo de


guias para a elaboração do trabalho, para além de apresentar os conceitos-chave desta pesquisa.
Este capítulo encontra-se dividido em dois subcapítulos, a saber: o subcapítulo teórico e o
subcapítulo conceptual. No subcapítulo teórico, apresenta-se a teoria guiando a elaboração do
trabalho, abordando sobre o contexto de surgimento, os principais precursores, os pressupostos
básicos e a sua relevância para o trabalho. No subcapítulo conceptual procura-se definir e
discutir alguns conceitos como é o caso do conceito Investimento Directo Estrangeiro,
Desenvolvimento Económico e Comunidade Local.

1.1. Quadro Teórico

O quadro teórico aborda sobre a ferramenta de análise com a qual a pesquisa é lida e explicada,
facilitando assim a analise e interpretação dos fenómenos. Nesta pesquisa, aplicam-se duas
teorias, nomeadamente a Teoria Pluralista e o Paradigma Eclético de Dunning.

1.1.1. Teoria Pluralista

O Pluralismo é uma das teorias de relações internacionais que ganhou destaque pelo seu
liberalismo explicativo sobre as diferentes questões das relações internacionais contrariando as
ideiais do realismo.

1.1.1.1. Contexto do Surgimento da Teoria Pluralista

As origens do pluralismo podem ser buscadas no pensamento político da Antiga Grécia, dos
liberais dos séculos XVIII e XIX e, mais recentemente, nos escritos académicos sobre o
comportamento de grupos de interesse e organizações. Tal como o termo sugere, os pluralistas

11
vêm as relações internacionais em termos da multiplicidade dos actores desafiando assim a
posição privilegiada em que os realistas colocam o Estado.

1.1.1.2. Percursores da Teoria Pluralista

Segundo Viotti e Kauppi (1993:229 citado por Bedin et al)4, no pluralismo é difícil identificar os
precursores devido ao facto de muitos dos seus escritores não terem sido observadores das
relações internacionais como tal, mas sim economistas, cientistas sociais, teólogos ou cientistas
políticos interessados em políticas domésticas. No entanto, Grotius (1957) e Carr (1939) tiveram
um impacto significante nos teóricos associados à imagem pluralista.

1.1.1.3. Pressupostos da Teoria Pluralista

Segundo Bedin (2004:44, citando Viotti e Kauppi1993:229)5 identificam os seguintes


pressupostos básicos para o pluralismo:

• Os actores não estatais são entidades importantes na política mundial. Portanto, no


sistema internacional os outros actores tais como, as organizações internacionais, as
corporações multinacionais, os grupos terroristas, os comerciantes de armas e os
movimentos de guerrilha têm um papel de destaque na dinâmica das relações
internacionais.

• Os Estados não são actores unitários. Ele é composto por indivíduos que estão em
competição. O Estado é algo abstracto e não pode ser tratado como se fosse um ser físico
que age sempre de maneira coerente. O Estado é composto por burocracias, grupos de
interesses e indivíduos que tentam formular ou influenciar a política externa. A
competição, construção de coligações, conflito e compromisso entre estes actores são os
ingredientes da política. A decisão não é feita por uma entidade abstracta (Estado
4
Kauppi, Mark V., e Viotti, Paul R, (1993). International Relations. Realism, Pluralism, Globalism, andbeyond.
Allynand Bacon: Boston.
5
Kauppi, Mark V., e Viotti, Paul R, (1993). International Relations. Realism, Pluralism, Globalism, andbeyond.
Allynand Bacon: Boston

12
unitário), mas sim pela combinação de actores no âmbito do estabelecimento da política
externa.

• Os pluralistas questionam a concepção realista segundo a qual o Estado é um actor


racional. Pela sua visão fragmentada sobre o Estado, assume-se que o choque de
interesses, a negociação e a necessidade de compromisso fazem com que, por vezes, o
processo de tomada de decisão não seja racional;

• Por fim, para os pluralistas, a agenda das relações internacionais é extensiva, apesar de a
segurança nacional ser importante. Para estes teóricos, a agenda tem que abranger
questões que têm a ver com a economia, com a sociedade, e com questões ecológicas que
emergem da crescente interdependência entre os Estados e sociedades. Os pluralistas
rejeitam a dicotomia highpolitcs versus lowpolitics aceite pela maioria dos realistas, pelo
que as questões socioeconómicas por vezes são tão importantes quanto aos militares.

1.1.1.4. Aplicabilidade da Teoria Pluralista

A teoria pluralista é aplicável a pesquisa pelo facto deste apresentar pressupostos suficientes que
que foram pertinentes para o desenvolviemento do trabalho. O pluralismo quanto teoria aplicável
a pesquisa, ajudou no desenvolvimento do trabalho por propor a multidimensionalidade dos
actores não estatais nas relações imternacionais tais como: as organizações internacionais, as
corporações multinacionais e suas influencias na agenda dos Estados. Desta forma, o pluralismo
contribuiu na explicação da actuação da multinacional SASOL em Moçambique e como esta
influencia na agenda do desenvolvimento económico das comunidades locais através do
investimento directo estrangeiro no sector energético.

13
1.1.2. Teoria do Paradigma Eclético de Dunning

A falta de um modelo formal que relacionasse todos os aspectos envolvidos em um processo de


internacionalização com o mercado levou os economistas a buscarem uma abordagem mais
eclética para o assunto.

1.1.2.1. Contexto do Surgimento da Teoria Eclética de Dunning

O Paradigma Eclético de Dunning (modelo OLI) se destaca a partir da década de 70, por ser
considerada a mais completa e integradora. Até meados da década de 70, o cenário acadêmico
mundial era dominado por diversas teorias a respeito da internacionalização produtiva das
empresas. Tais teorias, apesar de trazerem importantes insights sobre os motivos e efeitos do
movimento de internacionalização, eram consideradas insatisfatórias.

Nesta perspectiva, surge o Paradigma Eclético de John Dunning apresentado no Simpósio Nobel
de 1976 em Estocolmo, com o objetivo de explicar a atuação e o padrão das firmas no exterior,
ela se tornou uma teoria específica para um caso particular do processo de internacionalização,
pois ela trata tão somente dos fatores que orientam uma empresa a realizar investimentos diretos
em países estrangeiros de modo a entender como funcionava a produção internacional como um
todo (Rodrigues, 2010:2).

1.1.2.2. Precursores Teoria Eclética de Dunning

Segundo os autores Taggart e McDermott (1993: 27), Seabra (2002: 14) e Costa et al. (2015: 4)
apresentam como formulador deste paradigma o estudioso John Dunning um economista
britânico.

14
1.1.2.3. Pressupostos Teoria Eclética de Dunning

O Paradigma Ecléctico de Dunning, Segundo Seabra (2002: 14) e Costa et al (2015: 4) assenta-se
em três pressupostos básicos:

• As vantagens de Propriedade (em inglês Ownership – O) são entendidas como vantagens


específicas da empresa, ou seja, aquelas vantagens que as EMNs detêm em
exclusividade, e que lhes dá uma superioridade sobre os seus concorrentes nos mercados
externos. Neste tipo de vantagens são considerados principalmente activos intangíveis
(tecnologia; investigação e desenvolvimento; recursos humanos, informações; processos
produtivos, marcas; patentes).
• As vantagens de Localização (L) refere a uma determinada localização, que
consubstancia aspectos determinados de cada país ou região de localização. Neste nível
de vantagens faz-se referência, em geral, à mão-de-obra, aos impostos domésticos, às
infra-estruturas, entre outrose
• As vantagens de Internalização (I) neste últimpo, referente à internalização, advém das
actividades por parte das empresas devido à redução dos custos de transacção das
actividades ou da incerteza.

1.1.2.4. Aplicabilidade Teoria Eclética de Dunning

O Paradigma Eclético de Dunning é aplicável à esta pesquisa pelo facto deste enunciar
pressupostos que melhor explicam os factores determinates para que haja investimento directo
estrangeiro e compreender porque os investidores dos países desenvolvidos em sua estratégia de
internacionalização produtiva tendem a se dirigir para países intensivos em recursos naturais e ou
mão-de-obra acessível. O paradigma foi escolhido pelo facto de ir ao encontro do primeiro e
segundo objectivo específico da pesquisa, indificar e explicar os factores determinantes do IDE
da SASOL em Moçambique.

15
1.1.3. Complementaridade das Teorias

A teoria pluralista e o paradigma eclético de Dunning usadas nesta pesquisa complementam-se


na medida em que a primeira enuncia a multidimensionalidade dos actores não estatais nas
relações internacionais abrindo espaço para actuação das corporações multinacionais fora dos
seus países de origem e a segunda explica os factores que determinam a actuação das
corporações multinacionais no exterior, deste modo, a abertura do pluralismo dá espaço à
investimentos e actuação de multinacionais como é o caso da Sasol no exterior.

1.1.4. Marco Conceptual

Neste subcapítulo, são debatidos os principais conceitos que guiam o desenvolvimento da


pesquisa. Neste ámbito, são debatidos os seguintes conceitos: Investimento Directo Estrangeiro,
Desenvolvimento Económico e Desenvolvimento Local.

1.1.4.1. Investimento Directo Estrangeiro

Para Corrêa et all (2016:3), o Investimento Direto Estrangeiro é um relacionamento de longo-


prazo que reflete um permanente interesse e controle por um estrangeiro sobre uma empresa
residente em outra economia. De Acordo com a OCDE (2013, citado por Trigueiros 2017:14)6,
define o IDE como o investimento realizado por uma entidade residente numa economia, com o
objetivo de obter um interesse duradouro numa entidade residente noutra economia. Segundo
Mencinger (2003, citado por Santos 2017:3)7, o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) é
considerado como um importante motor do crescimento económico dos países em

6
OCDE (2013). “OECD Factbook 2013: Environmental and Social Statistics”, OECD Ilibrary [Online] Consultado
em: http://www.oecd-ilibrary.org/sites/factbook-2013- en/04/02/01/index.html?itemId=/content/chapter/factbook-
2013-34-en. aos 23 de Julho de 2022.
7
Mencinger, J. (2003). Does foreign direct investment always enhance economic growth?. Consultado em:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.0023-5962.2003.00235.x/abstract aos 23 de julho de 2022.

16
desenvolvimento, este fenómeno surge muitas vezes associado a vetores de transferências de
riqueza e conhecimento de um país para outro, estimulando assim, o crescimento nos países de
acolhimento.

Nos três conceitos apresentados acima, a pesquisa apoio-se na definição de IDE enunciado por
Mencinger (2003, citado por Santos 2017:3), na qual enfatiza a tranferencias de riqueza e
conhecimento de um país para outro impulsionando o crescimento económico, não somente
criando lucros para o investidor.

1.1.4.2. Desenvolvimento Económico

Segundo Milone (1998:33) diz que desenvolvimento económico é a existência de variação


positiva de crescimento económico, medido pelos indicadores de renda, renda per capita e PIB
per capita, de redução dos níveis de pobreza, desemprego, desigualdade e melhoria dos níveis de
saúde, nutrição, educação, moradia e transporte.

Para Schumpeter (1997:75), Desenvolvimento Económico é uma mudança espontânea e


descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o
estado de equilíbrio previamente existente. Essas mudanças espontâneas e descontínuas no canal
do fluxo circular e essas perturbações do centro do equilíbrio aparecem na esfera da vida
industrial e comercial.

Nesta senda de ideias destacam-se três posicionamentos, portanto, a pesquisa apoiou-se no


conceito de Desenvolvimento Económico trazido pelo autor Sandroni que considera
desenvolvimento económico como incrementos posetivos acompanhado por melhorias do nível
de vida dos cidadãos e por alterações estruturais na economia.

1.1.4.3. Desenvolvimento Local

Segundo Milani (2003:16), define como um processo de diversificação e de enriquecimento das


actividades económicas e socais sobre um território, a partir da mobilização e da coordenação

17
dos seus recursos e das suas energias, fruto dos esforços da sua população que condiciona a
existência de um projecto de desenvolvimento integrando as suas componentes económicas,
sociais e culturais.

Para Vazquez-Barquero (1995:77, citado por Borges 2007:34)8, é um processo de crescimento


económico e de mudanças estruturais que conduz a uma melhoria em nivel de vida da população
local em que se podem identificar três dimensões: Económica, em que os empresários usam suas
capacidades para organizer os factores produtivos comnivel de produtividade suficientes para
serem competitivos no Mercado; Sociocultural, em que os valores e as imstituições servem de
base no processo de desenvolvimento; Político-administrativa, em que as politicas territorias
permitem criar um entorno económico local favorável, protégé-lo de interferências externas e
impulsionar o desenvolvimento local.

A pesquisa apoiou-se no posicionamento do autor Vazquez-Barquero sobre o desenvolvimento


local, na qual aborda sobre todas as esferas que acompanham a evolução da sociendade no que
refere ao aspecto económico, sociocultural e politico-administrativo.

8
Vazquez-Barquero, A; Garofoli G. (199) Desarrolo económico, Organización de la Producción y territon.
Desarrolo Económico Local en Europa. Colegio de Economistas de Madrid.

18
Capitulo 2: Investimento Directo Estrangeiro da SASOL em Moçambique

O presente capítulo destina-se em descrever o investimento directo estrangeiro da SASOL em


Moçambique. Numa primeira fase, são apresentados os principais tipos de investimento directo
estrangeiro, a posterior apresenta-se o histórial da formação da Multinacional SASOL, suas
características e as suas principais áreas de actuação. Por fim, faz-se a descrição do IDE da
SASOL em Moçambique, a principal área de actuação no país, o quadro legal para actução da
multinacional no território moçambicano e a relação contractual entre a SASOL e o governo de
Moçambique.

2.1. Investimento Directo Estrangeiro

Para Corrêa et all (2016:3), o Investimento Direto Estrangeiro é um relacionamento de longo-


prazo que reflete um permanente interesse e controle por um estrangeiro sobre uma empresa
residente em outra economia. De Acordo com a OCDE (2013, citado por Trigueiros 2017:14) 9,
define o IDE como o investimento realizado por uma entidade residente numa economia, com o
objetivo de obter um interesse duradouro numa entidade residente noutra economia. Segundo
Mencinger (2003, citado por Santos 2017:3)10, o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) é
considerado como um importante motor do crescimento económico dos países em
desenvolvimento, este fenómeno surge muitas vezes associado a vetores de transferências de
riqueza e conhecimento de um país para outro, estimulando assim, o crescimento nos países de
acolhimento.

9
OCDE (2013). “OECD Factbook 2013: Environmental and Social Statistics”, OECD Ilibrary [Online] Consultado
em: http://www.oecd-ilibrary.org/sites/factbook-2013- en/04/02/01/index.html?itemId=/content/chapter/factbook-
2013-34-en aos 23 de julho de 2022.
10
Mencinger, J. (2003). Does foreign direct investment always enhance economic growth?. Consultado em:
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.0023-5962.2003.00235.x/abstract aos 23 de julho de 2022.

19
2.1.1. Tipos de Investimento Directo Estrangeiro

Referente aos tipos de IDE a literatura não apresenta consenso, havendo uma multiplicidade de
autores que apresentam opiniões diferentes sobre esta questão. Na perspectiva de Protsenko
(2003:13) as multinacionais investem no estrangeiro por duas razões, primeiro para servir um
mercado estrangeiro, mas também para obter recursos produtivos de menor custo. Assim sendo,
uma distinção é feita entre os dois principais tipos de IDE: os IDE horizontais e os verticais.

21.1.1. IDE Horizontal

De acordo com Dos Santos (2017:5), O IDE horizontal diz respeito ao fabrico no estrangeiro de
serviços e produtos mais ou menos semelhantes aos que a empresa investidora produz no seu
próprio mercado. Esta tipologia de IDE tem o nome de horizontal porque deste modo, a empresa
duplica a mesma actividade que exerce, mas em diferentes países.

Os modelos horizontais prevêem que actividades multinacionais podem surgir entre países
semelhantes. A intuição por trás do IDE horizontal é mais bem descrita na forma de uma
equação com custos de um lado e benefícios do outro. Estabelecer uma produção estrangeira em
vez de servir o mercado com exportações significa custos adicionais de se lidar com um novo
país. Além disso, existem custos de produção, fixos e variáveis, dependendo dos preços dos
factores e da tecnologia. As economias de escala em nível de fábrica aumentarão os custos de
estabelecimento de fábricas no exterior. Do outro lado da equação, há economia de custos ao
passar das exportações para a produção local. Os mais óbvios são os custos de transporte e as
tarifas. Benefícios adicionais surgem da proximidade com o mercado à medida que uma entrega
mais curta e uma resposta mais rápida ao mercado se tornam mais fácil. Assim, se os benefícios
superarem os custos, uma empresa multinacional conduzirá um IDE (Protsenko 2003:13).

20
2.1.1.2. IDE vertical

O investimento directo estrangeiro vertical diz respeito às empresas que dividem o seu processo
de produção por vários países. Este tipo de IDE é apelidado de vertical porque há uma separação
vertical da cadeia de produção, isto é, há uma exteriorização de determinadas etapas da sua
produção no estrangeiro. O conceito de base deste género de IDE é que o processo de produção é
constituído por várias etapas com exigências de entradas diferentes. Visto que, os custos
associados aos recursos produtivos (capital, trabalho, terra) variam consoante cada país onde é
feito o investimento (Dos Santos 2017:6).

Segundo Protsenko, (2003:20), salienta que em semelhante à intuição dos modelos horizontais, a
decisão de conduzir IDE vertical pode ser descrita como um trade-off11 entre custos e benefícios.
Os benefícios decorrem dos menores custos de produção no novo local. A cadeia de produção
consiste em várias etapas, muitas vezes com diferentes factores exigidos para cada etapa. Uma
diferença nos preços dos factores torna então lucrativo transferir estágios específicos para os
países, onde esse factor é relativamente mais barato. Isso só é lucrativo enquanto os custos de
fragmentação forem menores do que a economia de custos. Os custos de divisão do processo de
produção surgem na forma de custos de transporte, custos adicionais para actuar em um novo
país, ou de ter diferentes partes da produção em diferentes países (Protsenko, (2003:20).

Segundo Rodrigues (2009:43-45), quando uma empresa decide estabelecer uma produção no
exterior, ela pode fazê-lo de duas formas distintas: i) estabelecendo uma nova filial, ou ii)
investindo através da aquisição de (ou da fusão com) uma empresa estrangeira já existente.
Dessa maneira, classifica-se o Investimento Directo Estrageiro pelas seguintes formas:
investimento novo (Greenfield Investiments); Fusões e Aquisições; Lucros Reinvestidos; e outras
formas de Investimento Directo de Capital.

Quanto ao Investimento Novo (Greenfield Investiment) consiste nos investimentos em novas


instalações e escalas de produção e na expansão das já existentes. É o tipo de investimento
preferido pelos formuladores de políticas econômicas das economias receptoras, principalmente
dos países em desenvolvimento, pela sua potencialidade de aumentar a capacidade produtiva

11
Trade-off refere-se à compensação que ocorre quando a perda em algum aspecto propicia o ganho em outro
aspecto (Amaral, 2012:111).

21
resultante da expansão do capital, criar novos postos de trabalho, permitir transferência e difusão
de tecnologias e do know how, promover ligações com mercados globais de insumos e de
produtos finais, garantindo assim de forma mais direta o progresso no desempenho econômico
do país receptor (Rodrigues, 2009:43-45).

No que tange as Fusões e Aquisições são investimentos feitos de modo a transferir parte ou a
totalidade dos direitos de propriedade de uma empresa residente numa dada economia para os
investidores não residentes. Pode-se incluir nesse tipo de investimento, as transações de
empresas privadas e públicas, de oferta pública, aquisição em mercado aberto, permuta de ações,
privatizações, aquisição reversiva, colocação de ações, recapitalização e aquisição de
participações maioritárias (Rodrigues (2009:45),

No que concerne aos Lucros Reinvestidos são definidos como os lucros não distribuídos aos
investidores directos estrangeiros que são reinvestidos na empresa de investimento directo. Estes
lucros são oriundos das participações dos investidores não residentes nas empresas do
investimento estrangeiro, abrangem os dividendos das empresas subsidiárias, associadas e das
sucursais que não são reemitidos para o investidor directo (Rodrigues 2009:46).

Em relação a Outras Formas de Investimento Directo de Capital pode-se considerar outras


formas de investimento directo de capital, como as transacções de empréstimos inter-empresa.
Esses investimentos cobrem, nesse sentido, as transacções de empréstimos líquidos, incluindo os
créditos comerciais (de curto prazo), adiantamentos e contribuições para composição de capital
sem direito a voto entre os investidores directos e as empresas de investimento directo e entre
duas empresas de investimento directo que partilham o mesmo investidor directo (Rodrigues
2009:46).

De acordo com os tipos de IDE acima citados, a pesquisa constatou que o IDE horizontal explica
melhor a actuação da Sasol em Mocambique, segundo Protsenko (2003:13) , o IDE horizontal
diz respeito a fabrico de serviços e produtos mais ou menos semelhantes no estrangeiro aos que a
empresa investidora produz no seu próprio mercado ou país de origem.

22
2.2. A SASOL

Segundo Chichava (2005:11), historia do Grupo Sasol começou em 1927, quando foi
estabelecida uma comissão no parlamento sul-fricano na perspectiva de investigar condições de
estabelecimento de uma insdústria de carvão e petróleo, pois a Africa do Sul nao tinha reservas
de crude, sendo assim, a balança de pagamentos tinha que ser protegida contra os aumentos na
importação de petróleo. Depois de muitos anos de pesquisa e negocioações foi fundada em 1950
a South African Coal Oil and Gas Corporation.

A Sasol produziu em 1955 as primeiras quantidades de combustíveis líquidos para automóveis e


começou a desenvolver uma rede de gazeduto de distribuição na Africa do Sul, usando gás
combustível a partir do carvão, em Sasolburg. Em 1967 foi construida a National Petroleum
Refinerty of South Africa (Refinaria National de Petroleos da Africa do Sul); e em 1990 foi
estabelecida a primeira companhia internacional de marketing da Sasol, a Saol Chemical Europe,
que “pavimentou” o caminho para a globalização do seu programa (Chichava (2005:11)

2.2.1. Caracterização da Sasol

A Sasol é caracterizada pela sua composição de oito (5) grupos ou unidades de comércio,
nomeadamente: Mineração (Sasol Mining), Combistível Sintético (Sasol Synfuels), Petróleo e
Gás (Sasol Oil & Gás, Químicos (Sasol Chemical Business), Tecnologias (Sasol Technology).

2.2.1.1. Mineração na Sasol

Segundo Sasol (2021:8) Sasol opera seis minas de carvão que fornecem aproximadamente 40
milhões de toneladas por ano de matéria-prima de carvão térmico para as operações da Sasol em
Secunda e Sasolburg, África do Sul e para o mercado de exportação.

As principais operações compreendem a mina de carvão de Mooikraal perto de Sasolburg no


Estado Livre, e as minas de carvão de Bosjesspruit, Impumelelo, Shondoni, Syferfontein e
Thbelisha e as operações de exportação de Twistdraai em Secunda em Mpumalanga, África do
Sul. Exportamos aproximadamente 3,3 Mtpa por meio de nossa participação na RBCT.

23
2.2.1.2. Combustível Sintético na Sasol

O combustível sintético é produzido na base de operações de Secunda e é um dos cinco Centros


Operacionais que faz parte das Operações da África Austral, é uma instalação 100% detida sob a
responsabilidade de Francoise Malherbe. O combustivel sintético de Secunda é a única fábrica
comercial à base de carvão do mundo, produzindo gás de síntese (syngas) por meio da
gaseificação de carvão e reforma de gás natural (Sasol, 2021:8).

A Sasol usa sua própria tecnologia para converter gás de síntese em componentes de combustível
sintético, gás de dutos e matéria-prima química para a produção de solventes, polímeros,
comonômeros e outros produtos químicos (Ibid).

2.2.1.3. Gás e Petróleo na Sasol

Segundo Sasol (2021:10), a Sasol Exploration and Production International (SEPI) desenvolve e
gere os interesses upstream do grupo na exploração e produção de petróleo e gás em
Moçambique, África do Sul, Canadá, Gabão e Austrália.

A SEPI está impulsionando o desenvolvimento dos negócios upstream da Sasol para permitir
que o grupo atinja seu objetivo estratégico de acelerar o crescimento de sua tecnologia
proprietária de gás para líquido (GTL). Nos últimos anos, forma tomadas várias medidas para
expandir o portfólio global de upstream, incentivados pela abundância global de gás natural e
pelo rápido desenvolvimento da indústria de gás de xisto, bem como pela menor intensidade de
carbono do gás natural (Ibid).

2.2.1.4. Comércio de Químicos na Sasol

O comércio global de produtos químicos da Sasol inclui o marketing e as vendas de todos os


produtos químicos, tanto na África Austral quanto internacionalmente. O comercio de produtos
químicos é dividido em dois agrupamentos, a saber, produtos químicos base, onde estão seus
fertilizantes, polímeros e produtos de solventes e produtos químicos de desempenho,
compreendendo produtos importantes que incluem surfactantes, intermediários de surfactantes,
álcoois gordurosos, alquil benzeno linear (laboratório), curto -olefinas alfa lineares de cadeia,
etileno, ceras de parafina à base de óleo mineral e de parafina, ácidos crespólicos, soluções de

24
carbono de alta qualidade, bem como alumina de alta pureza e alumina de alta pureza e
subdivisão de gases especiais (Sasol, 2021:11).

Na África do Sul, as empresas químicas são integradas na cadeia de valor de Fischer-Tropsch12.


Fora da África do Sul, operamos negócios químicos com base na integração atrasada nas
posições de matéria -prima e/ou no mercado competitivo (Ibid).

2.2.1.5. Tecnologias na Sasol

Segundo (Sasol, 2021:13). processo Sasol Slurry Phase Distillate(processo Sasol SPD)13 está no
centro da tecnologia GTL da Sasol. O processo de três estágios combina três tecnologias
proprietárias.

No primeiro estágio de reforma, o gás natural é combinado com oxigênio para formar um gás de
síntese que é então submetido à conversão no processo Sasol Low Temperature Fischer Tropsch
(Sasol LTFT) para a produção de syncrude ceroso. Finalmente, este produto é quebrado e
refinado em uma etapa de elaboração do produto para produzir os produtos finais sintéticos
(Ibid).

A força do processo Sasol SPD não é simplesmente a qualidade inerente das três tecnologias de
componentes, mas a maneira como elas são combinadas e integradas para aumentar a eficiência e
otimizar a produção. Esta integração eficiente baseia-se na experiência incomparável da Sasol,
abrangendo mais de 60 anos de produção de combustíveis sintéticos (Ibid).

A Sasol figura na lista das 5 maiores companhias sul-africanas e está cotada nas bolsas da África
do Sul (JSE – Johanesburg Stock Exchange) e dos Estados Unidos (NYSE – New York Stock
Exchange). A Sasol destinguiu-se no desenvolvimento de tecnologias de ponta no processo de
conversão de carvão mineral em combustíveis e produtos químicos de valor. A partir de 2012, as

12
Fischer-Tropsch é o processo que compreende a uma reação química catálica na qual o monóxido de carbono
(CO) e o hidrogênio (H2) no gás de síntese são convertidos em hidrocarbonetos de vários pesos moleculares.
Consultado em: https://www.netl.doe.gov.com aos 18 de Novembro de 2022.
13
Slurry Phase Destillate (SPD) este processo oferece uma oportunidade para converter as abundantes reservas de
gás natural do mundo em um combustível líquido convencional que é facilmente transportável e comercializável.
Consultado em: https://www.trid.trb.org aos 18 de Novembro de 2022.

25
operações estendem-se em 36 países e exporta os seus produtos para mais de 100 países,
(Chichava 2005:12).

2.2.2. Principais Áreas de Actuação da Sasol

Sasol é uma empresa internacional de energia e químicos que opera em 36 países, esta
desenvolve e comercializa tecnologias e produz produtos como combustíveis líquidos, químicos
e electrecidade. A multinacional é especializada em fabrico de Gás para líquidos (GTL) e carvão
para líquidos (CTL) Chichava 2005:13).

2.2.2.1. Área da Energia da Sasol

Na África do Sul, a Sasol obtêm ganhos que advém do processamento de Gás e Carvão nas
operações de Segunda, Sasolburg e Natref. No exterior, a companhia opera em Moçambique na
província de Inhambane nos consórcios de Pande e Temane através do Acordo de Produção de
Petróleo (PPA) e em Qatar em ORYX no projecto Gas to Liquids (GTL) (Sasol 2021:5).

2.2.2.1.1. Processamento de Gás na Sasol

Segundo a Sasol (2021:6), a companhia tem vários projectos de exploração de gás em diferentes
níveis conhecidos como: offshore Mozambique (PT5-C), onshore Mozambique (A5-A) e
offshore South África (ER236). O gás natural e condessado são explorados através do projecto
onshore Pende e Temane (PPA) e enviados para a central de facilitação de processamento (CPF),
a maioria do gás é transportado usando a pipeline de ROMPCO saindo de CPF para Secunda.

Em Canadá a Sasol obtêm 50% de equidade em parcerias com o prodo projecto Energy Canada
Lda para o desenvolvimento e operação dos consórcios de gás. As sucursais em Kwa-Zulu Natal
(KZN) e em Witbank Middleburg na África do sul é abastecido pelo gás metano (Methane Gás
MG) saindo de Secunda, (Ibid).

26
Tabela 1 Tipos de Gás Produzidos pela Sasol e Quantidade de Venda

Produto Quantidade de Venda

Gás Natural Aproximadamente são vendidos cerca de 15 bscf para o mercado


moçambicano , 32 à 36 para o mercado sul-africano e 100 bscf são
vendidos nas operações de Secunda e Sasolburg.

Gás Condensado Aproximadamente cerca de 200 a 250 m bbl são exportados para o
mercado internacional.

Gás Metano Aproximadamente cerca de 20 a 22 bscf são vendidos para o


mercado sul-africano.

Fonte: Sasol Limited Business overview 2021

De acordo com a tabela acima, a multinacional Sasol produz e comercializa três tipos de gás
sendo estes: Gás Natural que são vendidos aproximadamente de 15 bscf para o mercado
moçambicano, 32 a 36 para o mercado sul africano e 100 bscf são vendidos nas operações de
Secunda e Sasolburg, Gás Condensado são exportados para o mercado internacional cerca de 200
a 250 m bbl e por o último o Gás Metano que são vendidos aproximadamente cerca de 20 a 22
bscf para o mercado sul africano.

2.2.2.2. Área de Mineração na Sasol

A área de mineração na companhia Sasol é operada através das instalações de Secunda na África
do sul. A produção é de aproximadamente 40 mt de carvão à venda por ano, com exportações
entre 2 – 3 mt por ano, existe um contrato de longo prazo com o Anglo que exige uma compra de

27
aproximadamente 5,1 mt por ano, este acordo expira em 2026 e complementa o carvão
produzido nas Operações de Secunda (Sasol 2021:6).

Tabela 2: Mineração na Sasol

Complexo Posicionamento do Produto

Complexo de carvão para • Fornece aproximadamente 33 mt de carvão para a Secunda


líquidos (CTL)

Complexo Sigma • Fornece aproximadamente 1 mt de carvão para Sasolburg

Complexo de Exportação • Aproximadamente 2 a 3 mt de carvão são beneficiados e


exportados
• Middings de planta de exportação também são usados nas
operações de Secunda

Fonte: Sasol Limited Business overview 2021

De acordo a tabela, a área de mineração da Sasol está dívida em três complexos que são:
Complexo de carvão para líquidos (CTL) que fornece aproximadamente 33 MT de. Carvão para
Secunda na África do Sul, Complexo Sigma que fornece 1 mt de carvão para Sasolburg na
África do Sul e por último Complexo de Exportação são beneficiados e exportados
aproximadamente cerca de 2 a 3 mt de carvão e também são usados nas operações de Secunda
Middings de planta de exportação.

28
2.2.2.3. Área de Químicos da Sasol

Na área de produção de químicos a Sasol tem uma presença global e diversificada organizada
em três principais níveis para os seus clientes em regiões como África, América e Eurásia sendo
estes: Materiais Avançados, Químicos Básicos. Produtos Químicos de Cuidados Essencias (Sasol
2021:13)..

2.2.2.3.1. Materiais Avançados

A produção de materiais avançados na Sasol incluem aluminas especiais, catalisadores de


carbono e cobalto. Com mais de 400 especificações sobmedida, atendendo às necessidades
diárias da vida. Esses produtos químicos básicos incluem, entre outros, monômeros, polímeros,
nitratos, fenólicos, instalações de gastolíquidos (GTL) (Sasol 2021:14).

Os produtos à base de carbono são usados em materiais de bateria e aplicações de


armazenamento de energia e os catalisadores de cobata são utilizados em uma ampla gama de
aplicações como abrasivos de alto desempenho, aditivos, iluminação, materiais biocerâmicos
para próteses médicas e como catalisadores para as indústrias automotivas, de refino e química
(Ibid).

2.2.2.3.2. Químicos Básicos

Quanto aos químicos básicos a Sasol produz suplementos para área deagrícultura, tubos, tecidos,
protetores solares, fertilizantes, produção de vitaminas e muito mais. São aproveitamos matérias-
primas vantajosas para comercializar um amplo portfólio de produtos químicos de commodities
como: Ammona, mono-etilenoglico (MEG) e metano que aparecem em usos finais como
agricultura, têxteis e tubulações (Sasol 2021:14).

Os produtos químicos básicos produzidos e comercializados pela Sasol são: monoetileno glicol
(MEG); monômeros: etileno e propileno;produtos químicos e reagentes de mineração: misturas
Sasfroth e cianeto de sódio; cloro-álcalis: Soda cáustica, ácido clorídrico, ácido sulfúrico, cloreto
de cálcio e cloro; misturas e hidrocarbonetos: Álcoois e misturas aromáticas; metanol: álcool
metílico; Polímeros: Polietileno, polipropileno e cloreto de polivinila; fenólicos: cresóis, xilenóis
e fenóis fertilizantes: nitrato de amônio de calcário, solução de nitrato de amônio e ácido nítrico
(Ibid).

29
2.2.2.3.3. Produtos Químicos de Cuidados Essenciais

Segundo Sasol (2021:15), produtos químicos de cuidados Essencias na Sasol concentra-se em


três mercados distintos, nomeadamente: tecidos e limpeza doméstica/industrial e institucional;
cuidados pessoais/saúde e bem-estar; e formulações técnicas para apoiar aplicações industriais.

Quanto aos Tecidos e Limpeza Doméstica/Industrial e Institucional Os produtos são


adaptados para aplicações específicas e incluem matérias-primas sustentáveis de qualidade,
como sintéticos, sem palma, naturais renováveis e/ou com baixa nível de carbono como: alquil
linear benzeno e sulfonato; álcoois graxos, alcoxilatos e sulfatos de éter, solventes, dispersantes,
diluentes (Ibid)

Em relação a Cuidados Pessoais/Saúde e Bem-Estar a Sasol produz e comercializa cosméticos


e farmacêuticos, incluindo emolientes, lubrificantes e emulsificantes; modificadores de sensação
na pele e solubilizantes para produtos sem enxágue; agentes condicionantes, tensoativos e
ingredientes de limpeza para formulações de enxágue; e excipientes farmacêuticos para várias
formas de dosagem sendo estes: macrogol/peg, ésteres multifuncionais, ceras, dispersantes e
diluentes, solventes (incluindo etanol, isopropil, n-propanol, acetona e acetato de etila) (Sasol
2021:16).

No que concerne a Formulações Técnicas para Apoiar Aplicações Industriais a Sasol fornece
produtos aditivos funcionais, componentes e soluções que viabilizam processos técnicos e a
fabricação de bens industriais. Os produtos são usados como emulsificantes, espumantes,
antiespumantes, inibidores, dispersantes, solventes, carreadores, agentes de limpeza, fluidos
espaçadores, agentes umectantes, modificadores de viscosidade e redutores. (Ibid).

Segundo Sasol (2021:18), o amplo portfólio de solventes, ceras, comonômeros e especialidades


químicas complementam os diversos álcoois e tensoativos e permite fornecer na indústria
soluções diferenciadas aos clientes em diversas aplicações como fluidos de usinagem e
lubrificação, tintas, revestimentos e adesivos (inclusive para embalagens), agricultura, sabores e
fragrâncias.

30
2.3. Sasol em Moçambique

A implantação da multinacional SASOL em Moçambique começou a 26 de Outubro de 2000,


aquando da assinatura de dois contratos de exploração de gás natural e produção de petróleo para
os campos de Pande e Temane, entre a SASOL e a ENH. Estes contratos previam a exploração
das reservas de gás natural nos 15 poços existentes no campo de Temane e nos 18 poços do
campo de Pande, totalizando 33 poços de produção. A joint- venture entre a SASOL e a ENH
prevê uma parceria de 70% e 30% respectivamente sobre o investimento na exploração dos
poços de gás natural de Pande e Temane, sendo a primeira responsável pela operacionalidade e
gestão de poços e do campo de exploração de gás natural. (SASOL, 2006).

Segundo Chichava (2005:12), o investimento inicial da Sasol foi de 530 milhões USD (dólares
americanos) na construção do campo e central de processamento de gás natural em temane, 410
milhões de USD na construção do gasoduto (com uma extensão de 511km) que liga
Moçambique (Temane/Pande) a África do sul (Secunda) e, 2.100 milhões de rands na conversão
de Sasolburg na África do sul, modificações na unidade de secunda e conversão de distribuição
de gás natural e clientes.

Dos campos de produção de Pande e Temane são extraídos, o gás natural (como recurso
principal) e, o combustível condensado (como subproduto). Este gás bruto combinado de ambos
os campos é processado no local de CPF, por meio do qual o condensado e a água são removidos
do gás. O gás limpo e seco é comprimido, medido, analisado e transferido através de uma linha
subterrânea de 865km de comprimento para diferentes clientes em Moçambique e na África do
Sul (Chichava 2005:12).

2.3.1. Principal Área de Atuação da Sasol em Moçambique

O principal empreendimento da SASOL em Moçambique é o de Pande e Temane na província


de Inhambane, que resulta de uma série de acordos entre o Governo, a Empresa Nacional de
Hidrocarbonetos (ENH) e suas subsidiárias e a SASOL Lda e suas subsidiárias. Trata-se dos
seguintes acordos: Acordo de Produção Petrolífera, Acordo de Gasoduto (assinados com o
Governo), Acordo de Operação Conjunta, o Contrato de Venda de Gás e o Contrato de

31
Transporte de Gás (contratos comerciais assinados entre as afiliadas da Sasol e da ENH.), (CIP
2017:9)

Para além do contrato para a exploração dos campos de Pande e Temane, a SASOL, através das
suas subsidiárias, tem dois contratos de pesquisa e produção de hidrocarbonetos em áreas
próximas dos jazigos agora em exploração. A companhia pretende, desta forma, pesquisar áreas
adicionais para fazer face à demanda de novos mercados de gás natural em Moçambique, na
África do Sul e no mundo em geral. A Sasol, de acordo com o seu Director Executivo, Pieter
Cox, está particularmente satisfeita com o relacionamento que tem com o governo moçambicano,
(Ibid).

2.3.2 O Quadro Legal para a Actuaçao da Sasol em Moçambique

O quadro Legal para actuação da Sasol em Moçambique foi estabelecido ao abrigo da Lei 3/81,
lei reguladora de actividades petrolíferas em moçambique que concedeu a ENH autorização de
realizar pesquisas e produção de petróleo no território moçambicano. O quadro legal evoluíu
com a aprovação de uma nova Lei de Petróleo (a Lei nº 3/2001), esta lei retirou à ENH o
monopólio da realização de trabalhos de pesquisa, passando a empresa a participar como
associada e representando o interesse comercial do Estado em vários projectos (CIP 2017:7).

Deste modo, a actuação da Sasol em moçambique resultou de um acordo entre o governo


moçambicano, a ENH e a Sasol assinado em 2000, em forma de Acordo de Produção de Petróleo
(PPA), com termos fiscais que previam apenas o pagamento de Imposto de Rendimento de
Pessoas Colectivas (IRPC) que variava entre 17,5% e 35% e Royalty de 5% (Ibid).

Segundo Tribunal Administrativo (207:3), o exercício da atividade de exploraçao de petróleo e


gás está sujeito ao licenciamento, pelo qual é atribuído um título a empresa que permite o seu
funcionamento em Moçambique. Neste âmbito, O Instituto Nacional de Petróleos (INP),
aprovado pelo Decreto n.º 23/2004, de 20 de Agosto, é a autoridade reguladora da actividade de
exploraçao de Petróleo e Gás no País, responsável pela gestão do processo de licenciamento para
a outorga de direitos de uso e aproveitamento dos recursos energéticos, bem como pela
actualização do respectivo cadastro.

32
No processo da assinatura do acordo de exploraçao de gás em Pande e Temane entre o Governo
e Sasol, a multinacional assumiu a responsabilidade jurídica de respeitar, materializar os direitos
das comunidades afectadas em conformidade com a lei e melhorar as condições de suas vidas,
sobretudo, através do reassentamento, consubstanciado num Plano de Acção (OAM,2016,2).

2.3.3. Relação Contractual entre a Sasol e Governo de Moçambique

Segundo CIP (2017:9-10), a lei moçambicana 3/81 de 3 de Outubro, compete ao Estado decidir
sobre a atribuição da licença de reconhecimento de prospecção e pesquisa de petróleo e gás a
empresas nacionais e estrangeiras. Na relaçao contractual entre o governo de Moçambique e a
Sasol, foram estabelecidos os seguintes acordados:

a) Acordo de Produção Petrolífera: mediante este acordo, o governo moçambicano


concede a SASOL Petroleum, Lda (com uma percentagem de participação de 70%) e à
Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH) com uma percentagem de
participação de 30%, direitos exclusivos para o desenvolvimento, produção e a
disposição dos jazigos de Pande e Temane por um período de trinta anos.
b) Acordo de gasoduto: o governo moçambicano autoriza a ROMPCO (Republic of
Mozambique Pipeline Investments Company) a construir, deter e operar o gasoduto por
um período de trinta anos. A ROMPCO é a sociedade proprietária do gasoduto de 865
kms que transporta o gás natural desde Temane até Secunda na África do Sul. Esta
sociedade é detida em 50% pela Sasol Gas, em 25% por uma subsidiária da ENH
designada por Companhia Moçambicana do Gasoduto (CMG) e em 25% pela iGas, que
é uma subsidiária do Governo da África do Sul.
c) Acordo de Operação Conjunta: é o acordo entre a Companhia Moçambicana de
Hidrocarbonetos (CMH) e a Sasol Petroleum Limitada (SPT) que estabelece as
obrigações e direitos de cada uma das partes como membros do concessionário.
d) Contrato de Venda de Gás: é o contrato para a venda anual de 120 milhões de
gigajoules4 de gás natural entre os vendedores, nomeadamente a CMH e a SPT, e o
comprador, neste caso a Sasol Gas Limited. A duração deste contrato é de 25 anos.

33
e) Contrato de Transporte de Gás: também com a duração de 25 anos, é o contrato para o
transporte anual dos 120 milhões de gigajoules de gás natural, desde Temaneaté Secunda
na África do Sul, assinado entre a Sasol Gas (expedidor) a empresa de gasoduto
ROMPCO.

Como forma de conclusão do presente capítulo, constatou-se que o investimento da


multinacional Sasol em Moçambique obede-se uma composição horizontal de investimentos
provenientes do governo sul-africano para a exploração de gás em Moçambique. Segundo a
descrição da Sasol feita neste capítulo, constatou-se que desde a sua formação a Sasol tem se
destacado como uma das grandes empresas de fabrico de energias e químicos a nível regional da
África asutral, tendo se repartição a nível mundial com destaque ao continente americano,
asiático e africano.

A pesquisa constatou também que na África, a Sasol destaca-se mais em Moçambique onde
opera desde 2004 na exploração de gás nos campos de Pande e Temane na Província de
Inhambane ao abrigo da lei moçambicana 3/81 de 3 de Outubro de 2000 na qual o Estado atribui
licença de reconhecimento de prospecção e pesquisa de petróleo e gás a empresas nacionais e
estrangeiras.

34
Capítulo 3: Factores Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol em
Moçambique.

Neste capítulo, a pesquisa apresenta os factores que determinam o Investimento Directo


Estrangeiro da Sasol em Moçambique. Deste modo, são apresentados três factores que perfazem
os subtítulos deste capiluto sendo estes: estabilidade política em Moçambique, abertura
comercial para o mercado internacional e recursos energéticos em Moçambique (carvão e gás).

3.1. Estabilidade Política em Moçambique

Paz e estabilidade política são condições indispensáveis para a implementação e o


desenvolvimento de empresas sustentáveis em um país, este é um factor determinante a
existência de investimento directo estrangeiro no pais. A Estabilidade Política é um meio para a
concretização de uma estratégia do governo que, no essencial, possa atingir resultados que
proporcionem à população um maior bem estar e níveis de vida mais elevados (Perreira 2022)14

As decisões de investimento em mercados emergentes são também influenciadas pela avaliação


de riscos políticos e económicos. A implementação com sucesso da reforma económica pelos
governos é um sinal importante para investidores, visto que um país com uma política
macroeconómica estável acarreta menos riscos (Cândido 2014:20).

Oficialmente chamado de Repúbica de Moçambique, o país ficou independente de Portugal em


1975 após cerca de cinco séculos de domínio colonial. Logo depois da independência, no ano de
1977 Moçambique viveu um conflito armado civil entre o governo moçambicano e a Resistência
Nacional de Moçambique (RENAMO). Esse conflito foi impulsionado pelos interesses globais
da União Soviética e dos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria (Delloite, 2019:6).

A estabilidade política em Moçambique assistisse desde 1992 após o acordo de paz entre o
Governo moçambicano e o ex-presidente do partido RENAMO. Deste modo, com a estabilidade
política em Moçambique, o país mostrou-se internacionalmente atractivo aos IDEs, sendo que, a
14
Perreira, Luís Filipe (2022) Estabilidade Política. Consultado em ://sol.sapo.pt/artigo/758855/estabilidade-
politica-estabilidade-para-qu-, aos 10 de Outubro de 2022.

35
multinacional Sul-africana Sasol desde o ano 2000 investe no sector energético no país para
exploração de gás nos campos de Pande e Temane na Província de Inhambane (Ibid).

3.2. A Abertura Comercial de Moçambique para o Mercado Internacional

A adopção de politicas de abertura comercial como é caso da Politica e Estratégia Comercial


(PEC) o conjunto de princípios, medidas e actividades que baseadas na politica económica do
pais, visam impulsionar o desenvolvimento do comércio com vista a estimular a produção de
bens e serviços para responder as necessidades do mercado interno e para a exportação, usando
o capital humano e recursos naturais numa base sustentável15. Por outro lado, as posições
geográficas estratégicas que promovem o acesso a mercados regionais e globais e as relações
comerciais com grupos de paises com elevades potenciais de importação são também factores
significativos para a atracção do IDE (Noronha 2009:23).

Segundo Noronha (2009:24), Quanto a a abertura comercial para o Mercado Internacional


Moçambique é parte de acordos de íntegração regional como é o acaso do acordo Protocolo
Comercial da SADC que visa q o comércio intra-regional através da criação de acordos
comercials mutuamente benéficos, melhorando assim o investimento e a produtividade na região.

É importante referir que o maior mercado de exportação de recursos energéticos é a Africa do


Sul, que compra a maior parte da eletricidade produzida na barragem de Cabora Basa e parte
essencial do gás natural explorado nos campos de pande e Temane, na Província do Sul de
Inhambane (Ibid).

15
HTTPS://www.mic.gov.mz/por/Comercio-Interno/Politica-Estrategia-Comercial Consultado aos 24 de Novembro
de 2022.

36
.3.3. Recursos Energéticos em Moçambique

Segundo Chibielo (2013:15), o Estado moçambicano é um país que goza de um potencial


enorme no que tange aos recursos energéticos, sendo os principais explorados notórios o carvão
mineral e o gás natural que é o recurso explorado pela multinacional Sasol em Moçambique.

3.3.1. Carvão Mineral em Moçambique

Segundo Hanlon (2013:01 citado por Chibielo, 2013:21)16, a ocorrência de carvão mineral em
Moçambique estão nas províncias de Cabo Delgado (Lugenda e Vuzi), Niassa (Maniamba e
Metangula), Manica e Tete (Moatize-Minjava e Mucanha), o valor de reservas consideradas
como provadas é de 6 biliões de tonelada. A pronvíncia de Tete é a que mais acumula grandes
espessuras e onde encontram-se empresas e multinacionais explorando o carvão mineral.

Em Moçambique a exploração do carvão mineral data desde o período colonial, contudo, era
menos relevante na economia do país. Após a independência, o carvão mineral era explorado
pela empresa CARBOMOC (Empresa Estatal de Carvão de Moçambique) este explorava o
carvão de coque nas minas de Moatize (Selemane 2009:10).

Em 2004 entra em Moçambique a empresa Vale, a mais notável multinacional exploradora do


carvão mineral em Moatize na província de Tete. As operações começaram em Agosto de 2011,
com uma capacidade total de 11 milhões de toneladas por ano (8,5 milhões de toneladas de
carvão de coque), num investimento avaliado em 1,9 mil milhões de USD. Até 2014,
trabalhavam na Vale cerca de 8.000 colaboradores. Deste número, mais de 85% são
moçambicanos (Bihale, 2016:25).

16

37
Os estudos de pré-viabilidade e de viabilidade que compuseram o Projecto Carvão Moatize
tiveram início no ano de 2005, envolvendo a realização de diversos estudos de carácter
geológico, logístico, socioeconómico e sócio-ambiental, além de actividades de promoção da
participação popular, sempre com o acompanhamento dos governos locais, regional e nacional
moçambicanos. Tais actividades compuseram a etapa de implantação do Projecto Carvão
Moatize, que se seguiu até o ano de 2011. A fase de operação, caracterizada pela efectiva
extracção de carvão mineral, teve início em 2011 e estima-se que terá duração de cerca de trinta
e cinco anos até o esgotamento das minas, com previsão de produção de até 26 milhões de
toneladas de carvão ao ano quando alcançada sua capacidade total (Rodrigues, 2016:53).

A disponibilidade de carvão produzido em grandes quantidades em Moçambique poderá criar


oportunidades para a sua utilização no país em eventuais indústrias de ferro e aço ou para
produção de cimento. Existe actualmente, no mercado internacional, com destaque para o
mercado indiano, uma grande procura de carvão, tanto de coque como de queima, sendo que os
preços mais que duplicaram durante os últimos anos (Selemane 2009:15).

O carvão mineral é um insumo importante para gerar energia e impulsionar o desenvolvimento


dos países em desenvolvimentos possuidores destes recursos como é o caso de Moçambique.

38
Tabela 3: Companhias que Pesquisam e Exploram o Carvão Mineral em Moçambique

Companhia País de Origem Área de actuação e ou


exploração.

Vale Brasil Moatize

Riversdale Australia Benga

Rio Tinto Anglo-Australiana Moatize

Jindal Stell Power Limited Índia Chirondzi e Changara

ENRC (Eurásia Natural United Kingdom e Teté (Cahora Bassa)


Resource Corporation) Cazaquistão

Ncondzedzi Coal Compan United kingdom Moatize

Minas Revubué UK e Estados Unidos da Moatize


America

Minas de Moatize Moçambique Moatize

Fonte: Dados da Pesquisa (2022).

De acordo com a tabela acima, são apresentados as empresas que pesquisam e exploram o carvão
mineral em moçambique. Começando pela Vale, empresa brasileira de mineração que explora
carvão mineral na provincia de Tete no distrito de Moatize, de seguida apresenta-se a empresa
australiana Riversdale que opera em benga, a empresa Anglo-Australiana Rio Tinto que opera
em Moatize, a Jindal Stell Power Limited empresa indiana que opera em Chirondzi e Changara,
a empresa ENRC (Eurásia Natural Resource Corporation) junção entre United Kingdom e

39
Cazaquistão e por fim, empresas que operam em Moaize como a Ncondzedzi Coal Compan do
Reino Unido, Minas Revubué junçao entre UK Estados Unidos e Minas de Moatize de
moçambique.

3.3.2 Gás Natural em Moçambique

As primeiras pesquisas de hidrocarbonetos em Moçambique foram feitas no ano de 1904. Neste


ano foram descobertas bacias sedimentares de grandes espessuras de recursos energéticos,
contudo, a exploração do gás descoberto foi impossível nos anos setenta como se pretendia
devido, entre outros factores, à instabilidade política e à falta de mercado (Selemane 2009:8).

As pretensões voltariam à tona nos anos oitenta, altura em que foi aprovada a Lei dos Petróleos (
Lei nº 3/81) e criada a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH). Nos anos seguintes, um
trabalho extenso foi levado a cabo com vista a delinear e avaliar o campo de Pande, incluindo a
realização de trabalhos de prospecção sísmica e furos de sondagem. Ainda na década de 80, as
Companhias Esso, Shell, Amoco e BP (British Petroleum) estiveram activas na pesquisa de
petróleo em Moçambique, tendo sido realizados um furo de pesquisa em Mocímboa da Praia, na
Bacia do Rovuma, e um outro off shore próximo de Xai-Xai (Selemane 2009:8).

Com o fim da guerra civil em Moçambique e a crescente procura de recursos energéticos no


mercado internacional, o governo moçambicano empreendeu esforços nas políticas intenas de
incentivos fiscais para atrair o investimento directo estrangeiro no sector energético.

O período posterior a luta de libertação nacional e conflito armado em Moçambique a


comercialização destes recursos ainda era inexistente. Apenas em 2000 o Estado moçambicano
assume um de pesquisa e exploração de gás natural com a Sasol. Este contrato permitia a
exploração do gás natural (GN) por 25 anos e a construção de um gasoduto de 865 km de
Temane a Segunda (in news lextter, Abril:2010 citado por Rodrigues, 2015:23)17

O GN em Moçambique é explorado pela SASOL na província de Inhambane no sul do país e são


feitas pesquisas no norte do país pela ENI e ANARDARKO no Rovuma na província de Cabo

17
Petróleo e Gás em Moçambique: Upstream e Midstream, in News Lextter (2010).

40
Delgado. Foram avaliadas em quantidades cerca de 70 milhões de pés cúbicos (mpc)18, 30mpc e
4mpc respetivamente. Estas qualidades avaliadas colocam Moçambique na terceira posição das
maiores reservas de GN em África depois da Nigéria e Argélia e em 15 posição no mundo,
(Ibid).

Tabela 4: Companhias que Exploram e Pesquisam o Gás Natural em Moçambique

Companhias País de Origem Área de atuação e Pesquisa

Anadarko Petroleum EUA Bacia do Rovuma


Corporation

ENI Itália Bacia do Rovuma

Statoil Noruega Bacia do Rovuma

Petronas Malásia Bacia do Rovuma

Rio Tinto Austrália e UK Teté (Moatize)

Sasol África do Sul Inhambane (Temnae e Pande)

Fonte: Dados da Pesquisa (2022).

De acordo com a tabela acima, foram apresentados as multinacionais que pesquisam e exploram
o Gás Natural em moçambique. Anadarko de origem americana explora e faz pesquisas de gás
natural na Bacia do Rovuma em Cabo Delgado, de seguida a multinacional italiana ENI que
também opera na Bacia do Rovuma, a Statoil de Noruega faz pesquisas em Cabo Delgado, a
multinacional Petrobras de Malásia que opera na Bacia de Rovuma, Rio Tinto proveniente de

18
Em inglês: million cubics feet (mcf).

41
uma junção entre Austrália e UK faz pesquisas em Teté e por último a Sasol multinacional sul-
africana que explora gás nos campos de Pande e Temane em Inhambane.

Na conclusão deste capítulo, constatou-se que o IDE é atraído por determinantes existentes num
país. Para o caso de Moçambique, foram descritos alguns determinantes neste capitulo que
atraíram o investimento da multinacional Sasol, sendo estes, a estabilidade política que é um dos
factores determinantes e importante para atração de IDE, sendo que, os investidores são atraídos
e tem confiança em países que o seu investimento é seguro e vive-se em um ambiente de paz e
estabilidade como é o caso da Sasol em Moçambique.

Por outro lado, a abertura comercial para o mercado internacional é também um dos
determinantes da presença da Sasol em Moçambique na medida que o governo moçambicano
cria políticas de incentivos fiscais e é parte de acordos de íntegração eliminando as Barreiras
comerciais com seus parceiros no mercado internacional, um dos exemplos foi acordo o
Protocolo Comercial da SADC que visa liberalizar o comércio intra-regional através da criação
de acordos comercials mutuamente benéficos, melhorando assim o investimento e a
produtividade na região.

Por fim, o determinante motor da presença do investimento da Sasol em Moçambique foram os


recursos energéticos que o país detém, visto que, a multinacional opera na província de
Inhambane nos campos de Pande e Temane explorando o gás natural desde 2004 evidenciando
assim o principal factor desta multinacional Sul-africana actuar em Moçambique. Portanto, esses
três factores acima descritos determinaram o investimento da Sasol no país.

42
Capítulo 4: Impacto do Investimento Directo Estrangeiro da Sasol no Desenvolvimento
Económico das Comunidades Locais em Moçambique.

Neste último capitulo, a pesquisa apresenta o impacto do investimento directo estrangeiro da


Sasol no desenvolvimento econômico das comunidades locais em moçambique. Na apresentação
dos indicadores de desenvolvimento económico, a pesquisa não fez menção ao PIB (produto
interno bruto) visto que o seu estudo limita-se as comunidades locais em que a Sasol opera.
Deste modo, a pesquisa apresenta os seguintes indicadores: Infraestrutura, Emprego, Saúde,
Educação e Agricultura.

4.1. Infraestrutura

A provisão de infraestruturas gera desenvolvimento económico, social e político. Segundo


Castelo-Branco (2006) existe dois grupos de abordagens: na primeira abordagem advoga que as
infraestruturas são insumos de desenvolvimento (mais infra-estruturas, mais desenvolvimento), e
na segunda advoga que as infra-estruturas são produtos das pressões desenvolvimentistas no
sentido de que o processo de desenvolvimento cria pressões para a provisão de infra-estruturas.
Deste modo, a Sasol contribui no desenvolvimento da comunidade local em que opera
construindo e reabilitando as infraestruturas proporcionando melhoria de vida aos cidadãos.

A SASOL no ano de 2017 investiu em áreas como construção/reabilitação das Estradas e


mercados. A reabilitação da estrada que liga a localidade de Temane à estrada Nacional n°1
(EN1), consistiu na pavimentação de mais de quatro quilómetros de via, e foram construídos
mercados e feíras que estavam paralisadas devido a falta de recursos financeiros e materiais para
sua manutenção. Na construção de mercados, 20% dos questionados acrescentam que a abertura
dos mercados, agregou mais valor e importância para os cidadãos pois mostrou-se um espaço de
venda de bens, troca de produtos e de aumento de auto-emprego (Sasol, 2018).

Foi através dos mercados construídos e reabilitados pela SASOL que a qualidade de vida de
muitos cidadãos melhorou e reduziu os altos índices de desemprego. A título de exemplo temos o
caso do mercado de Maimelane, uma infraestrutura que compreende um alpendre, balneários,
fossa séptica, dreno, vedação e fontanário no interior do estabelecimento comercial e em 2018 a

43
SASOL fez a reabilitação do centro de saúde de Mangungumeta, além do fornecimento de
sistema de abastecimento de água potável no mesmo centro de saúde (Alberto, 202122)19

4.1 Emprego

Segundo Massinguile (2021:29), nos países em via de desenvolvimento, os empregos são a pedra
angular do desenvolvimento, produzindo benefícios muito além da renda. Os governos precisam
colocar o emprego no foco central para promover a prosperidade e combater a pobreza (Banco
Mundial, 2012). Neste âmbito, a promoção de emprego criada pela Sasol como conteúdo local
contribui no desenvolvimento económico das comunidades em que a empresa opera, na medida
em que o emprego proporciona melhoria de vida dos cidadãos.

Para Agostinho (2022)20, a Sasol concentra-se na área de promoção de emprego numa


percentagem de 15%, direcionada aos jovens da comunidade. Esta acção tem ganhado corpo a
partir da formação profissional que tem tido no INEFP e no centro de formação profissional com
vista a dotar estudantes com habilidades básicas que lhes oferecem prontidão para o mercado de
emprego e empreendedorismo comunitário. Até o ano de 2020, o Instituto já tinha formado mais
de 500 jovens entre os da comunidade e os que pertencem a outras comunidades e Distritos.

19
Cinco-Reis, Alberto_ Técnico de Medicina geral no centro de saúde de Mangungumeta, Entrevistado aos 27 de
Setembro de 2022.
20
Agostinho, Jorge - Gestor de conteúdo local da SASOL, Entrevistado a 26 de Setembro de 2022, no Distrito de
Inhassoro.

44
4.2. Saúde

A Sasol contribui de forma significativa na área de saúde nas comunidades locais. Neste âmbito,
o contributo da Sasol abrange os distritos de Magude concretamente na localidade de Moiane.
Com esforço e coordenação das comunidades, do Governo e da SASOL, construiu-se um centro
de Saúde nos finais de 2004 orçado em USD 340.000 (Sasol 2009:21).

Segundo Sasol (2021:22), além da empresa dispor no seu centro de produção um centro de saúde
que atende aos funcionários, a SASOL tem contribuído através do apoio aos programas
comunitários de prevenção e tratamento de doenças como a malária, a cólera, o HIV/SIDA
através de parceiros com ONG’s ligadas a saúde e direcções provinciais de saúde.

A multinacional proporcionou o alargamento de cuidados materno-infantil através da ampliação


da maternidade próxima a comunidade. A SASOL também construiu, em 2018, um centro de
saúde em Nhapele como forma de aliviar os pacientes, principalmente gestantes, de percorrem
longas distâncias a procura de serviços de saúde (Ibid).

4.3. Educação

A educação é uma das áreas essenciais na luta contra a pobreza, a SASOL tem apoiado
continuamente este sector nas comunidades locais em que actua e alguns distritos do sul do país.

Na comunidade da Manjangue, no distrito de Chokwé em Gaza antes existia uma escola


construída a pau e pique, local que era muito indecente para dar aulas aos alunos, em momentos
de chuvas e mau tempo os utentes da escola ficavam desprovidos de receberem aulas. A 27 de
Abril de 2004, foi lançada a primeira pedra de construção (Sasol 2009:23).

No distrito de Inhassoro, os esforços tem estado mais aliados a melhoria da qualidade e inclusão
no ensino da comunidade. Cientes dos desafios impostos à empresa, a multinacional posta no
desenvolvimento da educação e de competências através de doações de computadores, da
formação do Centro de Formaçao de Inhassoro, programas de mestrado em derivados de
petróleo, programa de estágios e seminários de capacitação e formação para professores
(Massinguile 2021:37).

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No mesmo âmbito, foi implementado o projecto “Olhar de Esperança‖”, cuja gestão é do
Ministério da Educação e Cultura. Este projecto proposto pela Sasol, tendo o ministério que
tutela a área de educação como a principal gestora, possibilitou que a SASOL pudesse construir
duas escolas primárias em Maimelane em Inhassoro e fornecer livros a escolas primárias a nível
do Distrito de Inhassoro (Ibid).

4.4. Agricultura

A SASOL tem apoiado na área da agricultura, o que permite a redução das bolsas de fome nas
comunidades locais.

No ano de 2005 foram 49 os camponeses contemplados pela SASOL, cujo custo foi de USD
142,920. Através deste investimento foi implementado um projecto de desenvolvimento agrícola
em duas comunidades no distrito de Chigubo, foi lançado um programa de pulverização de
cajueiros em Pande, foi estabelecido o programa de criação de gado em Temane, Vulanjane e
Chitsekane, houve apoio a uma associação de camponeses no Chókwe (Sasol 2009:25).

Segundo Massinguile (2021:38), Sasol continuamente procedeu com o fornecimento e


abastecimento de água para irrigação e plantio em zonas de fraca capacidade de obtenção de
recursos, ofereceu adubos e fertilizantes aos cidadãos que não têm poder de compra para
adquirir por si só com os vendedores ou fornecedores de maior quantidade de produtos agrícolas
a nível do Distrito de Inhassoro.

Nesta âmbito, a Sasol contribuí de forma significativa nas comunidades locais, o que evidencia
o seu engajamento na responsabilidade social como uma empresa. Assim, no âmbito social a
Sasol assume uma posição participativa no desenvolvimento das comunidades locais.

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5. Conclusão

A presente pesquisa tinha como objectivo analisar o impacto do investimento directo estrangeiro
da Sasol no desenvolvimento econômico das comunidades locais em Moçambique, num
horizonte cronológico compreendido entre os anos de 2004 à 2018. Com base na pesquisa feita
constatou-se que a multinacional Sasol tem implementado acções que contribuem para o
desenvolvimento econômico das comunidades locais em que esta opera.

A solidariedade tem como objectivo fundamental promover a mudança social, mas este objectivo
não tem sido muito fácil de alcançá-lo. As comunidades que vivem numa determinada região
têm a sua visão sobre a vida, sua personalidade está implicado nessa, de acordo com o vínculo
social e no que acontece em sua volta. A resolução dos problemas existentes quer de âmbito,
de âmbito uma mudança rumo a solução dos tais problemas.

A Sasol exporta quase toda a sua produção no mercado sul-africano, mas trata de satisfazer as
comunidades locais moçambicanas em que esta opera. Trata-se de um sentimento intrínseco na
qual a empresa como membro da sociedade, constrói projectos de investimento social de
melhoria das condições de vida das populações, permite a conquista da confiança pública.

A acção social empreendida pela Sasol compreende aspectos ligados ao papel criativo
institucional que tem em vista a valorização do potencial local para desenvolvimento da própria
comunidade, como a construção ou melhoramento de escolas, hospitais e vias de acesso no
Distrito de Inhassoro. Estás acções corporizam-se através do fornecimento de equipamentos e
materiais para as escolas e os hospitais da comunidade e a oferta de emprego bem como a
concessão de formações técnicas para os moradores da comunidade com vista a torná-los
preparados para o mercado de emprego.

Deste modo, a Sasol tem impacto positivo quanto ao desenvolvimento econômico das
comunidades locais em que esta opera, apresentado assim, um papel importante na promoção da
melhoria de vida dos cidadãos na comunidade.

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