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Moçambique (2000-2017)
______________________________________
Adérito Bernardo Cuna
Aprovação do júri
Este trabalho foi aprovado no dia______ de_________________ de 2019 por nós membros
do Júri examinador da Universidade Eduardo Mondlane.
_________________________________________________
O Arguente
________________________________________________
O Supervisor
______________________________________________
i
DEDICATÓRIA
De uma forma especial quero dedicar este Trabalho aos meus pais Bernardo Cuna & Glória
Felismina Muianga pelo amor, carinho, apoio e incentivo para estudar que nunca me faltaram. Aos
meus irmãos Célia, Nádia, Nelma, Vânia e Bernardo Cuna Jr. A estes devo o meu eterno
agradecimento pelo apoio incondicional prestado durante a minha formação académica.
ii
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelo Dom da vida, por ser a minha eterna fonte de inspiração e por todas as
bênçãos que me proporcionou.
Ao meu supervisor, Dr. Constantino P. Marrengula por ter aceite o convinte de trabalhar comigo
para a materialização do presente Trabalho de Licenciatura.
A todos professores da Faculdade de Economia por terem servido como canal de transmissão de
conhecimento.
Aos meus colegas da turma, Leofrio Muchanga, Lópes Mabué, José Ngale, Levis Gustavo, Marilú
Uamusse, sem me esquecer da chefe Lígia Covane pelo companheirismo e compartilha de
informação e conhecimento.
Ao meu amigo de infância, e companheiro de grandes batalhas João Bié pela motivação e incentivo
para estudar.
iii
Lista de Abreviaturas e Acrónomos
AR – Assembléia da Repúplica
AS – África Subsahariana
BM – Banco Mundial
iv
OE – Orçamento do Estado
v
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................................... ii
Agradecimentos ........................................................................................................................................... iii
Lista de Abreviaturas e Acrónomos ............................................................................................................. iv
Lista de Tabelas ......................................................................................................................................... viii
Lista de Gráficos .......................................................................................................................................... ix
RESUMO ...................................................................................................................................................... x
1.1. Contextualização ......................................................................................................................... 11
1.2. Objectivos ................................................................................................................................... 12
1.2.1. Geral.................................................................................................................................... 12
1.2.2. Específicos .......................................................................................................................... 12
1.3. Problema de Pesquisa ................................................................................................................. 13
1.4. Hipóteses ..................................................................................................................................... 14
1.5. Justificativa do tema ................................................................................................................... 14
1.6. Metodologia ................................................................................................................................ 15
1.7. Estrutura do Trabalho.................................................................................................................. 16
Capítulo II: REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................... 17
2.1. Definição de Conceitos .................................................................................................................... 17
2.1.1. Indústria Extractiva .................................................................................................................. 17
2.1.2. Desenvolvimento Socio-Económico ......................................................................................... 18
2.2. Principais abordagens acerca da mineração ..................................................................................... 18
2.2.1. Mineração como um condutor para o desenvolvimento ........................................................... 19
2.2.2. Mineração como atividade económica que gera desigualdades em termos de desenvolvimento
............................................................................................................................................................ 20
2.3. Experiência dos países ricos em recursos minerais.......................................................................... 20
Capítulo III: RECURSOS MINERAIS EM MOÇAMBIQUE ................................................................... 24
3.1. Potencial Mineiro de Moçambique .................................................................................................. 24
3.1.2. Empresas que operam no sector mineiro em Moçambique....................................................... 26
3.1.3. Quadro Legal, Fiscal e Institucional ......................................................................................... 27
Capítuto IV: CONTRIBUTO DA INDÚSTIA EXTRACTIVA MINEIRA NA ECONOMIA DE
MOÇAMBIQUE ......................................................................................................................................... 30
4.1. Dinâmica Sectorial no Crescimento Económico.......................................................................... 30
vi
4.1.2. Participação dos sectores no PIB .............................................................................................. 31
4.2. Impacto da Indústria extractiva nas Exportações ............................................................................. 33
4.5. Emprego gerado pela indústria extractiva ........................................................................................ 35
4.5.1. Rácio de Trabalhadores nas principais empresas ...................................................................... 37
4.3. Receitas da Indústria Extractiva ....................................................................................................... 38
4.4. Receitas destinadas ao desenvolvimento da economia local ....................................................... 40
Capítulo V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................... 43
ANEXOS ....................................................................................................................................................... 50
vii
Lista de Tabelas
viii
Lista de Gráficos
ix
RESUMO
x
Capítulo 1: INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Esta alta taxa de crescimento económico foi sustentada principalmente por projectos de capital
intensivo, especialmente na indústria extractiva (African Economic Outlook, 2012). Durante a
década de 90 a actividade mineira consistia essencialmente na produção em pequena e média
escala (ouro, carvão, bauxites, grafites, mármore, gemas e outros), sendo que no presente século
iniciou a exploração de recursos minerais em grande escala através da implementação de grandes
projectos, tais como: O projecto de gás natural de Pande e Temane que iniciou a produção em
2004; A produção de areias pesadas de Moma em 2007; O início da produção de carvão em 2011
em Moatize e em 2012 em Benga e brevemente a produção de gás natural na Bacia do Rovuma.
Entre 2009 e 2014, do total de Investimento Directo Extrangeiro (IDE) que o país atraiu, uma
média de 73 por cento era direccionada ao sector extractivo. A contribuição do sector para as
receitas do Estado aumentou de 88,2 milhões de meticais para 8,584.8 milhões de meticais, em
20152. O País teve que se envolver num intenso processo de revisão de quase todo quadro legal e
1
OS Mega Projectos (MP) são emprendimentos que no geral têm recebido investimentos iniciais não inferiores a
500.000 dólares americanos e que por sinal são os principais receptóres do Investimento Directo Estrangeiro (IDE)
em Moçambique destinado a exploração de recursos minerais.
2
Direcção Ncional do Orçamento (2010 e 2016). Relatórios de Execução do Orçamento de 2009 e 2015, Maputo.
11
fiscal assim como aprimoramento de políticas e estratégias de forma a acompanhar o
desenvolvimento do sector extractivo no país.
1.2. Objectivos
1.2.1. Geral
1.2.2. Específicos
3
A ITIE foi lançada oficialmente em 2002, na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo realizada na África do Sul
com o objectivo de imprimir regras de transparência na gestão de recursos extractivos (esgotáveis) como petróleo, gás
e minerais. A Iniciativa tem o suporte político da comunidade internacional e de organizações multilateriais como o
Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e está direcionada para os países em desenvolvimento
ricos em hidrocarbonetos e minério.
12
1.3. Problema de Pesquisa
Moçambique está prestes a tornar-se num exportador de recursos minerais de classe mundial com
projeções que indicam que vai registar um rápido e prolongado aumento de receitas nas próximas
décadas (Biggs, 2012:7). Estas perspectivas trazem esperança ao desenvolvimento sócio-
económico do país agregado ao facto de apresentar melhorias de crescimento económico anual
com um registo de 6% a 7% nos últimos anos. Ja passam quase duas décadas após a Sasol, Rio
Tinto, Vale, Jindal, Kenmare, Montepuez Ruby Mining e outras multinacionais começaram a
explorar os recursos que a natureza abençoou Moçambique e o impacto da indústria extrativa na
vida dos moçambicanos ainda não surtiu os efeitos desejados.
Muitos países ricos em recursos minerais6 continuam extremamente pobres, apesar de ja terem
percorrido longos anos de exploração. São, portanto, economias que não conseguem integrar o
valor das rendas obtidas com a extracção e exportação dos mesmos a favor do desenvolvimento
sócio-económico generalizado dos seus países de forma que reduza a pobreza.
4
Para o ano de 2017 segundo BM.
5
Agenda 2025, Visão e Estratégias da Nação (2013), Maputo, Comité de Conselheiros.
6
Países como Angola, Nigéria, Venezuela, entre outros.
13
1.4. Hipóteses
A escolha deste tema reside no facto de Moçambique ter crescido significativamente7 no IDE
ligado a descoberta de jazigos minerais.
Segundo o Instituto Nacional de Petróleo (INP), Moçambique possui mais de 2,8 biliões de metros
cúbicos de reservas de gás, comparáveis as reservas do Iraque. A política de gestão desses recursos
minerais por parte do GdM, irá determinar o futuro desenvolvimento do país.
O segundo argumento da escolha deste tema resulta de ascensão do debate entre a sociedade civil
em torno da contribuição da actividade mineira para a economia de Moçambique, bem como nas
áreas onde esta actividade esta sendo exercida.
Segundo Bakker (2008), Moçambique deveria apostar no seu grande potencial de recursos
minerais para o desenvolvimento socio-económico e para que estes recursos beneficiem a maioria
da população ha necessidade de uma maior transparência na gestão dos mesmos. Assim torna-se
necessário extender e aprofundar o debate sobre políticas e estratégias a serem adoptadas no país,
em particular no sector mineiro com vista a garantir um desenvolvimento socio-económico
sustentável e generalizado da economia de Moçambique.
7
Segundo Direcção Ncional do Orçamento (2010 e 2016), Entre 2009 e 2014, do total de Investimento
Directo Extrangeiro (IDE) que o país atraiu, uma média de 73 por cento era direccionada ao sector
extractivo.
14
1.6. Metodologia
Foi também usada uma pesquisa exploratória, com base em dados secundários complementados
com a revisão bibliográfica, uso de informações e dados documentais em artigos de revistas
especializadas, alguns deles encontrados nos sites de internet, jornais (publicações).
As abordagens são: qualitativa, para informações não quantificáveis e também por ser mais
adequada a situações em que se deseja construir teorias; e quantitativa para dados numéricos.
Esses dados foram obtidos em diversos relatórios e estudos como relatórios da ITIE-M, relatórios
da Vale Moçambique e trabalhos feitos nos anos anteriores.
O método de análise e interpretação destes mesmos dados é de estatística descritiva com recurso a
pacote Excel para a construção de gráficos e tabelas estatísticas.
15
1.7. Estrutura do Trabalho
.No capítulo III temos Recursos Minerais em Moçambique: aqui faz se uma breve caracterização
e descrição das pontêncialidades mineiras do país assim como das evoluções recentes do sector
em termos de contractos e quadro legal e fiscal.
De seguida encontramos o capítulo IV e V que constitui a parte central do trabalho onde são
tratados questoes relacionadas com o contributo da indústria extractiva na economia de
Moçambique nas exportações, no PIB, nas receitas do estado e no emprego criado e depois
encontramos no capítulo V as perspectivas e desafios do sector para o desenvolvimento da
economia de moçambique.
16
Capítulo II: REVISÃO DA LITERATURA
Antes de debater a narrativa sobre as principais abordagens sobre recursos minerais e o seu
contributo na economia, urge desde ja apresentar alguns conceitos-chave para uma melhor
compreensão do estudo da temática que se pretende esmiuçar.
Designa-se indústria extractiva todas as actividades de extracção de recursos naturais, sem ou com
pouco processamento (Castel-Branco, 2010).
Os elementos-chave deste conceito assentam na extracção de recursos naturais. Isto significa que
ao extrairmos e usarmos tudo o que provém da natureza estamos perante uma actividade extractiva,
sendo industrial quando ela se torna complexa. Em outras palavras, o conceito acima não abrange
somente os recursos naturais do subsolo (tais como gás natural, carvão e outros tantos minerais),
mas também outros recursos da natureza como a madeira e produtos marinhos.
A presente pesquisa esta mais focado na indústria extractiva dos recursos minerais. Portanto, não
serão abrangidos outros recursos naturais tais como a madeira, produtos do mar/rios, entre outros.
Oliveira et al (2007) citado por (Armando, 2015), define recursos minerais como sendo substâncias
naturais formadas por processos geológicos encontradas na crosta terrestre. Estes podem ser
energéticos, utilizados para a produção de energia elétrica, calorífica ou mecânica (por exemplo:
petróleo, carvão, gás, urânio); metálicos, explorados para a obtenção de um determinado elemento
metálico que faz parte da sua constituição (por exemplo: ouro, prata, cobre, alumínio, ferro) e não
metálicos, principalmente utilizados na construção civil e em processos industriais de natureza
muito diversa (por exemplo: mármore, calcário, granitos, areia, argila, quartzo).
17
2.1.2. Desenvolvimento Socio-Económico
Um dos objectivos dos governos, é a promoção do crescimento económico sendo que este por sua
vez é a condição necessária para que haja desenvolvimento económico. O desenvolvimento
económico é o estágio mais avançado do crescimento económico. Citando Kindel-berger (1976),
é contudo impossível pensar se em desenvolvimento sem crescimento económico.
Segundo Browne et al. (2015), citado por Daniel (2016), o desenvolvimento social seria aquele
que foca mais nos processos não económicos de desenvolvimento como: a redução da
vulnerabilidade, inclusão, participação política, liberdade, segurança. Está fundamentalmente
associado a realização dos direitos humanos básicos, relações formais e informais de poder,
igualdade entre indivíduos e grupos ao seio da sociedade.
Agora, Sen (2018) cujo nome esta ligado a formulação do IDH, vai mais afundo afirmando que o
desenvolvimento económico implica expansão das capacidades humanas ou aumento da liberdade.
Ou seja, a sua efetivação deve ser precedida pela remoção das principais fontes de privação de
liberdade, tais como: pobreza e tirania, carência de oportunidades económicas e destituição social
sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados
repressivos.
Os efeitos da actividade mineradora na economia mundial são amplamente discutidos tanto nos
campos teóricos assim como nos campos empíricos nas mais diversas áreas de pesquisa. Neste
trabalho apresentam-se as duas principais abordagens dominantes dentro da perspectiva teórica
entre a actividade e suas externalidades sócio-económicas geradas.
18
2.2.1. Mineração como um condutor para o desenvolvimento
Enríquez (2007) citado por Dias (2018), destaca na sua tese de doutoramento, as teorias clássicas
de crescimento da economia convencional. A autora afirma que estas teorias são sustentadas pelos
modelos de Harrod-Domar e Robert Solow, que concebem os investimentos produtivos em
mineração como força electromotriz para o desenvolvimento económico. Estas correntes de
pensamento são também conhecidas por teorias da dádiva, porque advogam que as “regiões que
foram privilegiadas com jazidas minerais receberam verdadeira bênção que, por sua vez, deve ser
utilizada em prol de seu desenvolvimento.”
Esta visão teórica é também desenvolvida por analistas do BM na premissa de que o crescimento
económico gera crescimento na renda per capita (dada pelo PIB per capita) assim, ocasionando a
diminuição da pobreza.
No seu artigo sobre “Mining and porverty reductuon: transforming rhetoric into realitty”, Pegg
(2006), lista os factores levados em consideração pelo BM para o financiamento de grandes
projectos do sector mineral em economias subdensevolvidas. Destacam-se os seguintes factores:
invenção de novas tecnologias; a criação de empregos diretos e indiretos; a grande geração de
rendas e impostos advindos do setor e que poderia ser utilizado como elemento de combate à
pobreza pelo Estado.
Como se pode notar do parágrafo acima exposto, estas teorias não associam a “maldição” à
existência de recursos naturais. Reconhecem, por exemplos, que alguns países potencialmente
ricos em recursos enfrentam o problema da pobreza absoluta, mas defendem que a sua superação
depende de fortes investimentos para conduzir o crescimento económico (equitativo e sustentado).
Há uma lógica causal em todos os modelos que a defendem, onde a atividade aumentaria os
investimentos e este seria o indutor do crescimento económico que acabaria por gerar
desenvolvimento. A história do pensamento económico mundial, revela que alguns países, como
19
por exemplo, a Austrália, Noruega, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, desenvolveram as suas
economias tendo como base o sector mineral.
Lewis (1984), destaca que países com grandes reservas minerais na verdade possuem
desvantagens em alcançar o desenvolvimento já que estão condicionados a depender de vantagens
comparativas, somente deste sector e não diversificam a sua economia. Para o autor os principais
causadores deste circulo vicioso da pobreza dependente do setor mineral é criado devido à falta de
capital e poupanças domésticas que geralmente inexistem ou são muito pequenas nestes países.
Com mais afinco, Lewis (1984) citado por (da Silva Enriquez, 2006) acrescenta que o desempenho
de Estados bem dotados em recursos minerais é pior que o dos outros países não mineiros. Isso
ocorre, segundo ele, devido à gestão ineficiente das rendas mineiras e a dificuldade de criação de
economias autosuficientes que acabam provocando a valorização excessiva do câmbio,
favorecendo as importações e consequente vulnerabilidade da indústria local.
Segundo Aigbedion e Iyayi (2007), a maldição dos recursos é evidente na Nigéria. sendo um dos
maiores produtores do petróleo em bruto no mundo com ganhos acima de 350 biliões de USD
entre 1960 e 2000, enfileirou como um dos 15 países mais pobres no mundo e a pobreza8 aumentou
8
Medido como sobrevivência com menos de 1 dólar norte‐americano por dia.
20
de 26 porcento em 1970 para quase 70 porcento em 2000. a má gestão resultou em falta de
investimentos públicos que implicam grandes impedimentos infraestruturais.
A dependência crónica do petróleo, responsável por 98 por cento das exportações e cerca de três
quartos do rendimento do governo angolano (BURGIS, 2016), levou à derrocada económica em
2014 e acentuou a crise e a vulnerabilidade social da sua população. Outro aspecto relevante que
Angola enfrenta, a par da maioria dos Estados da África Subsariana (AS), é a fraca redistribuição
do rendimento, para reduzir as desigualdade e corrigir os desequilíbrios sociais e regionais
existentes (NABAIS, 2015:243).
A pobreza e a carência total são mais gritantes, paradoxalmente, nas comunidades rurais do interior
onde esses recursos naturais abundam (CORREIA, 2010), como é o caso de Katanga e Kivu
(RDC), Biafra (Nigéria), Cabinda (Angola), Moatize (Moçambique), etc. Prossegue, o autor,
afirmando que “Ao escândalo geológico acrescenta-se o escândalo social e humano que faz de
uma das regiões mais ricas da terra o espaço habitado por algumas das populações mais pobres”
(CORREIA, 2010:353).9
A realidade dos países acima analisados contrasta com a de Botsuana, considerado maior produtor
de diamantes do mundo e um exemplo de sucesso em África. Até 1966, Botsuana era até então um
dos países mais pobres do mundo, passando a atingir o crescimento económico anual na ordem de
7%, desde a sua independência (BEAULIER, 2010). Em 2016 ocupou a 108ª posição do IDH
correspondentes a 0,698 valores, com o coeficiente de Gini de 60.5 (2010-2015), figurando no
grupo dos países com Desenvolvimento Humano Médio (JAHAN, 2016).
Segundo Cruz & Ribeiro (2009), a experiência noruaguesa, canadense e australiana na criação de
fundos soberanos permanentes, cujo intuito é destinar as receitas provenientes da comercialização
de recursos minerais para a formação de um estoque em proveitos de gerações actual e futuras,
9
Para um estudo mais pormenorizado sobre o paradoxo da pobreza em regiões detentoras de recursos naturais, com
ênfase para o caso da Mocímboa da Praia, v. MORIER-GENOUD, Eric. Why Islamist attack demands a careful
response from Mozambique. London: The Conversation UK. October 20, 2017 [Consultado 10 de fevereiro de 2019].
Disponível em https://theconversation.com/why-islamist-attack-demands-a-careful-response-from-mozambique-
85504
21
pode ser um indicador de como usar de uma forma coêrente os ganhos provenientes da exploração
desses recursos para garantir um desenvolvimento sustentável.
O que importa dizer é que tanto a Nigéria assim como Angola, enfrentam dificuldades em
promover a diversificação das suas economias, particularmente nos setores agrícolas e piscatórias,
que concentra a maior parte das suas populações.
A diferença entre países subdesenvolvidos e desenvolvidos não está, conforme defendem autores
como Stephen Lewis e Jeffrey Sachs13, respectivamente, nos aspectos físico-geográficos ou na
densidade populacional, mas na escolha do modelo de desenvolvimento.14 Botsuana, por exemplo,
empreendeu reformas económicas estruturais e institucionais que tiveram efeitos positivos no
crescimento económico e reduções persistentes nos níveis de pobreza. Ao contrário deste, a
maioria dos países da AS seguiu uma trajectória comum diferente, tendo adoptado um modelo
económico insustentável e exclusivo.
Para os defensores de desenvolvimento com base nos recursos minerais, o principal entrave é o
influxo do investimento no sector. Em contrapartida, os defensores da maldição dos recursos, não
10
REPÚBLICA DE ANGOLA; COMISSÃO EUROPEIA – Documento de Estratégia para o País e Programa
Indicativo Nacional para o período 2008-2013. [Em linha]. Luanda, 20 de novembro de 2008, p. 16. [Consultado a
12 de Março de 2019]. Disponível em
http://eeas.europa.eu/archives/delegations/angola/documents/project/csppt_assinadocompleto_internet_pt.pdf
11
Ibidem
12
O preço de petróleo bruto era de USD 104 no terceiro trimestre de 2014, tendo caído drasticamente para USD 52
em 2015. BANCO MUNDIAL EM ANGOLA – Angola: Aspectos gerais. Luanda, 21 de abril de 2016. [Consultado
a 12 de Março de 2019]. Disponível em http://www.worldbank.org/pt/country/angola/overview
13
5SACHS, Jeffrey – O fim da pobreza: Como consegui-lo na nossa geração. 2ª Edição. Cruz Quebrada: Casa das
Letras, 2006, pp. 55-56.
14
V. por todos, ACEMOGLU, Daron; ROBINSON, James A. As origens do poder, da prosperidade e da pobreza:
Porque Falham as Nações. 7ª Edição. Lisboa: Temas e Debates – Círculo de Leitores, 2015, pp. 115 e 488
22
acreditam no progresso económico, visto que a economia extrativa atua de forma desarticulada,
agravando o desequilibro social e consequentemente a pobreza.
O pensamento de Lewis sobre maldição de recursos, peca, como se viu na experiência de países
ricos em recursos minerais, pelo seu caráter generalista, pois nem todos os países ricos em
mineraiss estão estagnados economicamente, o que pressupõe que a “maldição dos recursos” seja
de facto uma questão de escolha e não de destino.
23
Capítulo III: RECURSOS MINERAIS EM MOÇAMBIQUE
O Estado moçambicano considera como recurso mineral qualquer substância sólida, líquida ou
gasosa formada na crosta terrestre por fenómenos geológicos ou a ele ligados15. A distribuição dos
recursos minerais pelo território nacional pode ser visualizado na tabela a baixo:
15
MIREME, www.mireme.gov.mz
16
Calcula-se que existam mais de 57 associações artesanais em todo o país (ITIE-Moçambique,2011;2014).
24
de investidores estrangeiros, do Governo, da comunicação social e da comunidade doadora pelo
facto de Moçambique estar a tornar se um novo rico nesse campo (Selemane 2010).
Ano de
Nome da Empresa celebração Objecto de Contrato
Sasol Petroleum
Mozambique Limitada 2000 Contrato de partilha de produção
Prospecção, Pesquisa, Desenvolvimento e Produção de
Kenmare Moma Mining Minerais Pesados nas Áreas de Moma, Congolone e
Ltd 2002 Quinga
Vale do Rio Doce 2004 Concessão Mineira da Mina de Moatize
Sasol Petroleum Sofala
Limitada 2005 Pesquisa e Produção de Petróleo – Blocos 16 & 19
Pesquisa e Produção de Petróleo – Área 4 - Bloco do
Eni East África SpA 2006 Rovuma
Artumas Moçambique Pesquisa e Produção de Petróleo – Área Onshore -
Petróleos, Limitada 2007 Bloco do Rovuma
Petronas Carigali Pesquisa e Produção de Petróleo – Áreas Offshore 3 &
Overseas Sdn Bhd 2008 6, Bacia do Rovuma
Riversdale Moçambique
Limitada 2009 Concessão Mineira da Mina de Benga-Moatize
Minas Moatize Limitada 2013 Concessão Mineira
Anadarko Moçambique Pesquisa e Produção de Petróleo – Área 1 Offshore –
Área 1 Limitada 2006 Bloco do Rovuma
Sasol Mozambique Pesquisa e Produção de Petróleo – Área “A” Onshore
Exploration Limitada 2010 – Bacia de Moçambique
Fonte:ITIE-M (2014)
Estes são alguns dos contratos e não são representativos, tendo em consideração a totalidade das
concessões mineiras e de hidrocarbonetos. Calcula-se que exista um total de 150 concessões
17
Na literatura que versa sobre o assunto podemos encontrar Castel-Branco(2008), Selemane(2009),Bihale (2016),
entre outros autores.
25
mineiras mapeadas e 18 projectos na área de hidrocarbonetos (ITIE-M, 2014). No entanto, a tabela
permite ler a evolução das actividades de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de
recursos minerais e energéticos.
O sector mineiro moçambicano notabiliza-se pela presença de empresas com elevada capacidade
técnica e financeira e com grande experiência a nível internacional e pelo estabelecimento de um
quadro legal e fiscal apropriado para o exercício da actividade.
Segundo o sétimo relatório final do administrador independente da ITIE-M feito pela consultora
Deloitte (2018), das multinacionais que operam na indústria extractiva em Moçambique as que
estão envolvidas nos mega projectos, destacam se as seguintes:
A Eni East Africa spa é uma subsidiária da empresa Ente Nazionale Idrocarburi (Eni),
com sua sede na Itália. A Eni opera nas áreas de pesquisa e produção de petróleo e Gás,
refinaria, comercialização de recursos energéticos, engenharia e construção, bem como na
indústria química. Em Moçambique iniciou as suas operações em 2006 na Área 4 (off-
shore) na Bacia do Rovuma (Cabo Delgado).
26
em Pande e Temane na Província de Inhambane (on-shore) juntamente com a instalação
de uma Central de Processamento de Gás em Temane.
Campos Mineiros:
Montepuez Ruby Mining é uma empresa mineradora detida em 75% pela Gemfields plc,
uma empresa com origem no Reino Unido, especializada na mineração, processamento e
venda de gemas coloridas, principalmente rubis e esmeraldas, está em Moçambique desde
Junho de 2011. A mina de rubis esta localizada na Província de Cabo Delgado.
27
O Decreto nº 31/95 de 25 de Junho de 1995 mostra que o exercício da actividade mineira sem
título ou autorização constitui infracção punível. Em Moçambique, a multa ronda entre 5 à 100
milhões de meticais consoante a gravidade do caso em concreto, apreensão do produto extraído e
confisco do Equipamento utilizado.18
De acordo com as leis de mina (Lei n o14/2002) e de petróleo (Lei n o 3/2001) de Moçambique, o
governo é dono de todos os recursos minerais. A exploração destes é por regime de concessão, por
períodos de até 25 anos.
Segundo Dias (2018), a entrada das empresas transnacionais mencionadas acima fora
acompanhada pelo aprimoramento e aprovação da legislação específica, a destacar:
A legislação sobre a Terra (vide Lei n. 19/97) e Regulamento da Lei de Terras (Decreto nº
66/98);
legislação sobre o Combate à Corrupção (vide Lei nº 06/2004, de 17 janeiro) e o quadro
jurídico-legal que regula a atividade mineira (vide Lei nº 20/2004, de 18 de agosto);
Regulamento da Lei de Ordenamento de Território (vide Decreto nº 23/2008, de 1 de
Julho);
Código dos Benefícios Fiscais (vide Lei nº 4/2009, de 12 de janeiro);
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (vide
Decreto nº 67/2010, de 31 de dezembro);
Regulamento de reassentamento resultante de atividades económicas (vide Decreto nº.
31/2012, de 8 de Agosto);
18
Tirado no Decreto n.º 31/95 de 25 de Junho, BR n.º 29, I Série, 3º Suplemento de Terça-feira, 25 de Junho de 1995,
pg. 134 (3) à 134 (7).
28
Política e Estratégia dos Recursos Minerais (vide Resolução nº 89/2013, de 31 de dezembro
de 2013);
Lei dos Petróleos (vide Lei nº 21/2014, de 18 de Agosto) que prevê que em caso de
qualquer dano ambiental no local de exploração, sancionar a empresa envolvida, além de
que o governo deve garantir que a quota de 25% do petróleo e gás produzido no território
nacional seja dedicada ao mercado nacional (nº 1 do art.º 35 da mesma lei);
Lei das Minas criado para adequar o quadro jurídico-legal da atividade mineira à actual
ordem económica do país e aos desenvolvimentos registados no setor (vide Lei nº 20/2014,
de 18 de agosto e o Regulamento e seus anexos (vide Decreto nº 31/2015, de 31 de
dezembro);
Resolução da Política de Responsabilidade Social Empresarial para Indústria Extrativa de
Recursos Minerais (Resolução nº 21/2014, de 16 de maio);
Regulamento Interno para Funcionamento da Comissão Técnica de Acompanhamento e
Supervisão do Reassentamento em 2014 (Diploma Ministerial nº 155/2014, de 19 de
setembro);
Lei do Direito à Informação (vide Lei nº 30/2014, de 31 de dezembro) e o respectivo
Regulamento (Decreto no 35/2015, de 31 de dezembro).
29
Capítuto IV: CONTRIBUTO DA INDÚSTIA EXTRACTIVA MINEIRA
NA ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE
Moçambique se tornou num dos países mais dinâmicos economicamente a nível da Africa
Subsahariana devido a diversos factores dos quais se destaca o facto de fazer fronteira com a África
do Sul que é considerado como o motor económico da região, aliando-se ao potencial de
exploração de carvão mineral, areias pesadas, hidrocarbonetos e pedras preciosas que são o maior
factor de atracção do IDE no país.
No gráfico a baixo é possível verificar o comportamento do crescimento anual do PIB desde 2000
a 2017:
PIB(%)
14.00
12.72
12.00
10.00 9.85
8.79 8.72
8.00 7.81 7.43
6.88 7.12 7.20 7.14 7.44
6.00
6.50 6.35 6.69 6.59
30
2000. Em termos concretos, no ano (2000), o IDE na indústria extractiva era de 1.2 mil milhões
de USD, mas no período até 2017 subiu para 38,5 mil milhões de USD19.
Conforme pode ser visto no gráfico 2, a agricultura e a manufactura, são os sectores que mais
participação tem no PIB, 22% e 12% respectivamente. No entanto, a indústria extractiva que é o
sector que mais tem crescido durante esse período apresenta uma média de participação de 1,5%.
Construção
Agricultura
11.77%
21.76%
Manufactura
Em geral, temos um crescimento da economia moçambicana a ser impulsionada por sectores com
menor participação para a geração de riqueza no país com efeito multiplicador bastante limitado,
como é o caso da indústria extractiva, que usa mão de obra especializada que o país não dispõe e
o produto dai extraido não lhe é acrescentado nenhum valor (exportado bruto), devido a fraco
Estes dados estão contidos num estudo intitulado “ Inústrias Extractivas: A Gestão de recursos como um
19
31
crescimento dos outros sectores (como a manufactura e agricultura), que por sinal são os sectores
que mais contribuem para a economia do país (Daniel 2016).
Analisando os 3 sectores que observaram maiores taxas de crescimento económico entre 2000-
2014, Daniel (2016) encontrou que em primeiro lugar está a indústria extractiva, com uma média
de crescimento anual de 27,1%. Em segundo, esta o sector das actividades financeiras, com uma
média anual de crescimento no período em análise de 24,2%. Em terceiro lugar está o sector
construção com 10,3%.
Apesar destes 3 sectores serem os que mais tem crescido na economia de Moçambique, são os que
em média, pouco contribuiram para o PIB durante o período em análise. Em contraste, os sectores
com maior participação, agricultura e manufactura, observaram baixas taxas de crescimento,
pouco compatíveis com o seu contributo significativo para a economia.
20
Destacando-se entre elas: (i) a instabilidade político militar no país, com impacto negativo na circulação de
pessoas e bens; (ii) quedas dos preços internacionais de matérias-primas; (iii) a suspensão do apoio externo ao
Orçamento do Estado, e (iv) período de seca que prejudicou a produção agrícola, (iv) crise da dívida pública.
32
A indústria extractiva tinha uma participação de 0,5% no PIB em 2002 (Armando, 2015). Em
2011, o contributo para o PIB foi de 2%, o mesmo número registado em 2014 e 4.1% para 2017
(ITIE-M, 2018; MAÚSSE, 2018).
As exportações cresceram no período de 2002 a 2014 tendo aumentado de 23,7% do PIB em 2002,
para 40,7% em 2012. É possível notar que as exportações de minerais aumentaram de 20 milhões
de USD, em 2002, para 88 milhões USD, em 2004 e 983 milhões USD, em 2012. Contribuiu nas
exportações totais em 1,6% em 2002 tendo este valor passado para 23% em 2012, impulsionados
pela exploração e exportação de gás natural, areias pesadas e carvão mineral (vinde a tabela 4).
Segundo dados do Administrador Independente da ITIE-M (2018), em 2014, 30% das exportações
foram gerados pelo sector extractivo, em 2015 o valor reduziu para 26,4%. Contudo, em 2016 o
peso das exportações de indústria extractiva aumentou até 38,3%.
21
Adaptado do trabalho de Armando Raitone com base nos dados do Banco Mundial e UN Comtrade, disponíveis
no site: http://data.worldbank.org/; http://comtrade.un.org/db/default.aspx
33
Grafico 3: Exportações (milhões de USD) 2014-2016
4000
3916
3000 3413 3354
2000 30% 38,3%
26,4%
1000
1174 1286
899
0
2014 2015 2016
Exportações (milhões de USD) Exportações Geradas pelas Indústrias Extractivas (milhões de USD)
No ano de 2017, o peso conjundo das exportações de carvão mineral, gás natural e areias pesadas
representaram cerca de 47% das exportações totais de bens. Sendo que o carvão mineral é o maior
produto exportado a nível nacional representando cerca de 36% das exportações o que
corresponde a 1237,2 milhões de USD no total de 3422,4 milhões de USD22 do valor das
exportações (vinde Anexo 4).
16%
8%
47%
22%
7%
Carvão Mineral, Gás Natural e Areias Pesadas Produtos agricolas, pesca e madeira
Alumíneo Energia Eléctrica
Outros
22
Dados extraidos no balanço do Plano Económico e Social 2017.
34
4.5. Emprego gerado pela indústria extractiva
O gráfico 6 apresenta o nível de emprego directo criado nas cinco maiores empresas mineradoras
de Moçambique para o ano de 2012.
Pode se inferir que neste período, o sector criou menos de 6 mil postos de emprego, o que
representa menos de 1% do total de emprego gerado nesse período e menos de 0,2% do total da
força do trabalho potencial estimado em 10 milhões (Armando, 2015).
No ano de 2014 foram criadas em Moçambique 290816 empregos, no ano seguinte, 2015, o
número de empregos foi de 302064 contra 270047 em 2016.24 Segundo os dados obtidos no
relatório do administrador independente da ITIE-M (2018), em 2015 foram criados directamente
pela indústria extractiva 7016 empregos, e em 2016, 7415.
Correlacionando os dados, houve um aumento de 1% entre 2015 e 2016, sendo 2% para 2015 e
3% para 2016 devido ao aumento de empregos nas principais empresas da indústria extractiva.
23
Kenmare-Annual Report and Accounts 2013; http://www.enh.co.mz, CONSTABLE, David E. Opening remarks.
Inauguration of the CPF expansion, Mozambique. Wednesday, 30 May 2012
24
Boletim de estatísticas de Trabalho 2015/2016
35
Grafico 6: Emprego criado em 2015 e 2016
200000
150000
100000
2% 3%
50000
7016 7415
0
2015 2016
Apesar do número de emprego directo gerado pela indústria extractiva ter duplicado em 2016 em
relação a 2012 como ilustram os gráficos 3 e 4, este contributo ainda continua muito a baixo
daquilo que era de se esperar face a actual dinâmica do sector.
Em concordância com Castel-Branco (2008) e Daniel (2016), este sector pouco contribui para a
criação de emprego na economia nacional. Dado que quase todos Mega Projectos relacionados
com o sector são intensivos em capital, e mão de obra especializada que não esta disponível no
mercado nacional de trabalho dai que as empresas são obrigadas a recorrer ao mercado
internacional de trabalho como podemos ilustrar através do rácio entre trabalhadores nacionais e
estrangeiros (vinde a tabela 5).
36
4.5.1. Rácio de Trabalhadores nas principais empresas
A tabela 5 mostra o rácio entre trabalhadores nacionais e estrangeiros sendo que das principais
empresas selecionadas, a Vale Moçambique e a Kenmare mining, são as empresas que mais
empregam na indústria extractiva. Dai que será dado uma atenção especial na análise.
2013 2014
Empresas NAC. EST. % EST. NAC. EST. % EST.
Vale 20104 6880 34 25645 3822 15
Halyu 350 87 25 510 96 19
Kenmare mining 1456 174 12 1430 163 11
Rio Tinto 179 63 35 180 32 18
Sasol Temane 142 68 48 153 57 37
Anadarko 62 12 19 62 12 19
Eni 62 14 23 62 14 23
Africa Great N/A N/A N/A 15 6 40
Fonte:Copilado pelo autor com base no sexto relatório da ITIE-M
4.5.1.1.Vale Moçambique
O projecto de carvão de Moatize é o maior investimento da Vale em carvão mineral a nível global
e em Moçambique de uma forma particular.Desde o primeiro trimestre de 2014, a Vale tem vindo
a declarar prejuízos nas suas operações em Moatize. No final daquele ano os prejuízos totalizaram
os 507 milhões de dólares.25
Devido a essa situação, a empresa viu-se obrigada a fazer despedimentos que resultaram na
redução da mão-de-obra estrangeira de 6880, em 2013, para 3822, em 2014. Embora tenha havido
despedimento de trabalhadores nacionais, entre 2013 e 2014, houve um aumento de mão-de-obra
moçambicana na ordem de 5541, passando a totalizar 25645. Ainda como consequência desses
prejuízos, a empresa cortou subsídios de remuneração variável que correspondem à partilha de
lucros com os funcionários, o que resultou numa greve, em Fevereiro último de 2016, envolvendo
cerca de 1.500 colaboradores da empresa baseados em Moatize.26
25
Relatório de sustentabilidade da vale-2014
26
ibidem
37
4.5.1.2. Kenmare mining
Em 2013, a empresa contava com 1.456 trabalhadores nacionais, os quais 102, em regime de
contrato determinado, e com 174 estrangeiros, com contratos de dois anos. No ano seguinte (2014),
a mão-de- obra moçambicana reduziu para 1.43027, sendo que em regime de contrato determinado
totalizavam apenas 28; o número de trabalhadores expatriados reduziu para 16328. A imprensa
moçambicana, citando um comunicado do Ministério do Trabalho (MT), refere que a empresa
Kenmare despediu 161 trabalhadores moçambicanos, menos da metade do que a empresa pretendia
colocar no desemprego em 2015 (375).29
A elevada falta de transparência que marcou a indústria extractiva no período de 2000 a 2007
contribuiu para que não fosse possível obter dados sintematizados e confiáveis acerca das receitas
arrecadadas pelo estado neste período, mas com a adesão de Moçambique a ITIE 30 em 2009, este
cenário foi revertido.
27
Note-se que este número (1430-28=1402) representa um aumento da mão-de-obra nacional, comparativa- mente a
2013( 1456-102=1354).
28
Sexto relatório da EITI publicado em 2015.
29
Kenmare, Relatório anual e contas de 2015.
30
O Estado é obrigado a apresentar o relatório de contas contendo as receitas arrecadadas provenientes da indústria
extractiva. A ITIE é uma iniciativa global de carácter voluntáro, lançada em 2002 pelo antigo primeiro-ministro
britânico, Tony Blair.A iniciativa visa melhorar a governação nos países ricos em recursos extractivos, através da
prestação de contas, verificação e publicação dos pagamentos das empresas e das receitas colectadas pelo governo nos
sectores de petróleo, gás e mineração.
38
Grafico 7: Evolução das receitas confirmadas pelo Estado para os projectos selecionados
(Milhares de MT) (2008-2016)
25,000,000
21,271,801
20,000,000
15,000,000 13,053,954
11,711,708
10,000,000
6,279,174
5,000,000
203,975 1,070,147 1,927,825 2,069,564
0
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fazendo uma análise na evolução das receitas confirmadas pelo Estado para os projectos
selecionados desde 2008, constata-se que estas têm vindo a crescer até ao ano de 2014,
decrescendo 62% de 2014 para 2015 e 48% de 2015 para 2016. De referir que os anos de 2013 e
2014 foram anos de ouro em termos de IRPC cobrado sobre as mais valias decorrentes da venda
de interesses participativos no sector dos hidrocarbonetos, o que em grande parte justifica essa
abrupta descida nas receitas.
No ano de 2008, as receitas da indústria extractiva contribuiram com 1% no total das receitas do
estado. A sua contribuição atingiu pico em 2013 e 2014, tendo contribuido com 16.5% e 27.10%
respectivamente e em 2016 baixou para 4% contra os 8% de 2015. Uma das razões para este
decréscimo, deve-se ao facto de não ter havido colecta de imposto sobre mais valias (IRPC)
registado em 2016, imposto esse que representou cerca de 33% das receitas cobradas na indústria
extractiva em 2015.31
A indústria extractiva está a ser afectada pelo problema da queda dos preços de carvão mineral e
gás natural no mercado internacional, que se agravam com as dificuldades logísticas para
31
Dados obtidos através dos diversos relatórios da ITIE Moçambique publicados desde 2009.
39
escoamento do carvão. Os preços do gás natural caíram em 38,9% e do carvão térmico em 23,2%
(Banco de Moçambique, 2015). Estes factores, tem um impacto directo nas receitas tanto das
próprias empresas assim como do estado através da redução do valor tributado.
O gás natural é tido como sendo o futuro de Moçambique mas o primeiro projecto de gás Pande-
Temane, não gerou receitas significativas para os cofres do Estado moçambicano. So para
elucidar, o valor da venda anual de gás de Moçambique na África do Sul é agora de mais de US $
800 milhões, por ano, enquanto a receita total do Estado ao longo dos primeiros oito anos do
projecto é inferior a US $ 50 milhões (Nuvunga, 2013).
Este facto deve-se a remoção da cláusula de partilha de produção do acordo de exploração firmado
com a SASOL o que fez com que o Governo cedesse logo no início parte considerável da fonte
das suas receitas. Ciente dessas cláusulas, o MIREME, o FMI e o BM, ainda previram receitas
substanciais32 para o Estado, que nunca se concretizaram.
O boom da indústria extractiva em Moçambique trouxe consigo o debate em torno dos benefícios
locais33 a serem obtidos pelos habitantes das áreas onde os recursos minerais ou hidrocarbonetos
são explorados (Selemane, 2017).
Existe uma orientação clara por parte do GdM através da Política de Responsabilidade Social e
Empresarial (PRSE) para a Indústria Extractiva de recursos Minerais (IERM)34 de que as empresas
do sector extractivo de recursos minerais devem contribuir para o desenvolvimento local com parte
dos seus rendimentos de forma a combater a pobreza. A Lei n.º 20/2014 (Lei das Minas) e a Lei
32
O mau negócio que Moçambique fez sugere que, tal como a Mozal, o projecto de Pande Temane nunca foi concebido
para gerar receita para o Estado. No entanto, mesmo sabendo dos termos do contrato, o MIREM e o Banco Mundial
afirmaram que o Governo geraria cerca de US $ 2 bilhões do projecto ao longo do seu ciclo de vida de 25 anos.
33
Como afirmou CORREIA (2010) de que a pobreza e carência total são mais periclitantes, paradoxalmente, nas
comunidades rurais do interior onde esses recursos naturais abundam e citou os casos de Katanga e Kivu (RDC),
Biafra (Nigéria), Cabinda (Angola), Moatize (Moçambique).
34
A PRSE para IERM foi aprovada pela Resolução nº 21/2014, de 16 de Maio. Na sua essência, a política em
referência visa assegurar o envolvimento, a participação e coordenação de todas partes interessadas nos investimentos
e empreendimentos da indústria extractiva, desde as actividades de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e
produção. A política orienta também os mecanismos de monitoria e avaliação das actividades de responsabilidade
social empresarial, assim como os mecanismos de reclamação, recurso e resolução de litígios.
40
n.º 21/2014 (Lei de Petróleos) ambas de 18 de Agosto, bem como as leis por estas revogadas,
definem que uma percentagem das receitas geradas nestas actividades deve ser canalizada para
projectos de desenvolvimento das comunidades das áreas onde se localizam os respetivos
projectos.
A Lei n.º 2/2015, de 7 de Maio, que aprova o Orçamento do Estado para 2015, define no seu artigo
7 a percentagem de 2,75% das receitas geradas pela extracção mineira e petrolífera.
Para o Orçamento do Estado 2015 foi adoptada uma nova metodologia de transferência de fundos
às comunidades que consiste na disponibilização de recursos com base nas receitas cobradas em
2014. A previsão da cobrança das receitas geradas pela extracção mineira, estabelecida no
Orçamento do Estado (OE) de 2014, foi de 887,5 milhões de Meticais, tendo sido cobrados naquele
ano 762,1 milhões de Meticais, correspondentes a 85,9% da meta anual. O valor transferido no
período de Janeiro a Dezembro de 2015 foi de 18,8 milhões de Meticais35, o correspondente a
100,0% da “Dotação Orçamental” e em 2016, o valor transferido atingiu o montante de 22.8
Milhões de Meticais36, correspondentes a 100% da dotação orçamental (Vinde a tabela no anexo
7).
Para Selemane (2017), se os 2,75% das receitas mineiras forem bem geridas, podem ser uma mais-
valia para o desenvolvimento socio-económico das zonas de exploração mineira e petrolífera. Será
preciso, para tal, garantir-se maior clareza nos critérios, transparência total nos mecanismos de
gestão, e também uma harmonização entre os planos económicos e sociais do distrito (PESOD) e
os recursos públicos disponíveis, de modo a que não se repitam os erros cometidos com os 7
milhões37.
As reservas de gás descobertas na Bacia do Rovuma são estimadas em mais de 120 triliões de pés
cúbicos cuja exploração se espera arrancar em 2021 na melhor das hipóteses. Segundo estimativas
35
Conforme valores da tabela apresentada publicada no Relatório de Execução do Orçamento de Estado de 2015
36
Conforme valores da tabela apresentada publicada no Relatório de Execução do Orçamento de Estado de 2016
37
“A implementação dos projectos de promoção do desenvolvimento económico local deve ser feita em estrita
obediência ao Decreto 90/2009 de 31 de Dezembro, que cria o Fundo Distrital de Desenvolvimento Local (FDD) na
parte aplicável aos 7 milhões.”São conhecidas as críticas feitas por diversos segmentos da sociedade aos mecanismos
de gestão dos chamados “7 milhões”, particularmente as reclamações de pessoas não alinhadas com o partido Frelimo
que se sentem marginalizadas nesses processos.
41
de analistas da Anadarko e Eni feitas em 2010, Moçambique poderia obter até US $400-500 biliões
de receitas com o gás natural destas duas reservas, ao longo das próximas décadas.38
Estimativas do FMI realizadas antes das grandes descobertas de gás natural pelas empresas
Anadarko Petroleum e ENI em 2010, apontaram para um aumento de 50% nas actividades da Sasol
(gás natural) e o início da produção de carvão pelas empresas Vale e Rio Tinto atingindo plena
capacidade até 2020, o que projectava um pico de crescimento gerado pelos mega-projectos no
PIB moçambicano dos 8-10% para cerca de 18-20%, entre 2016-2020 (Biggs, 2012:iii).
Segundo Biggs (2012), Somando-se a esta estimativa das descobertas de gás natural da Anadarko
e ENI, o peso dos mega-projectos no PIB de Moçambique poderia aumentar para cerca de 40-
50%. Esta previsão parte do pressuposto de que o valor das descobertas é de cerca de 400 mil
milhões de dólares americanos durante as próximas quatro décadas, com exportações de 10 mil
milhões de dólares americanos por ano e que as empresas de extracção retêm uma participação de
50% do capital a investir.
Um aspecto a considerar é que: a falta de políticas claras de reinvestimento das receitas dos
recursos minerais pode ser um dos entraves para Moçambique alcançar um desenvolvimento
através da diversificação da economia alargando dessa forma a sua base produtiva.
38
Perspectivas de arranque da produção avançadas pela Eni e Anadarko e corroboradas pelo Governo moçambi-
cano. http://www.enh.co.mz/Projectos/Projectos-em-Carteira/Projecto-de-LNG-em-Cabo-Delgado
42
Capítulo V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este trabalho teve como objectivo principal analisar o contributo da indústria extractiva mineira
na economia de Moçambique e não se pode negar que a dinâmica do crescimento económico
verificado apartir do ano 2000 deve-se em parte pelo rápido crescimento da indústria extractiva
mineira (com um crescimento de 27,1 % em média no período de 2000-2014 e 40,8% para o ano
de 2017). Apesar deste ser o sector que mais tem crescido na economia de Moçambique pouco
contribui para o PIB (com uma participação média de 2% no período referido) em contraste com
agricultura que é um dos sectores que menos tem crescido mas contribui com 22% no PIB.
Este sector não tem contribuido de uma forma significativa para o desenvolvimento economico e
social da economia de Moçambique visto que os resultados da pesquisa mostraram que os ganhos
advindos das exportações e produção mineira no país ainda não são muito significativos: A
primeira razão prende-se com baixos valores pagos em impostos (abaixo de 5%) como
consequência da política de incentivos fiscais. A segunda razão é que a produção do carvão é
recente e alguns projectos de exploração de gás natural no distrito de Palma ainda não entraram na
fase de produção e comercialização. Este sector, pouco impacto teve também na criação do
emprego na economia nacional (apenas contribuiu em 3% no total de emprego criado em 2016 e
vinha nos anos anteriores contribuindo com 1% ou a menos do que isso) e justifica-se pelo facto
de que quase todos Mega Projectos relacionados com o sector são intensivos em capital e mão-de-
obra especializada que o país nào dispõe.
Muitas são as expectativas formuladas face a explosão emergente de gás natural e carvão mineral
em Moçambique, mas ja passam quase duas décadas que a indústria extractiva mineira em grande
escala tem sido dominante mas poucos são os feitos para o desenvolvimento da economia
moçambicana. Dai que é importante ter em conta as fragilidades apresentados ao longo deste
43
trabalho para que a indústria extractiva mineira em Moçambique não seja uma maldição mas sim
uma benção. Para tal ha necessidade de se criar condições para que haja crescimento dos sectores
não mineiros (diversificação da economia), formação do capital humano para reduzir a
dependência da mão-de-obra externa no sector, mais reformas no quadro legal e fiscal, melhorar
as questões de trasparência no sector extractivo e criação de um fundo soberano de riqueza (FSR)
na qual será canalizado uma parte das receitas com vista a garantir o bem estar económico e social
das gerações vindouras a semelhança dos outros países ricos em recursos minerais.
44
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49
ANEXOS
50
Anexo 2: Evolução da Pobreza
51
Anexo 4: Exportações (em millões de USD) Nacionais-2017
52
Anexo 5: Produção Mineral (2000-2012)
53
Anexo 6: Evolução da Produção Global de Minerais(2010-2017)
Designação Unidade 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Carvão
Carvão (Coque) Ton 38260 2069400,00 2991794,00 6000000 3784603,00 6000000,00 3972122,00 7385930
Carvão (Queima) Ton 1962200 1500000 2546586,00 4124667,00 2214199,00 4391833,00
Gás
Gás Natural Gj 124783152,00 131181922,00 146793243 141000000,00 161551763,00 170000000,00 194225468,40 192602304,29
Condesado bbl 328171,00 398422,00 408342 420000,00 268322,00 600000,00 477089,70 409020,70
Minerais Metálicos
Ouro Kg 106,00 103,00 178,00 120,00 197,00 250,00 2643,90 2394,40
Tetalite Kg 55054,00 139145,00 407734,00 982000,00 111767,00 140000,00 91661,20 126592,30
Ilmenite Ton 678358,00 578935,00 574308,00 905061,00 851133,00 1000000,00 1339330,00 1326944,00
Zircão Ton 37038,00 34399,00 46880,00 54972,00 50334,00 70000,00 215222,00 159664,40
Rutilo Ton 201,00 5919,00 3713,00 12266,00 7781,00 9137,00
Outras Indústrias Extractivas
Bauxite Ton 8556,00 7706,00 8633,00 13000,00 3325,00 5000,00 1450,80 3182,40
Areia para construção M^3 1150052,00 1466167,00 2137613,00 2766140,00 762644,00 950000,00 1632657,50 5571195,00
Brita Ton 785612,00 752759,00 1007802,00 1000000 1799312,00 1800000,00 1270051,20 3674293,30
Argila M^3 43143,00 99561,00 46691,00 32275,00 1116132,00 1300000,00 336415,20 171211,20
Calcário Ton 263908,00 415883,00 1322424,00 412958 900788,00 900788,00 728431,00 3245604,00
Pedras Preciosas e Semipreciosas
Berilo Ton 57,00 4441,00 532,00 149,00 180,70 53,20
Tumalinas Kg 2403,00 25999 486468,00 150000,00 131342,00 160000,00 75,60 25,40
Tumalina Refugo Kg 12267,00 25999,00 27186,00 19000,00 44891,00 48000,00 11059,20 3648,30
Granada Refugo Kg 3571,00 24654,00 44891,00 10233,00 91273,20 115333,90
54
Anexo 7: Transferências às Comunidades (Em Milhões de MT)
Provincia/ localidade Receita do ano 2014 Despesa 2015 % realiz Despesa 2016 % realiz
Distrito Prevista Cobrada % Dotação Realização Dotação Realização
Cabo Delgado - - - - - - 6,1 6,1 100
Motepuez Nyamanhumbir - - - - - - 6,1 6,1 100
Nampula 159,0 96,6 60,8 3,9 3,9 100 2,2 2,2 100
Moma Topuito 159,0 96,6 60,8 3,9 3,9 100 2,2 2,2 100
Tete 474,1 230,9 48,7 10,9 10,9 100 6,4 6,4 100
Cateme 256,2 177,6 69,3 3,3 3,3 100 1,9 1,9 100
Moatize 25 de Setembro 3,3 3,3 100 1,9 1,9 100
Chipanga II 217,8 53,3 24,5 3,3 3,3 100 1,9 1,9 100
Benga 1,1 1,1 100 0,6 0,6 100
Inhambane 254,4 211,8 83,3 4,0 4,0 100 8,1 8,1 100
Govuro Pande 254,4 211,8 83,3 0,8 0,8 100 4,0 4,0 100
Inhassoro Maimelane 3,3 3,3 100 4,0 4,0 100
TOTAL 887,5 539,4 192,8 18,8 18,8 100 22,8 22,8 100
Fonte: CIP (2016) com base nos dados de CGE, MEX e AT
55