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Escola Superior de Relações Internacionais

Curso de Relações Internacionais e Diplomacia

Disciplina: Economia de Moçambique

3° Ano

Pós Laboral

TEMA: O PAPEL DA SASOL NO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO


DE MOÇAMBIQUE (2011-2016)

Discente
Deomilca Tomás

Docente: Dr. João de Barros

Maputo, Março de 2021


INDÍCE
Introdução..............................................................................................................................................1
Contexto................................................................................................................................................1
Problematização....................................................................................................................................2
CAPÍTULO 1: ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÓMICO DA SASOL NA ECONOMIA
MOÇAMBICANA............................................................................................................................5
1.1 A SASOL e a Legislação Moçambicana....................................................................................5
1.2. A SASOL e a Economia Moçambicana......................................................................................6
1.3. A política da SASOL......................................................................................................................8
1.4. Áreas de Actuação e as Principais Realizações Sociais..............................................................8
1.4.1. Educação e Cultura......................................................................................................................8
1.4.2. Saúde...........................................................................................................................................9
1.4.3. Desporto....................................................................................................................................10
1.4.4. Agricultura e Pecuária...............................................................................................................10
1.4.5. Água, meio ambiente e infra-estruturas e outras áreas.........................................................11
2. Volume de Investimentos Realizados..........................................................................................11
CAPÍTULO 2: PROCEDIMENTOS USADOS NO DESENVOLVIMENTO DOS PROJECTOS
NA COMUNIDADE.......................................................................................................................12
2.1. Responsabilidade Social e Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável dos Projectos na
Comunidade.................................................................................................................................12
Conclusão............................................................................................................................................13
Lista de Referências.............................................................................................................................14
Introdução

O trabalho que se propõe desenvolver tem como tema O Papel da SASOL no


Desenvolvimento Económico de Moçambique (2011-2016). Este tema tem uma relevância
no sentido de compreender se de facto as multinacionais ao operarem no país no final do dia
conseguem promover um desenvolvimento económico sustentável ou não, tendo em conta à
questão atinente da responsabilidade social como um dos requisitos que são exigidos pelo
governo moçambicano para o seu enquadramento no país.
A SASOL é relevante para esta análise porque tem desenvolvido inúmeras tecnologias novas
e continua a investir no desenvolvimento das mesmas. Estas incluem a produção de
combustível a partir do gás, designada como a tecnologia “gás para líquido” (na sigla
correspondente em inglês- GTL- gas –to liquid).
Actualmente, a SASOL é uma das maiores empresas produtoras de combustíveis sintéticos a
nível mundial. É de salientar que Moçambique desempenha um papel fundamental nesta área.
O estudo do caso fez-se sobretudo da empresa SASOL num horizonte temporal de cinco anos
que compreende 2011 a 2016. A escolha de 2011 deve-se ao facto de, ter sido nesse ano em
que, o grupo SASOL explorou depósitos de gás natural em Pande e Temane, província de
Inhambane, tendo depósitos de grande dimensão daquele produto sido descobertos há alguns
anos na bacia do Rovuma norte de Moçambique, pelos grupos americano Anadarko
Petroleum Company, e italino ENI (Macauhub, 20171). Por seu turno, em 2016, a
multinacional iniciou a perfuração do primeiro furo em Maio do mesmo ano, ao abrigo do
acordo de partilha de produção assinado com o governo de Moçambique, em Inhambane
sendo estimado na altura que a primeira fase do desenvolvimento desse acordo que
contemplava a realização de 14 furos e que custaria 1.400 milhões de dólares (Ibid).

Contexto

Do ponto de vista contextual, a pesquisa insere-se num contexto em que a nível internacional,
verifica-se um crescente uso dos recursos energéticos (R.E), em particular do GN, como
instrumento de política externa. O GN é utilizado como um instrumento de poder pelos
Estados fornecedores, estes, que olham para esse recurso como um meio para o exercício da
influência e alcance dos seus objectivos de política externa (P.E) perante os Estados
consumidores (Cesnakas, 2016:9-10). Deste modo, verifica-se a preocupação por parte das

1
Macauhub, (2017): Grupo Sasol inicia Produção de Petróleo em Moçambique dentro de 2 a 3 anos,
Moçambique. Disponível em https: ̸ ̸ macauhub.com. Consultado no dia 14 Março de 2021.
organizações internacionais assim como empresas multinacionais com os impactos das
actividades económicas governamentais. Assim sendo, estas fornecem ferramentas práticas
para que as empresas transnacionais e os Estados implementem directrizes para que possam
fazer face aos problemas sociais, económicos e ambientais que apoquentam os Estados em
particular Moçambique de modo a conduzir um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A nível regional, o tema se insere num contexto de descobertas de importantes reservas de


GN, tendo como destaques Angola, Moçambique e Tanzânia. Para além disso, a África
Austral vive uma crise energética, onde a demanda por energia é superior que a oferta.
Exemplo disso é que em 2015, o déficit energético na África Austral foi de mais de 50 mil
megawatts (MW) e Moçambique jogou um papel importante no fornecimento de energia
através da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e pode jogar um papel ainda mais
importante na supressão desta crise através da geração de energia eléctrica a partir do GN
(Observador, 20162).

Em paralelo, o ambiente doméstico caracteriza-se basicamente por ser o momento em que


surgiram as mais recentes descobertas do Gás Natural em Cabo Delgado, Moçambique
(Bacia do Rovuma). Este também se caracteriza pela massificação dos debates levados a cabo
pela sociedade civil, académicos, Organizações Não Governamentais (ONG) e governo em
torno do papel e contribuição das empresas multinacionais no desenvolvimento económico
dos países africanos, em particular Moçambique.

Problematização
Na compreensão do papel das multinacionais questiona-se o papel que estas desempenham no
desenvolvimento das comunidades locais. Procura-se entender o motivo pelo qual os países
em desenvolvimento como Moçambique optam por aceitar o estabelecimento de
multinacionais como a SASOL. As respostas a estas perguntas vêm-nos de autores como
Barros (2004: 15) que diz:

Os Mega projectos podem ser contribuintes significativos para o desenvolvimento,


incluindo o crescimento do PIB, geração de receitas de exportação, algum nível de
criação de emprego. Para além destes benefícios, os mega projectos têm tido outros
benefícios em Moçambique. Isto inclui a colocação de Moçambique no mapa como
um destino para o investimento, estabelecendo e elevando os padrões de qualidade e
apoiando os serviços comunitários/sociais.
2
Disponível em Observador.pt/2016/12/02/gás-natural-fará-de-moçambique-polo-energético-de-áfrica.
Consultado aos 10 de Março de 2021.
Kassotche (1999: 67) afirma que as multinacionais substituíram o sistema colonial como
meio de penetração e extracção de riqueza do Sul.
Barros e Kassotche representam duas perspectivas opostas, enquanto Barros encontra nas
multinacionais uma tábua de salvação a caminho do desenvolvimento. Kassotche representa a
classe dos cépticos que vêm nas multinacionais uma espécie de neocolonialismo. A
divergência de opiniões entre os autores mostra que não existe uma única percepção do papel
das multinacionais na promoção do desenvolvimento das comunidades locais. Portanto, é
importante que cada caso seja estudado para daí se retirar as devidas ilações. Por esta razão
torna-se importante saber se a SASOL na sua qualidade de multinacional visa essencialmente
contribuir para desenvolver o país ou mantê-lo ligado as políticas dessa companhia
investidora, uma vez que, tem havido muitos condicionalismos na concessão da mesma e
muitas vezes é feita em função dos objectivos ou vontade do investidor e não só do
beneficiário e isso reflete-se no crescimento lento da economia do país. Assim sendo urge
questionar: Qual é o papel da SASOL no Desenvolvimento Econômico de Moçambique?

No que concerne aos objectivos, o trabalho tem como objectivo geral: Reflectir em torno do
papel da SASOL no desenvolvimento económico de Moçambique.
No que tange aos objectivos específicos, o trabalho apresenta os seguintes:
 Analisar o papel que a SASOL tem desempenhado para o desenvolvimento
econômico de Moçambique;
 Analisar a política interna da SASOL com relação ao desenvolvimento das
comunidades circunvizinhas.
A partir dos objectivos específicos foram levantadas as seguintes questões de pesquisa:
 Qual é o papel da SASOL no desenvolvimento económico de Moçambique?
 Qual é a política interna da SASOL com relação ao desenvolvimento das
comunidades circunvizinhas?
Com base nas questões colocadas, surgem duas hipóteses orientadoras:
 A presença da SASOL em Moçambique estimula o desenvolvimento económico deste
país.
 A política interna da SASOL estimula o desenvolvimento das comunidades
circunvizinhas.

Para o desenvolvimento do presente trabalho foram usados três métodos, nomeadamente:


métodos estatístico, monográfico e o método comparativo, auxiliados pela técnica de
pesquisa documental que abrange a pesquisa documental e bibliográfica.
 Método estatístico- este método preocupa-se com métodos de recolha, organização,
resumo, apresentação e interpretação de dados, assim como tirar conclusões sobre as
características das fontes donde estes foram retirados, para melhor compreender as
situações Triola, (2008:722), O seu uso permitiu obter simplificações de informações
sobre o contributo da SASOL no desenvolvimento econômico de Moçambique.
 Método Monográfico- tem como princípio de que o estudo de um caso em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de
todos os casos semelhantes. Esses casos podem ser indivíduos, instituições, Estados,
etc (Lakatos e Marconi, 2003: 107). O método monográfico ou estudo de caso foi
usado para fazer um estudo profundo sobre a SASOL para melhor compreender o seu
papel no desenvolvimento local, de onde podem-se tirar ilações para os outros países
da região.
 Método Comparativo- este método consiste em cruzar informações comparando
diferentes categorias, tais como tempo e espaço procurando compreender o antes e o
depois da região em estudo (Ibid: 109). Este método é relevante para este trabalho
porque a partir deste poderemos compreender o impacto da SASOL na região onde
está estabelecida e por extensão em todo o país.
 Técnica documental – de acordo com Gil (1999), a técnica documental consiste na
recolha de dados sobre o tema de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2003: 29), esta
técnica consiste na recolha e revisão das fontes primárias e secundárias. Assim, a
mesma auxiliou a fazer revisão, a procurar e selecionar as fontes secundárias que
tornaram possível o desenvolvimento do trabalho, tais como: obras, revistas, artigos
científicos e websites que versam sobre o estudo do tema em análise.
CAPÍTULO 1: ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÓMICO DA SASOL NA
ECONOMIA MOÇAMBICANA

O presente capítulo pretende analisar como a SASOL cria ligações entre sectores de
actividade, possibilitando a expansão directa ou indirecta da produção das actividades que se
ligam tecnologicamente e via demanda final com outras actividades da área, criando a
integração Intersectorial. O capítulo divide-se em duas partes: a primeira parte situa a SASOL
no âmbito da Legislação Moçambicana. Aqui procura-se entender as bases jurídicas que
orientam a acção da SASOL em Moçambique. A segunda parte procura analisar a
contribuição desta empresa no desenvolvimento da economia moçambicana.

1.1 A SASOL e a Legislação Moçambicana

Nesta secção pretende-se discutir a legislação que regula as actividades da SASOL. Esta
necessidade leva-nos à lei do investimento, que é a Lei n˚3/93, de 24 de Junho e ao
regulamento das Zonas Francas Industriais que foi aprovado pelo decreto n˚ 62/99, de 21 de
Setembro com as alterações aprovadas pelo decreto n˚ 35/2000 de 17 de Outubro e pelo
Decreto n˚ 16/2002, de 27 de Junho. Pretende-se perceber até que ponto estas duas leis
regulam as actividades do Investimento Directo Estrangeiro como é o caso da SASOL, para
que esta companhia promova o desenvolvimento das comunidades locais.
A lei do investimento no seu artigo 7 na alínea a) afirma claramente que o investimento tem
como um dos seus objectivos “a implantação, reabilitação, expansão ou modernização de
infra-estruturas económicas destinadas à exploração de actividade produtiva ou à prestação
de serviços indispensáveis para o apoio à actividade económica produtiva e do
desenvolvimento do país” e na alínea o) acrescenta como um dos objectivos “a redução e
substituição de importações”.

Um outro aspecto que atrai o investimento para Moçambique é a permissividade da


legislação no tocante aos aspectos financeiros como ilustram os artigos 30, 31 e 32 n˚1
(Decreto n˚16/2002, de 27 de Junho). O artigo 30 reza que “é permitido aos operadores e as
empresas de ZFI's abrir, manter e movimentar contas em moeda estrangeira no país e no
exterior”. O que deixa o estado sem nenhum controlo efectivo do capital das companhias
estrangeiras, principalmente a operarem nas ZFI's, para efeitos de pagamentos de impostos. O
artigo 31 afirma que “a importação de capitais para a constituição ou aumento de capital
social das entidades abrangidas por este regulamento deve ser registada mediante a
apresentação de documentação comprovativa, no Banco de Moçambique, o qual emitirá os
documentos certificativos do registo”. Para em seguida o artigo 32 n˚1 afirmar que “a
transferência de lucros e dividendos poderá ser efectuada desde que observado o disposto no
artigo anterior, mediante comprovação do cumprimento das obrigações fiscais e após
confirmação pelo Ministério do Plano e Finanças do valor do lucro exportável.” Questiona-se
os mecanismos de garantia que o país possui para se assegurar que os lucros apresentados são
realmente aqueles, sabendo-se que as multinacionais possuem contas no país e no estrangeiro.

A legislação Moçambicana, a lei de investimento e o regulamento das Zonas Francas


Industriais, não prevendo deveres específicos para promoção do desenvolvimento das
comunidades locais, confia na boa-fé dos operadores. E regula de forma explícita os
benefícios que estes operadores têm no exercício das suas actividades no território nacional
como sejam: abrir, manter e movimentar contas em moedas estrangeiras no país e no exterior.
Porém esta liberdade só dificulta a actividade fiscalizadora do estado não chegando a saber o
real montante de imposto que deve receber da multinacional, devido a facilidade da
circulação do capital.

Às facilidades legais acrescenta-se a denúncia mencionada por Kassotche (1999: 67) segundo
o qual as multinacionais evitam pagar os impostos inventando truques de contabilidade para
aumentar os lucros e diminuir os encargos fiscais. O que a ser verdade o país com a SASOL e
outras companhias com o mesmo estatuto perde duplamente. Perde porque tem uma
legislação facilitadora e perde porque a é ludibriado contabilisticamente.

1.2. A SASOL e a Economia Moçambicana

Em Moçambique, o gás foi descoberto 1962 quando a Guff Oil encontrou gás nos campos de
Pande. Em 1970, o potencial para o gás de Moçambique na África Austral estava a tornar-se
evidente. Numa profecia pioneira do projecto, o então director geral da companhia
distribuidora de gás SASOL, Frans Coetzee no ano de 1970, escreveu aos seus colegas:
“Acredito que o gás natural pode, lucrativamente, ser traduzido de Moçambique para África
do Sul” (Abdulahé, 2011: 33).

No entanto, anos de conflitos regionais, a guerra civil e diferenças políticas impediram que a
visão de Frans Coetzee se tornasse realidade. É, só agora, 30 anos mais tarde, que os dois
países estão mais perto do que nunca de serem ligados por um gasoduto de gás natural
(SASOL, 2000). Com efeito, em Outubro de 2000, o Governo de Moçambique, a Empresa
Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e a SASOL assinaram dois contratos conferindo a esta
última os direitos sobre os campos de gás de Pande e de Temane que resultaram na
constituição da empresa SASOL Petroleum Temane, Lda. (Revista da empresa). Os
accionistas da empresa são a SASOL, o Governo Moçambicano representado pela empresa
Nacional de Hidrocarbonetos e o Governo da República da África do Sul representado pelo
“Central Energy Fund”. Além do gasoduto, também foram construídas reservas e instalações
de processamento de Temane na província de Inhambane. O gasoduto percorre um trajecto de
520 km em Moçambique, atravessando o rio Limpopo perto de Macaretane em Chokwe e o
rio Incomati mais a sul, antes de atravessar a fronteira Sul-Africana perto da Vila de Ressano
Garcia. A partir dai, o gasoduto muda de direcção para Oeste e prolonga-se por mais 345 km
dentro da África do Sul, de Komatiport até Secunda, passando por Kaapmuiden, Badplaas, e
Bethakl, (Moçambique, 2002).

O subsequente desenvolvimento dos campos de gás resultou em actividades de produção que


tiveram início em Fevereiro de 2004 e o gasoduto transporta 120 milhões de Gigajoules de
gás natural por ano e actualmente possui cerca de 300 trabalhadores. O mercado do gás do
Temane e de Pande cobre mais de 1500 quilómetros, distribui gás para mais de 600 clientes,
principalmente do sector industrial. Neste sector, o gás é utilizado na fabricação de pão,
vidro, e uma variedade de usos no território sul-africano. É para este país que é destinada a
maior parte do gás. Moçambique está - se beneficiando não somente do melhoramento na
economia, mas também os residentes locais têm benefícios provenientes de ofertas de
trabalho e outras oportunidades criadas pela SASOL, a saber:
 Desenvolvimento de um recurso que estava adormecido;
 Ganhos de direitos e impostos de companhias;
 Impostos sobre a remuneração recebida pelos empregados e empreiteiros da empresa;
 Criação de emprego para os nacionais de Moçambique;
 Melhoramento significante das infra-estruturas em Moçambique;
 Direitos sobre o gás cobrados em espécie pelo governo moçambicano, que podem ser
utilizados como catalisador para o desenvolvimento de outras áreas de economia;
 Os sócios comprometeram-se a oferecer gás para a futura Maputo Iron and Steel
Project (MISP), alargando assim a viabilidade do projecto através de economias de
escala criadas por maiores volumes;
 Investimento estrangeiro substancial em Moçambique durante a vida do projecto.
É para proteger os seus gasodutos que a SASOL em grande parte adopta a Responsabilidade
Social. Antes de discutir o impacto desta postura social da empresa, primeiro devemos
compreender teoricamente em que consiste a Responsabilidade Social.

1.3. A política da SASOL

A SASOL tem estado empenhada em devolver a dignidade social as populações por onde
passa o gasoduto e outras comunidades. Um dos dirigentes da empresa, este projecto
multifacetado, envolve todo e tudo, rumo ao sossego social nas comunidades (Ibid: 34-35). A
SASOL está a trabalhar na exploração do gás de Pande e de Temane. Neste âmbito, chamou a
si a Responsabilidade Social de apoiar o desenvolvimento das populações vizinhas dos seus
projectos, pois o sucesso do seu empreendimento, não depende só da parte técnica, depende
também de olhar para o lado humano-social das populações.

É necessário que as populações tenham algo visível, uma vez que em termos visíveis, o
gasoduto atravessa muitas comunidades, razão pela qual a empresa tem esta componente
social para o seu apoio. Os investimentos realizados nas comunidades são de acordo com as
exigências delas, isto é, a SASOL nunca impõe. As populações indicam aquilo que é sua
prioridade e a empresa apoia. O impacto sobre estas iniciativas é enorme, e o alcance não tem
horizontes, nas diferentes fases de apoio, a SASOL através do departamento, tem feito um
trabalho em coordenação com o Governo, (Ibid).

1.4. Áreas de Actuação e as Principais Realizações Sociais


A actividade de Responsabilidade Social levada a cabo pela empresa SASOL beneficia só as
comunidades onde a SASOL actua. A empresa tem estado a actuar na zona sul, isto é, nas
províncias de Maputo, Gaza e Inhambane.
A SASOL tem privilegiado, de acordo as necessidades da comunidade as seguintes áreas:
 Educação e cultura;
 Saúde;
 Desporto;
 Agricultura;
 Água, meio ambiente e infra-estruturas e outras áreas.
 Desenvolvimento de pequenos negócios e auto-emprego.
1.4.1. Educação e Cultura
A educação é uma das áreas essenciais na luta contra a pobreza, a SASOL tem apoiado
continuamente este sector nas comunidades onde actua, o apoio consubstancia-se da seguinte
forma:
Na comunidade da Manjangue, no distrito de Chokwé em Gaza antes existia uma escola
construída a pau e pique, local que era muito indecente para dar aulas aos alunos, em
momentos de chuvas e mau tempo os utentes da escola ficavam desprovidos de receberem
aulas. A 27 de Abril de 2004, foi lançada a primeira pedra de construção. Um membro da
escola primária completa de Manjangue, referiu que esteve muita gente da comunidade que
presenciou o nascimento da futura escola, o sentimento geral era de euforia, pois esta iria
colmatar a falta de um local adequado para a concretização efectiva do processo de ensino
aprendizagem.

A SASOL investiu cerca de USD 120.000 para a construção da Escola Primária de


Manjangue.
Além desta realização feita pela empresa SASOL, abaixo vem as outras a saber:
 Construção de 9 escolas orçadas 1.130.000 USD das quais 5 estão na província de
Inhambane, 3 estão em Gaza e uma na província de Maputo;
 Concessão de ajuda ao projecto “Olhar de Esperança” cuja gestão é do Ministérioda
Educação e Cultura;
 Construção de duas escolas primárias em Pande e Mangungumeta em Inhambane,
Doação de computadores a escolas em Mpumalanga, na Africa do Sul;
 Melhoramento de bibliotecas em Riverlea e Sasolburg- Africa do Sul;
 Construção de um novo edifício do EP1 na comunidade de Manjangue, em Chokwé;
 Fornecimento de livros a escola primária de Sabie em 2007;
 Fornecimento de livros a escola primária de Samora Machel em 2009;
Tem oferecido vário material didáctico às escolas como livros, cadernos, esferográficas, e
outros. (SASOL, Annual Review and Summarised Financial Information, 2009).

1.4.2. Saúde

Em Moçambique a área de saúde ainda é muito crítica, consubstanciada pela falta de meios
básicos para um bom funcionamento como é o caso da exiguidade de recursos humanos,
infra-estruturas, medicamentos. Assim a SASOL tem efectuado as seguintes acções: Em
Moine, uma localidade do distrito de Magude, a morte espreitava continuadamente no seio
das populações, para além de falta de água, não havia um centro de saúde, ou algo parecido
que pudesse minimizar o sofrimento das comunidades. O transporte custa 30 Meticais. São
camiões de lenha e carvão, que eram obrigados a transportarem mulheres grávidas, e outras
pessoas debilitadas pelas enfermidades. Com esforço e coordenação das comunidades, do
Governo e da SASOL, construi-se um centro de Saúde nesta localidade de Moine em nos
finais de 2004 orçado em USD 340.000. E hoje há júbilo na localidade.
Já não se morre a caminho de Magude. Já não se vai empoleirado nos camiões de lenha e de
carvão. As mulheres têm maternidade. A saúde materno-infantil tem espaço. As doenças de
transmissão sexual (DTS) têm sido tratadas na unidade sanitária (Ibid: 37).
Para além deste centro de saúde de Moine, a SASOL realizou varias outras acções:
 Construção de 3 centros de saúde orçados em 1.239.000 USD, dos quais um centro de
saúde está na província de Inhambane;
 Comparticipa ao programa de prevenção e combate a malária concretamente na
distribuição de redes mosquiteiras, fumigação de casas de residentes de Maputo,
 Inhambane e Gaza;
 Construção de dois centros de saúde em Moine e Mangungumeta em Inhambane;
 Implementação do programa de HIV/SIDA em Matlafala em Sasolburg- Africa do
 Sul;
 Foi reparado o telhado do Hospital de Vilanculos;
 Co-financia as campanhas de sensibilização do uso do preservativo nas comunidades.

1.4.3. Desporto
Na área do desporto, a SASOL apoia principalmente no desenvolvimento nas modalidades de
futebol, a título de exemplo:
 Construção de um estádio regional de desportos em Vilânculos;
 Foi fornecido equipamento desportivo a clubes em Vilânculos;
 Foi lançado o programa de desenvolvimento de futebol na província de Inhambane;

1.4.4. Agricultura e Pecuária


A SASOL tem apoiado na área da agricultura, o que permite a redução das bolsas de fome
nas comunidades, a título de exemplo, nas aldeias de Gavaza e Godawa, na localidade de
Sabié, distrito de Moamba. A empresa forneceu gado bovino e charruas a cerca de 120
famílias.
Nesta área houve outros investimentos feitos pela SASOL em outras comunidades, abaixo
alistados:
 Foi implementado um projecto de desenvolvimento agrícola em duas comunidades no
distrito de Chigubo em 2004;
 Foi lançado um programa de pulverização de cajueiros em Pande;
 Estabelecimento do programa de criação de gado em Temane, Vulanjane e
Chitsekane;
 Apoio a uma associação de camponeses no Chókwe;

1.4.5. Água, meio ambiente e infra-estruturas e outras áreas.


As outras acções realizadas pela SASOL no âmbito da Responsabilidade Social são:
 Abertura de 39 furos de água, dentre estes 26 foi feita nos distritos de Funhalouro, em
Vilanculos, 5 em Inhassoro e 12 em Govuro;
 Reabilitação do pequeno sistema de água em Ressano Garcia;
 Construção de 3 pequenos sistemas de água na província de Gaza;
 Financiamento de 3 projectos de geração de auto-emprego (padarias – uma em
 Funhalouro e outra em Temane) e um projecto de artesanato e tapetes em Inhassoro;
 Abertura de 4 represas em Moamba e Magude;
 Foi efectuada a terraplanagem para preparar uma zona próxima das instalações de
processamento de gás para estabelecimento de lojas informais;
 Foi construído um lago comunitário em Manjane no distrito de Magude;
 Abertura de mais poços para fornecer água potável a 6 comunidades em Ressano
Garcia;
 Reabilitação de uma barragem comunitária em Mpunguine;
 Foi providenciada uma antena de rádio VHF para a comunidade de Nalazi;

2. Volume de Investimentos Realizados


Durante os nove anos de operação, a SASOL já investiu é aproximadamente igual a 7.0
milhões de dólares americanos, sendo a área de infra-estruturas que consome maior bolo do
orçamento global, programas de criação de auto emprego, fornecimento de material escolar e
outras áreas (Ibid: 40).
CAPÍTULO 2: PROCEDIMENTOS USADOS NO DESENVOLVIMENTO DOS
PROJECTOS NA COMUNIDADE

Como forma de evitar litígios com as comunidades, a SASOL trabalha directamente com as
populações beneficiárias das suas acções, em uma base de consultas. O que quer dizer que a
maior parte dos projectos até neste momento implementados nas diversas regiões e os
patrocínios que a SASOL tem dado, provém de solicitações efectuadas pelas próprias
comunidades e depois de analisadas uma por uma, dentro das prioridades e disponibilidades,
são financiados os pedidos aprovados.

2.1. Responsabilidade Social e Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável dos


Projectos na Comunidade

A intervenção social da SASOL está voltada na Responsabilidade Social e criação condições


que garantam a continuidade dos empreendimentos sociais que constrói, por exemplo, ao
promover o desenvolvimento de pequenos negócios e auto-emprego (uma padaria em
Funhalouro e outra em Temane), está a promover a sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável das comunidades (Ibid).
Conclusão

Feito trabalho, constatou-se que a SASOL está a criar uma integração sectorial devido à
quantidade de serviços que esta companhia solicita às empresas nacionais e estrangeiras. Um
exemplo desta integração é a exploração de gás natural em Pande e Temane, província de
Inhambane, tendo depósitos de grande dimensão daquele produto sido descobertos há alguns
anos na bacia do Rovuma norte de Moçambique o que significa que a economia tira proveitos
do estabelecimento desta multinacional, mas este proveito é mais notório no crescimento
económico e menos no desenvolvimento do país.
A legislação Moçambicana é omissa em relação àquilo que as multinacionais em geral e a
SASOL em particular devem fazer em prol das comunidades locais.
A SASOL é um ponto de articulação, sobre o qual vários sectores de actividade interagem
criando a integração sectorial. Porém esta integração é vulnerável, pois depende duma única
unidade, no caso a SASOL. Se esta companhia (SASOL) falir a integração chega ao fim,
porque não há pontos de articulação adicionais.
O crescimento económico que se verifica em Moçambique com a contribuição da SASOL é
ilusório, pois os lucros não ficam no território nacional, mas contam na Balança de
Pagamentos.
Esta é uma das razões que leva a disparidade entre o crescimento económico e o
desenvolvimento em Moçambique.
Lista de Referências

ABDULAHÉ, Amade (2011), Impacto Da Prática Da Responsabilidade Social da Sasol


Nas Comunidades em Moçambique no Período entre 2004 a 2009. Lisboa.

BARROS, (de) G. (2004), “ Efeitos dos Grandes Projectos” in The World Bank News,
Maputo.

CESNAKAS, Giedrius (2016), Energy resources as the tools of foreign policy: the case of
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Conselho de Ministros, (1999), Regulamento de Zonas Francas Industriais, Decreto


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