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A ASCENSÃO CHINESA: IMPLICAÇÕES PARA AS ECONOMIAS DA

EUROPA
Em fevereiro de 2011, a China entrou no “ano do coelho” desfrutando da posição de
segunda maior economia do mundo. Conforme destacado por Martin e Méjean (2011),
esse cenário foi resultado de uma progressiva ascensão da China na produção e no
comércio desde o início da década de 1990. No âmbito do comércio mundial, a maior
integração chinesa tem se dado em um ritmo impressionante ao longo das últimas duas
décadas. As exportações chinesas mais que quintuplicaram entre 1992 e 2007. O
funcionamento econômico da China tem passado por transformações radicais, uma vez
que o país asiático saiu de uma posição isolada internacionalmente para uma economia
altamente integrada, cujas exportações que eram inferiores a 10% do produto interno
bruto (PIB), em 1980, chegaram a um percentual de mais de 37%, em 2007. Este
processo foi acompanhado por uma diversificação não menos impressionante do
comércio exterior chinês, na qual as vendas de manufaturados assumiram uma função
central na pauta global de exportação, desde tecidos de baixo valor agregado até
eletrônicos de alta tecnologia e computadores. Um aspecto dessa integração comercial
foi a rápida modernização das exportações chinesas. Nesse sentido, a partir de meados
dos anos 1990, a pauta de exportação da China se notabilizou não apenas por agregar
uma gama muito ampla de produtos, mas também pela elevada capacidade de exportar
produtos intensivos em capital, produtos de alta tecnologia, bem como produtos que
costumam ser considerados como pertencentes à área de especialização de países mais
desenvolvidos. Isso permitiu uma acelerada ascensão das empresas chinesas nos
mercados mundiais dos setores de tecnologia da informação (TI), telefones celulares e
eletrônicos, tais quais a Lenovo, a Founder, TCL e a Skyworth. Conforme o gráfico 1,
ao longo do período 1991-2009, o aumento significativo dos países emergentes1 na
participação mundial de exportações

Entre 1994 e 2007, o crescimento da participação mundial das exportações chinesas,


que aumentou 10 p.p., impulsionou o país à condição de principal exportador global,
ultrapassando os Estados Unidos. Apesar disso, ao longo da década de 2000, quando a
pressão concorrencial chinesa se intensificou, os países europeus foram capazes de
reforçarem sua presença no mercado mundial de exportações, ampliando seu percentual
em mais de 1 p.p., enquanto Japão e Estados Unidos perderam, respectivamente, 3 p.p. e
6 p.p.

* Professora de Economia da Universidade Paris 1, Panthéon Sorbone, e pesquisadora


do Centro de Estudos e Investigação em Economia Internacional da França (CEPII). 1.
Nesse grupo, consideram-se os seguintes países: Turquia, União da África do Sul,
Equador, México, Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Tunísia, Egito, Indonésia, Índia,
Malásia, Filipinas, Tailândia, Brunei, Bangladesh, Sri Lanka, Rússia, China e
Indochina.

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