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°Ano
Pós-Laboral
Discentes:
O presente trabalho faz uma análise em torno das Implicações do Pacto entre a
Alemanha e a Rússia de Não-Agressão de 1939. Para o efeito, o trabalho apresenta
uma abordagem que se sustenta, primeiramente, na revisão bibliográfica, onde apresenta
uma breve visão sobre a política externa soviética, nos anos que antecederam a
assinatura do Pacto entre a Alemanha e a Rússia de Não-Agressão.
O trabalho está subdividido em duas secções essenciais. A primeira secção, faz uma
análise histórica da descrição dos eventos antecedentes à assinatura do pacto germano-
soviético. A segunda secção está reservada para analisar as implicações em torno da
assinatura do Pacto entre as potências na época. Por último, segue a conclusão e as
respectivas referências bibliográficas.
SECÇÃO 1: DESCRIÇÃO DOS EVENTOS ANTECEDENTES À ASSINATURA
DO PACTO GERMANO-SOVIÉTICO
A subida ao poder de Hitler deu início a uma nova era na relação entre a União
Soviética e a Alemanha. O seu discurso inflamado contra o comunismo e a necessidade
de uma expansão territorial para este era uma ameaça clara à segurança da União
Soviética. No entanto, Stalin não tomou esta ameaça como séria logo em 1933, ano da
subida ao poder de Hitler. Ao invés disso, ele acreditava que Hitler estava destinado ao
fracasso e que a sua eventual saída do poder abriria caminho aos comunistas alemães.
Tão convicto estava ele desse desfecho que ordenou ao partido comunista alemão e aos
seus militantes que votassem no partido nazista (David, 1998: 15). Contudo, Stalin
estava errado quanto à fragilidade ou incapacidade de Hitler em manter-se no poder. Ao
longo dos anos seguintes, Hitler foi consolidando o seu poder pelo que era importante
agora perceber que tinha vindo para ficar e Stalin tinha de agir em concordância.
Desta forma, os objectivos da política externa nazi eram claros e públicos, já que Hitler
tinha os enunciado no seu livro Mein Kampf. Entre eles, a expansão territorial às custas
da União Soviética era bem clara e Stalin estava consciente desse facto. Isso era mais
perigoso para a segurança da União Soviética dado o facto de esta não estar em
condições de fazer frente à Alemanha sozinha, ainda que por vezes Stalin quisesse
passar essa imagem (Ibid: 15-16). Assim sendo, a Stalin apresentava três opções em
como agir com este facto:
Ficava claro desde a primeira hora que a primeira opção de abdicação da Ucrânia estava
fora de questão, pelo que seria necessária uma abordagem simultânea à segunda e
terceira hipóteses (Ibid).
Ainda neste contexto, importa realçar que o Sistema Internacional de Versalhes que saiu
da Primeira Guerra Mundial não era bem visto pelos comunistas para além de terem
sido excluídos da mesma. Assim sendo, a ideia da segurança colectiva, um dos
princípios basilares da Sociedade das Nações, nunca tinha sido usado como bandeira
dos comunistas no plano internacional (Ibid: 16-17). Acontece que a subida ao poder de
Hitler e o perigo que este representava para a União Soviética significava uma alteração
da estratégia política dos comunistas, que se viam na necessidade de usar os meios
necessários para travar o avanço nazista e o fortalecimento alemão. Em termos
concretos da política externa soviética, isto significou a assinatura de uma série de
tratados de não-agressão com os estados vizinhos da União Soviética, nomeadamente
Estónia, Letónia, Polónia e Roménia. A assinatura destes tratados não era meramente a
promessa de não entrar em guerra com estes estados, significava também o
reconhecimento formal da sua existência e das fronteiras criadas após a Primeira Guerra
Mundial. Stalin estava portanto a abdicar do direito da União Soviética nestes territórios
em troca de uma segurança das fronteiras. Para além destes tratados, Stalin assinou
ainda com a França um pacto de assistência mútua com a Checoslováquia, onde estes
países se comprometiam a prestar assistência caso a Checoslováquia fosse atacada, mas
apenas se a França o fizesse primeiro. Com este tratado Stalin dava um dos primeiros
passos para uma cooperação com as potências capitalistas liberais, mas ainda assim
demonstrando uma reserva clara quanto ao compromisso dado, garantido que a União
Soviética não fosse deixada sozinha pela França na ajuda à Checoslováquia ao garantir
a cláusula de só o fazer caso a França o fizesse primeiro (Ibid: 18).
O grande passo seguinte na procura de uma frente comum contra Hitler foi a entrada em
Setembro de 1934 da União Soviética na Sociedade das Nações. A partir deste
momento, a União Soviética tornar-se-ia um dos maiores promotores da segurança
colectiva, tentando várias iniciativas junto dos diversos estados europeus para travar a
Alemanha. A figura de proa desta nova linha de acção era Maxim Litvinov, o
responsável da política externa soviética. Este era um homem que não tinha tanta
desconfiança das potências capitalistas liberais como Stalin, pelo que a sua linha de
acção passava por uma aproximação destas em detrimento da Alemanha (Ibid: 18-19).
1
história do Mundo. Disponivel em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/pacto-
germano-sovietico.htm. Acessado em 12 de Julho de 2021.
2.1. Implicações do Pacto Germano Soviético
Relativamente à Finlândia, foi exigido ao governo finlandês que a fronteira entre os dois
países recuasse 30 quilómetros e que destruíssem todas as fortificações no Istmo da
Carélia. Ainda foram exigidas concessões territoriais no Golfo da Finlândia, no Mar de
Barents, assim como a permissão para instalar uma base militar em território finlandês.
A recusa do governo finlandês em aceder às exigências soviéticas marcou o início da
Guerra de Inverno. Esta guerra, à partida, parecia uma vitória fácil para a União
Soviética, mas as condições meteorológicas e complicações de outra ordem dificultaram
a vitória soviética. Esta acabou por acontecer, ditando a anexação de parte do território
finlandês à União Soviética, territórios que hoje ainda permanecem sob alçada russa.
Sobre os países bálticos, Estónia, Letónia e Lituânia foi feita pressão pela União
Soviética para se juntarem ao gigante comunista, o que acabou por acontecer. Sobre a
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Sem data.
Bessarábia, a União Soviética fez um ultimato à Roménia para que abandonasse o
território, que acabou por ceder ao fim de quatro dias ditando a anexação deste pela
União Soviética (Ibid: 47- 48).
Fisher David (1998), The Deadly Embrace: Hitler, Stalin, and the Nazi-Soviet Pact
1939-1941. Nova Iorque/Londres. Volume 1, N° 5, 15-33.