História 3ª Série
A Segunda Guerra Mundial
O maior conflito militar da humanidade, a Segunda
Guerra Mundial, opôs os aliados (Estados Unidos,
Inglaterra, França, União Soviética e China) ao Eixo
(Alemanha, Itália e Japão) e teve como frentes de batalha,
ao longo dos seis anos (1939-1945), a Europa ocidental e
oriental, a Ásia, o norte da África e o oceano Pacífico.
As novas tecnologias bélicas como os bombardeios
maciços, associados à política de extermínio nazista, em
campos de concentração, e as bombas atômicas
estadunidenses, fizeram dos civis as grandes vítimas
deste que foi o conflito mais sangrento da história.
Antecedentes
O Tratado de Versalhes, que pôs fiz a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), impôs principalmente à Alemanha
reparações muito penosas e humilhantes, o que
provocou um ressentimento profundo entre os alemães.
A Itália, que havia lutado ao lado dos vencedores,
também não obteve as compensações que esperava.
Essas situações, associadas às dificuldades de
reconstrução destes países durante a década de 1920,
contribuíram para a ascensão de movimentos
antidemocráticos, militaristas, expansionistas e com
discurso ultranacionalista, como o fascismo e o nazismo.
A partir da crise de 1929, a Sociedade das Nações
(criada em 1919 para assegurar a paz mundial e evitar que
um novo conflito de grandes proporções eclodisse)
perdeu seu poder e os termos do Tratado de Versalhes,
que na prática vigoravam graças à hegemonia militar
francesa na Europa, perdeu efetividade. Itália e
principalmente Alemanha retomaram os investimentos
militares, visando a expansão de suas fronteiras.
Não é difícil entender as razões econômicas que
explicam, dentro da ótica nazista, a “necessidade do
espaço vital”. De um lado, o grande capital alemão
necessitava de novas fontes de matérias-primas para
alimentar a indústria nacional, e as poucas colônias
alemãs, que forneciam essas commodities, foram
repartidas entre os vencedores da Primeira Guerra
Mundial, como parte do acordo de indenização. De outro
lado, a expansão militar exigia autossuficiência em
petróleo, carvão, ferro e trigo, problema que seria
resolvido com a invasão, respectivamente, da Romênia,
do Cáucaso, da Silésia e da Ucrânia.
A partir de 1930, em meio à crise financeira mundial,
as grandes potências dividiam-se em três frentes:
• As democracias liberais: Inglaterra, França e,
do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos;
• Os estados nazifascistas: Itália e Alemanha;
1
Komintern: sigla da Internacional Comunista, organização criada em 1919 na Rússia, que reunia os partidos comunistas do mundo e
coordenava a luta pela revolução socialista mundial.
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• O estado socialista: União Soviética.
A crise enfraqueceu, econômica e politicamente as
democracias liberais, e com elas, o poder efetivo da
Sociedade das Nações. Em 1931, após conquistar a
Manchúria (importante região da China), e por isso sofrer
sanções da Sociedade das Nações, o Japão retirou-se da
entidade. Em 1935 foi a vez da Itália sofrer sanções
similares, após invadir a Etiópia, no nordeste da África, o
que acabou por aproximar Mussolini de Hitler, que
ofereceu apoio econômico.
Desde que chegou ao poder, Hitler vinha trabalhando
no sentido de rasgar, na prática, os termos do Tratado de
Versalhes. Em 1935, por exemplo, reestabeleceu o
serviço militar obrigatório e retomou a produção bélica, o
que permitiu, no ano seguinte, reocupou militar da
Renânia, na fronteira com a França, desarticulando
parcialmente o sistema defensivo criado ao fim da
Primeira Guerra Mundial.
Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), Hitler e
Mussolini apoiaram o general Francisco Franco e
utilizaram o conflito como campo de testes para novos
armamentos e aviões alemães. Em 1936, Hitler e
Mussolini assinaram com o Japão o Pacto Anti-Komintern,
visando frear o avanço da União Soviética no Mundo. 1
O avanço nazista
França e Inglaterra reagiam à violação do Tratado de
Versalhes e ao ímpeto expansionista de Hitler com
cautela e apaziguamento, a população destes países tinha
fresca em sua memória os horrores da guerra, e temiam
que, uma reação forte pudesse mergulhar a Europa em
um novo conflito de grandes proporções. Os soviéticos
permaneciam isolados, e os estadunidenses, neutros.
Em 1938 Hitler anexou a Áustria, sua terra natal, com
o argumento de que era um povo germânico, como os
alemães, anexação que foi confirmada pela população
local em um plebiscito. Na sequência, Hitler exigiu os
Sudetos, território da Tchecoslováquia, que fazia
fronteira com a Alemanha, onde viviam minorias
germânicas. Os tchecos tinham um acordo com os
franceses e soviéticos, e convocaram suas tropas. O
ministro britânico, Neville Chamberlain fez duas viagens à
Alemanha para tentar, sem êxito, resolver o conflito. Em
setembro de 1938 Mussolini organizou a Conferência de
Munique para resolver o impasse, França e Inglaterra
concordaram com a anexação para evitar a guerra.
Em março de 1939 Hitler conquistou o restante da
Tchecoslováquia (incorporando sua importante indústria
bélica), anexou a Boêmia e a Moldávia e proclamou a
Eslováquia independente. Ao mesmo tempo, Mussolini
História 3ª Série Leitura Complementar

conquistava a Albânia, e em
maio de 1939, firmava uma
aliança militar com Hitler, o
chamado Pacto de Aço.
A essa altura um novo
conflito mundial parecia
inevitável. Para as potências
capitalistas liberais, como
França, Inglaterra e Estados
Unidos, o alvo prioritário da
Alemanha capitalista, seria a
União Soviética, não só pela
repulsa histórica de Hitler
pelos comunistas, mas
também e principalmente
pelas reservas petrolíferas
sob controle dos soviéticos.
Contudo, em 23 de agosto
de 1939 um acordo de não-
agressão foi assinado entre a
Alemanha nazista e a União
Soviética (Pacto Germânico-
Soviético), surpreendendo as demais potências
capitalistas. O acordo também previa,
secretamente, a não reação soviética a um ataque
alemão à Polônia, e a neutralidade alemã em caso
de ataque soviético à Finlândia.
Em 1º de setembro de 1939, menos de 10 dias
após o acordo com os soviéticos, Hitler invade a
Polônia, aliada da Inglaterra, que em represália
declara guerra à Alemanha. A França, aliada
inglesa, faz o mesmo. A União Soviética invade a
banda oriental da Polônia e a Finlândia. Já a Itália,
seguiria neutra até junho de 1940.
O avanço nazista sobre a Polônia foi concluído
em menos de três semanas. Foi criado um governo-
geral, submisso a Hitler, e teve início a perseguição
aos judeus. Nesses primeiros meses, França e
Inglaterra limitaram-se a dificultar o abastecimento
alemão de aço vindo da Suécia, ao que Hitler
respondeu invadindo a Dinamarca e a Noruega em
abril de 1940, criando nessas regiões governos
fantoches, sob controle alemão.
Em maio de 1940, resolvida a questão polonesa
e garantido o suprimento mineral do norte da
Europa, Hitler direcionou suas atenções à França,
que esperava segurar o avanço alemão por ao
menos três anos, graças a “Linha Maginot”, um
complexo de fortificações francês construído junto
à fronteira alemã durante a década de 1920. Era o
tempo necessário para desenvolver a indústria
bélica e aguardar uma possível entrada
estadunidense no conflito.
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Usando a mesma estratégia da Primeira Guerra
Mundial, as forças alemãs chegaram a França através do
ataque relâmpago (Blitzkrieg) contra a Bélgica e a
Holanda. A ação surpreendeu cerca de 270 mil soldados
ingleses e 100 mil franceses que lutavam ao norte e
tiveram que se retirar, às pressas, para o porto de
Dunquerque, junto ao canal da Mancha. Ao fim do
episódio dramático que ficou conhecido como “Retirada
de Dunquerque”, todo material bélico da região passou
às mãos do exército nazista, e mais de 40 mil soldados
franceses foram aprisionados.
O avanço foi rápido sobre o território francês, as
tropas nazistas dominaram Paris em 14 de junho de 1940,
obrigando o governo francês a se retirar para o sul,
primeiro para Tours, e depois para Bordeaux. Nessa
ocasião, Mussolini entrou no conflito do lado alemão.
Após disputas intensas dentro do governo francês,
que debatia uma fuga para a Argélia, para organizar a
reação, ou a resistência em solo francês, o marechal
Pétain, herói da Primeira Guerra, acabou por assinar um
armistício com o comandante das tropas nazistas. A
França foi dividida em duas: o norte, permaneceu sobre
ocupação direta dos nazistas; o sul passou ao controle de
um governo ditatorial francês, com capital em Vichy,
comandado por Pétain, subordinado aos alemães.
Após a ocupação rápida da França, as tropas alemãs
voltaram seus esforços para a Inglaterra, que sendo uma
ilha, dependia do abastecimento de matérias-primas,
equipamentos e alimentos vindos dos Estados Unidos.
Um cordão alemão limitou o acesso à ilha, com utilização
de navios, aviões e submarinos, impedindo a chegada de
mais de 9 milhões de toneladas de suprimentos à
Inglaterra entre 1940 e 1941.
Em agosto de 1940 teve início a batalha da Inglaterra,
que se estenderia por meses. Bombardeiros alemães
despejaram sobre Londres e arredores mais de 37 mil
toneladas de bombas, inclusive em ataques noturnos.
Com auxílio de radares, a RAF (Royal Air Force) inglesa
conseguiu evitar a destruição total da capital.
No Mediterrâneo a Itália avançava, e junto com as tropas
alemãs, conquistavam postos no norte da África,
ameaçando o domínio inglês no Egito. No Leste Europeu
políticos pró-comunistas foram eleitos nos países bálticos
(Letônia, Estônia e Lituânia), e passaram a reivindicar a
anexação à União Soviética, o que ocorreu em 1940.
Em setembro de 1940 formou-se o Eixo Berlim-Roma-
Tóquio, com o Japão, Itália e Alemanha comprometendo
a se ajudar mutuamente em caso de ataque por potência
ainda não envolvida no conflito. Na sequência outros
países foram forçados por Hitler a aderir ao acordo, como
Hungria, Romênia e Bulgária. A Iugoslávia resistiu e
acabou invadida pelo exército alemão, assim como a
Grécia, que havia resistido ao exército italiano, mas
sucumbiu às forças nazistas.
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A Resistência e os “partigianos”
Em todos os países ocupados pelos nazifascistas,
organizaram-se movimentos armados de oposição aos
invasores, conhecidos como Resistência. Associações
clandestinas procuravam paralisar o inimigo por meio de
sabotagens e ataques surpresa. Esses movimentos de
Resistência tiveram grande importância, especialmente na
França, Iugoslávia, Polônia e Grécia. Na Itália a Resistência
ficou conhecida como “partigiana”, referenciada na canção
“Bella Ciao”, que narra a trajetória de um destes indivíduos
que, em meio a ocupação nazifascista, se puseram a lutar.
Querida Adeus
Bella Ciao
Esta manhã, eu acordei
Stamattina mi sono alzato
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Esta manhã, eu acordei
Stamattina mi sono alzato
E encontrei um invasor
E ho trovato l'invasor
Oh, membro da Resistência, leve-me embora
O partigiano, portami via
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Oh, membro da Resistência, leve-me embora
O partigiano, portami via
Porque sinto que vou morrer
Ché mi sento di morir
E se eu morrer como um membro da Resistência
Se io muoio da partigiano
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E se eu morrer como um membro da Resistência
Se io muoio da partigiano
Você deve me enterrar
Tu mi devi seppellir
E me enterre no alto das montanhas
E seppellire suda in Montagna
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E me enterre no alto das montanhas
E seppellire suda in Montagna
Sob a sombra de uma bela flor
Sotto l'ombra di un bel fior
E as pessoas que passarem
E le genti che passeranno
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E as pessoas que passarem
E le genti che passeranno
Me dirão: Que bela flor!
Ti diranno: Che bel fior!
E essa será a flor da Resistência
Questo fiore del partigiano
Querida, adeus! Querida, adeus! Querida, adeus, adeus!
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E essa será a flor da Resistência
Questo fiore del partigiano
Daquele que morreu pela liberdade
Morto per la libertà
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marítimas estadunidenses, que

vinham condenando o avanço
japonês no Oceano Pacífico
desde o início da guerra.
Em 1940 o Japão ocupou a
Indochina francesa (Vietnã,
Laos e Camboja), ao que os
Estados Unidos responderam
com um bloqueio econômico,
suspendendo o fornecimento
de produtos estratégicos e
congelando os saldos bancários
japoneses em solo americano.
Na Europa a ofensiva nazista
sobre os russos foi fulminante,
em pouco tempo tomaram Kiev
e Kharkov e aproximaram-se
das maiores cidades russas,
Moscou e Leningrado. No final
de 1941, os russos já haviam
perdido um terço das tropas.
Os alemães não haviam
previsto o inverno, e seguiram
os passos de Napoleão. Os
soviéticos, acostumados com o
inverno rigoroso, organizaram a
reação a partir de 1942,
transferiram para o interior sua
indústria pesada e bélica, ao
mesmo tempo que recebiam
equipamentos estadunidenses
pela rota iraniana.
Em 22 de junho de 1941 Hitler rompeu o pacto com
Stalin e iniciou a invasão à União Soviética. Em 7 de
Stalingrado
dezembro de 1941 o Japão, sem declarar guerra aos
Estados Unidos, atacou a base naval de Pearl Harbor, no A derrota decisiva dos alemães na União Soviética
Oceano Pacífico, onde estava concentrada parte aconteceu em janeiro de 1943 em Stalingrado, no sul,
considerável da frota marítima estadunidense. O episódio ponto-chave para o acesso às reservas de petróleo do
levou os Estados Unidos a entraram na guerra. Cáucaso. Ali, uma força de 285 mil homens, sob o
comando do general Friedrich von Paulus, foi cercada
O auge da Guerra (1941-1945) por efetivos superiores, liderados pelo marechal
Até meados de 1941 as tropas nazistas pareciam Konstantin Rokossovsky. Inutilmente, Von Paulus
imbatíveis e a vitória sobre os aliados parecia questão de pediu autorização a Hitler para render-se.
tempo. A entrada estadunidense e soviética na guerra
O ataque final aos alemães começou com uma salva
mudaria os destinos do conflito. O ataque a Pearl Harbor
de 5 mil canhões. As tropas de Von Paulus combateram
gerou uma comoção na população estadunidense, que,
com valentia, casa a casa, corpo a corpo. Mas no dia 31
até então defensora da neutralidade no conflito contra o
de janeiro renderam-se os 91 mil sobreviventes, com
eixo. Na prática, o governo do presidente Franklin 24 generais. Uma epidemia de tifo mataria muitos
Roosevelt, no cargo desde 1933, já se preparava para
alemães logo depois. E apenas 5 mil voltaram a seu país
intervir na guerra, moldando desde o início do conflito a
após a guerra. Furioso com a insistência de Hitler em
economia estadunidense para a produção bélica, como
continuar a luta, provocando um banho de sangue, Von
aviões, navios e tanques, além do fornecimento de Paulus passou para o lado soviético.
materiais e empréstimos à Inglaterra.
BRENER, Jayme. A Segunda Guerra Mundial: o planeta em
O ataque surpresa a Pearl Harbor, planejado pelo chamas. São Paulo: Ática, 1998.
general Tojo, foi uma tentativa de desarticular as forças
 História 3ª Série
No início de 1943 os alemães foram contidos em
Stalingrado. A partir desse ponto a tendência virou, teve
início a contraofensiva soviética que alcançaria Berlim em
1945 e colocaria fim a guerra na frente europeia.
A presença estadunidense virou o jogo também na
frente ocidental. Os aliados conseguiram a supremacia no
ar, e aumentaram a eficiência dos ataques contra os
submarinos alemães que tentavam bloquear o Atlântico.
No norte da África, dominado pelos nazistas, foras
inglesas começaram a avançar em 1942, a batalha
decisiva ocorreu em Al Alamein, no final de outubro
daquele ano, vencida pelos Aliados.
A derrota do nazifascismo
Em junho de 1943, tropas aliadas invadiram a Sicília,
ao sul da Itália. Em Roma, o Grande Conselho Fascista
prendeu Mussolini e entregou o poder ao general
Badoglio, que, em setembro do mesmo ano, capitulou.
Mussolini fugiu da prisão, em uma operação secreta
organizada por Hitler, e com apoio nazista, criou no norte
da Itália a República Social Italiana, também conhecida
como República de Saló. Em junho de 1944 os Aliados
conquistaram Roma, e em abril do ano seguinte, forças da
Resistência italiana capturaram e executaram Mussolini.
No norte da França os Aliados efetuaram, em 6 de
junho de 1944, a maior invasão anfíbia da história (ver
quadro a seguir), surpreenderam os alemães e iniciaram
a retomada do território. Junto com a Resistência, os
Aliados retomaram Paris em 25 de agosto de 1944.
O Dia D
Quando as tropas aliadas cruzaram as águas do
canal da Mancha rumo à Normandia, em 6 de junho de
1944, os oficiais leram a ordem do dia do comandante
supremo na Europa: “Vocês estão prestes a iniciar uma
grande cruzada.” A operação Overlord reconquistaria o
norte europeu após 4 anos de domínio nazista.
Planejado para 1942, o desembarque de tropas
aliadas foi adiado várias vezes; da última, houve um
atraso de 24 horas por causa da maior tempestade em
25 anos. O Dia D (termo que se referia ao primeiro dia
de qualquer operação militar, hoje usado como
sinônimo dessa invasão) começou com ataques de
paraquedas antes do amanhecer. Navios caça-minas
limparam as águas, belonaves e aviões bombardeiros
castigavam posições inimigas. Portos flutuantes foram
instalados e, às 6 horas e 30 minutos, tropas
desembarcaram nas praias. Os soldados venceram os
últimos metros de água gelada em tanques anfíbios ou
a pé, pularam obstáculos de aço e arama farpado e
recapturaram os primeiros pedaços de solo francês. No
fim do dia, 155 homens tinham desembarcado. Era o
começo da derrota nazista.
Nosso Tempo. São Paulo: Klick, 1995.
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Os nazistas estavam agora cercados por todos os
lados. Na Europa Ocidental, os Aliados, principalmente
ingleses e estadunidenses, avançavam rumo a Berlim,
que, a essa altura, já estava cercada pelas tropas da frente
oriental, comandada pelo exército vermelho.
A medida em que avançavam sobre o território
dominado pelos nazistas, as tropas Aliadas se
horrorizavam e confirmavam a existência dos campos de
concentração e extermínio, para onde eram levados
judeus, ciganos, homossexuais, eslavos, opositores
políticos e prisioneiros de guerra, entre outros,
submetidos a trabalhos forçados e, por fim, executados
em escala industrial, com uso de câmaras de gás
produzidas especificamente para esse fim pelos
engenheiros e industriais alemães. O genocídio praticado
pelos nazistas, chamado de holocausto, vitimou ao
menos 6 milhões de pessoas. Era chamado por eles de
“solução final”, parte da crença que os alemães eram uma
“raça superior”, e que deveriam combater e exterminar
os inimigos, considerados uma “raça inferior”.
Himmler, comandante das SS, ofereceu, sem
autorização de Hitler um acordo de paz aos Aliados, que
recusaram. Hermann Goering, comandante da aviação
alemã, pediu para assumir a direção do Reich, e foi
expulso por Hitler do partido nazista junto com Himmler.
Em meio à crise, o almirante Karl Doenitz foi nomeado por
Hitler presidente do Reich e Joseph Goebbels, chanceler.
Em 30 de abril de 1945, na iminência da chegada das
tropas soviéticas a Berlim, Hitler e sua mulher, Eva Braun,
junto com seu braço direito, Joseph Goebbels,
responsável pela eficiente propaganda nazista,
suicidaram-se em um bunker na capital alemã. Em 7 de
maio o alto comando alemão assinou a capitulação
incondicional da Alemanha.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
A Força Expedicionária Brasileira (FEB), criada em
1943, levou 25 mil soldados – os pracinhas – para
combater na Itália em agosto de 1944, ao lado das
tropas Aliadas. Lá morreram 443 deles, que foram
enterrados no cemitério de Pistoia. A volta dos
pracinhas, no fim da guerra, foi muito demorada.
O Brasil entrou na guerra contra o Eixo – Alemanha,
Itália e Japão – depois que vários navios mercantes
foram afundados, no litoral brasileiros, pela marinha
alemã. O término da Segunda Guerra Mundial acelerou
o fim da ditadura do Estado Novo, com a queda de
Getúlio Vargas em outubro de 1945.
A luta no Pacífico
Após o ataque a Pearl Harbor, os japoneses avançaram
e conquistaram, nos seis meses seguintes, muitos
territórios importantes na Ásia e Oceania, como Hong
Kong, Cingapura, Birmânia, ilha de Guam, Nova Guiné,
 História 3ª Série
ilhas Salomão e Aleutas. Em meados de 1942 o Império
japonês contava com 450 milhões de habitantes,
controlava 95% da produção mundial de borracha e
aproximadamente 70% da de arroz e estanho, e
alcançaram a autossuficiência em petróleo, bauxita e
cromo, elementos essenciais para indústria bélica. Com
isso, esperavam uma guerra longa com os Estados
Unidos, que levasse a uma paz negociada, que
reconhecesse a hegemonia japonesa sobre a região.
Todavia, o plano estadunidense era outro. Em maio de
1942, iniciaram a contraofensiva no Pacífico, freando a
expansão japonesa ao sul, com a vitória na batalha do
Mar do Coral. A partir de 1943 o exército estadunidense
passou a conquistar ilha por ilha. No início de 1945, as
tropas Aliadas conseguiram reabrir a rota comercial da
Birmânia, fechada no início da guerra pelos japoneses.
Após recuperarem as Filipinas, as tropas estadunidenses
Leitura Complementar
finalmente desembarcaram em solo originalmente
japonês, em março, na ilha de Iwojima.
Nesse momento estava claro que a vitória Aliada no
Pacífico era, tal qual na Europa, uma questão de tempo.
Os Estados Unidos exigiram a rendição incondicional do
Japão, o que foi rejeitado. Em resposta, o presidente
Harry Truman autorizou o lançamento sobre cidades
japonesas da arma mais letal já inventada pelo homem, a
bomba atômica, até então só dominada pelos Estados
Unidos. O primeiro lançamento, sobre Hiroshima,
ocorreu em 6 de agosto de 1945, e matou, em poucos
segundos, cerca de 70 mil civis e aproximadamente 140
mil nos meses seguintes. Três dias depois, outra bomba
foi lançada sobre Nagasaki, matando cerca de 70 mil
pessoas. Em 2 de setembro, a bordo do encouraçado
Missouri, o Império japonês, comandado por Hirohito,
rendia-se incondicionalmente ao general MacArthur.
 História 3ª Série Leitura Complementar

Hiroshima foram mortes ou feridos. Os que conseguiram se safar

por milagre se encontraram cercados por uma contina
De repente, um deslumbrante luar rosa pálido
de chamas. As raras pessoas que conseguiram se
apareceu no céu, acompanhado de um tremor
abrigar morreram 20 ou 30 dias depois, sob a ação
sobrenatural que foi quase imediatamente seguido de
retardada dos mortais raios gama. À noite, o fogo
uma onda de calor sufocante e de um vento que varria
começou a baixar, depois se extinguiu. Não havia mais
tudo na sua passagem. Em alguns segundos, milhares
nada para queimar. Hiroshima tinha deixado de existir.
de pessoas que estavam nas ruas e nos jardins do
centro foram carbonizadas. Tudo o que se encontrava FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de
de pé na zona de deflagração – muros, casas, fábricas História. Lisboa: Plátano, [s.d.], p. 306.
e outros edifícios – foi aniquilado. Os trens foram
levantados dos trilhos como brinquedos. Os cavalos, os
Terminou a leitura?
cães e o gado tiveram o mesmo destino. Tudo o que
vivia foi petrificado num sofrimento indescritível. Envie um retorno ao professor no link abaixo:
Até cinco quilômetros do centro da explosão, as https://forms.gle/52bGijHdq4Sy4jLs8
casas construídas de materiais leves foram achatadas
como castelos de cartas. Os que estavam no interior