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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE HUMANIDADES
CURSO DE HISTÓRIA
DISCIP. DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA (SÉC. XX)
PROF. ANTONIO DE RUGGIERO
GABRIELLA KNEVITZ

PROVA 2

Porto alegre
2021
1. Relate a respeito dos principais acordos e tratados estipulados entre as
potências aliadas em 1944 e 1945 mostrando como, depois de uma ilusão de
paz em nível mundial, já nesse período se criaram as condições de uma
divisão rígida entre os dois blocos protagonistas da Guerra Fria.

2. Desde o início da Guerra Fria o relacionamento entre as duas superpotências


-EUA e União Soviética- foi marcado por uma conflitualidade evidente.
Relate a respeito das principais tensões e crises durante o período da Guerra
Fria.

3. Depois da Segunda Guerra, começou um processo de descolonização e


povos de Ásia e África alcançaram sua independência. Em que medida a
descolonização se inseriu no quadro geral da política internacional e da
Guerra Fria?
1)
No período anterior a Guerra Fria, Stalin, Roosevelt e Churcill firmaram acordos
para estabelecer a perda da força de Hitler. Apesar de os aliados colocar-se em posição
concordante, as ocasiões que tratam sobre os acordos demonstram os lados opostos em
que estavam Stalin e Roosevelt em relação aos seus interesses. Tal que definiria a
ingênua ilusão sobre uma paz e a divisão do mundo em dois blocos políticos e
econômicos.
O Acordo de Bretton Woods, em julho de 1944, demonstra o esforço dos aliados
para promover um contexto de cooperação e paz no pós-guerra. Ademais, partir disso,
fica notória a força econômica e política dos Estados Unidos, tal que fica em posição de
superpotência. O objetivo do acordo era estabilizar os câmbios das moedas e ampliar os
comércios internacionais, de modo a reduzir a lógica do protecionismo, para promover o
crescimento comercial e monetário dos países. Assim, as principais ações foram a
criação de um sistema econômico e monetário capitalista, de livre mercado e
cooperação entre diversos países, a criação do Fundo Monetário Internacional, do
Banco Mundial e o valor das moedas ficaram relacionados ao valor do dólar americano.
No sentido de recuperar o liberalismo econômico e comercial e o comércio econômico
mundial, é determinada a redução de barreiras comerciais e o estabelecimento de taxas
estáveis de livre câmbio. Através desse acordo buscou-se evitar os erros cometidos pelo
Tratado de Versalhes e não marginalizar alguma potência, por isso, a União Soviética
foi incluída, dentro do possível, no plano de “planificação econômica”.
Em 1945 acontece a Conferência de Yalta, da qual as potências vencedoras da
guerra impõem a rendição incondicional da Alemanha, estabelecendo o desarmo e a
divisão desse país em quatro partes de zona de ocupação. Além disso, foi nesse
momento que se demonstraram as contraposições entre as potências oriental e ocidental,
o que gerou a divisão do mundo em duas esferas de influência e, consequentemente, o
contexto de Guerra Fria, que permitiu a ordem bipolar do mundo. Dessa forma, a
divisão da Alemanha em quatro partes, na realidade, significou a divisão em duas
partes, já que os blocos ideológicos e econômicos eram dois. Apesar de ambos os lados
demonstrarem uma vontade de acabar com o conflito, eles sabiam de suas
contraposições e conflitualidades de posicionamentos, o que, de qualquer forma, não
tardaria a trazer resultados à lógica da Guerra Fria. Outrossim, em junho de 1945, é
criada a Organização das Nações Unidas (ONU), que visava promover o
desenvolvimento e o progresso econômico e social no mundo, trazer uma cooperação
diplomática, entre governos, para evitar conflitos.
Entre julho e agosto de 1945 ocorre a Conferência de Potsdam, que termina com
a Segunda Guerra Mundial e configura um caminho efetivo de organização do contexto
europeu. Por meio desta foi desfeita as anexações que a Alemanha havia feito na Europa
após 1937, assim como, proporcionou a separação entre a Áustria e a Alemanha.
Conforme foi previsto pela Conferência de Yalta, a divisão do território alemão e
austríaco ocorre em quatro zonas de influência: americana, francesa, soviética e
britânica. Houve também o julgamento sobre os crimes de guerra cometidos pelos
nazistas em Nuremberg e um acordo que impôs uma indenização totalizada em 200
bilhões de dólares, que deveria ser pago pelos alemães, mas que foi reduzido a 20
bilhões. Outra questão importante foi a imposição, pelos aliados, da desmilitarização,
desnazificação e democratização.
2)
Apesar de as potências vencedoras terem firmado um relacionamento que
acarretou bons resultados envolvendo os interesses de ambos, esta mesma relação levou
o mundo a um período de conflito e bipolaridade. Como determinou a Conferência de
Yalta, em 1945, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de influência. Ocorre que,
sendo os Estados Unidos democrático, capitalista e definido por uma política
parlamentar, e a União Soviética ditatorial e comunista, a reconciliação ocorrida em
Teerã, em 1943, não viria a ter longevidade.
Tendo em vista os interesses contrapostos das principais influências, isto é,
Estados Unidos e União Soviética, fica evidente a motivação para a conflitualidade. Na
Europa Atlântica, ou seja, ocupada pelos Estados Unidos, França e Inglaterra, os
Estados Unidos colocam em prática a estratégia de conter a União Soviética, com a sua
economia e ideologia, no continente europeu. Dessa forma, em 1947, Truman assume
uma retórica universalista para justificar a intervenção dos EUA na Europa e no mundo,
tal que defendia a paz e a liberdade, todavia, é evidente que essa ideia de defesa dos
homens também visava proteger os interesses dos EUA e a sua lógica econômica.
Assim, é criado o Plano Marshall, que visava, economicamente, ajudar a reconstruir a
Europa, (que foi sustentado pelo investimento abundante da América do Norte) e,
militarmente, com a criação da organização bélica, a OTAN. Ambas as iniciativas
tinham em vista proteger a Europa de pressões comunistas. Outrossim, acredito que a
CEE, criada em 1957, possa ter reforçado o conflito entre ambos, já que essa colocava
os EUA como superior em âmbito mundial. Por sua vez, os EUA se colocavam como
guia para o plano econômico europeu, com a integração da Itália, Bélgica, Luxemburgo,
Holanda, França e Alemanha Ocidental, o que reforçava esses sete países como bloco
continental, o que, consequentemente, deixava claro que o intuito da organização
também era para beneficiar seu próprio interesse. Outra questão que teve um caráter
defensivo foi o Macarthismo americano, que, resumidamente, ampliava a
marginalização do comunismo, reforçava o investimento militar e limitava as liberdades
individuais para evitar a expansão da ideologia proibida.
Por outro lado, a Stálin também se organizou de forma criar uma barreira
defensiva para proteger o seu modelo político e econômico. Dentro do seu projeto de
defesa, a URSS faz uma política agressiva na região de ocupação, desenvolvendo uma
ditadura, deportações massivas, uma batalha contra o “cosmopolitismo cultural”, o
desenvolvimento de uma indústria pesada, bombas atômicas e exército. Além disso, há
a imposição de regimes comunistas nos países satélites, para evitar a penetração dos
ideais ocidentais, e também houve a eliminação de inimigos políticos, em nome da
construção de um regime totalitário. Acredito que seja importante pontuar todos esses
aspectos, pois esse contexto de violência é o que vai estruturar a motivação para as
evasões da população da Alemanha Oriental, e, consequentemente, para a construção do
Muro de Berlim. No mesmo sentido do reforço econômico, político e ideológico do lado
Ocidental, a URSS toma medidas para reforçar-se no novo território ocupado. Assim, há
o controle rígido sobre os países satélite, com a sovietização dos partidos comunistas, o
desenvolvimento de uma indústria pesada e o fomento do socialismo no Leste Europeu.
E, em resposta à criação da OTAN, cria-se em 1955, o Pacto de Varsóvia, que diz
respeito a uma aliança militar do Bloco Soviético. E, tanto dos EUA quanto da URSS,
começam a corrida armamentista, que tomou impulso por volta de 1965.
O Muro de Berlim, construído em 1961, foi um dos símbolos da Guerra Fria,
que por sua vez, porém, teve seus momentos quentes. Por exemplo, em 1945 aconteceu
a Guerra da Coreia, que protagonizou a divisão do país, por conta de desentendimentos
entre o lado norte e sul, já que a parte setentrional, apoiada por Mao Tse Tung e por
Stalin, vinha impondo o sistema socialista a todo o país. Contudo, a parte meridional,
apoiada pelos Estados Unidos, resistiu, perdurando a guerra por três anos (1950-1953),
e, resultando no sistema capitalista ao sul e socialista ao norte; tal divisão continua até a
atualidade.
3)
O movimento de independência de países asiáticos e africanos tem relação direta
com a Guerra Fria, e isso fica evidente com, passados apenas 20 anos (entre 1945 e
1965), a ONU conta com a participação de 67 países a mais, dentre eles africanos e
asiáticos. Dentro das motivações há a questão de o contexto de pós-guerra, e dentro dele
os países que, apesar de vencedores, estavam com problemas internos e precisando
investir no seu próprio país, e, essa questão, de fato, se tornou mais importante do que
sustentar as suas colônias. Também, nascia a presença de uma ideologia nacionalista
nos países que eram colonizados, e diante dela buscariam a liberdade de seu povo e a
autonomia do seu território, tal ideia, que já vinha sendo formada há algum tempo.
Outrossim, para além disso, alguns desses países aderem a ideologias marxistas e
comunistas para enfrentar o seu colonizador e acabam aliando-se ao modelo oriental,
isto é, de Stalin. A ideologia liberal e o sentido de defesa dos Estados Unidos
influenciaram a questão da descolonização, visto que buscava apoio, de países europeus,
que eram colonizadores, para fortalecer a “barreira" anticomunista; resultado no
abandono deles para com as suas colônias. Dentro desses fatores, o processo de
descolonização, então, está também ligado a bipolaridade política que cercava o mundo,
ao passo que os países independentistas se identificavam com os modelos capitalista ou
comunista e, consequentemente, se aliavam a algum deles. Da mesma forma que os
Estados Unidos e a União Soviética buscavam apoiar os independentistas para que
pudessem obter mais zonas de influência e expandir o seu ideal econômico e político.
Agora, observemos alguns países que entraram em conflito para se emancipar e
que tiveram esse contexto influenciado pela questão da Guerra Fria. A República
Popular Chinesa, de Mao Zedong, que se aliou a Stalin, por mais que com concessões
territoriais, para não ficar preso entre dois inimigos (EUA e URSS). O Vietnã teve um
processo violento de guerra quando iniciou um movimento de independência em uma
das suas regiões. Assim, o conflito aconteceu entre 1953 e 1975 e contou com a
participação direta dos Estados Unidos e da União Soviética, quando esta apoiava,
juntamente com a China, o Vietnã em seu ideal, e aqueles apoiam o lado sul do país, já
que essa zona era controlada por eles. O conflito toma maior proporção quando a parte
meridional, por iniciativa de rebeldes, buscou tentar unificar o país, entretanto, os EUA
saíram derrotados, em 1975, e o Vietnã passa a ser socialista. No continente africano,
Marrocos e Tunísia se tornam independentes da França, em 1956. A Argélia também
entrou em confronto com os franceses, visando sua independência, assim como houve
colônias britânicas que passaram por esse processo. Os portugueses tentaram resistir às
forças independentistas, mas também acabaram perdendo suas colônias, como Angola,
Moçambique e Guiné Bissau. Evidentemente que nesse contexto de Guerra Fria, na luta
contra países ocidentais, a União Soviética consegue influenciar alguns países
independentistas africanos com a sua ideologia, assim como colaborou com armamentos
e verbas.

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