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A reconstrução do pós-guerra
Depois da guerra, foram colocados vários problemas e desafios às potências vencedoras. Era necessário relançar a economia
europeia, julgar as atrocidades da guerra, reorganizar os países vencidos e redesenhar as fronteiras. Surge a ONU, para
tentar manter a paz. O mundo pós-guerra é marcado, sobretudo, pela rivalidade entre os EUA e a URSS.
Conferência de Ialta (fev. 1945)
Necessidade de criar a ONU
Desmembramento da Alemanha em quatro zonas de ocupação (americana, inglesa, soviética e francesa)
Montante a pagar pela Alemanha para reparações de guerra
Fronteiras da Polónia definidas
Acordo para os povos europeus poderem eleger os seus governantes livremente
Conferência de Potsdam (verão de 1945)
Separação da Alemanha e da Áustria
Tribunal de Nuremberga para julgar crimes de guerra
Desnazificação, democratização, descartelização e desmilitarização da Alemanha
Declaração de Potsdam – termos de rendição do Japão
Ambas as conferências revelaram alguma tensão, uma vez que Estaline pretendia estender a sua influência sobre o Leste,
com base na legitimidade de ter libertado estes países do domínio nazi. A sovietização do Leste deu à URSS uma grande
área de influência política, que possibilitou a difusão do comunismo, iniciando-se uma divisão ideológica na Europa – a
“cortina de ferro”.
- A ONU
Em abril de 1945, na Conferência de S. Francisco, nos EUA, foi fundada a Organização das Nações Unidas. Esta
organização pretendia alcançar a paz, garantir a segurança e promover a cooperação entre as nações. A carta das nações
unidas estabeleceu a estrutura, os princípios e as competências da organização, que tem um papel relevante no
apaziguamento de tensões internacionais e na promoção do bem-estar dos povos. A sua preocupação com os direitos
humanos foi comprovada coma Declaração Universal dos Direitos do Homem (10 dez. 1948)
- A economia internacional
A guerra fria
O clima de tensão entre o Bloco Ocidental e o Bloco de Leste ficou conhecido como guerra fria e durou mais de 40 anos
(1947-91). As duas potências nunca se confrontaram militarmente de forma direta.
Expansão ideológica
Em 1947, consagrou-se nos EUA a Doutrina Truman, que confirmava a fratura ideológica entre os EUA e a URSS, e
conferia aos americanos o papel de conter o expansionismo soviético, através do discurso do presidente, que dividia o
mundo em dois blocos – o comunista, visto como opressivo; e o capitalista, visto como democrático. No mesmo ano, a
URSS, criou a Kominform, que pretendia expandir o comunismo ao resto do mundo, considerando os EUA como
imperialistas e antidemocráticos.
Surge, então, nos EUA, o plano Marshall, que pretendia auxiliar os países europeus devastados pela guerra, reconstruindo
as suas economias seguindo o molde capitalista, e auxiliando-os a nível material e financeiro. Era, também, uma forma de
propagar a doutrina Truman e os ideais estadunidenses. A resposta soviética a isto foi o plano Molotov, que pretendia
auxiliar economicamente a reconstrução dos países da Europa de Leste, politicamente alinhados com a URSS, e foi posto
em prática pelo COMECON (1949). Aqui, a cooperação era bilateral – a URSS fornecia matérias-primas e combustíveis, e
os outros países forneciam produtos.
Ambos os blocos publicitavam a sua superioridade, apresentando visões extremistas do oponente, para lançar o medo e o
ódio nas suas populações. Este clima de desconfiança propiciou a criação dos serviços de espionagem, a CIA e o KGB,
vivendo-se num clima de equilíbrio pelo terror. Criaram-se alianças militares, como a NATO, liderada pelos EUA e o Pacto
de Varsóvia, de liderança soviética. O “vencedor” desta guerra dependia do alargamento da sua respetiva esfera de
influência, o que originou diversos conflitos militares em diferentes partes do globo.
A questão de Berlim
O Bloqueio de Berlim (1948), pelos soviéticos, é um dos primeiros episódios da guerra fria. Na sua origem estava a
questão da divisão da Alemanha e da sua capital em quatro zonas de ocupação. Os três Estados ocidentais decidiram criar
um Estado capitalista alemão, criando uma moeda e organizando eleições para a Assembleia Constituinte, de forma a
reanimar, rapidamente, a economia alemã. A URSS expressou o seu desagrado com estas medidas, fechando os acessos
terrestres à zona de Berlim Ocidental, que era controlada por eles, de forma a mostrar que eram capazes de controlar o
abastecimento da cidade. O bloqueio de Berlim impediu a ligação entre a Alemanha Ocidental e Berlim soviético. Assim, de
forma a garantirem que os bens essenciais não faltariam à parte soviética de Berlim, os países capitalistas criaram uma
ponte aérea, sendo levantado o bloqueio em maio de 1949.
Mesmo depois de ter terminado, o bloqueio originou a divisão da Alemanha em dois estados, dia 4 de maio de 1949 – a
RFA (República Federal da Alemanha), controlada pelo bloco ocidental; e a RDA (República Democrática Alemã),
controlada pelo bloco comunista.
- O mundo capitalista
Alianças militares
O bloco capitalista implementou um conjunto de alianças para manter a paz e a segurança, promover a cooperação entre os
países de democracias liberais e capitalistas e para conter o expansionismo soviético. Com estes tratados, os EUA
conseguiram alargar a sua esfera de influência e estabelecer bases militares estratégicas. Os tratados mais importantes
foram:
Pacto do Rio (1947) – alguns países da América Latina
Pacto de Bruxelas (1948) – alguns países da Europa Ocidental
ANZUS (1951) – Austrália e Nova Zelândia (pacífico sul)
OTASE (1954) – alguns países da Ásia do Sudeste
CENTO (1955) – alguns países do Médio Oriente
No entanto, o mais importante foi o Tratado do Atlântico Norte, ou NATO, em 1949. Assinado entre os EUA, o Canadá e
vários Estados europeus, tornou-se na aliança mais importante e duradoura que surgiu da guerra fria, durando até aos dias
de hoje, e sendo uma ligação estratégica entre a Europa Ocidental e a América.
Prosperidade económica
O mundo capitalista conseguiu um período de grande prosperidade económica de quase 30 anos, até ao início dos anos 70,
conhecido como os “Trinta Gloriosos”. Para esta prosperidade, contribuíram as decisões tomadas na conferência de Bretton
Woods, especialmente o FMI e o Banco Mundial; a ajuda económica e financeira através do plano Marshall; e a redução das
taxas alfandegárias e a cooperação internacional. A nível social, ocorreu um aumento demográfico, o baby-boom, que
rejuvenesceu as populações dos países, propiciando o crescimento do mercado interno; a mão-de-obra aumentou, também,
devido à entrada das mulheres no mundo do trabalho; o consumo aumentou, devido ao aumento dos salários; e o aumento
da escolaridade contribuiu para uma mão-de-obra mais qualificada. Estes “Trinta Gloriosos” aumentaram a produtividade,
fizeram a produção de bens e serviços crescer, aumentaram o volume das trocas internacionais e afirmaram a sociedade de
consumo.
A Sociedade de Consumo
Durante o período de prosperidade, o aumento da população, o desenvolvimento tecnológico e o aumento dos salários
possibilitaram o surgimento de novos hábitos de consumo. Assim, os rendimentos familiares começaram a ir, não apenas
para os bens essenciais, mas também para produtos mais diversificados e supérfluos. Surgem os supermercados e as grandes
superfícies comerciais, que estimulava os consumidores a comprarem mais do que o necessário, incitados por anúncios
publicitários coloridos, que lhes prometiam felicidade e conforto com os produtos mais recentes, generalizando-se o
frigorífico, o automóvel e o aspirador.
A afirmação do Estado-Providência
Com a prosperidade, ascenderam ao poder governos com políticas de bem-estar e qualidade de vida para os seus cidadãos.
Afirmam-se, portanto, a social-democracia e a democracia cristã na Europa.
Social-democracia – promove uma política intervencionista que atribui ao estado um papel fundamental no
desenvolvimento económico, com a promoção de investimentos públicos e de nacionalizações de algumas empresas.
(ex.: Olof Palme, Suécia)
Democracia cristã – trouxe os valores cristãos para a política, sendo mais conservadora e defendendo uma menor
intervenção do Estado na economia e na sociedade, defendendo a promoção do bem-estar social no quadro mais
liberal da economia de mercado; designa a promoção da justiça social e da solidariedade como as funções do Estado.
(ex.: Konrad Adenauer, Alemanha)
O Estado-Providência foi implementado na Europa, sendo implementados vários sistemas de segurança social e de
serviços nacionais de saúde. Este modelo era caracterizado pelo intervencionismo do Estado e pela ampliação das suas
responsabilidades e, também, por assegurar o bem-estar económico e social dos cidadãos, promovendo uma distribuição
justa da riqueza.
- O mundo comunista
O expansionismo soviético
Europa
A URSS começou a expandir a sua ideologia para a Europa de Leste em 1948, ao transformar oito Estados (Polónia,
Roménia, Bulgária, Hungria, Checoslováquia, Jugoslávia, Albânia, RDA) em democracias populares. Nestes países,
instalou-se a ideologia e o modelo soviético, ao qual estes países se subordinaram, tornando-se, assim, satélites da URSS,
seguindo, sem desvio, as diretrizes vindas de Moscovo. A aliança destes países com a URSS foi reforçada a nível militar,
com a formação do Pacto de Varsóvia, surgido em resposta à formação da NATO.
Por vezes, no entanto, a URSS viu o seu domínio ameaçado, com alguns países a pretenderem afastar-se do domínio
soviético e tentando seguir outros modelos socialistas. Estes movimentos, no entanto, eram travados com a força das armas,
como foi o caso da Primavera de Praga (1968). Na Alemanha, iniciou-se, em 1961, a construção do Muro de Berlim, que
dividiu oficialmente a Alemanha, tornando-se um dos mais importantes símbolos da Guerra Fria, erguido devido à contínua
fuga de alemães para a RFA.
Ásia
Em 1948, formou-se, no norte da Coreia, um Estado comunista, que invadiu o sul do país, pró-americano, iniciando-se
uma guerra, na qual intervieram os EUA e a URSS. Nenhum dos blocos venceu, sendo divididas as duas Coreias. Esta
guerra contribuiu para acentuar a tensão ideológica na primeira fase da Guerra Fria. A China tornou-se o maior Estado
comunista na Ásia depois da guerra, com a formação da República Popular da China, em 1949, por Mao Tsé-Tung. O
expansionismo soviético manifestou-se, também, no Vietname, onde surgiu um dos conflitos mais longos da Guerra Fria,
que opôs os EUA, que apoiavam o Vietname do Sul, e a URSS, que apoiava o Vietname do Norte. Durou de 1965 a 1975, e
venceram os comunistas.
América
Um dos maiores cenários de tensão foi em Cuba. Depois de uma revolução, liderada por Fidel Castro, que instaurou no
país um Estado Socialista Revolucionário, os EUA iniciaram um embargo a Cuba, temendo que o comunismo se propagasse
no continente americano. Assim, apoiam um golpe contrarrevolucionário, que se revelou um fracasso. Desta forma, Fidel
começou a aproximar-se cada vez mais da URSS, que, em resposta aos mísseis colocados pelos EUA em pontos
estratégicos, direcionados para o país, instala uma base de mísseis em Cuba, capazes de alcançar os EUA. Desencadeia-se,
assim, a Crise dos Mísseis de Cuba, que terminou com a instalação de um “telefone vermelho”, ligando Moscovo a
Washington, para as potências utilizarem o diálogo como forma de resolução. Cuba começou, também, a ter um papel
importantíssimo da difusão do comunismo na América Latina.
A economia soviética
Depois da guerra, Estaline voltou a implementar os planos quinquenais, conseguindo recuperar os níveis económicos antes
desta. Quando Estaline morre, em 1953, a URSS afirmava-se como a segunda potência mundial. Depois da morte do líder, o
país seguiu um rumo que rompeu com o estalinismo. Krushchev levou a cabo a desestalinização, condenando os seus erros
e tentando liberalizar o regime, transformando tanto o setor agrícola como o industrial, reajustando os planos quinquenais,
autorizando a compra de maquinaria, aumentando os salários e construindo mais habitações. Esta liberalização verificou-se,
também, nas democracias populares, no entanto, embora tenha alcançado algumas melhorias, era possível indicar alguns
problemas estruturais.
Assim, durante os anos 70, os problemas estruturais agravaram-se, entrando a URSS numa era de estagnação. A
agricultura não produzia o suficiente para garantir a autossuficiência, o que obrigava à importação de bens essenciais. O
crescimento industrial não foi suficiente, declinando significativamente. A escassez foi uma característica desta época, no
entanto, os preços mantinham-se estáveis, uma vez que os produtos eram subsidiados pelo Estado. É possível concluir que o
modelo económico soviético, embora se tenha expandido e desenvolvido nos anos 50 e 60, acabou por estagnar e decair,
uma vez que excessiva intervenção do Estado na economia e a falta de concorrência limitaram o progresso económico.
A escalada armamentista e a corrida ao Espaço
O mundo bipolar, consolidado, originou uma corrida aos armamentos e ao Espaço, inseridas no âmbito da estratégia
militar. Visava conter a ameaça inimiga, demonstrando o poder de cada um dos blocos e dissuadir da eventualidade de um
ataque por parte de cada uma das potências. A corrida ao armamento manifestou-se no desenvolvimento de armas,
especialmente nucleares, o que significava que um confronto direto entre ambos levaria a um nível de destruição nunca
antes visto. Esta corrida foi privilegiada, sobretudo devido aos custos relativamente baixos das armas nucleares.
A corrida ao espaço mostrava-se como uma espécie de demonstração de poder científico e tecnológico, com grande
impacto na opinião pública internacional. Inicialmente, a vantagem estava do lado soviético – em 1957, colocaram em
órbita o primeiro satélite artificial (Sputnik 1), colocando, no mesmo ano, o primeiro ser vivo em órbita, a cadela Laika; em
1961, Yuri Gagarin tornou-se o primeiro homem a viajar na órbita terrestre. No entanto, em 1969, os EUA ganharam
vantagem, quando a nave Apollo 11, tripulada por Neil Armstrong, atingiu a órbita lunar. Ao pisar a lua, Armstrong afirmou
– “um pequeno passo para o Homem, um grande salto para a Humanidade”
Fatores externos
Depois de a guerra terminar, o Japão ficou sob controlo das forças americanas, que reformaram tudo no Japão – a política,
democratizando o país e descentralizando as instituições; a sociedade, abolindo a aristocracia privilegiada e militarista; e a
economia, sendo redistribuídas as terras e abrindo o seu mercado aos produtos japoneses, fornecendo a tecnologia e
auxiliando economicamente o país, com o plano Dodge. O expansionismo soviético na Ásia levou os americanos a
considerarem o Japão fundamental para conter o avanço do comunismo, tornando o país um aliado capitalista dos EUA no
continente, permitindo-lhe beneficiar de acordos privilegiados com a superpotência, crescendo a sua economia a um ritmo
acelerado. Assim, as empresas japonesas tornaram-se competitivas, adaptaram-se a novos desafios e colocaram os produtos
japoneses nos mercados internacionais de uma forma estratégica, dinamizando a economia, voltada para as exportações.
Fatores internos
A nível social, destacam-se os seguintes: a mentalidade japonesa, marcada pela disciplina e pela submissão; a abundante
mão-de-obra; o sistema de educação rigoroso e de qualidade; e o investimento na formação de recursos humanos na área das
tecnologias. Inicialmente, os salários eram baixos e as forças sindicais fracas. A nível económico, destacam-se: os métodos
de racionalização de trabalho; a mão de obra especializada; os investimentos avultados nas indústrias; a canalização das
poupanças dos trabalhadores, pelos bancos, para o desenvolvimento da indústria e do comércio; e o peso pouco significativo
dos gastos militares. A nível político, a estabilidade política permitiu ao Estado tornar-se um verdadeiro parceiro no
investimento e no apoio às iniciativas empresariais.
- O caso chinês
Depois de fundar a República Popular da China, em 1949, Mao Tsé-Tung inicia algumas medidas:
As Cem Flores (1957)
Depois de ter dificuldades a implementar a coletivização e ao obter resultados fracos nas suas reformas iniciais, Mao tenta
uma tímida liberalização, de forma a diminuir o descontentamento do povo, permitindo uma certa liberdade cultural. No
entanto, esta contestação cresceu e o governo respondeu com violência em grande escala - fracasso
Grande Salto em Frente (1958)
Tenta coletivizar a agricultura e a indústria, criando comunas populares, organizadas como cidades autossuficientes, nas
quais todas as forças de trabalho e de produção eram mobilizadas para trabalharem no campo e nas fábricas – grande
fracasso – comunas são abandonadas e a agricultura torna-se coletivista, estimulando-se a industrialização dos campos; no
entanto, a maioria da população continuou a viver de uma agricultura de subsistência.
Revolução Cultural (1966-69)
Aplica, radicalmente, o comunismo. Foi apresentada como um movimento moderno, que pretendia quebrar os ideais, a
cultura, os costumes e a tradição chinesa. Mobilizava os jovens a tornarem-se revolucionários, começando estes a divulgar
os ensinamentos de Mao inseridos no “livro vermelho”, numa intensa ação de propaganda e doutrinação.
Maoísmo – doutrina de Mao Tsé-Tung; valorizava o voluntarismo, a mobilização revolucionária das massas, o
igualitarismo e a coletivização dos meios de produção, lutando contra a tradição, a corrupção e a ambição pessoal.
Caracterizava-se pelo papel central do partido comunista (PCC), pelo forte culto ao chefe e pelo combate
repressivo e violento à oposição.
Depois da morte de Estaline, em 1953, a relação com a URSS deteriorou-se. A desestalinização promovida por Krushchev
foi muito criticada por Mao, e a China procurou afirmar-se, de forma independente, na cena internacional, não aderindo ao
Pacto de Varsóvia. A China e a URSS romperam relações em 1963, com Mao a afirmar que a União Soviética se estava a
converter cada vez mais ao capitalismo. Assim, nos anos 70, embora discursasse radicalmente contra o capitalismo, a China
aproximou-se cada vez mais aos EUA.
- A ascensão da Europa
Na Europa, a ajuda americana do plano Marshall não conseguiu resolver as dificuldades económicas e financeiras do pós-
guerra. Os países continuaram a praticar as suas economias de formas extremamente diferentes, que limitavam a sua
afirmação no comércio internacional.
O BENELUX
A Holanda, a Bélgica e o Luxemburgo criaram, em 1947, a primeira organização europeia, o Benelux. Procuraram dar à
Europa um papel mais construtivo, defendendo a criação de uma organização intergovernamental europeia.
CECA
A Alemanha e a França tiveram um papel bastante importante na construção de uma Europa mais interligada, defendendo
uma maior cooperação entre si. Com uma proposta de Robert Schuman, ministro dos negócios estrangeiros francês, e com o
contributo de Jean Monnet, político francês, lançou-se a ideia de uma organização responsável pela cooperação na gestão do
carvão e do aço, surgindo, em abril de 1951, a CECA, que entrou em vigor no ano seguinte. Começaram a alargar as
competências da organização a outros domínios, como os transportes e a energia, tendo em mente uma comunidade
económica e um mercado comum.
Comunidade Económica Europeia (CEE)
A 25 de março de 1957, seis países europeus (Benelux, França, RFA e Itália) assinam o Tratado de Roma, criando a CEE
que, através de uma união alfandegária, criou um mercado comum e um espaço económico unificado, assente nas quatro
liberdades – livre circulação de pessoas, de serviços, de mercadorias e de capitais. A primeira política comum do Tratado de
Roma foi a PAC (Política Agrícola Comum), e foi criado um mercado livre para a circulação dos produtos, através de uma
união aduaneira.
Dificuldades da CEE
França pratica política da “cadeira vazia”, boicotando as reuniões
Inglaterra não adere
Decisões de alargamento não consensuais
Em 1969, a CEE avançou com ainda mais impulso, sendo definidas as condições de admissão com mais precisão. Assim,
em janeiro de 1973, ocorre o primeiro alargamento, surgindo a Europa dos 9, com a adesão da Inglaterra, da Irlanda e da
Dinamarca.
- A política de não-alinhamento
A segunda fase de descolonização, vivida sobretudo na África Negra, recebeu o apoio da ONU, dos EUA, da URSS e da
Rep. Popular da China, que desempenharam papéis fundamentais no anticolonialismo, usando a descolonização para
reforçarem a sua influência no mundo, apoiando o movimento nacionalista. Em 1960, a ONU aprovou a Resolução 1514,
na qual defendia o direito de os territórios não autónomos disporem de autodeterminação.
Os movimentos nacionalistas das colónias europeias pretendiam lutar pela independência e congregar as populações,
ultrapassando divisões culturais e étnicas. Os povos dominados associaram-se, portanto, em torno de solidariedades
étnicas e culturais, como o arabismo, o pan-africanismo/negritude e o asiatismo. Em África, os líderes nacionalistas eram
líderes carismáticos, identificando-se com a cultura do seu povo, e neste continente, a transição para a independência
revelou-se, por vezes, conflituosa.
Assim, os novos Estados, nascidos da descolonização, procuraram promover os seus direitos em conferências
internacionais, afirmando o seu poder no panorama mundial.
Conferência de Bandung (Indonésia, 1955)
Contou com a presença de 25 países, que condenaram o colonialismo, considerado um atentado aos direitos humanos, e
apelando o apoio da ONU. Contribuiu para a afirmação do Terceiro Mundo, constituído pelos países pobres e
subdesenvolvidos da Ásia, de África e da América Latina, que não integram o primeiro mundo, o capitalista, nem o
segundo, o comunista.
Conferência de Belgrado (Sérvia, 1961)
Nasce o Movimento dos Não-Alinhados, formado por países que não se pretendiam alinhar com nenhum bloco, mantendo
a neutralidade. O grande desafio dos países descolonizados e independentes era conservar a sua neutralidade mesmo nos
momentos de maior tensão. Este movimento defendia a ideia de uma nova ordem económica internacional, promovendo
mercado internacional com regras de funcionamento favoráveis à participação de países do Terceiro Mundo. No entanto, no
início dos anos 70, começou a perder dinamismo.
Neocolonialismo
A descolonização provocou conflitos duradouros e teve elevados custos humanos, e os países nascidos dela ficaram
comprometidos no seu desenvolvimento, tornando-se dependentes ou dos antigos colonizadores, ou de um dos blocos.
Surge, assim, o neocolonialismo – domínio dos países industrializados sobre os países subdesenvolvidos, impedindo o
desenvolvimento destes. As suas causas foram:
Destruição nas colónias devido às guerras
Retirada de populações
Fuga de técnicos
Baixo nível de preparação das populações locais
Desejo dos antigos colonizadores de ter acesso a matérias-primas
Controlo estratégico das antigas colónias pelos colonizadores