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A GUERRA FRIA

Após a 2ªa guerra mundial, a Europa perdeu a sua influência e entrou num período de crise,
enquanto os EUA e a URSS saíram reforçados devido à aliança feita durante a guerra, mas com
posições políticas diferentes. Formaram então dois blocos antagónicos: um liberal/capitalista
(EUA) e outro comunista (URSS).

O poderio económico e militar dos Estados Unidos:


- Nos anos que se seguiram à guerra, os americanos asseguravam cerca de 60% da produção
mundial (sobretudo armamento), controlavam o comércio internacional e detinham dois terços do
stock de ouro mundial. Os EUA emergiam como a maior potência industrial e comercial do período
do pós-guerra.
- Em termos militares e estratégicos, a supremacia americana também prevalecia: desenvolveram
a bomba atómica e estabeleceram uma rede estratégica de bases militares.

Os modelos económicos e políticos dos EUA e da URSS


- O plano político dos EUA era uma democracia liberal, o plano económico era o capitalismo.
- O plano político da URSS era uma ditadura comunista, o plano económico era economia
planificada.

- O ano de 1947 marcou o início da política de blocos e da cortina de ferro. Com o avanço
comunista a oriente a ameaça de expansão dos seus ideais sobre outros países, como a França e a
Itália, os EUA viram necessidade em travar esse avanço e por isso chamaram a Europa a participar
no Plano Marshall, que visava a recuperação económica, o auxílio financeiro e a estabilidade
política dos países envolvidos no mesmo. A concretização do Plano Marshall, cujos fundos foram
distribuídos com a criação da Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE), fortaleceu
o chamado Bloco Ocidental.
- A URSS criou em 1947 o Kominform, um organismo que controlava e coordenava a ação dos
partidos comunistas.
- Em 1949, como resposta ao Plano Marshall, a URSS lançou o Comecon, cujo objetivo era
recuperar não só a economia soviética mas também a dos países sob sua influência. Criou-se assim
o Bloco de Leste.

O antagonismo dos dois blocos:


- Os Estados Unidos criaram, em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que
reuniu um grupo de países ocidentais contra a ameaça comunista. Por sua vez, a URSS assinou com
os países comunistas, em 1955 o Pacto de Varsóvia.
- Esta tensão arrastou-se por mais duas décadas após a guerra e foi agravada pela construção do
Muro de Berlim e pela divisão da Alemanha em Democrática (RDA) e Federal (RFA). Este período
ficou conhecido como Guerra Fria.

Principais conflitos da Guerra Fria:


1. Bloqueio de Berlim (1948)
2. Guerra da Coreia (1950-53)
3. Crise dos Mísseis de Cuba (1962)
4. Guerra do Vietname (1964-73)
5. Guerra do Afeganistão (1979-89)
A PERPETUAÇÃO DO AUTORITARISMO
Depois da 2ª Guerra Mundial, assistiu-se na Europa ao enfraquecimento do fascismo e ao
renascimento da democracia. No entanto, em Portugal ocorreu a abertura do Estado novo, regime
fascista.
Portugal foi aceite pelos Aliados devido a fatores de ordem estratégica e política
relacionados com a Guerra Fria e com a necessidade de travar o avanço comunista.
- Em 1949, Portugal foi aceite como membro fundador da NATO
- Em 1955, os países ibéricos passaram a fazer parte da ONU

A oposição democrática:
- O MUD (Movimento de Unidade Democrática) aproveitou as eleições presidenciais de 1949
para propor como candidato o general Norton de Matos em oposição ao general Óscar Carmona,
que representava o regime. Mas Norton de Matos acabou por desistir pela incerteza de as eleições
serem livres.
- O regime reforçou a repressão, procedeu a prisões e ordenou exílios.
- Em 1958, o MUD apresentou um novo candidato para as eleições presidenciais, o general
Humberto Delgado, que concorria contra o almirante Américo Thomaz- vencedor.
- Humberto Delgado contestou a legitimidade destas eleições acabando, mais tarde, por ser
assassinado em 1965 pela PIDE.

A ECONOMIA PORTUGUESA NO PÓS-GUERRA


A 2.ª Guerra Mundial foi benéfica para as finanças públicas portuguesas (possibilitou a exportação
de matérias-primas e produtos industriais para os países em guerra e permitiu a acumulação de
significativas reservas de ouro.
A economia manteve-se frágil devido às políticas seguidas por Salazar, que afastaram
Portugal das restantes economias europeias.
- Salazar não queria aderir ao Plano Marshall mas, com a descida das reservas de ouro, o regime
acabou por receber auxílio da OECE (Plano Marshall);
- O regime não queria aceitar o investimento estrangeiro na economia do país e dava prioridade à
acumulação de capitais nos cofres do Estado em prejuízo do investimento público;
- Salazar mantinha o país na guerra colonial e as despesas, que daí resultavam, aumentavam.

NOVO MODELO DE CRESCIMENTO ECONÓMICO


No início da década de 50, Portugal revelava um atraso considerável relativamente às demais
economias europeias.
- Em finais dos anos 50, surgiram os Planos de Fomento Económico- estes planos foram
organizados pelo governo e definiram as bases do desenvolvimento económico do país para os
cinco anos seguintes. A aplicação destes planos fez surgir a indústria química e metalúrgica e a
construção de barragens e hidroelétricas e centrais termoelétricas.
- Em 1960, Portugal aderiu à EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) e registou um
crescimento económico considerável.

MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA DO APÓS GUERRA AOS ANOS 70


- Com a 2.ª Guerra Mundial surgiu uma onda anticolonialista, que se baseava nos princípios de
autodeterminação definidos pelas Nações Unidas, que defendem o direito de um povo a escolher o
modelo político, económico, social e cultural que prefere adotar. Para além disso, surgiram também
os movimentos de libertação nacional, que consistem na recusa de um povo se manter sob
domínio de outro. Os Estados Unidos e a URSS mostraram-se apoiantes desses movimentos, mas
com o objetivo de alargarem a sua influência política.
- Foi nos anos 40 que, na Ásia e no Norte de África, começaram os processos de descolonização.
As diferentes colónias não se tornaram independentes ao mesmo tempo nem recorreram aos
mesmos modelos para o conseguir. Por exemplo: Na Índia e no Paquistão, o movimento de
autonomia desenrolou-se pela via pacífica sob a orientação de Gandhi, enquanto na Indochina teve
de se entrar em conflito armado para obter a independência.
- Em 1955 um grupo de países afro-asiáticos reuniu-se em Bandung, com o objetivo de rejeitar a
política de blocos, apelar à resolução pacífica de conflitos, conjugar esforços para acabar com o
colonialismo e alargar a todos os territórios o princípio de autodeterminação.
- A partir de 1963 surge uma nova vaga de movimentos de descolonização em África, alguns
desses movimentos ocorrendo de forma pacífica e outros de forma violenta que deram origem a
guerras como a Guerra Colonial Portuguesa. No final da década de 70, já todas as colónias
tinham conseguido independência.
- Apesar de em 1961 na Conferência de Belgrado diversos países afro-asiáticos terem decidido
adotar uma postura de neutralidade relativamente aos dois grandes blocos políticos, os EUA e a
URSS, a verdade é que tanto os Estados Unidos como a União Soviética desrespeitaram esta
neutralidade interferindo sistematicamente sobre estes novos países quer a nível político como
económico.

TERCEIRO MUNDO
Terceiro Mundo é um termo da Teoria dos Mundos, originado na Guerra Fria, para descrever os
países que se posicionaram como neutros na Guerra Fria, não se aliando nem aos Estados Unidos e
os países que defendiam o capitalismo, e nem à União Soviética e os países que defendiam o
socialismo.
Esta designação era aplicada ao conjunto de países da África, da Ásia e da América Latina, que
tinham um passado domínio colonial e um fraco nível de desenvolvimento. Hoje são chamados de
países subdesenvolvidos. Os mesmos debatem-se com questões como:
- o elevado e descontrolado crescimento demográfico;
- a manutenção de estruturas sociais tradicionalistas;
- a inexistência de uma cultura de investimento em infraestruturas básicas, como na saúde e na
educação;
- a prática de uma economia de subsistência.

Neocolonialismo:
Com a descolonização, surgiram novos países que, por terem um fraco nível de desenvolvimento,
se mantiveram em dependência económica perante os países industrializados. Apareceu assim o
neocolonialismo. Por conta disto, os países recém-formados agravaram a sua situação de
subjugação económica face aos países industrializados.
- A essência do neocolonialismo é que o Estado que a ele está sujeito é teoricamente independente
mas, na realidade, a sua economia e política são manipuladas do exterior.

Nos anos 70, o Mundo apresentava uma divisão clara entre um norte constituído por países ricos,
e um sul do qual faziam parte os países em via de desenvolvimento.

A Convenção de Lomé, 1975, representou a formalização de um plano de ajuda que visava o


desenvolvimento económico bem como encontrar soluções para o problema da subnutrição que
afetava o hemisfério sul.

DESCOLONIZAÇÃO MUNDIAL
O Estado Novo não aceitava a desagregação do Império Português mas, assim que se tornou
membro da ONU, a pressão internacional para conceder a independência às suas colónias
aumentou. Como resposta, Salazar alegou não possuir colónias mas sim províncias ultramarinas.
Com a recusa do governo português em negociar a descolonização, ficou cada vez mais isolado
internacionalmente e começaram a surgir nas colónias movimentos nacionalistas armados
(décadas de 60 e 70).
Aconteceu em 1961 a invasão dos territórios de Goa, Damão e Diu, pelos indianos como
consequência a mais uma recusa do governo português em negociar, com a União Indiana, a
independência desses territórios.
- Ainda nesse ano, surgiram as primeiras manifestações de conflito desencadeadas pelos
movimentos independentistas criados em Angola, Moçambique e na Guiné. O país entrou numa
guerra colonial, que era travada nessas três frentes e que só terminou com a queda do regime
ditatorial, em 1974.

Consequências da guerra colonial:


- 7% da população ativa foi mobilizada;
- 40% do orçamento geral do Estado foi gasto na guerra, o que comprometeu o desenvolvimento
económico do país;
- mais de 8 mil portugueses morreram durante o conflito, tendo cerca de 100 mil ficado
feridos/incapacitados, e um número indeterminado de mortos e feridos africanos;
- com a independência das colónias em 1974, retornaram à metrópole milhares de cidadãos
portugueses, preocupados com possíveis represálias. Já em Portugal a sua reintegração representou
um problema para o governo democrático.

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