Você está na página 1de 10

HISTÓRIA DA CULTURA E DA SOCIEDADE

NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

POLÍTICA EXTERNA NORTE-AMERICANA E


SOVIÉTICA

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de: 1. Esta aula irá analisar a política externa norte-americana e soviética

ressaltando sua influência na América Latina e, em especial, no Brasil.

1 Introdução
A luta constante pela manutenção da hegemonia capitalista e socialista fez com que Estados Unidos e União

Soviética criassem formas de exportar e manter seus modelos políticos e econômicos, utilizando planos de ajuda,

intervenções diretas, sabotagem, espionagem.

Os Estados Unidos intensificou sua influência sobre as Américas, principalmente depois da Revolução Cubana

em 1959, que deu força para a União Soviética, pois conseguiu estabelecer um governo socialista “no quintal” do

inimigo.

A grande ameaça de um confronto nuclear entre as duas potências que poderia levar à destruição mundial,

favoreceu a coexistência pacífica durante a década de 1970. Esse período levou ao diálogo entre os dois

principais países do globo.

-2-
2 Política externa norte-americana e soviética
Estados Unidos e União Soviética criaram o Plano Marshall, Comecon, a OTAN, o Pacto de Varsóvia, entre outros,

como forma de conter a expansão um do outro e evitar que seus aliados se revoltassem, garantindo seus

interesses econômicos.

Com a Revolução Cubana em 1959 e a instauração de um governo socialista nas Américas, as relações se

tornaram turbulentas e os Estados Unidos passaram a intervir diretamente nas Américas para impedir que o

sistema socialista avançasse.

-3-
Saiba mais
A revolução cubana e o socialismo
“Toda a questão cubana traria enormes consequências para a América Latina. Embora
formuladores da política externa norte-americana, como a do secretário de Estado Dean Rusk,
vissem a Crise dos Mísseis como um momento de virada, no sentido de que demandava o início
de conversações em direção a uma distensão das relações conflitivas da Guerra Fria (que
poderiam conduzir a uma hecatombe nuclear), persistia, nos gabinetes governamentais norte-
americanos, concomitantemente, uma postura de paranóica vigilância, traço marcante da nova
política para a América Latina, baseada no fortalecimento dos militares da região, vistos como
bastiões contra quaisquer sonhos revolucionários, e na política de ajuda econômica, sobretudo
como pretexto para a construção de uma imagem mais positiva dos Estados Unidos e para a
ampliação de sua capacidade de influir.” Carlos Fico.
Dean Rusk foi nomeado para o cargo de secretário do Estado por John Kennedy e se manteve
após o assassinato do presidente durante o governo de Lyndon Johnson, permanecendo na
função entre 1961 e 1969. E a crise dos mísseis que era vista como um momento de virada foi
um dos momentos de maior tensão da Guerra Fria, ocorrido em 1962. A crise começou quando
os soviéticos, em resposta a instalação de mísseis nucleares na Turquia, instalou mísseis
nucleares em Cuba.Foram treze dias de suspense mundial devido ao medo de uma possível
guerra nuclear, até que Kruschev, após conseguir uma futura retirada dos mísseis
estadunidenses da Turquia, concordou em remover os mísseis de Cuba.

LEITURA

José Flávio Saraiva, sobre esse período, destaca quatro pontos: A détente, consubstanciada no concerto

americano-soviético, a tomada de consciência da “diversidade de interesses” no sistema internacional e da

generalização da percepção, particularmente na Europa, na Ásia e na América Latina. Assim, a bipolaridade já

não se aplicava no campo econômico; o esforço de construção da “nova ordem econômica internacional” pelos

países do terceiro mundo; a “crise econômica”, especialmente a energética e a financeira, responsável por um

período de grande intranquilidade para as relações internacionais.

Com as crises no período de 1973 a 1979, o clima de confiança mútua ficou abalado. A União Soviética, que

enfrentava uma instabilidade política mais intensa do que os Estados Unidos vai receber reclamações ligadas à

liberdade política, pois a URSS interferia diretamente nos partidos comunistas das outras nações e com a

sucessão de crises, perde forças para reprimir as reclamações.

A propaganda, a espionagem e o terrorismo foram extremamente utilizados na Guerra Fria. No caso norte-

americano, até mesmo o cinema foi utilizado como forma de exportar seus valores para o mundo.

As agências CIA, norte-americana, e a KGB, soviética exerciam o treinamento de agentes para sabotagem,

assassinatos, chantagens e coleta de informações.

-4-
3 Reflexos na América Latina: os anos de chumbo
Os Estados Unidos, desde 1823, com a doutrina Monroe defendiam a “América para os americanos”, porém,

com a Guerra Fria, tiveram que ampliar esse conceito para impedir que o sistema socialista se expandisse.

Embora estivessem firmes na Europa, não mediram esforços para afastar o socialismo das Américas,

principalmente após a Revolução Cubana

Voltaram suas atenções para a América, intervindo nos governos e depondo chefes de estado com tendências

socialistas, como no caso da Guatemala, apoiando a instalação de uma ditadura, e até mesmo Cuba, embora não

tenha derrubado o regime, criou uma série de embargos para prejudicar o país.

Ação americana na Guatelama

Em 1954, Os Estados Unidos, articularam um golpe para depor o presidente da Guatemala, Jacobo Arbenz, que

fora eleito com o apoio dos comunistas.

Obtendo êxito, foi instaurada uma ditadura que atendia aos interesses norte-americanos, já que o governo

anterior fez a reforma agrária e expropriou terras de empresas norte-americanas.

Ação americana no Chile

Com a ideia de que as ditaduras militares eram necessárias à América naquele momento, os Estados Unidos vão

ajudar a formar o golpe militar que depôs o presidente socialista Salvador Allende.

• 1970

-5-
O presidente socialista Salvador Allende, eleito por eleições diretas realizou a reforma agrária, melhorou

o sistema de saúde pública e saneamento básico, além de promover a nacionalização de diversas

empresas norte-americanas.

• 1973

Em 1973, Augusto Pinochet chega ao poder através de golpe. Ele irá devolver as empresas

nacionalizadas por Allende aos Estados Unidos. Seu governo era baseado na repressão e tortura e

somente em 1988 foi deposto, porém continuou no governo como chefe das Forças Armadas, impedindo,

assim, o julgamento de seus próprios crimes durante a ditadura.

Ditadura na Argentina

Com a crise que ocorreu no final dos anos de 1960, o país passou por um período em que os líderes políticos

ficavam pouco tempo no poder.

Em 1976, houve o golpe que ficou conhecido como “Guerra Suja”, liderado pelo general Jorge Rafael Vindela,

colocando no poder do país uma junta militar, fechando o congresso e perseguindo oposicionistas.

-6-
Logo em 1982, o regime já começava a ruir, o então presidente Leopoldo Galtieri ordena a invasão das Ilhas

Malvinas como forma de estimular o nacionalismo argentino, mas a investida não foi apoiada no âmbito

internacional e perdeu rapidamente ao enfrentar a Grã-Bretanha.

Com isso, foi obrigado a renunciar e seu substituto, Reynaldo Bignone, deu inicio às negociações para devolver

os direitos aos civis.

ATENÇÃO

Como se pode perceber, embora a bandeira levantada pelos Estados Unidos fosse a de combate ao comunismo,

defendendo que este era um regime que não podia se espalhar, as motivações por trás dos golpes na América e

nas demais intervenções estavam ligadas à economia e ao temor de perda de mercado e influência política para

garantir esse mercado.

4 O Brasil no contexto internacional: Golpe civil-militar


Ditadura no Brasil

A década de 1960 no Brasil representa um período de crise e instabilidade política.

O presidente eleito em 1961, Jânio Quadros, renuncia, após sete meses de governo, buscando aumentar seus

poderes políticos, porém a renúncia é aceita, gerando mais um problema: os militares de direita não queriam

a posse de seu vice, João Goulart pela identificação do mesmo com o trabalhismo de Getúlio Vargas.

As crises são controladas e ele toma posse.

-7-
Ao tomar posse, Jango se vê diante de novas crises, o país esperava pela modernização e a estética norte-

americana se fazia presente.

Ele fortalece movimentos sindicais, estudantis e camponeses, anuncia reformas de base, porém adota uma

postura política que busca ser independente das potências da Guerra Fria e chega a iniciar uma aproximação

com a URSS. Isso faz com que a direita e a população entrem em atrito com o governo, temendo a implantação

do comunismo.

-8-
O golpe aconteceu aos 31 de março de 1964. A ditadura brasileira foi marcada pela repressão, censura e tortura.

As liberdades democráticas foram suspensas, a imprensa era duramente censurada.

A ideologia por trás do golpe estava ligada ao combate ao comunismo através de um governo forte e

centralizado. A sociedade, de forma geral, apoiou o golpe, embora a memória oficial tenha se tornado uma

memória de resistência ao regime.

No momento em que os militares estabeleceram a ditadura, foi apenas a consolidação dos anseios das classes

médias e das elites que temiam a “ameaça comunista”, ideia adquirida pela aproximação com os Estados Unidos.

O momento de maior repressão na ditadura brasileira se deu quando o presidente Costa e Silva assinou o Ato

Constitucional Nº 5 (AI-5), que garantia o poder de cassar mandatos políticos, decretar o recesso do Congresso,

impor estado de sítio e suspender as garantias individuais.

• LINK

-9-
Veja o texto original do AI – 5 na íntegra.

http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=194620

Trailer do filme Zuzu Angel (Globo Filmes/Warner Brothers), direção de Sergio Rezende.

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=JuW_iLW547M

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você terá a oportunidade de conhecer os movimentos culturais ocorridos nas décadas de 1960

e 1970 no mundo todo. Vamos ver o movimento Hippie, o Maio de 1968 na França e como o Brasil conseguiu

alavancar vários movimentos no campo da música, teatro e cinema.

SAIBA MAIS

Livros: FICO, Carlos. O grande irmão: da operação brother Sam aos anos de chumbo – o governo dos Estados

Unidos e a Ditadura militar brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileiro, 2008. GIUCCI, Guillermo; DAVID,

Maurício Dias (orgs). Brasil – EUA: antigas e novas perspectivas sobre sociedade e cultura. Rio de Janeiro:

Leviatã, 1994. Filmes: Treze Dias que Abalaram o Mundo - Roger Donaldson Para frente Brasil - Roberto Farias

Zuzu Angel - Sérgio Rezende Feliz ano Velho - Roberto Gervitz Hercules 56 - Sílvio Da-Rin O que é isso,

companheiro? – Bruno Barreto Lamarca - Sérgio Rezende Links: //www.arquivonacional.gov.br/ //www.

archives.com/ //www.torturanuncamais-rj.org.br/

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Deu-se conta de como as potências mundiais, EUA e URSS, exerceram sua política externa em relação aos
países sobre suas esferas de interesse.
• Relacionou a importância dos EUA com o Golpe militar ocorrido no Brasil em 1964.

- 10 -

Você também pode gostar