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AMÉRICA LATINA NO SÉCULO XX

A Revolução Mexicana
A Revolução iniciada em 1910 foi um grande movimento popular, anti-latifundiário e anti-imperialista, que foi
responsável por importantes transformações no México, apesar da supremacia da burguesia sobre as instituições do
Estado. O período de 1876 a 1911 caracterizou-se pela ditadura de Porfírio Diaz, responsável pelo desenvolvimento
do capitalismo mexicano, apoiado no ingresso de capitais e empresas estrangeiras e em uma política anti popular.
Em 1911, Francisco Madero tornou-se presidente. Apesar de originário de uma família de latifundiários, Madero
passou a liderar a pequena burguesia urbana, nacionalista, que organizou o movimento "Anti Reeleicionista"
Perseguido, foi forçado a exilar-se e tornou-se o símbolo da luta contra a ditadura para as camadas urbanas,
inclusive o proletariado. No entanto, o movimento revolucionário possuía outra dimensão: os camponeses do sul,
liderados por Emiliano Zapata, invadiam e incendiavam fazendas e refinarias de açúcar, e ao mesmo tempo
organizavam um exército popular. Ao norte, o movimento camponês foi liderado por Pancho Villa , também
defendendo a reforma agrária. Os exércitos camponeses ao longo de 1910 e 1911 ampliaram sua atuação,
combateram o exército federal e os grandes proprietários, conquistando vilas e cidades em sua marcha em direção à
capital. Com o assassinato de Zapata e a desmobilização popular, o governo derrubou os revolucionários.

Revolução Cubana
Cuba foi a última colônia americana a libertar-se do domínio metropolitano. Parte do domínio espanhol, sua
independência foi obtida após a guerra hispano-americana (1898), com a ajuda militar norte-americana. O
envolvimento dos Estados Unidos no conflito com a Espanha foi a única alternativa encontrada pelos norte-
americanos, há muito tempo interessados na produção açucareira e nas minas cubanas. Após a libertação da ilha,
os norte-americanos governaram por três anos a nova República das Antilhas. Em 1902, a Emenda Platt, inserida
na Constituição cubana, assegurava aos Estados Unidos o direito de intervir militarmente no país para garantir sua
independência. Durante as primeiras décadas do século XX, a participação direta dos Estados Unidos na vida
econômica de Cuba, com investimentos na modernização da produção açucareira, por exemplo, desnacionalizou a
economia cubana, tornando a ilha uma moderna feitoria agroindustrial. Com os problemas nacionais, decorrentes
da dependência externa, a miséria no campo e a insatisfação social, cresceu o sentimento anti-imperialista e
nacionalista, reprimido duramente pelo governo controlado pelos Estados Unidos. Em 1934 surge na política
cubana a figura de Fulgêncio Batista, um sargento do Exército, que marcará a história cubana por ter se tornado
várias vezes "presidente" do país. A partir desse período, a tendência foi de aprofundamento da dominação norte-
americana sobre Cuba, que é descrita como sendo esse momento o "bordel" dos Estados Unidos. Em 26 de julho
desse ano, Fidel Castro - um advogado e membro do Partido Ortodoxo - liderou um ataque ao quartel de Moncada.
Frustada a tentativa, os rebeldes foram para a prisão e, em maio de 1955, depois de anistiados, foram para o exílio
no México. Fora de Cuba, Fidel e Raul Castro e médico argentino Ernesto "Che" Guevara organizaram o
movimento 26 de julho, com o claro objetivo de voltar a Cuba a derrubar a ditadura de Batista. Fidel, Raul e "Che"
conseguiram chegar à Sierra Maestra, de onde passaram a organizar os camponeses para a luta armada. Em outubro
de 1958 teve início a "Marcha sobre Havana", que cai em mãos dos rebeldes em janeiro de 1959. São
nacionalizadas empresas norte-americanas de petróleo e transporte, reformuladas as políticas de educação e saúde
pública, suprimidos os latifúndios e realizada a reforma agrária. As medidas reformistas foram suficientes para
provocar o descontentamento norte-americano, que foi impondo uma série de medidas restritivas - como por
exemplo o boicote ao açúcar e a tentativa de invasão ao território cubano em apoio aos anticastristas, no malogrado
desembarque à Baía dos Porcos. As pressões norte-americanas, em meio à Guerra Fria, culminaram com a expulsão
de Cuba da OEA, em 1962. Desse episódio, a URSS aproveita-se para enfraquecer as posições dos Estados Unidos
e prometem instalar uma base de mísseis em Cuba, gerando um dos episódios mais tensos da Guerra Fria, quando
navios americanos impedem a frota russa de chegar à ilha, em outubro de 1962. Em troca de pretensa paz mundial,
Estados Unidos e URSS assinam um acordo em que a URSS se compromete a não instalar bases de mísseis em
Cuba e os Estados Unidos a não tentar invadir novamente a ilha. A partir de então, Cuba passa a vivenciar a
primeira experiência socialista da América Latina. Em 1963, foi criado o Partido Unificado da Revolução
Socialista que, em 1965, foi substituído pelo Partido Comunista Cubano.
A Revolução Sandinista
Ocorreu em 1979, quando a Nicarágua, um pequeno país da América Central desafiou o poderio norte-americano e
fez sua revolução popular. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) optou, desde sua fundação, pela
luta armada para derrubar a família Somoza, instalada no poder desde a década de 1930, com o apoio dos Estados
Unidos.
Em 1978, aproveitando-se de um levante popular, a FSLN unificou a oposição e o presidente Anastásio Somoza foi
deposto. Uma vez instalados no poder, os sandinistas fizeram uma série de reformas sociais, mas enfrentaram
fortíssima oposição do governo americano, que financiou um movimento guerrilheiro, os "contras" (ou contra-
revolucionários), para desestabilizar o governo sandinista. Em 1990, enfrentando a oposição da burguesia nacional
o presidente nicaragüense, Daniel Ortega, foi derrotado em eleições por Violeta Chamorro, da União Nacional
Opositora, de centro-direita, apoiada pelos Estados Unidos. Em 2006 Daniel Ortega voltou a ser eleito com um
discurso mais moderado

O Golpe de Estado no Chile


A vitória de Salvador Allende, obtida em 4 de setembro de 1970 com 36,2% dos votos, contra 34.9% de Jorge
Alessandri, o candidato da direita, e 27.8% do terceiro candidato, Radomiro Tomic, cuja plataforma era similar à de
Allende, propunha transformar o Chile em um regime socialista, mas pela chamada "via chilena ao socialismo,
naquilo que foi qualificado de estilo "empanadas e vinho tinto" - por meios pacíficos, democráticos, assegurada a
liberdade de imprensa e respeitada a constituição - foi inicialmente bem vista por parte dos aderentes da
Democracia Cristã, que também se envolviam em processos reformistas como a reforma agrária. O apoio inicial
refletido em uma parcela de 49% dos votos na eleição municipal de 1971, se perdeu paulatinamente com a
deterioração da situação econômica. Altos funcionários norte-americanos discutiram o desejo de impedir o governo
do então recém-eleito presidente chileno, o esquerdista Salvador Allende. Seus primeiros anos de governo foram
marcados por agitações sociais e conflitos com o Legislativo. Em 11 de setembro de 1973 Allende foi alertado
cerca das 7 da manhã que militares liderados pelo General augusto Pinochet, marchavam em direção ao Palácio de
Governo para derrubar o presidente. Allende decide continuar no Palácio, enquanto às 9h55 chegam os primeiros
tanques ao Bairro Cívico, enfrentando-se a franco-atiradores leais ao governo. O fogo entre os tanques e os
membros do GAP se inicia e, às 11h52, aviões Hawker Haunter da Força Aérea Chilena bombardeiam o Palácio de
La Moneda e a residência de Allende, na Avenida Tomás Moro, Las Condes. O golpe surpreende por sua rapidez e
violência. O Palácio começa a se incendiar, mas Allende e seus partidários se negam a render-se. Perto das 2 horas
da tarde, as portas são derrubadas e o Palácio é tomado pelo exército. Allende ordena a evacuação, mas se mantém
no Palácio. Segundo o testemunho de seu médico pessoal, Allende disparou com uma metralhadora contra seu
queixo, cometendo suicídio. Porém, há aqueles que não acreditam até hoje nesse depoimento e nem na autópsia que
seria feita em 1990 e que supostamente confirmaria esse testemunho. Para muitas pessoas Allende foi
sumariamente executado.

A Guerra das Malvinas


As Ilhas Malvinas localizadas no Atlântico Sul próximo à costa argentina abriga a colônia britânica em duas
grandes ilhas e outras menores. Por ser povoada por britânicos e estar próxima ao território argentino, os mesmos
decidiram invadir as ilhas para terem autoridade sobre elas. Os generais que comandavam a Ditadura Militar na
Argentina viram na ocasião uma excelente oportunidade de disfarçar os crimes cometidos contra a população e
desviar a atenção do povo dos problemas econômicos.
Em 1982, a Argentina enviou soldados para invadirem as ilhas britânicas alegando ter autoridade sobre elas e este
fato originou a Guerra das Malvinas. Após a invasão, Londres reagiu rapidamente cortando relações com a
Argentina e enviando militares para recuperarem as ilhas. Em 14 de abril de 1982, as tropas britânicas se
aproximaram das ilhas e foram recebidas com mísseis franceses, mas também reagiram afundando um destróier
argentino com 350 homens a bordo. O conflito durou 74 dias, matou 712 soldados argentinos e 255 soldados
britânicos. A vitória militar britânica se concretiza, pois contavam com soldados preparados para o combate e com
o apoio da Europa e dos Estados Unidos. O povo morador das Ilhas Malvinas que sempre tiveram preferência pelos
britânicos vê a situação passada como um trágico acontecimento. Mesmo após o conflito, os argentinos se sentem
possuidores das ilhas, mas essas são numerosamente povoadas por soldados britânicos que controlam e monitoram
os céus e os mares. As forças argentinas ficaram arrasadas com a guerra em número de soldados e equipamentos. A
vitória britânica deu grande popularidade a Margareth Tatcher. A guerra reforçou as relações entre o Reino Unido e
os Estados Unidos.

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