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Fichamento
Tema: Revolução Sandinista
O ano de 1979 foi marcado por algo de realmente novo no cenário latino-
americano: a Revolução Sandinista, na Nicarágua, ao mesmo tempo luta de
libertação nacional e tentativa de construção de uma nova sociedade socialista.
A Nicarágua era mais um país com regime ditatorial apoiados pelos Estados
Unidos e tinha completa dependência de suas economias ao capitalismo norte-
americano que controlava diversos setores da produção desse país. O caráter
antiimperialista desse movimento revolucionário tem a existência de um líder
muito importante para a história do povo latino, Augusto César Sandino.
O pai e os dois filhos, Luis e Anastácio II, governaram o país a sangue e fogo: a
custa da miséria de 2 milhões de pessoas acumularam uma fortuna estimada em
600 milhões de dólares; apoderam-se de 20.000 km² das melhores terras, uma
sexta parte do território nacional, nas quais se produzia café para exportação e se
criava gado. Exploraram cassinos, luxuosas casas de prostituição e controlavam
o tráfico de drogas. "Grande parte da imensa fortuna obteve pelo roubo puro e
simples do dinheiro público conseguido por meio de empréstimos do exterior e
destinado à construção de obras de infra-estrutura, como estradas, canais de
irrigação, eletrificação, etc."
É dentro deste contexto que, a partir dos anos 70, sob o lema "Sandino Vive",
iniciou-se a luta da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Tratava-
se de uma frente ampla que reunia operários, camponeses, estudantes,
intelectuais e, inclusive, parte da burguesia industrial insatisfeita com o
monopólio político da família Somoza. Ao mesmo tempo a FSLN assumiu a
liderança de uma guerra revolucionária contra o regime. Fazendo de Sandino
uma bandeira de luta, a FSLN intensificou a ação guerrilheira contra o governo,
apelando para os camponeses e contando com o apoio dos operários nas cidades.
Sua ideologia pode ser resumida nas palavras de um dos líderes, Humberto
Ortega: "Nossa ideologia baseia-se em três componentes fundamentais; o
elemento histórico, o doutrinário e o político. Do ponto de vista doutrinário
seguimos fundamentalmente a teoria científica do marxismo. Mas do ponto de
vista histórico, alimentamo-nos de nossas tradições, o que significa que o
impulso que dirige hoje nossa luta não provém da doutrina que adquirimos a fim
de analisar a realidade, mas antes da experiência de mais de um século de luta
pela independência. E no que se refere à componente política, é o objetivo de
libertação nacional que devemos buscar nesse momento."
Após diversas ações vitoriosas contra a Guarda Nacional e tendo sob seu
controle inúmeras cidades em julho de 1979 os guerrilheiros da FSLN ocupavam
a capital Manágua, enquanto o ditador Somoza fugia para Miami. A partir de
então se instalou uma Junta de Governo de Reconstrução Nacional, presidida por
Daniel Ortega.
A luta só teve fim quando das eleições, em 1990, que aprontaram a vitória de
Violeta Chamorro, da União Nacional Opositora (UNO). A partir daí, os
"contras" depuseram as armas, os Estados Unidos cancelaram o embargo
comercial e até mesmo o FMI concedeu empréstimos à Nicarágua. A vitória de
Chamorro não significou o afastamento dos sandinistas, uma vez que eles
continuaram a controlar o exército e a polícia nacionais. Um dos maiores
problemas enfrentados pelos nicaragüenses é o da reconstrução nacional em
virtude da insuficiência de recursos. Desemprego e paralisação da atividade
econômica constituem em reflexo do longo período de sanções econômicas e de
guerra civil.