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FGV – CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Este objeto de aprendizagem aborda um dos temas mais relevantes e sempre


atuais do Direito Tributário: os direitos fundamentais do contribuinte. A escolha
do tema justifica-se pela sua envergadura constitucional e pela sua
aplicabilidade a todas as áreas do Direito Tributário, tanto na tributação da
renda quanto na tributação da propriedade e do consumo.

Os direitos fundamentais do contribuinte permanecerão no foco das principais


discussões em matéria tributária, especialmente após o segundo semestre do
ano de 2019, após discussão sobre a votação da reforma tributária no
Congresso Nacional. Sendo a reforma tributária aprovada ou não, em maior ou
menor medida, a relevância e a atualidade dos direitos fundamentais do
contribuinte permanecerão intactas, mesmo porque eles não podem ser
abolidos nem mesmo por emenda constitucional.

Tendo em vista a amplitude do tema, o objeto de aprendizagem Direito


Tributário se limitará aos princípios da igualdade tributária, da capacidade
contributiva e da seletividade em função da essencialidade. O objetivo é
introduzi-los à temática dos direitos fundamentais do contribuinte, inicialmente
pelo princípio da igualdade, principal norma jurídica realizadora da justiça
tributária. Para tanto, o caminho a ser trilhado passará pelo princípio da
capacidade contributiva, principal vetor de concretização da igualdade tributária
na tributação da renda, e pelo princípio da seletividade em função da
essencialidade, principal norma jurídica voltada para a garantia do mínimo
existencial na tributação do consumo no Estado Constitucional brasileiro.

COMPETÊNCIAS
Conheça as competências que você deverá desenvolver ao longo desta disciplina:

 identificar problemas complexos do Direito Tributário;


 aplicar, adequadamente, os métodos de resolução de problemas do Direito Tributário e
 compreender o conteúdo e os limites de aplicação dos direitos fundamentais na proteção
efetiva do contribuinte.

BIBLIOGRAFIA
A seguir, você pode acessar a bibliografia recomendada pelo professor do objeto de
aprendizagem.
BIBLIOGRAFIA
 ÁVILA, Humberto. Sistema constitucional tributário. São Paulo: Saraiva, 2012.
Este trabalho consiste em uma sistematização coerente de todas as normas que estão
expressa ou implicitamente previstas na Constituição Brasileira e na Lei Fundamental
Alemã e que limitam o conteúdo do poder de tributar. Para atingir essa finalidade,
primeiramente, são examinadas as características de cada sistema tributário e
investigadas aquelas normas jurídicas que prescrevem como devem ser instituídos os
tributos e quando podem ser exigidos, assim como de que forma devem ser
interpretados os direitos fundamentais afetados na concretização da relação obrigacional
que os têm como objeto.
 CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. São Paulo:
Malheiros, 2008.
Esta obra apresenta um estudo completo do nosso sistema tributário, de acordo com a
Constituição Federal de 1988, examinando os seus princípios e fundamentos, as
competências tributárias, os conceitos, as características e a classificação dos tributos
bem como as isenções, a discriminação de rendas e as bases da legislação
infraconstitucional.

GUSTAVO FOSSATI
FORMAÇÃO ACADÊMICA

 Doutor em Direito Tributário pela Universidade de Münster, Alemanha.


 Mestre em Direito do Estado pela PUC/RS.
 Especialista em Direito Tributário pela UFRGS.
 Graduado em Direito pela PUC/RS.

EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

 Membro do corpo docente permanente da graduação da FGV Direito Rio.


 Pesquisador em Direito Tributário na FGV Direito Rio.
 Advogado e parecerista na área do Direito Tributário.

Unidade 1
DIREITOS FUNDAMENTAIS
DO CONTRIBUINTE
Nesta unidade, apresentaremos o conceito de
direitos fundamentais na ordem constitucional
brasileira, contextualizando-o com o catálogo geral
de direitos fundamentais constitucionais e com o
Sistema Tributário Nacional.
Também temos como objetivo demonstrar a sua fundamentalidade constitucional, à luz
da Teoria dos Direitos Fundamentais e das cláusulas pétreas. Por fim, apresentaremos os
direitos fundamentais do contribuinte a partir do texto constitucional, contextualizando-
os com a jurisprudência constitucional.

OBJETIVOS
Ao final deste módulo, esperamos que você seja capaz de:

 compreender o conceito de direitos fundamentais do contribuinte;


 justificar a fundamentalidade constitucional do conceito de direitos fundamentais do
contribuinte e
 identificar os direitos fundamentais do contribuinte.

1.1 DIREITOS DO CONTRIBUINTE

LEITURA
Nesta leitura, você terá a oportunidade de encontrar situações envolvendo os direitos
fundamentais do contribuinte, especialmente aqueles ligados à proteção, à segurança
jurídica e à liberdade de exercício de atividade econômica ou profissão.

https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/4003/1/arquivo5668_1.pdf

DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CONTRIBUINTE


Na videoaula a seguir, apresentaremos o conceito dos direitos fundamentais na ordem
constitucional brasileira, contextualizando-o com o catálogo geral de direitos
fundamentais constitucionais e com o Sistema Tributário Nacional.

Além disso, conheceremos também a sua fundamentalidade constitucional, à luz da


Teoria dos Direitos Fundamentais e das cláusulas pétreas. Por fim, trataremos dos
direitos fundamentais do contribuinte a partir do texto constitucional, contextualizando-
os com a jurisprudência constitucional.

VAMOS PRATICAR?
A sociedade empresária ABC Indústria e Comércio de Equipamentos Eletrônicos Ltda.
foi autuada pela Receita Federal do Brasil, sob o fundamento de não ter recolhido
imposto de renda no montante correto, conforme apuração realizada pelo órgão,
referente aos últimos cinco anos.

A sociedade contribuinte insurge-se contra a cobrança da multa tributária qualificada


que lhe foi imputada, no percentual de 150% sobre o valor do crédito tributário
constituído. Na sua impugnação, alega que a multa nesse percentual possui caráter
confiscatório e viola o princípio da proporcionalidade.

No julgamento administrativo de primeira instância, restou decidido que a multa é legal,


pois está prevista em lei, e constitucional, pois a Constituição Federal não informa
qualquer percentual máximo a título de multa ou tributo que possa caracterizar o efeito
confiscatório, estando o legislador livre para fixar esse percentual. Além disso, informa
que o STF não possui entendimento consolidado sobre o quantum confiscatório das
multas tributárias.
Por fim, a decisão afastou a aplicação do princípio da proporcionalidade sobre a multa
tributária com o argumento de que esse princípio não possui previsão na Constituição
Federal, representando um mero argumento abstrato de retórica.

Considerando a situação apresentada, está correta a decisão? Justifique.

A decisão não está correta. É direito fundamental do contribuinte não se sujeitar a uma
tributação com efeito confiscatório, o que se aplica também às multas tributárias,
conforme já decidido pelo próprio STF. Em que pese não haver previsão constitucional
de um percentual máximo para a multa tributária, há decisões do STF que sinalizam
pela sua limitação a 100% do valor do crédito tributário, sendo confiscatório percentual
acima desse valor. O princípio da proporcionalidade é um princípio implícito na
Constituição Federal, ligado à própria ideia de Direito e de justiça, não precisando
apresentar-se de forma expressa para que tenha aplicabilidade como um limitador à
tributação e à imposição de multas desproporcionais. Sendo assim, no caso analisado, a
multa aplicada, em que pese prevista em lei, é confiscatória, violando o princípio da
proporcionalidade.

CONCLUSÃO DA UNIDADE
Os direitos fundamentais do contribuinte possuem previsão não apenas nos dispositivos
constitucionais do Sistema Tributário Nacional mas também nos Arts. 5º, 6º e 7º, inc.
IV, da Constituição Federal.

Eles se apresentam sob a forma de direitos, garantias ou princípios, traduzindo


verdadeiras limitações ao poder de tributar do Estado. Essas limitações funcionam como
mecanismos de proteção ao contribuinte, indo de encontro à ação fiscal injustificada ou
arbitrária.

descrição
Devido à sua fundamentalidade, os direitos fundamentais do contribuinte não podem ser
abolidos nem mesmo por emenda constitucional. Ganham destaque no Sistema
Tributário Nacional, mais precisamente dentro do título referente às limitações ao poder
de tributar.

A sua aplicabilidade está assegurada pela Constituição Federal, inclusive sobrevindo


uma ampla reforma tributária que, eventualmente, possa reestruturar toda a tributação
sobre o consumo e a receita.

Unidade 2
PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA
Nesta unidade, apresentaremos o conteúdo jurídico e os limites de aplicação
do princípio da igualdade tributária, identificando os critérios legítimos e os
critérios ilegítimos para um tratamento tributário desigual, tanto em favor
quanto em desfavor do contribuinte. Ao final, contextualizaremos a igualdade
no Sistema Tributário Nacional, à luz de casos já julgados pelo STF.

OBJETIVOS

Ao final deste módulo, esperamos que você seja capaz de:

 apresentar o conteúdo e os limites do princípio da igualdade tributária;


 identificar critérios legítimos e ilegítimos para o tratamento desigual e
 contextualizar a igualdade no Sistema Tributário Nacional.

2.1 IGUALDADE TRIBUTÁRIA

LEITURA
Neste texto, você encontrará uma discussão acerca da isenção do imposto de renda
sobre lucros e dividendos, especialmente se e em que medida a isenção viola o princípio
da igualdade.

https://periodicos.unipe.br/index.php/direitoedesenvolvimento/article/view/542

PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA


Nesta videoaula, conheceremos o conteúdo jurídico e os limites de aplicação do
princípio da igualdade tributária. Serão identificados os critérios legítimos e os critérios
ilegítimos para um tratamento tributário desigual, tanto em favor quanto em desfavor do
contribuinte.

Por fim, será contextualizada a igualdade no Sistema Tributário Nacional, à luz de casos
já julgados pelo STF.

VAMOS PRATICAR?
A Lei nº 1.234 (hipotética) prevê tratamento tributário simplificado e beneficiado para
microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), assim entendidas aquelas que
auferem receita bruta anual até R$ 1,2 milhões de reais e até R$ 4,8 milhões de reais,
respectivamente. O tratamento tributário em questão prevê a simplificação das
obrigações acessórias e a redução dos tributos incidentes sobre o faturamento,
traduzindo verdadeiro benefício tributário.

Ocorre que essa lei exclui, expressamente, os profissionais liberais da possibilidade de


adesão ao regime beneficiado. Consta, na exposição de motivos do projeto de lei que a
antecedeu, que a exclusão se deve ao fato de que o Estado não precisa ajudar os
profissionais liberais com incentivos fiscais, dado que eles possuem melhores condições
de prosperar financeiramente no mercado em que atuam.

É constitucional a exclusão dos profissionais liberais do regime tributário beneficiado?


Justifique.

A exclusão é inconstitucional. A Constituição Federal proíbe, expressamente, o


tratamento tributário desigual entre contribuintes que se encontram em situação
equivalente, vedada a diferenciação em razão de profissão ou atividade econômica
desenvolvida (art. 150, II). Nesse caso, o critério de diferenciação da receita bruta anual
é legítimo, pois atende ao princípio da capacidade contributiva. No entanto, o critério da
profissão ou atividade econômica é ilegítimo na seara do tratamento tributário desigual,
dado que encontra vedação constitucional expressa para a sua utilização. Caso o STF
tenha decidido em caso análogo pela constitucionalidade da lei que havia deixado os
profissionais liberais de fora do benefício, a exclusão não se sustenta, pois viola
inequivocamente o art. 150, II, da Constituição Federal.

CONCLUSÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, vimos como o princípio da igualdade tributária é ancorado no art. 150,
II, da Constituição Federal, que veda aos entes da Federação instituir tratamento
tributário desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida a
distinção em razão da profissão ou atividade por eles exercida.

O dispositivo informa dois aspectos relevantes para o princípio:

 o dever de tratar igualmente os contribuintes em situação equivalente, bem como


desigualmente os contribuintes em situação diferente e
 o critério de comparação da profissão ou atividade econômica não pode ser utilizado para
instituir tratamento tributário desigual, dada a previsão de vedação expressa.
Para que sejam considerados legítimos, os critérios de diferenciação devem
ser coerentes com uma ou mais finalidades ou objetivos constitucionais que se
pretendem realizar.

A coerência, nesse caso, traduz-se na relação de pertinência lógica do critério


distintivo com a finalidade ou o objetivo a ser realizado, afastando-se qualquer
critério que possa ser contraditório à finalidade ou ao objetivo. O critério
também deve ser proporcional, no sentido de ser adequado à realização do fim
pretendido.

Unidade 3

PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

Nesta unidade, apresentaremos o conteúdo jurídico e os limites do princípio da


capacidade contributiva, analisando a sua relação com a igualdade tributária e
com a justiça tributária. Ao final, avaliaremos a sua aplicação nos tributos
previstos no Sistema Tributário Nacional.

OBJETIVOS

Ao final deste módulo, esperamos que você seja capaz de:

 compreender o conteúdo e os limites do princípio da capacidade contributiva;


 analisar a relação do princípio da capacidade contributiva com a igualdade
tributária e com a justiça tributária e
 avaliar a aplicação do princípio da capacidade contributiva nos tributos
previstos no Sistema Tributário Nacional.
3.1 CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
LEITURA
Nesta leitura, você terá a oportunidade de conhecer não apenas as limitações
constitucionais às violações à capacidade contributiva mas também os possíveis
fundamentos de legitimação dessas violações, entre eles a eficiência fiscal, os objetivos
de simplificação ou motivos da economia da administração fiscal, o combate aos abusos
de forma e de direito, e os fins do bem comum.

Clique para acessar o texto Limitações constitucionais às violações à capacidade

contributiva , de Gustavo Fossati.

Texto salvo na pasta do curso.

PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA


Assista à videoaula a seguir, em que você conhecerá o conteúdo jurídico e os limites do
princípio da capacidade contributiva, analisando a sua relação com a igualdade
tributária e a justiça tributária.

Ao final, você poderá avaliar a sua aplicação nos tributos previstos no Sistema
Tributário Nacional.

Apresentação da aula está na pasta do curso.

VAMOS PRATICAR?
Imagine que uma pessoa necessitada, desprovida de qualquer renda ou assistência
financeira do Estado, compre pão e leite em um supermercado, pagando o ICMS
embutido no preço final de venda ao consumidor.
Avalie a eventual aplicação do princípio da capacidade contributiva no ICMS da
situação apresentada, considerando os seguintes pontos de atenção:

 mínimo existencial;
 justiça tributária;
 restituição do imposto e
 praticabilidade tributária.
O princípio da capacidade contributiva deveria ser aplicado ao ICMS. No
entanto, por razões de praticabilidade e de interesses do bem comum, deixa de
ser aplicado diretamente. A consequência é a violação à garantia da proteção
ao mínimo existencial e a violação à justiça tributária. Tributa quem não
apresenta qualquer capacidade contributiva, em que pese possa manifestar
capacidade econômica no momento do pagamento das mercadorias no
supermercado.

Com isso, viola também a justiça tributária na sua manifestação por meio do
princípio da igualdade tributária, dado que tributa igualmente o pobre e o rico,
na aquisição de pão e leite, quando eles deveriam receber tratamento tributário
diferenciado.

A lesão à justiça tributária é ainda agravada porque não há previsão legal de


qualquer espécie de restituição do imposto pago, nesse caso, à pessoa
necessitada, seja mediante reembolso direto, seja mediante compensação com
o imposto de renda eventualmente pago e ajustado na Declaração de Ajuste
Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física.

Em outras palavras, o Estado recebe o imposto de quem não poderia cobrar,


dada a inequívoca ausência de capacidade contributiva no caso concreto.

CONCLUSÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, vimos como funciona o princípio da capacidade contributiva,
fundamental no Direito Tributário. Esse princípio consiste na tradução de um
ideal de justiça a ser buscado, de uma tributação igualitária com base no
critério da capacidade contributiva. Sob a perspectiva da justiça distributiva, o
princípio orienta a atuação do legislador sob a lógica do "quem ganha mais,
contribui mais; quem ganha menos, contribui menos".

A Constituição Federal brasileira prevê a sua aplicação aos impostos pessoais


e diretos. No entanto, parte da doutrina sustenta a sua aplicação a todos os
tributos, sempre que possível, sob a ótica da praticabilidade e da viabilidade
técnica, à luz de algumas decisões já prolatadas pelo STF.
Descrição

As distorções e as externalidades negativas verificadas no âmbito do consumo,


especialmente o efeito regressivo da tributação sobre o consumo no Brasil,
violam o princípio da capacidade contributiva no consumo.

Essas distorções devem ser corrigidas por meio de uma desoneração mais
efetiva de produtos e serviços integrantes do mínimo existencial e de um
mecanismo de restituição ou de compensação do imposto sobre o consumo
pago por quem não manifesta capacidade contributiva.

Unidade 4

PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE EM FUNÇÃO DA ESSENCIALIDADE

Nesta unidade, apresentaremos o conteúdo e os limites do princípio da


seletividade em função da essencialidade. Além disso, analisaremos a sua
relação com o princípio da capacidade contributiva e com a proteção ao
mínimo existencial. Por fim, avaliaremos a possibilidade do controle judicial
sobre as escolhas legislativas, no tocante às alíquotas do ICMS e do IPI.
OBJETIVOS
Ao final deste módulo, esperamos que você seja capaz de:
apresentar o conteúdo e os limites do princípio da seletividade em função da
essencialidade;
analisar a relação do princípio da seletividade em função da essencialidade
com o princípio da capacidade contributiva e com a proteção ao mínimo
existencial e
avaliar a possibilidade do controle judicial sobre as escolhas legislativas, no
tocante às alíquotas do ICMS e do IPI.

4.1 SELETIVIDADE EM FUNÇÃO DA ESSENCIALIDADE


LEITURA
Para saber mais sobre este assunto, leia o texto a seguir.

Clique para acessar o texto Tributação ótima e capacidade contributiva:

das limitações constitucionais à tributação do consumo de bens de

demanda inelástica , de Karoline Marchiori de Assis, Evelim Bulhões

Guimarães e Vitor Araújo Loureiro.

https://portalrevistas.ucb.br/index.php/EALR/article/view/%208623/pdf

PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE EM FUNÇÃO DA


ESSENCIALIDADE
Assista à videoaula a seguir, em que você conhecerá o princípio da seletividade em
função da essencialidade e os seus limites bem como a sua relação com o princípio da
capacidade contributiva e com a proteção ao mínimo existencial.

Por fim, você conhecerá a possibilidade de haver controle judicial sobre as escolhas
legislativas, no tocante às alíquotas do ICMS e do IPI.

Apresentação da aula está na pasta do curso.

VAMOS PRATICAR?
Uma sociedade empresária que se dedica à produção de açúcar de cana insurge-se
contra a cobrança de IPI sobre a sua produção, na alíquota de 18%. Ela alega que tem
conhecimento de que os produtores de outros alimentos não recolhem o IPI ou
recolhem-no com uma alíquota de 5%, o que representa, na sua ótica, uma manifesta
injustiça em termos de concorrência. Essa sociedade contrata você, na condição de
advogado, para defender os seus interesses, propondo a medida judicial cabível.

Avalie o cabimento de uma medida judicial para atender aos interesses da sociedade e a
respectiva chance de sucesso.

Resposta:

Cabe mandado de segurança ou ação ordinária para buscar a realização dos interesses da
empresa por meio do Poder Judiciário. No entanto, as chances de sucesso são remotas.
O princípio da seletividade em função da essencialidade orienta a atuação do legislador
na fixação seletiva das alíquotas do IPI, conforme o critério da essencialidade do
produto para a satisfação das necessidades humanas, nesse caso, ligadas à alimentação,
um direito social fundamental.

Em tese, uma alíquota de 18% de IPI sobre o açúcar, quando comparada a uma alíquota
de 5% sobre outros produtos, pode configurar uma tributação mais agressiva, que viola
o princípio da seletividade em função da essencialidade e, em última análise, a proteção
ao mínimo existencial.

No entanto, o STF tem decisões nas quais manifestou o seguinte entendimento:

 o Poder Judiciário não pode atuar como legislador positivo, fixando determinado
percentual de alíquota para determinado setor;
 a fixação das alíquotas do IPI está dentro da discricionariedade do legislador e
 o princípio da seletividade em função da essencialidade não significa que deva haver
imunidade tributária, mas sim a graduação seletiva das alíquotas conforme a
compreensão que o legislador tem da essencialidade dos produtos.
Sendo, conforme já afirmado inicialmente, as chances de sucesso da medida judicial
eleita são remotas.

CONCLUSÃO DA UNIDADE
O princípio da seletividade em função da essencialidade orienta o legislador a
graduar, seletivamente, as alíquotas do IPI e do ICMS com base no critério da
essencialidade dos produtos, das mercadorias e dos serviços com relação às
necessidades humanas.
Esse princípio realiza, na tributação do consumo, o valor constitucional da
dignidade da pessoa humana, o qual, conjugado com o princípio do Estado
Social, conforma o mínimo existencial.

Descrição

Essenciais são aqueles produtos, mercadorias e serviços inadiáveis à garantia


de uma eficácia mínima dos direitos sociais fundamentais constantes do art. 6º
da Constituição Federal: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia,
transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à
infância, e assistência aos desamparados.

Esse princípio, que também denota uma técnica de tributação, foi a forma
encontrada pelo constituinte brasileiro para concretizar, em certa medida, o
princípio da capacidade contributiva na tributação do consumo.

Em que pese haja inúmeros produtos, mercadorias e serviços inequivocamente


essenciais às necessidades humanas, mas tributados com elevadas alíquotas,
o entendimento atual predominante no Poder Judiciário segue a tendência
sinalizada pelo STF pela impossibilidade, como regra, do controle judicial da
seletividade. Há algumas decisões isoladas a favor do controle judicial, mas
tais decisões ainda não representam a posição dominante no Poder Judiciário.

Chegamos ao final do objeto de aprendizagem Direito Tributário.

Direito Tributário nos permitiu compreender o conceito de direitos


fundamentais do contribuinte a partir da sua localização no texto constitucional
bem como do conhecimento do seu conteúdo e da sua eficácia. Na delimitação
proposta, abordamos o princípio da igualdade tributária e o seu desdobramento
prático por meio do princípio da capacidade contributiva.

Por fim, vimos o âmbito da tributação do consumo, com a avaliação do


conteúdo e da eficácia do princípio da seletividade em função da
essencialidade.

Boa jornada até o sucesso!

À luz do princípio da seletividade, o legislador graduou, adequadamente, com uma alíquota


menor a incidência sobre o pão e com uma alíquota maior a incidência sobre o croissant.

Questão 1
Um empresário dedicado ao comércio especializado de croissant insurge-se
contra a cobrança de ICMS na alíquota de 18%. Ele alega sentir-se injustiçado,
tendo em vista que o seu concorrente, uma padaria localizada no outro lado da
rua, vende diferentes tipos de pão, pagando o ICMS na alíquota de 12% e com
base de cálculo reduzida, o que resulta em uma carga tributária final de 7%.

Com relação à pretensão de afastar a cobrança da alíquota de 18% e buscar a


devolução dos valores pagos a maior nos últimos cinco anos, é correto afirmar
que:
O princípio da seletividade significa imunidade tributária.
A fixação das alíquotas do ICMS não está dentro da discricionaridade do
legislador.
Conforme a jurisprudência do STF, o Poder Judiciário pode atuar como
legislador positivo, fixando uma alíquota menor.
À luz do princípio da seletividade, o legislador graduou, adequadamente, com
uma alíquota menor a incidência sobre o pão e com uma alíquota maior a
incidência sobre o croissant.
Questão 2
No texto da Constituição Federal de 1988 (CF/88), os principais direitos
fundamentais do contribuinte encontram-se:
Nos arts. 5º e 6º.
Espalhados por todo texto constitucional.
No Sistema Tributário Nacional unicamente.
No Sistema Tributário Nacional e nos arts. 5°, 6° e 7°, inciso IV.

Questão 3

O princípio da capacidade contributiva aplica-se:

Apenas aos impostos com finalidade fiscal.

A todos os tributos, sempre que possível (praticabilidade).

Apenas aos impostos pessoais e direitos, previstos na CF/88.

A todos os tributos, com exceção das taxas, que se sujeitam à máxima


equivalência entre o seu valor e o custo do serviço.

Questão 4

No contexto do princípio da seletividade em função da essencialidade, é


legítimo se falar em produtos, mercadorias e serviços inadiáveis à garantia de
uma eficácia mínima dos direitos sociais fundamentais.

A opção que apresenta somente direitos sociais fundamentais é:

Educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança,


previdência social, cultura e assistência aos desamparados.

Educação, saúde, alimentação, trabalho, vestuário, transporte, lazer,


segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e
assistência aos desamparados.

Educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança,


previdência social, proteção à maternidade e à infância, e assistência aos
desamparados.

Educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, veículos automotores, lazer,


segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e
assistência aos desamparados.

Questão 5

Uma pessoa necessitada, nitidamente desprovida de recursos financeiros para


prover a sua subsistência, adquire pão e leite em um supermercado. O preço
final de venda desses produtos ao consumidor inclui, na sua composição, uma
parcela relativa ao ICMS incidente sobre as mercadorias integrantes da cesta
básica de alimentos.
No caso apresentado, é correto afirmar que:

Há tributação constitucional, visto que, por ser de valor reduzido, não


caracteriza efeito confiscatório.

Há uma externalidade negativa da tributação no consumo que deve ser


suportada pelos mais pobres em prol do princípio da praticabilidade.

Há uma situação de efeito regressivo que deve ser corrigida com a


desoneração do mínimo existencial ou com um mecanismo de compensação
ou restituição do imposto pago.

Não há qualquer maneira de considerar o princípio da capacidade contributiva


na tributação do consumo, de modo que não há qualquer violação às limitações
ao poder de tributar.

Questão 6

Determinada lei prevê tratamento tributário simplificado e beneficiado para


microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), prevendo como
critério de distinção a receita bruta anual. No entanto, simultaneamente,
excluindo expressamente os profissionais liberais da possibilidade de adesão
ao regime beneficiado.

É correto afirmar que essa lei:

Viola o princípio da igualdade tributária.

Possui como critério, legítimo e constitucional, para tratamento desigual a


atividade econômica ou profissão.

É constitucional, visto que os profissionais liberais não precisam de auxílio


fiscal do Estado para se manterem no mercado.

É constitucional, dado que está dentro da discricionaridade do legislador


fomentar a atividade apenas dos pequenos comerciantes, deixando de fora os
profissionais liberais.

Questão 7

Há inúmeros produtos, mercadorias e serviços inequivocadamente essenciais


às necessidades humanas, mas que são tributadas com elevadas alíquotas.
Com relação à atuação do Poder Judiciário frente ao controle judicial da
seletividade, é correto afirmar que:

Não há decisões isoladas a favor do controle judicial.

O Poder Judiciário possui como regra a possibilidade do controle judicial da


seletividade em todas as situações.

O Poder Judiciário segue a tendência do STF: tem como regra a


impossibilidade do controle judicial da seletividade.

O Poder Judiciário admite o controle judicial da seletividade nas situações de


demonstração de caráter confiscatório da alíquota em análise.

Questão 8

Condicionar o contribuinte em débito com o Fisco estadual ao pagamento, ao


parcelamento ou à prestação de garantia a fim de obter autorização para
impressão de documentos fiscais representa uma violação à limitação
constitucional ao poder de tributar.

Relaciona-se a essa limitação o princípio da:

Legalidade.
Proporcionalidade.
Vedação ao confisco.
Liberdade de exercício de atividade econômica ou profissão.

Questão 9

O mínimo existencial pode ser compreendido a partir da conjugação entre:

A dignidade da pessoa humana e o princípio da igualdade.


A dignidade da pessoa humana e o princípio do Estado Social.
O princípio do Estado Social e o princípio da proporcionalidade.
A dignidade da pessoa humana e o princípio da proporcionalidade.
A dignidade da pessoa humana e o princípio da vedação ao confisco.

Questão 10

Para fins de um adequado tratamento tributário, à luz da igualdade, diz-se que


o critério de comparação eleito:

Pode ser utilizado para instituir tratamento tributário desigual.


Não precisa ser proporcional, bastando que não seja arbitrário.

Deve ser congruente com a finalidade ou objetivo constitucional que se


pretende realizar.

Dever apresentar coerência, assim entendida como a relação de pertinência


lógica do critério distintivo com a finalidade ou o objetivo a ser realizado,
afastando-se qualquer critério contraditório à finalidade ou ao objetivo.

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