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Alunas: Habia Antunes Borges e Maria Júlia Barcelos Santos

Disciplina: Direito Tributário I


Data: 02/05/2023
Professor: Adônis de Castro Oliveira

TRABALHO AVALIATIVO 3,0 PONTOS

01 - O que é o princípio da legalidade tributária e como ele limita o


poder de tributar do Estado? Justifique, fundamente e exemplifique a sua
resposta.

É um dos princípios fundamentais do Direito Tributário. Ele estabelece


que nenhum tributo pode ser exigido sem que haja uma lei que o institua, ou
seja, o poder de tributar só pode ser exercido pelo Estado se houver previsão
legal para tanto. Isso significa que qualquer cobrança de tributo sem base em lei
é ilegal e inconstitucional. Além disso, a lei que institui o tributo deve ser clara e
precisa, de modo a garantir a segurança jurídica e a previsibilidade das
obrigações tributárias.
O princípio da legalidade tributária é uma garantia para o contribuinte,
que sabe exatamente quais tributos deve pagar e em que circunstâncias deve
fazê-lo. É também um limite ao poder de tributar do Estado, que só pode criar
tributos por meio de leis aprovadas pelo Congresso Nacional.
Esse princípio está previsto no artigo 150, inciso I, da Constituição
Federal, que estabelece que "é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça".
Além disso, a Constituição também prevê outros dispositivos que
reforçam o princípio da legalidade tributária, como por exemplo: O artigo 5º,
inciso II, que estabelece que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei"; O artigo 97, que estabelece que somente
a lei pode estabelecer a criação de tribunais e a remuneração de seus membros;
O artigo 146, que estabelece que cabe à lei complementar estabelecer normas
gerais em matéria de legislação tributária. Esses dispositivos reforçam a
importância do princípio da legalidade tributária na ordem constitucional
brasileira. O princípio da legalidade tributária se aplica a todos os tributos, ou
seja, impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Para a exigência de qualquer desses tributos, é necessário que haja uma
lei específica que os institua, estabelecendo as hipóteses de incidência, as
alíquotas, as bases de cálculo e demais elementos que permitam a determinação
da obrigação tributária.
Portanto, o princípio da legalidade é um elemento fundamental do
sistema tributário brasileiro, garantindo que a tributação ocorra de forma justa,
transparente e previsível, tanto para o Estado quanto para os contribuintes.

02 – Explique do que se trata o princípio da anterioridade tributária.


Tal princípio protege os contribuintes? Se sim, de que forma? Justifique,
fundamente e exemplifique a sua resposta.

O princípio da anterioridade é um princípio fundamental tributário. O


fundamento deste princípio está em garantir a segurança jurídica necessária
entre o Estado e seus cidadãos.
Por exemplo, focaliza a questão do quando se deve pagar. De forma
prática, o princípio da anterioridade impede a cobrança de tributos no mesmo
exercício em que eles foram instituídos. Enquanto a legalidade está para a causa
dos tributos, a anterioridade está para seus efeitos, ou melhor, sua eficácia, pois
visa a não surpreender os contribuintes quando o tributo é criado – por esse
motivo também é conhecido como princípio da não surpresa.
De fato, ele é inclusive previsto no Código Tributário Nacional (CTN), de
forma expressa, no artigo 104: “Entram em vigor no primeiro dia do exercício
seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes
a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
I – que instituem ou majoram tais impostos;
II – que definem novas hipóteses de incidência;
III – que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de
maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.”
Portanto, sim, o referido princípio protege os contribuintes, de modo a
resguardar o direito destes se prepararem para a nova exigência tributária,
providenciando segurança jurídica e concedendo prazo ao contribuinte para ele
dispor do recurso financeiro no exercício seguinte, ou seja, no próximo ano.
Desta forma, essa é a previsão da anterioridade no CTN, que previa esse
tratamento somente para impostos sobre patrimônio ou renda. Então, todo e
qualquer imposto que não fosse sobre patrimônio ou renda não precisaria
aguardar até o exercício seguinte – podendo inclusive ser exigido
imediatamente.

03 - Em que consiste o princípio da isonomia tributária e por que


ele é importante para a justiça fiscal? Justifique, fundamente e
exemplifique a sua resposta

O princípio da isonomia tributária é um dos pilares fundamentais do


sistema tributário brasileiro e está previsto no artigo 150, inciso II, da Constituição
Federal de 1988. Esse princípio estabelece que todos os contribuintes devem
ser tratados igualmente pelo Estado, sem privilégios nem discriminações, no que
se refere ao pagamento de tributos.
Em outras palavras, o princípio da isonomia tributária estabelece que
não deve haver diferença no tratamento dado pelo Estado aos contribuintes em
razão de sua posição social, econômica, cultural, política ou religiosa. Todos
devem ser submetidos às mesmas regras tributárias, de forma a garantir que o
ônus fiscal seja distribuído de maneira justa e equilibrada entre os diferentes
grupos da sociedade.
Esse princípio é importante para a justiça fiscal porque permite que o
Estado cobre tributos de maneira equilibrada, de forma a evitar que
determinados grupos ou indivíduos sejam favorecidos em detrimento de outros.
Além disso, a isonomia tributária contribui para a transparência e a eficiência do
sistema tributário, já que evita que o Estado conceda benefícios fiscais a
determinados setores ou empresas em detrimento do interesse público.
Um exemplo de aplicação do princípio da isonomia tributária é o imposto
de renda. Todos os cidadãos brasileiros que possuem renda superior a um
determinado valor são obrigados a pagar esse imposto, independentemente de
sua posição social, política ou econômica. Dessa forma, o Estado consegue
arrecadar recursos de forma justa e equilibrada, garantindo a prestação de
serviços públicos de qualidade para toda a população.

04 – Quais são as principais características do princípio da


capacidade contributiva e como ele limita o poder de tributar do Estado?
Justifique e fundamente a sua resposta.

O princípio da capacidade contributiva é uma das bases do sistema


tributário e consiste em atribuir a cada contribuinte a obrigação de pagar tributos
de acordo com sua capacidade econômica, ou seja, aqueles que têm mais
recursos devem pagar mais impostos do que aqueles que têm menos.
As principais características desse princípio são:
1. Progressividade: os impostos devem ser progressivos, ou seja, a
alíquota do imposto deve aumentar à medida que a renda ou o patrimônio do
contribuinte aumenta. Isso garante que aqueles que têm mais recursos
contribuam com uma parcela maior de sua renda ou patrimônio para o
financiamento do estado.
2. Individualização: cada contribuinte deve ser tratado individualmente,
levando em conta suas características específicas, como renda, patrimônio,
situação familiar, entre outras.
3. Personalização: os impostos devem ser personalizados para cada tipo
de atividade econômica ou para cada bem ou serviço. Por exemplo, um imposto
sobre a renda é mais adequado para tributar a capacidade contributiva das
pessoas físicas, enquanto um imposto sobre o lucro é mais adequado para
tributar a capacidade contributiva das pessoas jurídicas.
Essas características limitam o poder de tributar do Estado, pois impõem
a obrigação de considerar a capacidade econômica de cada contribuinte ao criar
impostos e alíquotas. O Estado não pode simplesmente impor tributos sem levar
em conta a capacidade de pagamento dos contribuintes. Além disso, a
progressividade dos impostos impede que os mais pobres sejam
excessivamente onerados, garantindo uma distribuição mais justa dos custos da
sociedade.
05 - O que é o princípio da irretroatividade tributária e como ele
protege os contribuintes? Justifique e fundamente sua reposta.
O princípio da irretroatividade tributária é um dos princípios
fundamentais do sistema tributário brasileiro, previsto no artigo 150, inciso III,
"a", da Constituição Federal de 1988. Esse princípio estabelece que a lei
tributária não pode retroagir para atingir fatos geradores ocorridos antes de sua
vigência.
Em outras palavras, isso significa que o Estado não pode cobrar tributos
com base em leis que foram editadas após a ocorrência do fato gerador, ou seja,
após a realização do evento que deu origem à obrigação tributária. Essa
limitação é fundamental para garantir a segurança jurídica e a proteção dos
contribuintes contra cobranças indevidas ou excessivas por parte do Estado.
O princípio da irretroatividade tributária protege os contribuintes de duas
maneiras principais. Em primeiro lugar, ele garante que os contribuintes tenham
conhecimento prévio das regras tributárias aplicáveis a uma determinada
situação, evitando surpresas ou alterações imprevistas nas obrigações
tributárias. Isso permite que os contribuintes planejem suas atividades
econômicas de forma mais segura e eficiente.
Em segundo lugar, o princípio da irretroatividade tributária impede que o
Estado cobre tributos com base em leis que não existiam no momento em que o
fato gerador ocorreu. Isso evita que os contribuintes sejam penalizados
retroativamente por condutas que eram legais na época em que foram
praticadas, garantindo a proteção da segurança jurídica e da confiança dos
contribuintes no sistema tributário.
Um exemplo de aplicação do princípio da irretroatividade tributária é a
cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se o Estado editasse
uma lei que aumentasse a alíquota do IPI retroativamente para um determinado
período, isso seria considerado inconstitucional e violaria o princípio da
irretroatividade tributária, já que os contribuintes não tiveram a oportunidade de
se planejar de acordo com as novas regras tributárias.

06 – Até que ponto a cobrança de pedágio em rodovias afeta a


liberdade de tráfego dos cidadãos?
A resposta é sim, a cobrança de pedágio em todas as rodovias,
incluindo as que antes eram gratuitas, pode afetar a liberdade de tráfego dos
cidadãos, o que significa uma restrição ao direito de livre circulação. Isso ocorre
porque a cobrança de pedágio impõe um custo adicional para os usuários das
rodovias, e isso pode ser especialmente oneroso para pessoas com baixa renda
que precisam viajar frequentemente pela rodovia e que podem ter dificuldade em
pagar as taxas de pedágio. Além disso, a falta de opções de rotas alternativas
pode tornar o pedágio uma obrigação para acessar certas regiões ou serviços.
Além disso, a falta de rotas alternativas gratuitas pode tornar a utilização
da rodovia um imperativo para determinados deslocamentos, o que pode ser
visto como uma restrição à liberdade de escolha dos cidadãos.

07 - Qual é o limite para a tributação de heranças e doações sem


que isso configure um imposto confiscatório, à luz do princípio da vedação
do imposto confiscatório?

O princípio da vedação do imposto confiscatório é uma garantia


constitucional prevista no artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal de 1988.
Esse princípio estabelece que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios instituir impostos com efeito de confisco, ou seja, que resultem
na transferência integral ou substancial da propriedade ou do patrimônio do
contribuinte para o Estado.
No caso específico da tributação de heranças e doações, é necessário
que a alíquota aplicada seja razoável e proporcional ao valor do patrimônio
transferido. Isso significa que a tributação não pode ser tão elevada a ponto de
inviabilizar a transmissão do patrimônio, nem tão baixa a ponto de não ter um
impacto significativo na arrecadação do Estado.
O limite para a tributação de heranças e doações sem que isso configure
um imposto confiscatório pode variar de acordo com as circunstâncias de cada
caso e as peculiaridades do sistema tributário de cada país. No Brasil, a
tributação de heranças e doações é regulada pela Lei nº 10.705/2003, que
estabelece as alíquotas e as bases de cálculo do Imposto sobre Transmissão
Causa Mortis e Doação (ITCMD).
De acordo com essa lei, a alíquota do ITCMD varia de acordo com o
valor do patrimônio transmitido, podendo chegar a 8% em alguns estados
brasileiros. No entanto, é importante ressaltar que a tributação de heranças e
doações deve levar em consideração o princípio da capacidade contributiva, que
estabelece que os tributos devem ser cobrados de acordo com a capacidade
financeira do contribuinte. Dessa forma, é fundamental que a tributação de
heranças e doações seja aplicada de forma justa e equilibrada, evitando que seja
configurado um imposto confiscatório.

08 – Formule um texto dissertativo sobre “normas gerais em


matéria tributária”, abordando obrigatoriamente os seguintes pontos:
vigência da norma tributária no tempo e no espaço e da aplicação da norma
tributária. Fundamente em pelo menos um doutrinador.

O sistema tributário brasileiro é bastante complexo, com inúmeras


normas e dispositivos legais que regulam a arrecadação e a fiscalização de
tributos. Entre as normas gerais em matéria tributária, destacam-se aquelas que
tratam da vigência e da aplicação das normas tributárias.
Em relação à vigência das normas tributárias, é importante observar que
elas podem ser aplicadas tanto no tempo como no espaço. Isso significa que as
normas tributárias podem valer para um determinado período de tempo ou para
uma determinada área geográfica. No primeiro caso, a norma tributária pode ter
sua vigência limitada a um exercício financeiro, por exemplo. No segundo caso,
a norma tributária pode ser aplicada apenas em uma determinada região do país.
Ademais, renomados autores (v.g., CARVALHO, Paulo de
Barros, Curso de Direito Tributário, 15. Ed., p. 210-211; CARRAZZA,
Roque, Curso de Direito Constitucional Tributário, 12. Ed., p. 510), invocando
a defesa dos princípios constitucionais da Federação, a autonomia dos
Municípios e o princípio constitucional da isonomia entre os entes federativos,
entendem que as leis complementares podem dispor a respeito das normas
gerais de direito tributário, desde que tenham apenas como tema de fundo os
conflitos de competência entre os entes federativos ou a regulação das
limitações constitucionais ao poder de tributar. Caso contrário, as normas
gerais de direito tributário seriam vigentes como legislação ordinária federal e
não nacional, acarretando a possibilidade jurídica de desobediência por meio
do uso da competência legislativa ordinária tributária dos Estados, Municípios
e Distrito Federal.
O sistema tributário brasileiro é bastante complexo, com inúmeras
normas e dispositivos legais que regulam a arrecadação e a fiscalização de
tributos. Entre as normas gerais em matéria tributária, destacam-se aquelas que
tratam da vigência e da aplicação das normas tributárias.
Em relação à vigência das normas tributárias, é importante observar que
elas podem ser aplicadas tanto no tempo como no espaço. Isso significa que as
normas tributárias podem valer para um determinado período de tempo ou para
uma determinada área geográfica. No primeiro caso, a norma tributária pode ter
sua vigência limitada a um exercício financeiro, por exemplo. No segundo caso,
a norma tributária pode ser aplicada apenas em uma determinada região do país.

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