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1. Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade genérica encontra fundamento no art. 5º, II, da Constituição
Federal e o princípio da legalidade tributária no art. 150, I, da Carta Magna.
Não obstante esses enunciados normativos sejam tratados como princípios, eles se
revelam como verdadeiras regras. Devemos lembrar que as regras, diferentemente dos
princípios, são normas prescritivas, as quais regulam as condutas dos destinatários.
O art. 5º, II, CF prescreve que:
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”
Já o art. 150, I, CF:
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”
Esses dispositivos, além de determinarem antecipadamente as condutas dos destinatários,
estabelecem verdadeira vedação.
Dessa forma, o tributo que for criado ou majorado sem lei será flagrantemente
inconstitucional. Dirimindo eventuais dúvidas que possam surgir quanto a redução dos
tributos, podemos recorrer ao art. 97, II, do Código Tributário Nacional. Ele prevê
expressamente que somente a lei poderá estabelecer majoração ou redução de tributos,
ressalvadas algumas hipóteses.
Cabe mencionar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, hoje, é pacífica quanto
à possibilidade de Medida Provisória criar, aumentar ou reduzir tributos, por ter força de lei,
devendo obedecer os procedimentos previstos na Constituição. É importante atentar que é
vedado à Medida Provisória tratar de matéria reservada à disciplina de lei complementar.
2. Princípio da Isonomia
O segundo dos princípios do direito tributário é o da isonomia (ou igualdade).
Previsto no art. 150, II, Constituição Federal, trata da regra que veda à União, Estados,
Distrito Federal e Municípios instituírem tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente. Além disso, impede qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida. Isso independente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
A isonomia foi consagrada pelo ordenamento jurídico não apenas no sentido formal, que é
atendido com a edição de lei genérica e abstrata, aplicável a todos. Foi também no sentido
material, haja vista impor que os iguais sejam tratados igualmente, e os desiguais
desigualmente, na medida de suas desigualdades.
3. Princípio da Irretroatividade
O terceiro da lista de princípios do direito tributário tem fundamentação legal no art. 150, III,
‘a’, da Carta Magna, que diz:
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[…]
III – cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;”
O trecho versa sobre a vedação de uma nova lei (que houver instituído ou majorado
tributos) retroagir a fim de alcançar fatos geradores ocorridos antes do início de sua
vigência. Ou seja, a nova lei se aplicará aos fatos geradores ocorridos no futuro apenas,
jamais para aqueles ocorridos antes de sua edição.
O princípio da irretroatividade se caracteriza como um dos pilares da segurança jurídica,
entendida como a previsibilidade, estabilidade e compreensão do Direito.
4. Princípio da Anterioridade
Outro pilar da segurança jurídica, o princípio da anterioridade impede que uma lei nova
venha a ser aplicada de imediato.
Subdivide-se em dois tipos de anterioridade, sendo a clássica prevista no art. 150, III, ‘b’,
da Constituição:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;”
E a anterioridade nonagesimal (ou noventena) com previsão no art. 150, III, ‘c’, do mesmo
Diploma:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”
A primeira determina que é vedado aos Entes Federativos cobrarem tributos no mesmo
exercício financeiro em que tenham sido editadas as respectivas leis. Já a segunda
anterioridade, estabelece que a cobrança dos tributos não poderá ser exercida antes de
transcorridos noventa dias da data da lei que os instituiu ou majorou.
5. Princípio do Não-Confisco
Tendo em vista o direito de propriedade e da liberdade, a Constituição prevê,
expressamente, que os tributos não sejam utilizados com efeito confiscatório (art. 150, IV,
CF/88). Em que pese o problema de materializar o que vem a ser um efeito de confisco,
podemos sustentar que a preocupação do constituinte, nesse caso, foi de preservar a
eficácia mínima dos princípios da proteção da propriedade e da liberdade em favor da
tributação.
Caberá ao Judiciário dizer quando um tributo será ou não confiscatório. Cumpre destacar
que há autores que defendem que a vedação ao confisco diz respeito apenas aos tributos e
outros que sustentam que as penalidades pecuniárias (multas) também estão abrangidas
por esse princípio.
6. Capacidade Contributiva
Nossa Constituição Federal prevê, no art. 145, §1º, que, sempre que possível, os impostos
terão caráter pessoal e serão graduados de acordo com a capacidade econômica do
contribuinte.
Retornando ao início do texto, esse enunciado normativo configura um dos verdadeiros
princípios do direito tributário. Isso porque, tem caráter finalístico, com pretensão de
complementaridade e parcialidade, almejando um estado de coisas a ser alcançado.
Hugo de Brito Machado Segundo esclarece, que:
Ter caráter pessoal significa ser calculado, ou ter o seu montante determinado, conforme as
peculiaridades e características inerentes a cada contribuinte.”
Logo, podemos perceber que o ponto principal é o respeito às circunstâncias da vida de
cada indivíduo. Por fim, importante destacar que a finalidade desse princípio é a de evitar
que exista uma carga tributária exacerbada sobre os menos favorecidos e favorável aos
mais fartos de recursos.