O documento descreve o princípio da anterioridade tributária no Brasil, que garante que mudanças nos impostos só tenham efeito no exercício financeiro seguinte e com no mínimo 90 dias de antecedência, protegendo os contribuintes de mudanças repentinas. O princípio surgiu na Constituição de 1969 e foi expandido na Constituição de 1988, com algumas exceções como impostos de importação e empréstimos compulsórios.
O documento descreve o princípio da anterioridade tributária no Brasil, que garante que mudanças nos impostos só tenham efeito no exercício financeiro seguinte e com no mínimo 90 dias de antecedência, protegendo os contribuintes de mudanças repentinas. O princípio surgiu na Constituição de 1969 e foi expandido na Constituição de 1988, com algumas exceções como impostos de importação e empréstimos compulsórios.
O documento descreve o princípio da anterioridade tributária no Brasil, que garante que mudanças nos impostos só tenham efeito no exercício financeiro seguinte e com no mínimo 90 dias de antecedência, protegendo os contribuintes de mudanças repentinas. O princípio surgiu na Constituição de 1969 e foi expandido na Constituição de 1988, com algumas exceções como impostos de importação e empréstimos compulsórios.
Os impostos são uma poderosa forma do poder de império do Estado, sendo
considerados como uma contribuição obrigatória a qual os cidadãos estariam sujeitos. Com o desenvolvimento do Estado democrático e a necessidade de proteger os indivíduos frente aos possíveis abusos do aparelhamento estatal tem-se o princípio da anterioridade. O Princípio da Anterioridade, em resumo, é a garantia que o contribuinte tem de que não haverão mudanças tributárias repentinas. Esse princípio surgiu no ordenamento jurídico brasileiro através da Emenda Constitucional Nº 1/1969, à Constituição de 1967, e substitui o antigo Princípio da Anualidade. Tal princípio foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, que rompeu com o ordenamento jurídico anterior, mas manteve o instituto no sistema legal brasileiro. A base desse princípio está na vedação dada pelo Artigo 150, III, b, da Carta Constitucional aos Entes Políticos de cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Isto é, passou a ser proibido à União, Estados, Distrito Federal e Municípios obrigar que seja instituída ou majorada nova contribuição de impostos no mesmo exercício financeiro, sendo o exercício financeiro sinônimo de ano civil, que se inicia em 1º de janeiro e finaliza-se em 31 de dezembro, conforme o ditame da Lei 4.320/64. Além disso, não basta a simples publicação, sendo necessária a efetiva circulação (DO VALLE, 2012) para que o contribuinte tenha ciência da nova lei. O Princípio da Anterioridade não deve ser confundido com o princípio da irretroatividade, pois, apesar de ambos os princípios objetivarem criar um ambiente de segurança jurídica para o contribuinte, têm fundamentos diferentes, sendo o da irretroatividade a necessidade de que a lei seja anterior ao fato, e já a anterioridade a necessidade de que o Estado respeite um determinado lapso de tempo antes de passar a exigir a contribuição obrigatória dos cidadãos, isso para que seja garantida a possibilidade de que o contribuinte faça seu planejamento e organização financeira e a devida adequação ao que lhes será exigido. Desta forma, há uma limitação ao poder de tributar dos Entes Políticos, que poderão exercer sua competência tributária, mas seus efeitos somente serão sentidos no exercício financeiro seguinte (ARAÚJO e PIMENTA, 2017). Foi recepcionado o princípio pelo próprio Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 104 Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178. (BRASIL, Código Tributário Nacional, 1966) Logo, o princípio refere-se à eficácia da norma tributária ao afirmar que seus efeitos somente serão produzidos no próximo exercício financeiro, porém, tal afirmativa não é pacificamente adotada pela doutrina, que também defende a ideia de que há postergação da vigência da lei tributária, como é o caso de Paulo de Barros Carvalho, que afirma que a anterioridade “não se trata de problema de eficácia, mas única e exclusivamente de vigência” (CARVALHO, apud DO VALLE, 2012). Mas não só a essas hipóteses se restringiu a anterioridade, que foi expandida pela Constituição Federal de 1988, gerando maiores benefícios aos contribuintes, passando a ser considerada como cláusula pétrea, como definido pela ADIN 939 pelo Supremo Tribunal Federal. O Princípio da Anterioridade não se aplica somente às leis que instituam ou majoram os tributos, mas também às que de alguma forma oneram ao contribuinte, sendo de forma direta ou indireta (DIAS, 2012), como afirma a corrente predominante na doutrina tributária brasileira. Porém, durante muito tempo o Supremo Tribunal Federal entendia de forma contrária, restringindo o princípio da anterioridade.
3.1 ANTERIORIDADE GENÉRICA
O princípio da anterioridade pode ser dividido em dois, sendo a genérica, também
chamada de anual, e a nonagesimal. A anterioridade genérica é, como dito anteriormente, a exigência legal de que as leis que gerem mudanças tributárias onerosas ao contribuinte sejam postas em prática somente no exercício seguinte. A anterioridade genérica objetiva gerar maior segurança jurídica e econômica ao contribuinte, evitando assim a surpresa dos cidadãos e eventuais abusos do Estado, limitando a aplicação de sua competência tributária em detrimento do direito fundamental dos contribuintes à anterioridade. Tal instituto jurídico foi recebido pelo ordenamento brasileiro através da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, isto é, a Constituição de 1969 e desde então mantido na Constituição Federal de 1988, que inclusive o expandiu, conforme será exposto posteriormente.
3.1.1 EXCEÇÕES À ANTERIORIDADE GENÉRICA
O princípio da anterioridade é um princípio que admite exceções, que estão legalmente previstas nos artigos 148, 153 e 154 da Constituição Federal, sendo um rol taxativo, isto é, não pode ser diminuído ou aumentado nem mesmo por emenda constitucional, conforme o disposto no art. 60, §4º, IV, da Constituição de 1988 (DO VALLE, 2012). A justificativa para as excepcionalidades dá-se diante da emergencialidade que alguns tributos se relacionam e da necessidade de rápido ajuste do tributo por motivo de política econômica. De forma a destrinchar as exceções, não estão sujeitos à anterioridade genérica os seguintes: Empréstimos Compulsórios (art. 148, I/CF), Imposto de Importação (art. 153, I), Imposto de Exportação (art. 153, II), Imposto sobre Operações Financeiras (art. 153, V) e o Imposto Extraordinário de Guerra (art. 154, II). É caso específico o do Imposto sobre Produtos Industrializados, uma vez que a lei o excepcionou da anterioridade genérica, mas não da anterioridade nonagesimal, o que infere que mudanças onerosas no IPI podem ser feitas no mesmo exercício financeiro, porém, com uma antecedência de noventa dias, isso porque a política econômica acerca da indústria brasileira necessita de um certo grau de urgência, mas que ao mesmo tempo requer estabilidade, sendo assim um meio termo entre as duas questões (DO VALLE, 2012).
3.2 ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
O princípio da anterioridade nonagesimal, também denominado princípio da espera
nonagesimal, previsto no artigo 150, III, c, da Constituição Federal, complementa a anterioridade genérica, uma vez que não só será aplicado no exercício financeiro seguinte, mas que também precisa de um limite de noventa dias de antecedência. Tal instituto foi inaugurado pelo legislador brasileiro através da Emenda Constitucional nº 42, de 2003, como mecanismo de proteção ao contribuinte e para que se pudesse valer o próprio princípio da anterioridade, que é gênero dessa espécie. Isso porque o Legislativo, nos três âmbitos da Federação, encontrou uma brecha legal ao princípio da anterioridade, uma vez que o princípio dispõe que a obrigação só se constitui no exercício financeiro seguinte (ano seguinte), muitas leis tributárias onerosas ao contribuintes eram promulgadas nos últimos dias de dezembro, de forma que o princípio não estava sendo factualmente respeitado, levando-se em consideração que objetivava dar tempo suficiente ao contribuinte para que se preparasse economicamente à mudança. Ademais, segundo o artigo 150, III, b e c, da Constituição, a anterioridade nonagesimal deverá ser aplicada em conjunto com a anterioridade genérica, de tal modo que a obrigação da contribuição só se constituirá no ano seguinte (exercício financeiro) e noventa dias após a promulgação da lei.
3.1.2 EXCEÇÕES À ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
Além das exceções já previstas à anterioridade geral, tem-se também os que
especificamente são exceções à anterioridade nonagesimal, isto é, tais impostos são tanto exceções à anterioridade anual quanto também à nonagesimal, de forma que não é necessário que o Estado espere o mínimo de noventa dias e nem o próximo exercício financeiro para que seja gerada a obrigação da contribuição tributária. São exceções, portanto, segundo o artigo 150, §1º da Constituição Federal, o Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) e a fixação das bases de cálculos do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). A excepcionalidade se dá pelo mesmo motivo da excepcionalidade na anterioridade geral, que é o caráter emergencial da matéria a qual o tributo recai, que se levando em consideração a política econômica, é necessário maior celeridade para eventuais mudanças na carga tributária. Vale ressaltar que as exceções à anterioridade geral são cumulativas à nonagesimal, de forma que os Empréstimos Compulsórios, Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras e os Impostos Extraordinários de Guerra são excepcionados das duas espécies do Princípio da Anterioridade, tal como enuncia o §1º do artigo 150 da Carta Magna. REFERÊNCIAS
DO VALLE, Maurício Dalri Timm. O Princípio da Anterioridade Tributária. Revista
Unicuritiba, 2012. ARAÚJO, Daniel Fernandes; PIMENTA, Larissa Carvalho. Análise do Princípio da Anterioridade Tributária: limite para revogação de benefício fiscal anteriormente concedido. UFRR, 2017. DIAS, Murilo Boscoli. O princípio da anterioridade Tributária. Faculdades Integradas de Toledo. 2012.