Você está na página 1de 30

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

94
CURSO DE
DIREITO CONSTITUCIONAL

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

95
MÓDULO IV

4 A TRIBUTAÇÃO E O ORÇAMENTO

4.1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 consagrou as principais diretrizes do direito


tributário, estabelecendo regras básicas regentes da relação do Estado com o
contribuinte e também definindo as espécies de tributos, as limitações do poder de
tributar, a distribuição de competências tributárias e a repartição das receitas
tributárias, caracterizando-se por sua rigidez e complexidade.
Assim, ao mesmo tempo em que o legislador constituinte restringiu a
liberdade do Congresso Nacional em estabelecer a competência tributária de cada
ente federativo (rigidez), descreveu também, com detalhes, as limitações do poder
de tributar e a repartição das receitas tributárias (complexidade).
Portanto, a adoção do modelo federativo pela Constituição de 1988
consagrou o estabelecimento de vários princípios, entre eles a necessidade de cada
ente federativo possuir uma tarefa de competência tributária que lhe garanta renda
própria, para o pleno exercício de suas autonomias política e administrativa.
Competência tributária é a aptidão para criar tributos. Essa competência
deverá ser exercida em fiel observância às normas constitucionais, que preveem
limitações do poder de tributar, com a consagração de alguns princípios e
imunidades. Essa imposição tributária representa apropriação de bens do cidadão.
Sendo assim, sempre deverá ser observado fielmente os princípios e preceitos
constitucionais.
A Constituição também dita às normas para elaboração e cumprimento do
orçamento e dispõe sobre o controle dos gastos e dívidas públicas, ou seja, trata do
regramento jurídico da atividade financeira do Estado. Assim, a CF de 1988 define
as principais regras orçamentárias a serem seguidas pelos poderes constituídos.

AN02FREV001/REV 4.0

96
4.2 PRINCÍPIOS GERAIS

Quando tratamos de princípios, não importa aplicado a qual área do Direito,


devemos lembrar que são eles que dão as diretrizes de nível constitucional à
matéria, estando ou não expressos. O sistema constitucional tributário é o conjunto
de princípios constitucionais que informa o quadro orgânico de normas fundamentais
e gerais de direito tributário vigentes em determinado país.
Dessa forma, a Constituição Federal consagrou os princípios tributários,
como o princípio da reserva legal tributária ou da legalidade; princípio da igualdade
tributária; princípio da irretroatividade tributária; princípio da anterioridade; princípio
da anterioridade mitigada; princípio da vedação ao fisco; princípio da ilimitabilidade
do tráfego de pessoas ou de bens; princípio da capacidade contributiva; princípio da
razoabilidade e princípio da uniformidade, como veremos a definição a seguir.
Veremos os princípios que regem toda a organização tributária e que já
funcionam também como limitadores constitucionais à tributação.

4.2.1 Princípio da Reserva Legal Tributária ou da Legalidade

O sistema tributário brasileiro tem como princípio basilar proeminente,


decorrente de regra constitucional, o da legalidade. O Princípio da Legalidade está
previsto no artigo 5, II, CF/88: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”. Esse princípio visa a combater o poder
arbitrário do Estado. Só por meio de espécies normativas previstas no artigo 59,
devidamente elaboradas, conforme as regras do processo legislativo constitucional,
é possível criar obrigações para o indivíduo.
Foi repetido no Sistema Tributário Nacional, no artigo 150, I, CF, que
estabelece ser vedado: “exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Logo,
só a lei em seu sentido formal e material é que pode dispor sobre a exigência e a
majoração de tributos, pois não há tributo sem lei.

AN02FREV001/REV 4.0

97
Assim, o princípio da legalidade tributária impõe que a exigência ou o
aumento dos tributos seja antecedido de lei. Só à lei cabe instituir impostos, definir o
fato gerador e estabelecer prazos e condições de pagamento, pois pelo princípio da
reserva legal, a majoração do tributo é privativa da lei.
É importante lembrar que uma exceção a tal limitação pode ser encontrada
no artigo 153, § 1°, da CF, que faculta ao Poder Executivo Federal a alteração dos
seguintes impostos: II, IE, IPI e IOF. Tais impostos têm um nítido caráter econômico
regulatório, o que exige um procedimento simples e rápido para sua alteração,
incompatível, portanto, com o processo legislativo comum. As alíquotas da
contribuição de intervenção no domínio econômico incidente sobre combustíveis
também podem ser alteradas por mero ato do Poder Executivo, de acordo com o
artigo 177, § 4°, da CF.

4.2.2 Princípio da Igualdade Tributária

Diz o artigo 5°, I da CF, que todos são iguais perante a lei sem distinção de
qualquer natureza. Esse texto proclama o princípio da igualdade ou da isonomia,
determinando o convívio de todos, sem discriminações. O Sistema Tributário
Nacional repetiu o disposto no artigo 5º da CF/88 em seu artigo 150, II, que diz ser
vedado “instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontram em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional
ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos
rendimentos, títulos ou direitos”.
Sendo assim, a Constituição Federal impede a instituição de tratamento
desigual entre contribuintes que estejam em situação equivalente. Isso significa que
mesmo em termos de tributação é necessário tratar os iguais de forma igual, sendo
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função. Então, a
União deve respeitar o princípio federativo em sua atividade tributária.
Em virtude disso, não poderá tributar a renda gerada aos Estados, Distrito
Federal e Municípios em decorrência de emissão de obrigações da dívida pública.
Outra consequência de tal princípio é a vedação à cobrança de imposto de renda –

AN02FREV001/REV 4.0

98
IR de forma diferenciada no que se refere aos servidores públicos que não sejam
vinculados à União. Ou seja, os tributos federais, estaduais, distritais e municipais
deverão ser uniformes em toda a circunscrição de sua incidência, apresentando
idêntica base de cálculo, vedando-se que contribuintes na mesma situação recebam
tratamento diferenciado por parte do Estado.

4.2.3 Princípio da Irretroatividade da Lei Tributária

A Constituição Federal de 1988, não prevê, expressamente, esse princípio.


Mas faz parte dos princípios gerais do Direito, tanto é que a Constituição protegeu
as situações pretéritas: artigo 5º, XXXVI, pelo qual, “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Assim, dispõe o artigo 150, III,
"a":

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios [...] cobrar tributos
[...] em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei
que os houver instituído ou aumentado.

Sendo assim, a Constituição consagra como princípio protetivo do


contribuinte a impossibilidade da cobrança de tributos em relação a fatos geradores
ocorridos antes do início da vigência da lei instituidora ou que o tenha majorado.
Trata-se de norma imprescindível à garantia da segurança jurídica do contribuinte.
Porém, pelo Código Tributário Nacional, tem-se em seu artigo 106 que: “A lei
aplica-se a ato ou fato pretérito (...) quando lhe comine penalidade menos severa
que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática”. Então, é possível haver a
irretroatividade da lei posterior, desde que mais benigna aos contribuintes ou
responsáveis.

4.2.4 Princípio da Anterioridade Tributária

AN02FREV001/REV 4.0

99
O princípio da anterioridade está previsto no artigo 150, III, b, CF/88,
significando a vedação de a União, Estados, Distrito Federal e Municípios cobrar
tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou”. Significa que para haver a cobrança de um novo tributo ou a
majoração de um já existente, a lei deverá, necessariamente, ser publicada até o
final do exercício anterior ao que se inicia a sua cobrança.
É uma forma de deter a eficácia da lei até o primeiro dia do exercício
subsequente da sua publicação. É direito à segurança jurídica, no sentido de que os
contribuintes não se surpreendam pela imposição tributária. Ou seja, tendo por
finalidade evitar a surpresa do contribuinte em relação a uma nova cobrança ou um
valor maior, não previsto em seu orçamento doméstico.
O princípio da anterioridade tem natureza jurídica de garantia individual, pois
assegura a possibilidade de o contribuinte programar-se contra a ingerência estatal
em sua propriedade, preservando-se, pois, a segurança jurídica. É bom lembrar que
a Constituição prevê que este princípio não se aplica aos seguintes impostos (artigo
150, § 1º): importação de produtos estrangeiros, exportação de produtos nacionais
ou nacionalizados, produtos industrializados, impostos extraordinários, empréstimo
compulsório extraordinário e contribuições sociais (estas últimas estão sujeitas ao
período de 90 dias entre a publicação da lei e a eficácia, conforme disposto no artigo
195, § 6º).
Será que esse princípio da anterioridade, no estágio em que se apresenta,
trata-se de mero princípio retórico, pelo elevado número de exceções constitucionais
e pelo fato de ser possível publicar uma lei em 31 de dezembro do ano em curso
criando novo tributo e iniciar a cobrá-lo no dia 1° de janeiro do ano seguinte?

4.2.5 Princípio da Anterioridade Mitigada ou Nonagésimal

A EC n° 42 de 2003, ampliou a proteção aos contribuintes, estabelecendo


nova restrição à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ao vedar

AN02FREV001/REV 4.0

100
a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data, em que tenha sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Já existente em nossa Constituição,
para fins de cobrança de contribuições sociais. (artigo 195, § 6° da CF).

4.2.6 Princípio da Vedação ao Fisco

A Constituição brasileira veda a utilização do poder de tributar estatal com a


finalidade confiscatória. A proibição constitucional do confisco em matéria tributária
nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer pretensão
governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação
estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes,
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do
direito a uma existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda,
a regular satisfação de suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por
exemplo).
Portanto, podemos concluir que o princípio do não confisco, combinado com
o princípio da capacidade contributiva, impedem que a atividade tributária avance
além dos limites suportados pelo contribuinte, de modo a preservar-lhe a renda e o
patrimônio.

4.2.7 Princípio da Ilimitabilidade do Tráfego de Pessoas ou de Bens

O inciso V do artigo 150 da CF consagra esse princípio como corolário da


garantia individual prevista no artigo 5°, XV, que prevê a liberdade de locomoção no
território nacional em tempo de paz, podendo quaisquer pessoas, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Sendo assim, impede que os
tributos sejam utilizados de modo a obstruir o direito de ir, vir e ficar, previsto na
Constituição Federal. Fica, então, proibida a cobrança de tributos interestaduais ou
intermunicipais que estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou bens, salvo no

AN02FREV001/REV 4.0

101
caso de pedágios instituídos em virtude da utilização de vias conservadas pelo
Poder Público.
O pedágio é espécie do gênero de taxas e como tal é submetido a sua
disciplina constitucional, inclusive, ao princípio da razoabilidade. É bom lembrar que
essa proibição não impede que os Estados e Municípios instituam postos de
fiscalização em suas fronteiras, já que não se está cobrando um imposto
interestadual ou intermunicipal, mas sim evitando a sonegação de tributos dos
respectivos entes da Federação.

4.2.8 Princípio da Capacidade Contributiva

Segundo o artigo 145 § 1° da CF, o tributo deve ser cobrado de acordo com
as possibilidades econômicas da cada contribuinte. Assim, os impostos, sempre que
possível, terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica
do contribuinte. Para tanto, a administração tributária, composta de diversas
entidades públicas destinadas a exercer a função de arrecadação desses tributos,
pode identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte, desde que o faça nos limites da lei e respeite os direitos individuais,
como, por exemplo, o direito à intimidade, o sigilo das comunicações e a
inviolabilidade de domicílio.
Em síntese, o princípio da capacidade contributiva significa que quem pode
mais, paga mais, e quem pode menos, paga menos. Um exemplo clássico é o do
Imposto de Renda, no qual o Estado apura a renda do indivíduo e, a partir daí,
determina qual alíquota de imposto incidirá sobre a base de cálculo. Para tanto, a
administração tributária poderá identificar o patrimônio, os rendimentos e as
atividades econômicas do contribuinte.
Essa previsão busca uma maior seletividade dos tributos, permitindo ao
Fisco que cobre mais de quem tem mais. Por este princípio, cada um deve contribuir
para atender as necessidades de recursos do Estado, mas na medida em que o
permita a sua capacidade econômica. Há quem diga que a Constituição Federal
confunde os termos “capacidade contributiva” e “capacidade econômica”, utilizando

AN02FREV001/REV 4.0

102
esta última com o significado da primeira, pois é possível um contribuinte demonstrar
capacidade econômica com o fato de ter um patrimônio muito grande que não lhe dá
lucro e não ter capacidade contributiva porque não é possuidor de liquidez, isto é,
não tem dinheiro à sua disposição.
Existem dispositivos constitucionais que prestigiam o Princípio da
Capacidade Contributiva, como por exemplo, artigo 153, § 2º, I (progressividade
expressa no IR), artigo 150, IV (a vedação à utilização de tributo com efeito de
confisco), dentre outros.

4.2.9 Princípio da Uniformidade e Princípio da Razoabilidade

Princípio da uniformidade está previsto na Constituição Federal em seu


artigo 151, I, é também conhecido como Princípio da Isonomia das Pessoas
Constitucionais. Por ele é vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação a Estado, Distrito Federal ou a
Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País.

Trata-se de princípio ligado ao pacto federativo, à necessidade de


tratamento isonômico às pessoas políticas, e à igualdade entre brasileiros e
estrangeiros residentes ou em trânsito no País. Assim, por exemplo, o legislador
federal não pode instituir alíquotas diferenciadas do Imposto de Renda, de maneira
que sejam mais elevadas em um Estado Federado do que em outro.
Assim, a Constituição ao consagrar o princípio da uniformidade, vedando
que a União institua tributo que não seja uniforme em todo território nacional ou que
implique distinção ou preferência em relação ao Estado, Distrito Federal ou
Município, reforça a igualdade federativa pretendida pelo artigo 19, III da CF. Esse
princípio é essencial ao sistema e evita não apenas guerras tributárias, como oferta
garantia nacional aos contribuintes contra as exações regionais e distritais, nem
sempre voltadas a preservar seus direitos, como salienta Ives Gandra.

AN02FREV001/REV 4.0

103
Sendo assim, os tributos cobrados pela União devem ser instituídos de
maneira uniforme em todo o território nacional, obrigação que nasce em
consonância com o disposto no artigo 19 da Constituição Federal, que proíbe a
instituição de preferências entre os entes que compõem a Federação (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios).
Já o princípio da razoabilidade pode ser definido como aquele que exige
proporcionalidade, justiça e adequação entre os meios utilizados pelo Poder Público,
no exercício de suas atividades, administrativas ou legislativas, e levando-se em
conta critérios racionais e coerentes. Portanto, o que se exige do Poder Público é
uma coerência lógica nas decisões e medidas administrativas e legislativas, bem
como na aplicação de medidas restritivas e sancionadoras, estando interligados, os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

4.3 TRIBUTOS E SUA CLASSIFICAÇÃO

O artigo 3° do CTN define tributo como toda prestação pecuniária


compulsória instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa vinculada,
que não constitua sanção de ato ilícito. Importante ressaltar, que a lei complementar
reveste-se de grande importância em matéria tributária. Primeiro, porque a CF exige
a edição de lei complementar para uma quantidade significativa de matérias
tributárias. Segundo, porque o CTN, embora tenha sido aprovado por lei ordinária,
foi recepcionado como lei complementar.

Os tributos podem ser classificados da seguinte forma:

 Vinculados: quando a instituição do tributo depende de uma


“contraprestação do Estado”. As taxas e contribuições de melhoria são
exemplos de tributos vinculados, que somente podem ser cobrados no
caso de o Estado prestar ou colocar à disposição do contribuinte um
serviço ou benfeitoria.

AN02FREV001/REV 4.0

104
 Não vinculados: quando a existência do tributo independe de uma
atividade específica do Estado em relação ao contribuinte. São
exemplos os impostos.
 Fiscais, têm como objetivo a obtenção de receita para o Estado. São
exemplos o ITBI, o ITCD e o IR.
 Extrafiscais: objetivam a interferência na economia. É exemplo o
Imposto de Importação (II).
 Parafiscais: custeiam uma atividade paralela às funções típicas do
Estado. São exemplos as contribuições para a Seguridade social.
 Diretos: o contribuinte sofre uma diminuição patrimonial em virtude do
tributo. É exemplo o imposto de renda (IR).
 Indiretos: o contribuinte, apesar de manter sua condição perante o Fisco,
transfere para outra pessoa o ônus de custear o tributo. Exemplo: IPI,
Cofins, PIS, ICMS e ISS.

Os tributos clássicos são impostos, taxa e a contribuição de melhoria.


Entretanto, nosso sistema constitucional tributário admite também os empréstimos
compulsórios. As espécies tributárias são determinadas pela hipótese de incidência
ou pelo fato gerador da respectiva obrigação, é o que prevê o artigo 4° do CTN.
O fato gerador consiste na situação que faz nascer a obrigação de pagar a
importância pecuniária correspondente. Sendo assim, o artigo 5° do CTN e o artigo
145 da CF apontam as espécies tributárias como veremos a seguir.

4.4 ESPÉCIES DE TRIBUTOS

4.4.1 Impostos

Segundo o artigo 16 do Código Tributário Nacional – CTN é o tributo cuja


obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal específica, relativa ao contribuinte. O pagamento de impostos não pressupõe

AN02FREV001/REV 4.0

105
uma contraprestação por parte do Estado. O seu fato gerador não depende de
qualquer atividade estatal, logo, o imposto é uma espécie de tributo não vinculado.
São tributos destinados a atender indistintamente às necessidades de ordem geral
da Administração Pública, distinguindo-se dos demais produtos pelo fim a que se
destinam, que não é a necessidade ou o interesse de um indivíduo ou grupo de
indivíduos, mas sim o custeio dos serviços gerais da administração.
Assim, é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica em favor do contribuinte ou
relativa a ele. A CF estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, respeitando os direitos individuais, e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Ou seja, é um tributo de caráter genérico que não se prende a qualquer
atividade específica do Estado em relação ao contribuinte, o pagamento pelo
contribuinte não lhe confere o direito a uma contraprestação específica. Presta-se
para manter serviços gerais, que servem a coletividade como um todo, como é o
caso do policiamento das ruas.

4.4.2 Impostos da União

O artigo 153 da CF dispõe que, compete à União instituir impostos sobre:


 Importação de produtos estrangeiros (II);
 Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);
 Renda e proventos de qualquer natureza (IR);
 Produtos industrializados (IPI);
 Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários (IOF);
 Propriedade territorial rural (ITR);
 Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

AN02FREV001/REV 4.0

106
Compete à União, também, a estipulação de impostos decorrentes de sua
competência residual e os impostos extraordinários, previstos no artigo 151 da CF.

4.4.3 Impostos dos Estados e do Distrito Federal

Os Estados da Federação e o Distrito Federal podem, de acordo com o


artigo 155 da CF, instituir impostos sobre:
 Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos
(ITCMD); operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior (ICMS);
 Propriedade de veículos automotores (IPVA).

4.4.4 Impostos dos Municípios

O artigo 156 da CF confere aos municípios a possibilidade de instituir


impostos sobre:
 Propriedade predial e territorial urbana (IPTU);
 Transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua
aquisição (ITBI);
 Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no artigo 155, II,
definidos em lei complementar (ISS).

Como no Distrito Federal não existe a divisão em municípios, os impostos


aqui descritos serão por ele arrecadados (artigo 147).

AN02FREV001/REV 4.0

107
4.4.5 Taxas

Taxas são tributos instituídos em razão do exercício do poder de polícia ou


pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. Então, ao contrário do
imposto, a taxa está diretamente ligada à prestação de um serviço específico e
divisível pelo Estado ao contribuinte, como ocorre com o fornecimento de água
tratada (artigo 77 do CTN).
A prestação desse serviço pode ser apenas potencial, quando o serviço é
tão somente colocado à disposição do contribuinte, embora não haja efetivo uso.
Assim, o acesso do contribuinte à rede de água tratada implica pagamento de taxa
mínima mesmo que não tenha ocorrido o efetivo consumo, ou seja, há a
necessidade de o serviço realizado trazer, em tese, benefício potencial e
determinado ao contribuinte, que deverá pagá-lo, mesmo que não o utilize.
Trata-se de uma contraprestação do contribuinte por ter recebido do Estado,
uma prestação mensurável e vantajosa. É importante lembrar que, por expressa
vedação constitucional, as taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
O artigo 77 do CTN dispõe que:

As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte
ou posto à sua disposição.

Tarifas não devem ser confundidas com taxas. As taxas são tributos (receita
derivada), que devem ser instituídas por lei para suprir um serviço público colocado
à disposição do contribuinte ou para custear o poder de polícia do Estado. As tarifas
ou preços públicos são formas de receita originária derivadas de uma relação
contratual, podendo ser aumentada independentemente de lei ou de sujeição às
limitações constitucionais ao poder de tributar. Um exemplo de taxa é a de
iluminação pública, e de tarifa é o valor pago em contraprestação à utilização de
transporte urbano.

AN02FREV001/REV 4.0

108
4.4.6 Contribuição de Melhoria

São tributos cujo fato gerador decorre da valorização de imóveis do


contribuinte em face da realização de obras públicas pelo Poder Público. A
valorização imobiliária decorrente de obra pública é requisito essencial à
contribuição de melhoria, persistindo como fato gerador dessa espécie tributária. Se
o valor do imóvel aumentou em decorrência da chegada da linha do metrô nas
vizinhanças, por exemplo, estaria em tese presente a possibilidade de cobrança da
contribuição de melhoria.
É o tributo instituído para recuperar o custo da obra pública de que decorra
valorização imobiliária particular, isto é, funciona como uma forma de indenização ao
Estado pela vantagem econômica especial, ainda que o particular não a tenha
querido. O montante não pode ultrapassar nem o custo da obra nem o valor do
benefício.
Ainda citando o CTN, podemos destacar o artigo 81, estipulando que:

A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito


Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é
instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra
valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como
limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel
beneficiado.

A base de cálculo da contribuição de melhoria deve corresponder à


diferença entre o valor do imóvel antes e depois da realização da obra pública. A
Contribuição de Melhoria prevista no artigo 145, III, CF de 1988, diz que “a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III
- Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas”.
Assim, quando o poder estatal construir uma obra pública e esta,
reflexivamente, fizer com que os imóveis nas suas proximidades venham a sofrer
uma valorização (plus valia), haverá a possibilidade da cobrança da contribuição de
melhoria, para evitar um enriquecimento sem causa dos proprietários ou
possuidores dos imóveis que se valorizaram as expensas do dinheiro público.

AN02FREV001/REV 4.0

109
A valorização dos imóveis de propriedade privada pode dar-se em virtude
das seguintes obras públicas:
 Abertura, alargamento ou pavimentação de vias públicas;
 Iluminação;
 Arborização;
 Esgotos;
 Construção e ampliação de parques, pontes, túneis, viadutos;
 Ampliação do sistema de trânsito rápido;
 Abastecimento de água;
 Redes elétricas;
 Redes telefônicas;
 Proteção contra inundações, etc.

4.4.7 Empréstimo Compulsório

Nos termos do artigo 148 da CF, a União está autorizada a criar, mediante
lei complementar, e exigir para atender a despesas extraordinárias decorrentes de:
 Calamidade pública,
 Guerra externa ou sua eminência, necessidade de urgente investimento
público, de relevante interesse nacional.

Portanto, conforme o artigo 145 da CF é espécie de tributo extraordinário,


que deverá ser restituído futuramente. São restituíveis, o que indica que o
contribuinte pode exigir posteriormente a devolução daquilo que pagou ao Estado.
São também causais, vinculados à causa pela qual foi instituído.
Será o empréstimo compulsório um tributo ou uma espécie de empréstimo
forçado? Já que prevê a devolução futura do dinheiro arrecadado. O que importa é
que a Constituição Federal o tratou como verdadeiro tributo, de competência
exclusiva da União, mediante lei complementar e sua instituição exige quorum
qualificado de maioria absoluta, conforme o artigo 69, CF. Portanto, devemos
respeitar as normas constitucionais tributárias.

AN02FREV001/REV 4.0

110
4.4.8 Outras Contribuições

O artigo 149 prevê que, além da contribuição de melhoria, existem outras


contribuições, tais como:

 Parafiscais (sociais) de seguridade social, (sociais gerais) o FGTS, o


salário educação e contribuições para o Senai, Sesi, Senac. Tudo
previsto nos artigos 195, 212, 240 da CF.

 De intervenção no domínio econômico. Como exemplo, temos as


atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus
derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível, criada pela
lei 10.336 de 2001.

 De interesse de categorias profissionais ou econômicas. São as


contribuições sindicais e de outros organismos profissionais como a
ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura (CREA).

Assim, o artigo 149 dispõe que a União detém competência exclusiva para
instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
das categorias profissionais ou econômicas. Existem, porém, duas exceções a tal
regra. Em primeiro lugar, Estados, Distrito Federal e Municípios podem instituir as
contribuições sociais para custeio do regime previdenciário próprio de seus
servidores públicos.
Em segundo lugar, o artigo 149-A, inserido pela Emenda Constitucional nº
39/2002, criou a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública, que
pode ser cobrada pelos Municípios e pelo Distrito Federal. De acordo com a
Constituição Federal, as contribuições sociais e de intervenção no domínio

AN02FREV001/REV 4.0

111
econômico não incidem sobre a exportação, mas deverão incidir sobre a importação
de produtos estrangeiros ou serviços.
No final deste módulo, encontra-se como anexo, uma relação de Tributos no
Brasil, atualizada em 24/04/2013. ( www.portaltributario.com.br)

4.5 LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

O texto Constitucional enumerou as regras básicas do direito tributário


direcionadas basicamente à proteção do contribuinte e à limitação do poder de
tributar. A própria ideia de Carta Magna surgiu para limitar o poder estatal de tributar.
Sendo assim, as limitações ao poder de tributar são regras de competência
estabelecidas na Constituição de 1988, em seus artigos de 150 a 152, que preveem
freios na atividade estatal de arrecadar tributos.
Além das regras ali elencadas, outros direitos e garantias também limitam o
poder de tributar, como, por exemplo, os direitos e deveres descritos no artigo 5°,
relacionados ao direito de propriedade, à intimidade, ao sigilo de dados, ao direito de
ir e vir, etc. Cada membro da Federação tem competência específica para dispor
sobre seus tributos, inclusive com relação a subsídios, isenções, redução de base
de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia e remissão (artigo 150, § 6°, da
CF).
O exercício da competência tributária é uma atribuição concedida ao ente da
Federação, seja a União, Estado, Município ou Distrito Federal com caráter
exclusivo.

4.6 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

4.6.1 Conceito

AN02FREV001/REV 4.0

112
A imunidade é uma limitação do exercício do poder de tributar, prevista na
CF/88, sob a forma de norma dirigida ao legislador, não lhe permitindo exercer a sua
competência tributária nos casos que especifica. Imunidades tributárias são as
vedações absolutas ao poder de tributar certas pessoas ou certos bens. Consiste no
impedimento constitucional absoluto à incidência da norma tributária, pois restringe
as dimensões do campo tributário da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. É um obstáculo decorrente de regra da Constituição à incidência de
regra jurídica de tributação. O que é imune não pode ser tributado.
A imunidade não protege a pessoa do parlamentar e sim o exercício da
função. Serve para garantir o livre exercício da função, evitando que o indivíduo não
exerça de forma livre a sua função que é fiscalizar. Então, a imunidade serve para
garantir o livre exercício da função parlamentar para que ele não tenha medo de
futuras represálias.
A Constituição não usa o termo “imunidade”, e sim “é vedado”, “não incide”.
Assim, imunidade é a vedação constitucional para instituir tributo em relação a
certas pessoas, entes ou em determinadas situações. São imunes dos impostos, por
exemplo, os livros e os jornais (artigo 150, VI, da CF).
Na imunidade, como não inexiste o poder de tributar, não há fato gerador.
Difere da isenção, em que há o fato gerador e ocorre mera dispensa do pagamento
do tributo devido. A imunidade é sempre constitucional. A isenção dá-se por lei
ordinária. A Constituição Federal estipula uma série de imunidades, ou seja, casos
em que não se verifica a competência estatal para a cobrança de impostos. A
imunidade que a lei define como hipótese de incidência tributária é aquilo que é
imune. É limitação de competência.

4.6.2 Principais Imunidades Tributárias

De acordo com a Constituição Federal de 1988 não incidem impostos sobre:

 Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.

AN02FREV001/REV 4.0

113
Essa imunidade se estende às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos
serviços, vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes (artigo
150, § 2°).

 Templos de qualquer culto (consequência direta da liberdade


religiosa, expressa no artigo 5°, IV, da CF).
 Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
 Livros jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Outras imunidades estão previstas de forma dispersa no texto constitucional


e se relacionam a tributos específicos. O imposto sobre produtos industrializados,
por exemplo, não incide sobre produtos destinados ao exterior (artigo 153, § 3°, III,
da CF). Em alguns casos, a Constituição Federal relaciona todos os tributos que
podem incidir sobre certo fato gerador, em vez de citar os impostos que não incidem.
É o caso do ouro, que se definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial estará sujeito apenas ao pagamento do IOF (imposto sobre
operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários),
nos termos do artigo 153, § 5°, da CF.
Sobre operações relacionadas com energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País somente
pode incidir o ICMS, o imposto sobre Importação (II) e o Imposto sobre Exportação
(IE), de acordo com a redação do artigo 155, § 3°, da CF.
São “isentas” do pagamento da contribuição para custeio da Seguridade
Social as entidades beneficentes de assistência social, desde que atendam às
exigências da lei (artigo 195, § 7°, da CF). Também não incidirá contribuição social
sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social
descrito no artigo 201 da CF (artigo 195, II, da CF).
A Emenda Constitucional nº 33/2001 criou mais uma imunidade quando
vedou a incidência das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico

AN02FREV001/REV 4.0

114
sobre as exportações (artigo 149, § 2°, I, da CF). É possível perceber que a
Constituição não obedece à rigidez doutrinária dos termos “isenção” (criada por lei) e
“imunidade” (criada pela Constituição), utilizando-se dos dois termos para definir o
fenômeno da imunidade tributária.
Isenção corresponde à dispensa de pagamento do tributo por expressa
disposição legal. A criação de imunidade tributária é matéria típica do texto
constitucional, enquanto a de isenção é versada na lei ordinária. As imunidades
podem ter caráter subjetivo, quando o fator determinante for uma característica da
pessoa jurídica beneficiária (imunidade recíproca, por exemplo) ou objetiva, quando
relacionada a características do fato gerador não relacionado ao beneficiário
(imunidade sobre o ouro utilizado como ativo financeiro, por exemplo).

4.7 O ORÇAMENTO

A Constituição de 1988 define as principais regras orçamentárias a serem


seguidas pelos poderes constituídos. Tecnicamente, orçamento é uma peça que
demonstra as contas públicas em um período determinado, contendo a
discriminação da receita e da despesa. É apresentado na forma contábil de partidas
dobradas.
A ideia de orçamento público vem evoluindo com o passar do tempo, de
acordo com as necessidades crescentes do Estado Moderno. No Brasil adotou-se o
orçamento programa, que indica não só as contas públicas em determinado
exercício, mas especialmente demonstra a política econômico-financeira e o
programa de governo. Todas as disposições constantes do orçamento anual devem
ser compatíveis com o planejamento constante do plano plurianual.
É disciplinado nos artigos de 165 a 169 da Constituição Federal de 1988.
Qualquer despesa pública deve ser necessariamente prevista no Orçamento.

4.7.1 Leis Orçamentárias

AN02FREV001/REV 4.0

115
A Constituição Federal prevê, em matéria orçamentária, que o Congresso
Nacional, a partir de leis de iniciativa do Poder Executivo, estabelecerá o plano
plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. Assim, o artigo 165
traça o regime constitucional do Orçamento Público em três tipos. Ou seja, o termo
orçamento compreende, na verdade, um sistema orçamentário que é composto de
três leis orçamentárias:

 Plano Plurianual

Prevê despesas para programas de duração continuada, ou seja, traz


diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e
programas de duração continuada. Nenhum investimento cuja execução se estenda
além de um exercício financeiro pode ser iniciado sem a prévia inclusão no plano
plurianual.
Então, a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para
despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de
duração continuada. Além disso, servirá de paradigma para a elaboração de planos
e programas nacionais, regionais e setoriais, conforme previstos em Constituição.

 Lei de Diretrizes Orçamentárias

Preveem as metas e prioridades da Administração Pública, as despesas de


capital para o exercício financeiro subsequente, as orientações para a elaboração do
orçamento anual e as alterações na legislação tributária, ou seja, traz parâmetros
para a elaboração do orçamento do próximo exercício estabelecendo metas e
prioridades.

 Lei Orçamentária Anual

De forma estimativa prevê as receitas da União, bem como autoriza a


realização das despesas, com validade para o exercício financeiro de um ano, ou

AN02FREV001/REV 4.0

116
seja, lei orçamentária anual, ou simplesmente orçamento anual, contém, em
verdade, três orçamentos: o orçamento fiscal, o orçamento dos investimentos e o
orçamento da seguridade social. Assim, essa lei compreenderá o orçamento fiscal
referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, etc.
O sistema legal orçamentário deve ser integrado. Assim, a lei orçamentária
anual deve ser compatível com o plano plurianual e respeitar as metas e prioridades
previstas na lei de diretrizes orçamentárias. Além destas três leis orçamentárias, a
Constituição prevê ainda uma lei complementar para regular as normas gerais
orçamentárias e a execução do orçamento. É a lei da Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar 101/2000).

4.7.2 Controle e Fiscalização Orçamentário

Nos artigos 70 a 75 da CF de 1988, estão previstos a Fiscalização e o


Controle dos Orçamentos Públicos da seguinte forma:
a) O controle interno - feito pelos vários escalões hierárquicos dos Poderes
(autocontrole), isto é, realizado, de forma integrada, pelo sistema de
controle dos próprios Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário;
b) O controle externo - exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do
Tribunal de Contas da União;
c) O controle particular, inovação da Constituição Federal, previsto no
artigo 74, § 2º, pelo qual qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

E ainda existe a fiscalização do Poder Público como principal responsável da


realização e efetivação do Orçamento Público. Assim, a fiscalização financeira e
orçamentária da União (artigo 70) é feita com o auxílio do Tribunal de Contas da
União (artigos 70 e 71) e se refere fundamentalmente à prestação de contas de todo
àquele que administra bens, valores ou dinheiro público.

AN02FREV001/REV 4.0

117
Toda a administração pública fica sujeita à fiscalização hierárquica, mas a
administração financeira e orçamentária submete-se a maiores rigores de
acompanhamento, tendo a CF de 1988 determinado o controle interno pelo
Executivo e o controle externo pelo Congresso Nacional auxiliado pelo Tribunal de
Contas da União (artigos de 70 a 75).
O controle externo visa a comprovar a probidade da Administração Pública e
a regularidade da guarda e emprego dos bens, valores e dinheiros públicos, assim
como a fiel execução do orçamento. É controle político de legalidade contábil e
financeira.
O Tribunal de Contas da União tem uma posição singular na Administração
brasileira, pois está instituído constitucionalmente como órgão auxiliar do Poder
Legislativo (artigo 71), mas desempenha atribuições jurisdicionais administrativas,
relacionadas com a fiscalização da execução orçamentária, com a aplicação dos
dinheiros públicos, com a legalidade dos contratos, aposentadorias e pensões.

4.7.3 Princípios Orçamentários

Existem alguns princípios constitucionais do orçamento que devem ser


seguidos, como veremos a seguir:

 Princípio da Universalidade, em que todas as receitas e despesas


devem estar incluídas na peça orçamentária, sem exceção (artigo 165 §
5°, I e III).
 Princípio da Unidade, embora contenha uma infinidade de pequenos
orçamentos setorizados, tecnicamente o orçamento é uno. Isto quer
dizer que o orçamento obedece a um só planejamento, na mesma
estrutura, seguindo o mesmo método (artigo 165, § 1° e § 5°).
 Princípio da Anualidade, a lei orçamentária vigora exatamente por um
ano (artigo 165, III).
 Princípio da Não Vinculação (artigo 167, IV), no orçamento não pode
constar vinculação da receita de impostos a qualquer órgão ou fim

AN02FREV001/REV 4.0

118
específico. As exceções ficam por conta das transferências que devem
ser aplicadas na manutenção e desenvolvimento do ensino (artigo 212),
nas ações e serviços públicos de saúde (artigo 198, § 2°) e das
arrecadações comprometidas como garantia do pagamento da dívida da
União (artigo, 167, § 4°).
 Princípio da Exclusividade, o orçamento não pode conter dispositivo
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa (artigo 165, § 8°).
 Princípio da Programação, todos os planos e programas devem estar de
acordo com o plano plurianual (artigo 165, § 4°).
 E por fim, o Princípio da Legalidade, o orçamento somente pode ser
instituído por lei (artigo 165, caput).

É importante lembrar que é de competência privativa do Presidente da


República a proposta de lei orçamentária. O projeto deve conter o orçamento dos
três Poderes, será analisado por uma comissão e votado pelas duas Casas do
Congresso. Algumas emendas são admitidas de forma restrita, desde que
compatíveis com o sistema orçamentário. Se rejeitado integralmente o projeto de lei
orçamentária, cada despesa daquele ano deverá ser precedida de autorização
legislativa específica, que abra crédito especial (artigo 166, § 8°).

AN02FREV001/REV 4.0

119
ANEXO:

Lista de tributos (impostos, contribuições, taxas, contribuições de melhoria)


existentes no Brasil:

1. Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM - Lei


10.893/2004
2. Contribuição á Direção de Portos e Costas (DPC) - Lei 5.461/1968
3. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
- FNDCT - Lei 10.168/2000
4. Contribuição ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
também chamado "Salário Educação" - Decreto 6.003/2006
5. Contribuição ao Funrural
6. Contribuição ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
- Lei 2.613/1955
7. Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho (SAT)
8. Contribuição ao Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa (Sebrae) -
Lei 8.029/1990
9. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Comercial (SENAC) -
Decreto-Lei 8.621/1946
10. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado dos Transportes (SENAT) -
Lei 8.706/1993
11. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI) - Lei
4.048/1942
12. Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizado Rural (SENAR) - Lei
8.315/1991
13. Contribuição ao Serviço Social da Indústria (SESI) - Lei 9.403/1946
14. Contribuição ao Serviço Social do Comércio (SESC) - Lei 9.853/1946
15. Contribuição ao Serviço Social do Cooperativismo (SESCOOP) - art. 9, I, da
MP 1.715-2/1998
16. Contribuição ao Serviço Social dos Transportes (SEST) - Lei 8.706/1993
17. Contribuição Confederativa Laboral (dos empregados)
18. Contribuição Confederativa Patronal (das empresas)
19. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Combustíveis -
Lei 10.336/2001
20. Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Remessas
Exterior - Lei 10.168/2000
21. Contribuição para a Assistência Social e Educacional aos Atletas
Profissionais - FAAP - Decreto 6.297/2007
22. Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública - Emenda
Constitucional 39/2002
23. Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional –
CONDECINE - art. 32 da Medida Provisória 2228-1/2001 e Lei 10.454/2002

AN02FREV001/REV 4.0

120
24. Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública - art. 32 da Lei
11.652/2008
25. Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) - art. 8º da Lei
12.546/2011
26. Contribuição Sindical Laboral (não se confunde com a Contribuição
Confederativa Laboral, vide comentários sobre a Contribuição Sindical
Patronal)
27. Contribuição Sindical Patronal (não se confunde com a Contribuição
Confederativa Patronal, já que a Contribuição Sindical Patronal é obrigatória,
pelo artigo 578 da CLT, e a Confederativa foi instituída pelo art. 8, inciso IV,
da Constituição Federal e é obrigatória em função da assembleia do
Sindicato que a instituir para seus associados, independentemente da
contribuição prevista na CLT)
28. Contribuição Social Adicional para Reposição das Perdas Inflacionárias do
FGTS - Lei Complementar 110/2001
29. Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
30. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
31. Contribuições aos Órgãos de Fiscalização Profissional (OAB, CRC, CREA,
CRECI, CORE, etc.)
32. Contribuições de Melhoria: asfalto, calçamento, esgoto, rede de água, rede de
esgoto, etc.
33. Fundo Aeroviário (FAER) - Decreto Lei 1.305/1974
34. Fundo de Combate à Pobreza - art. 82 da EC 31/2000
35. Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL) - Lei 5.070/1966 com
novas disposições da Lei 9.472/1997
36. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) - Lei 5.107/1966
37. Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST) - art. 6
da Lei 9.998/2000
38. Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de
Fiscalização (Fundaf) - art.6 do Decreto-Lei 1.437/1975 e art. 10 da IN SRF
180/2002
39. Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) -
Lei 10.052/2000
40. Imposto s/Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
41. Imposto sobre a Exportação (IE)
42. Imposto sobre a Importação (II)
43. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
44. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)
45. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
46. Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR - pessoa física
e jurídica)
47. Imposto sobre Operações de Crédito (IOF)
48. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
49. Imposto sobre Transmissão Bens Inter-Vivos (ITBI)
50. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD)
51. INSS Autônomos e Empresários
52. INSS Empregados
53. INSS Patronal (sobre a Folha de Pagamento e sobre a Receita Bruta -
Substitutiva)

AN02FREV001/REV 4.0

121
54. IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
55. Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PASEP)
56. Taxa de Autorização do Trabalho Estrangeiro
57. Taxa de Avaliação in loco das Instituições de Educação e Cursos de
Graduação - Lei 10.870/2004
58. Taxa de Avaliação da Conformidade - Lei 12.545/2011 - art. 13
59. Taxa de Classificação, Inspeção e Fiscalização de produtos animais e
vegetais ou de consumo nas atividades agropecuárias - Decreto-Lei
1.899/1981
60. Taxa de Coleta de Lixo
61. Taxa de Combate a Incêndios
62. Taxa de Conservação e Limpeza Pública
63. Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA - Lei 10.165/2000
64. Taxa de Controle e Fiscalização de Produtos Químicos - Lei 10.357/2001, art.
16
65. Taxa de Emissão de Documentos (níveis municipais, estaduais e federais)
66. Taxa de Fiscalização da Aviação Civil - TFAC - Lei 11.292/2006
67. Taxa de Fiscalização da Agência Nacional de Águas – ANA - art. 13 e 14 da
MP 437/2008
68. Taxa de Fiscalização CVM (Comissão de Valores Mobiliários) - Lei
7.940/1989
69. Taxa de Fiscalização de Sorteios, Brindes ou Concursos - art. 50 da MP
2.158-35/2001
70. Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária Lei 9.782/1999, art. 23
71. Taxa de Fiscalização dos Produtos Controlados pelo Exército Brasileiro -
TFPC - Lei 10.834/2003
72. Taxa de Fiscalização dos Mercados de Seguro e Resseguro, de Capitalização
e de Previdência Complementar Aberta - art. 48 a 59 da Lei 12.249/2010
73. Taxa de Licenciamento Anual de Veículo - art. 130 da Lei 9.503/1997
74. Taxa de Licenciamento, Controle e Fiscalização de Materiais Nucleares e
Radioativos e suas instalações - Lei 9.765/1998
75. Taxa de Licenciamento para Funcionamento e Alvará Municipal
76. Taxa de Pesquisa Mineral DNPM - Portaria Ministerial 503/1999
77. Taxa de Serviços Administrativos – TSA – Zona Franca de Manaus - Lei
9.960/2000
78. Taxa de Serviços Metrológicos - art. 11 da Lei 9.933/1999
79. Taxas ao Conselho Nacional de Petróleo (CNP)
80. Taxa de Outorga e Fiscalização - Energia Elétrica - art. 11, inciso I, e artigos
12 e 13, da Lei 9.427/1996
81. Taxa de Outorga - Rádios Comunitárias - art. 24 da Lei 9.612/1998 e nos art.
7 e 42 do Decreto 2.615/1998
82. Taxa de Outorga - Serviços de Transportes Terrestres e Aquaviários - art. 77,
incisos II e III, a art. 97, IV, da Lei 10.233/2001
83. Taxas de Saúde Suplementar - ANS - Lei 9.961/2000, art. 18
84. Taxa de Utilização do SISCOMEX - art. 13 da IN 680/2006
85. Taxa de Utilização do MERCANTE - Decreto 5.324/2004
86. Taxas do Registro do Comércio (Juntas Comerciais)
87. Taxas Judiciárias

AN02FREV001/REV 4.0

122
88. Taxas Processuais do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE
- art. 23 da Lei 12.529/2011

FIM DO MÓDULO IV

AN02FREV001/REV 4.0

123

Você também pode gostar