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Aula 05 – direito

tributário
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR 2
Princípios Tributários

 Antes de seguirmos para o estudo de cada princípio, lembre-se de que o inc.


II do art. 146 da CF/1988 prevê que Lei Complementar regulará as limitações
ao Poder de Tributar:
 Art. 146. Cabe à lei complementar: (…)
 II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar
 Os princípios constitucionais tributários visam proteger garantias e direitos
individuais, com o intuito de (i) evitar arbitrariedades por parte do Poder
Público, (ii) conferir segurança jurídica aos contribuintes e (iii) garantir que
eles não terão que pagar tributos sem programação e com valores
exorbitantes, por exemplo.
Princípio da Legalidade/da Reserva Legal/de
Estrita Legalidade/de Tipicidade Fechada

 O Princípio da Legalidade está previsto no inc. I, art. 150, CF/1988, e


estabelece que os tributos somente podem ser instituídos ou aumentados por
meio de lei:
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
 I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
 Na definição de tributo constante no art. 3º do CTN, e já estudado em nosso
curso, foi visto que ele (o tributo) somente pode ser instituído por meio de
lei, em harmonia com o previsto no texto constitucional.
 O art. 97 do CTN prevê que além da instituição e do aumento, outras
peculiaridades do tributo devem ser objeto de lei:
 Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
 I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;
 II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos arts.
21, 26, 39, 57 e 65;
 III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o
disposto no inciso I do § 3º do art. 52, e do seu sujeito passivo;
 IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o
disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65;
 V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
 VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou
de dispensa ou redução de penalidades.
 § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo,
que importe em torná-lo mais oneroso.
 § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Princípio da Legalidade/da Reserva Legal/de
Estrita Legalidade/de Tipicidade Fechada

 Quanto à majoração do tributo, pontue-se, desde então, que o legislador


destacou no CTN, art. 97, parágrafo § 2º, que não é considerada como
majoração do tributo a atualização do valor monetário da respectiva base de
cálculo.
 No que se refere ao IPTU, há súmula do STJ destacando que o município não
pode atualizar esse imposto por meio de decreto, se o índice de atualização
for superior ao índice oficial de correção monetária.
 Súmula 160, STJ: É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto,
em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
 Nesse sentido, caso os entes políticos pretendam atualizar o tributo em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária, eles devem
editar uma lei, em atenção ao Princípio da Legalidade, pois aí se configurará
majoração do tributo.
Exceções ao Princípio da Legalidade
 A CF/1988 prevê exceções ao Princípio da Legalidade, que são conhecidas
também como mitigações ou ressalvas ao Princípio da Legalidade.
 Por meio do § 1º, art. 153, a CF/1988 autoriza o aumento de alíquotas de
alguns impostos por meio de ato normativo do Poder Executivo
 Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
 I – importação de produtos estrangeiros;
 II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados – IE;
[…]
 IV – produtos industrializados
 V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
 § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos
incisos I, II, IV e V.
Exceções ao Princípio da Legalidade
 Tendo em vista que o II, IE, IPI e IOF são classificados como tributos extrafiscais, o
legislador constituinte concedeu ao Poder Executivo a possibilidade de
aumentar/diminuir as suas alíquotas quando for importante incentivar ou desestimular
determinadas operações, que repercutam na situação econômica/social do país, sem
interferência do Poder Legislativo.
 O § 4º do art. 177 da CF/1988 também prevê exceção ao Princípio da Legalidade,
autorizando que a redução e o restabelecimento da alíquota da CIDE-Combustível sejam
determinados pelo Poder Executivo:
 Outra hipótese de exceção a esse princípio é relativa ao ICMS, conforme análise dos
seguintes dispositivos: alínea “h” inc. XII, § 2º, art. 155 e inc. IV, § 4º, art. 155 da
CF/1988.
 Esses dispositivos tratam do ICMS-Combustível (ICMS-Monofásico), incidente uma única
vez em operações com combustíveis e lubrificantes definidos em lei complementar, e
destaca que a alíquota incidente nessas operações será fixada por meio de convênios
celebrados pelos estados e pelo DF no âmbito do CONFAZ (Conselho de Política
Fazendária).
 Em resumo, quanto aos tributos que representam exceções ao Princípio da Legalidade, a
sua instituição e a sua extinção devem ser determinadas por meio de lei, enquanto a sua
majoração e a sua redução podem ser implementadas por meio de Decreto do Poder
Executivo
 (FCC/AGENTE FISCAL DE RENDAS/SEFAZ-SP/2013/ADAPTADA) O art. 150, I, da
Constituição Federal, estipula que, sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Julgue o item seguinte:
 Este dispositivo enuncia o Princípio da Legalidade Tributária, e admite
exceções. Dentre estas, a redução e o restabelecimento por ato do Poder
Executivo da alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico –
CIDE relativa às atividades de comercialização de álcool combustível.
 (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/ALE-RO/2018) O Governador do Estado ABC,
por meio de Decreto publicado em 29 de dezembro de 2017, alterou a base
de cálculo do IPVA para incorporar a ela a atualização do valor monetário por
índices oficiais de correção. Sobre a referida alteração de base de cálculo,
assinale a afirmativa correta.
 a) Somente pode ser feita por intermédio de lei em sentido estrito, mas terá
eficácia imediata a partir da data em que haja sido publicada a lei.
 b) Somente pode ser feita por intermédio de lei em sentido estrito, mas
somente terá eficácia após decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei.
 c) Somente pode ser feita por intermédio de lei em sentido estrito, mas
somente terá eficácia no exercício financeiro seguinte àquele em que haja
sido publicada a lei.
 d) Embora possa ser feita mediante Decreto, somente poderá ter eficácia
depois de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicado o
Decreto.
 e) Não é reputada majoração de tributo para fins de aplicação do princípio da
reserva legal em sentido estrito.
Princípio da Isonomia

 O Princípio da Isonomia Tributária ou da Igualdade Tributária nos remete ao


art. 5º da CF/1988, o qual afirma que todos são iguais perante a lei, prevendo
direitos e garantias fundamentais para assegurar esse tratamento igualitário.
 Do ponto de vista do Direito Tributário, o legislador constituinte, por meio do
inc. II, art. 150, CF/1988, veda o tratamento desigual a contribuintes que se
encontrem em situação similar:
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: […]
 II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direito
 Como se vê, esse dispositivo garante que:
 i. aqueles que se sujeitem a situações equivalentes sejam tratados de forma
igual (isonomia horizontal); e
 ii. aqueles que sujeitem a situações distintas, sejam tratados de forma
desigual (isonomia vertical).
Princípio da Isonomia Tributária e o
Princípio do pecunia non olet
 O Princípio do Pecunia non olet é considerado um subprincípio do Princípio da
Isonomia, pois ele tem como fundamento tratar de forma igual as pessoas que
praticam atividades tributáveis, sejam elas ilícitas ou lícitas.
 Nos termos do art. 3º do CTN, o tributo não constitui sanção de ato ilícito, o
que não se confunde com o nascimento da obrigação tributária em razão de
atividade ilícita.
 Há cobrança de tributo quando a pessoa (física ou jurídica) pratica um fato
previsto em lei como hipótese de incidência tributária, independentemente
se as circunstâncias em que o fato ocorreu são ilícitas ou não. Repare que o
que não pode se confundir com a hipótese de incidência é exatamente o fato
ilícito. Se o fato decorre da situação ilícita e com ela não se confunde, a
tributação estará justificada.
Princípio da Isonomia Tributária e o
Princípio do pecunia non olet
 No nosso ordenamento jurídico, constatamos a aplicabilidade desse princípio
por meio da redação do inc. I do art. 118 do CTN:
 Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
 I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes,
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus
efeitos
 Por exemplo, a incidência de IR sobre a renda auferida por traficante de
drogas com a venda de entorpecentes decorre desse princípio.
 Afinal, seria injusto tributar o trabalhador honesto e o meliante não ter essa
obrigação.
Princípio da Isonomia Tributária e o Princípio
da Capacidade Tributária Contributiva

 O Princípio da Capacidade Tributária Contributiva representa um subprincípio


do Princípio da Isonomia, e está previsto na CF/1988, art. 145, § 1º:
 § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
 a ideia desse princípio: ele é dirigido ao legislador, que ao graduar a
tributação deve considerar a capacidade econômica do contribuinte,
cobrando mais de quem pode pagar mais, e cobrando menos de quem não
possui tantos meios.
Princípio da Isonomia Tributária e o Princípio
da Capacidade Tributária Contributiva
 Uma discussão acerca do § 1º do art. 145 da CF/1988 diz respeito ao fato de que ele limita essa
percepção a uma espécie tributária apenas.
 Pela sua redação, a capacidade contributiva seria observada apenas para a instituição de
impostos.
 No entanto, o STF já decidiu que a capacidade contributiva é aplicável a todas as espécies
tributárias
 Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES. IPVA. PROGRESSIVIDADE. 1. Todos os tributos submetem-se ao princípio da
capacidade contributiva (precedentes), ao menos em relação a um de seus três aspectos
(objetivo, subjetivo e proporcional), independentemente de classificação extraída de critérios
puramente econômicos. 2. Porém, as razões não deixam entrever a má utilização de critérios
como essencialidade, frivolidade, utilidade, adequação ambiental etc. Considerado este
processo, de alcance subjetivo, a alegação de incompatibilidade constitucional não pode ser
genérica. 3. Em relação à fixação da base de cálculo, aplicam-se os mesmos fundamentos, dado
que o agravante não demonstrou a tempo e modo próprio a inadequação dos critérios legais
adotados. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 406955 AgR, Relator(a): Min.
JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 04/10/2011, DJe-203 DIVULG 20-10-2011
PUBLIC 21-10-2011 EMENT VOL-02612-01 PP-00043 RDDT n. 196, 2012, p. 208-210 RTFP v. 19, n.
101, 2011, p. 413- 417 REVJMG v. 62, n. 199, 2011, 331-332)
 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2018/ADAPTADA) A técnica de tributação que
observa o princípio da capacidade contributiva consiste em fixar alíquotas
percentualmente menores para os contribuintes que tenham menor
patrimônio pessoal.

 CESPE/PROCURADOR/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/2017) A respeito das


limitações constitucionais ao poder de tributar, julgue o item que se segue,
de acordo com a interpretação do STF.
 O princípio da isonomia pressupõe a comparação entre sujeitos, o que, em
matéria tributária, é efetivado pelo princípio da capacidade contributiva em
seu aspecto subjetivo.
 (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ-SC/2019/ADAPTADA) O § 1º do art. 145 da
Constituição Federal de 1988 dispõe que “Sempre que possível, os impostos
terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos
individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte”.
 O princípio do direito tributário relacionado à norma constitucional transcrita
anteriormente é o princípio da capacidade contributiva.

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