tributário DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR Imunidades Tributárias
A imunidade tributária é uma norma constitucional que impede o exercício da
competência tributária pelos entes políticos. De acordo com Eduardo Sabbag, em seu Manual de Direito Tributário, a imunidade para tributos representa uma delimitação negativa de competência tributária. Entenda que a Constituição, ao conceder imunidade, garante que a União, os estados, os municípios ou DF não criarão nem exigirão tributos sobre determinado fato ou determinada pessoa. Como só a Constituição pode definir as competências tributárias dos entes políticos, só ela – a Constituição – pode limitar essa atuação. Imunidades Tributárias
É crucial entender também outra concepção: além de delimitar a
competência tributária, as normas imunizantes conferem um direito público subjetivo às pessoas por elas beneficiadas. Decorrência lógica dessa assertiva é que não podem, então, sofrer nenhuma restrição pelo intérprete ou pela lei que não esteja expressamente prevista na própria Constituição Federal. Essa característica, ademais, impede que as limitações ao poder de tributar sejam abolidas do Texto Maior pelo poder geral de reforma constitucional. Não pode, assim, o Poder Constituinte Derivado, por meio de Emenda à Constituição, retirá-las do ordenamento jurídico, nem mesmo restringi-las. São verdadeiras garantias constitucionais às pessoas/operações beneficiadas. Temos então um critério dúplice extraível dessas normas imunizantes, um relacionado com a ideia de normas negativas de competência e outro relacionado com um direito público subjetivo do beneficiário. Imunidades Tributárias
Falamos de aspecto formal quando entendemos as imunidades como normas
negativas de competência e de um aspecto material quando as entendemos como direito público subjetivo. Importante mencionar que o texto constitucional, apesar de tudo, não utiliza o vocábulo “imunidade” para se referir aos conceitos anteriormente explicitados Distinções entre os Institutos da Isenção, da Não Incidência Simples e da Imunidade
Como visto, a imunidade é delimitada apenas pela Constituição Federal
Em termos conceituais, pode ser tratada como uma não incidência de qualificação constitucional. Portanto, temos um campo amplo da não incidência tributária, que abrange a não incidência simples e a imunidade, sem confundi-las. Quando falamos de não incidência simples, falamos de fatos jurídicos que não estão previstos na norma de incidência tributária ou fatos que não estão compreendidos no âmbito de competência do ente tributante. a isenção, diferentemente, corresponde a uma dispensa legal do pagamento do tributo, e será estudada com mais profundidade adiante em nosso curso. Distinções entre os Institutos da Isenção, da Não Incidência Simples e da Imunidade Na isenção, o ente político possui a competência para instituir o tributo delimitado pela Constituição, emite a lei respectiva com a situação que prevê a incidência, mas depois por meio legal determina expressamente que haverá a exclusão do crédito tributário impedindo o lançamento. Na imunidade, não há fato gerador, não nasce a obrigação tributária, não há sequer a delimitação da hipótese de incidência em abstrato na lei que institui o tributo. Ademais, não se pode cogitar de tal situação se inserir no âmbito da competência. Note o seguinte dispositivo Constitucional que traz uma imunidade: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Distinções entre os Institutos da Isenção, da Não Incidência Simples e da Imunidade
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) Na não incidência simples, não há fato gerador, não nasce a obrigação tributária, não há sequer a delimitação da hipótese incidência em abstrato na lei que institui o tributo. Entretanto, tais situações podem vir a se tornar parte da norma de incidência. Note o dispositivo da Lei n. 8.821 de 1989 do Estado do Rio Grande do Sul. Art. 6º O imposto não incide: II – na renúncia à herança ou legado, desde que feita sem ressalvas, em benefício do monte e não tenha o renunciante praticado qualquer ato que demonstre aceitação; Na isenção, diferentemente, há previsão legal da hipótese tributária, ocorre a incidência, qualifica-se o fato gerador, nasce a obrigação tributária, mas o crédito não é constituído por expressa delimitação legal isentiva. Note o dispositivo do Regulamento do ICMS do Estado de Pernambuco: LEI Nº 10.849 - Art. 5º. É isenta do IPVA a propriedade de: III - máquinas agrícolas de terraplenagem, desde que não circulem em vias públicas; (FCC/TRF 2ª REGIÃO/ANALISTA JURÍDICO/2012) Em relação à norma jurídica tributária, analise: I – O fato ocorrido está fora do alcance da regra jurídica, não nascendo assim a obrigação de pagar o tributo. O fato ocorrido é atípico. II – O fato gerador não ocorre, visto que, mesmo que haja uma lei, ordinária ou complementar, a Constituição Federal prevalece. Logo a lei infra- constitucional não pode obrigar o pagamento do tributo. III – O fato gerador descrito na lei no mundo fático ou fenomênico ocorre concretamente. Tais situações dizem respeito, respectivamente, à a) não incidência, isenção e incidência b) imunidade, não incidência e incidência. c) imunidade, isenção e fato imponível. d) isenção, não incidência e incidência e) não incidência, imunidade e fato imponível. Classificação das Imunidades
A doutrina classifica as imunidades com base em diversos critérios, sendo o
mais utilizado em provas de concursos, a classificação como base em seu destinatário, que as relaciona como objetivas, subjetivas ou mistas. Imunidades Quanto ao Destinatário
É objetiva a imunidade que se aplica a determinados bens, rendas ou
serviços. Na imunidade objetiva não importa quem é o sujeito. Nesse tipo de imunidade, a competência do ente tributante é afastada em face do objeto a ser tributado. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Imunidades Quanto ao Destinatário
Na imunidade subjetiva ou pessoal, a tributação é afastada em razão do
sujeito que realiza o ato. É o caso, por exemplo, da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a), na qual os entes públicos estão com seus patrimônios, rendas e serviços imunes à instituição de impostos. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. b) templos de qualquer culto; Imunidades Quanto ao Destinatário
Já as imunidades mistas combinam características das duas anteriores, sendo
determinante para sua implementação não só a característica do sujeito como também o fato, bem ou situação previstos na norma imunizante. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 4º O imposto previsto no inciso VI (ITR) do caput: II – não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. Imunidades Quanto à Origem
(FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO/2012) Dentre as hipóteses constitucionais
de vedação à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para instituir impostos é autoaplicável a imunidade sobre a) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. b) partidos políticos, inclusive suas fundações. c) entidades sindicais dos trabalhadores. d) instituições de educação e) entidades de assistência social, sem fins lucrativos. (CEBRASPE/PREF. FORTALEZA-CE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA/2017) A respeito das limitações constitucionais ao poder de tributar, julgue o item que se segue, de acordo com a interpretação do STF. As imunidades tributárias incondicionadas são autoaplicáveis e independem de regulamentação, sendo admitida, entretanto, a suspensão de seus efeitos, por ato declaratório da administração tributária, quando ficar demonstrada a sua inaplicabilidade a fato jurígeno tributário. Imunidade dos Templos de Qualquer Culto (Imunidade Religiosa) Mesmo sendo laico, o Estado Brasileiro assegura, como direito fundamental inserto no art. 5º, VI, o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de cultos e suas liturgias. Assim, por opção política, o disposto no art. 150, VI, b veda à união, aos estados, ao DF e aos municípios a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto. (CESPE/SEFAZ-AL/AUDITOR DE FINANÇAS E CONTROLE DE ARRECADAÇÃO DA FAZENDA ESTADUAL/2002) Com relação ao direito tributário, julgue o item subsequente. Somente as religiões reconhecidas pelo Estado fazem jus à imunidade constitucional que abarca seu patrimônio, sua renda e seus serviços. Imunidade dos Templos de Qualquer Culto (Imunidade Religiosa) art. 150, §4º, retira-se que a imunidade compreende apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais dos templos de qualquer culto Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Entretanto, isso não impede a imunidade das rendas obtidas de imóveis alugados, desde que direcionadas ao financiamento de suas atividades essenciais. JURISPRUDÊNCIA EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, “b” e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, “b”, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços “relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”. (...) (RE 325822, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/2002) Imunidade dos Templos de Qualquer Culto (Imunidade Religiosa) se as atividades do templo religioso se derem em imóvel alugado, a entidade religiosa também gozará também da imunidade do templo religioso, no que se refere ao Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e territorial urbana; § 1º-A O imposto previsto no inciso I do caput deste artigo não incide sobre templos de qualquer culto, ainda que as entidades abrangidas pela imunidade de que trata a alínea “b” do inciso VI do caput do art. 150 desta Constituição sejam apenas locatárias do bem imóvel. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 116, de 2022) O STF adota também uma posição extensiva quanto aos cemitérios, compreendendo que a imunidade ali prevista abrangeria os cemitérios que se organizam como extensões das entidades religiosas, desde que se dediquem exclusivamente às atividades funerárias ou religiosas e não tenham fim lucrativo. Há, ainda, o caso em que o STF entendeu que se a entidade não professa nenhuma religião, como é o caso da maçonaria, não atrai a proteção da imunidade.