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Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão.
1. INTRODUÇÃO
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Mas, afinal, quem é essa figura abstrata chamada GOVERNO? A crítica parece
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n ser destinada para uma pessoa ou a um grupo de pessoas, mas poderia retornar ao
c próprio crítico, pois no regime democrático quem escolhe o governo, seja federal,
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estadual ou municipal, é o povo. Então, eu sou governo, você é governo e todos nós
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s estamos lá representados, mesmo que não participemos de qualquer decisão e
ã mesmo que sequer tenhamos votado no candidato vencedor. Ainda assim, nós
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fazemos parte do governo.
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E o governo é o responsável pela retirada de uma (significativa) parcela da
c riqueza produzida pela sociedade para financiar suas atividades, que consistem,
i principalmente, em promover o bem comum e o desenvolvimento dos bairros, das
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cidades, dos estados e do país.
Para entender como é complexa a administração de um país, suponha um
prédio com 50 apartamentos. Pense como seriam tomadas as decisões sobre os
investimentos a serem feitos na área comum se não existisse o síndico. Se, por
A exemplo, o condomínio tivesse uma piscina, com manutenção mensal de R$ 2.000,
este custo poderia ser rateado entre os 50 moradores. Suponha, por exemplo, uma
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comparação entre dois moradores, que residam em apartamentos do mesmo
i tamanho: um solteiro, que more sozinho e não utilize a piscina, e outro, que tenha três
v filhos e cuja família toda usufrua o parque aquático. Neste caso, ambos estarão
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contribuindo para a manutenção de um bem comum, que, entretanto, poderá ter
s utilização com muito mais intensidade por um morador em relação ao outro. Poderá
i haver reclamação por parte daquele morador que não use a piscina. Por outro lado,
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se for decidido que a cobrança da manutenção do parque aquático seja feita em
d função da quantidade de pessoas que o utilizam ou se a decisão for cobrar uma taxa
e mínima de uso, o morador que tem os três filhos reclamará. Enfim, este caso é de
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difícil solução, pois envolve pessoas e cada um defenderá seu interesse.
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e Assim é o governo. Ele aloca recursos em diversas áreas, para benefício de
toda a população, mesmo que algumas pessoas jamais utilizem aquele bem ou
c serviço posto à sua disposição. Para ilustrar, suponha a seguinte situação: uma
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e prefeitura resolve construir um estádio de futebol. Muitos contribuintes podem
s reclamar por não gostarem de futebol e, mesmo assim, estarem contribuindo para
c uma obra da qual não se beneficiarão diretamente.
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Uma coisa é certa: tudo é PAGO, nada é GRÁTIS. Se uma conhecida cantora
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o for contratada para fazer um show na praia de Copacabana (como tantos já foram), o
m show não será GRÁTIS, pois ela e sua equipe são profissionais que estão realizando
seu trabalho e precisam ser remunerados. Então, todos os moradores do município
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n do Rio de Janeiro (admitindo a contratação pela prefeitura) contribuirão e pagarão o
o espetáculo, gostem ou não da cantora. Contudo, aqueles que desejarem assistir não
v precisarão pagar DIRETAMENTE pelo show. Portanto, nada de usar o termo “É DE
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ç GRAÇA”. Nada é de graça, tudo é pago. Deveria se dizer assim, neste caso: “Show
ã na Praia de Copacabana com a cantora tal SEM CUSTO DIRETO para as pessoas
o que desejarem assistir.” O problema é que, aí, não tem apelo.
e A realidade é que, regra geral, ninguém quer pagar imposto e as pessoas
i acham que pagam mais impostos do que devem e que o governo não utiliza
n adequadamente e de forma justa o dinheiro arrecadado. E assim funciona em
c qualquer parte do mundo, sendo que nosso foco recairá especificamente no Brasil,
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u pois é aqui que vivemos, onde pagamos nossos impostos e onde podemos (e
s devemos) reclamar.
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para o imposto de importação, que alcançou, em alguns anos, dois terços da receita
A total do setor público.
U Uma mudança relevante ocorreu por ocasião da primeira constituição
n republicana, quando foi introduzido o regime de separação de fontes tributárias, com
i
v discriminação dos impostos de competência da União e dos estados. O governo
e central ficou com o imposto de importação, os direitos de entrada, saída e estadia de
r navios, as taxas de selo e as taxas de correios e telégrafos federais; os estados
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i cobravam o imposto sobre a exportação, sobre imóveis rurais e urbanos e sobre
d indústria e profissões. Além destes, União e estados tinham poder para criar outros
a tributos.
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e A partir da Constituição de 1934, começou a predominar a cobrança dos
q impostos internos sobre produtos. Aos estados foi permitido criar e cobrar o imposto
u sobre venda e consignações, que rapidamente tornou-se a principal fonte de receita
e estadual. Os municípios arrecadavam o imposto sobre indústria e profissões e o
c imposto predial. Já a União continuava cobrando e arrecadando o imposto de renda, o
r imposto sobre os bens importados e o imposto sobre o consumo, que no final dos
e anos 1930 superou em arrecadação o imposto de importação.
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A Constituição de 1946 trouxe importantes alterações para o sistema tributário,
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com a preocupação de aumentar a receita dos municípios,1 fundamentando-se na
c criação do sistema de transferência de impostos. Esse sistema foi reforçado ainda
o mais com a Emenda Constitucional no 5, do início da década de 1960, que atribuiu
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aos municípios 10% da arrecadação do imposto de consumo e aumentou a
i participação no imposto de renda de 10% para 15%.
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o Nos 20 anos seguintes à Constituição de 1946, observou-se um aumento cada
v
vez maior da importância dos impostos indiretos sobre produtos. Com o início, na
a
ç época, do processo de desenvolvimento industrial sustentado, a tributação sobre os
ã produtos e serviços domésticos passou a ser a principal fonte de receitas públicas.
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No início dos anos 1960, cerca de 40% da receita da União era oriunda do
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imposto sobre consumo; pouco mais de 70% da receita estadual era obtida com o
i imposto sobre vendas e consignações; e o imposto sobre indústria e profissões
n representava 45% das receitas municipais. Como se observa, o elevado peso da
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tributação sobre o consumo no Brasil, que é uma reclamação dos dias atuais, vem de
u longa data.
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4.2 reforma tributária dos anos 1960
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i A última reforma tributária efetivamente realizada no Brasil ocorreu entre os
a anos de 1965 e 1967. A reforma começou com a Emenda Constitucional no 18/65 e
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foi reforçada com o advento da Lei Complementar no 5.172/66 (Código Tributário
Nacional), sendo sacramentada na Constituição Federal de 1967.
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o
c A característica marcante da reforma realizada nos anos 1960 foi a
i centralização da maior parte dos recursos na esfera federal, já que o processo de
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crescimento e desenvolvimento econômico do país era responsabilidade da União.
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Apesar disso, havia orientação para suprir estados e municípios com recursos
suficientes, de forma que estes desempenhassem suas funções, sem prejudicar o
processo de desenvolvimento.
(9/10) CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Prof. Sérgio Robert Pinto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão.
i OLIVEIRA, Luís Martins de. Manual de Contabilidade Tributária: Textos e Testes com
n
Respostas, 14ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2015. E-book. ISBN 9788597002003.
c
l
u RIBEIRO, Osni M.; PINTO, Mauro A. Introdução À Contabilidade Tributária - 2ª
s Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. E-book. ISBN 9788502220607.
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SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código tributário nacional. Grupo Gen-Atlas,
s 2017.
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