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RESUMO DE DIREITO TRIBUTÁRIO

SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida
O Sistema Tributário Nacional vem positivado em parte na Constituição de 1988, no Título qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
VI, Capítulo I – artigos 145 a 162, incluindo os artigos 194 e 195 que trata das contribuições a independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; Com base
seguridade social. O conjunto de normas que regulam a cobrança de tributos no território nacional nesse princípio, a legislação deverá, por meio da capacidade econômica do contribuinte,
vem positivado nos artigos 145, 148 e 149 da Constituição Federal, sendo detalhado no Código distinguir os que possuem um maior poder de pagamento de tributos daqueles que são
Tributário Nacional. Ambos sistematizam os tributos de acordo com a base econômica, organizados e hipossuficientes.
distribuídos segundo o poder tributário da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios. Na
Constituição Federal está previsto: Competência tributária da União, dos Estados, do Distrito Federal e  Princípio da Irretroatividade da Lei – Art. 150, III  Fica vedada a retroatividade da lei
dos Municípios, a arrecadação e distribuição dos tributos, os princípios e as limitações do poder de tributária que institua ou aumente tributo,com base na segurança jurídica.
tributar.
 Princípio da Anterioridade – Art. 150, III  Princípio calcado na segurança jurídica, com
1. O que é o Direito Tributário? finalidade de evitar que o contribuinte seja apanhado de surpresa por uma norma tributária,
prejudicando o orçamento previsto. Tipicamente tributário, com efeitos somente na área dos
O Direito Tributário é o ramo do Direito que estuda as relações entre o Fisco e os contribuintes, tendo tributos. De acordo com esse princípio a lei que cria ou majora tributos, somente produzirá
como objeto primordial o campo das receitas de caráter compulsório, isto é, as relativas à imposição, efeitos após noventa dias de sua publicação e a partir do novo exercício financeiro, que no
fiscalização e arrecadação de impostos, taxas e contribuições, determinando-se, de maneira Brasil inicia no dia 1º de janeiro e vai até 31 de dezembro, seguinte a publicação. Esse
complementar, os poderes do Estado e a situação subjetiva dos contribuintes (Miguel Reale, 2002). princípio não é absoluto e comporta exceções, que estão contidas no artigo 150, § 1º da
CF/88, sendo utilizadas de forma extrafiscal, como instrumento de intervenção econômica.

Importante ressaltar que, o Direito Tributário é matéria de Direito Público, naturalmente vinculado ao
Direito Financeiro. Isso porque, o Direito Financeiro é disciplina jurídica que tem por objeto toda a  Princípio da proibição de tributos com efeito de confisco – Art. 150, IV  O Estado não
atividade do Estado concernente à forma de realização da receita e despesas necessárias à execução pode expropiar o contribuite de seu patrimônio ou renda.
de seus fins.
 Princípio da não limitação de tráfego – Art. 150, V  Veda ao poder pública a criação de
2. Princípios Constu=itucionais Tributários tributo que limite o tráfego de pessoas ou bens interestaduais ou intermunicipais, ressalvado
os pedágios, que são considerados preço público e não possuem natureza tributária.
 Princípio da Capacidade Contributiva – Art; 145, § 1º  Aplicado somente aos impostos,
não sendo aplicado as demais espécies tributárias, é um instrumento utilizado para atingir a
justiça fiscal. As graduações dos impostos são de acordo com a capacidade econômica do
contribuinte. De forma objetiva, refere-se as manifestações de riqueza do contribuinte e não 3. Direito Tributário e Direito Financeiro
na capacidade econômica real.

O Direito Financeiro constitui, portanto, uma estrutura normativa que abrange os modelos jurídicos que
 Princípio da Estrita Legalidade – Art. 5º, II  “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de instauram relações entre as pessoas e o Estado enquanto Fisco.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, complementando com o artigo 150,inciso I da
CF onde é vedado a União, aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios “exigir ou
Os seus objetivos, em virtude das opções de Política Financeira do país, se consubstanciam num
aumentar tributos sem lei que o estabeleça.” Tem por finalidade, no sentido formal, garantir a
sistema de princípios e normas a que a atividade do Fisco deve se adequar.
segurança do contribuinte frente ao ente tributário. No sentido material assegura que todos
os elementos jurídicos de tributação estejam fixados na lei.
Nas palavras do professor Miguel Reale (2002):

 Princípio da Isonomia ou da Igualdade – Art. 5º | Art. 150, II  Todos são iguais perante
a lei. Não podendo existir diferença no tratamento entre pessoas que se encontrem em Conceito-chave do Direito Tributário é o de fato-gerador da incidência fiscal, o qual, como todo fato
situações equivalentes.  Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao inserido numa estrutura normativa constituída em função dos valores econômico-financeiros que o
Estado tenha em vista realizar. Como cada imposto deve necessariamente corresponder a um distinto Compulsória  Devemos entender a compulsoriedade da obrigação tributária no sentido de que esta
fato-gerador, sob pena de ilícita bitributação, bem se compreende a importância de seu conceito. nasce independente da vontade do devedor. Trata-se de obrigação ex lege, decorrente da lei, que para
a sua formação podem ser decorrentes da lei ou da vontade da parte.
Para Paulo de Barros Carvalho (2015), Direito Tributário é “ramo didaticamente autônomo do direito,
integrado pelo conjunto das proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou Na primeira, o nascimento do vínculo obrigacional nasce independente da vontade do agente, que é o
indiretamente, à instituição arrecadação e fiscalização de tributos”. caso da obrigação tributária. Já na segunda, o nascimento do vínculo obrigacional decorre de uma
manifestação, tácita ou expressa, da vontade do agente (como por exemplo um contrato de aluguel);
A fim de salvaguardar os direitos individuais, perante o poder tributário do Estado, a Constituição
Federal de 1988 dispõe em seu artigo 146, que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais Pecuniária  Todo tributo deve ser expresso em moeda, não há previsão no nosso ordenamento de
em matéria tributária, definindo os tributos e suas espécies, relacionando os impostos nela tributo in natura ou in labore. Todavia, alguns doutrinadores entendem que ao afirmar que tributo é
discriminados com os respectivos fatos geradores, com outras cautelas destinadas a legitimar as toda prestação pecuniária ou cujo valor nela se possa exprimir o Código, estabeleceu a possibilidade
imposições do Fisco no Estado Democrático de Direito. de tributo in natura.

Que não constitua sanção de ato ilícito  O tributo não é penalidade, seu nascimento decorre de uma
ação lícita do contribuinte. Não se confunde tributo com sanção, pois esta decorre de um ilícito que
4. O Código Tributário Nacional pode ser penal, administrativo, civil, tributário, etc.

Conforme o artigo 1º da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que dispõe sobre o Sistema Tributário Prestação instituída em lei  Decorrência do princípio da legalidade e tipicidade. A instituição ou
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios, majoração de um tributo somente pode ocorrer por lei ou ato normativo com força de lei (Medida
conhecido como Código Tributário Nacional (CTN): Provisória).

Art. 1º Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro de 1965, A lei deve esgotar todos os elementos da obrigação tributária: definição do fato gerador, alíquota, base
o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alínea b, da de cálculo, sujeito passivo, penalidades, hipóteses de exclusão (isenção).
Constituição Federal as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar, supletiva ou Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada
regulamentar.
Significa que o agente do Estado tem o dever de cobrar o tributo quando instituído, da mesma forma
A Emenda Constitucional nº 18, de 1º de dezembro de 1965, dispõe sobre a reforma do sistema que deve se ater aos procedimentos estabelecidos na lei. O lançamento é atividade exclusiva da
tributário e dispõe em seu artigo 1º que “o sistema tributário nacional compõe-se de impostos, taxas e administração.
contribuições de melhoria, e é regido pelo disposto nesta Emenda, em leis complementares, em
resoluções do Senado Federal, e, nos limites das respectivas competências, em leis federal, estadual O tributo é gênero que comporta outras espécies tributárias. Nos termos do artigo 5º do CTN, as
ou municipal”. espécies tributárias são: impostos, taxas e contribuição de melhoria.

Atualmente, o CTN é utilizado para regulamentar as normas gerais de direito tributário no país. 6. Espécies Tributárias

A definição das espécies tributárias, ou seja sua natureza jurídica, é obtida pela análise do fato gerador
da obrigação. Conforme o artigo 4º do CTN basta o estudo do fato gerador para definir a natureza
5. Tributo: Definição e Espécies jurídica de cada tributo. Dessa forma, temos os tributos divididos entre:

Conforme o artigo 3º do Código Tributário Nacional: “tributo é toda prestação pecuniária compulsória,  Vinculados: são aqueles tributos vinculados a uma atividade estatal, que para viabilizar a
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em cobrança é necessário alguma atividade do Estado a favor do contribuinte. Incluem-se neste
lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. rol: taxas e contribuições de melhoria.
 Não vinculados: tributos que independem de uma atividade estatal para serem cobrados.
As principais características do tributo estão dispostas nesse artigo. Nas reflexões de Paulo de Barros Incluem-se neste rol: impostos e empréstimos compulsórios.
Carvalho (2015) podemos extrair as seguintes conclusões:
Conforme o artigo 16 do CTN, o imposto é tributo que tem por fato gerador uma situação independente Lembre-se que, a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a
de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.

Classifica-se no rol dos tributos não vinculados. Dessa forma, seu fato gerador independe de qualquer O artigo 78 do CTN nos explica o que é poder de polícia para efeitos de tributação:
atividade do Estado.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
Por exemplo, a obrigação de pagar o Imposto de Renda independe de qualquer ação estatal. disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
A divisão da competência dos impostos é definida pela CF nos artigos 153 a 156, não podendo haver produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
cobrança de impostos diversos dos previstos, salvo a União que detém competência residual. autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

Os impostos podem ser subdivididos em diversas categorias:


Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente
nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
De acordo com a regularidade tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

EXTRAORDINÁRIO – é o imposto cobrado apenas de forma eventual, em razão de fatos específicos Os serviços públicos mencionados acima, podem ser divididos da seguinte forma:
(por exemplo, imposto extraordinário de guerra – artigo 154, inciso II, da CF); ORDINÁRIO é o imposto
que integra de forma permanente o sistema tributário.
 Utilizados pelo contribuinte: EFETIVAMENTE, quando por ele usufruídos a qualquer título;
POTENCIALMENTE quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
Quanto à transferência do encargo
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.
 Específicos: quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
DIRETO – não admite repercussão econômica do valor devido, ou seja, o fabricante ou comerciante
utilidade, ou de necessidades públicas.
não repassa ao consumidor o valor do tributo destacada do preço.
 Divisíveis: quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
seus usuários.
INDIRETO – admite a repercussão para o contribuinte de fato, portanto o valor devido é cobrado de
forma destacada, os impostos indiretos incidem sobre consumo e circulação de mercadorias.

Em razão da pessoa
8. Contribuições de Melhoria

PESSOAIS – visam diretamente à pessoa do contribuinte (por exemplo o Imposto de Renda).


Trata-se de tributo de competência comum da União, Estado, Distrito Federal e Municípios, incidente
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite
OBJETIVOS – (reais) visam unicamente a matéria tributável, a coisa (por exemplo o Imposto Predial
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
Territorial Urbano).
imóvel beneficiado.

O valor a ser cobrado de cada imóvel será determinado pelo rateio do valor global da obra, de acordo
com os respectivos fatores individuais de valorização (artigo 82, § 1º, do CTN).
7. Taxas
Assim, o valor total arrecadado pelo Poder Público está limitado ao valor total da obra, sendo que o
Nos termos do artigo 77 do CTN: montante individual de contribuição será pautado pelo fator individual de valorização do bem imóvel.

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia,
ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte
9. Empréstimo Compulsório
ou posto à sua disposição.
Conforme estabelece o artigo 148 da CF a União, mediante lei complementar, poderá instituir Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores,
empréstimos compulsórios: para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário, cuja alíquota não será inferior à da
pública, de guerra externa ou sua iminência; ou, no caso de investimento público de caráter urgente e contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
de relevante interesse nacional.

Sua principal característica é o fato de que os valores arrecadados não ingressam de forma
permanente no tesouro nacional, são considerados receita temporária, tendo a União a obrigação de 11. Sistema Tributário Nacional
restituir os valores após determinado lapso de tempo.

Nas palavras de Ricardo Lobo Torres (1999), um sistema é conceituado como um conjunto de
Tendo em vista que a CF não especifica o fato gerador e base de cálculo há total liberdade para sua elementos dotados de unidade interna, coerência lógica, ausência de contradições e independência do
definição pela lei complementar. todo com relação às partes.

Assim, o fato gerador poderá ou não estar vinculado à determinada atividade estatal, sendo a base de Portanto, o sistema jurídico se caracteriza por um conjunto de normas, com estrutura interna
cálculo definida de acordo com o interesse nacional externado pelo Congresso Nacional. hierarquizada, coerência lógica, existência de normas para solução de conflitos e interdependência do
subsistema em relação ao todo.

Os artigos 145 a 162 da CF tratam do Sistema Tributário Nacional. Além dessas normas, podemos
10. Contribuições incluir outras previstas na CF, como os artigos 194 e 195, que tratam das contribuições para a
seguridade social.
Nos termos do artigo 149 da CF, compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como O doutrinador Ricardo Lobo Torres (1999) conceitua o Sistema Tributário Nacional da seguinte forma:
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas.
Conjunto de normas reguladoras e dos tributos cobrados em todo o território nacional, independente
Essas contribuições dividem-se em três espécies: da titularidade deste ou daquele ente público e considerada exclusivamente a incidência sobre a
riqueza, como vem esboçado nos artigos 145, 148 e 149 da Constituição, posteriormente detalhado no
CTN.
 Contribuição Social

Ricardo Lobo Torres


Destinada a custear os gastos com a previdência social, que engloba as seguintes áreas: saúde,
previdência e assistência social, reguladas no artigo 194 e seguintes da CF. Além disso, são
destinadas aos demais setores da área social, como educação e cultura. O Sistema Tributário Nacional pode ser dividido em três grupos:

1. Repartição das competências tributárias entre a União, os Estados, Distrito Federal e


 Corporativa
Municípios;
2. Partilha direta e indireta do produto de arrecadação;
contribuições destinadas ao interesse de categoria profissional ou econômica. São utilizadas para o 3. Os princípios tributários e as limitações ao poder de tributar.
custeio das atividades das entidades sindicais e dos conselhos de fiscalização profissional (por
exemplo OAB, Conselho de Medicina, Contabilidade, entre outros). Deve ser paga pelo profissional
que integra o respectivo sindicato (metalúrgico, comerciário, etc) ou classe profissional (médico,
advogado, contador, etc).
12. Competência Tributária

 Interventiva
A competência tributária é a faculdade atribuída pela CF para o Estado editar leis que criem tributos,
devendo descrever todos os elementos essenciais da norma jurídico-tributária.
Conhecida como CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. É devida pela União
para financiar sua atuação (regulamentação e fiscalização) em determinadas áreas (por exemplo CIDE
As leis devem prever a hipótese de incidência, sujeito ativo e passivo, base de cálculo e alíquota. A
incidente sobre a comercialização de combustíveis – Lei nº 10.336/2001).
competência é direito subjetivo da pessoa política e, portanto, é indelegável.
São características doutrinárias da competência tributária: Em primeiro lugar, a CF prevê a repartição da repartição da competência tributária de forma a
estabelecer impostos de competência exclusiva de cada membro federativo. São os artigos 153 a 156
da CF.
 Exclusividade: caracteriza-se pelo fato de que cada pessoa política detém sua faixa
tributária privativa. Caso atue fora dessa faixa o tributo será inconstitucional.
O artigo 153 da CF dispõe ser de competência da União instituir impostos sobre: importação de
 Indelegabilidade: reforça a ideia de que a competência tributária não é patrimônio absoluto
produtos estrangeiros, exportação de produtos nacionais ou nacionalizados, renda e proventos de
da pessoa política que a titulariza. Esta pode exercitá-la, mas não tem total disponibilidade.
qualquer natureza, produtos industrializados, propriedade territorial rural, grandes fortunas, entre
 Incaducável: seu não exercício não tira da pessoa competente a faculdade de a qualquer outros.
dia criar o tributo.
 Inalterabilidade: entende-se que não pode ter a dimensão ampliada pela própria pessoa Nos termos do artigo 155 da CF, compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre
política. É improrrogável. transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos, operações relativas à circulação de
 Irrenunciabilidade: não pode o ente política renunciar à competência, no todo ou em parte. mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, propriedade de veículos
Trata-se de matéria de direito público, portanto é indisponível. automotores, entre outros.
 Facultativa: o ente político é quem decide se vai ou não criar tributo. Pode, ainda, utilizar
apenas parte de sua competência, criando parcialmente o tributo. Por fim, o artigo 156 da CF dispõe que compete aos Municípios instituir impostos sobre propriedade
predial e territorial urbana, transmissão “inter vivos”, a qualquer título, de bens imóveis, serviços de
Conforme o sistema federativo adotado pela CF, todos os integrantes da federação (União, Estados, qualquer natureza, entre outros.
Distrito Federal e Municípios) detém competência tributária. A CF criou quatro modalidades de
competência: Além das regras gerais de repartição de receita, existem questões específicas que devem ser tratadas
individualmente por serem exceções às regras gerais. São algumas delas:
 Competência Privativa: atribuída exclusivamente a determinada pessoa jurídica de direito
público. Os impostos são de competência privativa, pois a CF adotou o critério de enumerar  Artigo 147 da CF: estabelece a competência da União sobre os impostos estaduais nos
a competência de cada integrante da Federação. Territórios, bem como os impostos municipais, naqueles que não forem divididos em
 Competência Residual: é a possibilidade de criar outros tributos e contribuições além dos municípios;
previstos na CF. É atribuída à União Federal, conforme disposição dos artigos 154 e 195, §  Artigo 149, § 1º, da CF: estabelece a competência dos Estados, Distrito Federal e
4º da CF. Municípios criarem contribuição previdenciária a ser cobrada de seus servidores para
 Competência Extraordinária: atribuída à União para a criação de impostos em casos de financiamento de regime de previdência próprio.
guerra externa ou sua iminência.  Artigo 149-A da CF: institui a possibilidade dos Municípios criarem contribuição para o
 Competência Comum: todos os entes políticos tem a faculdade de estabelecer o tributo, custeio de serviço de iluminação pública.
devendo apenas ser responsável pelo serviço ou obra que possibilita a cobrança.
Existem, ainda, disposições constitucionais que dispõem sobre a divisão do produto da arrecadação
tributária.

13. Repartição da Receita Tributária Através deste instrumento criou-se o direito de participação dos entes políticos na arrecadação
tributária de outros, ou seja, a arrecadação não é total ou parcialmente apropriada pelo próprio ente
O país é constituído como uma República Federativa, portanto, união indissolúvel da União, dos competente para instituição do tributo, mas partilhado com os outros.
Estados, Distrito Federal e Municípios.
A participação pode ocorrer de forma direta ou indireta. A primeira se caracteriza pela entrega dos
Há a distribuição entre os integrantes da Federação da competência tributária ou impositiva, valores devidos sem qualquer condição (artigos 157 e 158 da CF).
consistente na partilha da receita tributária.
A segunda é feita através de fundos de participação (Leis Complementares nº 61/89, 62/89 e 91/97),
A doutrina já pacificou que não existe um sistema perfeito de distribuição de receita tributária, portanto conforme estabelece o artigo 161, inciso II, da CF.
a Constituição Federal brasileira adotou um sistema misto de partilha da competência tributária e de
partilha do produto da arrecadação.

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