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DIREITO CONSTITUCIONAL

PODER CONSTITUINTE

Por: Juliana Figueiredo

- Poder constituinte

Histórico
Originário

Revolucionário

Poder Derivado Reformador


constituinte

Decorrente

Difuso
Revisor

Supranacional

• Para Canotilho, o poder constituinte se revela sempre como uma questão de “poder”, de
“força” ou de “autoridade” política que está em condições de, numa determinada
situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei
fundamental da comunidade política;
• A titularidade do poder constituinte, como aponta a doutrina moderna, pertence ao povo;
• Hiato constitucional (Ivo Dantas): também chamado de revolução, verifica-se quando há
um choque (ou “divórcio”) entre o conteúdo da Constituição política e a realidade social
ou sociedade. O hiato constitucional caracteriza verdadeira lacuna, intervalo, interrupção
de continuidade, entendemos que vários fenômenos poderão ser verificados,
destacando-se:
a) convocação da Assembleia Nacional Constituinte e elaboração de nova Constituição;
b) mutação constitucional;
c) reforma constitucional;
d) hiato autoritário (ex.: AI-5 → textos que buscam suprir o hiato constitucional, mas, por
falta de legitimidade, sucumbem, abrindo espaço para o nefasto e combatido hiato
autoritário;
• Poder constituinte originário (genuíno ou de 1º grau):
- é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem
jurídica precedente;
- O objetivo fundamental é criar um novo Estado;
- O poder constituinte originário pode ser subdividido em histórico/fundacional (seria o
verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado) e
revolucionário (seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a
antiga ordem e instaurando uma nova, um novo Estado;
- O PCO é inicial, autônomo, ilimitado juridicamente*, incondicionado, soberano na
tomada de suas decisões, um poder de fato e político, permanente;
* ressalvas: a corrente jusnaturalista diz que o PCO não seria totalmente autônomo na
medida em que haveria uma limitação imposta: ao menos o respeito às normas de direito
natural. Porém o BRASIL adotou a corrente positivista, o PCO é totalmente ilimitado (do
ponto de vista jurídico), apresentando natureza pré-jurídica, ou seja, para o BRASIL e os
positivistas, nem mesmo o direito natural/direito suprapositivo limitaria a atuação do PCO;
* Para J. H. Meirelles Teixeira, esta ausência de vinculação, note-se bem, é apenas de
caráter jurídico-positivo, significando que o PCO não está ligado, em seu exercício, por
normas jurídicas anteriores. Não significa, porém, e nem poderia significar, que o PCO seja
um poder arbitrário, absoluto, que não conheça quaisquer limitações;
- A doutrina ainda fala em PCO formal (ato de criação propriamente dito) e PCO material
(lado substancial);
- Formas de expressão do PCO: outorga ou assembleia nacional constituinte/convenção.

• Poder constituinte derivado (instituído, constituído, secundário, de segundo grau,


remanescente):
- Obedece às regras colocadas e impostas pelo originário, sendo, nesse sentido, limitado
e condicionado aos parâmetros a ele impostos;
- Alguns autores preferem usar a terminologia “competências”, em vez de PCD;
- Poder constituinte derivado → reformador, decorrente e o revisor;
- PCD reformador:
> chamado de competência reformadora;
> tem a capacidade de modificar a CF por meio de um procedimento específico;
> manifestações através das emendas constitucionais;
> o originário permitiu alterações, mas obedecidos alguns limites como: quórum,
proibição de alteração da Constituição na vigência de sítio, defesa, ou intervenção
federal, um núcleo de matérias intangíveis (cláusulas pétreas);

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> além das limitações expressas ou explícitas, a doutrina identifica, também, as
limitações implícitas (ex.: proibição da teoria da dupla revisão);

- PCD decorrente:
> também encontra parâmetro no PCO;
> sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros ou, em momento
seguinte, havendo necessidade de adequação e reformulação, modificá-la;
> para Anna Cândida da Cunha Ferraz, o PCD decorrente se divide em 02
modalidades → poder constituinte decorrente inicial (instituidor ou institucionalizador)
e poder constituinte decorrente de revisão estadual (poder decorrente de segundo
grau);
> Uadi Lammêgo Bulos fixa, como limites à manifestação do PCD decorrente, os:
a) princípios constitucionais sensíveis → expressos na Constituição, são
chamados de princípios apontados ou enumerados
b) princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios) → segundo Bulos, são
aqueles que limitam, vedam, ou proíbem a ação indiscriminada do Poder
Constituinte Decorrente. Segundo o autor ainda se divide em b.1) limites explícitos
vedatórios/limites explícitos mandatórios, b.2) limites inerentes, e b.3) limites
decorrentes
c) princípios constitucionais extensíveis → são aqueles que integram a estrutura
da federação brasileira

- PCD revisor:
> melhor seria a nomenclatura “competência de revisão”;
> o art. 3º do ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5
anos, contados da promulgação da Constituição → eficácia exaurida e
aplicabilidade esgotada

• Distrito Federal:
- Será regido por lei orgânica que deverá obedecer aos princípios estabelecidos na CF;
- É perfeitamente possível o controle concentrado no âmbito do Tribunal de Justiça do DFT
tendo como paradigma a Lei Orgânica do DF, com a mesma natureza das Constituições
Estaduais regra essa, inclusive, introduzida, de modo expresso, no art. 30 da Lei nº 9.868/99
e, também, na Lei nº 11.697/2008.

• Municípios possuem o poder constituinte derivado decorrente? Não. O ato não sofre
controle de constitucionalidade, mas sim controle de legalidade.

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• Poder constituinte difuso
- Pode ser caracterizado como um poder de fato e que serve de fundamento para os
mecanismos de atuação da mutação constitucional;
- A modificação produzida pelo PC difuso se instrumentaliza de modo informal e
espontâneo, como verdadeiro poder de fato, e decorre de fatores sociais, políticos e
econômicos;
- Interpretação de suas normas e o desenvolvimento dos costumes constitucionais.

• Poder constituinte supranacional


- Busca a sua fonte de validade na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos
jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de soberania;
- Segundo Maurício Andreioulo Rodrigues, agindo de fora para dentro, o poder constituinte
supranacional busca estabelecer uma Constituição supranacional legítima;
- Tendência de globalização do direito constitucional;
Canotilho formula a teoria da interconstitucionalidade (estudar as relações
interconstitucionais).

• Nova Constituição e ordem jurídica anterior


- Todas as normas que forem incompatíveis com a nova Constituição serão revogadas por
ausência de recepção;
- A norma infraconstitucional que não contrariar a nova ordem, será recepcionada,
podendo, inclusive, adquirir uma nova “roupagem” → ex.: CTN;
- Inconstitucionalidade superveniente → STF não acata;
- Lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição sob cuja regência foi editada,
mas que, até o advento da nova Constituição, nunca fora objeto de controle de
constitucionalidade, poderá ser recebida pela nova Constituição se com ela for
compatível? O Judiciário, ao fazer a análise da recepção, terá de verificar, também, se a
lei que pretende ser recebida pelo novo ordenamento era compatível, não só do ponto
de vista formal, como, também, material, com Constituição sob cuja regência foi editada
→ noção da contemporaneidade → vício congênito, insanável, impossível de corrigir pelo
fenômeno da recepção → uma lei anterior que nasceu inconstitucional não será
“consertada” pela nova Constituição, não poderá ser convalidada, assim não se admite
o fenômeno da “CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE”;
- Requisitos para uma lei ser recepcionada pelo novo ordenamento jurídico:
a) estar em vigor no momento do advento da nova Constituição;
b) não ter sido declarada inconstitucional durante a sua vigência no ordenamento
anterior;
c) ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência ela
foi editada (ordenamento anterior);
d) ter compatibilidade somente material perante a nova Constituição, pouco
importando a compatibilidade formal.
- Repristinação → o Brasil adotou a impossibilidade do fenômeno da repristinação, salvo
se a nova ordem jurídica expressamente assim se pronunciar;
- Desconstitucionalização: fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde
que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com status de lei
infraconstitucional;

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- O STF vem se posicionando no sentido de que as normas constitucionais fruto da
manifestação do PCO têm, por regra geral, retroatividade mínima, ou seja, aplicam-se a
fatos que venham a acontecer após a sua promulgação, referente a negócios passados;
- É possível a retroatividade máxima e média da norma introduzida pelo constituinte
originário desde que haja expressa previsão, como é o caso do art. 51 do ADCT da CF/88.
Nesse sentido, doutrina e jurisprudência afirmam que não há direito adquirido contra a
Constituição.

Referência: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 25ª ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2021.

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