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- Pontos gerais
A maioria da doutrina brasileira (Rui Barbosa, Alfredo Buzaid, Castro Nunes e Francisco
Campos) acatou, inclusive por influência do direito norte-americano, a caracterização da
teoria da nulidade ao se declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (plano
da validade). Trata-se, nesse sentido, de ato declaratório que reconhece uma situação
pretérita (vício congênito, de nascimento, de origem);
Contra o entendimento anterior, destaca-se a teoria da anulabilidade da norma
inconstitucional defendida por Kelsen e que influenciou a Corte Constitucional austríaca,
caracterizando-se como constitutiva a natureza jurídica da decisão que reconhece. Para
esse sistema, a Corte Constitucional não declara nulidade, mas anula, cassa uma lei que,
até o momento em que o pronunciamento da Corte não seja publicado, é válida e
eficaz. No BR, em sede doutrinária minoritária, destacam-se Pontes de Miranda e Regina
Nery Ferrari.
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Vício formal:
- Verifica-se quando a lei ou ato normativo infraconstitucional contiver algum vício em sua
forma, ou seja, em seu processo de formação, no processo legislativo de sua elaboração,
ou, ainda, em razão de sua elaboração por autoridade incompetente;
- São subespécies da inconstitucionalidade formal:
I) inconstitucionalidade formal orgânica:
decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do
ato;
II) inconstitucionalidade formal propriamente dita;
decorre da inobservância do devido processo legislativo. Podemos falar,
então, além de vício de competência legislativa (inconstitucionalidade
orgânica), em vício no procedimento de elaboração da norma, verificado em
momentos distintos: na fase de iniciativa ou nas fases posteriores;
a) vício formal subjetivo: verifica-se na fase de iniciativa (lei que é de iniciativa
exclusiva do PR, mas um Deputado Federal inicia);
b) vício formal objetivo: será verificado nas demais fases do processo legislativo,
posteriores à fase de iniciativa (lei complementar sendo votada por um quorum
de maioria relativa, já que a lei complementar deve ser aprovada por maioria
absoluta, nos termos do art. 69 da CF);
III) inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato:
segundo Canotilho, ―hoje se põe seriamente em dúvida se certos
elementos tradicionalmente não reentrantes no processo legislativo não
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Vício material:
- Chamado de vício de conteúdo, substancial ou doutrinário, tal defeito diz respeito à
matéria, ao conteúdo do ato normativo. A inconstitucionalidade material também é
conhecida como nomoestática.
- Momentos de controle
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Controle prévio ou preventivo: antes do projeto virar lei, impedindo a entrada no sistema
normativo de normas que já possuem vícios.
Controle posterior ou repressivo: já sobre a lei, geradora de efeitos (potenciais ou efetivos);
Controle prévio/preventivo: realizado durante o processo legislativo de formação do ato
normativo, podendo ser feito pelo:
Legislativo: através de suas comissões de constituição e justiça (se for
inconstitucionalidade parcial, a CCJ poderá oferecer uma emenda corrigindo o vício, no
entanto, quando a CCJ emitir parecer pela inconstitucionalidade e injuridicidade de
qualquer proposição, será esta considerada rejeitada e arquivada definitivamente, por
despacho do Presidente do Senado, salvo, desde que não unânime o parecer, se houver
recurso interposto nos termos do art. 254 do RI (correspondente: art. 54, I, do RI da Câmara
dos Deputados);
Executivo: caso o Chefe do Executivo entenda ser inconstitucional o projeto de lei
poderá vetá-lo1, exercendo, desta feita, o controle de constitucionalidade – podendo ser
por considerar inconstitucional (veto jurídico) ou contrário ao interesse público (veto
político);
Judiciário2: o controle a ser realizado pelo Judiciário sobre a PEC ou projeto de lei em
trâmite na Casa Legislativa busca garantir ao parlamentar o respeito ao devido processo
1 O Referido veto, necessariamente, nos termos do art. 66, § 4º, da CF/88, será apreciado em sessão
conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal dentro de 30 dias a contar de seu
recebimento, podendo, pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em votação
ostensiva, ou seja, por voto ―aberto‖, ser rejeitado (afastado), produzindo, nesse caso, os mesmo
efeitos que a sanção. Derrubado o veto, o projeto deverá ser enviado ao Presidente da República
para promulgação no prazo de 48 horas e, se este não o fizer, caberá ao Presidente do Senado
Federal a promulgação, em igual prazo, e, caso este não a promulgue, caberá ao Vice-Presidente
do Senado fazê-lo.
2 Limites do controle jurisdicional Nos termos da jurisprudência do STF, o controle a ser exercido
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Controle posterior/repressivo: será realizado sobre a lei, e não mais sobre o projeto de lei,
como ocorre no controle preventivo.
Político: verifica-se em Estados onde o controle é exercido por um órgão distinto dos três
Poderes, órgão esse garantidor da Supremacia da Constituição. Tal sistema é comum em
países da Europa. No BR, Barroso sustenta que o veto do Executivo a projeto de lei, por
entendê-lo inconstitucional (veto jurídico), bem como a rejeição de projeto de lei na CCJ
seriam exemplos de controle político;
Jurisdicional: é realizado pelo Poder Judiciário, tanto por um único órgão (controle
concentrado) como por qualquer outro juiz ou tribunal. O BR adotou o sistema jurisdicional
misto (difuso e concentrado), porque é realizado pelo Poder Judiciário tanto de forma
concentrada como por qualquer juiz ou tribunal;
Híbrido: temos uma mistura dos outros dois sistemas acima noticiados. Assim, algumas
normas são levadas a controle perante um órgão distinto dos três Poderes (controle
político), enquanto outras são apreciadas pelo Poder Judiciário (controle jurisdicional).
Controle prévio ou preventivo realizado pelo Poder Judiciário e a perspectiva das ―normas
constitucionais interpostas‖ (Zagrebelsky): o tema mencionado no MS 22.503 (pela total
não apreciação e interpretação de normas do Regimento Interno do Parlamento) é a
regra (ADOTAR NAS PROVAS), mas, de acordo com Lenza, poderia ser visto com
temperamentos quando se tratar de normas constitucionais interpostas. A tese foi
discutida por Gilmar Mendes no MS 26.915, Mendes, trazendo em pauta o estudo de
Gustavo Zagrebelsky, asseverou que ―... se as normas constitucionais fizerem referência
expressa a outras disposições normativas, a violação constitucional pode advir da
violação dessas outras normas, que, muito embora, não sejam formalmente
constitucionais, vinculam os atos e procedimentos legislativos, constituindo-se normas
constitucionais interpostas.‖
Exceções ao controle posterior/repressivo em regra exercido pelo Poder Judiciário
(concreta ou difusa):
Realizado pelo Legislativo
em total conformidade com a Constituição, não lhe cabendo, contudo, a extensão do controle
sobre aspectos discricionários concernentes às questões e aos interna corporis, vedando-se, desta
feita, interpretações das normas regimentais.
*a) em relação a projeto de lei, o controle judicial não analisará a matéria, mas apenas o processo
legislativo; b) em relação à PEC, o controle será mais amplo, abrangendo não apenas a
regularidade de procedimento, mas, também, a matéria, permitindo o trancamento da tramitação
de PEC que tenda a abolir cláusula pétrea.
3 A perda superveniente do mandato parlamentar desqualifica a legitimação ativa do congressista
STF
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Constituição, mas que fique claro: isso não é controle de constitucionalidade (existe
diferença entre afastar e declarar).
Súmula 347-STF4: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
- Aprovada em 13/12/1963.
- Existe divergência se essa súmula está superada.
- Manifestaram-se expressamente pela superação da súmula: Ministros Alexandre de
Moraes e Gilmar Mendes.
- Manifestaram-se expressamente pela manutenção da súmula: Ministros Roberto Barroso
e Edson Fachin.
- A Min. Rosa Weber afirmou que o Tribunal de Constas pode ―pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, afaste a aplicação concreta de dispositivo legal reputado
inconstitucional, quando em jogo matéria pacificada nesta Suprema Corte‖.
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/690bb330e5e7e3e07867fafc4d3
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―d‖, que estabelece ser competência originária do STF processar e julgar o HC, sendo
paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores;
* A exceção fica por conta da representação interventiva (art. 36, III, CF/88), na qual
temos uma espécie de controle concentrado-concreto.
- Técnica de decisão:
Que tipo de técnica de decisão o STF pode utilizar em uma ADI/ADC/ADPF?
a) Declaração de Nulidade (Inconstitucionalidade) com redução total de texto: A
declaração de nulidade atinge toda a lei, ato normativo ou todo o dispositivo. (Fazendo
uma analogia, é como se o legislador tivesse revogando a lei).
b) Declaração de nulidade com redução parcial de texto: Apenas uma parte da lei ou de
dispositivo é considerada inconstitucional. Contudo, a impugnação parcial de uma norma
só é admissível no controle abstrato quando se puder presumir que o restante do
dispositivo (não impugnado) seria editado independentemente da parte supostamente
inconstitucional - STF ADI (MC) 2.645/TO.
c) Declaração de Nulidade sem redução de texto: Ocorre quando um determinado texto
possui mais de uma interpretação (normas polissêmicas ou plurissignificativas) sendo que
uma delas é incompatível com a CF. Nestes casos, o texto da lei permanece inalterado,
mas as possibilidades de sua abrangência sofrem uma redução. Logo, quando se fala
em declaração de nulidade sem redução de texto significa que o texto da lei permanece
com a mesma redação (não se exclui uma parte do texto/lei, mas sim uma determinada
interpretação que aquele dispositivo/ lei pode ter).
Diferenças sobre a declaração de nulidade sem redução de texto e o Princípio da
interpretação Conforme.
A declaração de nulidade sem redução de texto: exclui uma interpretação e permite as
demais. Só pode ser aplicada no controle ABSTRATO.
O Princípio da interpretação Conforme: permite uma interpretação e exclui as demais.
Pode ser aplicado em todos os controles.
Melhor explicando, as duas técnicas de decisão são aplicadas diante de normas
polissêmicas (normas que admitem várias interpretações). Assim, na declaração de
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Controle Difuso
Origem histórica: Marbury versus Madison;
O controle difuso, repressivo, ou posterior, é também chamado de controle pela via de
exceção ou defesa, ou controle aberto, sendo realizado por qualquer juízo ou tribunal do
Poder Judiciário;
No tribunal competente, distribuído o processo para a turma, câmara ou seção, arguida,
em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, o
relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão ao referido órgão
fracionário ao qual competir o conhecimento do processo, que poderá proferir duas
decisões: 1) rejeitar a arguição (o julgamento prosseguirá) ou 2) acolher a arguição (a
questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver
art. 97 da CF88 voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do
respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou
ato normativo do Poder Público cláusula de reserva de plenário também chamada
de full bench);
Segue o procedimento do art. 950 do CPC:
- Após o julgamento da questão incidental de inconstitucionalidade pelo pleno ou órgão
especial do tribunal, o órgão fracionário, vinculado à decisão, seja em que sentido for,
julgará a questão principal de mérito. Ressalte-se, portanto, a lavratura de 03 acórdãos:
I) arguida a questão incidental de inconstitucionalidade, após o julgamento da questão
incidental de inconstitucionalidade, a primeira decisão será tomada pelo órgão
fracionário no sentido de acolher ou não o incidente. Acolhido, cinde-se o julgamento e
se remetem os autor para o órgão especial ou plenário analisar o incidente de
inconstitucionalidade; II) submetida a questão ao órgão especial ou plenário, haverá,
com o julgamento, um segundo acórdão, declarando a constitucionalidade ou não da lei
ou do ato normativo; III) finalmente, julgada a questão incidental, o órgão fracionário,
vinculado à decisão, julgará a questão principal e será lavrado o terceiro acórdão.
5Direito constitucional / Rodrigo Padilha. - 5. ed., rev., atual. e ampl.– Rio de Janeiro:Forense, São
Paulo: MÉTODO, 2018, p. 231.
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Diante desses 03 acórdãos, qual será o momento para a interposição do eventual recurso
extraordinário?
Súmula 513 do STF A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou
extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas
a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.
A regra do art. 97 destaca-se como verdadeira condição de eficácia jurídica da própria
declaração de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público (SV 10: viola a cláusula de
reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta a sua incidência no todo ou em parte). Diferentemente: não viola a
cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que deixa de
aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsunção aos fatos ou, ainda,
que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma interpretação, sem
potencial ofensa direta à Constituição6;
Exceção: enaltecendo o princípio da economia processual, da segurança jurídica e na
busca da desejada racionalização orgânica da instituição judiciária brasileira, a
jurisprudência do STF desenvolveu-se no sentido de se dispensar o procedimento do art. 97
toda vez que já houvesse decisão do órgão especial ou pleno do tribunal, ou do STF, o
guardião da Constituição sobre a matéria;
A mitigação da regra de reserva de plenário vem sendo observada em outras situações:
1. Art. 949, § ú, do CPC
2. Se o tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo, ou seja, não
afastar a sua presunção de validade
3. Nos casos de normas pré-constitucionais, porque a análise do direito editado no
ordenamento jurídico anterior em relação à nova Constituição não se funda na
teoria da inconstitucionalidade, mas, como já estudado, em sua recepção ou
revogação
4. Quando o Tribunal utilizar a técnica da interpretação conforme a Constituição,
pois não haverá declaração de inconstitucionalidade7;
6 Min. Cármen Lúcia, "é possível que dada norma não sirva para desate do quadro submetido ao
crivo jurisdicional pura e simplesmente porque não há subsunção" (Rcl 6944). Em palavras mais
simples, a lei ou ato normativo não se enquadra no caso concreto.
7 Deve ser aplicada a cláusula de reserva de plenário se o órgão fracionário faz apenas uma
interpretação conforme?
Existe divergência sobre o tema:
1ª corrente: não se exige o cumprimento da cláusula de reserva de plenário se o órgão fracionário
se utiliza da técnica de interpretação conforme a constituição. Isso porque, neste caso, não haverá
declaração de inconstitucionalidade corrente majoritária.
2ª corrente: a interpretação conforme constitui-se técnica de decisão no controle de
constitucionalidade, devendo assim observar o art. 97 da CF (reserva de plenário) (STF. 2ª Turma. Rcl
14872, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 31/05/2016).
(https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/251bd0442dfcc53b5a761e050f8
022b8?categoria=1&subcategoria=3&ano=2020&forma-exibicao=apenas-com-
informativo&ordenacao=data-julgado&criterio-pesquisa=e)
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Controle Concentrado
O controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo recebe tal
denominação pelo fato de ―concentrar-se‖ em um único tribunal. Pode ser verificado em
cinco situações:
Ação Fundamento Regulamentação
Constitucional
8Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8dd291cbea8f231982db0fb1716
dfc55?categoria=1&subcategoria=3&assunto=26&palavra-chave=art.+52%2C+X&criterio-
pesquisa=e&forma-exibicao=apenas-com-informativo&ordenacao=data-julgado
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Imagine que seja ajuizada ADI contra determinada lei alegando que ela viola o
art. XX da CF/88. Ocorre que, antes de a ação ser julgada, é editada uma
emenda constitucional alterando o referido art. XX. Mesmo assim, a ADI deverá
ser julgada. Isso porque em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura
da constitucionalidade superveniente. Desse modo, a lei deve ser reconhecida
como nula em face do dispositivo constitucional que vigorava na época da sua
edição. Trata-se do chamado princípio da contemporaneidade. STF. Plenário.
ADI 2158, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/09/2010.
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tratar de norma posterior à CF/88. STF. Plenário. ADPF 314 AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 11/12/2014 (Info 771).
- Segundo o Supremo Tribunal Federal, a ADPF não é a via adequada para se obter a
interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante (ADPF 147 AgR, rel. min.
Cármen Lúcia, j. 24/3/2011, Pleno).
1) Total: não houve o cumprimento do dever de normatizar, editando medida para tornar
efetiva a norma constitucional – ex.: art. 37, VII, da CF prevê direito de greve dos
servidores públicos, mas ainda não regulamentado por lei;
2) Parcial: quando houver a normatização infraconstitucional, porém de forma ineficiente
2.1) Parcial propriamente dita: o ato normativo, apesar de editado, regula de
forma deficiente o texo – ex.: art. 7º, IV, da CF dispõe sobre o salário mínimo.
A lei fixando seu valor existe, mas o regulamenta de forma deficiente, pois o
valor estabelecido é muito inferior ao razoável para cumprir a garantia da
referida norma;
2.2) Parcial relativa: surge quando o ato normativo existe e outorga
determinado benefício a certa categoria, mas deixa de concedê-lo a outra,
que deveria ter sido contemplada;
- Objeto: o art. 103, § 2º, da CF, fala em ―omissão de medida‖‘ para tornar efetiva norma
constitucional em razão da omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo;
- Competência: STF – art. 103, § 2º, c/c, analogicamente, o art. 102, I, ―a‖;
- Legitimados: os mesmos da ADI genérica;
- Efeitos: art. 103, § 2º, da Constituição c/c o art. 12-H, caput, da Lei nº 9.868/9911;
- A jurisprudência admite a fungibilidade entre ADI e ADO? Sim.
IF – Representação Interventiva
- Surgiu na CF de 1934;
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https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ae581798565c3b1c587905bff731
b86a: ADO 26 é extremamente importante.
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- O art. 36, III, da CF/88, primeira parte, estabeleze que a decretação da intervenção
dependerá de provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da
República, na hipótese do art. 34, VII, quais sejam, os princípios sensíveis da Constituição;
- Objeto:
1) lei ou ato normativo que viole princípios sensíveis;
2) e omissão ou incapacidade das autoridades locais para assegurar o
cumprimento e preservação dos princípios sensíveis, por exemplo, os direitos da
pessoa humana;
3) ato governamental estadual que desrespeite os princípios sensíveis;
4) ato administrativo que afronte os princípios sensíveis;
5) ato concreto que viole os princípios sensíveis.
- A fase judicial da intervenção não se confunde com a fase judicial das demais ações de
inconstitucionalidade, pois, como visto, na ADI Interventiva (ou, por alguns, denominada
de representação interventiva), o Tribunal não nulificará, na hipótese de lei, o ato
normativo;
- Refoçando cabe o pedido de intervenção quando houver violação aos denominados
princípios sensíveis – art. 34,VII, ―a‖ - ―e‖;
- Legitimidade: o único e exclusivo legitimado ativo para a propositura da representação
interventiva federal é o Procurador-Geral da República, que tem total autonomia e
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ART. 103 — CF/88 — ART. 125, § 2.o — CF/88 — ART. 125, § 2.o — CF/88 —
LEGITIMADOS PARA O LEGITIMADOS PARA O LEGITIMADOS PARA O
CONTROLE CONTROLE CONTROLE CONCENTRADO
CONCENTRADO CONCENTRADO PERANTE O TJ PERANTE O TJ LOCAL —
PERANTE O STF LOCAL — ―PRINCÍPIO DA ―PRINCÍPIO DA SIMETRIA‖ —
SIMETRIA‖ ESPECIALMENTE EM
RELAÇÃO A LEIS OU ATOS
MUNICIPAIS
Presidente da Governador de Estado Prefeito
República
Mesa do Senado Mesa de Assembleia Mesa de Câmara Municipal
Federal; Legislativa
Mesa da Câmara dos
Deputados
Procurador-Geral da Procurador-Geral de Justiça
República
Conselho Federal da Conselho Seccional da OAB
OAB
Partido político com Partido político com Partido político com
representação no representação representação na Câmara do
Congresso Nacional na Assembleia Legislativa Município
Confederação sindical; Federação sindical;
Entidade de classe de Entidade de classe de âmbito
âmbito nacional. Estadual.
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- O mesmo objeto (mesma lei estadual) poderá sofrer controle no TJ e no STF. Nessa
situação, o controle estadual ficará suspenso aguardando o resultado do controle federal,
já que o STF é o interprete máximo da CF.
Coexistência de ADI no TJ e ADI no STF, sendo a ADI estadual julgada primeiro
Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante
o tribunal de justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira –
estadual – somente prejudica o da segunda – do STF – se preenchidas duas
condições cumulativas:
1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e
2) se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da
Constituição do Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o
parâmetro do controle de constitucionalidade tenha correspondência na
Constituição Federal, subsiste a jurisdição do STF para o controle
abstrato de constitucionalidade. Viola a igualdade a exigência de que o cargo
público seja ocupado por indivíduo com curso de administração pública
mantido por instituição pública credenciada no respectivo Estado É
inconstitucional lei estadual que, ao criar o cargo de administrador público,
exige que ele seja ocupado por profissional
graduado em Curso de Administração Pública mantido por Instituição
Pública de Ensino Superior, credenciada no respectivo Estado. Essa previsão da
lei estadual ofende o princípio constitucional da igualdade no acesso a cargos
públicos. Além disso, essa regra também viola o art. 19, III, da Constituição
Federal, que proíbe a criação de distinções ilegítimas entre brasileiros. STF.
Plenário ADI 3659/AM, Rel.
Min Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2018(Info 927).
- Decisões importantes:
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não prejudique o cerne da ação. Assim, por exemplo, se o autor, depois que o processo já
está em curso, pede a inclusão no objeto da ADI de novos dispositivos legais que ampliam
o escopo da ação, esse aditamento deve ser indeferido porque isso exigiria que novos
pedidos de informações à Assembleia Legislativa ou ao Congresso Nacional, bem como
novas manifestações da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-Geral da
República, o que violaria os princípios da economia e da celeridade processuais.
Ademais, a inclusão dos dispositivos prejudicaria o objeto da ação direta, na medida em
que ampliaria o seu escopo. STF. Plenário. ADI 1926, Rel. Roberto Barroso, julgado em
20/04/2020.
12. A CF/88 e a lei preveem que a ―entidade de classe de âmbito nacional‖ possui
legitimidade para propor ADI, ADC e ADPF. A jurisprudência do STF, contudo, afirma que
apenas as entidades de classe com associados ou membros em pelo menos 9 (nove)
Estados da Federação dispõem de legitimidade ativa para ajuizar ação de controle
abstrato de constitucionalidade. Assim, não basta que a entidade declare no seu estatuto
ou ato constitutivo que possui caráter nacional. É necessário que existam associados ou
membros em pelo menos 9 (nove) Estados da Federação. Isso representa 1/3 dos Estados-
membros/DF. Trata-se de um critério objetivo construído pelo STF com base na aplicação
analógica da Lei Orgânica dos Partidos Políticos (art. 7º, § 1º, da Lei nº 9.096/95).
STF. Plenário. ADI 3287, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Ricardo Lewandowski,
julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping).
13. Cabe ADPF contra o conjunto de decisões judiciais que determinam medidas de
constrição judicial em desfavor do Estado-membro, das Caixas Escolares ou das Unidades
Descentralizadas de Execução da Educação UDEs e que recaiam sobre verbas destinadas
à educação. STF. Plenário. ADPF 484/AP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980).
14. O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento
da eficácia do preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao
Enunciado 10 da Súmula Vinculante. Caso concreto: a 4ª Turma do TRF da 1ª Região, ou
seja, um órgão fracionário do TRF1, ao julgar apelação, permitiu que uma empresa
comercializasse determinada espécie de cigarro mesmo isso sendo contrário às regras do
Decreto nº 7.212/2010. Embora não tenha declarado expressamente a
inconstitucionalidade do Decreto, a 4ª Turma afirmou que ele seria contrário ao princípio
da livre concorrência, que é previsto no art. 170, IV, da CF/88. Ao desobrigar a empresa
de cumprir as regras do decreto afirmando que ele violaria o princípio da livre iniciativa, o
que a 4ª Turma fez foi julgar o decreto inconstitucional. Ocorre que isso deveria ter sido
feito respeitando-se a cláusula de reserva de plenário, conforme explicitado na SV 10:
Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão de
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência no
todo ou em parte. STF. 1ª Turma. RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 4/2/2020 (Info 965).
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Referência: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 25ª ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2021.
Buscador do Dizer o Direito.
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