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Professora: Izabel Luana

Direito Constitucional III

AULA I
Método de avaliação: Provas, Seminários, Atividades complementares.

Controle de constitucionalidade
No Brasil adotamos atualmente o sistema misto de controle, existindo a combinação entre
o controle concentrado e o controle difuso.

Controle Difuso: Feito por todos os Juízes e tribunais. Todo órgão judicial exerce,
dentro de sua competência, o controle difuso. Nessa via, o Juiz deixa de aplicar lei que,
no caso concreto, revela conteúdo incompatível com a regra constitucional.
Controle concentrado: se limita ao Supremo Tribunal Federal (STF) quando a norma
paradigma é a Constituição Federal, por ser o guardião da CF, e aos Tribunais de Justiça
Estaduais, quando a norma paradigma é a Constituição Estadual.
O controle é um mecanismo que existe para sanar um defeito existente no
ordenamento jurídico, de modo que as leis infraconstitucionais devem estar de
acordo com a Constituição.
Os tribunais só podem declarar inconstitucionalidade por voto da maioria absoluta do
Plenário ou do seu Órgão Especial. Assim, o quórum no STF é de 6 dos 11 ministros.
Trata-se da cláusula de reserva de Plenário.

Quais são os instrumentos do controle concentrado de constitucionalidade:


Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), que tem por objeto principal a declaração
de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), que tem por objeto


evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do poder público,
utilizada em casos de descumprimento de preceito fundamental.
Visa impedir que atos atentatórios à Carta Magna cometidos pela atividade estatal
tenham impacto no povo.
Preceitos fundamentais, exemplos: princípios das relações internacionais e as cláusulas
pétreas.

Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), à declaração de constitucionalidade


de lei ou ato normativo federal, utilizada quando há uma controvérsia judicial em relação
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à constitucionalidade da norma, de modo que não exista mais dúvida a respeito de sua
adequação com a constituição.
Não cabe ação declaratória de constitucionalidade para esclarecer dúvida jurídica a
respeito de Leis Estaduais ou do Distrito Federal, pois, o artigo 102, da Constituição
Federal é claro quando diz que só leis federais podem ser objeto de ADC.
Com base nisso, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, por ex. Já
negou ADC sobre a Lei Orgânica do DF ajuizada pelo governador, Rodrigo Rollemberg
(PSB).

Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), objetivo de tornar efetiva


norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão
administrativo, assim, tem o objetivo de declarar a omissão do Poder Legislativo ou
do Poder Executivo na edição de medida para tornar efetiva uma norma
constitucional.
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva), utilizada para
solicitar a intervenção de um ente federativo em outro, sendo, geralmente, da União nos
Estados ou no Distrito Federal, bem como dos Estados em seus Municípios.

Histórico de controle
1 ª Constituição, de 1824: Divisão quadripartite de poderes:
Tinha nesta época tanto o Poder Legislativo, Judiciário e Executivo e também o Poder
Moderador.
Nesse momento da história não existia previsão do modelo atual de controle de
constitucionalidade.

Esse Poder Moderador garantiria estabilidade aos outros três poderes e seria
responsável por trazer a paz no caso de atritos graves. No Brasil, o Poder
Moderador existiu durante o Período Imperial e ficou reservado ao imperador, que
acumulava também o Poder Executivo.
Eventual conflito que surgisse seria resolvido pelo poder moderador, pois não
havia controle de constitucionalidade.

Constituição de 1891: Pela primeira vez se fez a previsão de controle.


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Influenciada por Rui Barbosa, grande influência norte-americana e trouxe a previsão do


controle difuso.
Ressalve-se que o controle difuso se manteve em todas as constituições, inclusive
na de 88.
O CONTROLE DIFUSO permite ao juiz ou ao tribunal realizar, no caso concreto, a
análise sobre a compatibilidade de lei ou ato normativo com a Constituição,
observadas as regras de competência.
Modelo de revisão judicial, controle feito no mecanismo de freios e contrapesos.
O Sistema de Freios e Contrapesos consiste no controle do poder pelo próprio
poder. Ex: O Legislativo julga o presidente da República e os ministros do Supremo
Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade.

Constituição de 1934: Manutenção do sistema difuso


Introduz a representação interventiva, instrumento capaz de assegurar a manutenção
do modelo federativo, procedimento de intervenção federal para solucionar eventuais
“conflitos que venham a existir entre os
Estados-membros ou entre qualquer deles com a União.
Introduziu a cláusula de reserva de plenário, a qual determina que, no âmbito dos
tribunais, a declaração de inconstitucionalidade de um ato normativo somente pode
ocorrer por decisão da maioria absoluta dos magistrados que compõem a Corte. ART 97,
CF.
Introduziu o papel do Senado Federal no controle difuso, previsto hoje no art. 52, X,
CF.

Art. 52. CF 88 – Compete privativamente ao Senado Federal:


X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

Constituição de 1937: Constituição não democrática – Esvaziamento do PODER


JUDICIÁRIO
Manutenção do sistema difuso, mas com hipertrofia do Poder Executivo, pois no
caso de ser declarada inconstitucional uma lei, A JUÍZO do Presidente da
República, poderia ele submetê-la novamente a exame do Parlamento, tornando
sem efeito a decisão do Tribunal se o parlamento confirmasse por dois terços de
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voto em cada uma das câmaras. Assim o Poder Legislativo tornava sem efeito a
decisão judicial.

Constituição de 1946 – Redemocratização, manutenção do sistema difuso, fim da


hipertrofia do Poder Executivo.
Importante afirmar que foi na vigência desta constituição que foi aprovada a
Emenda Complementar n°16 de 1965, a qual introduziu o controle concentrado no
Brasil, no plano federal e estadual.
Tinha-se como exclusivo legitimado para propor o Procurador-Geral da República,
mas nessa época o MP não tinha essa autonomia de hoje, então o PGR estava
naquele momento totalmente vinculado e nas mãos do Presidente, era demitido
sem qualquer formalidade, sem garantias.
Assim, diante dessa realidade daquela época JAMAIS O MINISTÉRIO PÚBLICO iria
propor uma ação contra o governo, não havia assim estimulo da prática de controle
concentrado.
Hoje existem requisitos que devem ser seguidos para haver a destituição do PGR,
precisa-se que o Senado Federal aprove, por maioria absoluta e por voto secreto, a
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu
mandato, art 52, XI, da CF.

Constituição de 1967 – Parlamento nas mãos do Comando Militar, não havia


autonomia democrática.
Difuso mantido.
Concentrado mantido, mas retirado o controle concentrado estadual.
Na vigência desta constituição foi aprovada a emenda n°01 de 1969, a qual modificou a
constituição, restabelecendo o controle concentrado estadual.

Constituição de 1988 – Grande avanço do controle


Manutenção do controle difuso.
Ampliou os Legitimados para a propositura da ADI, não havia assim um exclusivo
legitimado, mas 09 incisos, sendo um rol taxativo da CF, ART. 103, CF.
Assim, a eventual mudança dos legitimados atualmente previstos no art 103, CF, depende
de emenda constitucional.
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Surge o controle das omissões normativas que era inexistente (AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO E MANDADO DE INJUNÇÃO).
Introdução da ADPF (ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL), A QUAL É REGULAMENTADA PELA LEI 9.882 DE 99.
Ampla previsão de controle estadual – ART 125, § 2º Cabe aos Estados a instituição
de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
a um único órgão. Controle que é realizado pelos Tribunais de Justiça dos Estados-
membros.
Na vigência da atual constituição a emenda 03 de 1993 introduziu a AÇÃO
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO
FEDERAL, quando surgiu eram apenas 04 legitimados para propor esta ação.
Tendo o condão de impedir a aplicação de uma lei do Estado B ou C se uma lei de
conteúdo semelhante do Estado A for declarada inconstitucional.
Anteriormente: Podiam propor esta ação apenas: Presidente da República, Mesa da
Câmara dos Deputados, Mesa do Senado Federal e PGR. NO ENTANTO, HOUVE
MUDANÇA E ASSIM SÃO OS MESMOS LEGITIMADOS DO ART 103, DA CF.
A emenda 45 de 2004 igualou os legitimados da ADC com ADI e deixou explícito o
efeito vinculante no julgamento de ADI.

Introdução: Quais são os pressupostos para falarmos em controle de


constitucionalidade?

Precisamos da existência de uma constituição FORMAL e RÍGIDA, caso da nossa


CF de 1988.
1 - Formal com relação ao conteúdo e rígida com relação a sua estabilidade.
Uma constituição formal tem um conjunto de normas constitucionais que são inseridas
no corpo da Constituição, sendo aprovado mediante um processo legislativo, além de
possuir matérias constitucionais, como exemplo o art. 5°, que trata de norma
materialmente constitucional estabelecendo direitos fundamentais, também possui outros
assuntos, tais como o artigo 242, da CF, o qual trata do Colégio Pedro II, localizado no Rio
de Janeiro, estabelecendo norma formalmente constitucional, pois embora inserido no
corpo da Constituição, nada tem a ver com direitos fundamentais, forma de governo ou
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estrutura do Estado, poderia assim ser tratado em uma norma infraconstitucional, mas,
por se encontrar no corpo constitucional é norma constitucional.
Uma constituição RÍGIDA é aquela que possui um procedimento mais rigoroso para
sua alteração, precisa de um processo legislativo específico, solene, deve assim
respeitar a forma prescrita em lei para sua ocorrência.
Caso da CF brasileira, que possui um grau considerado médio dentro do princípio da
rigidez constitucional, pois embora de difícil alteração, ainda assim há essa possibilidade,
precisando de um quórum qualificado para sua modificação, admitindo revisões emendas
constitucionais.
Assim, não se mantém o entendimento de que a Carta Constitucional de 1988 é super–
rígida, pois apesar apresentar um rol de direitos e garantias (também denominados de
cláusulas pétreas), cuja essência ou núcleo basilar não pode ser objeto de extinção (vide
art. 60, par. 4º, CF/88), o que é proibido são emendas tendentes a abolir as cláusulas
pétreas, de modo que elas podem sim ser modificadas.
Há operadores do direito, doutrinadores, como o Alexandre de Moraes que
entendem que a Constituição Federal Brasileira é extremamente rígida, pois além de
possuir um processo rigoroso de alteração, possui um conjunto de matérias que
não podem ser suprimidas, as denominadas cláusulas pétreas, previstas no art. 60,
4º, da Constituição.
Aprovação de PEC, discussão e votação em cada casa do CN, a casa que propuser
é a iniciadora e a outra a revisora, será aprovada se obtiver o quórum de 3/5 da
totalidade de seus membros em 02 turnos de votação, nas 02 casas do CN (CD e
SF) e sem isso não será aprovada.
O quórum mínimo deve ser obtido em dois turnos de votação em cada casa. Se uma PEC
qualquer não obtiver esse quórum mínimo no primeiro turno não será aprovada. Mas, se
obtiver, segue para a votação do segundo turno na casa iniciadora ainda. Nesta fase
temos duas situações interessantes: a primeira é que se em nova votação não for
adquirido o quórum mínimo a proposta será rejeitada, não importando se na primeira
votação tenha conseguido. Obtendo o quórum minimo exigido na segunda votação, a
proposta foi aprovada naquela casa, agora, segue para o mesmo processo só que na
casa revisora. Quando chegar à casa revisora, a PEC deve seguir o mesmo processo da
casa iniciadora. Caso não seja obtido o quórum mínimo em um dos dois turnos de
votação, a proposta será rejeitada, mesmo que na casa iniciadora tenha sido aprovada
conforme exige o texto constitucional.
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Lei ordinária: 01 turno em cada casa com maioria simples (maioria simples é
maioria, presente a maioria absoluta dos senadores ou deputados).

2 - Entendimento da Constituição como a norma jurídica fundamental – Pirâmide de


Kelsen
A Constituição se encontra no topo da pirâmide, assim a Constituição Federal encontra
validade nela mesma, já que é a norma superior, é a norma jurídica fundamental.

3 - Existência de órgão dotado de competência para a realização da atividade do


controle.
No nosso país todos os poderes realizam controle de constitucionalidade,
LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO, tanto repressivo quanto preventivo,
CONTROLE JURISDICIONAL PELO PODER JUDICIÁRIO, CONTROLE POLÍTICO
PELO EXECUTIVO E LEGISLATIVO.

4 - Previsão de sanção para a conduta (positiva ou não) realizada contra a


desconformidade com a Constituição: SE ESTÁ EM DESCONFORMIDADE COM O
TEXTO CONSTITUCIONAL SERÁ RETIRADA DO SISTEMA, DO ORDENAMENTO.

COM A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE, EM REGRA, NO BRASIL


ASSUME EFEITOS RETROATIVOS EX TUNC, RETIRANDO A NORMA DO SISTEMA
COMO SE NUNCA TIVESSE EXISTIDO, MAS PODE SER RELATIVIZADO CONFORME
APRENDEREMOS AO LONGOS DAS AULAS, isso porque em certas situações
jurídicas não podem mais ser desconstituídas.
A eliminação retroativa de normas vigentes no ordenamento pode gerar situações
de verdadeiro "caos" jurídico, ocasionando tremenda insegurança para aqueles que
pautaram seus atos pela lei inconstitucional.
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5 - DENTRO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PRECISAMOS TAMBÉM


FALAR EM SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Estrutura piramidal de Kelsen, sabemos que essa pirâmide tem três estágios, no
entanto, a nossa possui 04, pelo fato de que o STF adotou a compreensão da
existência de normas supra legais: tratados internacionais de direitos humanos
aprovados sem o rito especial das emendas constitucionais, valendo assim mais
que as leis e menos que a CF.
TODAS AS NORMAS DO ORDENAMENTO DEVEM SER COMPATÍVEIS COM A CF.
Essa verificação de compatibilidade entre as normas e a CF se trata do controle de
constitucionalidade.
Atos normativos passam por duplo grau vertical de controle de constitucionalidade,
vertical, para cima, passando por controle de convencionalidade, ou seja, devem
estar de acordo com os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos
e também controle de constitucionalidade, compatíveis com a norma
constitucional.
Controle de convencionalidade é o nome dado à verificação da compatibilidade
entre as leis de um Estado com as normas dos tratados internacionais firmados e
incorporados à legislação do país.
Para a verificação se uma norma é constitucional ou não temos que pensar,
confrontaremos a norma perante o que?
Dai entramos no conceito de bloco de constitucionalidade – O STF adota o conceito
restrito de bloco de constitucionalidade, SENDO PARÂMETRO DE CONTROLE O
TEXTO DA CONSTITUIÇÃO, TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS,
NO RITO DE APROVAÇÃO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS. 2T, 3/5, CD CASA DO
CN).
O MARCO TEMPORAL É A DATA 05/10/88, DIA DE PROMULGAÇÃO DA CF.
Professora: Izabel Luana
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ASSIM DAQUI PRA FRENTE TODAS AS NORMAS EDITADAS OU SERÃO


CONSTITUCIONAIS OU INCONSTITUCIONAIS, MATERIALMENTE
INCONSTITUCIONAL PORQUE OFENDE O CONTEÚDO CONSTITUCIONAL, OU
FORMAL PORQUE NÃO SEGUIU O PROCEDIMENTO PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO.

NOTA-SE QUE VÁRIAS LEIS EXISTIAM ANTES DA CF E QUE CONTINUAM


VIGORANDO, MAS ESTÃO VIGORANDO POIS SÃO COMPATÍVEIS COM A CF
ATUAL, AFIRMA-SE QUE A NORMA INFRACONSTITUCIONAL FOI RECEPCIONADA,
NO ENTANTO SE BARRADA, NÃO SE FALA EM INSCONSTITUCIONALIDADE, MAS
SIM REVOGAÇÃO.

ANTES DE 88: JUIZO DE RECEPÇÃO VS JUIZO DE REVOGAÇÃO.


O BRASIL NÃO ADMITE A INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE, OLHA-SE
FRENTE A CONSTITUIÇÃO DA ÉPOCA VIGENTE.

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