Você está na página 1de 12

LIVRO

STF JURISPRUDÊNCIA POLÍTICA (OSCAR VILHENA VIEIRA)

CAPÍTULO 5 (STF NO SISTEMA POLÍTICO 1890 A 1988)

Órgão de cúpula do Poder Judiciário, que cabia limitar a atuação do Estado aos
parâmetros estabelecidos pela Constituição

Foi criada após a promulgação da Constituição de 1891

Tem sofrido inúmeras limitações, pressões. Tanto é que tivemos diversas aposentadorias
compulsórias de ministros

Inspirado pela suprema corte americana

Seu papel era resolver conflitos entre os entes da federação e julgar em grau de recurso
as sentenças que fossem contra leis ou atos governamentais em face da Constituição.

“quando se contestar a validade de leis ou atos dos governos dos Estados em face da
Constituição, ou das leis federais e a decisão do Tribunal do Estado que considerar válidos
esses atos ou essas leis impugnadas.”

Por conta da postura de omissão que a grande massa do setor judiciário, por muito tempo
o STF esteve de segundo plano, e por muitos anos esteve nessa posição

1.1. A MATRIZ NORTE-AMERICANA


“o órgão que, desde 1822 até 1937, mais faltou à República não foi o Congresso, foi o
Supremo Tribunal Federal.”

“A magistratura, que agora se instala no país graças ao regime republicano, não é


instrumento cego, ou mero intérprete, na execução dos atos do Poder Legislativo. Antes
de aplicar a lei cabe-lhe o direito de exame, podendo dar-lhe ou recusar-lhe sanção (...).
Aí está posta a profunda diversidade de índole entre o Poder Judiciário, tal como estava
instituído no regime decaído, e aquele que agora se inaugura.”

Quando criado o órgão do Poder Judiciário, a composição da casa permaneceu a mesma


do antigo Tribunal de Justiça do Império, mas o Tribunal logo começou a caminhar.
Ainda na Primeira República houve a construção da doutrina do Habeas Corpus,
instrumento de defesa de direitos inscritos na Constituição (aumentando os direitos
defensáveis por intermédio deste remédio legal. Relevância do debate constitucional e
das ações levadas a cabo pelo Supremo.) .

Floriano Peixoto (tinha mandato presidencial na época) não preencheu vagas de juízes
que se aposentaram, inibindo a possibilidade do Supremo de julgar, já que não era
alcançado o quórum mínimo previsto por lei para o seu funcionamento.

1.2. A SUBMISSÃO AO PODER DISCRICIONÁRIO

Período Vargas: submissão do Supremo em relação ao governo.

Suspensão das garantias judiciais dos magistrados e a exclusão do âmbito do judiciário


da apreciação dos atos do governo provisório, pelo Dec.19.398, assim como a
aposentadoria de alguns ministros.

Senado Federal ganha nova competência: suspender a execução de qualquer lei ou ato,
deliberação ou regulamento, quando hajam sido declarados inconstitucionais pelo Poder
Judiciário. A partir desse dispositivo as declarações de inconstitucionalidade proferidas
pelo Supremo não mais vinculariam apenas as partes no processo, pois deveriam ser
informadas ao Senado que suspenderia a execução da lei inconstitucional, afetando toda
a sociedade. Desse modo o tribunal não seria obrigado a retornar a uma mesma questão
jurídica.
Procurador Geral da República compete em arguir, junto ao Supremo, a
inconstitucionalidade de lei estadual que contrariasse os princípios constitucionais
arrolados no art. 7 da CF.

Supremo perde muito de sua autonomia a partir de 1037, com o advento do Estado Novo.

Getúlio Vargas pôs fim na eleição do mais antigo membro para a presidência do Tribunal.
Com a Carta de 1937, o Congresso passa a ter a possibilidade de reverter a declaração de
inconstitucionalidade prolatada pelo Supremo. Essa medida retirava do Supremo o poder
de dizer a última palavra sobre a validade de uma norma.

1.3. DA INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA À CONCENTRAÇÃO


DE PODERES IMPOSTA PELA EMENDA 16, DE 1965

Constituição de 1946 adotou o sistema prevendo possibilidade de controle da


constitucionalidade por via de ação direta nos casos de intervenção federal. “O ato Comentado [RB1]: O que é a intervenção federal? A
intervenção federal é um procedimento regulado pelos
arguido de inconstitucionalidade será submetido pelo Procurador Geral da República ao artigos 34 e 36 do capítulo VI da Constituição. Em condições
normais, o governo federal não pode intervir nos estados,
exame do STF, e, se este a declarar, será decretada a intervenção.” A declaração de mas o artigo 34 traz situações em que isso pode ocorrer,
inconstitucionalidade pelo STF deveria redundar em automática decretação de como manter a integridade do território brasileiro, ...

intervenção, mas não se fazia necessária já que uma vez que a lei impugnada pelo STF
teria efeito suspenso, não sendo necessária intervenção. Isso só geraria conflitos entre a Comentado [RB2]: E no fim várias leis foram declaradas
inconstitucionais e nem geraram intervenção.
União, os Estados e o poder do Estado para o Supremo.

Dessa forma, apesar de esperarmos que o STF funcione como


"corretivo" das decisões dos políticos, há limites para a sua
atuação - o que ficou bem claro durante a ditadura, por exemplo.

Antes havia garantias constitucionais dos magistrados em geral, como inamovibilidade,


vitaliciedade e estabilidade.

Passa ao supremo a competência de julgar ações diretas de inconstitucionalidade. Com a


ação direta, a partir de uma só decisão do Supremo, seria possível impedir a formação de
inúmeras lides em torno de uma mesma questão de inconstitucionalidade.
O controle da constitucionalidade por via de ação direta, propriamente dito, apenas surgiu no
Brasil por força da Emenda n. 16, editada em 1965. O governo militar, neste mesmo ano,
através do Ato Institucional n. 2, ampliou o número de ministros no Supremo de onze para
dezesseis, garantindo, a partir da nomeação de cinco novos ministros, uma maioria de votos
favoráveis ao governo. Suspenderam as garantias constitucionais dos magistrados em geral,
como inamovibilidade, vitaliciedade e estabilidade.

O problema surge na forma pela qual se configurou a legitimidade ativa, ou seja, a


capacidade de provocar a jurisdição do Supremo. Atribuído com exclusividade ao
Procurador Geral da República, demissível ad nutum pelo Presidente, tornou-se um
instrumento de pouco valor no controle dos atos inconstitucionais produzidos pelo
Executivo ou de interesse deste. O Supremo Tribunal Federal só chegaria a apreciar uma
questão de inconstitucionalidade, por via de ação direta, se esse alto funcionário, de
confiança do Presidente, assim o quisesse. Surgiu dessa maneira um método de controle
concentrado não apenas no sentido técnico-jurídico, mas principalmente político.

1.4. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DE COSTA E SILVA A SARNEY

Todas as medidas de exceção, como a tortura e as prisões ilegais, foram excluídas do


controle do Judiciário. O Supremo não ofereceu resistência ao governo militar após os
confrontos e afastamentos dos ministros.

CAPÍTULO 6 (A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E O STF)

A Constituição de 1988 não trouxe grandes modificações para o STF, somente


redefinição do seu papel no sistema político-constitucional brasileiro.

2.1 REDEFINIÇÃO DE COMPETÊNCIAS


Manteve basicamente o mesmo grupo de competências já outorgadas ao Supremo, com a
novidade de apreciar os casos de omissão inconstitucional através de dois institutos: o da
inconstitucionalidade por omissão e o mandado de injunção.

Ainda criou-se: “a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo


federal” e o art. 102, que confere competência de apreciar ADPFs (arguições de
descumprimento de preceito fundamental) decorrentes da constituição.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-
lhe:

Competências ORIGINÁRIAS

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação


declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do


Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado, ressalvado
o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os
chefes de missão diplomática de caráter permanente ;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado
de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República
e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal
ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 22, de 1999)

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de


atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e


aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre


Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

RECURSAIS (ORDINÁRIAS OU EXTRAORDINÁRIAS)

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação


declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do


Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação
declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

Quanto à prestação jurisdicional, as competências do STF podem ser divididas em três


esferas:

- a jurisdição constitucional de controle abstrato da constitucionalidade, que se


refere à competência originária do STF para processar e julgar ações diretas de
inconstitucionalidade, por ação ou omissão (o que é uma novidade), a ação
declaratória de constitucionalidade. Bem como a suspensão cautelar do ato
normativo impugnado na ação direta de inconstitucionalidade ou
constitucionalidade.

- a jurisdição constitucional de proteção de direitos, que se refere à competência do


Supremo para apreciar originariamente ou por força de recurso os remédios
constitucionais: Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Habeas Data e Mandado
de Injunção, voltados à garantia de direitos

- a jurisdição constitucional sem controle da constitucionalidade. Nessa esfera estão


incluídas aquelas questões relativas ao julgamento de altas autoridades da
República, como o Presidente da República, por crimes comuns, a resolução de
litígios entre o Estado estrangeiro e União, conflitos entre os estados-membros ou
entre estes e a União, entre outras competências.
Algumas das competências do Supremo estabelecidas pela ordem constitucional anterior
foram transferidas para o STJ também criado pela nova Constituição, com o objetivo de
reduzir a carga de trabalho no Supremo Tribunal Federal.

Inúmeras matérias que poderiam ter sido transferidas a outros tribunais superiores não o
foram.

Ficou desta forma o Supremo Tribunal Federal encarregado de diversas questões que se
afastam de sua função principal de "guarda da Constituição" (art. 102, caput) e em certa
medida prejudicando o bom desempenho desta atribuição.

2.2 CONTROLE DAS OMISSÕES INCONSTITUCIONAIS

A preocupação de controlar as omissões inconstitucionais para que a constituição não


fique provida de eficácia veio com a função da inoperância de poderes responsáveis pela
produção de atos infraconstitucionais.

2.3 DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

2.4 AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE

2.5 AMPLIAÇÃO DAS HIPÓTESES DE CONTROLE MATERIAL DA


CONSTITUCIONALIDADE DE EMENDAS À CONSTITUIÇÃO
2.6 AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

2.7 MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E O CONTROLE DA


CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS

2.8 CONCLUSÃO

Ampliação dos agentes legitimados a propor ação direta de inconstitucionalidade e a


autonomia entregue ao Ministério Público Federal, reforçando as suas funções
tradicionais.

Ampliação de hipóteses de controle material da constitucionalidade de emendas à


Constituição, podendo o STF controlar o poder constituinte reformador

Permitida ao supremo afastar o controle difuso de constitucionalidade por parte dos


demais órgãos do judiciário.

Em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF), por ser a mais alta


instância do Poder Judiciário e, ao mesmo tempo, guardião último da
Constituição Federal, suas decisões devem ser respeitadas e cumpridas.

A função primordial do STF, assim como das cortes supremas de outras


nações, é garantir a aplicação da Constituição Federal. Dessa forma, o
Supremo tem o poder de anular leis criadas pelo Congresso Nacional ou
decretos presidenciais e atos administrativos de qualquer órgão público
caso considere que eles contrariem a Carta.
http://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/20anossus/legislacao/constituicaofeder
al.pdf

Constituição Federal de 24 de Fevereiro de 1891


Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para
organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e promulgamos a
seguinte
Art 59 - Ao Supremo Tribunal Federal compete:
I - processar e julgar originária e privativamente:
a) o Presidente da República nos crimes comuns, e os Ministros de Estado nos casos do
art. 52;
b) os Ministros Diplomáticos, nos crimes comuns e nos de responsabilidade;
c) as causas e conflitos entre a União e os Estados, ou entre estes uns com os outros;
d) os litígios e as reclamações entre nações estrangeiras e a União ou os Estados;
e) os conflitos dos Juízes ou Tribunais Federais entre si, ou entre estes e os dos Estados,
assim como os dos Juízes e Tribunais de um Estado com Juízes e Tribunais de outro
Estado.
II - julgar, em grau de recurso, as questões resolvidas pelos Juízes e Tribunais Federais,
assim como as de que tratam o presente artigo, § 1º, e o art. 60;
III - rever os processos, findos, nos termos do art. 81.
§ 1º - Das sentenças das Justiças dos Estados, em última instância, haverá recurso para o
Supremo Tribunal Federal:
a) quando se questionar sobre a validade, ou a aplicação de tratados e leis federais, e a
decisão do Tribunal do Estado for contra ela;
b) quando se contestar a validade de leis ou de atos dos Governos dos Estados em face
da Constituição, ou das leis federais, e a decisão do Tribunal do Estado considerar
válidos esses atos, ou essas leis impugnadas.
§ 2º - Nos casos em que houver de aplicar leis dos Estados, a Justiça Federal consultará
a jurisprudência dos Tribunais locais, e vice-versa, as Justiças dos Estados consultarão a
jurisprudência dos Tribunais Federais, quando houverem de interpretar leis da União.

Você também pode gostar