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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

DIREITO 6° SEMESTRE – TURMA NX6

DIREITO CONSTITUCIONAL IV - SEMINÁRIO I

PROFESSOR DR. PIETRO DE JESÚS LORA ALARCÓN

LUIZ FELIPE MONTEIRO NOGUEIRA - RA00276445

SÃO PAULO - SP
SETEMBRO – 2022
As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) são abertas com o fito de investigar
possíveis crimes ou desvios realizados por agentes públicos e políticos de grande relevância
nacional, exercendo regular exercício da função jurisdicional, devendo ser pautado pelo
respeito à Constituição, ou seja, não transgride o princípio da separação de poderes.

O sistema constitucional brasileiro, previu o desempenho da competência


investigatória das CPIs, sendo uma das formas do Legislativo executar sua finalidade
fiscalizadora perante os demais órgãos da federação. O entendimento da Suprema Corte em
relação às CPIs reside no entendimento de que seus excessos e inconstitucionalidades devem
ser controlados pela Egrégia Corte.

As Comissões Parlamentares de Inquérito são parte constitutiva de nossa Constituição


e podem ser controladas pelo Poder Judiciário, não se caracterizando como violação ao
princípio da separação de poderes. Sendo assim, os julgados apresentados deixam claro que as
competências de uma CPI devem seguir as limitações impostas ao seu caráter investigativo,
não podendo realizar atos resguardados ao Poder Judiciário ou extrapolar as limitações legais.
Dessa forma, é imprescindível o entendimento acerca de suas faculdades, que se apresenta
abaixo:

Normas reguladoras Art. 58, § 3º, Constituição Federal. Além da Lei 1.579, de 1952

A CPI não pode julgar, nem punir investigados, apenas investigar


fatos determinados. É vedada a determinação de medidas
Vedações
cautelares (prisões provisórias, indisponibilidade de bens, arresto
e sequestro) ou qualquer medida que dependa de decisão judicial

120 dias, podendo ser prorrogados por mais 60 dias mediante


Extensão
aprovação da maioria absoluta de seus membros

Surge a partir de Ato do Presidente (Congresso) na tentativa de


apurar fato determinado, mediante requerimento de senadores,
Motivação de deputados ou em conjunto, no caso de CPIs mistas.
Independentemente, o quórum necessário para aprovação é de ⅓
dos membros das Casas (27 senadores e 171 deputados).
Objetivo Exercício de atividade fiscalizadora do Legislativo

Inquirir testemunhas; ouvir suspeitos; requisitar prisão em caso


de flagrante delito; requisitar da administração pública direta,
indireta ou fundacional informações e documentos; tomar o
depoimento de autoridades; requerer a convocação de ministros
de Estado; deslocar-se a qualquer ponto do país para realizar
investigações e audiências públicas; requisitar servidores de
Competências
outros poderes para auxiliar nas investigações; quebrar sigilo
bancário, fiscal e de dados, desde que por ato devidamente
fundamentado, com o dever de não dar publicidade aos dados.
Ao término da CPI, um relatório é encaminhado ao Ministério
Público ou à Advocacia-Geral da União, órgãos competentes para
requerer a responsabilização civil e criminal dos investigados.

Cabe ressaltar o conceito dos “poderes de investigação” das comissões, sendo disposto
no Art. 68, §3°, da Constituição Federal, que atribui às casas legislativas “poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas casas”.

Em adição, a Lei 1.579, determina as competências acerca do procedimento da


comissão, como as diligências possíveis, a convocação de testemunhas e o requerimento de
documentos. É importante apontar que as competências e funções são limitadas pelo
estabelecido na Constituição.

O tema é explorado no Mandado de Segurança 23.452, de relatoria do Ministro Celso


de Mello, que discorre que os poderes investigatórios da CPI são os próprios de autoridades
judiciais, não cabendo uma interpretação extensiva de suas competências e funções comuns às
autoridades estatais, como a fundamentação do pedido que é o caso em lide:

“(...)

O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à esfera


única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização,
por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política,
somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja
eventualmente atribuído o exercício de "poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais". A cláusula constitucional da reserva de jurisdição - que incide
sobre determinadas matérias, como a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a
interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da prisão de qualquer
pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) - traduz a noção de que,
nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir
a última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira
palavra, excluindo-se, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a própria
Constituição, a possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de
quaisquer outros órgãos ou autoridades do Estado. (STF - MS: 23452 RJ , Relator:
Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 16/09/1999, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJ 12-05-2000 PP-00020 EMENT VOL-01990-01 PP-00086)”

Na mesma decisão, é colocado que os poderes da CPI não podem extrapolar as


restrições impostas pela Constituição Federal, devendo ser pautadas pelo respeito aos direitos
fundamentais estabelecidos, existindo exceções - previstas constitucionalmente e nos
entendimentos acerca dos dispositivos constitucionais.

Os julgados do STF se colocam na posição de, em um possível embate entre


prerrogativas da CPI e direitos fundamentais, os direitos fundamentais sejam sobrepujados. O
entendimento é de que as CPIs são limitadas constitucionalmente à “indagação probatória”, e
qualquer medida considerada necessária e que pretenda afetar qualquer direito fundamental,
deverá ser examinada pelo STF.

Dessa forma, o respeito à reserva de jurisdição deve ser mantido, não sendo
competência das comissões a formulação de acusações ou de punições, como colocado no
trecho a seguir:

“ (...)

OS PODERES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO, EMBORA


AMPLOS, NÃO SÃO ILIMITADOS E NEM ABSOLUTOS . - Nenhum dos Poderes da
República está acima da Constituição. No regime político que consagra o Estado
democrático de direito, os atos emanados de qualquer Comissão Parlamentar de
Inquérito, quando praticados com desrespeito à Lei Fundamental, submetem-se ao
controle jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV). As Comissões Parlamentares de Inquérito
não têm mais poderes do que aqueles que lhes são outorgados pela Constituição e
pelas leis da República. É essencial reconhecer que os poderes das Comissões
Parlamentares de Inquérito - precisamente porque não são absolutos - sofrem as
restrições impostas pela Constituição da República e encontram limite nos direitos
fundamentais do cidadão, que só podem ser afetados nas hipóteses e na forma que a
Carta Política estabelecer. Doutrina. Precedentes. LIMITAÇÕES AOS PODERES
INVESTIGATÓRIOS DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO . - A
Constituição da República, ao outorgar às Comissões Parlamentares de Inquérito
"poderes de investigação próprios das autoridades judiciais" (art. 58, § 3º),
claramente delimitou a natureza de suas atribuições institucionais, restringindo-as,
unicamente, ao campo da indagação probatória, com absoluta exclusão de quaisquer
outras prerrogativas que se incluem, ordinariamente, na esfera de competência dos
magistrados e Tribunais, inclusive aquelas que decorrem do poder geral de cautela
conferido aos juízes, como o poder de decretar a indisponibilidade dos bens
pertencentes a pessoas sujeitas à investigação parlamentar. A circunstância de os
poderes investigatórios de uma CPI serem essencialmente limitados levou a
jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal a advertir que as
Comissões Parlamentares de Inquérito não podem formular acusações e nem punir
delitos (RDA 199/205, Rel. Min. PAULO BROSSARD), nem desrespeitar o privilégio
contra a auto-incriminação que assiste a qualquer indiciado ou testemunha (RDA
196/197, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 79.244-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA
PERTENCE), nem decretar a prisão de qualquer pessoa, exceto nas hipóteses de
flagrância (RDA 196/195, Rel. Min. CELSO DE MELLO - RDA 199/205, Rel. Min.
PAULO BROSSARD). (...) (STF - MS: 23452 RJ , Relator: Min. CELSO DE MELLO,
Data de Julgamento: 16/09/1999, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ
12-05-2000 PP-00020 EMENT VOL-01990-01 PP-00086)”

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