Você está na página 1de 4

Imunidades parlamentares

As prerrogativas parlamentares se distinguem em duas espécies principais


Imunidades material
Imunidade formal
art. 53 da CF/88

OBS: as imunidades parlamentares são irrenunciáveis por decorrerem da função


exercida, e não da figura do parlamentar.

Imunidade Material -caput - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e


penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
É verdadeiro caso de irresponsabilidade geral
A Inviolabilidade, por opiniões, palavras e votos abrange os parlamentares federais (art.
53, CF 88), os deputados estaduais (art. 27, § 1º, CF 88) e, nos limites da circunscrição
de seu Município, os vereadores (art. 29, VIII, CF 88)- sempre no exercício do mandato.
Prevista no art. 53, caput, a imunidade material garante que os parlamentares federais
são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos,
desde que proferidos em razão de suas funções parlamentares, no exercício e
relacionados ao mandato (trata-se de manifestações que possuem nexo de causalidade
com a atividade parlamentar), não se restringindo ao âmbito do Congresso Nacional.
OBS: A imunidade material é absoluta? Abrange o discurso de ódio (hate speech)?
Os precedentes do STF no sentido de não se reconhecer a imunidade material são em
situações desvinculadas da atividade parlamentar.

Imunidade Formal - § 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso


Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso,
os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão;
FREEDOM FROM ARREST
OBS: O STF entende que sentença condenatória criminal transitada em julgado também
é fato que autoriza a prisão de deputados federais e senadores, por ser conforme o art.15
da CF/88 fato que gera a suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos
da pena.

Por todo o exposto, as regras sobre a prisão dos parlamentares federais podem ser assim
resumidas:
■ regra geral antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória: os
parlamentares federais não poderão ser presos, seja a prisão penal processual (também
denominada prisão provisória ou cautelar, englobando aí a prisão temporária, em
flagrante delito de crime afiançável e a preventiva),35 seja a prisão civil (art. 5.º,
LXVII);36
■ única exceção à regra geral: a única hipótese em que será permitida a prisão do
parlamentar federal, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória e
desde a expedição do diploma, será em caso de flagrante de crime inafiançável;37
■ flagrante de crime inafiançável: mesmo nessa hipótese, de acordo com o art. 53, § 2.º,
os autos deverão ser remetidos à Casa Parlamentar respectiva (por exemplo, sendo
Deputado Federal, para a Câmara dos Deputados), no prazo de 24 horas, para que, pela
maioria absoluta de seus membros (quorum qualificado, cf. Inf. STF 28/96) e pelo voto
aberto, decida sobre a prisão;
Caso o parlamento decida pela manutenção da prisão, segue-se a análise do poder
judiciário (STF) em audiência de custódia, para decidir sobre a prisão cautelar.
■ prisão em caso de sentença judicial transitada em julgado (STF): evoluindo a decisão
proferida no julgamento do “mensalão”, AP 470 (decisões em 17 e 21.12.2012), pela
qual se reconhecia a perda automática do mandato (art. 15, III), o STF, em momento
seguinte (08.08.2013), no julgamento da AP 565, passou a estabelecer que a perda do
mandato de parlamentar condenado não é automática, devendo ser observada a regra do
art. 55, § 2.º, CF/88 (cf. item 9.11.4).
OBS: seria possível, também, a aplicação de outras medidas cautelares diversas da
prisão, descritas no art. 319 do CPP?
O STF, então, no dia 11.10.2017, portanto, uma semana antes da data que havia sido
fixada para a análise pelo Senado Federal da medida tomada pela 1.ª Turma nos autos
da AC 4.327, estabeleceu duas importantes teses:

■ medidas cautelares diversas da prisão (10 x 1): “o Poder Judiciário dispõe de


competência para impor, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o
art. 319 do Código de Processo Penal”;
■ necessidade de controle político (aplicação analógica do art. 53, § 2.º — 6 x 5): “o
Tribunal, também por votação majoritária, deliberou que se encaminhará à Casa
Legislativa a que pertencer o parlamentar, para os fins a que se refere o art. 53, § 2.º, da
Constituição, a decisão pela qual se aplique medida cautelar, sempre que a execução
desta impossibilitar, direta ou indiretamente, o exercício regular de mandato
parlamentar” (ADI 5.526, Pleno, STF, j. 11.10.2017, DJE de 07.08.2018, pendente o
julgamento dos embargos de declaração).
§ 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação;
Assim, de acordo com a nova regra trazida pela EC n. 35/2001:
■ não há mais necessidade de prévio pedido de licença para se processar parlamentar
federal no STF, podendo, no máximo, a Casa legislativa, por iniciativa de partido
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, sustar o andamento
da ação penal de crime ocorrido após a diplomação. Isso significa dizer que ainda há
imunidade para o processo criminal contra o parlamentar, só que de maneira mitigada,
já que, para o seu implemento, ela dependerá de ação da Casa, e não de sua inação,
como se verificava antes. Conforme argumentou José Fogaça, “... não se elimina a
possibilidade de o parlamento sustar um processo criminal contra um de seus membros
quando verificar que esse está carregado de um viés exclusivamente político, mas não
se permite a impunidade pelo simples fato de não haver decisão” (DSF de 13.12.2001,
p. 30789-30790);
■ não há mais imunidade processual em relação a crimes praticados antes da
diplomação. Diferentemente das regras fixadas para crimes praticados após a
diplomação, pela nova sistemática não haverá necessidade de o STF dar ciência à
respectiva Casa de ação penal de crime praticado antes da diplomação. Nessas
hipóteses, por conseguinte, não poderá, também, a respectiva Casa, por iniciativa de
partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, sustar o
andamento da aludida ação.44

§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável


de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora;
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Foro Privilegiado- § 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
■ “o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas”; e
■ “após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação
para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou
deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo”.
OBS: A renúncia ao mandato implica na perda do foro especial, exceto nos casos de
fraude processual (ciranda de processos ou valsa processual)
Súmula atualmente cancelada 394 STF:
"Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial
por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados
após a cessação daquele exercício."

Testemunho Limitado- § 6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a


testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do
mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
Incorporação às Forças Armadas- § 7º - A incorporação às Forças Armadas de
Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de
prévia licença da Casa respectiva.
Estado de sítio- § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o
estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros
da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional,
que sejam incompatíveis com a execução da medida.
Ressalte-se que aqueles que meramente reproduzem opiniões, palavras e votos de
parlamentares são também irresponsáveis civil e penalmente.

Você também pode gostar