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DO PODER LEGISLATIVO

DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é


exercido pelo Congresso Nacional,
que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá


a duração de quatro anos.
2. ESTRUTURA
A forma federativa de Estado confere uma
estrutura tríplice ao Poder Legislativo, que
é composto: Poder Legislativo
Federal,Poder Legislativo Estadual, Poder
Legislativo Municipal.
2.1 Poder Legislativo Federal:
Vigora o bicameralismo federativo:
Câmara dos deputados – Representa o
povo; Senado Federal – Representa os
Estados + DF
Art. 48 CF: atribuições do CN QUE
dependem de sanção do Presidente;
Existem matérias que se exige sanção do
presidente, essas matérias devem
tratadas por lei formal, visto que é no
processo legislativo que há a exigência de
sanção do presidente. Elas não podem ser
tratadas por ato interno do congresso
como decreto legislativo ou resolução.
Desse modo, todas as matérias inscritas
no art. 48 demandam lei formal.
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional,
com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de
competência da União, especialmente
sobre:
................
Art. 49 CF: é dispensada a manifestação
do Presidente, e são materializadas por
decreto legislativo. Matérias do art. 49, 51
e 52 da Constituição, que são as
competências privativas do Congresso
Nacional e de suas casas. Essas
competências privativas podem ser
exercidas por atos internos, que
independem de sanção presidencial. Elas
são: o decreto legislativo e a resolução.
art. 49 XVIII - decretar o estado de
calamidade pública de âmbito
nacional previsto nos arts. 167-B, 167-
C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta
Constituição. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de
2021)
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-
se de representantes do povo, eleitos, pelo
sistema proporcional, em cada Estado, em
cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem
como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições,
para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais
de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro
Deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de
representantes dos Estados e do Distrito
Federal, eleitos segundo o princípio
majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal
elegerão três Senadores, com mandato de
oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do
Distrito Federal será renovada de quatro
em quatro anos, alternadamente, por um
e dois terços.
Obs.: A Perda do mandato por
infidelidade partidária não se aplica a
cargos eletivos majoritários.

Competências privativas: materializadas


através de resoluções, NÃO dependendo
de sanção presidencial. DECORAR Art. 52
CF/88.
Art. 52. Compete privativamente ao
Senado Federal:
.........
Competência privativas, Materializadas
por meio de resoluções e NÃO dependem
de sanção presidencial.

Art. 51. Compete privativamente à


Câmara dos Deputados: I - autorizar, por
dois terços de seus membros, a
instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da
República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Pres. da
Rep., quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de 60 dias após a abertura da
sessão legislativa; III - elaborar seu regimento
interno; IV - dispor sobre sua organização,
funcionamento, polícia, criação, transformação
ou extinção dos cargos, empregos e funções de
seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação
da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; V - eleger membros do Conselho
da República, nos termos do art. 89, VII.
DAS REUNIÕES
7.1 Sessão Legislativa Ordinária:
O Congresso Nacional reunir-se-á,
anualmente, na Capital Federal, de 02/02/
a 17/07 e de 01/08 a 22/12 (períodos de
sessão legislativa ordinária). A sessão
legislativa NÃO será interrompida sem a
aprovação do projeto de LDO.
Legislatura = 04 sessões legislativas.
Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI
art. 58 § 3º As comissões parlamentares
de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou
separadamente, mediante requerimento
de um terço de seus membros,
para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se
for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.
A CPI pode, por autoridade própria,
sempre por decisão fundamentada e
motivada, determinar:
*Quebra de sigilo fiscal;
*Quebra de sigilo bancário – Segundo o
STF, a validade jurídica da quebra de sigilo
bancário determinada por CPI demanda
aprovação da maioria absoluta dos
membros que compõem o órgão de
investigação legislativa (Princípio da
colegialidade).
*Quebra do sigilo de dados, com destaque
para o sigilo dos dados telefônicos.

INF. 890, STF – CPI pode quebrar sigilo de


dados, porém deve respeitar o caráter
sigiloso dos mesmos, não podendo torná-
los públicos. Há uma transferência de
sigilo. Os dados obtidos por meio da
quebra dos sigilos bancário, telefônico e
fiscal devem ser mantidos sob reserva.
Assim, a página do Senado Federal na
internet não pode divulgar os dados
obtidos por meio da quebra de sigilo
determinada por comissão parlamentar
de inquérito (CPI). STF. Plenário.
26/4/2018 (Info 899)
*Requisitar de repartições públicas e
autárquicas informações e documentos;
Transportar-se aos lugares onde seja
necessária a sua presença.
A CPI pode ainda:* Determinar diligências
que reportarem necessárias;
*Requerer convocação de Ministros de
Estado;
*Tomar depoimento de quaisquer
autoridades federais, estaduais ou
municipais;
*Ouvir os indiciados: Deve respeitar o
direito ao silêncio, podendo o indiciado
deixar de responder às perguntas que
possam incriminá-lo
* Inquirir testemunhas sob compromisso,
sob pena de condução coercitiva: As
testemunhas prestam o compromisso de
dizer a verdade, sob pena de falso
testemunho, e a elas é assegurado o
direito ao silêncio, caso tenha que prestar
alguma informação que a incrimine;
Em inúmeras decisões, o Supremo
Tribunal Federal garantiu que depoentes
em comissões parlamentares de inquérito
se mantivessem em silêncio diante de
perguntas que lhes pudessem ser de
alguma forma prejudiciais
A CPI NÃO poderá praticar determinados
atos de jurisdição (cláusula de reserva
jurisdicional):
*Diligência de busca domiciliar;
*Interceptação telefônica;
*Ordem de prisão, SALVO em flagrante
delito por crime de falso testemunho;
*Decretar medidas assecuratórias
(arresto, sequestro, hipoteca legal), se
inserem no poder geral de cautela do Juiz,
sendo atos tipicamente jurisdicionais.
*Levantar o segredo de justiça.
*Decretar busca e apreensão em local
sujeito à inviolabilidade domiciliar
O investigado é obrigado a comparecer na
sessão da CPI para ser ouvido?
Em caso de empate, prevalece a decisão
mais favorável ao paciente. Assim, a 2ª
Turma do STF concedeu a ordem de habeas
corpus para transformar a obrigação de
comparecimento, em facultatividade e
deixar a cargo do paciente a decisão de
comparecer ou não à Câmara dos
Deputados, perante a CPI, para ser ouvido
na condição de investigado. STF.(Info 942).
Conclusões: As CPIs NUNCA podem impor
penalidades ou condenações. Os
Presidentes da Câmara dos Deputados,
Senado Federal ou CN encaminharão o
relatório da CPI e a resolução que o
aprovar aos chefes do MPU ou dos Estados
para a responsabilização civil,
administrativa ou criminal dos infratores.
OBS.1: É competência originárias do STF
processar e julgar MS e HC impetrados
contra CPIs constituídas no âmbito do CN
ou de quaisquer de suas casas.
OBS.2: STF E REGRA DA
PREJUDICIALIDADE: Será prejudicada as
ações de MS e HC sempre que,
impetrados contra CPIs, vierem estas a se
extinguir em virtude de conclusão de seus
trabalhos investigatórios, independente
da aprovação ou não do relatório final.
(Há ainda precedente do STF que NÃO
aceita a regra da prejudicialidade).
IMUNIDADES PARLAMENTARES
São prerrogativas inerentes à função
parlamentar, garantidoras da liberdade do
exercício das funções. Podem ser:
A) Imunidade Material, Real ou
Substantiva: Inviolabilidade civil pelas
Opiniões, palavras e votos;
B) Imunidade Processual, Formal ou
Adjetiva: Regras sobre prisão e processo
dos parlamentares.
IMUNIDADE MATERIAL OU
INVIOLABILIDADE PARLAMENTAR
Art. 53. Os Deputados e Senadores são
invioláveis, civil e penalmente, por
quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos.
Informativo 831: a primeira turma do STF
entendeu que a imunidade material
absoluta do parlamentar deve ser
relativizada, dependendo de análise de
nexo funcional, quando este proferir
palavras e opiniões, dentro do recinto
parlamentar, PORÉM DIRIGIDO A
VEÍCULO DE IMPRENSA E
DESTINADO À PUBLICIDADE EXTERNA e
não, ao âmbito parlamentar, em plenário.
O Deputado Federal Daniel Silveira publicou vídeo no YouTube no qual,
além de atacar frontalmente os Ministros do STF, por meio de diversas
ameaças e ofensas, expressamente propagou a adoção de medidas
antidemocráticas contra a Corte, bem como instigou a adoção de
medidas violentas contra a vida e a segurança de seus membros, em
clara afronta aos princípios democráticos, republicanos e da separação
de Poderes. Tais condutas, além de tipificarem crimes contra a honra
do Poder Judiciário e dos Ministros do STF, são previstas como crime
na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1973). Não é possível
invocar a imunidade parlamentar material (art. 53, da CF/88), neste
caso. Isso porque a imunidade material parlamentar não deve ser
utilizada para atentar frontalmente contra a própria manutenção do
Estado Democrático de Direito. Plenário. Inq 4781 Ref, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 17/2/2021 (Info 1006).
A imunidade parlamentar é uma proteção
adicional ao direito fundamental de todas as
pessoas à liberdade de expressão, previsto no
art. 5º, IV e IX, da CF/88. Assim, mesmo
quando desbordem e se enquadrem em tipos
penais, as palavras dos congressistas, desde
que guardem alguma pertinência com suas
funções parlamentares, estarão cobertas pela
imunidade material do art. 53, “caput”, da
CF/88. STF. 1ª Turma. Inq 4088/DF e Inq
4097/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
1º/12/2015 (Info 810).
IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL

I) Para a prisão: (Art. 53, §2º, CF/88)


§ 2º Desde a expedição do diploma, os
membros do Congresso Nacional não
poderão ser presos, salvo em flagrante de
crime inafiançável. Nesse caso, os autos
serão remetidos dentro de vinte e quatro
horas à Casa respectiva, para que, pelo
voto da maioria de seus membros,
resolva sobre a prisão.
O Deputado ou Senador condenado por
sentença judicial transitada pode ser preso
para cumprir pena.
Trata-se de exceção construída pela
jurisprudência do STF.
ATENÇÃO! Se a prisão for decorrente de
sentença judicial transitada em julgado, prevê
a CF/88 que a perda do mandato será decidida
pela Câmara ou Senado, por voto secreto e
maioria absoluta (modalidade: cassação do
mandato), em razão da especialidade do art.
53 em relação ao art. 15 da CF/88.
CASO AÉCIO NEVES – O STF decidiu que é
possível a aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão (art. 319 do CPP) aos
congressistas, sem que isso implique em
mácula a sua imunidade à prisão. Contudo,
sempre que tais medidas interferirem no
exercício da atividade parlamentar (como no
caso do afastamento do mandato) deve-se
remeter os autos à Casa Legislativa para que
delibere no prazo de 24 (vinte e quatro) horas
sobre a manutenção das medidas cautelares
impostas ao parlamentar (ADI 5526/DF).
Assembleia Legislativa pode rejeitar a prisão
preventiva e as medidas cautelares impostas
pelo Poder Judiciário contra Deputados
Estaduais É constitucional resolução da
Assembleia Legislativa que, com base na
imunidade parlamentar formal (art. 53, § 2º
c/c art. 27, § 1º da CF/88), revoga a prisão
preventiva e as medidas cautelares penais que
haviam sido impostas pelo Poder Judiciário
contra Deputado Estadual, determinando o
pleno retorno do parlamentar ao seu
mandato....
....O Poder Legislativo estadual tem a
prerrogativa de sustar decisões judiciais
de natureza criminal, precárias e
efêmeras, cujo teor resulte em
afastamento ou limitação da função
parlamentar. STF. Plenário. ADI 5823
MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI 5825
MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgados em 8/5/2019 (Info 939).
Imunidade Para o processo (Art. 53, §3° a
5º da CF/88)
§ 3º Recebida a denúncia contra o
Senador ou Deputado, POR CRIME
OCORRIDO APÓS A DIPLOMAÇÃO, o
Supremo Tribunal Federal dará ciência à
Casa respectiva, que, por iniciativa de
partido político nela representado e pelo
voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado
pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias
do seu recebimento pela Mesa Diretora.

§ 5º A sustação do processo suspende a


prescrição, enquanto durar o mandato
STF: Já decidiu pelo desmembramento do
processo, em razão da diferença do
regime de prescrição, em caso de ter
havido a sustação do processo de crime
praticado após a diplomação, em
concurso de agentes, por parlamentar e
outro indivíduo que não goze da
imunidade.
Prerrogativa de foro (art. 53, §1º,
CF/88)

§ 1º Os Deputados e Senadores,
desde a expedição do diploma, serão
submetidos a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal.
Em 2018 o STF mudou de entendimento a
respeito da abrangência do foro de
prerrogativa de função para
parlamentares federais fixando a sua
existência apenas para a fatos praticados
no cargo de parlamentar federal e em
razão de seu exercício
O STF adotou uma interpretação restritiva
do foro de prerrogativa de função previsto
na CF para os parlamentares federais.
*regra da contemporaneidade:

*regra da correlação/nexo funcional:


Ciranda de Processos: No mesmo julgamento
em que o STF reduziu o alcance da interpretação
sobre o foro, a Corte também estabeleceu um
marco temporal para perpetuar a competência
dos Tribunais, de modo a evitar uma ciranda de
processos e a burla à competência
constitucional.
(fim da instrução) considerada encerrada com a
publicação do despacho de intimação para a
apresentação de alegações finais.
AP 937 -Restrição ao foro por prerrogativa de função. As
normas da Constituição de 1988 que estabelecem as
hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser
interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos
crimes que tenham sido praticados durante o exercício do
cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi
praticado antes de o indivíduo ser diplomado como
Deputado Federal, não se justifica a competência do STF,
devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando
o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o
crime tenha sido cometido após a investidura no mandato,
se o delito não apresentar relação direta com as funções
exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada,
portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função
aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício
do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
Marco para o fim do foro: término da instrução
Após o final da instrução processual, com a
publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência
para processar e julgar ações penais não será mais
afetada em razão de o agente público vir a ocupar
outro cargo ou deixar o cargo que ocupava,
qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937
QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018 (Info 900).
O congressista em licença mantém o foro
por prerrogativa de função. Decidiu o STF
que, “embora licenciado para o
desempenho de cargo de secretário de
estado, o nos termos autorizados pelo art.
56, I, da CF, o membro do Congresso
Nacional não perde o mandato de que é
titular e mantém, em consequência, nos
crimes comuns, a prerrogativa de foro,
ratione muneris, perante o STF” (Inq.
3.357 – 2014).
Por outro lado, o congressista investido
em cargo de ministro de estado perde
ambas as imunidades (formal e material),
mas mantém o foro por prerrogativa de
função (Inq-QO 1070/TO – 2001; Inq 104;
Inq 777-QO). ▪ Por fim, vale ressaltar que
a prerrogativa de foro conferida aos
membros do Congresso Nacional somente
se estenderá ao suplente no caso de
efetivo exercício da atividade parlamentar
(AP 665/MT).
Obs.1: A RESTRIÇÃO DO FORO POR
PRERROGATIVA NÃO SE APLICA A
DESEMBARGADORES
Obs.2: PRORROGAÇÃO DO FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO E REELEIÇÃO
O foro por prerrogativa de função é uma
prerrogativa funcional e por isso, somente
subsiste enquanto o agente público estiver no
exercício da função (regra da atualidade). Isso
significa que, uma vez praticado um crime
durante o exercício da função e com nexo
funcional, a autoridade com foro por
prerrogativa de função deverá ser processada e
julgada perante o Tribunal competente.
No entanto, é sabido que os processos criminais
demoram muitos anos até alcançarem o
trânsito em julgado e, muitas vezes, o tempo de
duração ultrapassa o tempo de mandato
daquela autoridade com foro por prerrogativa.
Como fica a questão do foro por prerrogativa
nesses casos? R.: O STF tem recente decisão
entendendo que a prorrogação do foro por
prerrogativa de função só ocorre se houver
reeleição sucessiva e ininterrupta, não se
aplicando em caso de eleição para um novo
mandato após o agente ter ficado sem ocupar
“Questão de ordem resolvida para assentar
a prorrogação da competência criminal
originária do Supremo Tribunal Federal
exclusivamente nos casos de mandatos
cruzados de parlamentar federal, ou seja,
quando investido em mandato em casa
legislativa diversa daquela que deu causa à
fixação da competência originária, nos
termos do art. 102, I, b, da Constituição
Federal, sem solução de continuidade”. STF,
Inq. 4342, julgado em 01/04/2022.
Art. 54. Os Deputados e Senadores não
poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa
jurídica de direito público, autarquia,
empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de
serviço público, salvo quando o contrato
obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou
emprego remunerado, inclusive os de que
sejam demissíveis "ad nutum", nas
entidades constantes da alínea anterior;
II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou
diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa
jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam
demissíveis "ad nutum", nas entidades
referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja
interessada qualquer das entidades a que
se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou
mandato público eletivo.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado
ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições
estabelecidas no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado
incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada
sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por
esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos
casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em
sentença transitada em julgado.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar,
além dos casos definidos no regimento interno,
o abuso das prerrogativas asseguradas a
membro do Cong. Nac. ou a percepção de
vantagens indevidas.
CASSAÇÃO DO MANDATO:
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda
do mandato será decidida pela Câmara
dos Deputados ou pelo Senado Federal,
por maioria absoluta, mediante
provocação da respectiva Mesa ou de
partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla
defesa.
EXTINÇÃO DO MANDATO/DECLARATÓRIA:
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a
perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação
de qualquer de seus membros, ou de partido
político representado no Congresso Nacional,
assegurada ampla defesa.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a
processo que vise ou possa levar à perda do
mandato, nos termos deste artigo, terá seus
efeitos suspensos até as deliberações finais de
que tratam os §§ 2º e 3º.
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado
ou Senador:
I - investido no cargo de Ministro de Estado,
Governador de Território, Secretário de Estado,
do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura
de Capital ou chefe de missão diplomática
temporária;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo
de doença, ou para tratar, sem remuneração,
de interesse particular, desde que, neste caso,
o afastamento não ultrapasse cento e vinte
dias por sessão legislativa.
§ 1º O suplente será convocado nos casos
de vaga, de investidura em funções
previstas neste artigo ou de licença
superior a cento e vinte dias.
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo
suplente, far-se-á eleição para preenchê-
la se faltarem mais de quinze meses para
o término do mandato.
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado
ou Senador poderá optar pela
remuneração do mandato.

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