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DIREITO ELEITORAL

PROF. ALEJANDRO CÉSAR RAYO WERLANG


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Revisão Turbo | 38º Exame de Ordem
Direito Eleitoral

1. Conceito e Princípios do Direito Eleitoral

O Direito Eleitoral é um ramo autônomo do Direito Público e tem como objetivo


regular os direitos políticos e o processo eleitoral. Abrange todas as etapas do processo
eleitoral, desde o alistamento, passando pela convenção partidária, pelo registro da candidatura,
pela propaganda política, pela votação, pela apuração e, por fim, pela diplomação.
Um dos seus principais princípios é o da anualidade eleitoral, também conhecido como
princípio da anterioridade eleitoral. Vem previsto no art. 16 da CF: “A lei que alterar o processo
eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até
um ano da data de sua vigência”. Significa que toda lei que alterar o processo eleitoral passará
a viger imediatamente. Contudo, a produção de seus efeitos ocorrerá após um ano da sua
entrada em vigor. Busca-se com isso trazer segurança jurídica para as eleições, evitando-se
alterações legislativas que possam prejudicar ou beneficiar determinados candidatos ou
agremiações.

2. Sistemas Eleitorais

No Brasil, adotamos dois sistemas: majoritário e proporcional.


O sistema majoritário parte da ideia de que o candidato que obtiver mais votos vence a
eleição. Esse sistema pode ser:

a) por maioria absoluta: o candidato, para ser eleito, precisa de mais da metade dos
votos válidos. São eleitos por este sistema: Presidente da República; Governadores
dos Estados e do Distrito Federal; Prefeitos nos Municípios com mais de 200.000
eleitores (possibilidade de 2º turno);

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b) por maioria simples: o candidato, para ser eleito, precisa ter mais votos que os
demais candidatos. São eleitos por esse sistema: Prefeitos nos Municípios com
menos de 200.000 eleitores e Senadores.

No sistema proporcional adotado no Brasil (sistema proporcional com lista aberta), não
importa apenas quantos votos recebeu o candidato; importa, primeiramente, quantos votos
recebeu o partido político. Após apurado o número total de votos de todos os candidatos do
partido (e do próprio partido político), é definido o número de cadeiras que serão ocupadas pelo
partido político, qualificando-se os mais votados dentro do partido.
Para verificar quais serão os eleitos por esse sistema, utiliza-se o quociente eleitoral e o
quociente partidário, conforme arts. 106 e 107 do Código Eleitoral.
Ainda, há o chamado sistema eleitoral misto, o qual não é adotado no Brasil. Esse é um
sistema intermediário entre o sistema majoritário e o proporcional, adotado em países como
Alemanha e México.

3. Organização da Justiça Eleitoral

Segundo o art. 118 da CF/88, são órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral;


II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.

A organização e a competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais
será disciplinada por lei complementar, conforme dispõe o art. 121 da CF/88.
Nesse âmbito, cumpre informar que o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65), que é lei ordinária,
foi recepcionado pela CF/88 como Lei Complementar na parte que trata da organização e da
competência da Justiça Eleitoral.
Outra informação importante é que os juízes dos tribunais eleitorais têm investidura por
tempo determinado, ou seja, são cargos temporários. Por isso, esses membros não possuem
vitaliciedade. Essa é previsão do art. 121, § 2º, da CF/88:

Art. 121, § 2º, da CF/88. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão
por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os
substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para
cada categoria.

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No mais, os membros da Justiça Eleitoral gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis


(art. 121, § 1º, da CF/88).
Além das funções administrativas e jurisdicionais, a Justiça Eleitoral possui outras duas
importantes funções:
Função normativa: prevista no art. 1º, parágrafo único, e no art. 23, inciso IX, do Código
Eleitoral, significa que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá expedir instruções para
regulamentação da legislação eleitoral. Com base nesses dispositivos, o TSE edita resoluções.
Essas resoluções não são leis, mas são atos normativos com força de lei. Nesse sentido o art.
105 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições) afirma: até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal
Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer
sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias
para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou
representantes dos partidos políticos.
Ainda, importante lembrar do art. 23-A do Código Eleitoral:

Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art. 1º e


no inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente
autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa
à organização dos partidos políticos.

Função consultiva: é o pronunciamento da Justiça Eleitoral, sem caráter de decisão


judicial, sobre questões que lhe são apresentadas em tese (em abstrato). Esse poder de
responder a consultas é conferido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) nos arts. 23, inciso XII, e 30, inciso VIII, do Código Eleitoral:

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: (…)


XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos tribunais regionais: (…)


VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político.

3.1. Órgãos da Justiça Eleitoral


Tribunal Superior Eleitoral (TSE): É o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral. Obviamente,
o STF está acima do TSE, mas o STF não é órgão da Justiça Eleitoral.
O TSE será composto, no mínimo, por sete membros, os quais serão escolhidos:

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I - mediante eleição, pelo voto secreto:


a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Assim, cinco membros são eleitos (três do STF e dois do STJ) e dois membros nomeados
pelo Presidente da República (entre advogados).
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos entre os ministros do STF. Já o
Corregedor Eleitoral será eleito entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 119,
parágrafo único, da CF/88).
Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Haverá um Tribunal Regional Eleitoral em cada
Estado e um no Distrito Federal (art. 120 da CF/88).
Os TREs, que terão sete membros, serão compostos (art. 120, § 1º, da CF/88):

I - mediante eleição, pelo voto secreto:


a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito
Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os


desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 120, § 2º, da CF/88). A competência dos TREs
está nos arts. 29 e 30 do Código Eleitoral.
Juiz Eleitoral: não há um quadro de juízes próprios da Justiça Eleitoral. Assim, o juiz
eleitoral é um juiz de direito membro da Justiça Estadual, o qual cumulará a função eleitoral. É
designado pelo TRE para exercer a função eleitoral por dois anos, podendo ser reconduzido por
mais dois anos.
Diferente da Justiça Comum Estadual, que é dividida em comarcas, a Justiça Eleitoral é
dividida em zonas eleitorais, as quais nem sempre coincidem com o território de um município
ou de uma comarca. Ainda, é possível que um município grande tenha mais de uma zona
eleitoral. Em outras palavras, a zona eleitoral é o espaço territorial sob a jurisdição do juiz
eleitoral.
Não confundir zona eleitoral com seção eleitoral. Esta é uma subdivisão da zona
eleitoral, que corresponde ao local onde os eleitores comparecem para votar. Em cada seção
eleitoral haverá uma urna na data da eleição.

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Junta Eleitoral. Junta eleitoral é algo próprio da Justiça Eleitoral. Segundo o art. 36 do
Código Eleitoral, compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente,
e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. Ou seja, as juntas eleitorais serão
compostas por 3 ou 5 membros. Assim, é um órgão colegiado.
O órgão diplomador das eleições municipais de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores é a
junta eleitoral (art. 40, IV, do Código Eleitoral). Se houver várias juntas eleitorais, a diplomação
será feita pela junta eleitoral do juiz mais antigo.

Resolva a questão a seguir:

1) FGV - 2022 - TJ-PE - Juiz Substituto__________________________________________________


A Justiça Eleitoral atua para garantir o exercício da democracia, cuidando de estabelecer diretrizes ético-
jurídicas para que o processo eleitoral se desenvolva num clima de tolerância democrática.
Com relação às funções desempenhadas pela Justiça Eleitoral, é correto afirmar que:

A) a Justiça Eleitoral não desempenha função consultiva.


B) a função administrativa da Justiça Eleitoral tem por objetivo solucionar o conflito de interesses em
matéria eleitoral.
C) a consulta prevista no Art. 23, inciso XII, do Código Eleitoral não se restringe à matéria eleitoral.
D) a vedação de agir de ofício se aplica aos juízes eleitorais tanto no desempenho da função jurisdicional
quanto no da função administrativa.
E) no exercício da função normativa, o Tribunal Superior Eleitoral tem competência para emitir
Resoluções e outros atos normativos de caráter genérico em matéria eleitoral.

4. Partidos Políticos

4.1. Natureza Jurídica


Conforme dispõe o art. 1º da Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), o partido político é
pessoa jurídica de direito privado e destina-se a assegurar, no interesse do regime democrático,
a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na
Constituição Federal.
O partido político não se equipara às entidades paraestatais, conforme art. 1º, parágrafo
único, da Lei dos Partidos Políticos.

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4.2. Criação do Partido Político


Como pessoa jurídica de direito privado, deverá ser registrado no Cartório de Registro
Civil de Pessoa Jurídica do local de sua sede. Para que possa fazê-lo, deverá o pedido ser
subscrito pelos seus fundadores, que devem ser no mínimo 101, com domicílio eleitoral em, no
mínimo 1/3 dos Estados (art. 8º, caput, da Lei dos Partidos Políticos).
Após adquirida a personalidade jurídica, deverá o partido realizar o registro o seu estatuto
perante o TSE, quando adquirirá capacidade político-ideológica. Nesse sentido o § 2º do art. 17
da CF/88:
Art. 17, § 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei
civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

Mas para que seja possível essa criação, será necessário obter uma quantidade mínima
de eleitores que assinem uma declaração de apoio a esse novo partido. É o chamado
apoiamento mínimo de eleitores, que vem disposto no art. 7º, § 1º, da Lei dos Partidos Políticos:

Art. 7º, § 1º. Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter
nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o
apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos,
0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a
Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos
por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento)
do eleitorado que haja votado em cada um deles.

Nota-se que, com isso, garante-se o caráter nacional do partido político, exigido pelo art.
17, inciso I, da Constituição Federal. Nota-se, ainda, que o apoiamento deve se dar por pessoas
não filiadas a nenhum partido e que tal deve ocorrer no prazo de dois anos.
Para um partido político participar de um pleito eleitoral, deverá ter existência mínima de
6 meses, conforme art. 4º da Lei 9.504/97:

Art. 4º: Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do pleito, tenha
registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha,
até a data da convenção, órgão de direção constituído na circunscrição, de acordo com o
respectivo estatuto (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017).

4.3. Liberdade e Autonomia Partidária


Vige a liberdade de organização partidária, pois, conforme arts. 17 da CF/88 e 2º da
Lei dos Partidos Políticos, é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.
Não obstante, a liberdade partidária não é absoluta, já que deverão ser resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da

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pessoa humana e, ainda, deverão ser observados (art. 17, caput e § 4º, da CF/88):
• preceitos de caráter nacional;
• proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros
ou de subordinação a estes;
• prestação de contas à Justiça Eleitoral;
• funcionamento parlamentar de acordo com a lei; e
• vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

Corroborando, está o art. 6º da Lei 9.096/95, que afirma que é vedado ao partido político
ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar
uniforme para seus membros.
Ainda, assegura-se aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária (art. 17, § 1º, da CF/88 e art. 3º da Lei dos Partidos Políticos).

4.4. Filiação Partidária


Para que alguém possa concorrer a um cargo eletivo, deve estar filiado a algum partido
político, já que não se admite candidatura avulsa.
Só pode filiar-se ao partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos
(art. 16 da Lei 9.096/95).
Perderá o mandato, por infidelidade partidária, o detentor de cargo eletivo (nas
eleições proporcionais) que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito (art. 22-
A, caput, da Lei 9.096/95).
Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses
(art. 22-A, parágrafo único, da Lei 9.096/95):

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;


II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo
de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término
do mandato vigente.

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Resolva a questão a seguir:

2) FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto _________________________________________


Para relacionar o Direito Eleitoral com os partidos políticos, assinale a afirmativa correta.

A) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração do Código Civil
Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito
privado; todavia, sendo relevante seu papel no Estado Democrático de Direito, os partidos políticos
ocupam posição de destaque no campo do Direito Eleitoral.
B) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração do Código Civil
Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito
público e estão abrangidos de modo integral no campo do Direito Eleitoral.
C) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração do Código Civil
Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito
público; não obstante, sua abrangência ao campo do Direito Eleitoral é parcial.
D) A partir da edição da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/95) e da alteração do Código Civil
Brasileiro pela Lei nº 10.825/2003, os partidos políticos são considerados pessoas jurídicas de direito
privado; todavia, sendo relevante seu papel no Estado Democrático de Direito, toda a matéria relativa
aos partidos políticos está no âmbito da competência da Justiça Eleitoral.

5. Alistamento Eleitoral, Elegibilidade e Inelegibilidade

5.1. Alistamento Eleitoral


Por meio do alistamento eleitoral se adquirem os direitos políticos. Com o alistamento, o
sujeito se torna eleitor e, portanto, cidadão, adquirindo a capacidade eleitoral ativa. É a primeira
etapa do processo eleitoral. Uma vez alistado, poderá participar ativamente da vida política do
Estado, pois poderá votar, realizar iniciativa popular de lei, participar de plebiscito e referendo e,
ainda, ajuizar ação popular.
Quanto ao tema, importante lembrar o disposto no art. 14, § 1º, da CF/88, que afirma que
o alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;


II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos.

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O pedido de alistamento eleitoral é realizado por meio do chamado Requerimento de


Alistamento Eleitoral (RAE), que será processado eletronicamente, por atendente da Justiça
Eleitoral ou, em caráter prévio, pelo próprio indivíduo, no site do TSE.
O alistamento possui duas fases: a qualificação e a inscrição. Na qualificação, verifica-se
se o sujeito preenche todos os requisitos para se alistar, como idade mínima e ausência de prévio
alistamento. Se forem atendidos todos os requisitos, ocorrerá a inscrição do indivíduo no
Cadastro Eleitoral.

5.2. Domicílio Eleitoral


O conceito de domicílio é mais elástico no Direito Eleitoral que o Direito Civil. É possível
que haja um domicílio civil em um local e um eleitoral em outro. Isso porque o domicílio eleitoral
satisfaz-se com vínculos de natureza política, econômica, social, familiar, afetiva. Nesse sentido
é o art. 23 da Res. 23.659/2021 do TSE:

Art. 23. Para fins de fixação do domicílio eleitoral no alistamento e na transferência, deverá
ser comprovada a existência de vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional,
comunitário ou de outra natureza que justifique a escolha do município.

5.3. Elegibilidade
Para que possamos ser votados, ou seja, sermos um representante eleito do povo,
precisamos preencher os requisitos de elegibilidade. Segundo a Constituição Federal, em seu
art. 14, § 2º, são condições de elegibilidade:

I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Para o exercício absoluto do direito de ser votado, o candidato não pode incorrer em
nenhuma das causas de inelegibilidade.

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5.4. Inelegibilidade
A inelegibilidade significa a existência de causas negativas que impedem o cidadão de
exercer a sua capacidade eleitoral passiva, ou seja, impede o indivíduo de ser votado. A
inelegibilidade pode ser vista como um impedimento ao exercício da cidadania passiva, ficando
o sujeito impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo público eletivo.
Importante notar que a inelegibilidade não impede o indivíduo de votar, só impede de ser
votado. As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas.
As inelegibilidades absolutas são as regras que impedem a candidatura para qualquer
cargo eletivo. Diante desse caráter absoluto, somente podem ser previstas, de forma taxativa,
na CF/88.
Já as inelegibilidades relativas impedem a candidatura para algum cargo eletivo ou
mandato, em função da situação em que se encontre o cidadão candidato, previstas no art. 14,
§§ 5º a 8º, da CF/88 e/ou em lei complementar.
a) Inelegibilidades absolutas: de acordo com o art. 14, § 4º, da CF/88, são
absolutamente inelegíveis o inalistável e o analfabeto. Importante destacar que
os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obrigatório não podem
alistar-se como eleitores e, portanto, não podem ser eleitos. Estão relacionadas a
uma condição pessoal, diferentemente das inelegibilidades relativas, que estão
relacionadas a cargos;
b) Inelegibilidades relativas: a inelegibilidade relativa dá-se, conforme as regras
constitucionais, por motivos funcionais ou por motivo de parentesco, bem
como em virtude das situações previstas em lei complementar (art. 14, § 9º,
da CF/88).

• Inelegibilidade por motivos funcionais: São duas hipóteses.


I. inelegibilidade para os mesmos cargos, num terceiro mandado subsequente: o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os
Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos não
poderão ser reeleitos para um terceiro mandato sucessivo (art. 14, § 5º, da CF/88);
II. inelegibilidade para concorrerem a outros cargos: para concorrerem a outros
cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito (art. 14, § 6º, da CF/88).

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• Inelegibilidades por motivos de parentesco:


De acordo com o art. 14, § 7º, da CF/88, são inelegíveis, no território da circunscrição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, do Governador de Estado, Território ou Distrito Federal, do Prefeito ou
quem os haja substituído dentro dos 6 meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.
Importante ressaltar que o STF pacificou sua jurisprudência, por meio da edição da
Súmula Vinculante nº 18, no sentido de que a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7.º do artigo 14 da Constituição
Federal.

• Inelegibilidades previstas em lei complementar:


De acordo com o art. 14, § 9º, da CF/88, lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de que sejam protegidos os preceitos da
probidade administrativa, da moralidade para o exercício de mandato, considerada a vida
pregressa do candidato, a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direita ou
indireta. A Lei Complementar, que regulamentou o § 9º do art. 14, é a LC 64/90.

5.5. Inelegibilidades Previstas na LC 64/90


A LC 64/90 traz um extenso rol com hipóteses de inelegibilidades. Essa lei complementar
sofreu importantes alterações pela LC 135/2010, que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa.
A mais importante previsão é a do art. 1º, inciso I, alínea “e”, da LC 64/90, que diz: São
inelegíveis os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena, pelos crimes:

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;


2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos
na lei que regula a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à
inabilitação para o exercício de função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei Complementar
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual;

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10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;

Cuidar as Súmulas 59 e 60 do TSE:

Súmula 59 do TSE: O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça


Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, porquanto não
extingue os efeitos secundários da condenação.

Súmula 60 do TSE: O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº


64/1990 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão
executória e não do momento da sua declaração judicial.

Crimes tributários e licitatórios atraem a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “e”, da LC


64/90, já que enfraquecem as regras que regem a Administração Pública. Além disso, incide na
hipótese de condenação pelo Tribunal do Júri, já que se trata de um órgão colegiado.

Resolva a questão a seguir:

3) FGV - 2022 - TJ-MG - Juiz de Direito Substituto_________________________________________


José Fulano foi eleito governador de um Estado brasileiro, para um primeiro mandato. Na mesma eleição
e na mesma unidade federativa, Antônio Fulano, irmão de José, foi eleito deputado federal. Nas eleições
gerais seguintes, 4 anos após, ainda no exercício do cargo, José Fulano disputará um novo mandato de
governador.
Assinale a opção que indica os cargos, no território de jurisdição do irmão governador, para os quais
Antônio Fulano estará inelegível.

A) Deputado federal, deputado estadual e senador.


B) Deputado estadual, senador, governador e vice-governador.
C) Deputado estadual, senador, governador e vice-governador, presidente e vice-presidente da
República.
D) Deputado estadual, deputado federal, senador, governador e vice-governador.

Resolva a questão a seguir:

4) FGV - 2011 - TRE-PA - Analista Judiciário______________________________________________


A respeito das inelegibilidades, analise as afirmativas a seguir:
I. Os analfabetos são inelegíveis para qualquer cargo e, além disso, estão impedidos de votar por
determinação legal.
II. É condição de elegibilidade a idade mínima de 35 (trinta e cinco) anos para os candidatos à Presidência
da República e de 30 (trinta) anos para aqueles que pleiteiam a chefia do Poder Executivo dos Estados
e do Distrito Federal.
III. Aqueles que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena,
pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, entre outros, são inelegíveis para qualquer cargo.
IV. As arguições de inelegibilidade são conhecidas pelo TSE quando se tratar de candidato a Presidente
ou Vice - Presidente da República e Senador, e pelos Tribunais Regionais Eleitorais no caso dos
Governadores ou Vice- Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Assinale

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A) se apenas as afirmativas I, III e IV estiverem corretas.


B) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
C) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se apenas as afirmativas II e IV estiverem corretas.

6. Propaganda Política

Verificam-se três espécies de propaganda política:


a) Propaganda partidária, que tem como objetivo promover a difusão dos programas
partidários, transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa
partidário, os eventos com este relacionados e as atividades congressuais do
partido, divulgar a posição do partido em relação a temas políticos e ações da
sociedade civil, incentivar a filiação partidária e esclarecer o papel dos partidos na
democracia brasileira, promover e difundir a participação política das mulheres, dos
jovens e dos negros (art. 50-A e seguintes da Lei 9.504/97, dispositivo incluído pela
Lei nº 14.291/ 2022);
b) Propaganda intrapartidária, que é aquela realizada pelo postulante à candidatura a
cargo eletivo, com o objetivo de que seja escolhido pelo partido ou coligação na
convenção partidária (art. 36, § 1º, da Lei 9.504/97);
c) Propaganda eleitoral, que é a espécie mais importante de propaganda política, a
qual é dirigida à conquista do voto do eleitor, sendo permitida somente após o dia
15 de agosto do ano eleitoral (assim, somente a partir do dia 16 de agosto),
conforme art. 36 e seguintes da Lei 9.504/97. Nota-se que antes desse período
será considerada propaganda antecipada e, assim, irregular.

6.1. Propaganda Antecipada (Extemporânea)


Como visto, a propaganda eleitoral somente é lícita quando realizada após 15 de agosto
do ano das eleições. Quando ela é realizada antes dessa data é uma propaganda irregular
chamada de propaganda antecipada.
No entanto, algumas condutas praticadas até 15 de agosto do ano das eleições são
permitidas pela legislação eleitoral. São os atos de pré-campanha. O art. 36-A na Lei 9.504/97
traz um rol de condutas que não configuram propaganda antecipada. Como se verifica, há uma

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visão bem liberal dos atos preparatórios para as campanhas eleitorais, praticamente vinculando
a caracterização da propaganda eleitoral antecipada ao pedido explícito de voto.

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam
pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades
pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet:
I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas,
programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a
exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de
televisão o dever de conferir tratamento isonômico;
II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a
expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;
III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo,
a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates
entre os pré-candidatos;
IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça
pedido de votos;
V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes
sociais;
VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade
civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade,
para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.
VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV do
§ 4º do art. 23 desta Lei.

Importa destacar que será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação,


por parte do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal e do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de atos que
denotem propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou instituições.
Inclusive, nos casos permitidos de convocação das redes de radiodifusão, é vedada a utilização
de símbolos ou imagens, exceto símbolos da República Federativa do Brasil, quais sejam, a
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais (art. 36-B da Lei 9.504/97).
Sem prejuízo, entende o TSE que se aplicam aos atos de pré-campanha as proibições
impostas durante o período eleitoral. Por exemplo, não é possível a distribuição de brindes por
parte do candidato durante a campanha eleitoral (após 15 de agosto). Assim, também não será
possível ao pré-candidato fazer distribuição de brindes, ainda que não haja pedido expresso de
voto. Da mesma forma, como impulsionamento na internet contratado por pessoa natural em
período de campanha eleitoral é meio vedado, de igual forma é vedada sua contratação por
pretensos candidatos no período de pré-campanha.
Ainda sobre o assunto, decidiu o TSE que o discurso de ódio na pré-campanha em face

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de pré-candidatos veiculado por cidadão comum em perfil privado de redes sociais pode
configurar propaganda eleitoral antecipada negativa.
A violação às regras de propaganda política sujeita o responsável pela divulgação e
quando comprovado o prévio conhecimento, o beneficiário da propaganda, à multa de R$
5.000,00 a R$ 25.000,00, ou o equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.
E, conforme disposto no art. 6º, § 5º, da Lei 9.504/97, a responsabilidade pelo pagamento
de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos
partidos, não alcançando outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.

6.2. Propaganda Eleitoral


Como visto, a propaganda política pode ser partidária, intrapartidária ou eleitoral.
Passamos agora a analisar a propaganda eleitoral, ou seja, aquela que ocorre durante o
período eleitoral, após 15 de agosto do ano das eleições.
A propaganda eleitoral é aquela elaborada e pensada para captar os votos dos eleitores.
O legislador trouxe grande preocupação pelo tema, trazendo um regramento detalhado
sobre as proibições (apesar de também trazer diversas exceções). O objetivo é combater o abuso
do poder econômico na propaganda eleitoral, buscando o equilíbrio de oportunidades entre os
candidatos.
O art. 37, caput, da Lei 9.504/97, tem grande importância quanto a essa temática. Diz esse
dispositivo legal que é proibida a propaganda eleitoral:
• em bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele
pertençam;
• em bens de uso comum, como postes de iluminação pública, sinalização de tráfego,
viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos;
• de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas,
estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.

Se houver veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput do citado


art. 37, o responsável, após a notificação, deverá restaurar o bem e, caso não o faça no prazo,
haverá a multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00 (art. 37, § 1º, da Lei 9.504/97).
Nota-se que, como regra, não é permitida a veiculação de propaganda eleitoral em bens
públicos ou particulares. No entanto, é permitida essa propaganda se for(em) (art. 37, § 2º, da
Lei 9.504/97):

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• bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom
andamento do trânsito de pessoas e veículos;
• adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas
residenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado).

Para fins eleitorais, bens de uso comum são os assim definidos pelo Código Civil e,
também, aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas,
centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada (art. 37, § 4º,
da Lei 9.504/97).
Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e
tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza,
mesmo que não lhes cause dano (art. 37, § 5º, da Lei 9.504/97).
Mais relativizações acerca das regras do caput vem nos § 3º e 6º do art. 37:

§ 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a


critério da Mesa Diretora.
§ 6º É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a
utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem
o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.
§ 7o A mobilidade referida no § 6º estará caracterizada com a colocação e a retirada dos
meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas.

A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita,


sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade (art. 37, §
8º, da Lei 9.504/97).
É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê,
candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas
básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor
(art. 39, § 6º, da Lei 9.504/97).
Boca de urna e manifestação individual e silenciosa:
Conforme disposto pelo próprio TSE, a propaganda de boca de urna consiste na atuação
de cabos eleitorais e demais ativistas junto aos eleitores que se dirigem à seção eleitoral, no dia
da votação, visando a promover e pedir votos para seu candidato ou partido. A legislação eleitoral
proíbe a realização de atividades de aliciamento de eleitores e quaisquer outras que tenham o
objetivo de convencer o cidadão mediante boca de urna.
Essa conduta é criminalizada pela Lei 9.504/97, em seu art. 39, § 5º.
Importa referir que é permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa

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da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente


pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos (art. 39-A da Lei 9.504/97).
Apesar disso, não é permitido, até o término do horário de votação, a aglomeração de
pessoas portando vestuário padronizado, pois tal caracteriza manifestação coletiva, o que é
vedado (art. 39-A, § 1º, da Lei 9.504/97).

6.3. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão


A disciplina quanto a este ponto está entre os arts. 44 e 57 da Lei das eleições (Lei
9.504/97).
No rádio e na TV a propaganda será sempre gratuita, sendo vedada a propaganda paga
nesses meios de comunicação (art. 44, caput, da Lei. 9.504/97).

6.4. Propaganda eleitoral na internet


A previsão sobre a propaganda eleitoral na internet está entre os art. 57-A e o art. 57-I da
Lei das Eleições.
O art. 57-A diz que é permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei,
após o dia 15 de agosto do ano da eleição. Essa é a regra geral da propaganda eleitoral.
A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas (art. 57-B):

I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e


hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no
País;
II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça
Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet
estabelecido no País;
III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo
candidato, partido ou coligação;
IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplicações de
internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou editado por:
a) candidatos, partidos ou coligações; ou
b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de conteúdos.

No entanto, conforme art. 57-C, é proibida a veiculação de qualquer tipo de propaganda


eleitoral paga na internet. Somente será possível o impulsionamento de conteúdos, desde que
identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações
e candidatos e seus representantes.
Da mesma forma, é proibida, mesmo que gratuitamente, a veiculação de propaganda
eleitoral na internet, em sites de pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos) e em sites oficiais

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ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Art. 57-C, § 1º).
Quanto às mensagens encaminhadas por aplicativos, como whatsapp, deverão dispor de
mecanismo que permita seu descadastramento pelo destinatário, obrigado o remetente a
providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas (art. 57-G).

Resolva a questão a seguir:

5) FGV - 2022 - Senado Federal - Consultor Legislativo - Comunicação e Tecnologia da Informação


Inês, pessoa muito popular em seu Estado, decidiu concorrer ao cargo eletivo de Deputada Estadual na
eleição que seria realizada no ano seguinte. Por tal razão, juntamente com sua equipe, iniciou a
elaboração de sua estratégia de campanha.
Após alguns debates, os membros da equipe decidiram:
I. iniciar, imediatamente, os pedidos de voto junto aos eleitores na região X;
II. exaltar as qualidades pessoais de Inês na região Y, onde tinha pouca penetração; e
III. participar de seminários e congressos de natureza intrapartidária para a discussão de políticas
públicas. À luz da sistemática legal vigente, é correto afirmar que

A) todas as decisões são lícitas.


B) todas as decisões são ilícitas.
C) apenas as decisões II e III são lícitas.
D) apenas as decisões I e III são lícitas.
E) apenas as decisões I e II são lícitas.

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Gabaritos das questões:

1–E 2–A 3–B 4–D 5–C

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