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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DO 37º EXAME DA ORDEM DOS

ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)


Direito Eleitoral
2 Hermes Hilarião

APRESENTAÇÃO

Estimados Guerreiros e Guerreiras!

É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Eleitoral do preparatório para 38º
exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Sejam todos muito bem-vindos!

Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova,
então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!

Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos
dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase
da OAB e Concursos) e vamos juntos!

Espero que vocês tenham um excelente proveito!

Receba o nosso sincero abraço!

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INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

O Direito Eleitoral é o ramo do Direito que tem


a finalidade de assegurar a identidade da
vontade soberana do povo e a formação da
vontade política do Estado.

O Direito Eleitoral cuida do exercício da soberania popular, por meio da qual o povo exerce todo o
poder que lhe pertence, de forma direta ou indireta.

Art. 1º, parágrafo único, da CRFB/88. Todo o poder emana do povo, que
o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

• A soberania popular é o poder dado ao povo, exercido por meio do sufrágio universal, voto direto,
secreto e com valor igual para todos, do plebiscito, do referendo, da iniciativa popular de leis, da
ação popular e por outros meios que viabilizem a manifestação da vontade do povo.

• O Direito Eleitoral, além de zelar pelo exercício do poder pelo povo, cuida de todos os instrumentos
de manifestação da vontade deste, não se limitando a regular somente as eleições, mas todos os
meios de manifestação do poder popular.
o Por tratar de soberania popular, princípio fundamental da República, faz parte do Direito
Público.

• A principal função do Direito Eleitoral é proporcionar e assegurar que a conquista do poder pelos
grupos sociais seja efetuada dentro de parâmetros legais preestabelecidos, sem o uso da força ou de
quaisquer subterfúgios que interfiram na soberana manifestação da vontade popular.

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• O Direito Eleitoral tem por objeto o alistamento eleitoral, a aquisição, perda e suspensão dos
direitos políticos, os sistemas eleitorais, a propaganda eleitoral, as garantias eleitorais, os crimes e
ilícitos eleitorais, as eleições, dentre outros institutos relacionados ao exercício da soberania
popular.

"O Direito Eleitoral é o ramo do Direito


Público que trata de institutos relacionados
Joel José com os direitos políticos e das eleições, em
Cândido todas as suas fases, como forma de escolha
dos titulares de mandatos eletivos e das
instituições de Estado."

• Por fim, durante nossas noções iniciais, devemos distinguir o Direito Eleitoral do Direito
Partidário:

Direito Eleitoral X Direito Partidário


 O Direito Eleitoral contém, unicamente, regras e princípios sobre  Com efeito, o ramo do

os Direitos Políticos (artigos 14 a 16 da CF/1988), pois, são esses Direito que trata dos
direitos que viabilizam o exercício da soberania popular. X partidos políticos é o
 Não há, no âmbito do Direito Eleitoral, o tratamento normativo dos Direito Partidário.
partidos políticos, uma vez que entre estes e os direitos políticos
existe uma distinção conceitual.

 Essa distinção é importante para que se delimite a competência da Justiça


Eleitoral, isto porque, esta somente julga os litígios eleitorais.
 Deveras, os litígios partidários não são processados e julgados pela Justiça
Eleitoral, salvo quando tiverem reflexo nas eleições.

[...] 1. A Justiça Eleitoral não detém competência para apreciar feitos em matérias respeitantes a
conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados, quando estas não tenham reflexo no prélio
eleitoral. [...] (AgR-AI n. 7098, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23/06/2015).

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CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO ELEITORAL

• O Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas e os
procedimentos que regulam o exercício do direito fundamental de sufrágio com vistas a assegurar
o exercício da soberania popular, à validação da ocupação de cargos políticos e à legitimação do
exercício do poder estatal. (José Jairo Gomes).

• Regula todas as fases do processo eleitoral, desde o alistamento até a fase de diplomação dos
candidatos eleitos e é dotado de autonomia didática, científica e normativa. Além disso, suas normas
têm natureza cogente, ou seja, imperativas (Ius cogens).

• Em razão da indisponibilidade dos bens e interesses envolvidos, não possui valor jurídico
qualquer acordo em que candidato ou partido abra mão de direitos ou prerrogativas que lhes sejam
assegurados.

1. BENS JURÍDICO-POLÍTICOS RESGUARDADOS PELO DIREITO ELEITORAL


a) Democracia;
b) Legitimidade do acesso e do exercício do poder de representatividade do eleito;
c) Sinceridade das eleições;
d) Normalidade do pleito;
e) Igualdade de oportunidades entre os concorrentes.

2. FONTES DO DIREITO ELEITORAL


• Entre as principais fontes formais do Direito Eleitoral encontram-se:

2.1. Primárias
I) Constituição Federal;
II) Código Eleitoral;
III) Lei de Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90);
IV) Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95);
V) Lei das Eleições (Lei 9.504/97);

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2.2. Secundárias
I) Resoluções do TSE.

IMPORTANTE:
→ As resoluções do TSE são fontes secundárias, contudo, podem ter força
de lei, tornando-se fonte primária de direito eleitoral quando
possuírem força normativa de lei ordinária federal e houver omissão
legislativa sobre o que versar a resolução.
→ Tais resoluções decorrem do poder conferido ao Tribunal Superior
Eleitoral pelo Código Eleitoral nos seguintes dispositivos:

Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a


organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de
votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções
para sua fiel execução.

********************************************
Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:
IX - Expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste
Código;

→ Uma resolução do TSE pode ser objeto de Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) no STF quando tiver caráter de fonte
primária, uma vez dotada da mesma força normativa de lei.

→ Exemplo: A Resolução nº 22.610 que regula o procedimento da perda de


mandato em caso de migração partidária (infidelidade partidária) tem
força de lei, ou seja, é fonte primária de direito eleitoral e pode ser objeto
de ADI.

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• Destaca-se que é de competência privativa da União legislar sobre direito eleitoral. Contudo, a
edição de medidas provisórias sobre a matéria é VEDADA.
o Veja-se:
Art. 62, da CRFB/88. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional:
§1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos
políticos e direito eleitoral;

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ELEITORAL

 Para Miguel Reale (1994, p. 60), sob o enfoque lógico, os princípios são verdades ou juízos
fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos,
ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade.

 Nesse sentido, são princípios do Direito Eleitoral:

A) PRINCÍPIO DA ANUALIDADE OU ANTERIORIDADE ELEITORAL (CF, ART. 16): Segundo


este princípio, qualquer lei que altere o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação,
porém, só produzirá efeitos nas eleições que ocorrerem após 1 (um) ano da sua vigência. Ou seja, a
vigência da lei que altera o processo eleitoral é imediata, contudo, os seus efeitos só serão aplicados em
eleições datadas após um ano da entrada em vigor da lei. Destaca-se que leis eleitorais não possuem
vacatio legis, uma vez publicada, estará vigente, entretanto, nem sempre estará imediatamente dotada
de eficácia, em razão do princípio da anualidade.

IMPORTANTE
Este princípio é cláusula pétrea e somente aplica-se às leis que alteram o
processo eleitoral.

B) PRINCÍPIO DA LISURA DAS ELEIÇÕES (CF, ART. 14, § 9º): Tal princípio é baseado na ideia
e proteção de cidadania, bem como na necessidade de manter-se a igualdade de oportunidades. É a
escolha democrática daqueles que o povo julga mais capacitados a representá-lo, sem abuso de poder
econômico ou de exercício de função, por exemplo. Preza-se pela obediência à moralidade e probidade
nas eleições.

C) PRINCÍPIO DO APROVEITAMENTO DO VOTO (CF, ART. 176): A anulação de um voto no


Direito Eleitoral é situação excepcionalíssima, pois prevalece o princípio do aproveitamento do voto.
Nesta esteira, à luz de tal princípio, é possível que aproveite-se votos para a legenda do partido político
quando, em eleições proporcionais (no voto destinado a um vereador ou deputado, por exemplo),
apenas os dois primeiros dígitos (indicando o partido político) estejam inseridos corretamente.

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D) PRINCÍPIO DA CELERIDADE: Há a necessidade de que a Justiça Eleitoral trabalhe de modo


diligente, a fim de dar-se uma conclusão célere às demandas, uma vez que o longo decurso de prazo
pode causar a perda do objeto nos processos de matéria eleitoral. Em obediência ao princípio da
celeridade, os prazos em recursos eleitorais são reduzidos, em geral, são três dias, quando a lei não
fixar prazo especial (CF, art. 258). Em regra, recursos eleitorais também não possuem efeito suspensivo.
A Lei das Eleições (nº 9.504/97), no art. 97-A, também dispõe sobre a duração razoável do processo
que possa resultar em perda de mandato eletivo, restringindo-o a um ano de duração.

E) PRINCÍPIO DA ISONOMIA: É a manifestação do princípio da igualdade de oportunidades


entre os concorrentes no Direito Eleitoral, que se extrai do art. 5º, caput, da Constituição Federal. Em
obediência a esse princípio, o poder público deve atuar para suprir as desigualdades existentes, a
exemplo da aplicação da cota financeira aprovada pelo Supremo Tribunal Federal direcionada a
candidatos negros, promovendo uma divisão proporcional do fundo eleitoral ao total de candidatos
negros e brancos de cada partido.

F) PRINCÍPIO REPUBLICANO: É o reflexo da ideia da forma de governo como república, em


contrapartida da forma de governo monárquica, por exemplo. Os eleitos são escolhidos pelos nacionais,
atuando temporariamente no poder e podendo ser substituídos ao fim do mandato.

G) PRINCÍPIO DA PROBIDADE: Pode ser encontrado, também, no art. 14, § 9º da Constituição


Federal, sendo que ao mencionar sobre probidade é associada com ética e moral. Sendo assim, o
candidato a governante precisa usufruir de integridade, honestidade, dignidade e exercer suas funções
embasadas na justiça.

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FASES DO PROCESSO ELEITORAL

 Em breve contextualização, cabe elencar algumas das fases mais relevantes do processo
eleitoral:

a) ALISTAMENTO ELEITORAL – Processo de registro para tornar-se apto a votar. Ou seja, a


inscrição do cidadão como eleitor.

b) CONVENÇÕES – No momento de disputa de cargos eletivos, existem as convenções


partidárias. São as reuniões com o objetivo de definir se farão coligações, ou não, e quem
serão os candidatos a efetivamente participarem da disputa.

c) REGISTRO DE CANDIDATURA – Os escolhidos pelo partido apresentarão documentos


perante a Justiça Eleitoral para comprovarem sua aptidão a atuar como candidatos durante
as eleições.

d) PROPAGANDA ELEITORAL – Período de difusão dos planos e propostas direcionadas ao


eleitor, a fim de angariar votos e lograr êxito no pleito eleitoral.

e) VOTAÇÃO – Momento em que os cidadãos vão às urnas exercer o direito ao sufrágio e


escolher seus representantes

f) APURAÇÃO DOS VOTOS – Fase de checagem e contagem dos votos válidos, brancos e nulos.

g) PROCLAMAÇÃO DOS ELEITOS – A Justiça Eleitoral anuncia os candidatos eleitos.

h) DIPLOMAÇÃO – A Justiça Eleitoral entrega o diploma aos eleitos, encerrando o processo


eleitoral.

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COMPREENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

 Direitos políticos são aquelas prerrogativas que permitem ao cidadão participar na formação e
comando do governo. Eles estão previstos na Constituição Federal, que estabelece um conjunto
sistemático de normas respeitantes à atuação da soberania popular.

 Os direitos políticos dividem-se em positivos e negativos. Os positivos voltam-se à capacidade


eleitoral, enquanto os negativos são circunstâncias impeditivas do exercício dos direitos políticos
positivos.

 Entre os direitos políticos positivos encontram-se:


I) Capacidade eleitoral ativa - Capacidade de votar (ser eleitor).
II) Capacidade eleitoral passiva – Capacidade de ser votado (ser elegível).

 Para que se concretize a capacidade eleitoral passiva, ou seja, a capacidade de ser votado, é
necessário o preenchimento das condições mínimas de elegibilidade.

1. CONDIÇÕES MÍNIMAS DE ELEGIBILIDADE


• As condições de elegibilidade são exigências ou requisitos positivos que devem,
necessariamente, ser preenchidos por quem queira registrar candidatura e receber votos
validamente.
• A fonte das condições de elegibilidade é a Constituição Federal, estando os requisitos dispostos
no art. 14, §3º:
Art. 14, §3º. São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I – A nacionalidade brasileira;
II – O pleno exercício dos direitos políticos;
III – O alistamento eleitoral;
IV – O domicílio eleitoral na circunscrição;
V – A filiação partidária;
VI – A idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República
e Senador;

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b) trinta anos para Governador e


Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador

• A nacionalidade brasileira é requisito indispensável da elegibilidade, também considerando-


se elegíveis as pessoas estrangeiras que se naturalizarem brasileiras.
• O pleno exercício dos direitos políticos denota a capacidade de votar e ser votado e são
adquiridos com o alistamento eleitoral. A perda ou a suspensão desses direitos, nos termos do
artigo 15 da Constituição, são causas de inelegibilidade.
• O alistamento eleitoral é a inscrição no cadastro eleitoral, gerador do título de eleitor, que faz
prova do alistamento. Não estando inscrito no cadastro eleitoral, é impossível que o nacional
exerça direitos políticos, já que nem sequer terá título de eleitor.

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• O requisito de domicílio eleitoral na circunscrição indica que o cidadão somente pode


concorrer às eleições na circunscrição eleitoral em que for domiciliado há pelo menos seis meses.
o Para disputar os cargos de Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador, o cidadão deverá ter
domicílio eleitoral no respectivo Município;
o Para os de Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal e Estadual, deverá
ter domicílio no respectivo Estado, em qualquer cidade;
o Por fim, o candidato a Presidente ou Vice-Presidente da República poderá ter domicílio
em qualquer ponto do território nacional. O título de eleitor faz prova do domicílio
eleitoral.

• A filiação partidária é condição mínima de elegibilidade em razão da proibição de candidaturas


avulsas, o que torna os partidos políticos peças essenciais para o funcionamento de nosso
sistema político.

2. CAUSAS DE INELEGIBILIDADE
• Além de preencher as condições mínimas de elegibilidade, para o pleno gozo dos direitos
políticos positivos, o cidadão não deve incorrer em nenhuma das causas de inelegibilidade
(direitos políticos negativos).
• A inelegibilidade é a perda da capacidade de ser votado para ocupar cargo público eletivo
(impedimento do exercício da capacidade eleitoral passiva). As causas de inelegibilidade
dividem-se em constitucionais e infraconstitucionais, conforme destacado a seguir.
• É necessário mencionar que a distinção que se faz entre inelegibilidades de natureza
constitucional e de natureza legal não se faz em vão. Quanto às primeiras, estas não são
alcançadas pela preclusão, podendo ser arguidas na fase de registro de candidatura ou após,
antes ou depois da data das eleições. Por outro lado, as inelegibilidades infraconstitucionais
devem ser suscitadas na primeira oportunidade após o seu surgimento, sob pena de preclusão.

2.1. INELEGIBILIDADES CONSTITUCIONAIS


a) Inelegibilidade do inalistável e do analfabeto: Conforme prevê a Constituição
Federal em seu art. 14, §4º, são absolutamente inelegíveis o inalistável e o analfabeto, de
modo que não podem concorrer a nenhum cargo eletivo.
o Inalistáveis são os estrangeiros e os conscritos durante o período de serviço
militar obrigatório. Acaba sendo uma redundância indicar que o inalistável é,
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também, inelegível, uma vez que, sendo inalistável,


não possui capacidade eleitoral ativa e nem passiva.
o Quanto aos analfabetos, de forma geral, consideram-se aqueles que não dominam
um sistema escrito de linguagem, carecendo do conhecimento e habilidade
necessários para leitura e escrita de textos em seu idioma.

IMPORTANTE

TSE. Súmula nº 15: O exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz,


por si só, de comprovar a condição de alfabetizado do candidato.

TSE. Súmula nº 55: A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da


escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura.

b) Inelegibilidade por motivo de parentesco: Também conhecida como inelegibilidade


reflexa, está disposta no art. 14, §7º da CF/88, que indica que “são inelegíveis, no território
de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território,
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.
o A princípio, esta hipótese alcança somente o Presidente da República,
Governadores e Prefeitos, não alcançando os vices. Contudo, se tiver havido
sucessão no cargo de titular e o vice assumir, incidirá sobre seus parentes também,
enquanto sucessor.

IMPORTANTE

Enunciado de Súmula Vinculante do STF nº 18: A dissolução da


sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

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Destaca-se que, em 2021, o TSE deu nova interpretação à Súmula 18 da


Corte Suprema, ao decidir que a ex-esposa de prefeito reeleito que dele se separou
de fato no curso do primeiro mandato e finalizou o divórcio durante o segundo
mandato, poderá concorrer ao mesmo cargo majoritário nas eleições
imediatamente seguintes.

O STF também compreende que na hipótese de morte do cônjuge ou


parente causador da inelegibilidade, a candidatura do cônjuge ou do parente
daquele que tenha ocupado o cargo de Chefe do Executivo é possível, assim como
no caso em que o próprio ocupante do cargo pudesse candidatar-se à reeleição,
mas tenha se afastado do cargo até seis meses antes do pleito.

c) Inelegibilidade por razões funcionais: A Constituição Federal trata dessa espécie de


inelegibilidade no seu art. 14, §§5º e 6º. Ficam inelegíveis para concorrer ao mesmo cargo
eletivo em terceiro mandato subsequente o Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos. Quem os houver sucedido, ou substituído no
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.
o Assim, se o titular falece durante o primeiro mandato e o vice o sucede, assumindo
o comando do Executivo, só poderá candidatar-se para o período subsequente ao
da sucessão, ficando inelegível para um terceiro mandato.

IMPORTANTE

O Prefeito que tenha exercido dois mandatos consecutivos em um município fica


inelegível também para candidatar-se a terceiro mandato em município distinto,
segundo o STF, aplicando-se a vedação do art. 14, §5º da Constituição Federal.

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• Ainda, quando pretenderem pleitear cargos distintos, o Presidente da República, os


Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes das eleições. (É a chamada desincompatibilização).

2.2 INELEGIBILIDADES INFRACONSTITUCIONAIS OU LEGAIS


 Conforme o art. 14, §9º da CF/88, outros casos de inelegibilidade serão estabelecidos por lei
complementar. Esta lei trata-se da LC 64/90, que apresenta diversas hipóteses e sofreu
grandes alterações pela LC 135/2010, a chamada Lei da Ficha Limpa, resultado da onda de
insatisfação popular sobre casos de corrupção.
 Trataremos das hipóteses mais relevantes de inelegibilidade dispostas pela LC 64/90. São
inelegíveis:
a) Art. 1º, inciso I, alínea “e”: Os que forem condenados, em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o
transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o
patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais
e os previstos na lei que regula a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do
cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei
Complementar)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e
hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual;
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;

 A inelegibilidade constante nesta alínea não se aplica aos crimes culposos e nem aos crimes
definidos em lei como de menor potencial ofensivo ou de ação penal privada.

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b) Art. 1º, inciso I, alínea “g”: Os que tiverem suas contas relativas ao exercício
de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão
irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada
pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso
II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;

c) Art. 1º, inciso I, alínea “j”: Os que forem condenados, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8
(oito) anos a contar da eleição;

d) Art. 1º, inciso I, alínea “p”: A pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas
responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito)
anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22. Doações
acima do limite permitido (10% do rendimento bruto) caracterizam-se como
ilegais.

3 QUANTO À PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS (Art. 15, CF)


• Também é circunstância impeditiva da capacidade eleitoral passiva (ser votado) a suspensão
ou perda dos direitos políticos. A perda é definitiva, enquanto a suspensão dos direitos políticos
é meramente temporária.

• Hipóteses de perda dos direitos políticos:


a) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, em razão da
perda da nacionalidade brasileira.
b) Perda da nacionalidade brasileira por consequência da aquisição de outra.

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• Hipóteses de suspensão dos direitos políticos:


a) Incapacidade civil absoluta;
b) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos;
c) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII;
d) Condenação transitada em julgado por improbidade administrativa, desde a
condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos
após o cumprimento da pena.

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ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL

1. FUNÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL


▪ A Justiça Eleitoral é dotada de três funções principais:

Função Administrativa Função Jurisdicional Função Normativa Função Consultiva


É a função de organizar todo o No exercício dessa Descrita no art. 1º, É a função que autoriza
pleito eleitoral antes, durante e função, a Justiça parágrafo único e art. 23, o pronunciamento da
após a sua ocorrência. Como Eleitoral deverá atuar IX, ambos do Código Justiça Eleitoral, sem
exemplo do exercício da na solução de conflitos Eleitoral, o Tribunal caráter de decisão
administração eleitoral, é sempre que provocada Superior Eleitoral possui judicial, a respeito de
possível destacar o judicialmente para competência para situações abstratas e
alistamento e medidas para aplicar o Direito. A expedir instruções para a impessoais que lhe são
impedir propaganda eleitoral título de exemplo, a execução das leis apresentadas
irregular. Inclusive, a figura do função jurisdicional é eleitorais. São as já (situações em tese),
juiz eleitoral é investida de exercida a partir do referidas Resoluções do conforme o Código
poder de polícia, o que ajuizamento de Ação TSE, que podem ser Eleitoral, em seus
significa a possibilidade de de Investigação expedidas até o dia 5 de artigos 23 e 30.
restringir determinados Eleitoral (AIJE), Ação março do ano da eleição,
direitos ou liberdades, de Impugnação de sem restringir direitos ou
regulando a prática de atos Registro de estabelecer sanções
específicos, em nome da Candidatura (AIRC) e distintas das previstas na
ordem, da segurança e da etc. Lei das Eleições (art. 105
tranquilidade pública. da Lei 9.504/97).

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao


Tribunal Superior: (…) XII – responder, sobre
matéria eleitoral, às consultas que lhe forem
feitas em tese por autoridade com jurisdição
federal ou órgão nacional de partido político;
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Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos


tribunais regionais: (…) VIII – responder,
sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe
forem feitas, em tese, por autoridade pública
ou partido político.

2. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL

São órgãos da Justiça Eleitoral: o Tribunal Superior Eleitoral (com sede em Brasília); os
Tribunais Regionais Eleitorais (na capital de cada Estado e no Distrito Federal); os juízes eleitorais; e as
juntas eleitorais.

➢ Tribunal Superior Eleitoral (TSE): É a corte suprema do Direito Eleitoral (lembrando que o
STF está, hierarquicamente, acima do TSE). Sua composição é formada por, no mínimo, sete
membros, a serem escolhidos da seguinte maneira (art. 16, Código Eleitoral):

I - Mediante eleição, pelo voto secreto:


a) Três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) Dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - Por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados
de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal
Federal.

O Presidente e o Vice-Presidente são eleitos entre os ministros do STF, enquanto o Corregedor


Eleitoral é eleito entre os ministros do STJ. Quanto aos advogados, estes não poderão advogar
em matéria de direito eleitoral, estando permitida a atuação em quaisquer outras searas.
Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si
parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo,
excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último, conforme art. 16, §1º do Código
Eleitoral.
A nomeação [de advogados] não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público de que seja
demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com
subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou
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21 Hermes Hilarião

que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou


municipal, conforme art. 16, §2º do Código Eleitoral.
Os Ministros do TSE são eleitos para um mandato de dois anos de duração, com direito a uma
reeleição, que é vedada após dois mandatos consecutivos.

IMPORTANTE

Súmula 72 do STF. “No julgamento de questão constitucional, vinculada à decisão


do TSE, não estão impedidos os ministros do STF que ali tenham funcionado no
mesmo processo, ou no processo originário”.

Ou seja, Ministro do TSE cuja função também seja de Ministro do STF, em hipótese
de atuação em um caso no TSE, tem permissão para atuar novamente no mesmo
processo caso ele chegue ao Supremo.

Quanto à competência do Tribunal Superior Eleitoral, está disposta nos arts. 22 e 23 do Código
Eleitoral:

Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:

I - Processar e julgar originariamente:

a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios


nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de
Estados diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos
funcionários da sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus
próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a
atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais
Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
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22 Hermes Hilarião

f) as reclamações relativas a obrigações impostas


por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem
dos seus recursos;
g) as impugnações a apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e
expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais
dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato,
Ministério Público ou parte legitimamente interessada;
i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a
contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos;
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de
cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do
mandato eletivo até o seu trânsito em julgado;

II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos


termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa.

Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos


casos do Art. 281.

*************************************************

Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,

I - elaborar o seu regimento interno;


II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso
Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos
respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei;
III - conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do
exercício dos cargos efetivos;
IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos
Tribunais Regionais Eleitorais;
V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;

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23 Hermes Hilarião

VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do


número dos juízes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse
aumento;
VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República,
senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei;
VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas
zonas;
IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em
diligência fora da sede;
XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais
de Justiça nos termos do ar. 25;
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese
por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político;
XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que
essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;
XIV - requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas
próprias decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e
para garantir a votação e a apuração;
XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;
XVI - requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o
acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria;
XVII - publicar um boletim eleitoral;
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução
da legislação eleitoral.

Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único


do art. 1º e no inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias
especificamente autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior
Eleitoral tratar de matéria relativa à organização dos partidos políticos.

➢ Tribunal Regional Eleitoral (TRE): Haverá um Tribunal Regional Eleitoral em cada Estado e
um no Distrito Federal.

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24 Hermes Hilarião

Sua composição é formada por sete membros, a serem


escolhidos da seguinte maneira (art. 120, §1º, CF/88):

I - mediante eleição, pelo voto secreto:


a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no
Distrito
Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo
Tribunal Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis
advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

O Presidente e Vice-Presidente dos Tribunais Regionais Eleitorais serão eleitos dentre os


desembargadores do Tribunal de Justiça do respectivo estado.
Sua competência está disposta nos arts. 29 e 30 do Código Eleitoral:

Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:

I - processar e julgar originariamente:

a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais


de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores,
e membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas;
b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;
c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos
funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e escrivães eleitorais;
d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de
autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de
responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes
eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
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25 Hermes Hilarião

f) as reclamações relativas a obrigações impostas


por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem
dos seus recursos;
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais
em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido
candidato Ministério Público ou parte legitimamente interessada sem prejuízo
das sanções decorrentes do excesso de prazo.

II - julgar os recursos interpostos:

a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais.


b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas
corpus ou mandado de segurança.

Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo


nos casos do Art. 276.

*************************************************

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:

I - elaborar o seu regimento interno;


II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes os cargos
na forma da lei, e propor ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal
Superior a criação ou supressão de cargos e a fixação dos respectivos
vencimentos;
III - conceder aos seus membros e aos juízes eleitorais licença e férias, assim
como afastamento do exercício dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles,
a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;
IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados
estaduais, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e juízes de paz, quando não
determinada por disposição constitucional ou legal;
V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;

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26 Hermes Hilarião

VI - indicar ao tribunal Superior as zonas


eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser feita pela mesa
receptora;
VII - apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os
resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador de membros do
Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do
prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de
seus trabalhos;
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em
tese, por autoridade pública ou partido político;
IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa
divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;
X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania
eleitoral durante o biênio;
XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões solicitar ao
Tribunal Superior a requisição de força federal;
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente
e, no interior, aos juízes eleitorais, a requisição de funcionários federais,
estaduais ou municipais para auxiliarem os escrivães eleitorais, quando o exigir
o acúmulo ocasional do serviço;
XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada
Estado ou Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no
caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias;
XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta)
dias aos juízes eleitorais;
XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior;
XVII - determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na
respectiva circunscrição;
XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado.
XIX - suprimir os mapas parciais de apuração mandando utilizar apenas os
boletins e os mapas totalizadores, desde que o menor número de candidatos às
eleições proporcionais justifique a supressão, observadas as seguintes normas:

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27 Hermes Hilarião

a) qualquer candidato ou partido poderá


requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência dos mapas parciais de
apuração;
b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no
prazo de três dias, recorrer para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco
dias;
c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses
antes da data da eleição;
d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelos Tribunais
Regionais, depois de aprovados pelo Tribunal Superior;
e) o Tribunal Regional ouvira os partidos na elaboração dos modelos dos
boletins e mapas de apuração a fim de que estes atendam às peculiaridades
locais, encaminhando os modelos que aprovar, acompanhados das sugestões
ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do Tribunal Superior.

➢ Juiz Eleitoral: Não existe um corpo de magistrados próprios da Justiça Eleitoral, seus cargos são
temporários e não possuem vitaliciedade. O juiz eleitoral é um juiz de direito da Justiça Estadual,
designado pelo TSE para o exercício da função por dois anos, prorrogáveis por mais dois.
Em caso de juiz de comarca com vara única que também seja zona eleitoral, o magistrado
também será juiz eleitoral, não havendo limitação temporal.
Sua competência está disposta no art. 35 do Código Eleitoral.

➢ Junta Eleitoral: Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente,
e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. (Art. 36 do Código Eleitoral).
Seus membros serão nomeados 60 dias antes da eleição, após aprovação pelo presidente do TRE,
a quem cumpre também designar-lhes a sede.
Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas
serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3 (três) dias,
em petição fundamentada, impugnar as indicações.
Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:
I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau,
inclusive, e bem assim o cônjuge;
II - os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e
cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
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28 Hermes Hilarião

III - as autoridades e agentes policiais, bem como


os funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo;
IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

CALENDÁRIO ELEITORAL

6. CALENDÁRIO ELEITORAL: Prazos Relevantes

O Calendário Eleitoral é expedido pelo Tribunal Superior Eleitoral e disciplina todos os prazos
do ano eleitoral, determinando datas-limite para o atos como a filiação, a regularização do título de
eleitor, o registro de candidatura do pré-candidato designado em convenção eleitoral e etc.
Merecem destaque os seguintes atos:

a) 5 DE MARÇO - Resoluções do TSE – Data limite para o Tribunal Superior Eleitoral publicar
as instruções relativas às eleições gerais do ano.

b) 1º DE ABRIL - Janela de migração partidária – Iniciada em 3 de março, a data limite para


que deputadas e deputados federais, estaduais e distritais possam trocar de partido para concorrer nas
novas eleições sem perder o mandato estende-se até 1º de abril.

c) ENTRE 20 DE JULHO A 5 DE AGOSTO – Período no qual devem ocorrer as convenções


partidárias para escolha dos candidatos.

d) 15 DE AGOSTO – Data limite para que os candidatos escolhidos em convenção partidária


solicitem junto à Justiça Eleitoral os seus registros de candidatura. O prazo vai até as dezenove horas
do dia 15 de agosto.

e) SEIS MESES ANTES DA DATA DAS ELEIÇÕES - Desincompatibilização e filiação – Data até
a qual o Presidente da República, as Governadoras ou os Governadores de Estado e do Distrito Federal
e as Prefeitas e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos, caso pretendam concorrer a
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29 Hermes Hilarião

outros cargos; Prazo limite para pretensas candidatas e candidatos a


cargo eletivo estarem com filiação partidária deferida.

f) TRÊS MESES ANTES DA DATA DAS ELEIÇÕES – Desincompatibilização de servidores


efetivos ou comissionados – Data limite para que servidores públicos ou comissionados afastem-se
dos cargos, a fim de concorrerem a cargo eletivo. IMPORTANTE: Caso a função exercida seja de chefia,
o afastamento deve ocorrer com antecedência de SEIS meses.
No caso de militares da ativa, o prazo de desincompatibilização do serviço para concorrer às
eleições é de quatro a seis meses, dependendo do cargo ao qual será candidato e da função que ocupa
na corporação militar.

g) 16 DE AGOSTO – Propaganda eleitoral – Data a partir da qual está autorizada a propaganda


eleitoral, inclusive na internet. Propagandas realizadas antes desta data, durante a pré-campanha, se
caracterizarão como antecipadas e ensejarão sanções aos responsáveis.

PROPAGANDA POLÍTICO-ELEITORAL

7. PROPAGANDA POLÍTICO-ELEITORAL: Conceito e Fundamentos

A propaganda política se caracteriza pelos procedimentos de comunicação em massa, pelos


quais se difundem ideologias e informações, a fim de obter-se a adesão dos eleitores, despertando-lhes
a simpatia ou a rejeição acerca de determinadas ideias.

Art. 10. A propaganda, qualquer que seja sua forma ou modalidade,


mencionará sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua
nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar,
artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais
(Código Eleitoral, art. 242, e Lei nº 10.436/2002, arts. 1º e 2º).

São princípios norteadores da propaganda política:


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30 Hermes Hilarião

a) Princípio da Legalidade: A propaganda é regulada por Lei Federal, devendo seguir


rigidamente as normas dispostas.
b) Princípio da Liberdade: Uma vez alinhada às disposições legais, a propaganda política pode
ser exercida livremente.
c) Princípio da Liberdade de Expressão ou Comunicação: Traduz-se no meio de contato entre
o público, formado por potenciais eleitores, e o candidato, sendo uma ramificação da liberdade de
manifestação de pensamento resguardada constitucionalmente. Tal princípio é essencial para que se
configure um espaço público de debate, sendo um meio para que a verdade sobre candidatos e partidos
possam vir à luz.
d) Princípio da Liberdade de Informação: Determina que para que a sociedade possa elaborar
juízo seguro em relação ao candidato, dos projetos, ideias e do projeto que apresenta, possui o direito
obter todas as informações – positivas ou negativas - a respeito dele.
e) Princípio da Veracidade: Os fatos veiculados na propaganda devem corresponder à verdade
histórica. Em reflexo a este princípio, pode-se mencionar a possibilidade do direito de resposta
sempre que o candidato for atingido por informação “sabidamente inverídica”.
f) Princípio da Igualdade ou Isonomia: Toda a sociedade tem acesso à propaganda, em
conformidade com as disposições legais.
g) Princípio da Responsabilidade: Toda propaganda política é de responsabilidade dos
partidos, coligações e candidatos, inclusive em casos de abuso ou violações passíveis de sanção penal.
Eventualmente, o veículo e o agente de comunicação também podem ser responsabilizados.
h) Princípio do Controle Judicial: Faz parte da competência da Justiça Eleitoral a aplicação de
normas jurídicas relativas à propaganda política. Como referido anteriormente, os juízes eleitorais
estão imbuídos de poder de polícia, devendo exercê-lo para resguardar os bens jurídicos já
mencionados.

7.1 ESPÉCIES DA PROPAGANDA POLÍTICA

A propaganda política divide-se em espécies, estando entre as mais relevantes a propaganda


partidária, propaganda intrapartidária e a propaganda eleitoral.

Propaganda Partidária: Traduz-se na divulgação da ideologia que o partido defende em seus


projetos e programas. Seu objetivo é viabilizar a exposição e o debate público dos projetos, metas,
valores defendidos, programa de governo, propostas de desenvolvimento social e meios pelos quais o
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partido pretende executá-las. Ainda, é uma forma de incentivo à filiação


partidária e inclusão política de grupos historicamente marginalizados.

Propaganda Intrapartidária: É facultada aos postulantes a candidatura, ou seja, os “candidatos


a candidato”, que pretendem ser escolhidos pelo partido, na convenção partidária, para concorrer ao
cargo eletivo. Essa propaganda não se dirige aos eleitores em geral, por este motivo veda-se o uso de
meios de comunicação de massa, como rádio, televisão e outdoors.

Propaganda Eleitoral: Esta possui o objetivo de influenciar o eleitorado, no sentido de captar


votos a determinado candidato. Caracteriza-se por levar ao conhecimento público as razões que possam
induzir a conclusão de que o beneficiário é o candidato mais apto para o cargo em disputa, ainda que
com informações nubladas ou disfarçadas.
É distinta da propaganda partidária, uma vez que a outra destina-se à divulgação do programa e
ideário do partido político, enquanto a propaganda eleitoral traz à luz os projetos dos candidatos para
convencer os eleitores e conquistar a vitória no pleito.

IMPORTANTE
A propaganda eleitoral, inclusive na internet, somente é permitida após o
dia 15 de agosto do ano da eleição.

Propaganda Institucional: Possui a finalidade de divulgar de maneira honesta verídica e


objetiva os atos e feitos da Administração, sempre se tendo em foco o dever de bem informar a
população. Para configurar-se, deve ser custeada com recursos públicos e autorizada por agente
público. A propaganda paga com dinheiro privado não é institucional. Sua ilicitude pode caracterizar
ato de improbidade administrativa.

7.2 PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA OU EXTEMPORÂNEA

A propaganda eleitoral só é permitida a partir do dia 16 de agosto do ano da eleição até o dia
do pleito. Nessa oportunidade, o candidato já terá sido escolhido na convenção e seu pedido de registro
já deverá ter sido requerido a justiça eleitoral.
Caso a propaganda seja feita fora desse período, classifica-se como antecipada. Caracteriza-se
pela captação antecipada de votos, o que pode ferir a igualdade entre os candidatos e desequilibrar o
certame.
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32 Hermes Hilarião

Logo, a campanha eleitoral antecipada é aquela divulgada antes


do período permitido, com o intuito de beneficiar um pré-candidato, aquela pessoa que possui a
intenção de concorrer às eleições, mas não formalizou sequer seu pedido de candidatura.
Segundo o art. 36-A do Código Eleitoral, não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde
que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das
qualidades pessoais dos pré-candidatos:

a) participação em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na


internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos.
b) realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos
partidos políticos.
c) realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a
divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os
pré-candidatos.
d) divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos.
e) divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes sociais;
f) realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo
ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias,
objetivos e propostas partidárias.

Nesses casos, é permitido o pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das


ações políticas desenvolvidas e das que se pretende desenvolver. Tais atos poderão ter cobertura dos
meios de comunicação social, inclusive via Internet.
O TSE compreende que as proibições impostas durante o período eleitoral também aplicam-se
aos atos de pré-campanha.
Do mesmo modo, o Tribunal ainda decidiu que discursos de ódio durante a pré-campanha
proferidos por cidadão comum em direção a qualquer pré-candidato pode se configurar como
propaganda eleitoral antecipada negativa.

• Sanção à propaganda antecipada ou extemporânea

Art. 36, §3º, Código Eleitoral. A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela
divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no

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valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil


reais), ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.

7.3 PROPAGANDA ELEITORAL

É necessário analisar a propaganda eleitoral de forma mais detida, considerando que ela ocorre durante
todo o período eleitoral, entre o dia 16 de agosto e o dia das eleições.

• Vedações da Propaganda Eleitoral

a) Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a ele pertençam;
b) Nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública, sinalização de tráfego,
viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos;
c) É vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta
e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.
d) É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou
com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou
quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.
e) É vedada a propaganda eleitoral mediante outdoors, inclusive eletrônicos, sujeitando-se a
empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos à imediata retirada da
propaganda irregular e ao pagamento de multa no valor de R$5.000,00 a R$15.000,00.
f) Showmícios. Conhecidos pela utilização de shows ou apresentações artísticas, ainda que
gratuitas, para animar comício e reunião eleitoral.

IMPORTANTE

ADI 5970. O TSE e o STF compreenderam que a prática de “lives” na internet cujo
objetivo seja arrecadar fundos para a campanha eleitoral NÃO configura
showmício e está autorizada.

• Exceções

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a) Bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não


dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos;
b) Adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas residenciais,
desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado).

IMPORTANTE

Art. 37, §4º, Código Eleitoral. Bens de uso comum, para fins eleitorais,
são os assim definidos pela Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil
e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas,
clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de
propriedade privada.

Art. 39, Código Eleitoral. A realização de qualquer ato de propaganda


partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da
polícia.

• Propaganda no rádio e televisão

Merece especial atenção o regramento da propaganda a ser veiculada no rádio e na televisão,


disposto entre o arts. 44 e 57 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97).
Destaca-se que a propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se sempre ao horário
gratuito, vedada a veiculação de propaganda paga em tais meios.
Também veda-se a utilização de comercial ou propaganda realizada com a intenção, ainda que
disfarçada ou subliminar, de promover marca ou produto.

Art. 45. Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições,
é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu
noticiário:

I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de


realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza

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eleitoral em que seja possível identificar o


entrevistado ou em que haja manipulação de dados;
II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de
qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou
produzir ou veicular programa com esse efeito; (Vide ADIN 4.451)
III - veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a
candidato, partido, coligação, a seus órgãos ou representantes; (Vide ADIN
4.451)
IV - dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação;
V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa
com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que
dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos;
VI - divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em
convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do
candidato ou com a variação nominal por ele adotada. Sendo o nome do
programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua divulgação, sob pena
de cancelamento do respectivo registro.

IMPORTANTE
O STF declarou inconstitucionais os incisos II e III do art. 45 da Lei das Eleições,
o que significou uma maior liberdade humorística e jornalística durante o período
eleitoral. (ADI 4451).

• Alto-falante, carro de som, minitrio e trio elétrico

É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde
que observado o limite de 80 decibéis de nível de pressão sonora, medido a 7 metros de distância do
veículo, apenas em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios (Art. 39,
§11 da Lei das Eleições).
Contudo, é vedada a utilização de trios elétricos em campanhas eleitorais, exceto para a
sonorização de comícios. (Art. 39, §10 da Lei das Eleições).

Art. 15. O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som somente é


permitido até a véspera da eleição, entre as 8 (oito) e as 22h (vinte e duas horas),
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sendo vedados a instalação e o uso daqueles


equipamentos em distância inferior a 200m (duzentos metros) (Lei nº
9.504/1997, art. 39, § 3º):
I - das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, das sedes dos tribunais judiciais, dos quartéis
e de outros estabelecimentos militares;
II - dos hospitais e das casas de saúde;
III - das escolas, das bibliotecas públicas, das igrejas e dos teatros, quando em
funcionamento.
§ 1º A realização de comícios e a utilização de aparelhagens de sonorização
fixas são permitidas no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24h
(vinte e quatro horas), com exceção do comício de encerramento da
campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas (Lei nº
9.504/1997, art. 39, § 4º).

• Caminhada, passeata e carreata

Até as 22 horas do dia que antecede a eleição, serão permitidos distribuição de material gráfico,
caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou
mensagens de candidatos (art. 39 §9º LE).

• Propaganda eleitoral na internet

Conforme o art. 57-A da Lei das Eleições, a propaganda eleitoral na internet é permitida após o
dia 15 de agosto do ano das eleições.
A propaganda eleitoral na Internet poderá ser realizada nas seguintes formas:

I – Em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral


e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de Internet
estabelecido no país;

II – Em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à


Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço
de Internet estabelecido no país;
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III – Por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados


gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação;

IV – Por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e


aplicações de Internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou editado por:
a) candidatos, partidos ou coligações; ou
b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de
conteúdo.

Assim como nas propagandas veiculadas no rádio e na televisão, é vedada a veiculação de


propaganda eleitoral paga na internet, permitindo-se somente que conteúdos sejam impulsionados
exclusivamente pelos partidos, coligações, candidatos e seus representantes.
O art. 57-D veda o anonimato na internet durante o período da campanha eleitoral, bem como
assegura o direito de resposta.
Por fim, dispõe o art. 57-I:

Art. 57-I. A requerimento de candidato, partido ou coligação, observado o rito


previsto no art. 96 desta Lei, a Justiça Eleitoral poderá determinar, no âmbito e
nos limites técnicos de cada aplicação de internet, a suspensão do acesso a todo
conteúdo veiculado que deixar de cumprir as disposições desta Lei, devendo o
número de horas de suspensão ser definida proporcionalmente à gravidade da
infração cometida em cada caso, observado o limite máximo de vinte e quatro
horas.

• Direito de resposta

Disposto no art. 58 e parágrafos da Lei de Eleições, o direito de resposta pode ser exercido já a
partir da escolha de candidatos em convenção, quando o candidato, partido ou coligação forem
atingidos, ainda que indiretamente, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa
ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social.

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Os prazos para o pedido do direito de resposta estão elencados


no art. 58, §1º do mesmo diploma legal:

I - vinte e quatro horas, quando se tratar do horário eleitoral gratuito;


II - quarenta e oito horas, quando se tratar da programação normal das emissoras
de rádio e televisão;
III - setenta e duas horas, quando se tratar de órgão da imprensa escrita.
IV - a qualquer tempo, quando se tratar de conteúdo que esteja sendo divulgado
na internet, ou em 72 (setenta e duas) horas, após a sua retirada.

Uma vez recebido o pedido, o ofensor será imediatamente notificado pela Justiça Eleitoral para
que se defenda em vinte e quatro horas, devendo a decisão ser prolatada no prazo máximo de setenta e
duas horas da data da formulação do pedido (art. 58, §2º).
Ainda segundo a Lei das Eleições, é cabível recurso às instâncias superiores sobre decisões que
versem do direito de resposta em até vinte e quatro horas, em atendimento ao princípio da celeridade
eleitoral.
Nesse sentido, as decisões da Justiça Eleitoral também devem ser proferidas no prazo máximo
de vinte e quatro horas.

NOÇÕES GERAIS DE ARRECADAÇÃO E


DAS DESPESAS ELEITORAIS
8. NOÇÕES GERAIS DE ARRECADAÇÃO E DESPESAS ELEITORAIS

A Resolução nº 23.607/2019, alterada pela Resolução nº 23.665/2021 (ambas do TSE), prevê o


regramento sobre arrecadação e despesas por partidos políticos e candidatos, bem como as orientações
acerca da prestação de contas nas Eleições Gerais.

➢ Vedações

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De acordo com a norma, partidos políticos e candidatos estão


proibidos de receber, direta ou indiretamente, doações em dinheiro ou estimativas em dinheiro,
inclusive por meio de qualquer forma de publicidade, de pessoas jurídicas, de origem estrangeira e de
servidores públicos. A nacionalidade do doador não será relevante para que se configure a vedação,
somente a procedência dos recursos doados.

➢ Requisitos

Existem pré-requisitos a serem observados durante a arrecadação de recursos para campanha


eleitoral. Para candidatos, é necessário requerimento do registro de candidatura, inscrição no CNPJ,
abertura de conta bancária específica e emissão de recibos eleitorais, observado o disposto no artigo 7º
da norma, na hipótese de doações estimáveis em dinheiro e de doações pela internet.
Já para partidos, é exigido registro ou anotação, conforme o caso, no respectivo órgão da Justiça
Eleitoral, inscrição no CNPJ, abertura de conta bancária específica e emissão de recibos de doação na
forma regulamentada pelo TSE nas prestações de contas anuais.

➢ Quanto à origem dos recursos

Observados os limites estabelecidos, somente serão aceitos valores para campanhas eleitorais
se provenientes de: recursos próprios do candidato; doações financeiras ou estimáveis em dinheiro de
pessoas físicas; doações de outros partidos políticos e de outros candidatos; comercialização ou
promoção de bens e/ou serviços e eventos de arrecadação realizados diretamente por candidatos ou
agremiações políticas; e recursos procedentes da aplicação de fundos à sua disposição.
Também serão admitidos recursos próprios das legendas, desde que identificada a origem e que
sejam provenientes do Fundo Partidário; do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC); de
doações de pessoas físicas efetuadas aos partidos; de contribuição dos filiados; da comercialização de
bens, serviços ou promoção de eventos; e de rendimentos decorrentes da locação de bens próprios das
siglas.
O partido não poderá transferir para o candidato ou utilizar, direta ou indiretamente, nas
campanhas eleitorais recursos que tenham sido doados por pessoas jurídicas, ainda que em exercícios
anteriores.

➢ Doações

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As doações de pessoas físicas e de recursos próprios somente


poderão ser realizadas, inclusive pela internet, por meio de: transação bancária na qual o CPF do doador
seja obrigatoriamente identificado; doação ou cessão temporária de bens e/ou serviços estimáveis em
dinheiro, com a demonstração de que o doador é proprietário do bem ou é o responsável direto pela
prestação de serviços; e instituições que promovam técnicas e serviços de financiamento coletivo
mediante sites da internet, aplicativos eletrônicos e outros recursos similares.

➢ Fundo Partidário

O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos é a fonte principal dos recursos
utilizados pelos partidos e agremiações políticas. Destina-se aos partidos cujos estatutos estejam
devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral e a prestação de contas esteja devidamente
regularizada.
Segundo o art. 38 da Lei dos Partidos Políticos:

Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo
Partidário) é constituído por:
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e
leis conexas;
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente
ou eventual;
III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos
bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;
IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao
número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta
orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em valores de
agosto de 1995.

Do total do fundo partidário, conforme art. 41-A da Lei dos Partidos Políticos:

a) 5% (cinco por cento) serão destacados para entrega, em partes iguais, a todos os partidos que
atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos recursos do Fundo Partidário;

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b) 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos


na proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados. Quanto a
este ponto, serão desconsideradas as mudanças de filiação partidária em quaisquer hipóteses.

➢ Cotas dos recursos eleitorais para candidaturas femininas e negras

A legislação eleitoral determinou que os partidos políticos devem destinar os recursos do Fundo
Eleitoral proporcionalmente ao total de candidaturas de mulheres e pessoas negras.
Se há 35% de candidaturas femininas no partido, elas deverão receber 35% do Fundo Eleitoral.
O percentual para as mulheres, contudo, não pode ser menor que 30%.
No caso de pessoas negras, se um partido lançou 50% de candidatos que se identificam como
negros, eles devem receber 50% dos recursos do Fundo.

➢ Limite de gastos de campanha

A cada eleição é estabelecido um teto para os gastos das campanhas eleitorais majoritárias e
proporcionais. É o valor limite que cada candidato pode gastar para investir em sua campanha.
Os limites variam de acordo com o cargo para o qual o indivíduo está concorrendo e são
instituídos por lei. O TSE divulgará o montante exato que cada candidato poderá gastar a partir da
utilização de alguns critérios e cálculos complexos.
Nas eleições majoritárias, o limite é único, incluindo todos os gastos realizados pela chapa, ou
seja, pelo titular e respectivo vice ou suplente.
Contudo, conforme o parágrafo único do art. 18-A da Lei das Eleições, não estão sujeitos aos
limites estabelecidos “os gastos advocatícios e de contabilidade referentes a consultoria, assessoria e
honorários, relacionados à prestação de serviços em campanhas eleitorais e em favor destas, bem como
em processo judicial decorrente de defesa de interesses de candidato ou partido político”.
Segundo o art. 18-B do mesmo diploma, o descumprimento dos limites de gastos estabelecidos
pode acarretar:

a) Sanção de multa de valor equivalente a 100% da quantia que ultrapassar o limite estabelecido;

b) Apuração da ocorrência de abuso do poder econômico, que pode se dar tanto por meio de
AIJE, quanto no âmbito da ação por captação ou gastos ilícitos de recursos prevista no art. 30-A da Lei
das Eleições.
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Nas últimas eleições (2020 e 2022), os limites de gastos em campanha foram, em média, os
seguintes para cada cargo:

a) Presidente da República: R$88.000.000,00 no primeiro turno (com acréscimo de


R$44.000.000,00 para o segundo turno).
b) Senador: R$3.000.000,00, em média, com variação por estado.
c) Governador: R$5.000.000,00, em média, com variação por estado.
d) Deputado Federal: R$2.500.000,00.
e) Deputado Estadual: R$1.000.000,00.
f) Prefeito: R$123.000,00.
g) Vereador: R$12.000,00.

➢ Prestação de contas

A prestação de contas é um dever de todos os candidatos, com seus vices e suplentes, e dos
diretórios partidários nacionais e estaduais, em conjunto com seus respectivos comitês financeiros, se
constituídos. Tal medida é imposta para garantir-se a transparência e a legitimidade da atuação
partidária no processo eleitoral.
O candidato que renunciar à candidatura, dela desistir, for substituído, ou tiver seu pedido de
registro indeferido pela Justiça Eleitoral (JE) deverá prestar contas correspondentes ao período em que
participou do processo eleitoral, mesmo que não tenha realizado campanha. Se houver dissidência
partidária, os dissidentes também deverão prestar contas.
A prestação de contas é feita parcialmente e finalmente. A prestação parcial deverá ser
realizada duas vezes, em prazo que, geralmente, compreende o final de julho e o início de agosto para
a primeira prestação, enquanto a segunda prestação parcial é comumente realizada ente o final de
agosto e início de setembro. A ausência de prestação de contas parciais pode repercutir na regularidade
das contas finais.
A prestação de contas final deve ser feita até o trigésimo dia posterior às eleições, para todos os
candidatos que não concorrerem ao segundo turno e para os partidos políticos, incluídas as contas dos
respectivos comitês financeiros. Havendo segundo turno, as contas referentes aos dois turnos deverão
ser prestadas até o trigésimo dia posterior a sua realização.

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Após o prazo para a prestação de contas final, quem não o tiver


feito será notificado, em até cinco dias, para prestá-la em até 72 horas, sob pena de ter as contas julgadas
como não prestadas. Os candidatos, enquanto permanecerem omissos, mesmo após eleitos, não
poderão ser diplomados.
Erros formais ou materiais que não comprometam o conhecimento da origem das receitas e a
destinação das despesas não acarretarão a desaprovação das contas.
Somente ocorrerá a responsabilização pessoal civil e criminal dos dirigentes partidários em
decorrência da desaprovação das contas e de atos ilícitos atribuídos ao partido político se verificada
irregularidade grave e insanável resultante de conduta dolosa que importe enriquecimento
ilícito e lesão ao patrimônio do partido.

AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS


AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS
O processo constitui legítimo instrumento de exercício do poder estatal e por ele são tutelados
bens e direitos, especialmente aqueles considerados fundamentais, conforme leciona José Jairo Gomes.
No processo eleitoral existem algumas ações e recursos específicos que servem de instrumento
para que as normas de Direito Eleitoral sejam resguardadas.

IMPORTANTE

Art. 15 do CPC. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais,


trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas
supletiva e subsidiariamente.

Ou seja, identificada a ausência de normas que regulem determinado


tema do processo eleitoral, o Código de Processo Civil poderá ser aplicado
subsidiariamente.
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AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO


DE CANDIDATURA (AIRC)

1. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA (AIRC)

Trata-se do instrumento a ser utilizado para impedir o deferimento do registro de


candidatura do indivíduo escolhido em convenção partidária para pleitear as eleições, em razão da
ausência de algum pressuposto constitucional ou infraconstitucional.
Diferentemente do Processo de Registro de Candidatura, em que não há conflito a ser solvido, a
AIRC possui natureza contenciosa e é uma ação autônoma, a ser ajuizada de forma independente e não
nos autos do Processo de Registro.

1.1 Hipóteses de cabimento

a) Ausência de condição de elegibilidade;


b) Incidência de uma ou mais causas de inelegibilidade;
c) Não cumprimento de formalidade legal essencial ao registro.

1.2 Legitimidade

a) Ativa: Podem ajuizar AIRC qualquer candidato (pré-candidato), partido político, coligação ou
o Ministério Público.
b) Passiva: A legitimidade passiva recai sobre o pré-candidato cujo registro busca-se impugnar.

Qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos poderá, no prazo de cinco dias contados da
publicação do edital relativo ao pedido de registro, dar notícia de inelegibilidade ao Juízo Eleitoral
competente, mediante petição fundamentada, apresentada em duas vias. O Cartório Eleitoral
procederá à juntada de uma via aos autos do pedido de registro do candidato a que se refere a notícia e
encaminhará a outra via ao Ministério Público Eleitoral, detentor de legitimidade ativa para ajuizar
AIRC.

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1.3 Prazo para ajuizamento

Caberá a qualquer candidato, a partido político, à coligação ou ao Ministério Público Eleitoral, no


prazo de cinco dias, contados da publicação do edital relativo ao pedido de registro, impugná-lo em
petição fundamentada (Lei Complementar nº 64/90, art. 3º, caput).
Uma vez transcorrido o prazo sem qualquer impugnação, extingue-se a possibilidade de ajuizar
a AIRC. Contudo, inelegibilidades constitucionalmente previstas ainda poderão ser alegadas em sede de
Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) conforme será tratado mais a frente.

1.4 Competência

A competência para julgar a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura dependerá do


cargo que está sendo pleiteado pelo pré-candidato.
Na AIRC ajuizada em face de pré-candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, a competência
será do Juiz Eleitoral;
Quando o polo passivo for ocupado por pré-candidatos a governador, vice-governador, senador,
suplentes de senador, deputado federal, deputado estadual e deputado distrital, a competência será do
Tribunal Regional Eleitoral (TRE);
Quando o AIRC for em face de pré-candidato a presidente da república e vice-presidente da
república, o detentor da competência será o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

1.5 Rito procedimental quando a competência for de Juiz Eleitoral

O impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a
veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo de 6.
Terminado o prazo para impugnação, o candidato, o partido político ou a coligação serão
notificados para, no prazo de 7 dias, contestá-la ou se manifestar sobre a notícia de inelegibilidade,
juntar documentos, indicar rol de testemunhas e requerer a produção de outras provas, inclusive
documentais, que se encontrarem em poder de terceiros, de repartições públicas ou em procedimentos
judiciais ou administrativos, salvo os processos que estiverem tramitando em segredo de justiça.
Decorrido o prazo para contestação, se não se tratar apenas de matéria de direito e a prova
protestada for relevante, o Juiz Eleitoral designará os quatro dias seguintes para inquirição das
testemunhas do impugnante e do impugnado em uma só assentada, as quais comparecerão por
iniciativa das partes que as tiverem arrolado, após notificação judicial.
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Encerrado o prazo da dilação probatória, as partes, inclusive o


Ministério Público Eleitoral, poderão apresentar alegações finais no prazo comum de 5 dias, sendo
os autos conclusos ao Juiz Eleitoral, no dia imediato, para proferir sentença.
O candidato cujo registro esteja ainda sob apreciação poderá efetuar todos os atos relativos à
campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome
mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele
atribuídos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior.
A declaração de inelegibilidade do candidato a prefeito não atingirá o candidato a vice-prefeito,
assim como a deste não atingirá aquele. Reconhecida a inelegibilidade e sobrevindo recurso, a validade
dos votos atribuídos à chapa que esteja sub judice no dia da eleição fica condicionada ao
deferimento do respectivo registro.
O pedido de registro, com ou sem impugnação, será julgado no prazo de três dias após a
conclusão dos autos ao Juiz Eleitoral. A decisão será publicada em cartório, passando a correr desse
momento o prazo de três dias para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral.
Se o Juiz Eleitoral não apresentar a sentença no prazo referido, o prazo para recurso só começará
a correr após a publicação da decisão.
Ocorrendo essa hipótese, o Corregedor Regional, de ofício, apurará o motivo do retardamento e
proporá ao Tribunal Regional Eleitoral, se for o caso, a aplicação da penalidade cabível.
Uma vez que a AIRC seja julgada procedente e transitada em julgado ou publicada a decisão
proferida por órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, seu registro de
candidatura será negado ou cancelado, caso já tenha sido realizado, ou declarado nulo o
diploma, em hipótese de já ter sido expedido.
Importante ressaltar que é facultado ao partido político ou à coligação substituir candidato que
tiver seu registro indeferido, inclusive por inelegibilidade, cancelado ou cassado, ou, ainda, que
renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro.
Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a substituição só se efetivará se o novo
pedido for apresentado até 20 dias antes do pleito, exceto no caso de falecimento de candidato,
quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo, observado, em qualquer hipótese, o prazo
de 10 dias contados do fato.

1.6 Rito procedimental quando a competência for do TRE ou TSE

Nestes casos em que a competência inicial já pertence aos Tribunais Regionais ou Tribunal
Superior, é necessário observar o que determina o art. 13 da Lei Complementar 64/90:
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Art. 13. Tratando-se de registro a ser julgado originariamente por Tribunal


Regional Eleitoral, observado o disposto no art. 6° desta lei complementar, o
pedido de registro, com ou sem impugnação, será julgado em 3 (três) dias,
independentemente de publicação em pauta.
Parágrafo único. Proceder-se-á ao julgamento na forma estabelecida no art. 11
desta lei complementar e, havendo recurso para o Tribunal Superior Eleitoral,
observar-se-á o disposto no artigo anterior.

Art. 14. No Tribunal Superior Eleitoral, os recursos sobre registro de candidatos


serão processados e julgados na forma prevista nos arts. 10 e 11 desta lei
complementar.

Por fim, cabe ressaltar que os prazos elencados no art. 3º e seguintes da LC 64/90 são contínuos,
iniciando a partir da data de encerramento do prazo para registro de candidatos e não se suspendendo
aos sábados, domingos e feriados.

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE)

2. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE)

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral está lastreada no art. 22 da Lei Complementar 64/90, já
referida como a Lei das Inelegibilidades, fruto de uma preocupação do Constituinte com os gravíssimos
efeitos do poder econômico ou político sobre as eleições. É o instrumento empregado para proteção da
lisura, legitimidade e autenticidade do prélio eleitoral e igualdade entre os candidatos.

A AIJE é cabível em situações de:

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a) Abuso de Poder Econômico (Ex. Caixa dois, distribuição de


combustível, assistencialismo, etc);
b) Abuso de Poder Político (Ex. Utilização da estrutura da administração pública em benefício
de determinada candidatura ou como forma de prejudicar a campanha de eventuais adversários);
c) Uso Indevido dos Meios de Comunicação (Geralmente, está entrelaçado com os abusos de
poder econômico e político. Ex. Divulgação maciça de matérias elogiosas a pré-candidato em diversos
jornais e revistas, com potencial para desequilibrar a disputa eleitoral).

É utilizada para pedidos de abertura de investigação judicial, relatando fatos e indicando provas,
indícios e circunstâncias para apurar o uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder
de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de
candidato ou de partido político.

2.1 Conceito de abuso de poder

O conceito de abuso de poder é em si, uno e indivisível. Trata-se de conceito fluido,


indeterminado, que, na realidade pode assumir contornos diversos. Tais variações concretas decorrem
de sua indeterminação a priori. Logo, em geral, somente as peculiaridades observadas no caso concreto
é que permitirão ao intérprete afirmar se esta ou aquela situação real configura ou não abuso.
Por se tratar de conceito juridicamente indeterminado, dependerá sempre do exame do caso
concreto para a avaliação de sua ocorrência. Não basta o uso do poder econômico, mas há de se verificar
o abuso, o desvio, o excesso ou a contrariedade à lei.
O conceito é elástico, flexível, podendo ser preenchido por fatos ou situações tão variados quanto
os seguintes:

a) Uso nocivo e distorcido de meios de comunicação social;


b) Propaganda eleitoral irregular;
c) Distribuição de vantagens: fornecimento de alimentos, medicamentos, materiais ou
equipamentos agrícolas, utensílios de uso pessoal ou doméstico, material de construção;
d) Oferta de tratamento de saúde;
e) Contratação de pessoal em período vedado;
f) Percepção de recursos de fonte proibida;
g) Coação moral;
h) Compra de apoio político de adversário
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Para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o
resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam. (Art. 22, XVI,
LC 64/90).

2.2 Competência

Nas eleições municipais, a AIJE é de competência do Juiz Eleitoral.


Se a ação for manejada em face de Governadores, Vice-Governadores, Deputados Federais,
Senadores ou Deputados Estaduais ou Distritais, o processo fica sob a responsabilidade do Corregedor
Regional Eleitoral (TRE).
Caso o polo passivo seja ocupado pelo Presidente da República ou Vice, a competência é do
Corregedor-Geral Eleitoral (TSE).

2.3 Legitimidade

Possuem legitimidade ativa na Ação de Investigação Judicial Eleitoral:

a) Ministério Público;
b) Candidatos;
c) Pré-candidatos (escolhidos em convenção partidária);
d) Partidos e Coligações;

O partido coligado NÃO TEM legitimidade para agir isoladamente. No mesmo sentido, o cidadão
também não possui legitimidade, porém, poderá noticiar o fato ao Ministério Público.
Como legitimados passivos, pode-se elencar:

a) Os candidatos beneficiados, e qualquer pessoa que tenha contribuído para o ato abusivo, com
exceção das pessoas jurídicas (o objeto do pedido é a cassação do registro ou diploma e a
decretação da inelegibilidade).
b) Partidos Políticos e coligações não ostentam legitimidade passiva para a causa em AIJE.

Na AIJE também não há litisconsórcio passivo necessário entre os candidatos beneficiados e


as pessoas que contribuíram para a prática do ato abusivo.
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2.4 Prazo para ajuizamento da AIJE

Entende-se que a ação deve ser ajuizada no período compreendido entre as convenções e o
registro de candidatura, até a data da diplomação dos eleitos (certificação da justiça eleitoral de que o
candidato foi eleito), momento a partir do qual não será mais possível utilizar-se da AIJE.
Nesta esteira, o TSE firmou posicionamento indicando que o fato considerado abusivo, que serve
como fundamento da ação, pode ter ocorrido em momento anterior à referida baliza inicial.

2.5 Procedimento da AIJE

Seu rito procedimental está previsto no art. 22 da Lei Complementar 64/90, aplicando-se a todas
as ações que implicam cassação do registro ou do diploma do candidato.

a) Contagem dos prazos

Durante o período eleitoral (compreendido entre o registro de candidatura e a diplomação dos


eleitos) os prazos são contínuos e peremptórios, correm em cartório ou secretaria, não se suspendendo
aos sábados, domingos e feriados.

b) Petição Inicial

Segue o padrão do art. 319 do CPC.

➢ Objetivos pretendidos

Com a ação em exame pode-se buscar dois resultados. O primeiro diz respeito à decretação da
inelegibilidade do “representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato”.
A constituição de inelegibilidade figura como objeto imediato da demanda. Após reconhecer e
declarar a ocorrência do evento abusivo, a decisão judicial constitui ou erige nova situação jurídica,
consistente na inelegibilidade.
O segundo resultado liga-se à “cassação do registro ou diploma do candidato diretamente
beneficiado pela interferência do poder econômico e pelo desvio ou abuso do poder de
autoridade ou dos meios de comunicação”
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➢ Causa de pedir

Na AIJE, os fatos devem demonstrar o abuso de poder econômico, político ou dos meios de
comunicação social, conforme previsão do artigo 14, § 9º, da CF, regulamentado pelos artigos 19 e 22,
XIV, ambos da LC nº 64/90.
Segundo o TSE, é irrelevante que o réu não tenha praticado, pessoalmente, os fatos abusivos,
pois para que seja responsabilizado basta “o mero benefício eleitoral angariado” com eles.

c) Rito procedimental

Conforme já tratado, a demanda será de competência do Juiz Eleitoral ou Corregedor, a depender


do polo passivo.
Uma vez ajuizada, a ação poderá ser rejeitada ou recebida por aquele que detiver competência
para tal.
Se rejeitada a inicial, o interessado poderá renová-la no prazo de 24 horas.
Caso seja recebida, poderá ter medida cautelar concedida, que consistirá na determinação de
suspensão do ato que ensejou a representação.
Não obstante a concessão ou não de medida cautelar, o acusado/representado deverá ser
notificado do conteúdo da petição para que apresente sua defesa em 5 dias.
Após o prazo da notificação, com ou sem defesa, se abrirá prazo de 5 dias para inquirição de
testemunhas das duas partes (cada uma pode arrolar até seis).
Em seguida será aberto prazo de 3 dias para eventuais diligências.
Encerrado este período de dilação probatória, as alegações finais deverão ser apresentadas no
prazo comum de 2 dias.
Por fim, os autos serão conclusos ao Corregedor, no dia imediato, para apresentação de relatório
conclusivo. O Ministério Público será intimado a apresentar parecer e, em seguida, a AIJE estará apta a
julgamento.
Em caso de procedência, o representado será declarado inelegível para as eleições que se
realizarem nos 8 anos subsequentes à eleição em que se verificou, bem como terá seu registro
ou diploma cassado:

Art. 22, XIV. Julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação
dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos
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hajam contribuído para a prática do ato,


cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8
(oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do
registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do
poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios
de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público
Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação
penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar;

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME)

3. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME)

A ação de impugnação de mandato eletivo tem natureza jurídica de cunho constitucional


eleitoral, sendo a única ação eleitoral que recebeu “roupagem” constitucional, com previsão no art. 14,
§§ 10 e 11 da Constituição Federal:

Art. 14. §10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral
no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
Art. 14. §11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

No Código Eleitoral, pode-se extrair sua previsão dos arts. 222 e 237:

Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade,


em desfavor da liberdade do voto, serão coibidos e punidos.

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Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de


falsidade, fraude, coação, uso de meios de que trata o Art. 237, ou emprego de processo
de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei.

Dentre os requisitos básicos para o ajuizamento da AIME, há a necessidade de DIPLOMAÇÃO


DO CANDIDATO. A ausência desse ato impede o manuseamento da AIME, uma vez que a ação se propõe
a desconstituir mandato de quem tenha sido diplomado.
Em síntese, o propósito da AIME é a invalidação de diplomas de candidatos que cometeram atos
de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.

3.1 Hipóteses de cabimento

Existem três hipóteses de cabimento da ação de impugnação ao mandato eletivo: fraude,


corrupção ou abuso do poder econômico.

a) Fraude: A doutrina de Rodrigo López conceitua como “o ato voluntário que induz outrem em
erro, mediante a utilização de meio astucioso ou ardil. Pressupõe que a conduta seja perpetrada com o
deliberado proposito de induzir alguém em erro, configurando-se o ilícito quando houver benefício ou
prejuízo indevido a quaisquer dos atores do processo eleitoral (candidato, partido ou coligação)”.
Abrange toda e qualquer fase relacionada ao processo eleitoral (inclusive a fase de votação e
apuração), desde que tenha como resultado a interferência na manifestação de vontade do eleitorado,
com reflexos na apuração de fotos. Não importa o momento do processo eleitoral em que ocorreu a
fraude, sendo fundamental apurar se o ilícito apresentou reflexos na normalidade ou
legitimidade da eleição. O ato de fraudar significa a utilização de todo artifício ou ardil empregado
com o intento de enganar, afetar ou interferir na livre vontade do eleitor, com o fim de burlar a legislação
eleitoral para que determinado candidato seja favorecido.

IMPORTANTE
A verificação de fraude à cota de gênero nos partidos políticos tem sido
uma pauta recorrente. As decisões recentes dos tribunais regionais eleitorais e do
TSE determinam a anulação de todos os registros de candidaturas e a cassação
dos diplomas eletivos em razão de fraude à cota de gênero.
Cabe ressaltar que tal posicionamento tem despertado discussões acerca
da proporcionalidade da medida, porém, é o entendimento mantido até então.
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b) Corrupção: Existem duas espécies de corrupção na esfera eleitoral, são elas:

➢ Corrupção em sentido lato – pressupõe o oferecimento ou a promessa de qualquer


vantagem para a prática do ato vedado por lei.

➢ Corrupção em sentido estrito – exige o pedido de voto ou abstenção (é comum em


muitos municípios a retenção de títulos eleitorais para que as pessoas não exerçam sua
capacidade eleitoral ativa).
Logo, para fins de AIME, a corrupção não precisa ter como finalidade a obtenção ou promessa
de voto ou abstenção.
Em que pese a captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da LE) e o crime previsto no art. 299 do
Código Eleitoral tratem da corrupção em sentido estrito, é cabível o ajuizamento de AIME e AIJE com
base na corrupção em sentido lato.
O TSE entende que a corrupção possui um conceito jurídico aberto, indeterminado, tanto que se
admite abarcar quaisquer condutas que afetem a legitimidade da eleição.

c) Abuso de poder econômico: Trata-se de hipótese em que o agente público emprega recursos
patrimoniais, públicos ou privados, sob os quais detém gestão ou controle, em seu favorecimento
eleitoral, de forma a comprometer a legitimidade do pleito.

3.2 Prazo para ajuizamento da AIME

O prazo para ajuizamento da AIME é de 15 (quinze) dias, contados a partir da diplomação do


candidato eleito. Trata-se de prazo decadencial, insuscetível de interrupção e suspensão.

3.3 Competência

A competência para processar a AIME e prolatar eventual decisão de desconstituição do mandato


eletivo é do órgão jurisdicional que efetuou a diplomação do candidato, conforme o art. 2º da LC 64/90.
a) Eleições presidenciais: Competência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
b) Eleições federais e estaduais (Governador, deputado federal, distrital e senador):
Competência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
c) Eleições municipais – Competência do Juiz Eleitoral.
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3.4 Legitimidade

a) Ativa: Possui legitimidade para propor AIME qualquer candidato, partidos políticos (limitados
a sua circunscrição), coligação partidária e o Ministério Público. No mesmo sentido, o TSE
entende que, embora encerradas as eleições, a Coligação mantém legitimidade ativa para a
causa. O eleitor, de forma autônoma, não é parte legítima.

b) Passiva: Para ocupar o polo passivo, ou seja, responder a ação, é legítimo o candidato diplomado.
O Partido ou a Coligação não possuem legitimidade passiva, mas podem figurar como
assistente simples do réu.

3.5 Rito procedimental

O prazo de defesa na AIME é de 7 dias.


A ação não possui regulamentação infraconstitucional, circunstância que inicialmente justificou
a adoção do procedimento ordinário previsto no CPC, mantendo-se o sistema recursal do Código
Eleitoral. Porém, esse rito não era compatível com a celeridade exigida pelo Direito Eleitoral e a demora
excessiva na tramitação da ação impugnatória, muitas vezes em tempo superior à duração do mandato
impugnado, traduzia em perda do objeto da demanda.
Atento a essa questão, o TSE estabeleceu que o procedimento a ser observado na AIME, até a
sentença, é o mesmo aplicável originariamente à AIRC; na fase recursal, observam-se as normas
contidas no Código Eleitoral.
A ação tramitará em segredo de justiça e com gratuidade, exceto se temerária ou comprovada a
má-fé.
Caso seja oferecida a contestação, somente é possível a desistência mediante a concordância do
representado (art. 485, §4º do CPC). Sendo caso desistência, é lícito ao Ministério Público prosseguir
com o feito.
Das questões procedimentais em geral, como número de testemunhas, rol de testemunhas e
preclusão, intimação das testemunhas, revelia, etc., as regras aventadas na AIJE são aplicáveis à AIME.
Prazo comum de 5 dias para apresentação das alegações finais.

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➢ Litispendência: Segundo o TSE, não há litispendência


entre a ação de impugnação de mandato eletivo e a ação de investigação judicial eleitoral,
por se tratarem de demandas com causas de pedir e objetivos distintos.

3.6 Recursos cabíveis

Da sentença que julgar AIME, em eleições municipais, é cabível o recurso no prazo de 3 dias,
na forma previsto pelo art. 258 do CE.
Do acórdão do TRE que julgar a AIME nas eleições municipais cabe recurso especial eleitoral
ao TSE (art. 276, inciso I, do CE).
Da decisão do TRE nas eleições federais e estaduais cabe recurso ordinário ao TSE (art.121 §4º,
inciso IV da CF).
De decisão do TSE nas eleições municipais cabível recurso extraordinário ao STF.

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

4. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

O Recurso Contra a Expedição de Diploma é a mais antiga das ações eleitorais e está previsto no
art. 262 do Código Eleitoral:

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de
condição de elegibilidade.

A doutrina diverge acerca da natureza jurídica do RCED. Para determinada parte, seria gênero
do recurso ordinário. Porém, segundo o posicionamento majoritário, o RCED possui a natureza jurídica
de ação, apesar de tal nomenclatura.
É descabido qualificá-lo como recurso, pois recurso é aforado, em regra, pelo sucumbente do
feito dentro de uma relação processual já existente e, in casu, inexiste qualquer relação processual
formada a partir da expedição do diploma.
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Desse modo, malgrado a denominação empregada pelo


legislador, é perceptível que o RCED é ação autônoma de impugnação de diploma.

4.1 Hipóteses de cabimento:

a) Para alegação de inelegibilidade prevista no rol da Constituição Federal;


b) Para alegação de falta de condição de elegibilidade;
c) Para alegação de inelegibilidade superveniente (Súmula 47, TSE);

IMPORTANTE
Súmula 47 do TSE: A inelegibilidade superveniente que autoriza a
interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262, do CE
- Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional,
superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do pleito.

A ausência de descompatibilização de fato pode ser suscitada em RCED, porquanto o candidato


pode, após a fase de impugnação do registro, praticar atos inerentes ao cargo do qual tenha se
desincompatibilizado apenas formalmente.

4.2 Objetivos pretendidos


O objetivo do RCED é a desconstituição do diploma, afastando o eleito do exercício do mandato
eletivo. Com o ajuizamento da RCED, persegue-se a invalidação do diploma expedido em favor do
candidato eleito ou suplente. O efeito anexo da sentença de procedência é a nulidade dos votos.

4.3 Legitimidade
a) Ativa: Podem propor Recurso Contra Expedição de Diploma candidato, Partido Político ou
Ministério Público.

b) Passiva: Detém legitimidade passiva os candidatos diplomados e, quando houver, seus vices
e suplentes.

4.4 Competência

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Nas eleições municipais (Prefeito e Vereador), o RCED é


interposto e processado pelo Juiz Eleitoral e julgado pelo TRE, incumbindo ao juízo a quo, apenas,
comunicar à Superior Instância se foi ou não interposto recurso da diplomação, a teor do disposto no
art. 261, §6º do CE.

Art. 261 § 6º Realizada a diplomação, e decorrido o prazo para recurso, o juiz ou


presidente do Tribunal Regional comunicará à instância superior se foi ou não
interposto recurso.

Nas eleições estaduais e federais (Deputado Estadual, Distrital, Federal, Senador e Governador),
o RCED é interposto e processado pelo TRE e julgado pelo TSE.

Súmula 37 do TSE: Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral


processar e julgar recurso contra expedição de diploma envolvendo eleições
federais ou estaduais.

Quanto às eleições presidenciais, o STF fixou que o TSE é o órgão competente para julgar
recursos contra expedição de diploma. Desse modo, a competência do TSE para julgamento do RCED
estende-se para Deputados – Distrital, Estadual e Federal –, Senador, Governador e Presidente.
Em resumo, nas eleições gerais a competência é do TSE, enquanto nas eleições nas municipais a
competência é dos TREs. A competência nunca será da zona eleitoral.

4.5 Prazos e rito procedimental

O prazo para proposição do RCED é de 3 dias, contado a partir do último dia limite fixado para a
diplomação, conforme o art. 262, §3º do Código Eleitoral:
Art. 262, § 3º. O recurso de que trata este artigo deverá ser interposto no prazo
de 3 (três) dias após o último dia limite fixado para a diplomação e será suspenso
no período compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, a partir
do qual retomará seu cômputo.

Protocolada e recebida a petição inicial, será o recorrido citado para que tenha vista dos autos e,
no prazo de 3 dias, ofereça defesa ou contrarrazões.

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Não é preciso abrir vista dos autos ao Órgão do Ministério


Público que atua perante o Juiz Eleitoral, pois funcionará no processo o Procurador Regional Eleitoral.
A instrução processual é feita diretamente no tribunal, sendo presidida pelo relator.
O pedido é sempre a cassação do diploma do candidato eleito.
Na causa de pedir deve figurar uma das hipóteses arroladas no artigo 262 do CE, a saber:
inelegibilidade superveniente, inelegibilidade constitucional e falta de condição de elegibilidade.
Quanto a essa última, tanto se pode arguir fato existente na fase de registro de candidatura, quanto
surgido posteriormente àquela fase, ou seja, durante o processo eleitoral.
Caso o recorrente não aponte as provas que pretende produzir, não poderá fazê-lo em outra
oportunidade, dada a ocorrência de preclusão.
Também é preciso que sejam acostados à peça de ingresso os documentos que se entender
pertinentes à demonstração dos fatos alegados.
Admite-se o arrolamento de testemunhas, que, no caso, será de no máximo seis (LC n o 64/90,
§3º, art. 3º), podendo o relator restringir a três o número de testemunhas para cada fato probando (CPC,
art. 357, §6º).

IMPORTANTE
Art. 216 CE - Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso
interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o
mandato em toda a sua plenitude.

Logo, a decisão prolatada em RCED apresenta eficácia diversificada,


conforme a competência do órgão julgador.

REPRESENTAÇÕES ELEITORAIS
5. REPRESENTAÇÕES ELEITORAIS

A Representação Eleitoral, em sentido amplo, encontra base legal no art. 96 da Lei das Eleições.
De modo mais específico, esse dispositivo regula o cabimento de Representação nos casos de
propaganda eleitoral irregular.
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60 Hermes Hilarião

Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou


representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer
partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se:
[...]

A Representação Eleitoral visa, especialmente, a aplicar uma multa aos candidatos e partidos
políticos que tenham descumprido as regras sobre propaganda política eleitoral regular, ou seja,
tenham praticado irregularidades não sujeitas à sanção de inelegibilidade por abuso do poder
econômico ou político ou por compra de votos, pois, nestes casos, segue-se o disposto nos arts. 22 da
LC nº 64/90 ou 41-A da Lei das Eleições.

5.1 Legitimidade

a) Ativa: A legitimidade ativa para propor a representação eleitoral tratada no art. 96 da Lei das
Eleições pertence a candidato, partido político ou coligação, bem como ao Ministério Público.

b) Passiva: Quanto à legitimidade para responder a uma representação, está recairá sobre o
agente violador das regras dispostas na Lei das Eleições. Ressalta-se que, exceto nos casos em que o
partido tenha efetivamente participado do ilícito cometido, a agremiação não será atingida por
eventuais sanções aplicadas ao representado, ainda que tenha sido beneficiada pela conduta irregular.

Art. 96, §11. As sanções aplicadas a candidato em razão do descumprimento de


disposições desta Lei não se estendem ao respectivo partido, mesmo na hipótese
de esse ter se beneficiado da conduta, salvo quando comprovada a sua
participação.

5.2 Competência

Conforme os incisos do art. 96, a competência para julgar Representação Eleitoral pertence:

I - Aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais;


II - Aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e
distritais;
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III - Ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição


presidencial.

5.3 Rito procedimental

A inicial deve relatar fatos e ser instruída com provas da propaganda irregular ou da conduta
ilícita diversa prevista na Lei das Eleições.
A defesa deverá ser feita em quarenta e oito horas. A celeridade do processo eleitoral enseja a
notificação por fax e meios eletrônicos.
O Ministério Público deve sempre dar o seu parecer em vinte e quatro horas. Após a decisão do
juiz, se for cabível recurso, deverá ser apresentado no prazo de vinte e quatro horas e as contrarrazões
devem ser ofertadas no mesmo prazo.
O julgamento do recurso ocorrerá em quarenta e oito horas.

5.4 Representação Eleitoral por captação ilícita de recursos

É indiscutível a influência do poder econômico durante o pleito eleitoral, de modo que qualquer
tipo de abuso desta natureza deve ser coibido. Por esta razão, é cabível representação para denunciar
a prática de arrecadação e gasto ilícito de recursos, conforme o art. 30-A da Lei das Eleições:

Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça


Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando
provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em
desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos.

Neste caso, a legitimidade ativa pertencerá somente a coligação e partidos políticos, bem como
ao Ministério Público. Candidatos não detém legitimidade para ajuizar Representação Eleitoral.

5.5 Rito procedimental

O prazo para propositura da representação é até 15 dias após a diplomação.


O procedimento no processamento da representação é o mesmo utilizado na Ação de
Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).

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62 Hermes Hilarião

Se julgada procedente e for reconhecido o abuso de poder


econômico neste caso, o candidato será declarado inelegível, tendo como sanção a negação ou cassação
do seu diploma.
Se cabível recurso, o prazo para interposição será de 3 dias, iniciado após a publicação da
decisão.

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

6. INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

A Constituição Federal não prevê expressamente o princípio da fidelidade partidária, limitando-


se a assegurar autonomia aos partidos políticos para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento, “devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária” (art.
17 §1º CF).
No mesmo sentido, a Lei dos Partidos Políticos, em sua redação original, não tinha previsão sobre
perda de mandato parlamentar por infidelidade partidária.
Contudo, o TSE asseverou que a mudança injustificada de partido, no sistema
proporcional, importa no direito de agremiação partidária manter a vaga originária. Tal
posicionamento foi referendado pelo Supremo Tribunal Federal em sede de julgamento de mandados
de segurança.

IMPORTANTE
Súmula nº 67, TSE: “A perda do mandato em razão da desfiliação
partidária não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário”.

Segundo o STF, é descabível a perda de mandato em caso de infidelidade


partidária no sistema majoritário por ofensa ao princípio da soberania popular,
pois o voto, neste sistema, é conferido ao candidato, sem contribuição da legenda.
Por outro lado, no sistema proporcional, a compreensão da Corte Suprema é de
possibilidade da perda de mandato.
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63 Hermes Hilarião

Somente a desfiliação injustificada é que acarreta a perda do mandato eletivo, logo,


havendo prova de que o desligamento ocorreu mediante uma causa justa, é possível a manutenção do
mandato.
Conforme a Lei nº 13.165/2015, ao introduzir o art. 22-A da Lei dos Partidos Políticos, considera-
se justa causa:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa
causa, do partido pelo qual foi eleito.

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente


as seguintes hipóteses:

I - Mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário


II - Grave discriminação política pessoal; e
III - Mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o
prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou
proporcional, ao término do mandato vigente.

Em síntese, são dois os pressupostos autorizadores da decretação da perda de cargo eletivo por
infidelidade partidária: efetiva desfiliação partidária e ausência de justa causa para a desfiliação.
A desfiliação traduz-se no ato pelo qual o mandatário rompe com o partido pelo qual foi eleito,
migrando ou não para outro. Após a desfiliação, pode ocorrer de o mandatário se refiliar e retornar ao
partido pelo qual se elegera. Nesse caso, seu anterior desligamento se torna irrelevante para os fins de
perda de mandato, pois a infidelidade não chega a se perfazer. Ainda porque a agremiação política não
sofre prejuízo, já que permanece com a vaga; além disso, aceitou de volta seu filiado, o que revela ter
perdoado seu ato.
Caso o mandatário seja expulso do partido, não cabe ação de perda de cargo eletivo por
desfiliação partidária, pois a infidelidade só se configura quando há desligamento voluntário da
agremiação.

6.1 Competência

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64 Hermes Hilarião

Questões partidárias, em regra, são de competência da Justiça


Comum, em face da autonomia assegurada aos partidos para definir suas questões internas também
porque o partido político é pessoa jurídica de direito privado.
Assim, o TSE já decidiu que não cabe à esfera especializada dirimir controvérsia sobre dissolução
de diretório partidário, porque se trata de matéria interna corporis
Dessa forma, somente se cogita da competência da Justiça Eleitoral para julgar questão relativa
aos partidos políticos quando a matéria encontra reflexos no processo eleitoral.

PARABÉNS PELO EMPENHO!

NÓS ACREDITAMOS
EM VOCÊ!!

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65 Hermes Hilarião

Família CEJAS: Líderes em aprovação em todo o Brasil!

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